terça-feira, maio 06, 2014

PROS quer mudar ministro - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 06/04

O PROS reivindicou ao ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) a substituição de Francisco Teixeira na pasta da Integração. Reclamam que o ministro não recebe o partido nem aos parlamentares da base. E que o governador Cid Gomes não se opõe à mudança. Os líderes Givaldo Carimbão e Ataídes Oliveira esperam por uma definição de Mercadante ainda esta semana.

O tró-ló-ló da reforma tributária
A reforma tributária é música aos ouvidos dos empresários. Mas a experiência demonstra que ela é de difícil realização. Os governos Fernando Henrique (PSDB) e Lula (PT) fracassaram. As reformas multidimensionais criam, para seus idealizadores e negociadores, tantas situações diferentes para operar que geram incertezas quanto ao resultado final. Isso provoca a aversão ao risco dos governos federal e estaduais. Todos temem perder receitas. Essas dúvidas produzem uma maioria com poder de veto. Os especialistas, face a essa realidade, avaliam que o mais realista é propor reformas fatiadas. E essas não são fáceis de aprovar, como no caso da unificação do ICMs.


“Os projetos do governo querem uma alíquota unificada, como se fôssemos iguais. As políticas de incentivos existem para compensar dificuldades competitivas”
Marconi Perillo, governador de Goiás (PSDB), que liderou marcha contra mudanças no ICMs em 2013

Uma história de fragmentação
A tributação do ICMs no destino está parada no Congresso. O trabalho "Regime tributário do ICMs e a competição dos estados (2006)", de G. Baratto, mostra que eram 151 os deputados dos estados que ganhariam e 235 dos que perderiam.

Volta, Serra
Os tucanos ligados ao ex-governador José Serra passaram a defender seu nome para vice de Aécio Neves. Argumentam que ninguém melhor do que ele representa São Paulo. No DEM há simpatia por essa solução. Alegam que o partido quer a vice, mas a escolha de Serra não os deixaria melindrados. Os aecistas garantem que o tema não está na pauta.

Fim do prazo
Os tucanos estão na expectativa de fechar aliança para apoiar o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, para o governo do Ceará. Contam que seu candidato ao Senado, Tasso Jereissati, relatou que Eunício teria dito ao ex-presidente Lula que seu prazo era 4 de maio e que, depois disso, se sentia liberado para buscar outra aliança.

A resistência ao cerco
Os aliados de Aécio Neves sustentam que o vice só será escolhido após a aliança fechar. Dizem que a vaga pode ser usada para ampliar a aliança. E justificam: na base do governo Dilma uns pedem "Volta, Lula", outros podem ir para a oposição.

Operação abafa
Os petistas apostam que, depois do Encontro Nacional do PT, perderá substância o "Volta, Lula". Eles garantem que o movimento tinha apoio residual no partido e que ele vinha de fora para enfraquecer a candidatura da presidente Dilma.

Forasteiro?
O PSDB mineiro começou o bombardeio contra o candidato do PMDB ao Senado, Josué Gomes da Silva. O acusam de ser vice da Fiesp e de residir na Avenida Paulista. E afirmam que ele não tem a mineiridade do pai, o falecido José Alencar.

DESDE A REDEMOCRATIZAÇÃO, o apoio político da família Sarney e sua participação no governo só foram rejeitados numa gestão, a de Fernando Collor.

Casamento aberto - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 06/05

Junto com o anúncio do apoio formal à reeleição de Dilma Rousseff, que acontecerá até o fim de maio, o PP soltará uma resolução da Executiva Nacional liberando os diretórios estaduais a fechar alianças com quaisquer partidos. "Isso dará mais segurança aos Estados", diz o presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI). Em São Paulo, depois de conversar com todos os candidatos, o partido, sob comando de Paulo Maluf, está prestes a selar acordo com o petista Alexandre Padilha.

Híbrido Em pelo menos três Estados o PP vai estar com Aécio Neves (PSDB): Acre, Minas e Rio Grande do Sul. A seção do Amazonas também pode apoiar o tucano se o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, fechar aliança com a deputada Rebeca Garcia para o governo.

Mineiro De Aécio, numa resposta "light" às críticas de Eduardo Campos (PSB) às gestões do PSDB em Minas Gerais: "Nós temos diferenças e não devemos temê-las. Assim como não devemos temer nossas convergências. Elas são boas para o Brasil".

História Contrário à alteração do manifesto do PSB, o vice-presidente da sigla, Roberto Amaral, diz que o texto que defende a socialização dos meios de produção era considerado "conservador" e "social-democrata" quando foi editado, em 1947.

Tão longe Amaral também se opõe a Campos em análise sobre a política de comércio exterior brasileira. O vice do PSB defendeu o Mercosul em artigo publicado na semana passada. Dois dias depois, o presidenciável disse que a importância dada ao bloco deve ser "revisitada".

Ibope O postulante do PSOL à Presidência, Randolfe Rodrigues, precisa investir no corpo a corpo para se tornar conhecido no Rio. No feriado, o senador pelo Amapá tomou uma cerveja e sambou tranquilamente no Bip-Bip, tradicional bar de Copacabana, sem ser reconhecido.

Histórico 1 A Polícia Federal identificou ex-integrantes de grupos paramilitares entre os haitianos que desembarcaram no Brasil nos últimos anos. Eles declararam sua ligação com milícias armadas, que agiam em favelas do país caribenho, durante processo de concessão de documentos nacionais.

Histórico 2 Entre agentes da PF, há a preocupação de que esse pequeno grupo se envolva em atividades criminosas ou violentas caso não consiga emprego no país.

Às claras Representantes de Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública da União, Procuradoria-Geral da República e Secretaria de Justiça paulista finalizaram ontem um esboço para o plano de política migratória.

Via expressa A ideia é que a peça, a ser apresentada para o Ministério da Justiça, reduza prazos para emissão de documentos e exija comunicação entre os entes federativos e deles com a União.

Calcanhares... O PMDB repetirá hoje, em São Paulo, as inserções em que Paulo Skaf ataca a multa proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para quem aumentar o consumo de água.

... de Aquiles A partir do próximo domingo, o partido centrará fogo em outro tema para atingir os tucanos: a sensação de insegurança no Estado. Skaf também protagonizará as novas peças, dirigidas por Duda Mendonça.

Terreno hostil A Câmara dos Deputados pagou R$ 8.000 por uma aula inaugural do ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto em curso para funcionários da Casa, em fevereiro. Na ocasião, Britto defendeu a judicialização da política, tema que causa calafrios nos deputados.

tiroteio
"Ao recorrer ao Supremo para evitar a CPI da Petrobras, Renan mostra que é mais realista que o rei. Enquanto isso, a rainha está nua."
DO DEPUTADO DANILO FORTE (PMDB-CE), sobre o recurso de Renan Calheiros ao STF e os impactos da criação da CPI da Petrobras sobre o governo Dilma.

contraponto


Nunca te vi, sempre te amei


O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência, participou de uma reunião com líderes trabalhistas ontem, antes do evento aberto na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados.
No encontro, o deputado Paulinho da Força (SDD-SP) disse que escolheu o prédio para a reunião porque, durante a ditadura, Tancredo Neves, avô do tucano, havia dormido naquele local para evitar que os militares invadissem e prendessem os sindicalistas e militantes que se encontravam no local. Aécio se surpreendeu:
-Estamos juntos há tempos, hein?

A invasão dos idosos - JOSÉ PASTORE

O Estado de S.Paulo - 06/05

Com esse título instigante, o último número da revista The Economist apresentou uma interessante análise do envelhecimento da população mundial (Age invaders, 26/04/14). Li esse artigo de olho na situação do Brasil, em especial, no campo do trabalho.

Diz o bom senso que os idosos são menos produtivos. Entretanto, a referida análise trouxe surpresas animadoras. Nos países desenvolvidos, as pessoas de 60 anos e mais estão trabalhando por muito tempo. Entre os americanos, a proporção de idosos que permanecem em atividade subiu de 13% no ano 2000 para 20% nos dias atuais e entre os alemães passou de 25% para 50%. São pessoas de 65, 70 e 75 anos - e até mais - que continuam em atividade e que gostam do que fazem.

Outra constatação: os idosos bem educados têm um nível de produtividade muito alto porque as suas atividades se baseiam mais no conhecimento do que na musculatura. Em consequência, eles ganham mais, poupam bastante e dão menos despesas ao Estado. Na França, muitos idosos de 80 anos são ativos e poupam 134% mais do que as pessoas de 55 ou 60 anos.

O que eleva o prolongamento da vida profissional dos idosos é a boa educação. Nos Estados Unidos, entre os que têm curso superior, 65% continuam trabalhando; entre os que ficaram só com o ensino médio, são 32%. Na Europa, as proporções são de 25% e 50% respectivamente. São números impressionantes e de significado profundo, pois esses idosos estão longe de constituir um fardo pesado e improdutivo para a sociedade, comprovando-se que a educação faz a diferença em qualquer idade.

E o Brasil? Lamento dizer que estamos mal na foto. A proporção de homens e mulheres idosos no mercado de trabalho é irrisória e subiu muito pouco. Entre 1992 e 2012, a proporção de homens com mais de 60 anos que trabalhavam subiu de 7% para 8% e entre as mulheres ficou estável em 5,8%. São proporções muito baixas em face das encontradas nos países avançados.

No que tange aos idosos bem educados, o problema não é menor. A parcela de brasileiros que passaram por curso superior e continuaram trabalhando aumentou de 3% para 9% no período indicado. O contraste é enorme em relação aos Estados Unidos e à Europa.

O fato é que os idosos brasileiros são muito diferentes dos idosos americanos ou europeus. Em 2012, 27% dos idosos brasileiros eram analfabetos! Cerca de 40% tinham quatro anos de escola ou menos. E apenas 9% tinham curso superior completo ou incompleto. Com esse nível educacional, é impossível trabalhar na sociedade do conhecimento que exige versatilidade, bom senso, agilidade mental e domínio de tecnologias modernas.

Qual é a lição para o Brasil? Que precisamos educar seriamente os nossos jovens para que eles possam formar uma geração de idosos bem preparados, capazes de trabalhar por muitos anos, ganhando bons salários, formando suas poupanças e adiando ao máximo as despesas para os sistemas de saúde e de previdência social.

Nesse campo, o nosso desafio é gigantesco. Os jovens que estão na escola hoje e que serão os idosos de amanhã enfrentam problemas gravíssimos. Os próprios professores estão envelhecendo depressa, sem que sejam substituídos por profissionais à altura das novas necessidades educacionais. O desânimo pela carreira do magistério é inegável. Não é à toa que os nossos jovens se saem muito mal nos testes que medem sua capacidade de raciocinar, ler e escrever corretamente. Na última avaliação do Pisa, ficamos em 38.º lugar entre 44 países pesquisados.

A lição é essa. Do bom ensino de hoje nascerá a esperança de contarmos com idosos qualificados e produtivos que, por volta de 2040, somarão mais de um terço da população brasileira. Do contrário, veremos mantido o lamentável e indesejável contraste do quadro atual.

Uso de estatais - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 06/05

Há uma compreensão errada do atual governo sobre o papel e os limites da ação governamental através das estatais. Um erro que repete equívocos passados, que custaram caro ao contribuinte. Em uma empresa pública com acionistas privados, o cuidado tem que ser ainda maior. O retrato que este jornal mostrou ontem da demolição da Eletrobrás é assustador.

A reportagem de Henrique Gomes Batista e Nelson Lima Neto revelou que a partir do terremoto que se abateu sobre o setor elétrico, a MP 579, a Eletrobrás teve que fornecer energia até a R$ 9 o MWh. O presidente do Instituto para o Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico, Roberto D’Araújo, registrou um detalhe incrível: no mesmo Rio Grande, a 15 quilômetros de distância, uma hidrelétrica vende a R$ 270 o que Furnas só pode cobrar R$ 9,00.

Não há custo que não seja pago. A conta sempre chega para alguém. No caso, nós contribuintes. É por isso que o executivo prevê que “no futuro, o Tesouro Nacional terá que socorrer a empresa”. Exigir de empresas estatais que façam o impossível, fiquem com todos os custos, corram todos os riscos e distorçam a lógica da economia tem um preço. Ele será pago pelo contribuinte porque o governo usará o nosso dinheiro ou se endividará em nosso nome para cobrir os rombos que inevitavelmente aparecerão.

Para tornar possível a execução de empreendimentos sobre os quais havia dúvidas, o governo convocou as estatais, em vez de aprofundar estudos, calcular adequadamente, para esgotar todas as dúvidas. Fez isso com as hidrelétricas do Rio Madeira e depois com Belo Monte. Fez o mesmo com a Refinaria Abreu e Lima, no caso da Petrobras. Há dimensões diferentes de prejuízos, mas a ideia é sempre a mesma. No caso da refinaria, o então presidente Lula forçou o início do projeto para fortalecer as relações com a Venezuela de Hugo Chávez. O Brasil ficou sozinho no empreendimento, e a obra deu saltos ornamentais no custo.

A Eletrobrás tinha valor de R$ 40 bilhões e agora vale R$ 9 bilhões, menos que empresas menores, como Cemig, CPFL e Tractebel. Esse valor pode ser recuperado, mas para se estabilizar num outro patamar, mais alto, será preciso sanear a empresa, mudar o modelo de gestão e dar ao investidor um horizonte de rentabilidade.

Empresas estatais com acionistas privados não podem ter privilégios nem custos indevidos. No primeiro caso se está privatizando uma vantagem, já que os minoritários também receberão. No segundo caso, eles estão pagando o preço por serem sócios da empresa pública. Elas são entidades do mercado, porque atuam, formam preços, contratam, encomendam, fornecem. Mas não podem ter apenas uma lógica privada, dado que são públicas. Porém, não são braços do governo para executar políticas públicas a qualquer preço, porque têm acionistas minoritários.

Quando são grandes demais no mercado — como é a Petrobras, um monopólio que jamais se desfez — ou quando atuam com concorrentes privados, a ação das estatais deve estar sob boa regulação e sob a exigência de transparência e prestação de contas.

Os governos Lula e Dilma jamais entenderam esses limites e ambivalência. Jamais entenderam o caráter “público” das estatais. Elas não podem ficar sob o ditame de um governo, ou de um partido do governo, porque pertencem aos seus acionistas e aos contribuintes. Não são guiadas apenas pelo lucro, mas têm que seguir mecanismos de controle e proteção do patrimônio público.

Ao não entender a natureza das empresas estatais, o atual governo está destruindo riqueza pública, colocando as companhias em risco. O retrato traçado pelo jornal na reportagem publicada ontem é preocupante em vários pontos, como o de que a Eletrobrás está atrasando pagamento de fornecedores e que está tendo muitas perdas no seu quadro de funcionários.

Diante das críticas, o governo diz que a oposição quer privatizar as empresas. É um truque surrado, principalmente em relação à Petrobras. O que se quer é resguardar as empresas do uso político, das nomeações partidárias, dos negócios desastrosos, da imposição de decisões que causam prejuízo do ponto de vista gerencial. O que o país quer é que as empresas sejam de fato públicas.

Reafirmar o federalismo - ANTÔNIO DELFIM NETTO

VALOR ECONÔMICO - 06/05

Debate sobre efeitos dos incentivos deve ser mais técnico


A história do Brasil revela sua tendência federalista cada vez que o poder central retira liberdade fiscal de Estados ou municípios. A primeira manifestação foi a enorme oposição à Constituição outorgada em 1824 pelo Imperador Pedro I, que praticamente eliminou a autonomia fiscal das Províncias, o que aumentou a confusão do seu governo e terminou na sua abdicação em 1831. O Ato Adicional de 1834 devolveu poder às províncias e aos municípios, mas não poupou a regência de várias rebeliões, sempre com algumas reivindicações tributárias. Não faltou como motivo à mais importante, a revolução Farroupilha (1835-1845), a ignorância pelo poder central das aspirações federalistas do Brasil. Seguramente, um dos motivos que facilitaram a queda do Império, foi a insensibilidade de Pedro II às permanentes reivindicações fiscais das províncias.

Depois de 20 anos de tentativas de centralização, a Constituição de 1988 reafirmou a clara preferência da sociedade brasileira pelo federalismo. Ela é condizente com o quadro de extrema concentração geográfica da economia brasileira onde cinco Estados detêm quase 2/3 do PIB. O problema é que avançamos muito pouco nas políticas de redução das diferenças regionais.

É nesse contexto em que se insere a atual discussão sobre a guerra fiscal e o fim das isenções de ICMS dos Estados. Num ambiente em que as ações para fomentar o desenvolvimento regional por parte do governo federal são limitadas (parte delas deriva da distribuição dos fundos de participação, afetados sempre que o governo federal opta por alguma "bondade"), ainda que isso deva ser minorado a partir de 2016, obrigar os Estados a praticar alíquotas isonômicas de ICMS ou mesmo manter a importante obrigatoriedade de aprovação unânime dos incentivos em âmbito do Confaz vai tornar-se, politicamente, cada vez mais difícil.

A defesa da isonomia usualmente começa pelo argumento de que a guerra fiscal é predatória. Em parte, isso é verdade, mas não significa que, necessariamente, as isenções de ICMS devam ser eliminadas instantaneamente em sua totalidade: é preciso regulamentá-las, instituindo limites e prazos. Essencial, também, é reconhecer a importância do incentivo como instrumento para o desenvolvimento regional, integrando-o a programas detalhados para esse fim, que inclusive disponham de métodos claros para a avaliação do desempenho. É fundamental, portanto, diferenciar as ações predatórias, das ações legítimas na defesa do desenvolvimento regional.

Um projeto de lei apresentado no Senado sugere um ponto essencial a ser considerado nesta discussão: a preservação das regras existentes para os benefícios já concedidos. Num momento em que a desconfiança dos agentes privados com relação ao governo é imensa, uma sinalização de manutenção das regras do jogo tem um valor importante. Imagine-se, por exemplo, a situação de uma empresa que, pelos incentivos fiscais, foi seduzida a instalar-se no interior de um Estado do nordeste, gerando empregos e renda nesta localidade. Ao retirar-se o incentivo, ela incorrerá em prejuízo tanto caso decida permanecer nesta localidade quanto caso opte transferir-se para outra. Mesmo que a perda seja algo que o governo julgue insuficiente para impedir a alteração das regras, é preciso lembrar que a economia é um jogo dinâmico: será que o empresário se disporá a investir novamente? E, mais, antevendo a possibilidade deste tipo de comportamento no futuro, quem investirá hoje em resposta a qualquer iniciativa?

Há também quem argumente que o fim dos incentivos ao ICMS elevará a arrecadação de todos os Estados. Em primeiro lugar, isso não é tão claro: há Estados que se tornarão perdedores (provavelmente, os menores), mesmo que apenas num segundo momento, caso as empresas decidam deixar seu território.

Antes de mais nada, é necessária uma análise conduzida de forma imparcial e completa. Um exemplo foi dado por um estudo do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) sobre renúncia tributária no Brasil. Ele mostra que falta uma metodologia única a ser seguida para estimar a renúncia fiscal por todos os Estados e municípios, o que facilitaria em muito a elaboração de avaliações sobre a sua efetividade enquanto instrumento de indução do desenvolvimento regional. Há evidências de que a simples homogeneização das alíquotas de ICMS pode estar longe de caracterizar uma solução para todas as mazelas tributárias brasileiras. Precisamos de uma discussão muito mais ampla sobre a simplificação do sistema tributário como um todo. Notemos, aliás, que esta simplificação seria apenas uma das muitas facetas a serem abordadas numa batalha pelo aumento da produtividade que é, de fato, o que o Brasil precisa.

Em suma, é importante que a sociedade reafirme os seus valores numa sociedade mais igualitária, tanto social quanto regionalmente, como expresso na Constituição de 1988. Isso implica que um debate mais técnico e menos político sobre os efeitos econômicos e sociais dos incentivos regionais deve estar na ordem do dia, aproveitando o ensejo do projeto de lei complementar já apresentado ao Congresso.

O 'pessimismo' vem de longe - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 06/05

Pesquisas mostram que desânimo vinha forte desde 2012, bem antes do junho de 2013 


O OTIMISMO DOS brasileiros está em baixa desde a segunda metade de 2012, muito antes de o "pessimismo" ter se tornado tema de conversa política, em particular depois do junho de 2013 dos protestos.

O início do declínio do ânimo parece inegável em algum momento do segundo semestre de 2012, mais ou menos cedo, a depender da pesquisa, tais como as de confiança do consumidor, do empresário, de diferentes fontes, ou das expectativas econômicas do eleitorado coletadas pelo Datafolha.

O assunto tornou-se politicamente sensível, para não dizer explosivo, obviamente depois de junho de 2013, quando o desânimo registrado nas pesquisas "econômicas" de súbito apareceu nas avaliações e nas votações do governo de Dilma Rousseff. Note-se, porém, que as pesquisas "políticas" registravam arranhões visíveis no prestígio da presidente desde um trimestre antes da torrente de protestos.

Pesquisas "econômicas" e "políticas" vão entre aspas porque, apesar de objetivos e métodos dos levantamentos serem diferentes, parece muito difícil desentranhar o que é "político" e "econômico" nas respostas dos entrevistados.

Desde metade do ano passado, o governo, governistas e mesmo observadores independentes atribuem a uma "campanha pessimista" os números recordes de insegurança econômica e de expectativas econômicas negativas.

Dilma Rousseff tratou disso em sua mensagem para o Dia do Trabalho, embora o tema seja recorrente no governismo, a crítica daqueles que seriam adeptos do "quanto pior, melhor". Antes, no discurso de final de ano de 2013, a presidente dissera que "o país" (seu governo, enfim), era vítima de "guerra psicológica adversa" de "alguns setores", que "instilam desconfiança, especialmente desconfiança injustificada".

Mas o "pessimismo", insatisfação, mal-estar ou seja lá o nome que se dê não foi um raio no céu azul, ressalte-se. O desânimo nas pesquisas "econômicas" era claro e contínuo desde meados de 2012.

Ainda parece difícil de identificar a causa do desânimo. Ainda hoje, o negativismo quase geral é de fato um tanto desconcertante. Afinal, como já se escreveu tantas vezes nestas colunas, a situação econômica e social é a melhor em décadas, pelo menos quase quatro delas. A economia, de resto, vinha apenas "desmelhorando"; ainda havia e já melhoras sociais.

No entanto, viu-se nas ruas de junho de 2013 que os brasileiros não estavam tratando de economia, mas de um não-sei-quê que envolve qualidade de vida, descrédito na política representativa, ojeriza a políticos e partidos.

Pode ser que junho de 2013 tenha traduzido de modo exagerado, politicamente energético, o mau humor também econômico que vinha desde 2012.

Em meados daquele ano, já se vivia um ano e meio de crescimento baixo, quase três anos de inflação desconfortável. Começavam a se disseminar de modo mais "pop" as críticas à política econômica. Depois de um primeiro ano relativamente "ortodoxo", Dilma virava a biruta. Porém, para a massa das pessoas, discussões econômicas teóricas não fazem o menor sentido.

Seja lá o que tenha acontecido, não começou no ano passado; não foi detonado por uma "campanha pessimista". Os brasileiros passaram a querer algo mais da vida.

Piketty, Summers e a nova matriz - ILAN GOLDFAJN

O GLOBO - 06/05

Não vejo como inexorável um crescimento baixo nem a concentração crescente de renda e riqueza


Lembro-me bem do dia em que anunciaram sua contratação no departamento. Tratava-se de um economista francês. Fiquei impressionado como ele era jovem: eu ainda cursava doutorado no MIT. Com 22 anos ele seria professor de um dos mais respeitados departamentos de economia do mundo. Não falava muito bem inglês, mas dominava como poucos a teoria e o economês. Acabou voltando para a França três anos depois. Passados 20 anos, o livro de Thomas Piketty — “O capital no século XXI” —, traduzido do francês, é a sensação do momento. Chegou a ser o mais vendido na Amazon, incluindo livros de ficção.

O interesse pelos problemas da economia mundial, incluindo a desigual distribuição de renda e riqueza no mundo, está no auge. A falta de crescimento assusta tanto no exterior quanto no Brasil. Assusta porque interrompe o sonho do progresso e da melhoria de vida. O risco é o de se adotarem políticas que, em vez de aliviarem os problemas, os tornem mais agudos. No Brasil, a adoção do que se denominou a “nova matriz” de política econômica possivelmente magnificou os problemas estruturais.

Nos últimos tempos, têm surgido teorias muito interessantes sobre a economia mundial. Vários preveem o pior. A teoria do ex-secretário do Tesouro americano Larry Summers vislumbra uma estagnação secular; a de Piketty projeta uma possível concentração crescente de renda e riqueza com consequências nefastas para o capitalismo moderno.

O livro de Piketty revela que o 1% mais rico nos EUA detinha quase 50% da renda da economia em 2010, de menos de 35% entre 1940 e 1980, voltando a níveis do começo do século passado. E que boa parte da concentração advém da diferença salarial dos altos cargos de executivos e do resto dos trabalhadores. Outra revelação mostra que a riqueza (acúmulo de ativos financeiros, imóveis etc.) correspondia na Europa a quase sete anos de renda nacional no fim do século XIX, caiu para entre dois e três anos entre 1914 e 1945, pela destruição das guerras, e voltou a subir para quatro a seis anos recentemente. Alega que a riqueza de hoje se deve, em boa parte, às riquezas passadas seja pelas heranças (na França as heranças representam 15% do PIB, de “apenas” 5% do PIB em 1950) ou pelo fato de o retorno ao capital exceder a taxa de crescimento da economia (quando a economia cresce, indivíduos sem herança ou capital podem acumular renda e gerar uma distribuição mais equitativa).

Piketty prevê que haja forças naturais na economia para mais concentração de riqueza na mão de poucos. Argumenta que a taxa de retorno do capital deve se manter alta e que a perspectiva de pouco crescimento no mundo torna o futuro ainda mais preocupante.

O crescimento nos últimos anos de fato não é animador. O crescimento do PIB mundial, que já chegou a atingir 4,6% entre 2004 e 2008, recuou para 2,9% nos últimos quatro anos. E a perspectiva é de uma recuperação apenas moderada, para 3,3% nos próximos anos. Mas há dúvidas mesmo quanto a essa recuperação moderada.

Larry Summers teme que a recente desaceleração seja um fenômeno mais estrutural, não apenas conjuntural, e que a economia mundial esteja entrando num período longo de baixo crescimento — uma estagnação secular.

Argumenta que, mesmo com juros baixos, a economia mundial não consegue se recuperar de forma vigorosa. Há ainda muitas pessoas desocupadas. O problema pode ser que a economia mundial esteja precisando de juros reais ainda mais baixos para poder crescer. Mas o piso de zero para os juros nominais torna essa tarefa mais difícil, requerendo políticas monetárias não convencionais de eficácia limitada.

A razão pela qual a economia mundial precisa de juros baixos é o excesso de poupança, o fenômeno de saving glut. Há uma busca por ativos e projetos que comprime a taxa de juros no mundo.

É interessante que a teoria da estagnação secular se baseie no excesso de poupança que comprime o retorno do capital, enquanto a de Piketty teme o oposto: que a taxa de retorno não seja comprimida à medida que o capital seja acumulado. Parece que pelo menos de um dos males não padeceremos.

Não vejo como inexorável um crescimento baixo nem a concentração crescente de renda e riqueza. Sou daqueles que acreditam que a distribuição de conhecimento no mundo (por exemplo: a China, adotando tecnologias ocidentais) e o crescimento da produtividade podem nos afastar novamente das previsões mais sombrias. O risco é adotar políticas que exacerbam os problemas. A implementação de políticas expansionistas não convencionais por um longo período de tempo, para lidar com a estagnação secular, pode gerar risco de bolhas. Assim como a adoção de impostos muito altos ao capital, para atingir melhor distribuição, pode desestimular o investimento e afetar o crescimento. É preciso cautela ao se desenhar a “nova matriz” de políticas no mundo.

Expectativas e rigidez inflacionaria - JOSÉ MÁRCIO CAMARGO

O Estado de S.Paulo - 06/05

Apesar de a taxa de juros básica da economia (Selic) ter sido aumentada em 3,75 pontos de porcentagem, para 11% ao ano, a taxa de inflação do Brasil pouco se moveu e as expectativas para a inflação para os próximos anos continuaram a aumentar. Com isto, já começam a aparecer análises sugerindo que a política monetária tem pouco ou nenhum efeito no País, seja porque a política fiscal é expansionista, seja porque as práticas passadas de indexação aumentam a rigidez inflacionária e tornam a taxa de inflação menos sensível a aumentos da taxa de juros. E, como a política monetária é ineficiente no combate à inflação, o Banco Central deveria encerrar o ciclo de aumentos da Selic.

Uma política fiscal menos expansionista seria de grande importância para ajudar no combate à inflação. Sem dúvida, uma das razões pela qual a taxa de inflação ainda não mostrou sinais de arrefecimento é a política fiscal expansionista. Mas isto apenas significa que, dada a política fiscal, a taxa de juros está ainda muito baixa, apesar dos aumentos já realizados.

Porém, três outros fatores estão gerando uma maior rigidez das expectativas para a inflação no atual ciclo de política monetária, se comparado a ciclos anteriores. Primeiro, porque declarações de membros da diretoria do Banco Central sugerem que a autoridade monetária está convencida de que a inflação já está em desaceleração e isto somente não aparece nos índices porque o País tem sido submetido a choques de oferta sistemáticos (alimentos, por exemplo) e fora do controle da política monetária. Assim que estes choques de oferta saírem do horizonte, os índices de inflação vão convergir para a meta. A mensagem subjacente é que o Banco Central está sempre próximo a parar o aperto monetário e somente não o faz porque os choques de oferta não permitem.

Entretanto, como os núcleos da inflação também estão pressionados, seis de nove grupos de produtos do índice de inflação estão acima do teto do intervalo de metas, os preços dos serviços estão correndo na casa dos 9% ao ano, o Relatório Trimestral de Inflação do primeiro trimestre de 2014 estimou em 38% a probabilidade de a inflação estourar o teto do intervalo de metas em 2014, além de outros fatores, o sentimento na sociedade é de que a inflação no Brasil é um fenômeno generalizado, decorrente de desequilíbrios entre oferta e procura e não de choques de oferta.

Na verdade, o sentimento é de que a inflação somente está abaixo do teto do intervalo de metas porque o governo promoveu um "choque de oferta negativo", controlando preços administrados (combustíveis, energia elétrica, transportes urbanos), o que tirou cerca de 2,0 pontos de porcentagem da taxa de inflação no ano. Dada esta discrepância entre as avaliações da sociedade e do Banco Central, as expectativas para a inflação futura nunca convergem para o centro do intervalo de metas, permanecendo teimosamente próximas ao teto do intervalo. O resultado é mais rigidez da taxa de inflação.

O segundo fator é o controle de preços administrados que, em algum momento, terá de ser revertido e irá fatalmente gerar aceleração inflacionária no futuro. A rigidez das expectativas está, em parte, antecipando esta aceleração. Finalmente, as declarações da equipe econômica têm sido de pouca ajuda. A especulação de que o governo estaria estudando retirar os preços dos alimentos do cálculo da inflação certamente não ajudou. Porém, a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega (2/4/2014), de que "mesmo que haja inflação, o importante é que o poder aquisitivo da população esteja crescendo mais do que essa inflação, que ocorre normalmente todo ano", sugere que qualquer nível de inflação é aceitável, desde que os salários nominais cresçam mais do que os preços. Interpretada ao pé da letra, a declaração é um convite a uma espiral entre salários e preços e, portanto, forte tendência à aceleração inflacionária no futuro. Diante desse cenário, aumentam as expectativas quanto à inflação futura e maior a taxa de juros real necessária para se conseguir obter o mesmo resultado sobre a inflação presente.

Adeus, PT - MARCO ANTONIO VILLA

O GLOBO - 06/05

Tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo


A cinco meses da eleição presidencial é evidente o sentimento de enfado, cansaço, de esgotamento com a forma de governar do Partido dos Trabalhadores. É como se um ciclo estivesse se completando. E terminando melancolicamente.

A construção do amplo arco de alianças que sustenta politicamente o governo Dilma foi, quase todo ele, organizado por Lula no início de 2006, quando conseguiu sobreviver à crise do mensalão e à CPMI dos Correios. Naquele momento buscou apoio do PMDB — tendo em José Sarney o principal aliado — e de partidos mais à direita. Estabeleceu um condomínio no poder tendo a chave do cofre. E foi pródigo na distribuição de prebendas. Fez do Tesouro uma espécie de caixa 1 do PT. Tudo foi feito — e tudo mesmo — para garantir a sua reeleição. Parodiando um antigo ministro da ditadura, jogou às favas todo e qualquer escrúpulo. No jogo do vale-tudo não teve nenhuma condescendência com o interesse público.

A petização do Estado teve início no primeiro mandato, mas foi a partir de 2007 que se transformou no objetivo central do partido. Ter uma estrutura permanente de milhares de funcionários petistas foi uma jogada de mestre. Para isso foram necessários os concursos — que garantem a estabilidade no emprego — e a ampliação do aparelho estatal. Em todos os ministérios, sem exceção, aumentou o número de funcionários. E os admitidos — quase todos eles — eram identificados com o petismo.

Desta forma — e é uma originalidade do petismo —, a tomada do poder (o assalto ao céu, como diria Karl Marx) prescindiu de um processo revolucionário, que seria fadado ao fracasso, como aquele do final da década de 60, início da década de 70 do século XX. E, mais importante, descolou do processo eleitoral, da vontade popular. Ou seja, independentemente de quem vença a eleição, são eles, os petistas, que moverão as engrenagens do governo. E o farão, óbvio, de acordo com os interesses partidários.

Se no interior do Estado está tudo dominado, a tarefa concomitante foi a de estabelecer um amplo e fiel arco de dependência dos chamados movimentos sociais, ONGs e sindicatos aos interesses petistas. Abrindo os cofres públicos com generosidade — e que generosidade! — foi estabelecido um segundo escudo, fora do Estado, mas dependente dele. E que, no limite, não sobrevive, especialmente suas lideranças, longe dos recursos transferidos do Erário, sem qualquer controle externo.

O terceiro escudo foi formado na imprensa, na internet, entre artistas e vozes de aluguel, sempre prontas a servir a quem paga mais. Fazem muito barulho, mas não vivem sem as benesses estatais. Mas ao longo do consulado petista ganharam muito dinheiro — e sem fazer esforço. Basta recordar os generosos patrocínios dos bancos e empresas estatais ou até diretamente dos ministérios. Nunca foi tão lucrativo apoiar um governo. Tem até atriz mais conhecida como garota-propaganda de banco público do que pelo seu trabalho artístico.

Mas tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo. O cenário não tem nenhum paralelo com 2006 ou 2010. O desenho da eleição tende à polarização. E isto, infelizmente, poderá levar à ocorrência de choques e até de atos de violência. O Tribunal Superior Eleitoral deverá ser muito acionado pelos partidos. E aí mora mais um problema: quem vai presidir as eleições é o ministro Dias Toffoli – como é sabido, de origem petista, foi advogado do partido e assessor do sentenciado José Dirceu.

Se a oposição conseguir enfrentar e vencer todas estas barreiras, não vai ter tarefa fácil quando assumir o governo e encontrar uma máquina estatal sob controle do partido derrotado nas urnas. As dezenas de milhares de militantes vão — se necessário — criar todo tipo de dificuldades para a implementação do programa escolhido por milhões de brasileiros. Aí — e como o Brasil é um país dos paradoxos — será indispensável ao novo governo a utilização dos DAS (cargos em comissão). Sem eles, não conseguirá governar e frustrará os eleitores.

Teremos então uma transição diferente daquela que levou ao fim da Primeira República, em 1930; à queda de Vargas, em 1945; ou, ainda, da que conduziu ao regime militar, em 1964. Desta vez a mudança se dará pelo voto, o que não é pouco em um país com tradição autoritária. O passado petista — que imagina ser eterno presente — terá de ser enfrentado democraticamente, mas com firmeza, para que seja respeitada a vontade das urnas.

É bom não duvidar do centralismo democrático petista. Não deve ser esquecido que o petismo é o leninismo tropical. Pode aceitar sair do governo, mas dificilmente sairá do aparelho de Estado. Se a ordem de sabotar o eleito em outubro for emitida, os militantes-funcionários vão segui-la cegamente. Claro que devidamente mascarados com slogans ao estilo de “nenhum passo atrás”, de “manter as conquistas”, de impedir o “retorno ao neoliberalismo”. E com uma onda de greves.

A derrota na eleição presidencial não só vai implodir o bloco político criado no início de 2006, como poderá também levar a um racha no PT. Afinal, o papel de Lula como guia genial sempre esteve ligado às vitórias eleitorais e ao controle do aparelho de Estado. Não tendo nem um, nem outro, sua liderança vai ser questionada. As imposições de “postes”, sempre aceitas obedientemente, serão criticadas. Muitos dos preteridos irão se manifestar, assim como serão recordadas as desastrosas alianças regionais impostas contra a vontade das lideranças locais. E o adeus ao PT também poderá ser o adeus a Lula.

Dilma paga o pato - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 06/05

O PT procura espetar na conta exclusiva da presidente Dilma Rousseff um débito que é coletivo. O que há de errado agora foi celebrado pelo partido (e por que não dizer, por boa parte dos aliados e dos setores beneficiados) como acerto, seja na política econômica à época em que ela qualificou como "rudimentar" uma proposta de ajuste de rumos do então ministro Antonio Palocci, seja no enfrentamento da base parlamentar baseada na fantasia da "faxina" ou na lenda da gestora mais espetacular da face da terra.

Enquanto tudo ia bem todos achavam que estava tudo certo. As deficiências de Dilma eram evidentes desde a época em que chefiava a Casa Civil. Basta lembrar suas maneiras desajeitadas na tentativa de enfrentar os episódios do dossiê com as despesas de Ruth Cardoso quando Fernando Henrique ocupava a Presidência e as denúncias envolvendo Erenice Guerra, seu braço direito no ministério.

Deficiências estas que ficaram inscritas em letras maiúsculas nos registros da história dos primeiros momentos da campanha eleitoral de 2010, antes de o patrono e presidente Luiz Inácio da Silva entrar em campo e falar pela candidata praticamente o tempo todo. Ela era um desacerto só, inclusive nos debates. A despeito disso, foi vista e recebida com extrema boa vontade.

A Dilma Rousseff presidente não enganou ninguém. Não mudou. Diferentemente das circunstâncias. Quando as coisas começaram a dar errado - e para infortúnio do governo e do PT, começaram todas de uma vez - aí é que os companheiros de partido, os empresários, os aliados, boa parte do eleitorado e até seu criador acharam por bem notar seus defeitos, reclamar e atribuir a eles todos os males.

Mas, nos concentremos no PT que é quem mais se queixa e quem menos moral tem para se queixar. O partido é Lula, ninguém tem dúvida, pois não? Dilma é uma invenção de Lula e, portanto, do partido, que a aprovou, festejou e apoiou enquanto ela representava a certeza de que os empregos e o domínio da máquina pública estariam garantidos.

No momento em que sua figura passou a representar a incerteza, Dilma foi posta na condição de devedora do trem pagador. Como se seus índices de insatisfações fossem resultado do desempenho da pessoa física. Não são: dizem respeito à pessoa jurídica PT S/A, que assumiu o poder com o propósito explícito (dito à época com orgulho por seus dirigentes) de construir uma hegemonia política, social e cultural no Brasil.

Ocupar todos os espaços, o que significa reduzir (para não dizer dizimar) as outras forças a papéis meramente minoritários. Em português claro, quer dizer a intenção de desconsiderar o fator alternância de poder. Para isso, o partido não poderia criar atritos nem enfrentar conflitos, ainda que resultassem em avanços para o País.

Desde o início, o governo do PT escolheu o caminho que lhe pareceu o mais fácil. Não conseguiu maioria no Parlamento? Atraia-se com dinheiro a maioria. Seria difícil prosseguir com as reformas tributária, trabalhista, sindical, política, previdenciária? Abandonem-se as reformas. É complicado imprimir um padrão mais decente de relações entre Executivo e Legislativo? Revoguem-se as disposições em contrário e locupletem-se todos. As forças do atraso criarão dificuldades? Abram-se alas e recuperem-se seus espaços dando a elas lugares de honra, merecedores de todo apreço e proteção.

Isso não começou no governo Dilma. O esgotamento que se vê hoje é consequência de todos os abusos cometidos em nome da acomodação de interesses com vista à execução de um projeto partidário.

Quando Lula defendeu que o deputado André Vargas se jogasse ao mar para que o PT não pagasse "o pato", tentou transferir a responsabilidade de uma conta que foi por ele avalizada, pelo partido foi chancelada e cuja fatura mais dia, menos dia ao País seria apresentada.

Revisitando Robin Hood - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 06/05
BRASÍLIA - Em campanhas e em construção de imagem, não se trabalha com o concreto e sim com o abstrato, o imaginário coletivo.
Vem daí, para não ficar tão perto nem ir tão longe, a ficção do "caçador de marajás" que elegeu Collor herói nacional e presidente.

Aécio Neves e Eduardo Campos fazem campanha em cima de dados reais, surfando nos erros e nas quedas em pesquisas da própria Dilma e do próprio PT. Mas não têm marca.

Enquanto isso, o pronunciamento de Dilma (ou de João Santana?) deixa cristalinamente claro como eles armam o seu jogo: uma disputa entre o "bem" e o "mal".

O "bem", encarnado por Dilma, faz promessas, distribui bondades, cuida da classe C, privilegia os desfavorecidos. Sua pauta é "o povo já", danem-se o baixo crescimento, a inflação alta, esse tal de ajuste fiscal. Quem dá bola para essas chatices? Só a "elite" e a mídia.

O "mal", que a propaganda define e os companheiros disseminam, está em Aécio e em Campos, desdobrando-se para agradar o capital estrangeiro, os grandes bancos, as corporações, o agronegócio --que "só pensam em sugar as riquezas nacionais, com o povo na miséria".

Esses capitalistas "ingratos", como diria Lula, viraram do "bem" na sua era --e nunca lucraram tanto. Mas voltam a ser do "mal" se ousarem ficar contra Dilma.

Toda a torcida canarinho sabe que 2015 será de "ajustes impopulares" e de um choque de industrialização, nos dois casos para corrigir os erros de Dilma e levar o país a crescer --não para agradar o capital e sim para beneficiar os brasileiros.

A presidente, porém, "faz o diabo" para empurrar Aécio e Campos para uma encruzilhada: ou entram na onda populista para serem do "bem", ou assumem compromissos responsáveis e viram do "mal", demonizados pelo "sincericídio".

No fim, ganha quem vestir melhor a fantasia robinhoodiana de dar aos pobres. Mas sem tirar dos ricos...

PT conspira contra Dilma - JOSÉ CASADO

O GLOBO - 06/04

Inédito: a cinco meses da eleição, um partido vacila em carregar a sua candidata, que lidera as pesquisas. Se ela perder, Lula deve voltar no seu melhor papel, o de líder da oposição


Atônito, o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, viu alguém sair da plateia e depositar um rolo de papel higiênico à sua frente. Foi xingado das mais variadas formas, na noite de segunda-feira (28/4) da semana passada, apenas porque representava o governo em um debate com jovens ativistas cariocas.

Ele deixou a sede do Sindicato dos Bancários, antigo bunker do Partido dos Trabalhadores no Rio, sob vaias e depois de uma frustrada tentativa de diálogo. Sentiu na pele o “problema de imagem” que tem atormentado a cúpula petista, incluído o ex-presidente Lula.

Carvalho não sabia, mas àquela altura vivia-se um desconforto no Palácio do Planalto, a 1.500 quilômetros de distância. Tudo porque o líder de um partido aliado, o PR, posou para fotografias trocando o retrato da presidente Dilma Rousseff pelo de Lula, com faixa presidencial, na parede do seu gabinete no Congresso.

Quatro dias depois, na sexta-feira (2/5), Dilma foi a São Paulo para o cerimonial de sagração de sua candidatura à reeleição. Em reunião com 800 delegados do PT foi recebida com manifestações de “Volta Lula”.

No dia seguinte, sábado (3/5), viajou a Uberaba (MG) e enfrentou coro similar entoado por uma plateia diferente, a dos empresários da agroindústria.

A novidade na praça é o visível isolamento da presidente em plena campanha de reeleição. E o mais insólito é o fato de que a desconstrução da candidata do PT começou no próprio partido — dentro da ala majoritária petista que emerge dessa empreitada unida ao conservadorismo religioso e ao empresariado devoto do capitalismo de laços com os cofres públicos.

O Partido dos Trabalhadores organizou a máquina eleitoral mais eficiente do país. Já ganhou três das seis eleições presidenciais diretas realizadas desde a ditadura e está no poder há 12 anos. No entanto, se mostra vacilante em carregar a sua candidata, a gerente da herança da era Lula, que transita pelas pesquisas com média de preferência eleitoral muito superior à que possuía a cinco meses da eleição de 2010. Isso é absolutamente incomum.

“Não vai ser moleza”, disse Lula na sexta-feira ao anunciar Dilma como alternativa eleitoral do PT neste ano. Ele sabe, como poucos, que não há dia fácil numa disputa presidencial — foi candidato durante 17 anos seguidos, de 1989 a 2006. Por isso mesmo, é notável a complacência com que, nos últimos dez meses, assistiu à passagem da procissão de petistas e aliados em conspirações para golpear a candidatura presidencial à reeleição.

Se vencer, Dilma estará na inédita posição de ter sido reeleita apesar de boa parte do PT e dos aliados. Como toda vitória ajuda a curar feridas de campanha, talvez atravesse o segundo mandato empenhada em reconstruir a própria base no PT e adjacências — a alternativa será arrastar correntes no palácio até o último dia de 2018.

Se perder, Dilma vai para uma posição singular na história recente: a de presidente-candidata abatida pelo próprio partido e aliados em pleno voo, mesmo tendo liderado as pesquisas durante a maior parte da campanha.

Então, Lula deverá voltar no seu melhor papel de sempre, o de líder da oposição.

Imagina depois da Copa! - PAULO G.M. DE MOURA

O Estado de S.Paulo - 06/05

No marketing político, as pesquisas qualitativas são importantes ferramentas para auxiliar os estrategistas no posicionamento, na administração da imagem pública e na calibragem do discurso das candidaturas. Informações veiculadas pela Folha de S.Paulo recentemente dão conta de que a presidente-candidata Dilma Rousseff teria mudado seu discurso sobre a Copa de 2014 após ver pesquisas de avaliação do impacto das jornadas de junho de 2013 na opinião pública. Segundo essas sondagens, a população vê com ceticismo o legado da Copa e como "maquiagem" as obras para garantir o sucesso do mundial.

Em razão disso, a presidente-candidata passou a minimizar a retórica do legado da Copa associado às obras de infraestrutura, passando a focar seu discurso no orgulho ufanista dos brasileiros, eufóricos em ver o "país do futebol" sediar o principal evento global contemporâneo. O bordão desse novo discurso de Dilma seria "a Copa das Copas", sugerido pelo consagrado publicitário Nizan Guanaes, que foi o estrategista das campanhas vitoriosas de FHC em 1994 e 1998.

Por trás da percepção de "maquiagem" relacionada às obras da Copa residiria o sentimento da sociedade de que, passado o evento, tudo voltará a ser como antes e de que subjacente ao propalado legado da Copa estaria o velho "jeitinho brasileiro", agora percebido como algo negativo. Apesar do ufanismo de parte da população, a Copa de 2014 estaria sendo contaminada pelo temor da falta de segurança pública e pela herança de um amontoado de obras inacabadas.

Por fim, a associação do governo com a Fifa seria foco "das mais cáusticas críticas", razão pela qual o governo passou a se apresentar à opinião pública como fiscal das obras, e não como construtor dos estádios - elogiados pela qualidade, mas criticados pelo contraste com os péssimos serviços públicos de transporte, saúde, educação e segurança.

Neste momento em que as pesquisas quantitativas publicadas projetam o favoritismo da presidente-candidata, as conclusões dessa sondagem qualitativa do governo suscitam reflexões.

Em primeiro lugar, chama a atenção a percepção revelada pela pesquisa de que o "jeitinho brasileiro", que antes era visto como atributo de criatividade, agora é associado à conotação de "esperteza" e "maquiagem". Em segundo lugar, impressiona a consciência dessa parcela da sociedade, que já percebeu que os verdadeiros legados da Copa serão os estádios vazios e mal acabados, obras urbanas inacabadas, corrupção e desperdício de dinheiro público. Foi essa camada da população que forçou a presidente-candidata a reposicionar seu discurso para o foco no bordão "a Copa das Copas".

E o que sugere o slogan "a Copa das Copas"? No mínimo, que "nunca antes na história" deste planeta haveria uma Copa tão grandiosa como a Copa de 2014. Certo, Monsieur Jérôme Valcke? Mas o que seria a melhor Copa do Mundo de todos os tempos? Aquela em que o Brasil terá um desempenho arrasador, infinitamente superior ao dos adversários, vencendo todas as partidas de goleada e sagrando-se hexacampeão? É isso, Nizan Guanaes? Será, João Santana?

Se não, então "a Copa das Copas" seria aquela em que o Brasil daria um show de cobertura de TV, superando espetacularmente a qualidade midiática das Copas anteriores? Nossa televisão, notadamente na cobertura do futebol, já é uma das melhores do mundo. Estamos bem nesse quesito, mas certamente não será por isso que a Copa de 2014 seria "a Copa das Copas". Certo, Galvão Bueno?

O que seria "a Copa das Copas" para o povo brasileiro? Levando em conta as expectativas forjadas e alimentadas pelo ex-presidente Lula quando se envolveu de forma direta - e inédita para um presidente da República - com a atração da Copa de 2014 para o Brasil, intui-se que a sociedade brasileira foi levada a crer que, após o crescimento de 7,5% do PIB em 2010 e a eleição da presidente Dilma, o ano que se inicia seria o da entrada triunfal do Brasil no G8+1. Com direito a trem-bala, assento no Conselho de Segurança da ONU e, é claro, a reeleição de Dilma para um quarto mandato consecutivo do PT na Presidência da República.

Teríamos, assim, pelas mãos de Lula, chegado àquele momento mágico da história da Nação em que o gigante se levantaria do berço esplêndido para transformar em presente o bordão do regime militar, que nos anos 70 nos vendeu o sonho do "país do futuro". E legou-nos a hiperinflação e dívidas astronômicas.

No entanto, aprende-se nas disciplinas de qualquer curso de introdução ao marketing que o produto cujo conteúdo não corresponde aos atributos anunciados na embalagem e enaltecidos pela publicidade não sobrevive no mercado.

O que dizer deste "produto", o Brasil com que Lula embalou os sonhos da maioria que elegeu Dilma? O ex-presidente Lula está entregando ao povo o Brasil que "vendeu"? O Brasil que Lula nos lega "nunca antes" foi este país que temos hoje?

Serviços públicos "padrão Fifa"? Esquece! Mas e os estádios? Sim, pelo menos as arenas "padrão Fifa" Lula precisaria nos entregar para termos uma Copa equivalente à da África do Sul. Mas nem isso, presidente Lula? O que dizer da infraestrutura urbana? Maquiagem e improviso na finalização dos estádios; obras inacabadas; jeitinho aqui, jeitinho ali; desperdício; corrupção; dívidas bilionárias.

Assim, a Copa de 2014, com ou sem vitória do Brasil, se esgota como produto de consumo, no mês de julho, substituída que será pela pauta da eleição presidencial. As pesquisas qualitativas já apontavam, em 2013, o "mercado" dividido na percepção do legado deste evento. Já ali existia a sensação da população de que, passada a Copa, "tudo voltará a ser como antes". Que sentimento prevalecerá quando a avalanche de euforia midiática da "Copa das Copas" se converter em horário eleitoral gratuito, em pleno "mês do cachorro louco"?

Os estragos do governo petista em estatais - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 06/05

É de suprema ironia que, ao subordinar empresas à visão intervencionista em voga no Planalto, o governo do PT aja como grande inimigo de companhias públicas



É um paradoxo que importantes estatais enfrentem enormes dificuldades num governo do PT, partido que se arvora em intransigente defensor das empresas públicas. Usa, inclusive, esta imagem como instrumento eleitoral. Foi assim em 2006, quando o partido acusou os tucanos e seu candidato a presidente, Geraldo Alckmin, de tramarem mais um programa de privatização, num apelo ao instinto nacionalista das ruas. O PSDB não soube responder à manobra e Alckmin perdeu para Lula.

Tudo desandou no governo de Dilma Roussef, no qual a Petrobras e o braço estatal do setor elétrico sob controle da União enfrentam sérios problemas, curiosamente impostos por políticas equivocadas do Planalto. Se fosse outro governo, com o PT na oposição, já teriam ocorrido tentativas de instalar CPIs no Congresso, e haveria grande mobilização política, em torno de um alegado projeto de levar estatais à ruína, para privatizá-las a preço vil.

Os dados objetivos sobre a Petrobras e a Eletrobras denunciam uma gestão desastrosa. No caso, do principal acionista das empresas.

O mergulho dado pela cotação das ações das duas é revelador. A da Petrobras estava em R$ 29 quando Dilma assumiu. Desabou para abaixo dos R$ 15. Defensores do governo argumentam que, por trás da oscilação do valor de mercado da empresa, há variações no preço do petróleo no mercado internacional. Sim, mas enquanto as cotações voltavam a subir no mundo, a Petrobras continuava a se desvalorizar.

Há, portanto, causas específicas na desvalorização patrimonial da empresa. Duas delas: o uso da estatal como instrumento de controle da inflação, com o virtual congelamento do preço de combustíveis, vendidos no mercado interno abaixo do custo de importação, e a sua conversão em instrumento de substituição de importações de equipamentos, mesmo sob o risco de atrasos na execução de projetos e perda de eficiência operacional. Na administração de Graça Foster, há tentativas de se flexibilizar algumas dessas regras para não prejudicar ainda mais a eficiência da empresa.

No plano geral, é a subordinação da Petrobras a objetivos político-ideológicos que afasta investidores de suas ações. No caso do sistema elétrico, há também a subjugação da Eletrobras e subsidiárias ao projeto eleitoreiro de corte da conta de luz em 20%, também a qualquer custo. Resultado: o valor de mercado da Eletrobras caiu 75,8% desde 2010, de R$ 46 bilhões para R$ 11 bilhões. Como para a Petrobras, isso dificulta a capitalização futura da companhia via mercado de ações. Tem sido tão ruinosa a intervenção do governo no setor elétrico que ela gera um rombo fiscal nas contas públicas, devido a subsídios para evitar repasses ao consumidor antes da urnas de outubro.

É de suprema ironia que, ao subordinar estatais à visão intervencionista em voga no Planalto, o governo do PT aja como grande inimigo de empresas públicas.

A segunda unção de Dilma - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 06/05

O primeiro-companheiro Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT cumpriram à risca no último fim de semana a inadiável tarefa de relançar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Inadiável porque, desde fevereiro de 2013, quando o seu padrinho achou necessário antecipar em mais de um ano a sagração da pré-candidata, precisamente para extinguir os focos de "Volta, Lula" que já crepitavam dentro e fora do partido, a tendência a recusar uma segunda chance à titular do Planalto só se encorpou.

Para resumir o efeito acumulado do desgaste do seu patrimônio eleitoral e a progressiva perda de confiança na sua capacidade de cumprir um segundo mandato com menos teimosia, incompetência, ideias fora do lugar e desdém pela opinião alheia, basta dizer que Dilma jamais conseguiu se recuperar politicamente do baque nas pesquisas de avaliação do seu governo à época das manifestações de junho passado. Os protestos puseram em evidência o padrão inaceitável dos serviços públicos a que precisa recorrer a grande maioria da população, toda ela, aliás, altamente taxada.

Ainda que o Executivo federal não tenha o monopólio da culpa pelas agruras dos brasileiros - cuja qualidade de vida, já se disse, só melhorou da porta de casa para dentro -, é natural que a mais alta autoridade do País seja cobrada também pela parte que não lhe toca diretamente no descalabro. Além disso, até as malpassadas respostas de Dilma às demandas da rua - incluindo a jogada populista de fazer a reforma política por plebiscito - foram ofuscadas pela reaparição do inimigo número um do povo: a alta dos preços. O novo surto inflacionário é a mais importante causa singular da erosão do favoritismo de Dilma nas sondagens.

Nesse quadro, como no proverbial círculo vicioso, o "Volta, Lula" com força renovada debilitou ainda mais a já combalida liderança de Dilma, a ponto de um político do PR governista se fazer fotografar pendurando o retrato do ex-presidente no seu gabinete. (Os deputados da legenda se queixam de não terem visto ainda este ano a cor do dinheiro para as emendas parlamentares de que dependem para se reeleger.) Dilma, fiel ao seu costume de atirar primeiro, mesmo que no próprio pé, e pensar depois, respondeu que "vai tocar em frente", com ou sem a base aliada. A essa altura, de todo modo, a operação corta-fogo já tinha sido acertada a quatro mãos com Lula.

Dilma fez a sua parte na véspera do Dia do Trabalho com um pronunciamento de palanque. Em 12 minutos na rede nacional, anunciou bondades, atacou a oposição e deixou claro até para um recém-chegado de Marte que não arredaria pé da candidatura.

Dois dias depois, foi Lula quem tomou posição sob os holofotes. Para a elite partidária presente ao 14.º Encontro Nacional do PT, instada já na abertura do show a dar o sinal vermelho - no sentido petista - à recandidatura Dilma, "a lenda", como ela chamou o seu mentor, cobrou da afilhada outras sortidas de borduna em punho, exortou-a a divulgar melhor as suas presumíveis realizações, desancou a imprensa e disse as palavras que, por dever de ofício, ela destacaria no dia seguinte.

"É preciso parar de imaginar que existe outro candidato (em lugar de Dilma)", como se ele mesmo não tivesse imaginado essa possibilidade quando o governo deu os primeiros sinais de fazer água. "Quando a gente brinca com isso, os adversários aproveitam." Ele sabe muito bem que gente saudosa do seu companheirismo no poder e da naturalidade com que beneficiava quem lhe conviesse só fala daquilo a sério. Mesmo em setores do eleitorado de Aécio Neves e de Eduardo Campos não haverão de ser irrisórios os nostálgicos da era Lula. Terminada a festa petista no Anhembi, em São Paulo, Lula deixou - inadvertidamente ou não - uma sombra no ambiente.

"Se algum dia eu tiver que ser candidato a alguma coisa", avisou assim que ungiu a sua candidatura, "a primeira pessoa a saber será a companheira Dilma." Segundo uma leitura desprevenida, a frase, indicando um futuro distante, seria apenas uma demonstração de lealdade. Mas haverá quem ache aí a esperança de que o futuro venha ainda este ano.

Discurso eleitoreiro - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 06/05

Em campanha na busca do segundo mandato, pronunciamento de Dilma Rousseff alusivo ao Dia do Trabalho não teve surpresas



Cumprindo a praxe, a presidente Dilma Rousseff falou em cadeia nacional de rádio e televisão na véspera do Dia do Trabalho. Seria apenas mais um pronunciamento presidencial típico dessa data se não fosse o fato de a presidente estar em campanha na busca do segundo mandato. Dilma tratou de muitos assuntos, começando por culpar a crise internacional pelas dificuldades do país e atribuindo os tropeços na área de energia aos problemas climáticos.

Referindo-se aos escândalos na maior empresa do país, a Petrobras –alguns ocorridos no período em que Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da empresa –, a presidente reafirmou sua disposição para combater a corrupção e investigar todas as denúncias. Essa parte da fala presidencial não bate com a disposição férrea do governo de impedir que o Congresso Nacional investigue o caso por meio de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

No terreno do concreto, a presidente anunciou algumas medidas como a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5%. Esse tributo incide com alíquotas diferentes conforme a faixa de renda e, pela nova tabela a vigorar em 2015, estará isento quem ganhar até R$ 1.868,22 por mês. Desse valor em diante, seguem as alíquotas de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%, pois o imposto é progressivo e paga mais quem tem renda maior. Vale lembrar que existe inflação no país (a estimativa para 2014 é que o IPCA fique na casa dos 6,5%) e os reajustes salariais iguais à inflação não melhoram a vida do trabalhador, pois apenas fazem a reposição do poder de compra corroído pela elevação dos preços.

Assim, a correção da tabela em 4,5% não cobre sequer a inflação do ano, mas foi divulgada por Dilma como se fosse um benefício ao trabalhador. A verdade é bem outra. O próprio sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal informa que essa tabela está defasada em 61,4%. Ao não corrigi-la pelos índices de inflação desde 1996, na prática o governo está aumentando a tributação real sobre os rendimentos do trabalho. Apesar disso, a presidente declarou textualmente que “isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador”.

Outra medida anunciada foi o reajuste no valor do Bolsa Família em 10%, elevando o benefício básico do programa de R$ 70 para R$ 77. Segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo, o valor médio recebido pelas famílias beneficiadas chegará a R$ 167 por mês e custará aumento de despesas de R$ 1,7 bilhão até o fim deste ano e R$ 2,7 bilhões em 2015 (o gasto total do Bolsa Família em 2014 está orçado em R$ 24,6 bilhões).

O Bolsa Família é uma consolidação de vários programas sociais implantados desde o governo Sarney (o programa do leite), passando pelo governo Fernando Henrique (o Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa Alimentação, o Cartão Alimentação) e pelo governo Lula (o Fome Zero). Hoje, 36 milhões de brasileiros são beneficiados e trata-se de uma política de transferência de renda incorporada à realidade do país, tornando-se um programa de Estado, que será mantido independentemente de quem venha a ser o governante.

A presidente se comprometeu também a manter a política de reajustes do salário mínimo, atualmente em R$ 724, e deu alfinetadas nos que, segundo ela, dizem ter havido elevação maior do que devia. Alguns analistas afirmam que os salários médios na indústria cresceram mais que a produtividade/hora do trabalho, prejudicando a capacidade competitiva da indústria nacional. Quando isso ocorre, a única forma de evitar que os exportadores tenham prejuízos é pela desvalorização do real frente ao dólar, a fim de compensar a sobrelevação dos salários internos. O efeito indesejável do aumento do preço do dólar está no risco de aumento da inflação decorrente da elevação, em reais, dos custos das matérias-primas importadas.

A presidente afirmou ainda que seu governo está comprometido com o crescimento, a estabilidade, o controle rigoroso da inflação e a administração correta das contas públicas. Trata-se de afirmação parcialmente verdadeira, pois se há uma área em que o atual governo relaxou foi na gestão das contas fiscais. A diminuição do superávit primário e as constantes manipulações contábeis feitas pelo governo para melhorar os números da economia brasileira pegaram muito mal, razão por que a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s rebaixou, em março passado, a nota do Brasil. Se Dilma quiser realmente colocar em prática o seu discurso, o governo terá muito trabalho nos próximos meses.

Racionamento afastado - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 06/05
Governador Geraldo Alckmin descarta rodízio de água neste ano, mas segurança hídrica da Grande São Paulo não está de todo garantida
Após a abertura da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, anteontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deixou de lado a hesitação das últimas semanas e afirmou de modo categórico que não haverá racionamento de água na capital paulista ao longo de 2014.
Não deixa de ser uma declaração tranquilizadora, sobretudo no momento em que o volume armazenado do sistema Cantareira, cadente há meses, atinge meros 10% de sua capacidade útil.

Os dados e as ponderações do governo tucano, porém, ainda precisam passar pelo crivo de especialistas para se tornarem irrefutáveis. Diversos técnicos vinham considerando inevitável haver restrições na distribuição de água, e a ausência de explicações claras nos últimos meses gerou compreensível desconfiança na população.

Partiram do secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, os números por trás do argumento. Três providências principais seriam responsáveis por afastar a perspectiva de racionamento --medida que, de resto, oferece riscos a uma rede antiquada, devido às repetidas variações de pressão.

As duas primeiras ações serviram para conter a utilização de água do Cantareira, que atendia quase 9 milhões de pessoas com uma vazão de 31,77 metros cúbicos por segundo (m³/s) em fevereiro.

O bônus de 30% para quem reduziu o consumo em 20% permitiu cortar em 1,64 m³/s a demanda (em breve deverá vir uma sobretaxa equivalente para quem aumentar o consumo). Além disso, 1,6 milhão de clientes foram remanejados para os sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. A retirada de água caiu para 25,3 m³/s em abril.

A terceira providência deve gerar resultado em questão de semanas: o uso do chamado volume morto da represa --ou seja, água que hoje está abaixo do nível de captação.

Com os equipamentos instalados, o nível das represas passaria dos atuais 10% para 28,5%, na primeira etapa (e ganharia outros 21,5 pontos percentuais num segundo momento). Seria o suficiente para garantir o abastecimento até fevereiro de 2015, bem além do reinício das chuvas, em setembro.

O governo de Geraldo Alckmin relaciona ainda investimentos, realizados e contratados, que elevariam em 16,1 m³/s a produção de água tratada para a Grande São Paulo. Um deles, no sistema São Lourenço, exigirá buscar água a 83 km da capital.

A estiagem inusitada mostrou a parte da população paulista que é considerável a insegurança hídrica em que vive. Pressionado, o governo do Estado explicou-se sobre o que faz (ou deixa de fazer) para enfrentar a situação. Baixar a guarda e descuidar da vigilância, de ora em diante, implica aceitar o risco de que a crise se repita.

Portos deficientes - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 06/05

O Brasil é uma das maiores economias do mundo - sexta ou sétima, segundo o critério de cálculo -, mas aparece em modestíssimo 22.º lugar na lista dos exportadores. Que ocorreria, se a indústria nacional, de repente, se tornasse tão competitiva quanto o agronegócio e seu potencial de exportações fosse mais compatível com o tamanho da economia? Parte da resposta é fácil: haveria uma catástrofe logística. Se fosse possível levar a produção exportável aos portos, os contêineres ficariam acumulados em pilhas imensas, porque os navios teriam de partir, como hoje, com carregamento abaixo de sua capacidade. Além disso, faltam condições aos principais portos para receber os navios mais modernos e de maior calado, como informou reportagem no Estado de ontem.

O governo federal, segundo a reportagem, gastou R$ 1,6 bilhão com o programa de dragagem lançado em 2007, mas os resultados foram muito inferiores aos planejados. Continuam com capacidade muito limitada os portos de Santos (SP), o maior e mais importante do Brasil, e os de Salvador (BA), Itapoá (SC) e Rio Grande (RS), entre outros. As deficiências permanecem ou porque o trabalho foi incompleto ou inadequado, ou porque os canais perderam a profundidade por falta de manutenção.

Em Santos, uma ressaca provocou o assoreamento do canal depois da dragagem e foi necessária uma obra emergencial de recuperação.

Os problemas podem ter características diferentes nos vários portos. A profundidade pode ser a desejada nos berços de atracação e insuficiente no canal de acesso. O contrário também pode ocorrer. A profundidade natural pode ser adequada, mas as condições de manobra podem impedir o aproveitamento do canal. Além do mais, segundo fonte citada pelo jornal, as batimetrias para verificação da profundidade são incompatíveis com os padrões da Organização Hidrográfica Internacional e isso dificulta a homologação pela Marinha.

Mais uma vez a escassez de recursos foi o menor dos problemas. Muito mais que dinheiro, faltou ao governo capacidade para planejar, acompanhar e avaliar obras de infraestrutura muito custosas e muito importantes para o crescimento da economia. A inadequação dos portos foi reconhecida há muito tempo como importante obstáculo ao desenvolvimento do País, mas o poder público foi incapaz, até agora, de cuidar do problema com um mínimo de eficiência. Falhou na mobilização de capitais privados e nos investimentos mantidos sob sua responsabilidade.

Segundo o secretário de infraestrutura portuária da Secretaria de Portos, Tiago de Barros Correia, o primeiro Programa Nacional de Dragagem (PND 1) foi um aprendizado. Pode ter sido, mas programas desse tipo estão longe de ser uma novidade e obviamente faltou preparação ao governo brasileiro para cuidar do assunto. Não há nisso grande novidade. Incompetência gerencial tem sido demonstrada em outros programas de infraestrutura. Quanto a isso o desempenho dos vários setores envolvidos em planejamento, contratação e administração de obras ferroviárias, rodoviárias, portuárias e aeroportuárias tem sido homogêneo.

O novo PND envolverá investimentos de R$ 3,8 bilhões. O aprendizado resultará na adoção de novos critérios, destinados a aumentar a segurança quanto aos resultados. Uma das inovações será a adoção de margem de tolerância: as profundidades planejadas serão maiores que as necessárias, para garantir o resultado e a homologação pela Marinha.

É muito arriscado, neste momento, afirmar se o novo plano terá mais sucesso que o primeiro. Por enquanto, qualquer otimismo pode ser precipitado. As más condições de recepção, carregamento e operação de navios são um complemento perfeito para as dificuldades de acesso aos portos, um pesadelo vivido a cada ano pelos exportadores agrícolas. Mas o governo insiste em atribuir as dificuldades econômicas do Brasil às más condições do mercado internacional nos últimos anos. Se os brasileiros mal conseguem embarcar seus produtos de exportação, como reclamar das condições externas?

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“A empresa vai querer tirar lucro no futuro”
Ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, contra doações de empresas a políticos


REVELAÇÕES DE EX-DIRETOR PODEM ‘INCENDIAR’ O PAÍS

Pessoas ligadas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, garantem: ele não repetirá Marcos Valério, que aguentou firme, não entregou ninguém, preservou o ex-presidente Lula e foi condenado a 37 anos de prisão. Costa pode “incendiar” o País, recorrendo à delação premiada, e contar tudo sobre negociatas, não só na Petrobras, e o envolvimento de autoridades federais e estaduais.

PRIMEIRO, A FAMÍLIA

A delação premiada de Paulo Roberto Costa poderá reduzir sua pena e livrar familiares, que correm risco de cadeia por obstruírem a Justiça.

SOB PROTEÇÃO

São tão graves as esperadas revelações do ex-diretor que sua defesa poderá solicitar sua inclusão no Programa de Proteção a Testemunhas.

SEGURANÇA MÁXIMA

Paulo Roberto Costa foi levado de volta à carceragem da PF para sua segurança. No presídio comum, poderia ser alvo de queima de arquivo.

SILÊNCIO DE OURO

Fornecedores ou parceiros de grande e médio portes da Petrobras, estão insones, rezando para que Paulo Roberto Costa fique calado.

NEGÓCIO NA ÁFRICA DE BANQUEIRO AMIGO VAI À CPI

Será alvo da CPI a venda amiga dos poços de petróleo da Petrobras na África para o BTG, banco de André Esteves, quando ainda era “amigo de infância” do ex-presidente Lula e de Antônio Palocci, em 2012. A oposição quer saber como ativos na Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia, avaliados em US$ 7 bilhões por Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional, foram dados ao BTG por US$ 1,5 bilhão.

PREÇOS ALTERADOS

O valor dos ativos da Petrobras na África foram reestimados depois da posse de Graça Foster na presidência da estatal, em 2012.

PECHINCHA AMIGA

Avaliados em US$ 7 bilhões, os poços africanos caíram para US$ 4,5 bi, US$ 3,16 bi, até o BTG levar o negócio pela bagatela de US$ 1,5 bi.

IMPRESSIONANTE

Com a CPI, a oposição quer entender como em menos de 1 ano o BTG obteve retorno de US$ 150 milhões na África, a título de dividendos.

LIGAÇÕES ESTREITAS

O presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, há muitos anos garante sua reeleição, como vereador pelo PTB no Recife, com sua ligação à torcida organizada “Inferno coral” (cujos integrantes ele fez sócios do clube), acusada de matar um rival com vaso sanitário atirado do alto.

LIVRE BARBÁRIE

Somente a torcida “Inferno coral”, do Santa Cruz, teria o poder – “sem ser notada pela segurança” – de arrancar privadas, subir dois lances e atirá-las do alto da arquibancada, matando o torcedor Paulo Ricardo.

CUMPLICIDADE

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) não economizou críticas e acusou o governo de ser cúmplice dos mascarados Black Blocs. “É armação terrorista com a complacência do governo”.

DISTANCIAMENTO

Não passou despercebido o distanciamento entre presidente Dilma e o antecessor Lula, no Encontro Nacional do PT. Ao fim do evento, ela foi embora e Lula ficou no local, distribuindo abraços e poses para fotos.

ATÉ TU, TEMER?

Dirigentes do PMDB acharam no mínimo esquisita a decisão do vice-presidente Michel Temer de não colocar os pés no Encontro Nacional do PT, que lançou a pré-candidatura Dilma à reeleição.

MARA NÃO VIU

A deputada Mara Gabrilli (PSDB), que disse há dias que José Dirceu tem regalias na prisão, sequer conseguiu entrar na cela por causa da cadeira de rodas. Ela ficou na porta, embaixo de uma goteira.

AQUELA MÃOZINHA

Responsável pela imagem nacional do PMDB, o publicitário Elsinho Mouco foi convidado a dar suporte na coordenação de comunicação da campanha do senador Lobão Filho ao governo do Maranhão.

MANUAL ASSASSINO

O manual de guerra dos Black Blocs, revelada pela coluna, ensina como fazer uma bazuca caseira gastando apenas R$ 9,00. O livro destaca ainda que “com sorte e boa mira” o disparo pode ser letal. Material semelhante matou o cinegrafista Santiago Andrade, da Band.

PENSANDO BEM...

...só o jornal britânico Financial Times está rindo muito das trapalhadas econômicas de Dilma, que as comparou aos impagáveis Irmãos Marx.



PODER SEM PUDOR

PRAGA DE GAFANHOTOS

Depois de um duro discurso contra a medida provisória para combater a praga de gafanhoto no Senegal (!), o deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL) foi abordado por um repórter: "O senhor não acha justa essa MP?"

- Eu seria favorável se fosse para acabar os gafanhotos nacionais. Não apenas o gafanhoto biológico, aquele que come verdinhos, mas principalmente um outro tipo de gafanhoto, o que come verdinhas...

Referia-se ao escândalo dos "gafanhotos", assalto de autoridades de Roraima aos cofres públicos, revelado por uma operação policial.