quarta-feira, novembro 19, 2008

APOSENTADO DO INSS


MÓNICA BÉRGAMO

Feitiço
Folha de S. Paulo
 

O delegado Amaro Vieira Ferreira, da Polícia Federal, está sendo acusado pela OAB-SP de pressionar, constranger e ameaçar advogados. A entidade representará contra ele nas corregedorias da PF, da 3ª Vara Criminal de SP e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Amaro ganhou notoriedade por investigar o delegado Protógenes Queiroz, da Operação Satiagraha.

FEITICEIRO
Amaro é acusado pela OAB em outro caso bombástico: o dos "aloprados", em que petistas foram flagrados com dinheiro vivo para comprar um dossiê. De acordo com Sergei Cobra, da OAB, o delegado ameaçou quebrar o sigilo telefônico e fazer busca e apreensão no escritório do advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende Freud Godoy, ex-assessor do presidente Lula, "porque queria forçá-lo a testemunhar contra o próprio cliente. É de uma gravidade incomensurável".

DIREITO PRESERVADO
Por meio da assessoria da PF, o delegado Amaro afirma que "o direito do advogado de não revelar as informações em razão de sua relação com o cliente foi preservado". Corregedor da PF, ele investiga se Freud Godoy recebeu informações privilegiadas de um delegado no caso dos "aloprados".

REPATRIAÇÃO DE CAPITAIS

PRONTO PROJETO QUE PREVÊ REPATRIAÇÃO DE US$ 70 BI

Cristiano Romero
Valor Econômico 
 

 

Com o apoio de integrantes do governo, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) elaborou projeto de lei para estimular a repatriação de capitais que fugiram durante as sucessivas crises econômicas que abalaram o país nas últimas três décadas. A proposta, que foi protocolada ontem no Senado, prevê a concessão de incentivos fiscais para a regularização de ativos não-declarados no exterior e também para a atualização do valor de bens declarados no passado. Possibilita, ainda, a abertura no Brasil de conta bancária em moeda estrangeira.
Ruy Baron/Valor
Senador Delcídio Amaral (PT-MS): bens ou direitos no exterior poderão ser repatriados com pagamento de 8% de IR

Estima-se que algo entre US$ 65 bilhões e US$ 70 bilhões são mantidos ilegalmente por brasileiros no exterior. De acordo com o projeto de lei, quem tiver bens ou direitos no exterior e quiser repatriá-los poderá fazê-lo, pagando alíquota de apenas 8% a título de Imposto de Renda (IR). Se optar por aplicar os recursos em cotas de fundos de investimento dedicados ao financiamento de projetos de infra-estrutura, a alíquota cairá para 4%. No caso das pessoas jurídicas que possuírem bens no exterior, mas cuja existência nunca foi declarada à Receita Federal, a proposta prevê o pagamento de 10% de IR e de 8% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

As medidas previstas no projeto do senador petista configuram uma ampla anistia tanto para contribuintes pessoas físicas quanto jurídicas. Inspiradas nas experiências de países como Itália, Alemanha, Estados Unidos e Bélgica, a proposta incentiva a regularização tributária não apenas de quem possui bens e dólares no exterior, mas também a de todos os cidadãos que possuam débitos com a Receita Federal do Brasil.

"A Itália, por meio do programa Scudo Fiscale, repatriou ? 60 bilhões. É nele onde mais nos inspiramos", disse ao Valor Delcídio Amaral. "A proposta tem como um de seus objetivos remover obstáculos que, ao longo das últimas décadas, emergiram dos planos de estabilização monetária fracassados, que quebraram regras contratuais, desrespeitaram direitos adquiridos e acarretaram incertezas jurídicas para os agentes econômicos." O senador diz que o longo período inflacionário vivido pelo país induziu poupadores e investidores a buscarem proteção contra a perda de valor da moeda nacional por meio de remessas ao exterior.

Delcídio trabalhou em sua proposta durante mais de um ano. Nesse período, incorporou sugestões do presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Gabriel Jorge Ferreira, que, quando presidiu a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), teria formulado uma proposta para estimular a repatriação. Mais recentemente, o senador tratou intensamente do assunto com os ministros doPlanejamentoPaulo Bernardo, e da Fazenda, Guido Mantega, e com o deputado e ex-ministro Antonio Palocci (PT-SP).

"Não dá para ignorar a realidade de que há muito dinheiro de brasileiros no exterior, a descoberto do ponto de vista fiscal", comentou, em entrevista ao Valor, o ministro Paulo Bernardo. "O projeto é meritório, está bem elaborado, cercou-se de cuidados para saber que tipo de dinheiro queremos de volta ao país. Pode ajudar a trazer recursos para financiar o desenvolvimento."

A proposta do senador Delcídio Amaral não se limitar a incentivar a repatriação. Ela prevê várias medidas para regularizar toda a situação fiscal de quem está em falta com o fisco. Segundo o senador, que batizou seu projeto de "medidas de estímulo à prática de cidadania fiscal", essa foi a forma encontrada por ele para dar isonomia a todos os contribuintes, em vez de beneficiar apenas os que enviaram dinheiro ao exterior.

O projeto diz que as pessoas físicas poderão alterar a declaração de bens e direitos apresentada no exercício de 2007, acrescentando bens não-declarados anteriormente. Isso vale tanto para bens existentes no exterior quanto no Brasil. Para o patrimônio existente e não-declarado no país, o contribuinte pagará 8% de IR.

No caso do patrimônio que estiver no exterior, o contribuinte poderá fazer a nova declaração diretamente ou por meio de uma instituição financeira com sede no país ou lá fora. Para incluir os bens não-declarados, pagará alíquota de 15% de IR. O imposto será reduzido para 8%, caso ele decida internar no país, "parcial ou totalmente", os recursos declarados.

A alíquota estará sujeita ainda a uma redução de 50%, caso o contribuinte repatrie seu dinheiro para aplicá-lo em fundos de investimento dedicados a projetos de infra-estrutura. A única condição, nesse caso, será a manutenção do investimento pelo prazo mínimo de cinco anos.

De acordo com o projeto de lei do senador Delcídio Amaral, os contribuintes, também pessoas físicas, que não tiverem interesse nesses benefícios poderão atualizar os valores de bens já declarados anteriormente ao fisco. Eles poderão atualizar seus bens pelo valor de mercado até 31 de dezembro de 2007, pagando alíquota de apenas 4% de Imposto de Renda.

A proposta prevê o lançamento de um amplo programa de recuperação fiscal para pessoas físicas e jurídicas, destinado, segundo Delcídio, a regularizar a situação fiscal de contribuintes que tenham débitos com a Receita Federal, "constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, com a exigibilidade (tributos que não podem ser cobrados temporariamente) suspensa ou não, inclusive, os decorrentes de falta de recolhimento de valores retidos".

Os débitos com a Receita Federal, se a proposta do senador petista for aprovado, poderão ser parcelados em até 180 prestações mensais. Além disso, serão dispensados de multa moratória e estarão sujeitos ao pagamento de juros de mora de 3% ao ano. A concessão de parcelamento, de acordo com o projeto, será feita em condições especiais - não exigirá a apresentação de garantias ou de arrolamento de bens; o fisco aceitará as garantias usadas em outras modalidades de parcelamento, como as várias versões do Refis.

O governo chegou a estudar, no primeiro mandato do presidente Lula, o envio de proposta ao Congresso, propondo estímulos fiscais para a repatriação de capitais. Sob a inspiração do então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o assunto foi debatido, mas nunca se transformou numa proposta concreta. Uma das razões para a desistência foi o "derretimento" da cotação do dólar frente ao real nos anos anteriores à crise financeira internacional. "Se viessem mais dólares para cá naquela época, o real teria ficado ainda mais forte e ninguém queria isso. Agora, se vierem, vão ajudar a derrubar o dólar e ajudar a economia", observou um assessor do presidente.

CLÓVIS ROSSI

Tá tudo dominado?

Folha de S. Paulo 
 

Do ministro da Defesa, Nelson Jobim: a participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, é uma "distorção de função", posto que a Constituição diz que "quem tem poder de investigação criminal são as polícias".
Do delegado da Polícia Federal Carlos Eduardo Magro, que participou da Satiagraha: as críticas à investigação não passam de "uma reação do crime organizado".
Qualquer pessoa normal somará um mais um e dirá que Nelson Jobim faz parte do crime organizado, na visão de uma delegado da PF.
Aliás, o chefe de Magro, o ministro da Justiça Tarso Genro, também entra forçosamente na lista de suspeitos: na semana passada apontou "problemas técnicos" no inquérito resultante da Satiagraha.
A lista, de resto, só incluiria funcionários públicos, muitos da própria PF, os únicos que criticaram até agora a Satiagraha, já que o crime organizado não tem porta-vozes, que se saiba.
Tanto é assim que, na semana passada, a Folha publicou um título genial para demonstrar que, no caso Satiagraha, estavam em curso mais investigações sobre os investigadores do que sobre os investigados. Outra jabuticaba, produto tipicamente brasileiro.
Agora, com as declarações de Pellegrini Magro, o cidadão normal, que não é nem investigado nem investigador, fica no direito de suspeitar de uma de duas coisas: ou o crime organizado espraiou-se pelas instâncias governamentais e policiais muito mais do que se supunha ou a Polícia Federal abriga um leviano, capaz de lançar tal suspeição sobre figuras do governo, inclusive sobre seu chefe, o ministro da Justiça.
Afinal, Pellegrini Magro disse também que a PF investiga "infiltração do crime organizado em determinados Poderes". Tá tudo dominado?

DORA KRAMER

Arroz de sapo

O Estado de S. Paulo 
 

Agora que o ministro José Gomes Temporão já se nivelou por baixo, está tudo de volta aos eixos: ele fica na Saúde, o PMDB fica quieto para não correr o risco de perder a “cota” e não se fala mais em corrupção, insuficiência de desempenho, muito menos se averigua o que a Fundação Nacional de Saúde faz com as verbas que recebe para cuidar das populações indígenas.


Conforme mostrou ontem a repórter Lígia Formenti no Estado, a Funasa recebe o quádruplo dos recursos per capita (R$ 900) destinados ao restante da população (R$ 270) e apresenta os piores resultados: enquanto a taxa de mortalidade geral por desnutrição em bebês com menos de um ano é de 2%, a média nas aldeias é de 12%; entre crianças de até cinco anos a relação é de 5% para 35%. 

Uma pequena mostra da ineficiência do serviço de que falou o ministro Temporão na semana passada. No mesmo debate, abordou o tema da corrupção, a respeito da qual falam inúmeros relatórios do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público: 157 auditorias e 83 sindicâncias em 2007 e 149 verificações de irregularidades e 41 inquéritos até julho deste ano. 

O cenário de óbvia anomalia que o ministro resumiu em algumas frases num momento de irritação é avalizado pelos números e corroborado por sanitaristas especializados na área indígena, o que por si já justificaria alguma providência.

Quando nada, uma atenção especial ao conteúdo da fala e à forma de desabafo, sinal evidente da existência de uma “blindagem” do PMDB em torno da Funasa para mantê-la imune à influência do ministro.

Ali quem manda é o partido. E, pelo visto, com a anuência do presidente da República, cuja prioridade é a preservação do equilíbrio ecológico em sua base parlamentar, na qual o PMDB é o espécime mais vistoso, poderoso e guloso. 

Os deputados do partido saíram em defesa do feudo, pedindo a cabeça do ministro com argumentos absurdos, tais como a ausência de apresentação de provas e falta de consciência de José Gomes Temporão de que sua função inclui abrir a agenda para “interagir” com parlamentares e franquear-lhes com mais generosidade as verbas indicadas nas emendas ao Orçamento.

Não sofreram maiores admoestações. A única interferência do Palácio do Planalto foi no sentido de que amenizassem o tom, desistissem do ato público de desagravo ao atual presidente da fundação e de agravo à figura do ministro, marcado para ontem.

No lugar do protesto, realizou-se uma reunião do gabinete de Temporão, para “discutir as insatisfações” do titular da pasta. O ministro acertou ao evitar a cena da foto com todos sorridentes ao final. Não apareceu, deixando o relato ao encargo do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do presidente do partido, Michel Temer.

O líder saiu todo feliz. Nem parecia o indignado da semana passada. Chamou Temporão de “grande ministro”, anunciou que haviam fumado o “cachimbo da paz” e feito um “entendimento” sobre as questões da Funasa.

O ministro tem a intenção de “aperfeiçoar” a fundação, informou o deputado, a título de cessão pública de direitos sobre a administração do órgão. Era o bocado do sapo que cabia ao PMDB engolir: sugerir que Temporão saiu ganhando poder com a criação da Secretaria de Atenção Básica e Proteção à Saúde que ficaria com a administração da política de saúde indígena, por enquanto apenas uma idéia.

Ao ministro coube engolir o desabafo feito, os desaforos ouvidos e os brios perdidos. Tudo em público. Em particular, na reunião de ontem, a julgar pelo relato do deputado, engoliu também a falta de escusas e ainda estabeleceu com o partido um “entendimento” para mudanças na estrutura da Funasa.

Traduzindo: a situação por lá, de fato, anda a requerer alterações. É difícil compreender em que bases teria ocorrido o referido entendimento, se o comando continua o mesmo que até outro dia era defendido como o mais probo e eficiente já existente. 

Ademais, que acerto é possível quando se fala em corrupção e ineficiência?

Ou fica combinado que um pouquinho de cada não altera a ordem dos fatores nem tampouco abala os interesses envolvidos?

Um teatro, isto sim foi o que se armou a fim de propiciar o recuo das partes sem grandes traumas. Demitisse o ministro, o presidente Luiz Inácio da Silva estaria entregando o mandato ao líder do PMDB na Câmara.

Se desse a ele respaldo para entrar de pau e pedra na Funasa, o PMDB lhe arrancaria pedaços em outras áreas. Feito o acerto, só Temporão ficou no prejuízo, porque era o único a dispor de algo a perder com o pacto de boa convivência com uma dose de corrupção e ineficiência.

Para o PMDB não poderia haver solução mais satisfatória. Não conseguiu se livrar de Temporão, mas pôde assistir com deleite à autodestruição de uma boa imagem de homem público que a partir de agora passa a se integrar de corpo e alma aos estatutos daquela gafie...quer dizer, agremiação partidária.

ILIMAR FRANCO

A CPI do terror

 Panorama Político
O Globo - 19/11/2008
 

Nos últimos meses, a CPI dos Grampos criou pânico ao informar que existiam 400 mil escutas telefônicas legais. Um estado policial tinha se instalado no país. Os integrantes da CPI fomentaram o alarmismo, mesmo sabendo que os dados das empresas de telefonia estavam inflados. Agora, o Conselho Nacional da Justiça diz que as escutas legais são 12 mil. Este tipo de inconsistência fragiliza as CPIs como instrumento de fiscalização.

O tempo fechou 

O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) se retirou ontem de reunião com ambientalistas e ruralistas depois de discutir com o líder do PV, deputado Sarney Filho (MA). Stephanes estava irritado com o impasse na discussão sobre mudanças no código florestal. Sarney Filho ironizou: "Estou achando que o senhor, tanto tempo fora do Congresso, está perdendo o jeito. Negociação é assim mesmo". Stephanes ficou possesso e reagiu encerrando a reunião. Mas antes respondeu ao líder do PV, afirmando: "Eu conheço os problemas do campo, fui deputado seis vezes e presidente de quatro comissões. Eu me fiz sozinho". 

Somos complacentes com o poder presidencial" - Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente, sobre a falta de reação do Congresso ao excesso de medidas provisórias 

RASGANDO SEDA. O presidente da CNI, deputado Armando Monteiro (PTB-PE), diz que o papel do ministro Guido Mantega (Fazenda) ainda vai ser reconhecido. E explicou por quê: 1. "Assumiu a reforma tributária"; 2. "Retirou o protagonismo da Receita no debate"; 3. "Tem disposição de dialogar"; 4. "É responsável por 80% do repertório de medidas contra a crise"; e, 5. "Há uma espécie de glamourização do Henrique Meirelles". 

Termômetro 

A manutenção de animais silvestres exóticos em circos foi rejeitada por 82% internautas que responderam enquete da Comissão de Educação da Câmara. Votaram 235.434, e o resultado vai orientar a votação do projeto sobre o assunto.

Rompimento 

O prefeito de Niterói, Godofredo Pinto, e o deputado federal Chico D"Angelo deixaram a Mensagem ao Partido. Os petistas têm um rosário de queixas contra a tendência. Dizem que não tiveram apoio nas eleições do Rio e de Niterói. 

Governo quer que Serra mostre a face 

Apesar da resistência dos governadores, o governo federal vai continuar agindo para votar a reforma tributária no Congresso. O alvo dessa atitude são os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). O governo quer que os tucanos assumam que são contrários à reforma. Um ministro comentou que é preciso desmascarar o discurso dos que se dizem a fazer da reforma, mas depois não querem votar. 

Na mira do Palácio do Planalto 

O presidente Lula voltou a dizer, esta semana, em conversas reservadas, que vai bater chapa no Congresso para preencher a próxima vaga no TCU. Um de seus assessores reafirmou que Lula considera o tribunal um bunker do ex-PFL. Os governistas ainda não têm candidato, mas dizem que acabou a época em que a oposição fazia o que queria na Câmara e no Senado. O candidato do DEM é o ex-senador José Jorge (PE), que preside a Companhia de Energia de Brasília. 

O SENADOR Paulo Paim (PT-RS) mudou de tática. Ontem, passou a noite em vigília no Senado em defesa de seus projetos a favor dos aposentados. Quando era deputado ele fazia greve de fome. 

ESTÁ PEGANDO mal a Câmara manter o mandato do deputado Walter Brito Neto (PRB-PB) depois de a Justiça Eleitoral ter determinado sua perda. 

CANDIDATO à presidência da Câmara, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) está estimulando outras candidaturas para forçar um segundo turno contra Michel Temer (PMDB-SP).

O IDIOTA

QUARTA NOS JORNAIS

Globo: EUA têm a maior queda dos preços desde 1947

 

Folha: Serra propõe novo critério para promoção de servidor

 

Estadão: PF já tem elementos para pedir nova prisão de Dantas

 

JB: Crise freia a Petrobras

 

Correio: Trânsito, o vilão da mortalidade infantil

 

Valor: Pronto projeto que prevê repatriação de US$ 70 bi

 

Gazeta Mercantil: BNDES busca R$ 10 bi para fechar o ano

 

Estado de Minas: Empresas investem em Minas apesar da crise

terça-feira, novembro 18, 2008

DORA KRAMER

EXTINÇÃO  DA ESPÉCIE
Cabeça no travesseiro na solidão do quarto escuro, cada governador, parlamentar, prefeito ou petista cheio de votos talvez se pergunte por que todos são preteridos pelo presidente Luiz Inácio da Silva na escolha da candidatura do PT à Presidência da República em 2010.


O que a ministra Dilma Rousseff tem que eles não têm, a não ser uma vida desprovida de relação com o eleitorado contra carreiras sobejamente testadas, e muitas aprovadas, nas urnas?

Se a curiosidade não lhes aguça os espíritos, significa que estão anestesiados. Se a dúvida lhes assola as almas, mas não ousa dizer seu nome, é mais grave: sinal de que estão com medo de confrontar, desagradar ao chefe e, com isso, perder a chance de um dia virem a merecer dele uma unção semelhante.

Em qualquer hipótese, o que se tem é um partido de um homem só rodeado de satélites por todos os lados. Não é uma novidade na estrutura de funcionamento do PT, cuja presença País afora e representação no Congresso cresceram sustentadas nas cinco candidaturas de Lula à Presidência da República.

A singularidade agora é que Lula não pode ser candidato nem dispõe do poder de conduzir as escolhas do eleitor ao molde de sua popularidade.

Constatação singela, óbvia e previsível. Natural, portanto, teria sido o partido, sob a condução de Lula, ter se preparado nos últimos anos para a passagem do bastão. Não a um clone do líder. Este é único em suas características, como de resto é peculiar cada ser humano. Mas a alguém com atributos eleitorais mínimos.

No PT está cheio de gente assim. Tanto está que é com essas pessoas que o partido vem assumindo nos últimos 20 anos o comando de Estados, de um número cada vez maior de prefeituras, aumentando suas bancadas na Câmara, no Senado, nas assembléias legislativas, nas câmaras municipais.

Há lideranças para todos os gostos: locais e nacionais. Nenhuma delas, contudo, jamais recebeu o estímulo do investimento como aposta futura do PT.

Os poucos que tentaram anteriormente, ou saíram do partido ou ganharam vaga no limbo. Dos três que já tentaram abertamente disputar a legenda para presidente, Cristovam Buarque está fora, no PDT, Eduardo Suplicy não passa nas estreladas goelas e Tarso Genro fica limitado às fronteiras do Rio Grande do Sul.

Há muito outros - sem contar os dizimados por escândalos - que poderiam ter cumprido esse papel se houvesse empenho. Não havendo e isso, em tese, contrariando os interesses do partido, só pode haver uma explicação para Lula escolher uma candidata sem-votos e ignorar uma plêiade de companheiros com traquejo e patrimônio eleitorais: impedir o crescimento de alguma liderança que possa vir a lhe fazer sombra.

Ou pior, se revelar bem melhor.

Operação Pinóquio

Os delegados Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda mentiram à CPI das escutas ilegais ao negar a participação de agentes - depois confirmada na quantidade de 85 - da Agência Brasileira de Inteligência na Operação Satiagraha.

Podem ser punidos com um pedido de indiciamento por crime de falso testemunho. Já o governo, que também mentiu ao alegar que Protógenes havia sido afastado do caso por livre iniciativa para fazer um "curso de aperfeiçoamento", pelo visto não pagará nenhuma conta, agora que novas gravações provam que o delegado na verdade foi punido por ter cometido infrações legais e funcionais no curso das investigações.

Um pássaro, um avião...

Araponga é uma ave nervosa, canta alto, briga muito e se assusta com facilidade. Por seu comportamento estridente, serviu de codinome ao espião atrapalhado vivido por Tarcísio Meira em minissérie da TV Globo produzida em 1990.

Desde então, o apelido passou a ser usado para designar com ironia os agentes secretos brasileiros lotados no SNI, serviço secreto da ditadura à época em franco processo de desmoralização.

Hoje, o termo araponga está incorporado ao vocabulário cotidiano. O sentido original se perdeu no tempo, mas recupera-se em sua inteireza graças ao minucioso trabalho de restauração feito pela Abin em parceria com a Polícia Federal.

Sem dono

Quando a oposição critica o governo por excesso de gastos, mas ajuda a aprovar no Senado aumento estimado em R$ 9 bilhões nas despesas da Previdência, o roto fala mal do esfarrapado.

O faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço é acionado quando a Justiça proíbe o governo de obter créditos extras por medida provisória, mas manda pagar R$ 2 bilhões em auxílios-moradia atrasados para juízes em todo o País.

São atos de naturezas e motivações diferentes, mas, no que tange ao cofre de origem - o Tesouro -, a falta de cerimônia é a mesma.

BALANÇO DO DIA (PARCIAL)

APOSENTOU? FUDEU-SE


LAURO JARDIM - VEJA

Terça-feira, 18 de Novembro de 2008
MERCADO FINANCEIRO
Fora do pregão
A Semp Toshiba está dando bye bye aos pregões da Bovespa: pediu o cancelamento de seu registro de companhia aberta. E a CVM já deu o o.k.

BRASIL
Funasa quer mais grana
Está previsto para ser votado daqui a pouco na comissão de orçamento da Câmara um projeto que abre 682 milhões de reais de crédito suplementar para o Ministério da Saúde ainda este ano. Mas foi só o dinheiro aparecer para os caciques da Funasa - sempre ela - passarem a faca. Uma emenda apresentada ao projeto, e já devidamente acatada pelo relator, vai sacar 200 milhões de reais desse montante para o órgão.
E como dinheiro não surge espontaneamente, para a Funasa receber mais 200 milhões de reais, o corte vai ser pesado sobretudo no programa de "imunobiológicos para prevenção e controle de doenças", ou seja, nas vacinas. Elas perderão 193 milhões de reais de sua verba extra.

PODER
STF na festa da bola
Todos os ministros do Supremo foram convidados para a reinauguração do Bezerrão amanhã à noite, em Brasília. Ao lado deles vão sobrar deputados, senadores e políticos de todos os matizes.

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
O consumidor pisa no freio
Agora, não dá mais para esconder: a crise mundial instalou-se na indústria automobilística brasileira. Nos primeiros 17 dias de novembro, as vendas caíram 32% em comparação com o mesmo período do mês anterior.
Trata-se de uma diferença e tanto. Em outubro, a queda nas vendas em relação ao mês anterior fora mais tímida: somente 12%.
Aos números: foram vendidas 89 849 unidades de carros de passeio e comerciais leves contra os 132 663 veículos vendidos no mesmo período de outubro.

NEPOTISMO-GARÔTA DE PROGRAMA



ESTADO PAGA PARA O CARA COMER A GOVERNADORA.

A PUTARIA É GRANDE!



TCU determina exonerações por nepotismo cruzado no RN

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região/RN, desembargadora Maria de Lourdes Alves Leite, pague uma multa de R$ 10 mil por suposta prática de nepotismo cruzado. O TCU também decidiu que o TRT do Rio Grande do Norte deve anular os atos de nomeação referentes a Raphael Melo da Costa (parente do conselheiro Tarcísio Costa, do Tribunal de Contas do Estado) e a José Maurício de Souza Filho (companheiro da governadora Wilma de Faria). A decisão foi tomada pelo TCU na quarta-feira, dia 12 deste mês. 

Ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do TRT,  José Barbosa Filho, informou que  cumprirá as determinações assim que o TRT for notificado oficialmente. A investigação foi promovida pela Secretaria de Controle Externo (Secex/RN),  órgão ligado ao TCU. O início desse levantamento foi em 2005. O relatório e o julgamento só ficaram sendo conhecidos por conta de matéria divulgada no jornal O GLOBO sobre reforço no combate ao nepotismo que o TCU pretende empreender junto aos Estados. 

Na investigação, a Secex encontrou indícios de que algumas nomeações feitas para o TRT da 21ª Região, para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e para a Prefeitura de Natal ocorreram como troca de favores entre a ex-presidente do TRT, a governadora do Estado e o conselheiro Tarcísio Costa. O relator do caso, auditor Marcos Bemquerer Costa, com base  na investigação promovida pela Secex, os casos podem ser classificados em dois grupo. O primeiro envolvia as nomeações  do sobrinho de Tarcísio Costa, Raphael Melo da Costa (para cargo comissionado no TRT); e a do filho de Maria de Lourdes Leite, Felipe Gustavo Filho (para cargo comissionado no (TCE).

O segundo grupo de nomeações envolvia  o irmão da governadora Wilma de Faria, Nelson Newton de Faria (para o TRT); o companheiro dela, José Maurício Filho (para o TRT); e o irmão da desembargadora Maria de Lourdes Leite (para a STTU). As investigações afirmam — e o TCU julgou procedente — que todas essas nomeações consistiram em trocas de favores entre os agentes públicos. Com relação a Nelson Faria não houve pedido de exoneração porque ele não ocupa mais o cargo desde agosto de 2006.

No decorrer da investigação, tanto a desembargadora quanto  Raphael Costa e José Maurício Filho foram ouvidos. Seus argumentos — sempre negando a prática de “transnepotismo” — não foram considerados suficientes para comprovar que não houve a irregularidade. De acordo com o relator, ficou demonstrada a reciprocidade nas nomeações. 

Agora, o TRT tem (a contar da notificação) 15 dias para proceder a exoneração do companheiro de Wilma de Faria e do sobrinho de Tarcísio Costa. Os dois recebem salários superiores a R$ 6 mil.  Para ambos os casos, o TRT possui 360 funcionários efetivos que poderiam ocupar a vaga. No julgamento ficou decidido que cópias do acórdão (AC-2563-48/08-P) devem ser enviadas para o Ministério Público, para o TCE e para a Câmara Municipal de Natal; para que adotem as providências necessárias para cessar o transnepotismo.

ELIANE CANTANHEDE

Por que será?


Folha de S. Paulo - 18/11/2008
 

O ministro José Temporão (Saúde) e o senador Tião Viana (PT-AC) viraram saco de pancadas do PMDB -e não estão apanhando pelos defeitos, mas possivelmente pelas virtudes.

Temporão foi indicado para a Saúde pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Lula gostou, e ele acabou ficando, como se fosse "da cota" do PMDB. É uma mentirinha que convém a Lula, a Temporão, a Cabral, ao partido e, quem sabe, também à própria Saúde. 
Vira e mexe, o pacto da mentirinha é ameaçado por um dos muitos peemedebistas que meteram a colher e os afilhados no cargos da Saúde e esperam que eles lhes peçam a bênção, não a Temporão. A coisa ficou feia porque o ministro disse em público o que qualquer um sabe: a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) é um antro de corrupção. 
Não bastasse o, digamos, constrangimento de desvios em área tão sensível, a queda-de-braço agora é em torno da saúde indígena (e suas verbas), que os líderes do PMDB puxam para dentro da Funasa, e Temporão empurra para fora. Por que será que o PMDB está tão sensível à causa indígena? Mistério! Quanto a Tião: ele passou a ser o "candidato natural" à presidência do Senado quando o PT e o PMDB fizeram um acordo para eleger o peemedebista Michel Temer na Câmara. PMDB na Câmara corresponderia a PT no Senado, mas o PMDB é o maior partido das duas Casas e exige as duas presidências. 
O que há por trás? A mágoa do senador Renan Calheiros, que acusa Tião Viana de ter dado uma mãozinha para derrubá-lo da presidência depois da história torpe da Monica Lewinski brasiliense. 
São dois pequenos exemplos de como o PMDB, além de noiva cara e assanhada, é também insaciável e dada a chiliques. Temporão e Tião têm que botar as barbas e sobretudo os cargos de molho, mas quem deve se preocupar são Lula e, logo, logo, Dilma Rousseff. Ela não sabe o que é bom para tosse.

MÓNICA BÉRGAMO

CARNE E UNHA


Folha de S. Paulo - 18/11/2008
 

Azedaram as relações do ministro Tarso Genro, da Justiça, com o delegado-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. Um dos motivos seria o fato de o policial ter canal direto com o Palácio do Planalto, passando por cima de Tarso.

A assessoria do ministro desmente e diz que os dois são "unha e carne".

PRODUTO EXPORTAÇÃO
Bombardeado por vários lados no Brasil, o delegado Protógenes Queiroz figura como herói na galeria do livro "McMáfia - Crime sem Fronteiras", do jornalista e historiador britânico Misha Glenny. Recém-lançada no Brasil, a obra descreve o funcionamento do crime organizado no mundo. Com direito a foto e tudo, Protógenes é descrito como o policial "cordial e decidido" que prendeu o chinês Law Kin Chong na Operação Shogun.

POLÍCIA TAGARELA
"A maneira mais fácil de destruir meses de investigação cuidadosa era passar com antecedência à Polícia Federal de São Paulo informações sobre a operação iminente", diz Misha Glenny no livro, celebrando o fato de Protógenes esconder de tudo e de todos a investigação que comandava.

ARNALDO JABOR

Nunca estamos nos melhores dias

O Globo - 18/11/2008
 

Como veremos nosso presente no futuro? 

Depois de 17 anos de jornalismo, vou fazer um filme de época, passado no Rio, no final dos anos 50 (meus inimigos dirão: "Mais um abacaxi..."). Não é autobiográfico, mas contém, claro, detritos de minha vida de adolescente, naqueles anos maravilhosos entre o fim do pós-guerra e a chegada dos anos 60, que o golpe militar derrubou. 
Por isso, ando pesquisando rostos, gestos, sentimentos daqueles anos remotos. Minhas primeiras pesquisas foram em casa mesmo: minha família, a rua de minha infância profunda, esquinas baldias, quintais com gato, canário e galinheiro, vira-latas mijando nos postes. 
Meu pai foi aos Estados Unidos e comprou uma máquina de filmar, de 8mm, Kodak. 
Tenho essa câmera até hoje e, de vez em quando, fico olhando o buraco da lente por onde passou minha vida. Meu pai fez um verdadeiro longa-metragem de nossa família. Minhas primeiras imagens são quase de fraldas, e as últimas mostram-me com 20 anos, recebendo a espada de aspirante da reserva, perfilado no quartel do Exército. 
Lá estou eu, moleque jogando ioiô, soltando pião, lá estão meus pais, lindos, jovens, se beijando. Minha mãe era a Greta Garbo, e meu pai, um xeque meio Rodolfo Valentino, e eles ainda se beijam, ali na tela, em tênue close up por toda a eternidade. Nas imagens trêmulas, fora de foco, vi minha pobre família de classe média, tentando uma felicidade precária, constrangida, me vi de novo, menino comprido feito um bambu ao vento, com as neuroses que até hoje me crispam a alma. Na tela, vi que minha crise de identidade já estava traçada. 
Agora, meu filho de 8 anos brinca com a câmera de 8mm; explico-lhe o mistério do buraquinho mágico da câmera, mas ele não se liga nessas falas analógicas - digital, contemporâneo, já na internet. 
Sozinho, fui atrás de velhos filmes da época. Queria ver, no passado, se havia alguma chave que explicasse meu presente ou revelasse algo que perdi, que o Brasil perdeu... 
Mas o que me impressionou nos filmes velhos a que assisti foi o décor, foram os exteriores, as ruas do Rio antigo. Ali, estava gravado aquele presente dos anos 50, que me pareceu um presente atrasado, "aquém" de si mesmo. A mesma impressão tive quando vi o filme famoso de Orson Welles "It"s all true", com as cenas do carnaval carioca em Tecnicolor (espantosamente, são as únicas imagens a cores do Brasil daquele tempo). Dava para ver nos corpinhos dançantes do carnaval uma medíocre animação carioca, com pobres baianinhas em tímidos meneios, galãs fraquinhos imitando Clark Gable, todos com uma visível falta de saúde, nos corpos, nos olhos baços, adivinhando-se a alimentação pobre e a informação rala. Dava para ver a fragilidade indefesa e ignorante daquele povinho dançando, iludido pelos burocratas da capital. Dava para ver ali que, como no filme de minha família, faltava muita substância naquele passado. 
No entanto, se vemos os filmes americanos dos anos 40 e 50, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e seus telefones pretos, cabelos altos e chapéus, tudo já funcionava como hoje. Mudaram os figurinos, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A recessão de hoje vai mudar a cara americana, sem dúvida, mas aos poucos tudo vai se voltar, porque seu DNA ianque se recompõe, e eles continuarão sólidos em sua marcha obsessiva. 
Por outro lado, nós, brasileiros, éramos carentes de alguma coisa que desconhecíamos - aliás, como hoje, pois continuamos "anestesiados, mas sem cirurgia", em nosso subdesenvolvimento endêmico (M. H. Simonsen). 
Como éramos atrasados naquele "presente". Nos filmes brasileiros antigos parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias. Por que não avançamos do atraso para uma modernização verdadeira? Porque nosso presente é uma mistura de irrelevâncias com raríssimas mudanças estruturais e importantes. O atraso resiste em todas as áreas da vida. O essencial nunca é feito, principalmente neste governo que já boiou por cinco anos nos feitos da administração anterior e na "bolha" financeira que nos mandou dinheiro fácil, mas que agora estourou. E o Lula, o mascote da esquerda "boa-praça", o "operário-padrão" queridinho do G-8, finge que a crise é "coisa de gringos", que não o atingirá, como se fosse um novo "mensalão" global. 
Nosso presente não tem mais a luz triste, preto-e-branco do passado; tem cores vivas, digitais, internet e progressos aparentes, mas tudo encravado num mar de miséria e atraso. Basta ver o rosto do povo em qualquer rua. O que chamamos de Brasil moderno é uma ilha maldita de "Caras", uma selva de celebridades inúteis, se batendo, se comendo, se exibindo numa ociosidade patética. 
Como nos veremos do futuro, daqui a décadas? Não veremos os ridículos fracotes mal alimentados dos anos 40 e 50; mas veremos um show de mediocridades travestidas de "avançadas". O Brasil está tonto, perdido entre novidades técnicas, cercadas de miséria e estupidez. Somos um gigante com os pés metidos na lama, na corrupção, na violência, mas posando de tecnológicos e cibernéticos. Como criaremos um presente moderno sem reformas no Estado e no Judiciário? Como ser "moderno" com freiras assassinadas e matadores soltos? Como - se os colarinhos brancos riem na cara do país, impunes para sempre? 
Assistimos a chacinas diárias entre chips e websites. Temos Ferraris nas ruas e tiroteios em Ipanema. "High School musical" na TV e crianças esquartejadas na vida real. Vivemos um narcisismo brega, desinformado, balbuciando reclamações vagas, sem união para protestos, sem desejos claros para vocalizar. 
Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas ser subdesenvolvido não é "não ter" futuro; é nunca estar no presente.

LUIZ GARCIA

Fogueira na PF


O Globo - 18/11/2008
 

Nos últimos anos, a Polícia Federal construiu para si mesma uma imagem de eficiência que aparentemente a colocava a anos-luz de distância de todas ou quase todas as polícias estaduais. E o dado mais positivo dessa imagem era o perfil de muitos dos peixes que caíam em sua rede: gente poderosa, homens de alta posição e muito dinheiro. 
Foi assim há cinco anos, quando a Operação Anaconda levou para a cadeia um juiz federal e outras figuras supostamente - ou historicamente - intocáveis. No ano passado, os federais prenderam os chefões do jogo do bicho no Rio, numa operação em que caíram na rede também dois desembargadores, um juiz e um procurador. Não faltam outras investigações com resultados semelhantes. 
A Operação Satiagraha, este ano, parecia do mesmo tope. Foram apanhados o banqueiro Daniel Dantas e outros endinheirados. Mas em pouco tempo tudo começou a dar errado para os policiais. Os primeiros sinais de crise foram indícios, logo confirmados, de uso - aparentemente inédito e certamente irregular - de agentes da Agência Brasileira de Inteligência, repartição direitamente subordinada ao Palácio do Planalto, na gravação de telefonemas do grupo visado pela Satiagraha. 
Para muita gente no Planalto, essa irregularidade era sinal assustador de que grupos na Polícia Federal faziam o que bem entendiam para conseguir resultados - quase sempre divulgados com uma dose pouco profissional e bastante perigosa de exibicionismo. 
Posta em xeque, a PF começou a fazer água, revelando uma crise interna que fervia há algum tempo. E que na verdade era muito mais disputa de poder do que, como muita gente pensava, simples divergências sobre métodos de investigação. 
Hoje, a PF não tem a confiança do governo e parece ter perdido a boa imagem na opinião pública. O delegado que montou a Satiagraha, Protógenes Queiroz, responde a inquérito por supostas falhas na operação - uma investigação aprovada por parte de seus colegas e condenada por outros. 
Numa briga independente de tudo isso, agentes federais estão em pé de guerra contra um projeto do governo, já tramitando no Congresso, que transfere do juiz para o promotor público a supervisão e o controle das investigações policiais. Um manifesto assinado por mais de cem delegados afirma não ser correto que "investigações policiais sejam dirigidas pela parte que acusa, em prejuízo da defesa". Podem ter razão, mas nada impede que essa tomada de posição venha ser munição para os críticos da PF em Brasília. 
O que parece evidente em tudo isso é que a Polícia Federal vive dias de cão, em parte devido a divergências e opções respeitáveis - e em parte devido a uma crepitante fogueira de vaidades que pode transformar em cinzas uma merecida reputação de eficiência. 
Quem está de fora tem motivos óbvios para deduzir que nenhum grupo deve ser dono exclusivo da razão. E também para temer que a conseqüência mais notável da crise seja muito tempo de vida mansa para os daniéis dantas da praça.

CRISE?

TERÇA NOS JORNAIS

Globo: BB e CEF dão mais R$ 13 bi para ampliar financiamentos

 

Folha: Juiz do caso Dantas deve permanecer, diz tribunal

 

Estadão: FMI defende gastos de US$ 1,2 tri contra a crise

 

JB: Crise já consumiu R$ 150 bi do Brasil

 

Correio: Servidor terá R$ 8 bi para comprar imóvel

 

Valor: BB negocia alterações radicais no crédito rural

 

Gazeta Mercantil: GM teme contaminação da matriz na venda local

 

Estado de Minas: IPTU vai ficar 6% mais caro em BH

 

Jornal do Commercio: Arrastão e terror em rua do Rosarinho

segunda-feira, novembro 17, 2008

MÓNICA BÉRGAMO

Asas abertas

Folha de S. Paulo - 17/11/2008
 

O governo de SP prepara o lançamento de licitação para a escolha de empresas que assumam os 31 aeroportos regionais do Estado. Seriam parcerias público-privadas, as PPPs. Os que forem escolhidos para gerir terminais centrais, como os de Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Bauru e Jundiaí, teriam que assumir aeroportos menores nas mesmas regiões.

ASAS ABERTAS 2 
O governo paulista arrecada R$ 12,7 milhões por ano dos aeroportos -e gasta R$ 21,5 milhões com eles, num déficit de quase R$ 10 milhões.

ASAS ABERTAS 3 
E uma das regiões apontadas como favoritas para receber o terceiro grande aeroporto de SP, que desafogaria Guarulhos e Congonhas, é a de Sorocaba. O governo federal pode lançar licitação para que as construtoras apresentem projetos de viabilidade para a construção do empreendimento.

TAMBÉM QUERO 
Os advogados de Naji Nahas, a exemplo do que já tinham feito os advogados do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, também pediram, em habeas corpus, que a Operação Satiagraha seja anulada. "Quebraram o sigilo telefônico dele para saber se estava cometendo um crime. Essa medida só poderia ter sido adotada se os indícios fossem veementes", diz o advogado Sérgio Rosenthal.

SEGUNDA NOS JORNAIS

Globo: G-20 vai monitorar operações de 30 bancos

 

Folha: 2ª economia do mundo, Japão entra em recessão

 

Estadão: OMC quer concluir Doha em dezembro

 

JB: Sinal vermelho no turismo carioca

 

Correio: Bandidos no caminho da escola

 

Valor: Empresas ainda apostam em um Natal sem crise

 

Gazeta Mercantil: Indústria e varejo negociam com prazo cada vez mais curto

domingo, novembro 16, 2008

AÍ PODE...


Para relaxar na noite de domingo

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PARA...HIHIHIHI

ENGANO

Uma mulher foi levada às pressas para o CTI de um hospital. Lá chegando, teve a chamada 'quase morte', que é uma situação pré-coma. E, neste estado, encontrou-se com Deus:
- Que é isso? - perguntou ao Criador - Eu morri?
- Não, pelos meus cálculos, você morrerá daqui a 43 anos, 8 meses, 9 dias e 16 horas - respondeu o Eterno.
Ao voltar a si, refletindo o quanto tempo ainda tinha de vida, resolveu ficar ali mesmo naquele hospital e fez uma lipospiração, uma plástica de restauração dos seios, plástica no rosto, correção no nariz, na barriga, tirou todos os excessos, as ruguinhas e tudo mais que podia mexer para ficar linda e jovial.
Após alguns dias de sua alta médica, ao atravessar a rua, veio um veículo em alta velocidade e a atropelou, matando-a na hora. Ao encontrar-se de novo com Deus, ela perguntou irritada:
- Puxa, Senhor, você me disse que eu tinha mais 43 anos de vida. Por que morri depois de toda aquela despesa com cirurgias plásticas!!???
E Deus aproximou-se bem dela e, olhando-a diretamente nos olhos, respondeu:
- Menina! Não te reconheci !!!!!!!

AUGUSTO NUNES


Sete dias

Os rufiões dos anos de chumbo

Caso se interessassem pelo fu- turo do Brasil, o ministro da Justiça e o secretário nacional dos Direitos Humanos estariam exibindo as olheiras superlativas dos inconformados com a institucionalização da tortura no sistema carcerário. Tanto o ministro Tarso Genro quanto o secretário Paulo de Tarso Vannuchi sabem que, neste momento, centenas de presos comuns estão sendo seviciados por policiais que preferem o choque elétrico à investigação ou por integrantes dos bandos criminosos que governam as cadeias. Como só se interessam pelo próprio futuro político, os dois ordenanças vencidos na guerra suja esquecem os carrascos do presente para acertar contas com torturadores do passado. Nas capitanias confiadas à dupla, problemas é o que não falta. Mas os companheiros resolveram que não existe urgência mais urgentíssima que a revisão da Lei de Anistia decretada em 1979. Seria "ampla, geral e irrestrita", combinaram os negociadores do documento, ao fim de conversas especialmente delicadas. Nem tanto, descobriram quase 30 anos depois os parceiros ansiosos pela vingança. Quem olha por espelhos retrovisores caminho à margem do penhasco é forte candidato ao título de homem sem visão do ano. Quem olha só pelo retrovisor direito, garimpando imagens de torturadores aposentados, é um cretino fundamental. Para os tarsos, a anistia que livrou Genro do medo crônico e Vannuchi da cadeia não se estende aos porões da ditadura. "A lei se aplica tanto aos adversários do regime militar quanto aos agentes do poder público que eventualmente praticaram torturas contra presos políticos", discordou José Antonio Toffoli, advogado-geral da União. "Tortura é crime imprescritível", replicaram em coro os tarsos. "Terrorismo também é", avisou Gilmar Mendes, presidente do STF, amparado no artigo 43 da Constituição. Foi a senha para o desembarque na frente de batalha dos heróis de araque, sempre fantasiados de credores da imensa maioria que nada lhes deve. É um absurdo chamar de terroristas os que, por falta de opções, lutaram contra a ditadura de armas na mão, viajaram de novo os rufiões dos anos de chumbo. Havia opção, sim, deveriam berrar milhões de brasileiros que resistiram até que a liberdade abrisse as asas sobre nós e restaurasse a democracia. Anos a fio, a resistência democrática suportou a arrogância dos extremistas de esquerda e a prepotência dos direitistas radicais. Uns menosprezavam os "pequeno-burgueses a serviço do capitalismo". Outros tentavam conter a cólera provocada pela parvoíce dos "inocentes úteis a serviço dos comunistas". Enquanto o delírio durou, os devotos da luta armada não fizeram reparos ao manual da guerrilha redigido por Carlos Marighela. "A ação terrorista deve ser executada com muita calma, decisão e sangue frio", ensina um trecho. "O terrorismo é uma arma que o revolucionário não pode abandonar". Só agora os guerrilheiros cismaram que o estigma foi invenção da ditadura. A anistia não será revogada, mas nada impede escavações históricas amplas, gerais e irrestritas. Ex-torturadores merecem ser tratados como figuras abjetas. Ex-terroristas, também.

A conversão
da candidata
A ministra acredita em Deus?, perguntaram os jornalistas ao fim do encontro entre Dilma Rousseff e o papa. "Eu me equilibro bem nessa questão. Será que há? Será que não há? Eu me equilibro nela", respondeu a ex-camarada de armas de José Dirceu. Diante dos olhares de espanto, engatou uma segunda: "Tenho toda formação religiosa que uma pessoa de minha geração teve no Brasil. Fiquei durante muito tempo meio descrente. Acredito que as diferentes religiosidades são fundamentais para as pessoas viverem. A gente não pode achar que só existe aquele seu Deus". Tudo esclarecido.

Com o Brasil
ninguém pode
A folhinha de 2009 informa que, dos 13 feriados nacionais, oito caem na segunda ou na sexta-feira (feriadão obrigatório) e quatro na terça ou na quinta (feriadão facultativo, mas respeitado em toda a nação). Os paulistas com o 9 de julho numa quinta e os cariocas com o 20 de janeiro numa terça foram brindados com mais uma folga de quatro dias. Somados os feriados oficiais, os enforcados, os sábados e os domingos, serão 152 dias de descanso. Sobram 213 (58,35% do ano) para o trabalho. Tremendo calendário. Com crise ou sem, 2009 será lembrado com carinho por milhões de brasileiros.



Um estadista contempla a tempestade

"Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico", preveniu Lula em 27 de março, repetindo o recado enviado em setembro de 2007. Dado o aviso, esqueceu o assunto por seis meses, para retomá-lo em ritmo de encontro em motel: anda falando tanto que o país não sabe direito o que pensa o presidente.
Releiam:
Setembro, 17:"Que crise?
Pergunta pro Bush".
Setembro, 18: "O Brasil vive
um momento mágico".
Setembro, 22:"Até agora, gra-
ças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico".
Setembro, 29: "O Brasil, se
tiver que passar por um aperto, será muito pequeno".
Setembro, 30: "A crise é tão
séria e profunda que nem sa- bemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial".
Outubro, 4: "Lá, a crise é um
tsunâmi. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar".
Outubro, 5: "Queremos que
esse tema da crise mundial seja levado ao Congresso".
Novembro, 8: "Ninguém está
a salvo, todos os países serão atingidos pela crise".
Novembro, 10: Toda crise
tem solução. A única que eu pensei que não tivesse jeito era a crise do Corinthians". Se ouviu o palavrório, nem a crise sabe o que ocorrerá enquanto ficar por aqui. Só sabe que Lula anda meio doidão.


Os punguistas

atacam de novo
Ocupados com cambalhotas aritméticas que reduzam as despesas domésticas, os brasileiros nem notaram que o governo estava, de novo, enfiando a mão no bolso da nação. A tunga rendeu, no mínimo, mais de R$ 2 bilhões, preço do buraco aberto pela espantosa medida provisória que anistiou milhares de "entidades filantrópicas" enredadas em delinqüências e gatunagens. Zerada a conta, o Planalto promete que vai investigar criteriosamente caso por caso. É como esvaziar todos os presídios do país e, com a turma em liberdade, apurar quem merece cadeia. É o Brasil.