quarta-feira, julho 24, 2013

O catolicismo é branco - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 24/07

Um detalhamento dos dados do IBGE feito pelo IPP, da prefeitura do Rio, mostra que, entre os moradores da cidade, 56,87% dos católicos são brancos. E 43,13% são negros.

Já...
No caso dos evangélicos, a relação é inversa: 58,79% são negros, e 41,21%, brancos.

Frota à venda
Eike Sempre Ele Batista se desfez esta semana de parte de sua frota aérea. Vendeu o jato Phenon 300 e o helicóptero Agusta New.
Antes, já tinha passado adiante um Legacy 600.

Calma, gente
A juíza Simone Schreiber, da 5ª Vara Federal Criminal, a exemplo do que já tinha ocorrido na Justiça Estadual, negou, ontem, o salvo-conduto pedido pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos.
Seus integrantes queriam protestar, sem serem presos, contra o Papa no Campus Fidei (Campo da Fé), em Guaratiba.

‘Amor à vida’
O ministro Aloizio Mercadante tem uma dica para Luciano, personagem de Lucas Romano em “Amor à vida”. É que na novela ele faz um estudante de Medicina que trabalha no Hospital San Magno para pagar a faculdade:
— Luciano, você devia procurar, como já fazem 24 mil estudantes de Medicina, o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e depois de formado pagar trabalhando no SUS.
É. Pode ser.

No mais
É uma emoção à parte andar pelas ruas do Rio e se deparar com grupos de jovens do mundo inteiro cheios de fé, alegria, amor e paz.

Maravilha. Conteúdo nacional
Veja como esta ideia generosa de substituição de importação no setor naval esbarra no mundo real.
O Fundo da Marinha Mercante, dinheiro meu, seu, nosso, injetou, nos últimos dez anos, uns R$ 22,1 bilhões no setor naval.

Pois bem...
No mesmo período, segundo o Ministério de Desenvolvimento, gastos com importação de navipeças e aço para a construção naval foram de R$ 20,9 bi ou 94,5% do total desembolsado pelo FMM.

No país do Messi
Eduardo Paes, como qualquer brasileiro, adora implicar com “los hermanos”. Ao ouvir de dom Orani a preocupação com penetras brasileiros na reunião do Papa, só para argentinos, amanhã, na Catedral, ele sugeriu:
— Basta exigir que só entra quem usar a camisa da seleção argentina. Duvido que um brasileiro aceite esta humilhação.

Aliás...
Outro dia, como se sabe, Paes brincou com a rivalidade e disse, ao diário inglês “The Guardian”, que se mataria caso os hermanos vencessem a Copa do Mundo de 2014.

Safadinho
Ontem à tarde, um peregrino chileno foi visto comprando ingresso para assistir a uma sessão de saliência no Cine Íris, no Centro.

É dura a vida
De um camelô da Rua Uruguaiana, ontem, aos berros, revoltado com as poucas vendas: “Só veio peregrino duro pra cá. É tudo de comunidade carente.”

Poxa, DeMillus
A empresa de lingerie DeMillus tentou na Justiça a suspensão dos feriados da JMJ só para ela. O desembargador Marcelo Buhatem negou.

Retratos da vida
Átila Nunes Neto, filho do deputado Átila Nunes Filho, morreu de câncer em fevereiro do ano passado. Mas ontem nasceu sua filha Mariana.
Para dar à luz, a viúva, Adriana Nunes, usou embriões congelados.

Amigo de reis - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 24/07

RIO DE JANEIRO - Em 1967, quase um foca numa "Manchete" cuja equipe de reportagem tinha Roberto Muggiati, Muniz Sodré, Lêdo Ivo, Ricardo Gontijo e outros, eu já sabia que não havia ali ninguém como Carlos Marques. Era o repórter por excelência, especialista em ir lá, não importava onde, e trazer a informação, não importava como. Justino Martins, diretor da revista, o adorava.

Logo depois, ao dividir um quarto com Carlos no Solar da Fossa, descobri que ele se daria bem em qualquer função que exigisse desembaraço, ideias e sedução. A prova era a quantidade de mulheres que se atiravam a ele, um jovem (23 anos) bugre pernambucano, e de homens importantes que se encantavam e lhe confiavam tudo.

A vida nos separou em 1969 ou 70, e só retomei contato com Carlos em 2012, ao ler seu livro de memórias, "Lá Sou Amigo do Rei", recém-lançado. Ali descobri que, desde há muito fora do Brasil, ele andara às voltas com o papa João Paulo 2º, Pelé, Salvador Dalí, Catherine Deneuve, Isabelita Perón, Yasser Arafat, François Mitterrand, Mikhail Gorbatchov, Paulo Freire. Não como jornalista, mas como parceiro em projetos envolvendo a ONU, a Unesco e órgãos afins. As fotos não mentiam --em todas, lá estava ele, irresistível, dando instruções àquelas figuras.

Outro dia, contei aqui que um exemplar da extinta nota de R$ 1 me caíra às mãos e fizera pensar no que ela representa hoje. Carlos, morando agora em Brasília, leu-a e me escreveu contando que, nos últimos 20 anos, sempre que vinha ao Brasil e comprava alguma coisa na rua, pedia o troco em notas de R$ 1 --que ia jogando em malas e gavetas. Minha crônica o alertou para a sua coleção. Foi lá olhar e descobriu que tem duas gavetas abarrotadas de notas de R$ 1.

É típico Carlos Marques. Aliás, o "lá" do título de seu livro significa qualquer lugar em que ele esteja.

LEITURA QUE LIBERTA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 24/07

O livro "A Menina que Roubava Livros", de Markus Zusak, é o mais lido nas penitenciárias federais do Brasil. Segundo levantamento do Ministério da Justiça, "O Menino do Pijama Listrado", de John Boyne, e "O Caçador de Pipas", de Khaled Hosseini, ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, na preferência dos presos. A cada resenha de uma obra lida que entrega, o detento tem a pena diminuída em quatro dias.

LEITURA QUE LIBERTA 2
O primeiro título brasileiro a figurar na lista é "Nunca Desista dos Seus Sonhos", de Augusto Cury. O livro de autoajuda está em quarto lugar entre os presidiários. No catálogo do projeto Remição pela Leitura estão 124 obras.

FATURA
Os gastos públicos com a Jornada Mundial da Juventude serão questionados na Justiça pela Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos). A entidade reúne dados, via Lei de Acesso à Informação, para o processo. Estuda pedir ressarcimento e responsabilizar órgãos que patrocinaram o evento. "Gastos governamentais com atividade religiosa são contrários ao princípio do Estado laico", diz Daniel Sottomaior, presidente da Atea.

NA JUSTIÇA
O empresário Marcelo Cereser, secretário de Desenvolvimento Econômico de Jundiaí, responde a um processo por sonegação fiscal na 3ª Vara Criminal do município. É acusado de crime contra a ordem tributária em caso que envolve uma das empresas da família, a Viti Vinícola Cereser, da sidra Cereser.

NA JUSTIÇA 2
A fabricante foi autuada pela Receita estadual sob a acusação de vender a clientes que estariam em débito com o Fisco em seus Estados. Advogado da Cereser, Eduardo Salusse diz que a ação e o inquérito são indevidos. "Há reiteradas decisões do Superior Tribunal de Justiça de não imputar responsabilidade ao vendedor de boa-fé."

LIGANDO OS PONTOS
Marta Suplicy e Fernando Haddad se encontram na sexta em São Paulo. A ministra vai anunciar R$ 2 milhões para expansão da rede de Pontos de Cultura na capital. O recurso será administrado pela prefeitura, via convênios com entidades.

MÃO DUPLA
E a prefeitura, junto com o Sesc-SP, vai apoiar o Encontro Nacional de Culturas Populares e Tradicionais, em outubro, em SP. O evento é promovido pelo ministério.

TIPO EXPORTAÇÃO
Responsável por exposições de sucesso no Brasil, como as do inglês Antony Gormley, Marcello Dantas será o curador da Bienal de Vancouver, no Canadá, em julho de 2014. O convite veio após a repercussão da mostra de arte OiR (Outras Ideias para o Rio), no ano passado.

DE GAIATO NO NAVIO
O trailler de "Meu Passado me Condena" foi gravado a bordo do transatlântico Costa Favolosa, da Costa Cruzeiros. Protagonizado por Fábio Porchat e Miá Mello, o longa contou com a participação dos passageiros que faziam um cruzeiro de 20 dias entre o Brasil e a Itália em março. Tripulantes também fizeram figuração no filme de Júlia Resende, com estreia prevista para 25 de outubro.

VIVE LA FRANCE
Em Paris, onde se matriculou em um curso de férias na Sorbonne, Regina Manssur, ex-participante do "Mulheres Ricas", da Band, diz estar levando a vida no estilo "bobô" --combinação das sílabas iniciais de "burguês" e "boêmio" em francês. "A moda aqui é ter dinheiro, frequentar bons lugares, usar marca, ouvir música, ver exposições", diz a advogada.

MODA VERÃO Jason Biggs, astro da franquia "American Pie", posa em SP para a "VIP"; "Meu estilo é o que a minha mulher comprou para mim?'", disse à revista

A ALMA DO NEGÓCIO
Na Edição Especial do Marketing Best, anteontem, na Sala São Paulo, estiveram presentes o diretor de marketing da Bombril, Marcos Henrique Scaldelai; o presidente da AACD, João Octaviano Machado Neto; o presidente da ESPM, José Roberto Whitaker Penteado, e o empresário Luiz Coelho da Fonseca.

ETERNA DIVA
Para comemorar os 30 anos dos musicais em que homenageia Edith Piaf, Bibi Ferreira subiu ao palco com "Bibi Canta e Conta Piaf", na sexta passada. A cantora Fafá de Belém, o estilista Amir Slama e os atores Claudia Missura, Mara Carvalho, Carlos Martin e Suzy Rêgo assistiram ao espetáculo, no teatro do shopping Frei Caneca. Puderam confirmar a plena forma de Bibi aos 91.

CURTO-CIRCUITO
O grupo Playing for Change se apresenta hoje no Bourbon Street, em Moema, às 22h. 18 anos.

"Desarticulações", peça com Regina Braga, terá estreia para convidados hoje, às 21h30, no MIS.

O restaurante L'Entrecôte de Paris abre unidade hoje na alameda Ministro Rocha Azevedo, nos Jardins.

O Instituto Se Toque, presidido por Monica Serra, receberá parte do valor da venda de brilho labial da marca Mary Kay.

O Rock in Rio terá espaço para o público pôr acessórios e tirar fotos. Iniciativa do supermercado Extra.

Números milionários - ARTUR XEXÉO

O GLOBO - 24/07

Se alguém ainda duvidava de que este tem sido um ano de ouro para o cinema brasileiro, os números do último fim de semana rebatem qualquer argumento. Avaliando-se só os filmes em cartaz, o clima é de festa. Em sua oitava semana nos cinemas, "Faroeste caboclo" alcançou a mítica marca de 1,5 milhão de espectadores. Enquanto isso, “Minha mãe é uma peça”, o grande sucesso da atual temporada, ultrapassou o número de 3,5 milhões de espectadores. Para complementar, “O concurso”, em sua estreia, ficou em terceiro lugar entre as bilheterias do fim de semana com respeitáveis 300 mil espectadores, mas com uma média de 830 espectadores por sala, superior à dos filmes que ficaram na sua frente entre os Dez Mais, “Meu malvado favorito 2” (800) e “Homem de Aço” (542).
Num ano que já forneceu ótimos números para “Somos tão jovens” (1,7 milhão) e “Vai que dá certo” (2,7 milhões), além do desempenho de arrasa-quarteirão de “De pernas pro ar 2”, com inacreditáveis 4,8 milhões de espectadores, a marca de um milhão de espectadores já não é tão rara quanto foi no ano passado. O mais entusiasmante é que, para o resto do segundo semestre, há estreias programadas que têm força para repetir as ótimas marcas da primeira metade do ano. Vêm aí “Se puder... dirija!", com Leandro Hassum e Barbara Paz, ”Casa da Mãe Joana 2“, com Hugo Carvana e Juliana Paes, ”Mato sem cachorro“, com Danilo Gentile e Leandra Leal, "Meu passado me condena”, com Fabio Porchat, e “Crô”, com Marcelo Serrado. Todos têm potencial de atrair milhões de espectadores e transformar 2013 num ano único para a produção nacional.
Já se pode dizer que o cinema brasileiro reencontrou o caminho do público. Falta reencontrar o caminho dos filmes de qualidade com maior pretensão artística que garantam o bom nome do país em festivais internacionais e diante da crítica.

***

Sobre a viagem do ministro Marco Antonio Raupp à Argentina num jatinho da FAB, criticada aqui na semana passada, recebi e-mail de José Roberto Ferreira, assessor de imprensa da autoridade: "O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, viajou à Argentina para cumprir a missão oficial de representar o governo brasileiro na abertura da Tecnópolis, maior mostra de ciência e tecnologia da América Latina. A fim de tornar a viagem mais produtiva, aproveitou para se encontrar com autoridades da área de ciência, tecnologia e inovação daquele país e realizar visitas técnicas a instituições parceiras de pesquisa e desenvolvimento tecnológico localizadas em Bariloche. A abertura da Tecnópolis foi feita pela presidente Cristina Kirchner e pelo ministro Marco Antonio Raupp, na sexta-feira, 12 de julho. Neste ano, o Brasil é o convidado especial do evento, o que o coloca em posição de destaque na mostra. (...) Na comitiva do ministro Raupp não havia nenhum segurança. Assessores, havia dois: um de assuntos internacionais e um de imprensa. Os demais participantes da comitiva eram dirigentes de órgãos do MCTI relacionados aos temas tratados na viagem a Buenos Aires e Bariloche: o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho; o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Perondi; o diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane; e o coordenador técnico do projeto Reator Multipropósito Brasileiro, José Augusto Perrota. Havia também uma repórter da Assessoria de Comunicação do MCTI. (...) Na quinta-feira, 11 de julho, o ministro Raupp e
dirigentes dos órgãos do MCTI se reuniram com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, Lino Barañao, para discutir assuntos relacionados à cooperação bilateral. Os principais assuntos foram o Reator Multipropósito Brasileiro (equipamento voltado para a pesquisa na área nuclear, formação de recursos humanos e produção de radioisótopos, que são a base para os radiofármacos e para produção de fontes radioativas usadas em aplicações na indústria e na agricultura) e a missão Sabia-Mar (sistema de observação da Terra dedicado ao sensoriamento remoto de sistemas aquáticos oceânicos e costeiros baseado em uma constelação de dois satélites e uma infraestrutura operacional, logística e de solo). (...) Na manhã da sexta-feira, dia 12, o ministro Raupp esteve na cidade de San Carlos de Bariloche, onde visitou a empresa Invap, seu recém-construído Centro de Ensaios de Alta Tecnologia
(Ceatsa) e o Centro Atômico de Bariloche (CAB). (...)"
Viagem esclarecida, fica uma constatação: este mundo da alta tecnologia tem excesso de siglas.

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O Teatro Municipal anunciou na semana passada sua programação para a temporada de 2014. Serão sete óperas, quatro espetáculos de balé e sete concertos com sua orquestra sinfônica. Para os que se surpreenderem com agenda tão antecipada, deve-se acrescentar que o Teatro Municipal em questão é o de São Paulo, é claro.

Papa é contra funk ostentação! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 24/07

E o papa engarrafado? Como disse o Ruy Castro: o papa-imóvel! O papamóvel virou papa-imóvel! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Primeiro dia do Papa Week! Desaforo! O papa não beijou o nosso chão.

Você acha que um argentino ia dar esse gostinho? Suspende os R$ 118 milhões! Rarará.

E senti falta do Eike no primeiro dia do papa. Ele não queria contato com os pobres? Rarará!

E o papa não é fã do funk ostentação: desceu do avião e entrou num carro humilde.

Mas como diz um amigo meu: se ele quisesse um carro humilde mesmo, pegava o meu Gol 97!

E o tuiteiro Leo Aversa revela que quando o papa disse "não trouxe ouro nem prata", o Cabral abandonou a cerimônia. "Não vou perder o meu tempo". Rarará!

E diz que o Rubinho foi visto cantando "A Bênção João de Deus", em homenagem à chegada do papa! Rarará! E essa: "evangélica se emociona com o papa". Edir Macedo não curtiu isso!

E o papa engarrafado? Como disse o Ruy Castro: o papa-imóvel!

O papamóvel virou papa-imóvel! Rarará!

E ainda teve que enfrentar os conterrâneos: os argentinos congestionando os semáforos com malabaristas e comedores de fogo!

Aí ele se encontrou com a Dilma: O papa e o bicho-papão. E acho que a Dilma nunca viu tanto bispo junto. E o papa nunca viu tanto ministro junto!

Mas tem muita gente revoltada com os gastos da visita do papa. Olha a tabela que corre na internet: "Quanto vale o show? Justin Bieber, R$ 500 mil. Paul McCartney, R$ 3 milhões. Rolling Stones, R$ 15 milhões. Papa Francisco, R$ 118 milhões!"

Com esse dinheiro dava pra construir mais um estádio! O estádio fica e o papa vai embora!

E eu continuo com a minha teoria: o Vaticano devia pagar tudo! E por que o papa tá hospedado num lugar chamado "casa de encontros do Sumaré"?! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

E a Lady Kate? Nasceu o bebê real. Adoro essa expressão "bebê real". E todos os outros são imaginários? Rarará!

E os médicos? Tem médico que tá usando o #AmorAVida exigindo hospital igual ao da novela. Sendo que na novela não tem um médico que preste. Muito sem noção! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Não existe pecado abaixo do Equador - MARCELO DE PAIVA ABREU

ESTADÃO - 24/07

O dito memorável que serve de título a este artigo é de Caspar Barleus em sua obra sobre o Brasil holandês. Foi depois retomado muitas vezes, culminando com a conhecida canção de Chico Buarque e Ruy Guerra. Tem múltiplas aplicações, mesmo no mundo empresarial contemporâneo.

A imprensa registrou declarações do empresário sueco Marcus Wallenberg (Valor, 11/7) condenando taxativamente o protecionismo. Wallenberg é destacado membro da família que controla um bom pedaço do PIB sueco. É presidente do conselho da Electrolux, da mineradora LKAB, da Saab, do Skandinaviska Enskilda Banken. É diretor da AstraZeneca, da Stora Enso e da Temasek (Cingapura). E, ainda, presidente do Grupo Consultivo para o G-20 da International Chamber of Commerce (nenhum brasileiro está no grupo, que conta com dois mexicanos e dois argentinos). A família também é conhecida porque Raoul Wallenberg, primo distante do pai de Marcus Wallenberg, teve destacada atuação humanitária em Budapeste, em 1944-1945. Salvou milhares de judeus e desapareceu em prisões soviéticas. É provável que tenha sido executado em 1947.

Segundo Wallenberg, o Brasil teria, agora, uma oportunidade fantástica. O argumento, meio capenga, parece ser que, se o governo brasileiro empenhou-se para que Roberto Azevêdo fosse escolhido para dirigir a OMC, estaria agora obrigado a levar adiante uma agenda de liberalização comercial multilateral. As declarações de Wallenberg são bem-vindas. Seria, de fato, ótimo se o governo brasileiro abandonasse seu apego ao protecionismo. Mas, dada a visão de mundo que prevalece em Brasília, é pouco provável que isso ocorra.

No caso específico do Brasil, há um contraste marcante entre as declarações em defesa da liberalização por parte de um líder empresarial mundial como Wallenberg e as práticas protecionistas de muitas empresas multinacionais que operam no País.

A proteção do mercado doméstico e a defesa da concorrência são temas interligados. No caso de bens de capital, com frequência, soma-se às práticas ilegais em concorrências públicas a defesa de práticas protecionistas e de políticas macroeconômicas imprudentemente expansionistas. A gigante alemã Siemens, por exemplo, tem enfrentado problemas com o Cade e, agora, em busca de leniência, denunciou a ação de cartéis envolvendo também outras empresas multinacionais "concorrentes". O empenho na melhoria de compliance não impediu, entretanto, que nos últimos anos seus funcionários defendessem de forma sistemática na mídia a redução da taxa de juros e outras medidas que assegurassem a desvalorização cambial, sem maiores preocupações quanto a efeitos colaterais indesejáveis.

O caso extremo de práticas protecionistas ao sul do Equador é o da indústria automotiva. Nesse caso, a liberalização comercial seria a forma eficaz de moderar o poder de mercado das montadoras oligopolistas. Como a tarifa de 35% ad valorem - que é o máximo que o Brasil pode cobrar, em vista de seus compromissos na OMC - não bastasse, foi aberta a possibilidade de abater pagamentos do IPI, dependendo de metas de conteúdo local. Que, é claro, discrimina entre produção doméstica e importações. É uma forma primitiva de burlar o teto máximo de 35% que tende a ser estendido a outros setores. Não é surpreendente que comece a enfrentar questionamentos em Genebra.

Seria construtivo se as empresas multinacionais não apenas respeitassem as leis, mas também se abstivessem de defender políticas econômicas irresponsáveis e abandonassem o empenho na ordenha de benefícios extraídos do Estado às expensas de consumidores e contribuintes. É essencial que as multinacionais percebam que, no que tange ao protecionismo e ao cerceamento da concorrência, também existe pecado do lado de baixo do Equador.

Governo quebra o porquinho - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 24/07

Corte de gastos é modesto; falta de dinheiro e inflação deixam política econômica meio à deriva


O GOVERNO federal apresentou seu corte de despesas, na verdade um plano modesto para reduzir o aumento da dívida neste ano e, de quebra, colaborar com a contenção da alta de preços (menos gasto em tese dá em menos inflação).

O governo conseguiu apresentar um "corte" adicional de apenas R$ 10 bilhões, parte disso puro vento ("reestimativas" de despesas). Não vai fazer grande diferença no tamanho da dívida nem na inflação. Trocando em miúdos, os economistas de Dilma Rousseff não puderam fazer muito mais do que quebrar o cofre de porquinho a fim de pegar umas moedas.

Além de reestimar despesas, o governo pretende cortar gastos em diárias, viagens e, algo mais importante, adiar contratações de pessoal. Como costumam dizer alguns rapazes (e raras moças) do mercado, o governo está cortando o cafezinho.

Quando se chega ao cafezinho é que a coisa está feia. Ou não há mais de onde tirar mesmo, na prática, ou alguns cortes foram evitados por bons motivos políticos e práticos.

Pode ser que cortes adicionais implicassem a suspensão ou a interrupção de investimentos essenciais, ou que redundariam em prejuízos ainda maiores (obras paradas custam muito). A pressão de alguns ministérios pode ter segurado alguns cortes.

Pode bem ser que, no curto prazo, agora que o caldo entornou, pouco pudesse ter sido feito de imediato a fim de conter gastos de maneira mais ou menos razoável. Decerto o governo pode ser mais eficiente, mas isso demanda estudos, planos, reformas, leis: tempo.

Reconhecer a dificuldade de cortar agora não significa também dizer que o governo não foi imprudente ou não errou grosseiramente ao reduzir impostos em 2012 e neste ano. Apenas no primeiro semestre de 2013, o governo federal deixou de arrecadar R$ 35 bilhões. O plano oficial, como se sabe, era estimular a economia. Com a produção andando mais rápido, a queda de receita talvez não fosse tão grande.

Não deu certo. O governo perdeu os dedos e os anéis, a faca e o queijo: a economia não vai crescer muito mais nem haverá dinheiro no caixa. Muita gente avisou com bons argumentos que tal plano não daria certo.

Não era por falta de estímulo ao consumo que a economia deixara de crescer, mas por falta de mais fatores de produção: mais mão de obra a bom preço e qualidade e mais capital (investimento). O investimento secou, entre outros motivos, justamente porque o custo da mão de obra e de matérias-primas estava alto demais (política econômica na biruta, problemas na economia mundial etc. também atrapalharam).

O governo está meio num mato sem cachorro. Parece estar sem instrumentos fiscais (manejo de receita e despesa a fim de influenciar o ritmo da economia). O Banco Central vai derrubar pelo menos um tico da inflação, o que vai exigir juros maiores. Não há medidas ou novidades à vista para animar a confiança de empresários e consumidores, ora em baixa. Virar do avesso a política econômica, o que seria doloroso, não parece estar nos planos de Dilma Rousseff (em nada disposta a reconhecer que sua política econômica fracassou).

Sem vento nas velas e com o leme carcomido, iremos assim meio à deriva até a eleição de 2014.

Preço alto - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 24/07

Como anteontem se viu, a decisão do governo foi manter certa dose de enrolação nas contas públicas.

As análises são quase unânimes em apontar falta de clareza, lacunas e manobras duvidosas na tentativa de garantir um resultado satisfatório. O superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida), já revisto e devidamente encolhido para 2,3% do PIB, continua sendo uma meta que guarda uma proporção duvidosa com os meios.

Isso significa que, diante do baixo crescimento da atividade econômica (PIB); diante da quebra crescente de arrecadação tanto do governo federal como também dos Estados e municípios; e diante da qualidade insatisfatória da administração das despesas públicas, o resultado fiscal deste ano e, provavelmente, também o do próximo, será apenas o que der.

A presidente Dilma já entendeu que a incorporação de cada vez mais brasileiros ao mercado de consumo e à instrução, ainda que aos níveis de precariedade conhecidos, implica aumento das exigências, especialmente de mais qualidade dos serviços públicos. Melhor tratamento de saúde, melhor educação e melhor transporte público só se obtêm com muito mais investimento, mais custeio e melhor qualidade de ambos. Se uma boa administração das contas públicas já era essencial para o bom desempenho de toda a economia, muito mais passa a ser exigido agora.

E, no entanto, falta credibilidade nessa função. O governo se mostra incapaz de entregar o que promete. Além disso, vem submetendo a contabilidade pública a práticas que prejudicam a necessária transparência e promove relações financeiras incestuosas entre o Tesouro Nacional e as empresas estatais, especialmente BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobrás.

A deterioração da qualidade da administração fiscal produz consequências perversas. Uma delas é a redução persistente do nível de credibilidade na administração de toda a economia. Os agentes econômicos já não respondem aos apelos do governo porque não veem correspondência entre o compromisso e o resultado prático. O empresário, por exemplo, tende a adiar investimentos e a se refugiar na defensiva, porque não consegue identificar políticas capazes de restabelecer a competitividade dos seus negócios.

Esse déficit de credibilidade produz outra consequência ruim: sobrecarrega a política monetária (política de juros) do Banco Central.

Apesar de tudo, a política fiscal hoje praticada não é uma catástrofe. Ela é apenas confusa, opaca e não suficientemente austera de modo a ajudar a devolver a inflação à meta, porque cria mais demanda do que a oferta interna é capaz de suprir.

Depois de um período em que fez o jogo do resto do governo, o Banco Central voltou a concentrar-se na sua tarefa mais importante, que é a defesa do real. Desde abril, vem reafirmando que "a política fiscal é expansionista". Seu presidente, Alexandre Tombini, acaba de dar um passo além: denunciou a falta de clareza da política fiscal.

Não cabe nem ao Banco Central enquanto instituição nem a seus dirigentes questionar a política fiscal. Apenas tomam sua definição e seus resultados como dados da realidade e com base neles, têm de definir o nível dos juros necessário para reconduzir a inflação à meta. É uma situação que obriga o Banco Central a puxar os juros bem mais para cima.

Entre a irrelevância e o equívoco - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 24/07

O discurso da presidente Dilma ignora que inflação controlada significa ter expectativas iguais à meta


"É incorreto afirmar que a Terra não gira em torno do Sol. Há dados concretos que desmentem as análises mais pessimistas. A informação parcial confunde a opinião pública e visa criar um ambiente de pessimismo que não interessa a nenhum de nós."

Admito que o exemplo soa um tanto extremo, mas, se ouvisse algo assim, minha reação, um tanto perplexa, seria "ok, concordo, mas por que mesmo você está me dizendo isso?".

Foi assim que me senti quando a presidente, em discurso ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o popular "Conselhão", um dos grandes monumentos nacionais ao desperdício de tempo e dinheiro, afirmou que a inflação estava controlada porque desaceleraria na segunda metade de 2013.

Ela apenas se esqueceu de mencionar que não há quem tenha afirmado o contrário (basta checar o que vem dizendo a pesquisa Focus), assim como ninguém acredita que a Terra não gire ao redor do Sol. Nesse aspecto, a declaração presidencial é de uma irrelevância atroz.

Por outro lado, reflete um equívoco persistente (e talvez intencional), associando o cumprimento da meta ao registro da inflação abaixo de 6,5% em dezembro de um ano qualquer. A meta, é sempre bom lembrar, ainda mais à luz de declarações como essa, é 4,5%, não 6,5%.

Ocorre que a inflação é uma variável não apenas caprichosa mas que também reage de forma defasada às decisões de política.

Alterações em taxas de juros tipicamente afetam a inflação cerca de seis trimestres à frente. Assim, ainda que o Banco Central soubesse com precisão qual taxa de juros seria coerente com a meta e tomasse as medidas corretas para controlar a inflação, há todo tipo de eventos nesse período (safras agrícolas melhores ou piores, flutuação de preços de petróleo, etc.) que poderiam afastar a inflação da meta.

Esta é a razão de ser do intervalo: acomodar eventuais desvios resultantes de eventos imprevisíveis; certamente a sua função não é ser justificativa para permitir que a inflação fique persistentemente próxima ao teto.

Na verdade, se levarmos em consideração tanto a questão das defasagens como a dificuldade de prever certos choques, mesmo no caso de um BC 100% comprometido com sua tarefa institucional, controlar a inflação não significa mantê-la o tempo inteiro no valor exato da meta, mas, sim, flutuando ao redor desta, de modo que, ao longo de vários anos, a inflação ficasse, em média, na meta.

Sob tais circunstâncias, não é necessária muita reflexão para concluir que a melhor aposta acerca da inflação futura passaria a ser a própria meta. O corolário de inflação controlada, portanto, são expectativas iguais à meta, refletindo a crença de que eventuais desvios serão prontamente corrigidos.

De volta ao discurso presidencial, é claro que o exposto acima não descreve de forma alguma o que vem ocorrendo no país.

Desde 2010, a inflação é (bastante) superior à meta (o desvio médio por ano foi de 1,6%), e, pior, espera-se que continue acima dela nos próximos anos: a inflação esperada entre 2014 e 2017 é, em média, 5,5% ao ano.

À luz desses desenvolvimentos, o que se espera da responsável pela política econômica não é a reafirmação do que já sabemos, mas, sim, o que será feito para trazer a inflação para o valor prometido à nação pelo próprio governo.

Nesse aspecto, a fala se encaixou bem no perfil do "Conselhão": entre generalidades e a negação da realidade (o gasto federal, supostamente controlado, está no nível mais alto da história), nada foi dito que sinalizasse uma estratégia consistente para lidar com a inflação alta e o crescimento baixo.

Pelo contrário, incapaz de escapar das armadilhas ideológicas em que se meteu e pressionado pela queda de popularidade, a tendência é de isolamento crescente, uma espécie de "autismo econômico" em que a realidade tem que ser ignorada a todo custo.

Serve para produzir discursos para o "Conselhão"; jamais para resolver um problema de verdade.

Royal Baby, papa e outros - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 24/07

O que falar desse Royal Baby? A TV o adora e também as rádios. Elas não se cansam (pior para nós) de nos mostrar ininterruptamente um personagem saído do teatro de Shakespeare ou de um melodrama barato do século 19, vestido como um periquito amarelo, vermelho e verde, anunciando aos berros, para o universo encantado, que o bebê real finalmente chegou. Como não estou muito a par do que se deve falar desse bebê, recorri aos jornais impressos, sempre mais calmos, mais inteligentes e mais cultos do que os feitos de imagens ou de ruídos. Para a minha decepção, a imprensa nobre, a de papel, na França pelo menos, olha distraidamente para o principezinho gorducho.

No Libération, fundado depois das revoltas de maio de 1968 por alguns trotskistas, anarquistas e por Jean-Paul Sartre, tivemos de virar dez páginas antes de saber que veio ao mundo o filho do casal Cambridge. Mas, nada de sobressaltos: o Libération é um jornal "de vanguarda", o que quer dizer que ele olha sempre "para trás".

O Figaro se saiu melhor. Consagrou duas páginas à criança, com retratos de Diana, a rebelde, para uma comparação, e de Kate, a discreta, para não dizer "a conformista", embora no vocabulário do jornal das altas e ricas esferas bem pensantes, o adjetivo "conformista" não tenha sentido pejorativo, mas "apreciativo". O jornal Le Monde, o melhor da França, considerado de centro-esquerda, não fez uma cobertura melhor do que o Figaro. O acontecimento planetário dos Windsor foi espremido no fundo da quarta página. O artigo é curto, com um título extraordinariamente banal: "O bebê real, herdeiro do clã Windsor, é objeto de grandes expectativas".

Avaliando talvez a mediocridade do título, um subtítulo acrescenta: "O recém-nascido prometido ao trono britânico deverá crescer como um homem moderno, embora permanecendo fiel às exigências dinásticas". Sem dúvida! Mas, então, se o Royal Baby encontrou tantas dificuldades para ser alçado à primeira página dos grandes jornais impressos franceses, terá rivais?

No Figaro, a criança britânica divide os holofotes com incidentes raciais na periferia parisiense, uma pesquisa sobre o lobby dos táxis da capital, os perigos do calor exagerado e o papa Francisco a caminho do Rio. No Libération, a capa está inteiramente dedicada a um deputado francês, desprezível e ao mesmo tempo idiota, que achou engraçado afirmar que "teria sido melhor se Hitler tivesse continuado a matar os ciganos em vez de deixar o serviço pela metade".

O jornal Le Monde consagrou sua capa tanto à retomada econômica, eternamente e comicamente anunciada há 12 meses pelo presidente François Hollande, e ao martírio da Síria. Além do breve registro sobre o herdeiro britânico, o jornal dedica duas reportagens à visita do papa Francisco ao Brasil.

Podemos tirar uma conclusão: os novos papas e os filhos de princesas estão mais à vontade nas telas de TV ou nos estúdios das rádios do que nas páginas frias dos jornais de papel. Entretanto, não duvidemos da imprensa escrita. Na França, ela costuma estar sempre um dia atrasada./
TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Sinistro na ANS - LÍGIA BAHIA E MÁRIO SCHEFFER

FOLHA DE SP  24/07

Desde sua criação, a agência foi capturada pelo mercado que ela deveria fiscalizar. Medidas para coibir conflito de interesses sempre foram contestadas


No jargão dos planos de saúde, sinistro é a perda financeira a cada demanda de um cliente doente. Já a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi tomada pelo sinistro no sentido popular do termo --ou seja, aquilo que é pernicioso.

Dois ex-executivos de planos de saúde --um serviu à maior operadora do país e outro, à empresa líder no Nordeste-- acabam de ser nomeados diretores da ANS.

Desde sua criação, há 13 anos, a agência foi capturada pelo mercado que ela deveria fiscalizar. As medidas sugeridas para coibir o conflito de interesses na ANS --frise-se, um órgão público sustentado com recursos públicos-- sempre foram contestadas sob o argumento de que tais pessoas "entendem do setor".

Assim, a agência instalou em suas entranhas uma porta giratória, engrenagem que destina cargos a ex-funcionários de operadoras que depois retornam ao setor privado.

A atuação frouxa da ANS, baseada no lucro máximo e na responsabilidade mínima das operadoras, tem a ver com essa contaminação. Impunes e protegidos pela fiscalização leniente, os planos de saúde ao fim restringem atendimentos e entregam emergências lotadas e filas de espera para consultas, exames e cirurgias.

As empresas deixaram de vender planos individuais, pois têm o aval da ANS para comercializar planos coletivos a partir de duas pessoas, com imposição de reajustes abusivos e rescisão unilateral de contrato sempre que os usuários passam a ter problemas de saúde dispendiosos. Sob o olhar complacente da ANS, dão calote no SUS, pois não fazem o ressarcimento quando seus clientes são atendidos em hospitais públicos.

Os planos de saúde doam recursos para candidatos em tempo de eleição que, depois de eleitos, devolvem a mão amiga com favores e cargos. Há coincidências que merecem explicação.

Em 2010, as operadoras ajudaram na eleição de 38 deputados federais, três senadores, além de quatro governadores e da própria presidente da República. Da empresa que doou legalmente R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff, saiu o nome que presidiu a ANS até 2012. O plano de saúde que doou R$ 100 mil à campanha de um aliado --o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral-- emplacou um diretor da agência que, aliás, acaba de ser reconduzido ao cargo.

Em 1997, o texto do que viria a ser a lei nº 9.656/98, que regula o setor, foi praticamente escrito por lobistas dos planos. Em 2003, na CPI dos Planos de Saúde, as empresas impediram investigações. Em 2011, um plano de saúde cedeu jatinho para o então presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), em viagem particular.

Quase mil empresas de planos de saúde que atendem 48 milhões de brasileiros faturaram R$ 93 bilhões em 2012. Com tal poder econômico, barram propostas de ampliação de coberturas, fecham contratos com ministérios e estatais para venda de planos ao funcionalismo público, definem leis que lhes garantem isenções tributárias. E se beneficiam da "dupla porta" (o atendimento diferenciado de seus conveniados em hospitais do SUS) e da renúncia fiscal de pessoas físicas e jurídicas, que abatem do Imposto de Renda os gastos com planos privados.

Agora as operadoras bateram às portas do governo federal, pedindo mais subsídios públicos em troca da ampliação da oferta de planos populares de baixo preço --mas cobertura pífia.

No momento em que os brasileiros foram às ruas protestar contra a precariedade dos serviços essenciais, num rasgo de improviso os problemas da saúde foram reduzidos à falta de médicos. O que falta é dotar o SUS de mais recursos, aplicar a ficha limpa na ocupação de cargos e eliminar a promiscuidade entre interesses públicos e privados na saúde, chaga renitente no país.

Futuro ameaçado - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 24/07

A juventude está em perigo em vários aspectos. A morte prematura dos rapazes ronda os jovens do mundo inteiro. O desemprego dos jovens é alto até no Brasil, em que a taxa geral está baixa. Na Europa, há o risco de haver uma geração perdida. E há os jovens que não trabalham nem estudam. A juventude sempre esteve exposta a riscos, mas agora eles se agravaram. 

Por isso o Papa Francisco acertou tão completamente quando chamou a atenção para os jovens. Falar deles é natural sendo a Jornada Mundial da Juventude, mas o conteúdo do que disse, tanto no avião quanto ao chegar ao Brasil, mostra que ele está antenado com as aflições que cercam os jovens e que ameaçam a todos nós, por serem eles os donos do futuro. 

O desemprego de jovens chega ao ponto calamitoso de 54% na Espanha. Na Grécia, quase 60%, em Portugal, 42%. A média da Europa supera 20%. Fora dessa devastação, só a Alemanha, com 7%, um número melhor do que o do Brasil, que, em maio, registrou 13,6% de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos. A taxa geral do país foi 5,8%. 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um estudo recente mostrando que a taxa mundial de desemprego entre quem tem 15 e 24 anos está em 12,6%. Ao todo, são 73,4 milhões de jovens sem emprego. Como as estatísticas só registram os que procuram trabalho, o número é pior porque muitos jovens nem procuraram. O desalento, a gravidez precoce, as drogas são algumas das causas. Um estudo do Ipea registra que em 2010 havia oito milhões e oitocentos mil jovens brasileiros, de 15 a 29 anos, que nem estudavam nem trabalhavam. 

As gerações mais jovens no Brasil estudaram mais do que seus pais. Quem tem hoje entre 20 e 24 anos estudou mais do que quem tem entre 40 e 50 anos. E está com mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho. A frustração pode provocar traumas e inseguranças que a pessoa carregará a vida inteira. 

A morte de jovens do sexo masculino por violência é outro perigo imenso. Eles perdem a vida num percentual muito maior do que a média da população. O Mapa da Violência divulgado pela Secretaria da Promoção da Igualdade Racial mostra que em 2012 a taxa de homicídios, entre quem tem de 12 a 21 anos, sai 1,3 para 37,3 por 100 mil habitantes, entre os brancos, e sai de dois para 89,6 por 100 mil habitantes, entre os negros. Ela aumenta em todo o país, mas aumenta mais entre os negros. Essa tragédia exige dos pais, dos países, dos governantes, das escolas, das organizações não governamentais mais do que tem sido feito para protegê-los da exposição aos riscos. 

E muitas vezes eles nem se expõem ao risco; são vitimados sem qualquer explicação. Ficando apenas em um caso, e que ocorreu longe daqui, pense em Trayvon Martin: jovem, negro, indo para a casa da namorada, na Flórida, e com a cabeça coberta pelo capuz da jaqueta. Foi o suficiente para ele ser morto por George Zimmerman, que hoje está solto, inocentado e tendo direito a voltar a portar armas. A estatística de qualquer país mostra que os mais vulneráveis de serem vítimas de mortes violentas são os jovens, e os de minorias raciais. 

As pessoas que têm responsabilidade e poder no mundo, qualquer que seja a área de atuação - pode ser formador de opinião, empresário, professor, formulador e executor de política pública -, precisam entender que estamos errando dramaticamente com a juventude. O tema tem que ser pauta diária para se encontrar a solução. Nenhum país tem o monopólio dos erros na política para a juventude. O drama da juventude exposta ao risco de morte, desemprego ou desalento é mundial. E eles são o futuro, como disse o Papa Francisco. Hora de refletir sobre como melhorar as políticas de proteção.

Credibilidade - ANTONIO DELFIM NETTO

FOLHA DE SP - 24/07

O BC tem sido portador de novidades acadêmicas e de sua exploração prática na condução da política econômica.

Desacorçoado com a alquimia no registro das contas públicas --o que lhe destruiu a credibilidade, tornou irrelevante o conceito de dívida pública líquida/PIB e impede a avaliação até do sentido (positivo ou negativo) da demanda do setor público--, decidiu construir um indicador confiável do "impulso fiscal": o superavit fiscal estrutural (SPE), que leva em conta a flutuação da conjuntura e exige a absoluta moralidade nos registros.

Não há consenso de como calculá-lo. Uma boa definição pragmática é a formulada pelo competente economista do banco Itaú, Mauricio Oreng: "O SPE é o resultado das contas públicas (antes do pagamento dos juros) ajustado para os ciclos da atividade econômica (medida pelo PIB ou por outras variáveis setoriais'), dos preços dos ativos (matérias-primas, no caso brasileiro) e para operações orçamentárias não recorrentes (i.e., receitas e despesas de caráter temporário)".

Ela é próxima da definição do BC. Oreng construiu o SPE de 2001 a 2011 num trabalho imperdível --"Brazil's Structural Fiscal Balance" (abril de 2012)-- e o atualizou para 2012 ("Macrovisão", maio de 2013). Por definição, a diferença do SPE entre dois períodos é uma medida do impulso fiscal. Ele foi neutro em 2009, fortemente positivo em 2010 (1,5% do PIB), negativo em 2011 (0,9% do PIB) e positivo em 2012 (0,9% do PIB).

O BC já utilizou o seu SPE para estabelecer o aumento da taxa Selic para 8,5%, com a informação de que a "pressão fiscal" em 2013 continua positiva. O gráfico abaixo dá uma ideia da resposta, nos modelos utilizados pelo BC, da redução da taxa acumulada de inflação em 12 meses gerada por um aumento de 1% no seu superavit primário estrutural:

O efeito é retardado e atinge seu maior valor entre o 7º e o 8º trimestre (entre 20 e 24 meses): qualquer coisa parecida com 0,10% e 0,25%.

Aparentemente, o sinal implícito na ação do BC para recuperar a credibilidade é que, se não houver uma redução da "pressão fiscal", ele continuará a aumentar a Selic até sentir que a "expectativa inflacionária" tenha se reduzido a 4,5%.

Estabilidade é progresso - ROGÉRIO MEDEIROS GARCIA DE LIMA

ESTADÃO - 24/07

Vivemos tempos difíceis. O mundo, desde 2008, está mergulhado em grave crise econômica. Ela se manifesta, de modo especialmente agudo, em países da União Europeia. No entanto, Estados Unidos e China também sofrem seus efeitos. A potência asiática reduziu o ritmo de seu crescimento.

Essa conjuntura respinga de maneira preocupante no Brasil. Nos últimos dez anos fincamos nossa estabilidade econômica no modelo exportador de mercadorias (commodities). Agora vivenciamos a perigosa combinação de ampliação do endividamento do governo, diminuição sensível do crescimento econômico e risco de volta da inflação.

Governos, com raras exceções, gastam mal o dinheiro arrecadado com impostos. Um país emergente, contudo, deveria seguir o ditado popular: se o cobertor é curto, cobre a cabeça e descobre os pés.

O ex-ministro da Fazenda Delfim Neto sustenta que Estado e mercados são instituições que precisam ser coordenadas. Assim atingiremos o melhor nível de eficiência possível e os frutos econômicos produzidos serão distribuídos da forma mais equânime. No longo prazo, acelera-se o crescimento material com inclusão social: "É preciso, portanto, cuidadosa calibragem entre as políticas econômica e social do governo e o crescimento do setor privado" (Confiança, 2012).

Governantes brasileiros foram surpreendidos, no mês de junho, por eloquentes manifestações de rua, estimuladas pelas redes sociais da internet. Milhares de cidadãos indignados saíram às ruas para protestar, dentre outros temas, contra a má qualidade dos gastos públicos, as deficiências nos setores de saúde, educação, transportes públicos e a corrupção.

Os protestos expressam, de modo passional, a insatisfação generalizada dos governados. São uma forma legítima de exercício da cidadania participativa. Sem dúvida, as vozes das ruas fortalecem o regime democrático implantado pela Constituição federal de 1988.

No entanto, para o País se desenvolver não podemos prescindir da racionalidade das instituições. Em síntese, os governos têm de buscar os melhores resultados para satisfazer o interesse público, em todas as esferas federativas; os legisladores têm de editar leis exequíveis e duradouras; e os juízes, por sua vez, têm de zelar pelo cumprimento da Constituição e das leis, sem criar sobressaltos no convívio social.

Conforme o jurista francês Antoine Garapon, o mundo contemporâneo caracteriza-se pelo controle crescente da Justiça sobre a vida coletiva. Juízes são chamados a se manifestar em número cada vez mais extenso de setores da vida social (O Juiz e a Democracia: o Guardião das Promessas, ed. brasileira, 1999, pág. 24). O Brasil não escapa dessa assustadora "judicialização".

Nesse contexto, despontam acirrados conflitos de conteúdo econômico e social. O Poder Judiciário defronta-se, de um lado, com a forte a pressão de diversas organizações sociais, de proteção dos indígenas, do meio ambiente, dos consumidores, dos trabalhadores e congêneres; e, de outro, também é forte a resistência de entidades governamentais e poderosos grupos econômicos.

A primeira premissa para julgar tal espécie de conflitos é o respeito aos contratos: "Além de ser determinação constitucional, em nosso país, tornou-se um imperativo do Estado de Direito e um valor cultural e ético em todo o mundo ocidental. Chegou-se a afirmar que uma sociedade que não respeita os contratos se caracteriza pela deslealdade e é desmoralizada. Nem mesmo democracia pode haver nos países nos quais não é possível exigir e obter o cumprimento dos contratos" (Arnoldo Wald, prefácio do livro Teoria Geral do Contrato: Confronto com o Direito Europeu Futuro, de Vera Helena de Mello Franco, Editora RT, 2011, pág. 9).

A segunda premissa é a garantia da segurança jurídica. O professor Eros Grau, citando Max Weber, aponta a necessidade, para o mundo capitalista, de "estabilidade, segurança e objetividade no funcionamento da ordem jurídica e no caráter racional e em princípio previsível das leis e da administração" (Princípios, a (in)segurança jurídica e o magistrado, na Revista Amagis Jurídica, n.º 7, pág. 1).

No mundo globalizado, os magistrados não podem desprezar o impacto macroeconômico das suas decisões. O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, refletiu: "Se nós oferecemos uma justiça caridosa, se nós oferecemos uma justiça paternalista, se nós oferecemos uma justiça surpreendente que se contrapõe à segurança jurídica prometida pela Constituição federal, evidentemente que isso afasta o capital estrangeiro, como afasta o capital das grandes corporações. É o que sucede com o não cumprimento de tratados, o não cumprimento de laudos arbitrais convencionados previamente... Isso, segundo a Corte Especial, aumenta o que se denomina 'Risco Brasil'" (Impacto das Decisões Judiciais na Concessão de Transportes, na Revista da Escola Nacional da Magistratura, n.º 5, pág. 12).

A terceira premissa é a boa-fé. O artigo 113 do Código Civil dispõe que "os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração". É a sinceridade e a probidade nas relações jurídicas (Miguel Reale, Estudos Preliminares do Código Civil, Editora RT, 2003, pág. 77).

Enfim, é democraticamente saudável realizar passeatas para protestar e reivindicar direitos. Mas o progresso do País depende também do fortalecimento das nossas instituições. E ainda depende da conduta ética dos cidadãos: devem votar em bons candidatos para cargos eletivos, evitar o "jeitinho" brasileiro na satisfação de interesses pessoais, não sonegar impostos, não subornar funcionários públicos e não comprar drogas ilícitas de traficantes. Do contrário, não progredirá o País e de nada valerão as manifestações de rua.


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 24/07

Setor de blocos de concreto terá semestre fraco
Quase 90% dos empresários da indústria de blocos de concreto esperam que o segundo semestre de 2013 seja pior ou igual ao anterior, segundo pesquisa da BlocoBrasil (associação do setor).

Apenas 11,7% dizem acreditar que crescerão nos próximos meses.

O segmento foi impulsionado, entre 2006 e 2011, pelos bons resultados da construção civil. No ano passado, houve uma acomodação e as companhias passaram a operar com ociosidade.

"As empresas investiram muito até 2011. A capacidade instalada do país passou de 7 milhões de unidades por mês para 28 milhões", afirma o presidente da entidade, Marcelo Kaiuca.

"Agora, como o mercado da construção é muito sensível à taxa de juros, os empresários perderam a confiança. A economia brasileira também está muito conturbada, com alta da inflação e crescimento baixo."

A empresa de Kaiuca, a Multibloco, está com equipamentos desligados. "E não é para que haja uma elevação de preço, é porque não tem necessidade mesmo", diz.

A fabricante Glasser é outra que sentiu o desaquecimento da indústria. Desde o ano passado, demitiu 23% do seu quadro de funcionários e hoje trabalha com 70% de sua capacidade de produção.

"É um número ruim, porque o [setor de] bloco de concreto tem uma margem de rentabilidade muito baixa. A partir de 85% pode ser considerado bom", diz Mário Sérgio Guimarães, da Glasser.

EMBARQUE PAULISTA
O Estado de São Paulo fabrica 41,7% dos produtos industrializados exportados pelo país, segundo pesquisa do Seade (fundação da Secretaria Estadual de Planejamento).

Quando se trata de mercadorias que necessitam de uma maior intensidade tecnológica, a participação chega a 75,7%.

"O Estado concentra as produções das indústrias farmacêutica, aeronáutica e de máquinas e equipamentos. O setor automobilístico está se desconcentrando no país, mas ainda há muitas empresas em São Paulo", diz Haroldo da Gama Torres, diretor da fundação.

"Não sabemos qual será o efeito da mudança cambial nas exportações do Estado, mas não deve haver alterações no tipo de produto embarcado, já que isso é estrutural", acrescenta.

Gasto... O consumo de energia elétrica no mercado livre subiu 0,72% no primeiro semestre de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Comerc (gestora independente do setor).

...energético "A nossa expectativa era a de que o índice ficasse mais baixo, mas a desvalorização do real causou o aumento da produção de alguns setores da indústria", afirma Marcelo Ávila, vice-presidente da gestora.

Cascata tributária
Enquanto um americano paga 7% de imposto por um celular em Miami, o brasileiro arca com até cinco vezes mais tributos pelo mesmo aparelho, constatou o grupo Siqueira Castro Advogados.

A banca analisou o preço de cinco produtos incluindo a Sales Tax --único imposto sobre o consumo nos EUA.

Miami é a cidade que mais recebe os brasileiros que vão às compras. O município que tem o maior imposto é Washington, com 8,9%. Já o Estado com a maior carga é a Califórnia, com 8,5%.

No Brasil, os impostos ultrapassam 40%, com a incidência acumulada de ICMS, PIS, Cofins e, em alguns casos, ISS. "Aqui, temos uma cascata tributária", diz o sócio do escritório Jorge Henrique Zaninetti.

"A tributação no Brasil sobre produtos vem da indústria para o comércio até chegar no contribuinte", diz Marco Antônio Behrndt, do escritório Machado Meyer. "O americano paga um único imposto na boca do caixa."

DE MOTO NO INTERIOR DO PAÍS
A Harley-Davidson prevê a abertura de unidades em Santos, Sorocaba e Cuiabá até o próximo ano.

"Nosso plano é estar nos principais centros econômicos do Brasil", afirma o diretor-superintendente comercial da empresa no país, Longino Morawski.

A companhia não divulga dados de vendas no Brasil, mas, ao menos em 2011 e 2012, o país esteve entre os dez maiores mercados da marca no mundo, de acordo com o executivo.

A expansão da rede de lojas da Harley-Davidson no Brasil começou em 2011, quando a empresa estabeleceu sua própria subsidiária em São Paulo.

Desde então, foram inauguradas 15 concessionárias (dez em 2011, quatro em 2012 e uma em junho deste ano, em Salvador).

Marketing... A primeira pesquisa no Brasil sobre marketing na saúde começa hoje na zona sul de São Paulo durante evento da Healthers, comunidade do grupo Cboard que é formada pelas maiores empresas do setor no país.

...na saúde O 1º Fórum de Marketing para Saúde vai reunir 150 executivos de companhias da área, como os hospitais Oswaldo Cruz e Sírio Libanês. Há 50 mil empresas trabalhando nesse segmento no país, mas inexistem pesquisas.

Carro... O primeiro semestre terminou com cerca de 7 milhões de veículos elétricos em circulação no mundo, segundo a ABVE (associação brasileira do setor). No Japão, os híbridos correspondem a 11% do mercado.

...elétrico No Brasil, a entidade estima que haja atualmente cerca de 500 carros do tipo em circulação. Os números e o panorama do setor serão debatidos em setembro no 9º Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos.

COMBUSTÍVEL LIBERADO
O governo do Tocantins emitiu licença de operação que autoriza o início das atividades de armazenamento e distribuição de combustíveis na base da BR Distribuidora em Porto Nacional, próximo à capital Palmas.

A decisão deve ser publicada hoje no "Diário Oficial" do Estado. A unidade terá como principal meio de transporte a Ferrovia Norte-Sul.

De trem, a empresa vai receber gasolina e diesel oriundos do terminal de São Luís (MA) para distribuição na nova sede. No sentido contrário, etanol produzido por usinas será escoado pela ferrovia até o porto maranhense.

"A base está em um ponto que vai atender a demanda de uma região que cresce com a expansão agrícola", diz Jorge Celestino Ramos, da BR.

A construção da unidade, que tem capacidade para 33 milhões de litros, custou cerca de R$ 230 milhões.

Inflação e valores - FRANCISCO DAUDT

FOLHA DE SP - 24/07

Sabe o que é não ter noção se R$ 5 milhões por uma caixa de fósforos é caro ou barato? Já vivemos isso


Quando o AI-5 nos foi imposto, em 13 de dezembro de 1968, antes passou pelo endosso do primeiro escalão de Costa e Silva. Quando foi a vez de o vice-presidente Pedro Aleixo assiná-lo, ele se recusou.

-Por acaso o sr. teme que o presidente faça mal uso deste instrumento?

-De maneira nenhuma temo o presidente. Mas, quando o arbítrio e o autoritarismo se instalam nas altas esferas, eles descem em cascata até o guarda da esquina. A esse eu temo.

Estava estabelecida a "Lei de Pedro Aleixo", de grande utilidade para a compreensão da natureza humana: se os maiores impõem seu estilo autoritário, os idiotas o copiarão.

Que Madame tem estilo autoritário e comando destemperado, que não reconhece erros (ao ponto de achar que as manifestações nada têm a ver com ela), que ninguém tem coragem de discordar dela, que é cercada de sabujos e que há um monte de idiotas na ilha da fantasia a copiá-la estamos cansados de saber.

Meu ponto hoje não é esse. É algo muito mais grave. Como Madame acha que entende de economia --declarou que o ajuste fiscal e contas bem feitas, propostas daquele ministro da Fazenda que queria erguer uma estátua para o Malan, por ele ter saneado as contas públicas, eram propostas "rudimentares"-- e estava convencida de que "um pouquinho de inflação" ("levemente grávida") não fazia mal, a dita cuja está de volta.

Não vou mencionar que a "margem tolerada da meta" já furou o teto, "mas só a cabecinha", porque primeiro: ela é tolerada por quem? Segundo, porque quem gasta mais seu dinheiro em alimentação (os pobres) sabe no bolso que a inflação anunciada é muito menor que a real.

A razão de ser deste artigo é o fato que tenho idade bastante para me lembrar dos tempos de inflação de 80% ao mês, quase vivi num sonho de 20 anos com inflação civilizada e morro de medo do pesadelo que aqueles tempos foram.

Podia resumir o pesadelo da hiperinflação como sendo a perda da noção de valores. Deus nos poupe dos "salvadores da pátria", pois sempre aparece um, de tão horrível que é a situação. Hitler foi um deles. Outro papou nossa poupança.

Noção de valores. Sabe o que é não saber se R$ 5 milhões por uma caixa de fósforos é caro ou barato? Pois, jovem, acredite, já vivemos tempos assim. Eles tinham uns truques para enganar otário, como eliminar três zeros da moeda a cada seis meses e renomeá-la com a mesma rapidez. Carlos Chagas estampou a nota de dez dinheiros (sabe-se lá como a moeda se chamava). Sua família exultou. Porém, pouco durou aquela emoção. Mais seis meses e a nota era recolhida como obsoleta para o "novíssimo cruzadeiro novo" (houve tantos nomes...).

Mas, junto com a perda de noção de valores monetários, vinha a perda de autoestima, a perda de valores éticos, o estímulo à ganância, a facilitação da vigarice e da trapaça, já que ninguém sabe se e como está sendo roubado.

Madame, que teve seu tempo de lutar pelos proletários, agora vai deixar que eles sejam roubados pela inflação?

Você acha que temos muita corrupção? Espere para ver.


SOS Lula - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 24/07

O ex-presidente Lula está sendo estimulado por petistas graúdos a intervir no PT . Estes consideram que o partido perdeu o rumo diante dos protestos recentes. Avaliam que os petistas estão com medo de enfrentar as próximas eleições e procuram um salvador da pátria. Lula tem feito reuniões, mas reclama que muitas versões dessas conversas distorcem suas posições.

PT sofre crise de confiança
Os segmentos esquerdistas do PT , e até mesmo alguns moderados, estão fazendo uma dura crítica ao ex-presidente Lula. Aturdidos pelas recentes mobilizações, eles não o acusam diretamente , mas atacam sua política de alianças e a responsabilizam pelas mazelas dos governos petistas. Esses petistas querem romper o que chamam de “institucionalidade conservadora” . A confusão é tanta que, mesmo criticando a política de alianças que sustentou o governo Lula, principalmente na crise do mensalão, pregam o “Volta, Lula ”. Esses petistas acreditam que, mesmo sem maioria no Congresso e na sociedade, o PT deveria mandar os aliados às favas e governar só .

“O presidente Lula está preocupado. Temos conversado sobre isso . Nossa expectativa é de uma intervenção que coloque ordem na casa ”
Gilberto Carvalho
Secretário-geral da Presidência da República

A expectativa
Ministros do governo Dilma e dirigentes do Congresso, que tiveram contato com o Papa Francisco, ficaram impressionados com sua simplicidade. Eles saíram convencidos que o Papa fará profundas mudanças na Igreja Católica.

Guerrilha rural
Os produtores de café declararam guerra ao ministro Antônio Andrade (Agricultura). Ele disse que o baixo preço do café é um drama mais psicológico do que real. A presidente da CNA, Katia Abreu, reagiu dizendo que o ministro é que tem um problema psicológico. O preço mínimo não cobre o custo de produção, e o preço da saca caiu 24%

Volta para casa
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) informou ao Planalto ontem, no início da noite, que, até o final de semana, espera concluir as negociações com o governo da Bolívia e libertar os torcedores do Corinthians presos naquele país

Novo contencioso
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não gostou do veto a artigo da MP 160, que permitia passar de pai para filho as concessões de táxi. Renan pediu pela sanção desse artigo e havia entendido que a presidente Dilma teria concordado em reconsiderar e, até, assumido compromisso de sancioná-lo. No começo do ano, ela vetou projeto sobre o tema.

Cordialidade
Internado no Hospital Sírio-Libanês, onde está em tratamento, o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), recebeu a visita do ex-senador tucano José Serra. Eles conversaram por bom tempo, e o governador apreciou muito a visita.

Afasta de mim este cálice
Apesar das gestões de última hora, o comando da principal tendência do PT , a CNB, decidiu manter a exclusão da chapa para o Diretório Nacional dos condenados no processo do mensalão: José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.

SAMBA DO TRABALHADOR. José Evangelista de Oliveira foi reeleito presidente do Renascença Clube, fortaleza do samba de raiz no Rio de Janeiro.

São 50 milhões - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 24/07

Do ponto de vista demográfico, o que está por detrás da onda de manifestações que ocorre em todo o país é a consolidação de um contingente de 50 milhões de jovens (de 15 a 29 anos), no Brasil, estabilizado nesse patamar desde 2005, quando a população registrou 51 milhões de jovens e 52 milhões de crianças. No eixo de suas motivações, a incerteza em relação ao próprio futuro e ao das gerações seguintes.

As projeções são da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, cujo titular, ministro Marcelo Nery, encomendou o estudo ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Constatou-se que esse contingente de jovens deve permanecer mais ou menos estável nos próximos 20 anos.

Quando tiverem entre 30 e 45 anos, assim como quando atingirem a faixa de 45 a 60, os jovens de hoje representarão, simultaneamente, o maior contingente absoluto e relativo de trabalhadores brasileiros de todos os tempos. Que futuro as elites dirigentes do país lhes reserva?

Altruísmo
Um neodarwinista como Richard Dawkins (O gene egoísta; Deus, um delírio) diria que o altruísmo dos jovens que vão às ruas nada mais é do que o instinto de sobrevivência do gene replicador da espécie, diante das ameaças da crise econômica mundial e das nossas desigualdades. E que os bons rapazes sempre vencerão, salvarão os ingênuos e derrotarão os vândalos.


O jovem peregrino que participa da Jornada Mundial da Juventude, na qual o papa Francisco mobiliza milhões de brasileiros em comunhão, diria que a esperança é a última que morre, mas é a fé que remove as montanhas que os separam de uma vida melhor, com direito à educação, à saúde, ao trabalho, ao transporte e à moradia dignos.

Vão descer
A visita que o papa Francisco fará hoje ao Hospital da Venerável Ordem Terceira da Penitência promete uma comoção no tradicional bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio. As principais vias da vizinhança serão bloqueadas para a passagem do papa, que estará no local a partir das 18h, após visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). No caminho estão os morros do Salgueiro, Casa Branca, Formiga e Borel.

Sem crise/ Houve um show de incompetência das autoridades encarregadas da segurança do papa Francisco no Rio de Janeiro, que agora tiram o corpo fora e fogem de suas responsabilidades. Mas quem está menos preocupado com o que aconteceu é o próprio pontífice.

Sem risco/ O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, negou que o papa Francisco tenha sofrido ameaça ou sido exposto a riscos por ter circulado pelas ruas do Centro do Rio. “O papa quis deixar sua marca”, ressaltou.

Anarquia
Comentário do líder do PMDB, Eduardo Cunha (foto), do Rio de Janeiro, sobre os recorrentes atos de vandalismo, após os protestos contra o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB): “Estamos vivendo um estado de anarquia, que se sobrepõe ao Estado real”.

Seguro
O Ministério do Trabalho anunciou ontem que o reajuste do seguro-desemprego para quem recebe acima do salário mínimo: passará de 6,2% para 9%

Médicos
Os deputados federais e presidentes das comissões de Cultura, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e da Educação, Gabriel Chalita (PMDB-SP), visitaram ontem os estudantes acampados no prédio da reitoria da Universidade Gama Filho, em Piedade, Zona Norte do Rio. A venda da universidade para o grupo Galileu, autorizada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante (foto), provocou o colapso da instituição, inclusive, de sua tradicional Faculdade de Medicina, cujos acadêmicos correm o risco de não conseguirem se formar. Não existe transferência para estudantes dos cursos de medicina.

Sinuca// Cresce no PMDB fluminense a opinião de que o governador Sérgio Cabral deve permanecer no cargo até o fim do mandato, em vez de concorrer ao Senado. A estratégia do PMDB era o vice Luiz Ferrnando Pezão assumir o governo e concorrer à reeleição.

Nova órbita - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 24/07

Eduardo Campos destituiu o lulista Walfrido dos Mares Guia do comando do PSB de Minas. Em seu lugar, foi designado o deputado Júlio Delgado, defensor da candidatura de Campos à Presidência e também ligado a Aécio Neves (PSDB). O senador foi informado previamente por Campos sobre a mudança. O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, ligado aos dois presidenciáveis, será pressionado a se candidatar ao governo. Se aceitar, seu palanque pode ser dividido entre a dupla.

Porta de saída Mares Guia, ex-ministro de Lula que trocou o PTB pelo PSB justamente para se aproximar do PT, deve buscar nova casa depois de ter sido afastado da presidência do PSB mineiro por Eduardo Campos.

Contramão A mudança operada pelo pernambucano em Minas pode se repetir em seções em que o partido não esteja afinado com a tese da candidatura própria. O movimento contradiz a expectativa de dirigentes petistas.

Persona... Campos não vai rebater as recentes estocadas de Rui Falcão, presidente do PT, que duvidou de sua candidatura em entrevista ao programa "Roda Viva".

...non grata Aliados do pernambucano dizem que o interlocutor de Falcão no PSB é o vice-presidente, Roberto Amaral, e só se referem ao dirigente petista como "aquele deputado estadual que atualmente preside o PT".

De casa Amigo de José Serra, o ex-prefeito de Vitória e ex-deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas vai chefiar a assessoria técnica de Aécio no Senado. Ele fará estudos sobre o governo para municiar a atuação do tucano na Casa.

Nova... O PMDB paulista avisou ao Palácio dos Bandeirantes que vai reabrir negociações com Geraldo Alckmin (PSDB) para formar uma aliança em 2014. O partido quer o posto de vice na campanha de reeleição do tucano e uma coligação com o PSDB na chapa de deputados.

...frente Dirigentes afirmam que a queda na avaliação de Dilma Rousseff impede que a presidente pressione o partido a se aliar ao PT em São Paulo. O vice-presidente Michel Temer teria alertado que esse não é o momento de discutir o assunto no Estado.

Fogueira Ao apontar falhas em processo sobre desvios da Bancoop para campanhas do PT, o ex-diretor da cooperativa João Vaccari jogou luz sobre um colega de partido. Sua defesa diz que a promotoria errou "ao escolher quem denunciar, excluindo Ricardo Berzoini", então diretor da cooperativa.

No foco Entre as testemunhas convocadas para prestar depoimento sobre o caso em setembro está Freud Godoy, ex-secretário particular de Lula. Ele também é acusado por Marcos Valério de custear despesas pessoais do ex-presidente com recursos do esquema do mensalão.

Batata... Em meio à visita do papa Francisco, membros do governo discutem o projeto que dá assistência a vítimas de estupro, aprovado pelo Congresso. Por prever a "profilaxia da gravidez", o projeto é criticado por religiosos, que acham que o texto abre brecha para o aborto.

...quente Entre as alternativas em estudo, estão sancionar o projeto ou vetar o trecho e sugerir aos congressistas uma nova redação, optando pela expressão "contraceptivo de emergência".

Timing Integrantes do Planalto afirmam que a presidente só discutirá os vetos quando o papa deixar o país, na semana que vem. Ela tem até 1º de julho para a sanção.

Baqueou Após dias deixando o Planalto após 21h, Dilma antecipou o fim do expediente ontem e voltou ao Palácio do Alvorada durante a tarde, com gripe e febre.

Visita à Folha Luiz Sales, Alex Periscinoto, Walter Fontoura e Daniel Bruin, sócios da SPGA Consultoria de Comunicação, visitaram ontem a Folha, onde foram recebidos em almoço.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"O presidente do STF, Joaquim Barbosa, é daqueles: faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço. Cinismo jurídico é sua doutrina."
DO VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA, ANDRÉ VARGAS (PT-PR), comentando a compra de um apartamento em Miami pelo ministro, no ano passado.

contraponto


Consultoria especializada
"Em uma palestra, Marina Silva contou a história de um cacique que consultou um meteorologista para saber se choveria nos próximos dias, o que obrigaria sua tribo a armazenar lenha. Ao receber a notícia de chuva, o líder perguntou ao especialista se ele tinha certeza.

--Certeza eu não tenho. Quando a gente quer ter certeza, a gente olha os índios: se eles estiverem juntando lenha, é porque vai chover! -- respondeu o técnico.