segunda-feira, novembro 11, 2013

A burocracia e o Estado - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 11/11
Praticamente todos os grandes pensadores políticos da História - de Marx a Engels, de Weber a Bobbio - se dedicaram, em algum momento, a estudar a importância, a influência e a dominação da burocracia sobre as políticas públicas - e, consequentemente, sobre os eleitos e seus eleitores. Como dizia o próprio Weber, as demandas sociais e políticas devem, sim, determinar o que o Estado tem por obrigação fazer. Não são, portanto, os interesses específicos dessa estrutura burocrática que devem se tornar "interesses universais", que beneficiam o establishment.
O Estado brasileiro e essa constatação se tornam mais graves em função de que estamos comemorando o 25º aniversário da Constituição Federal de 1988, parece continuar preso à ordem emanada da burocracia. Mal comparando fatos, a própria busca desenfreada de milhares de brasileiros por um cargo em repartições públicas, nas várias esferas de poder e funcionalidade, demonstra uma "busca" insana por entrar numa camada social e ser "cooptado" para uma classe superior - algo que, a rigor, não existe.

Os agentes estatais permanentes, de hierarquia rígida até na divisão do que não se fazer, também têm influência sobre outros elementos e decisões inerentes ao governante eleito. E isso é feito de duas maneiras. A primeira, aparentemente ética, ao preparar argumentos e propor soluções internas para beneficiar uma casta, um grupo segmentado: bancos, empreiteiros rodoviários, grupos de telecomunicações, energia, TI e até mesmo estabelecimentos (seitas e doutrinas) religiosos.

A outra, mostrada a granel recentemente em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, escancara o ladrão, o trapaceiro, o indecoroso. Recentemente, vários funcionários da Prefeitura de São Paulo foram presos por
fraude de R$ 500 milhões - o esquema sob proteção política desviava dinheiro de ISS de grandes empreendimentos imobiliários. Não se passa um dia sequer sem que jornais e tevês apresentem um caso - até mesmo de programas solidários e beneficentes.

A observância a regulamentos tolos e o excesso de documentos e exigências vêm, no fundo, escondendo o mal que esses servidores especificamente, um verdadeiro "exército de parasitas", fazem ao país. É hora, pois, de destruir esse poder quase autônomo - e a chance vem de nossa percepção, compreensão e ação diante de fenômeno no processo eleitoral que se aproxima. Não podemos admitir que, novamente, tenhamos que ouvir de candidatos majoritários asneiras e tolices sobre se o Estado deva ser mínimo ou máximo ou se é o caso de se reduzir ou não a quantidade de DAS, os chamados cargos de confiança.

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