quinta-feira, junho 10, 2010

JOÃO GRANDINO RODAS

Os outonos na USP
JOÃO GRANDINO RODAS 
O Estado de S.Paulo - 10/06/10

Por princípio constitucional, o ensino público no Brasil é gratuito, incluindo o superior, tanto de graduação quanto de pós-graduação. Instituições públicas atendem cerca de 20% do alunado brasileiro, ficando os restantes 80% a cargo de entidades particulares, em que há cobrança de mensalidades.

O orçamento das universidades estaduais paulistas - USP, Unicamp e Unesp - advém de 9,57% do ICMS. Das liberações financeiras anuais do governo do Estado à USP, no valor aproximado de R$ 3 bilhões, são gastos por volta de 85% em remuneração dos servidores docentes e não-docentes, restando apenas 15% para todos os demais gastos: pesquisa, extensão de serviços à comunidade, construções e reformas prediais, laboratórios, bibliotecas, etc. Praticamente não haveria pesquisa na USP se especialmente a Fapesp e também o CNPq não a financiassem! São expressivos os valores, originários do contribuinte paulista, que a Fapesp repassa à USP: em 2009 foram R$ 311 milhões, incluindo bolsas e auxílios à pesquisa. A seu turno, o CNPq destinou-lhe R$ 153 milhões no ano passado. Não é factível aumentar consideravelmente o orçamento público nas universidades, pois há necessidades mais prementes: o financiamento do ensino fundamental e médio, da saúde, do saneamento, da infraestrutura, da segurança etc. Além disso, a carga de impostos sobre a população já é excessiva.

Os resultados acadêmicos da USP são amplamente positivos, basta notar, por exemplo, sua classificação destacada em diversos rankings internacionais, o número de doutores formados anualmente, que supera 2.200, e sua participação na produção científica internacional, correspondente a quase 22% do conjunto da produção brasileira. Com 80 mil alunos, pouco mais de 5.700 professores e 15,4 mil funcionários não-docentes ativos, a USP tem 40 unidades e se espraia por sete campi, na capital e no interior do Estado. Esses três segmentos recebem prestações advindas do orçamento da universidade. Os alunos, consoante critério socioeconômico, podem ser destinatários dos seguintes auxílios e bolsas, com os respectivos valores mensais: auxílios-moradia (R$ 300) e transporte (R$ 150), bolsas Aprender com Cultura e Extensão (R$ 300), Ensinar com Pesquisa (R$ 300) e Iniciação Científica (R$ 360). Em 2010, até o momento, nessas rubricas se consumiram R$ 2,5 milhões.

Já os servidores, docentes ou não-docentes, percebem, além de salário, benefício sociais. As três categorias dos servidores não-docentes têm os salários inicial e médio a seguir: 1) básica: R$ 1.210,90 e R$ 2.044; 2) técnica: R$ 1.789,05 e R$ 3.569; 3) superior: R$ 3.542,20 e R$ 7.005. Intitulam-se ademais aos seguinte benefícios sociais: vale-refeição, valor unitário de R$ 15,90; auxílio-alimentação mensal de R$ 470; auxílio-creche mensal e por filho de R$ 449,95; auxílio-educação especial, mensal e por filho, de R$ 449,95; auxílio-transporte nos termos da lei estadual; além de assistência médica.

Se os salários e benefícios dos servidores não-docentes estão bem acima da média do mercado, o mesmo se diga das condições de trabalho oferecidas pela USP.

Quem toma conhecimento do quadro acima, certamente não consegue entender o que ocorre em todos os outonos na USP: greves endêmicas nos meses de maio e junho, piquetes impedindo o direito de ir e vir de servidores e alunos, invasões e ocupações de prédios universitários, manifestações em que ofensas pessoais e puro incitamento à violência são a tônica. É verdade que nunca se conseguiu paralisar a USP, tendo havido concentração das ações, geralmente, em alguns pontos, entre os quais o prédio da Reitoria.

Os sindicatos da USP continuam a se servir de métodos utilizados quando da luta contra a ditadura, nas décadas de 60 e 70, inobstante os tempos serem outros e o cenário ter-se modificado. Por longo tempo a comunidade uspiana e mesmo a população em geral acreditaram que qualquer palavra ou ação contra as rudes investidas dos sindicatos eram fruto do autoritarismo e de ditadura. Entretanto, hoje se esboçam reações, tanto internas como externas, pois os sindicatos, em geral, já evoluíram em seu modo de atuar. Ressalte-se que, pessoalmente, como filho de advogado de sindicatos operários e ex-juiz do Trabalho, tenho o maior apreço pelo papel dos sindicatos na melhoria dos salários e das condições dos trabalhadores.

Como sair dessa situação? Examinando as ações de reitores que me antecederam, verifica-se que já se tentou desde a resistência quase inerte até a execução de medidas judiciais de desocupação pela força policial. Nenhuma com sucesso absoluto. A inércia propiciou o alongamento dos movimentos, enquanto a retirada forçada acabou lhes dando fôlego.

Este ano não foi diferente. Quando assumi a Reitoria, em 25 de janeiro, estava ocupado desde abril de 2009 o recém-reformado Centro de Vivência dos alunos. Após a tomada, por alguns alunos e pessoas estranhas à USP, o local ficou destruído. Em maio de 2010 pequeno grupo de alunos e estranhos tomou salas da administração da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas). Dia 5, seis dias antes da data marcada para o início das negociações salariais, assembleia de 80 servidores não-docentes decretou greve, com piquetes em alguns prédios da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, em São Paulo. Desde o dia 25 passou a haver piquetes na Reitoria, que anteontem foi depredada e invadida. Inobstante tudo isso, rodadas de diálogo têm sido contrínuas, tanto com alunos quanto com funcionários. A greve vem contando com adesão de cerca de 5% do total dos servidores não-docentes.

Esse estado de coisas só evoluirá positivamente quando houver conscientização, tanto da comunidade uspiana quanto dos 40 milhões de paulistas, que financiam a universidade, de que na atualidade, com a situação de que gozam os alunos e os servidores da USP, nada justifica a utilização de métodos radicais. Cabe à imprensa livre e investigativa papel protagônico. Em última análise, somente a pressão da sociedade poderá tirar a universidade deste círculo vicioso, antes que os outonos da USP a levem ao outono!

REITOR DA USP

MAIS UMA

MERVAL PEREIRA

Causa perdida
Merval Pereira
O GLOBO - 10/06/10

A decisão do Brasil de votar contra as sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU nos isola politicamente não apenas naquele órgão colegiado, mas no mundo ocidental do qual fazemos parte

A Turquia tem até suas razões geopolíticas para atuar como vem atuando, é vizinho do Irã, um de seus maiores parceiros econômicos, tem interesse em entrar para a Comunidade Europeia e joga com sua relação com os países muçulmanos para ganhar peso político.

O Líbano, com toda a força do Hezbollah, foi mais sensato e se absteve.

Claro que, ao intermediar o acordo nuclear com o Irã, o Brasil se colocou na arena internacional, houve uma mudança de patamar, porque o mundo mudou.

Já não existem mais potências hegemônicas, as lideranças das negociações têm que ser divididas entre os países, e a política externa brasileira arrojada tenta tirar proveito dessa mudança.

Arrojada até demais, a ideia de negociar a paz do Oriente Médio é despropositada e tratada com escárnio pelos envolvidos.

Invadiu a internet nos últimos dias um filmete com um programa humorístico identificado como sendo da televisão israelense onde uma turma do Casseta e Planeta de lá goza nosso presidente de maneira cruel.

O que não é possível é aceitar uma política externa irresponsável apenas por “patriotismo”, sem nenhuma razão realista que a justifique.

Não é possível aceitar que o presidente, qualquer que seja ele, possa usar o país para aventuras personalistas.

Apoiar o Irã, uma ditadura teocrática completamente fora das leis internacionais e do respeito aos direitos humanos, é um absurdo, ainda mais quando todo o Ocidente está trabalhando em conjunto para tentar controlar esses aiatolás atômicos, e conseguindo até apoio de China e Rússia.

Nem mesmo um pragmatismo comercial justificaria tamanho comprometimento, pois nossas exportações para o Irã representam menos de 1% de nosso comércio internacional, ao contrário da Rússia e da China, que mesmo tendo grandes interesses econômicos e políticos na relação com o Irã, aderiram às sanções como prova de que a situação é considerada realmente grave.

Os interesses de empreiteiras brasileiras, que estiveram recentemente no Irã em uma missão exploratória chefiada pelo ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge, devem ser contrariados com as novas sanções, pois a maior parte das obras de infraestrutura do país está sob suspeita de acobertar o programa nuclear paralelo.

Diversas empreiteiras iranianas entraram na relação de empresas suspeitas que terão seus bens congelados e seus negócios monitorados.

Só mesmo um desejo incontrolável de surgir no cenário internacional como uma potência de peso, apressando um processo que vem se desenrolando naturalmente ao longo do tempo, justifica tal situação.

Mas nem tudo se deve à ânsia de ser reconhecido como uma peça importante no tabuleiro internacional.

Há ainda, entre os estrategistas da política externa brasileira, um grupo que tem a convicção de que o Brasil usou o pretexto de uma aliança estratégica com a Argentina para aderir às iniciativas americanas na área militar na região, o que teria levado desnecessariamente à assinatura do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

O resultado é que, dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), o único que não tem a bomba atômica é o Brasil, e para compensar essa falta nossa política externa procura aumentar o peso político do controle do ciclo completo do enriquecimento do urânio, ou destacar a possibilidade de fazer a bomba como prerrogativa dos que não a têm.

Essa maneira de pensar a nova geopolítica mundial, e mais o convencimento de que está havendo uma mudança de paradigmas, e que os países emergentes assumirão o comando político do novo mundo multipolar — assim como está acontecendo com suas economias, que estão se destacando em relação às da Europa, Estados Unidos e Japão (o G3) —, está levando o governo brasileiro a dar um passo maior que as pernas.

Os efeitos internos da postura externa também são fundamentais para Lula.

Não apenas aqui, mas em vários países do mundo, inclusive a China, há essa novidade, que é a política externa trazer dividendos políticos internos aos governos.

Não é por outra razão que a candidata oficial Dilma Rousseff irá à Europa para ser recebida por chefes de Estados, num factoide que será apresentado em sua propaganda política. Como se ela fosse uma grande líder internacional.

Aliás, é mais uma ação indevida do governo em favor de sua candidata, pois quem está fazendo o roteiro da viagem é o assessor especial de política externa Marco Aurélio Garcia, que acumula as funções com a de coordenador da campanha de Dilma.

Atrás de um Prêmio Nobel da Paz, que até pode vir, porque o mundo está culpado pela crise econômica — e nada melhor do que homenagear um operário do terceiro mundo, líder de um grande país emergente, para aplacar esse sentimento —, Lula joga o Brasil num confronto desnecessário com os Estados Unidos de Barack Obama, não de George W. Bush, para ficar ao lado dos piores ditadores existentes.

O Brasil não tem nenhuma razão para sair do bloco ocidental, especialmente por uma causa tão ruim para a Humanidade.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Cortina de fumaça 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 10/06/2010

Está para lá de nebulosa a transação imobiliária em torno do ex-Hospital Matarazzo, pertencente à Previ. Semana passada, a PUC de São Paulo anunciou ter comprado o imóvel. E não explicou o que fez com o direito de compra que a Prefeitura teria em mãos, conforme publicado nessa coluna há quase um mês.

Sem muitos detalhes, a Pontifícia, essa semana, acabou voltando atrás e informou que iria alugar o espaço. Também essa semana, mais precisamente na segunda-feira, a associação dos moradores da região conversou com a diretoria da PUC quando foram informados que ela usaria apenas uma parte pequena do prédio e a capelinha. Logo depois, foram surpreendidos com outra conta: a universidade divulgou que ocuparia 9 mil metros quadrados.

Alunos da instituição educacional preparam uma passeata. Além de mandar panfletos para o Ministério Público para formalizar reclamação. E ontem, apareceu um fundo-proprietário, conforme publicou Mario Cesar Carvalho, da Folha

Enfim: uma confusão até explicações "ao contrário".

Xou da Xuxa

O comercial da Grandene, em torno da sandalinha da Xuxa, foi julgada irregular pelo Conar e será reeditada.

Sem o apelo imperativo de compra voltado para crianças.

Come, please

Hélio Costa aproveita o tour literário de seu livro Lembranças de um Tempo Fantástico para tentar se aproximar de lideranças petistas.

Começa em Sampa, dia 14, na Saraiva do Shopping Higienópolis. Faz o mesmo depois em BH, dia 18, e em Brasília, dia 24.


Para sempre

André François, da ONG ImageMagica, abre hoje mostra de fotos em galeria de NY. As imagens foram feitas em hospitais e lares para idosos.

Literalmente um retrato do sistema de saúde do Brasil.


Navio pirata
Zé Padilha revela: Tropa de Elite 2 estreia 8 de outubro. Em alerta máximo para que a fita não caia na pirataria. De novo.

Pantone
J.R. Duran adota nova profissão: a de ilustrador. São dele as aquarelas de diário de viagens a ser lançado ano que vem. Pela Editora Benvirá.


Puxão de orelha

Capitaneada por Robinho, a Seleção deixou tripulação do voo Dar el Salaam-Johannesburgo de cabelo em pé. Não quiseram desligar os aparelhos eletrônicos na hora do pouso. E quando o avião tocou o solo, seus iPods bombavam.

Cadê Neymar e Ganso, acusados de não ter maturidade?


Dó maior

Ganso, aliás, já escolheu onde soltar a "franga" na estreia do Brasil no Mundial: o show de Preta Gil, em festa na loja Los Dos.

Chuva de estrela

As passarelas vão tremer. Foi confirmada ontem a presença de Shirley Mallmann no desfile da Colcci, domingo, na Bienal. Fará par com Gisele Bündchen.

A top brasileira - ufa! - deixará seu pequeno Benjamin em casa.

Nota 10

Quem viu Hebe Camargo degustando pratos preparados pelo chef Massimo e bebericando vinhos, na casa de Faustão, terça, não teve dúvida.

Ela está mais que recuperada.

Clube do bolinha

Foi em torno Geraldo Alckmin o jantar, anteontem, na casa de Jorge Yunes Filho.

Só para homens.

Na frente

Estreia hoje a peça Moscas Mortas num Copo de Conhaque. No Teatro Silvio Romero. Direção de André Tonanni.

O Encontro Paraty de Cultura e Gastronomia começa hoje. Tema? Sabores da Copa.
Mariana Ianelli lança o livro: Treva Alvorada, tributo ao seu avô Arcangelo Ianelli. Hoje, na Livraria da Vila da Lorena. Já na Vila da Fradique Coutinho, Helena Carvalhosa autografa Ócio.

Quem não saiu na debandada liderada por Alexandre de Moraes conta que um efeito de bálsamo tomou conta da Secretaria dos Transportes de SP. É que os técnicos não aguentavam mais o estresse diário do moço.

GOSTOSA

SOU FÃ DO EXÉRCITO DE ISRAEL

Top que desfila na SPFW é atiradora de elite no Exército de Israel


A modelo israelense Esti Ginzburg, 20, que desfila hoje pela Cia. Marítima na São Paulo Fashion Week, também é atiradora de elite do Exército de Israel.
"Atiro muito bem. Sou boa de mira", diz a top, que nunca teve que atirar em ninguém, apenas em alvos de treino.
A informação é da coluna Mônica Bergamo, publicada na Folha desta quarta-feira (9). A íntegra da coluna está disponível para assinantes do jornal e do UOL.
Segundo ela, o Exército tem sido muito compreensivo com a sua outra profissão.
"Sempre que eu preciso, viajo. Entendem que eu quero manter minha carreira", diz a modelo. "E eu falo sobre o Exército, sobre como é maravilhoso e porque eu acho que todo mundo deveria se alistar."

A modelo israelense Esti Ginzburg

MÍRIAM LEITÃO

Nó antigo
MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 10/06/10

Um cargueiro leva quatro horas para trazer peças e componentes dos EUA para o Brasil. No aeroporto de Manaus, a carga fica parada no pátio por nove dias por falta de infraestrutura. As empresas da Zona Franca trabalham em três turnos, mas a produção atrasa porque os componentes importados não chegam a tempo. No Rio, alguns consumidores não encontram celulares e televisores nas prateleiras.

Esse caso acima mostra na prática como a falta de investimento impede o crescimento do país. O diretorexecutivo da Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas), Flávio Dutra, diz que as indústrias da Zona Franca não estão conseguindo atender aos prazos de entrega dos produtos, mesmo trabalhando em ritmo frenético. Os componentes importados não chegam nos prazos previstos porque o aeroporto não suporta o fluxo de cargas, que cresceu com o aquecimento da economia.

— O aeroporto de Manaus é um dos piores do país. Os investimentos feitos não foram suficientes ou não saíram do papel. A burocracia também é grande.

O aeroporto não foi capaz de atender ao fluxo gerado pelo pico de crescimento do PIB e pela demanda maior por eletroeletrônicos do período pré-Copa do Mundo — afirmou Dutra.

Ontem, a melhor notícia do crescimento recorde do PIB no primeiro trimestre foi justamente o aumento do investimento: alta de 26% na comparação com o mesmo período de 2009 e de 7,4% sobre o trimestre anterior. Mas a taxa investimento/PIB ainda é muito baixa: 18%. Países que crescem de forma sustentada investem mais e poupam muito mais. A taxa de poupança não chegou a 16%. Esse é um velho gargalo do Brasil.

Uma taxa de 18% de investimento significa, explicam os economistas, que os outros 82% que compõem o PIB são resultado de consumo. Um claro desajuste que limita nossa capacidade de crescer sem gerar inflação. Só investe quem poupa. Isso é verdade até na vida das pessoas. A alternativa é fazer os investimentos com dívida. Mas isso tem um limite.

Se o país não investir, não aumenta a capacidade de oferta. Se o consumo cresce mais que a oferta, haverá inflação ou aumento de importação ou ambos. Quando havia muita barreira à importação, o risco inflacionário era maior. Hoje, o país pode importar e tem alto volume de reser vas para sustentar déficits nas contas externas. Mesmo assim, é arriscado manter déficits externos por muito tempo. No ritmo atual de crescimento, as duas coisas estão acontecendo.

A inflação está em alta e o déficit em conta corrente é crescente. Por isso os investimentos são tão importantes, para garantir o aumento da produção no país e a melhoria d a i n f r a e s t r u t u r a q u e atende à circulação das mercadorias.

— Um exemplo recente desse descompasso aconteceu na venda de automóveis.

O governo deu muitos incentivos para estimular o consumo, mas como a nossa taxa de investimento é baixa, em alguns momentos os consumidores tiveram que esperar três semanas pela entrega dos veículos. Simplesmente faltou produto.

Ou seja, o setor produtivo não conseguiu acompanhar o crescimento forte do consumo — explicou Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil.

Ontem, o Banco Central anunciou o segundo aumento consecutivo de juros para frear a economia.

Nova alta de 0,75p.p., que coloca a Selic novamente na casa de dois dígitos, em 10,25%. O IBGE também divulgou o IPCA de maio, que ficou em 0,43%.

A inflação está cedendo, mas nos cinco primeiros meses do ano ela já chega a 3,09%, mais de dois terços da meta de 4,5% definida pelo BC.

Historicamente, nossa taxa de investimento é baixa. Segundo o IBGE, na comparação com os primeiros trimestres, só em 2000 o país investiu 19% do PIB. No primeiro trimestre de 2008, antes da crise internacional, o investimento foi de 18,1%.

No mesmo período de 2009, caiu para 16,3% e agora voltou para 18%.

A taxa de investimento é baixa porque a poupança também é baixa. As famílias poupam pouco. As pessoas e empresas mandam dinheiro demais para o governo através de uma carga tributária alta e mesmo isso não é o suficiente para os gastos públicos. O governo despoupa porque tem déficit todos os anos.

Isso significa que há pouco dinheiro disponível para que as empresas invistam e que o setor público também investe pouco.

— O Estado grande tira muito dinheiro da economia em forma de impostos e devolve pouco em forma de investimentos — disse o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências consultoria.

Na China, a poupança é de 50% do PIB e isso permite uma taxa de investimento de 40%. Por isso a economia chinesa consegue manter um ritmo de crescimento em torno de 10% por anos consecutivos.

Mas a China é um caso exagerado. Outros países têm taxas menores de poupança e investimento do que a China, mas não tão baixas quanto as do Brasil. Sem desatar esse nó o crescimento não vai durar muito, como das outras vezes.

O que na conversa dos economistas parece teórico, na vida das empresas e consumidores é realidade cotidiana. Como o exemplo que abre essa coluna: a falta de investimentos num aeroporto atrasa o fornecimento de componentes, e o consumidor vai à loja e não encontra o produto que quer. Evidentemente que o resultado disso é elevar a inflação.

ANCELMO GÓIS

NA PONTA DO LÁPIS
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 10/06/10

As passagens aéreas no Brasil foram vendidas em março por preços 20,5% menores do que no mesmo mês de 2009.
Os dados são do Relatório Yield Tarifa da Anac, com informações das companhias aéreas sobre as tarifas públicas de 67 ligações domésticas.

SÓ QUE...
Na comparação com fevereiro de 2010, março registrou aumento de 8% no preço médio.

FUSÃO DA SALSICHA 
Há um ano na Secretaria de Acompanhamento Econômico, a fusão Perdigão-Sadia terá, ufa, um parecer semana que vem.
De lá, o processo segue para a avaliação do Cade. A operação criou a Brasil Foods, maior processadora de carne de frango do mundo.

REVOLUÇÃO FRANCESA
A anemia do euro repercute no bairro carioca de Laranjeiras. Um grupo de professores da escola Lycée Molière, funcionários do governo francês, resolveu entrar em greve.
Protestam contra as perdas salariais causadas pela desvalorização do euro frente ao real.

CENA BAFANA
Do atacante mexicano Franco, ontem, meio fofo, meio gaiato, abraçando o lateral Salcido, colega de seleção, ao dizer se, na concentração, eles sentem falta de... um chamego feminino:
- Sentimos, mas... nós temos um ao outro.

À LA ZÓZIMO
E a “tucana” Hillary, hein?
Afunhanhou o petista Lula.

LÁ VÊM OS NOIVOS 
Fernando Morais e Marina, “depois de trinta anos de concubinato pagão”, como diz o bem-humorado escritor, resolveram se casar.
Será hoje à noite no Jockey Club de São Paulo.
Não é fofo?

NO PAÍS DE LULA
Segundo a Associação de Uísque Escocês, o Brasil é o segundo mercado em crescimento de vendas do mundo. 
No ano passado, as exportações da bebida para o país subiram 44%.
O primeiro é a Venezuela. Porque... não sei.

ROMÁRIO NA ÁFRICA
Romário vai à África. Não à África do Sul onde joga o time do amigo Dunga. E sim ao Zaire.
É que o América, que tem o baixinho como cartola, faz dia 29 um amistoso contra o TP Mazembe, vencedor da Liga dos Campeões da África.

NOVAS PLATEIAS 
O Ministério da Cultura comemora a marca 100.000 espectadores em sessões com filmes do catálogo da Programadora Brasil.
Foram lançados em dois anos 494 títulos em DVDs com licença para exibição em circuitos não-comerciais.

FORÇA, JÓBSON 
O Flamengo deve fechar hoje com o jogador Jóbson, ex-Botafogo. O contrato já está pronto.
É aquele que foi punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva por ter usado drogas, inclusive crack, e cuja recuperação conta com nossa torcida.

TE CUIDA, MARADONA 
No restaurante Boteco Olé!, em Botafogo, no Rio, nos jogos da Argentina vai ter chope de graça toda vez que o time de Maradona tomar um gol.

INTOLERÂNCIA 
A denúncia é da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. A Guarda Municipal proibiu as ciganas de entrarem na Quinta da Boa Vista.

GOSTOSA

LUIS FERNANDO VERISSIMO

Ipsilone deitado
VERISSIMO
O GLOBO - 10/06/10


Johannesburg – A atual bandeira da África do Sul é de 1994, deve ser a mais nova que existe. É a única bandeira no mundo com seis cores, contando o branco. Sua quantidade de cores e seu desenho peculiar se devem à necessidade de simbolizar muitas coisas num só retângulo. A diversidade racial, a história antiga e o novo começo com o fim do “apartheid”, a união pretendida daqui pra frente – pode-se imaginar o tormento do artista encarregado de resumir tudo isto numa imagem gráfica. O mais provável é que não tenha sido um artista e sim uma comissão, com vários dando palpite.

– Não podemos esquecer o vermelho e o azul, as cores da Inglaterra.

– E o laranja dos holandeses!

– E o preto. E o verde!

O mais surpreendente é que o resultado ficou bonito. A superação de velhas divisões é representada por um ipsilone deitado e a exuberância cromática representa as cores vivas, sem nuances, que caracterizam a arte africana. A bandeira, claro, está por toda parte, com o ipsilone inspirador apontando para todos os lados. O entusiasmo com a seleção do “Carlos” é grande. Se o Parreira conseguir que o time da África do Sul chegue a uma oitava que seja será certamente comparado a um “sangoma”, feiticeiro zulu com acesso aos espíritos dos feitos impossíveis. Com as infernais vuvuzelas do seu lado, estonteando os adversários, não é impossível que consiga.
Já para a opinião mais séria e bem informada do mundo real, a dos corretores de apostas de Londres, nenhum time do continente africano chegará perto das finais. Ainda não será desta vez. Para os profissionais do palpite a seleção mais cotada para ganhar esta Copa é a da Espanha. Também pagariam pouco aos apostadores, se ganhassem, as seleções do Brasil, da Inglaterra, da Holanda e de Portugal, não necessariamente nesta ordem. Nem eles nem ninguém, a começar pelos próprios italianos, acredita muito na Itália.
Muita gente concorda que a Inglaterra está com a sua melhor seleção dos últimos anos e que para a Holanda esta talvez seja, finalmente, a vez. E que se o Messi e o Milito se acertarem, ninguém segura a Argentina. 
Mas é claro que tanto os experts de Londres quanto os sangomas podem ser desmoralizados em uma rodada.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Eles resolveram ... apenas por birra, manter a sanção”
LULA, CHAMANDO A ONU DE “BIRRENTA” E DEFENDENDO O PORRA-LOUCA DO IRÃ, AHMADINEJAD

‘DOSSIÊ’ CONTRA SERRA É SÓ UM CONTO DO VIGÁRIO 
O suposto dossiê contra o tucano José Serra não passou de um conto do vigário que envolve seis pessoas, dos quais dois são delegados aposentados, um ex-diretor de polícia e experientes ex-agentes de espionagem, inclusive da Aeronáutica. O grupo tentou atrair um ex-sindicalista da Agência Brasileira de Inteligência “especialista em fontes humanas” (escuta telefônica e de ambiente) e “recrutamento de colaboradores”, mas foi inútil. A polícia mantém os nomes sob sigilo.

AGENTES DUPLOS 
O grupo atraiu o jornalista Luiz Lanzetta, ligado ao PT, oferecendo seus serviços. A polícia suspeita que oferta idêntica chegou ao PSDB.

MP JÁ SABIA 
Três semanas antes de o suposto dossiê virar notícia, jornalistas do staff petista revelaram a oferta de arapongagem ao Ministério Público.

ÓLEO DE PEROBA A ONG
internacional Greenpeace, sempre tão estridente em questões ambientais no Brasil, emudeceu no vazamento de óleo nos EUA. 

SEPARADOS NO BERÇO 
O Irã de Mahmoud Ahmadinejad foi “multado” quatro vezes pela ONU. Lula, cinco vezes, pelo Tribunal Superior Eleitoral.

PMDB-SE AMEAÇA ‘CASSAR’ ALMEIDA LIMA 
Conhecido pela lealdade a correligionários do PMDB e ao governo Lula, que defende sobretudo quando a bancada do PT se omite, o senador Almeida Lima (SE) corre o risco de “cassação branca” no próprio partido. É que sua vaga de candidato à reeleição, na chapa PT-PMDB em Sergipe, foi oferecida a Eduardo Amorim (PSC), deputado principiante cujo partido apoia o presidenciável tucano José Serra.

CHAPA DEFINIDA
Em Sergipe, o governador Marcelo Deda (PT) é candidato à reeleição e terá como vice Jackson Barreto (PMDB), ex-desafeto de Almeida Lima.

PARADA INDIGESTA
Após o governo medíocre, Marcelo Deda enfrentará na urnas, em Sergipe, um opositor fortíssimo: o ex-governador João Alves (DEM).

‘ISTAMBUM!’ 
Com as novas sanções da ONU ao Irã, Lula, o “profeta da paz”, deveria se candidatar a presidente da Turquia - só os dois países foram contra. 

LULA ENQUADRA 
O presidente Lula convocou reunião para as 16h desta sexta-feira, em seu gabinete, com o ministro Luiz Arthur Filardi (Comunicações) e Carlos Henrique Custódio, o comandante da decadência dos Correios.

DEIXA QUE EU ATIRO
Apresentaram-se como voluntários para o pelotão de fuzilamento de Carlos Henrique Custodio, presidente dos Correios, os ministros Erenice Guerra (Casa Civil) e Alexandre Padilha (articulação).

DISK-BAJULAÇÃO
Em audiência pública na Câmara, o chanceler Celso Amorim contou que FHC - que representava na ONU - foi o primeiro para quem ligou, após a vitória de Lula, em 2002, elogiando “o processo democrático”.

NÃO DAVA PARA ESPERAR
O Ministério da Saúde informa que decidiu pagar R$ 188,1 milhões por remédios porque pacientes transplantados não podem passar sem eles e não dava para esperar pela liberação dos genéricos pela Anvisa.

CONDENAÇÃO
Autor da acusação de suposta oferta de R$ 4 milhões ao PPS para apoiar a ex-prefeita Marta Suplicy, Rui Vicentini foi condenado, já em última instância, a indenizar Valdemir Garretta por dano moral.

ÁGUA BENTA
A megafraudadora do INSS Jorgina de Freitas, condenada a 14 anos de prisão em 1998, desfruta do regime semiaberto trabalhando numa assessoria da presidência da Cedae, estatal de águas do Rio.

CARÍSSIMAS MULHERES 
O Brasil pediu para sediar a Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe, da Cepal, de 13 a 16 julho, em Brasília. Pagaremos a conta de R$ 1,7 milhão à empresa organizadora, com direito a almoço na Granja do Torto. Adivinhem quem vai aparecer... 

BOM PARA TOSSE 
O ex-prefeito de Nova Iguaçu (RJ) Lindberg Faria experimenta o sabor amargo da oposição. Sua vice Sheila Gama (PDT) parou obras, demitiu seus aliados e pôs os fornecedores amigos dele na fila de recebimento.

PENSANDO BEM...
...dossiê. Você ainda vai conhecer um. 

PODER SEM PUDOR
CARAS MANHÃS 
Quando foi prefeito do Recife, Roberto Magalhães recebia vereadores no período da manhã. Sem exceção, todos sempre com pedidos a fazer. Um dia, os vereadores exageraram e o prefeito se impacientou:
– Ainda bem que à tarde eu deixo o gabinete para circular na cidade. A partir da manhã serve apenas para onerar os cofres públicos...

TODO MUNDO DE PAU DURO!

QUINTA NOS JORNAIS

Globo: Brasil vota a favor do Irã e se isola dentro da ONU

Folha: ONU aprova sanções ao Irã, e Lula diz que é "birra"

Estadão: ONU aprova novas sanções ao Irã e Lula diz que é 'birra'

JB: Brasil tira máscara da ONU

Correio: Arrastão do crime em carros e ônibus no DF

Valor: Emissão de estatais impacta câmbio

Jornal do Commercio: Festa na África

quarta-feira, junho 09, 2010

ROBERTO DaMATTA

Pensamentos selvagens

Roberto DaMatta
O Globo - 09/06/2010

Quando tinha uns 8 ou 9 anos chupei uma laranja tão gostosa que acabei engolindo um caroço. Assustado, corri para o quintal onde, ao lado de um velho mamoeiro e de algumas bananeiras, jazia abandonado um único pé de laranja. Ao apalpá-lo, notei os espinhos e a dureza do tronco que, no final daquela tarde de janeiro, escureciam ao som do piano tocado por mamãe. No dia seguinte, rodeei a varanda onde meu avô e tios discutiam, com aquela paixão destinada a fabricar diferenças nas famílias, a "carestia da vida" e reclamavam do governo. Estava obviamente só e precisava urgentemente saber se o caroço engolido teria consequências. Será que ia nascer um pé de laranja dentro de mim?

Na entrada da sala de visitas, topei com vovó. "Eu engoli um caroço de laranja..." - falei com aquela voz dos desgraçados. Ela olhou para mim e disse sem pestanejar: "Engoliu um caroço? Está perdido! Vai nascer uma laranjeira na sua barriga e logo os espinhos vão furar o seu corpo!"

Esse caroço de laranja foi seguramente a primeira inquietação da minha vida. Tomei consciência do mundo por meio de um caroço de laranja! Entre os outros meninos e eu, interpunha-se um caroço de laranja e, com ele, a morte próxima ou um futuro aleijão. Meus irmãos e amigos eram os "caras": eles jamais haviam engolido um caroço de laranja. De dentro de mim, entretanto, estava prestes a surgir uma frondosa laranjeira.

No limite da preocupação, apelei para tia Amália, solteirona e contadora de histórias, irmã de meu pai: "Titia, eu engoli um caroço de laranja!" "E daí? - respondeu ela casualmente - todo mundo engole de vez em quando um caroço..."

Aprendi que preocupações humanas são como o ar. Concretas, fazem voar um avião; diáfanas, esfumam-se como os fantasmas. Tudo depende do modo de ver e, mais que isso, viver. Creio que foi por causa disso que eu sempre pensava em laranjas quando lia e estudava "O pensamento selvagem", do grande Claude Lévi-Strauss.

A primeira vez que comi bacon com ovos, um must dos quebra-jejuns americanos, foi na casa de uma inglesa no bairro do Ingá, em Niterói. Era uma residência "moderna", simpática, com uma varanda acolhedora e muitas janelas. Ali residia uma família inglesa cuja herdeira era uma moça de uns 20 anos que morava absurdamente só. Meus pais, tios e avós viviam consternados com essa solidão da jovem - vamos chamá-la de Mary, esse nome sempre velho e grandioso para os protestantes que o baniram de sua doutrina.

O que para a minha família era um castigo, para Mary era a glória e o gozo. Livre dos controles das moças de então, ela namorava e saía com quem lhe dava na telha. Ademais, pouco se lixava - como ocorre com os nossos administradores públicos eleitos pelo nosso voto livre e competitivo - com a opinião de uma vizinhança que controlava a vida alheia pelas venezianas, essa incrível invenção árabe-ibérica.

Penso que foi meu irmão Romero que chegou com a novidade:

- Você quer comer bacon com ovos, como nos filmes?

- Claro, mas onde?

- Na casa da Mary, a inglesa maluca...

Foi Mary quem pela primeira vez me deu esse "bacon com ovos", cujo cheiro delicioso me encantou os sentidos. Nossa turma de oito ou nove meninos comeu com gosto essa coisa de cinema que não era bem uma "comida" no sentido brasileiro do termo.

Findo o prato, Mary colocou-nos em fila e, como o governo, sentou-se numa cadeira de vime e cobrou um insólito (e doce) imposto. Demandou de cada um de nós um beijo na boca. Era um misto de pagamento e de treino, disse com uma casualidade pervertidamente encantadora. Obedecemos e, um a um, demos demorados beijos na boca na inglesa que ria de nossa vergonha e falta de jeito.

Toda vez que chega a temporada eleitoral, tão impositiva quanto as estações do ano do Hemisfério Norte, e eu a vejo crescer com a presença de um monte de figuras patéticas que falam a mesma coisa sobre o Brasil e mendigam votos, digo a mim mesmo: eis o verdadeiro pensamento selvagem! Primeiro, porque ele tem como alvo dar, como os caroços de laranja e os bacon com beijos, um sentido ao mundo. E, na nossa política, isso significa juntar democracia igualitária com sujeitos que jamais deixaram de pensar o Brasil como sendo feito de senhores e escravos, de superiores e inferiores, de bostas e de ricos, poderosos e famosos. Depois porque Lévi-Strauss enganou-se. Há, sim, um pensamento selvagem produzido por selvagens. São esses trogloditas e malandros que entram nas nossas casas para pedir voto em nome do bem que seus partidos vão proporcionar ao Brasil, enquanto nós pensamos no enorme bem que faríamos ao Brasil, colocando-os - ressaltando, é claro, as velhas, cansativas e enganosas exceções de praxe - a serviço de algum psiquiatra. Então, depois de pensar essas coisas, tento comer bacon com ovos ou penso no caroço que está dentro de mim.