sábado, setembro 26, 2009

ROBERTO GODOY

Teerã pode produzir urânio para uso militar


O ESTADO DE SÃO PAULO - 26/09/09


O Irã pode, sim, produzir o urânio enriquecido necessário para a construção de armas nucleares. A dúvida é se a comunidade científica do país teria desenvolvido a capacidade de miniaturizar os componentes de forma a produzir as ogivas dos mísseis com alcance na faixa de 2 mil quilômetros. O arsenal envolve três tipos, eventualmente novas versões do mesmo modelo, o Shahab-3, o Ghadr-1 e o Sejil-2. A carga de ataque varia entre 750 kg e 1,2 tonelada. Engenheiros paquistaneses e norte-coreanos trabalham no programa. Em abril de 2008 o chefe do projeto atômico iraniano, Ali Akbar Salehi, estimou em 8 mil unidades o número de ultracentrífugas em atividade em 4 diferentes centros - Arak, Isfahan, Bushehr e Natanz. Nada disse das avançadas instalações de Qom, enterradas sob uma montanha de pedra sólida, protegidas de bombardeios convencionais e limitadas a 3 mil máquinas - certamente as melhores do lote. A tecnologia é tosca e oferece risco. O mecanismo da maioria das peças é contido em um cilindro de alumínio e, embora tenha havido cuidado com a estabilização, a rotação se dá por meio de mancais o que resulta em atrito em alta velocidade. Ainda assim, a escala de milhares de ultracentrífugas é suficiente para elevar o índice de enriquecimento do urânio para a faixa dos 90% exigida por artefatos militares. A geração de eletricidade ou propulsão de navios implica 3,5% a 5% de enriquecimento. O processo é linear. Na forma de gás, o mineral é injetado na máquina. As moléculas mais pesadas do urânio U238 (energeticamente "pobre") movem-se próximo da parede, enquanto as do U235 (mais "rico") sobem e são transferidas para outra centrífuga, em um efeito cascata que segue até o armazenamento. O produto final é obtido na forma de varetas. O analista John Miller, do Foreign Political Center, de Washington, acredita que o poder nuclear iraniano "só será uma ameaça mundial a partir de 2013". Forças israelenses poderiam lançar agora uma ação preventiva contra as instalações do Irã usando a aviação de precisão e bombas de penetração B61-11 fornecidas pelos EUA. Cada uma pesa 900 kg, e destrói 6 metros de concreto reforçado antes de detonar 240 quilos do super explosivo tritonal.

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