quarta-feira, junho 01, 2011

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Aécio lança iPad, UAIPAD!


Ueba! Aécio lança iPad, UAIPAD! 
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Direto do País da Piada Pronta: "Roupa Nova faz show pra Campanha do Agasalho". "Veado invade farmácia no Rio Grande do Sul". E "Produtor rural colhe mandioca gigante". Em que cidade? GLÓRIA DE DOURADOS! Rarará!
E em Juazeiro, Pernambuco, tem uma loja de CD chamada "Toca Gostoso pra Nós Dois!".
E a Dilma foi pro Uruguai. Com aquele terninho de técnico de futebol. Terninho da Colombo.
E adorei a charge do Pelicano com a Dilma na máquina de calcular: "Bem, eu prometi tirar 26 milhões de brasileiros da pobreza. Descontando o Palocci, que vale por 20, isso vai dar...". Vai dar merda. Rarará!
E uma amiga minha disse que mulher de TPM é igual ao Palocci: tudo multiplica por 20! Rarará!
E já viu o Palofi falando "relação" com aquela língua plesa? "Felação. Vamos discutir a felação."
E quem disse que a oposição não tem novas ideias? O Aécio acaba de lançar um novo tablet: o UAIPAD! iPad pra mineiro. Mas não iPad nada pra mineiro que mineiro é pão-duro!
E o Lula tá em Cuba! Vai se encontrar com o El Coma Andante? Diz que vai visitar pontos econômicos. Em Cuba?! O único ponto econômico em Cuba é ponto de pegação!
E sabe como se chama aquele decote tomara que caia em Cuba? ABAJA E CHUPA! E pinga em Cuba é pingolim duro. Por isso que o Lula nunca convidou um cubano pra tomar pinga!
E Cuba é sensacional em saúde e educação. E FUNILARIA! Os cubanos são os melhores mecânicos do mundo. Aqueles carros americanos tão rodando há 50 anos! Cubano é bom de gambiarra. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E o Brasil do Futuro! O site Kibeloco está revelando manchetes pra 2030: "Corinthians perde pro Once Mierdas e dá adeus ao sonho da Libertadores". "Sarney é eleito presidente do Senado e fala em renovação." "Britney Spears é presa no aeroporto de Miami com maço de cigarro." E "Angela Bismarchi morre, é reciclada e volta como pneu de van escolar". Rarará!
E adorei esta: "Agroferragens Luizão! Só não tem o que não tem". E estamos conversados! Hoje só amanhã! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Bob's mira interior e anuncia mais de 200 lojas
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11

O Bob's vai expandir para cidades do interior e muda estratégia com novo slogan. Até o final deste ano, a rede de fast food abrirá 206 lojas, com foco em municípios com até 60 mil habitantes.
"Desenvolvemos um modelo de loja menor que nos permite antecipar a entrada em cidades consideradas "mercados emergentes'", afirma Marcello Farrel, diretor-geral da rede.
O plano de expansão terá investimento de R$ 135 milhões para 2011, entre abertura de lojas, reformas de unidades e nova estratégia de posicionamento da marca.
Atualmente, a rede possui 779 lojas distribuídas em todos os Estados do país.
Entre as capitais que devem ganhar novas unidades neste ano, estão São Paulo, Florianópolis e Brasília.
Além da expansão no Brasil, a empresa também prepara novas lojas no mercado internacional.
No Chile, até o final do ano serão mais três unidades. Hoje cinco estão em operação.
A atuação em Angola deve triplicar até o final de 2012, das atuais três para nove unidades, segundo Farrel.
A empresa começa hoje em todo o país um novo slogan "Bob's não dá para controlar". "O objetivo da mudança é dar um pouco mais de agressividade à marca", afirma Farrel.
Apenas nessa campanha serão investidos R$ 28 milhões neste ano.

BASE DA PIRÂMIDE
Entre os mais de US$ 10 bilhões que o BID pretende aprovar em cerca de cem empréstimos até 2014 no Brasil, uma parcela será direcionada a projetos de "oportunidades para as maiorias".
O departamento que direciona recursos à base da pirâmide social foi criado há cinco anos, mas quer agora ampliar os empréstimos.
Acaba de ser assinada a liberação de US$ 5 milhões para um projeto do Banco Gerador que oferecerá linhas de crédito no Nordeste.
Foi também aprovado empréstimo de US$ 10 milhões para a Tenda Atacado investir em programa de crédito para microempresários do setor alimentício em SP, segundo Guilherme Piereck, consultor internacional para a área no Banco Interamericano de Desenvolvimento.
"Mais um projeto deve ser anunciado em breve."
Neste mês, o BID fará seu primeiro encontro sobre financiamento a negócios em mercados de população carente, em São Paulo.

FESTA ITALIANA
A comunidade italiana se prepara para comemorar o Momento Itália- Brasil, que começa em outubro próximo, com vários eventos, além do aumento da presença de empresas da Bota no país.
"As empresas italianas estão mais e mais orientadas para o exterior", diz o embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca. "Além de Fiat, Pirelli e TIM, há muitas outras empresas fazendo investimentos no Brasil. Pequenas e médias têm formado consórcios para investir no Norte e no Nordeste."
De janeiro de 2010 a maio deste ano, as empresas instaladas no Brasil saltaram de 300 para mais de 400. O número de consultas de companhias interessadas no mercado brasileiro cresceu cerca de 30% no período.
Para as comemorações, uma comitiva de empresários italianos virá ao Brasil em outubro. Há cerca de 400 eventos, previstos para 19 Estados. Entre eles, uma das maiores exposições de Roma Imperial que já saiu da Itália, um "tour" para conhecer a Itália sem sair de SP por prédios e lugares que remetem à cultura do país e uma mostra sobre a influência italiana em diversos setores.

Hotel... 
A receita total dos mercados hoteleiros de São Paulo, Rio, Salvador, Curitiba e Porto Alegre subiu 14,3% em 2010, ante o ano anterior.

...em alta 
A demanda cresceu 9,4%, enquanto a oferta subiu 0,28%, segundo estudo que a assessoria de investimento HotelInvest apresenta amanhã no Salão Imobiliário Internacional de Madri.

Estudante 

A Editora FGV quer aumentar em um ano a fatia do faturamento das vendas para cursos de graduação, dos atuais 30% para 50%, e lança na semana que vem a coleção FGV Universitária.

Silicone 
A indústria do silicone deve crescer entre 10% e 15% neste ano, de acordo com a Comissão Setorial de Silicones da Abiquim.

Brasil é o país mais otimista com economia, diz pesquisaOs brasileiros são os mais confiantes com o futuro da sua economia nacional, segundo estudo do instituto Ipsos, feito em 24 países.
Daqui a seis meses, o panorama econômico do Brasil será melhor do que o atual para 72% dos entrevistados.
No levantamento anterior, realizado em março, 67% dos brasileiros estavam otimistas sobre melhorias na economia nacional.
A Arábia Saudita e a Índia são os dois países que aparecem em seguida, com 60% e 55%, respectivamente.
A França tem o índice mais baixo de pessoas otimistas com a economia, de 4%.
Mais da metade da população brasileira (52%) define o estado atual da economia do país como "boa".
A pesquisa, que é realizada mensalmente, ouviu 18,8 mil pessoas, com faixa etária entre 16 e 64 anos, durante o mês de abril.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

GOSTOSA

MÔNICA BERGAMO - LOTERIA FEDERAL


LOTERIA FEDERAL
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11

A Odebrecht colocará R$ 30 milhões do próprio bolso na primeira etapa das obras do estádio do Corinthians, o Itaquerão. O BNDES até agora não aprovou o financiamento ao projeto. Se o impasse persistir, a arena dificilmente sai do chão.

DESENHO
O banco quer que a empreiteira tome o empréstimo, se responsabilizando diretamente por ele. A Odebrecht não aceita, pois ficaria responsável pelo crédito por mais de uma década. Defende a criação de um fundo de investimento imobiliário em que o Corinthians seria o maior cotista. Esse fundo tomaria o empréstimo no BNDES. A empreiteira seria avalista. O banco até agora não aceitou a fórmula.

DESENHO 2

Outra dificuldade é que o Corinthians só aceita colocar como garantia do financiamento a venda do "naming rights", o direito de batizar a arena, que seria negociado no futuro com alguma empresa. A própria Odebrecht quer que o clube abra a possibilidade de garantir o empréstimo com renda da bilheteria e exploração de camarotes, por exemplo.

PÉ QUENTE
O apartamento de R$ 6,6 milhões do ministro Antonio Palocci tem aquecimento de piso nos banheiros.

IDEIA COMUM
Além do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que apresentou proposta no Congresso para descriminalizar as drogas, também o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) telefonou a Fernando Henrique Cardoso para dar os parabéns por defender a ideia. Já os dirigentes do PSDB não tocaram no assunto. Sobre a opinião dos tucanos, FHC diz: "Eu não perguntei".

VOTO
Pelo menos um tucano já manifestou a interlocutores contrariedade com o filme "Quebrando o Tabu", em que FHC defende a descriminalização das drogas: José Serra. Ele teme o uso em campanhas eleitorais.

BRILHO
O orçamento do Minha Casa, Minha Vida 2 deve aumentar. Com a decisão de colocar azulejos em todas as paredes dos banheiros e cerâmica nas cozinhas das casas, o custo das obras subirá. A primeira possibilidade era diminuir a meta de 2 milhões de moradias. Numa conversa com Paulo Simão, da Câmara da Indústria da Construção, no avião que a trouxe do Uruguai, a presidente Dilma Rousseff afirmou, no entanto, que manterá o número de unidades. E destinará mais recursos para o programa.

QUEDA DO MURO
Já a possibilidade de colocar muros nas residências foi abandonada, bem como a instalação de energia solar.

OUTROS OLHOS
A OpArt, loja de óculos de grife que Marcos Amaro, herdeiro da TAM, mantinha na rua Oscar Freire, fechou as portas. Ele diz que pretende tocar uma galeria de arte e fotografia, a Galeria da Rua, que já funcionava no espaço.

TELA E TABU
O filme "Quebrando o Tabu", que estreia nesta sexta, teve primeira exibição anteontem no shopping Frei Caneca. Foram à pré-estreia os apresentadores Luciano Huck e Marina Person, os músicos Sandy e Lucas Lima, a urbanista Marta Grostein, a atriz Regina Braga e o médico Drauzio Varella, que participa do filme.

É O MEU GURI
O Projeto Guri apresentou seus bolsistas de 2011 e fez show do músico João Donato com os bolsistas de 2010, no Citibank Hall, anteontem. Alessandra Costa, diretora da Associação Amigos do Projeto Guri, estava na plateia.

QUEM QUER PALCO?
A Funarte (Fundação Nacional de Artes) seleciona projetos musicais para montar em suas salas em SP, Rio, Brasília e Belo Horizonte. O edital é de R$ 1,7 milhão.

CÉUS
Gisele Bündchen será a estrela da festa de 15 anos da Sky, que acontecerá no dia 30, no Golden Hall, em SP.

JAZZ VEGETARIANO
O baixista Marcus Miller e o saxofonista Billy Harper, duas das principais atrações do BMW Jazz Festival, vetaram qualquer alimento com carne vermelha em seus camarins. Miller pede também dois tipos de pratos veganos (sem ingredientes de origem animal). Os shows acontecem de 10 a 12 de junho no Auditório Ibirapuera.

CURTO-CIRCUITO

O historiador e jornalista Ricardo Bellissimo lançará o livro "Negro Amor" no sábado às 16h no Spazio Vintage, na Vila Madalena.

Jorge da Cunha Lima, da Fundação Padre Anchieta, coordena o 1º Seminário Internacional de Integração Jornalística. Quinta e sexta, no Itaú Cultural.

O Circuito Sesc de Artes começa hoje e vai até o dia 19 em 88 cidades do Estado de São Paulo.

Os DJs Alan Liao, Daniel Dalzochio e Eduardo Vallejos comandam a pista do Tonk Club, hoje, às 23h. Classificação: 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

FERNANDO RODRIGUES - Seis meses e uma crise


Seis meses e uma crise
 FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11

Dilma Rousseff inicia hoje o sexto mês de mandato. Enfrenta também sua primeira crise real. É um enguiço de natureza exclusivamente política. O ministro mais forte do governo, Antonio Palocci, é execrado todos os dias no Congresso. O PMDB, principal partido aliado, saliva em profusão sonhando com mais poder e cargos.

Lula fez um convescote em Brasília e sapecou em Dilma a pecha de presidente frágil e sem capacidade de articulação. A prova da fraqueza se materializou na votação do Código Florestal. O governo foi humilhado por sua própria base de apoio. Grupos internos no PT se digladiam. Posicionam-se para herdar o futuro espólio no caso de queda de Palocci.

Petistas como Eduardo Suplicy cometem sincerocídio. Vazam minúcias sobre o faturamento do ministro da Casa Civil. Há um desarranjo completo na política. Essa é a única área na qual um presidente não está autorizado a errar. Apesar da maré negativa, há um consolo para Dilma. Ela enfrenta as vicissitudes num clima de razoável estabilidade econômica. A inflação está além do esperado, mas ninguém ousa prever uma crise.

Só que a economia sozinha não basta. Dilma sabe. Já começou a se dedicar a uma tarefa pela qual não demonstra ter nenhum prazer: receber políticos para jantares, almoços e reuniões intermináveis. Gastará seu tempo para ouvir o raciocínio helicoidal de deputados e de senadores. A opção seria reformular já seu staff político dentro do Planalto. Passaria um recibo de que sua escolha inicial foi ruim.

Do ponto de vista político, a presidente está, portanto, encalacrada. Não tem como descartar Palocci ou qualquer outro ministro no momento. Terá de se desdobrar e assumir ela própria a condução de negociações com o Congresso. É um risco enorme. Fica sem anteparos. Um quadro ruim para quem apenas começa seu sexto mês de um mandato de quatro anos.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


No quintal dos outros
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11
Apesar de ter dado um "pause" momentâneo na entrega de cargos do segundo escalão, para afastar a ideia de que negocia a blindagem de Antonio Palocci, o Planalto abriga hoje nova rodada da disputa entre PT, PMDB e PSB, que segue a toda nos bastidores.
Petistas têm encontro agendado com o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) para tratar do leque de indicados a postos federais nos Estados, muitos deles sob o guarda-chuva da Integração Nacional -pasta comandada pelo PSB. Já Dilma recebe os presidentes dos partidos aliados, cheios de críticas à tentativa do PT de avançar sobre a "cota alheia".

Sujeito oculto 
Ainda intrigados com o bate-boca entre Palocci e Michel Temer, peemedebistas se dizem convencidos de que, no telefonema em questão, o ministro acionou o viva-voz para que gente bem mais importante do que Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e Cândido Vaccarezza (PT) ouvisse a ameaça feita ao vice.

Identifique-se 
Vaccarezza foi barrado na manhã de ontem quando entrava no Anexo 2 da Câmara. O segurança lhe pediu "o crachá". Uma funcionária tratou de apresentar o líder do governo ao policial legislativo.

Reprise 
Diante das revelações feitas por Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre atividades da empresa de Palocci, petistas lembravam ontem que, em 2005, o correligionário deu sua assinatura à abertura da CPI dos Correios.

Deixa pra lá 
Luiz Henrique (SC), um dos "independentes" do PMDB que ensaiaram assinar o requerimento de CPI para o caso Palocci, agora desilude a oposição: "Se houvesse CPI, a conclusão seria encaminhada ao Ministério Público mesmo".

Tanto faz 
O grupo do PMDB que fechou acordo para não assinar o pedido diz confiar plenamente no parecer do procurador-geral da República, seja ele contra ou a favor de Palocci.

De saída 1 
Ellen Gracie decidiu se aposentar do Supremo Tribunal Federal. O pedido deverá ser apresentado nas próximas semanas, antes do recesso de julho. No meio jurídico, há a expectativa de que Dilma indique uma mulher para essa cadeira.

De saída 2 
Gracie, 63, foi a primeira mulher a chegar ao Supremo, escolhida em 2000 por FHC. Durante o governo Lula, a ministra tentou, sem sucesso, obter vaga em duas cortes internacionais: primeiro no Tribunal de Haia, depois na OMC.

O meu e o seu 
Em almoço ontem, Michel Temer e Eduardo Campos (PSB-PE) selaram um armistício: o PMDB não retalia o deputado Thiago Peixoto (GO), hoje secretário do governo de Goiás, de saída para o PSB. Em troca, Campos não encrenca com a filiação de Gabriel Chalita (SP) ao PMDB, a ser selada neste sábado.

Cerco 
Já o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, disse que defenderá na Executiva do partido a ida à Justiça para exigir de volta o mandato de Chalita, aposta do PMDB para a disputa da prefeitura paulistana.

Café com leite 
Marcelo Garcia, consultor do DEM que presta serviços a Antonio Anastasia em Minas, será um dos elaboradores da nova política de assistência social do governo paulista.

Visita à Folha 
Miguel Srougi, professor titular de Urologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Conselho Consultivo do Instituto Criança é Vida, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio
"O painel histórico do Senado confeccionado pelo Sarney deveria trazer uma advertência: não vale para o vestibular."
DO SENADOR PEDRO SIMON (PMDB-RS), sobre a galeria de imagens montada para contar a história da Casa e que excluía episódios como o impeachment de Fernando Collor. Diante da péssima repercussão da iniciativa, Sarney, que até anteontem a defendia, determinou a recolocação do evento.

contraponto

Serviço de demolição

Em jantar anteontem, senadores do PMDB discutiam, entre outros pontos de atrito com o Planalto, o projeto para reduzir a margem de manobra do Executivo na edição de MPs. Embora ele tenha sido endossado pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), Dilma rejeitou a iniciativa e determinou recuo.
Em tom de brincadeira, um dos comensais perguntou quem ali assumiria a tarefa de dizer a todos os líderes partidários que o que era consenso já não vale mais. Diante da falta de voluntários, alguém sugeriu:
-Indicaremos um líder para desmanche de acordos!

COFRÃO

ROBERTO DaMATTA - Somo tudo palaciano


Somo tudo palaciano
ROBERTO DaMATTA

O GLOBO - 01/06/11

Com o devido respeito, mas nessa era petista, quando misturamos o pior do mercado com o mais desonesto estatismo, o caso Palocci ultrapassa a trivial suspeita de enriquecimento indébito. Ele contempla aspectos típicos do lulopetismo, bem como o passado do suspeito, mas vai adiante. Mais uma vez ele nos põe diante de nós mesmos, já que todos somos palocianos ou palacianos e temos a certeza de que, uma vez na panelinha, a "ética da condescendência" que sustenta o nosso espírito ainda patronal-escravocrata salva qualquer um do inferno. Mesmo quando se fala errado e relativiza-se o moralismo da língua culta, vendendo (eis o que conta) milhares de livros ao Ministério da Educação. A questão, entretanto, é que esse aumento patrimonial comicamente extraordinário abre uma porta sequer ventilada pela teoria política nacional.

Refiro-me ao fato de que, no Brasil, o Estado não é um instrumento da burguesia, como manda o velho Marx. É, isso sim, um veículo de enriquecimento e de aristocratização de seus funcionários, na razão direta de sua importância dentro das suas burocracias. Basta tabular o aumento patrimonial dos seus membros situando o quanto possuíam e quanto eles amealharam depois que cumpriram os tremendos sacrifícios de fazer parte do poder para verificar o triunfo da mendacidade com o povo, pelo povo, e para cada um de deles!

Na relação até hoje mal estudada entre o Estado (com suas leis) e a sociedade (com seus costumes e tradições), esses casos revelam algo típico da tal América-Latina: o fato de que o Estado é hierarquicamente superior à sociedade. Ele traz à tona o mito segundo o qual, quando Deus nos inventou, Ele primeiro fez o Estado (com seus caudilhos, ministros, secretários, puxa-sacos e toda a malta que estamos fartos de conhecer), e depois fez uma desprezível sociedade com a sua miscigenação, os seus burgueses, sua abjeta classe média e a massa de miseráveis com escolas (mas sem professores respeitados e bem pagos); com hospitais (mas sem médicos); com delegacias (mas com policiais bandidos) e com essa esquerda autocomplacente que inventou a bolsa-ditadura, que anistia destruidores da floresta e que ama o atraso.

Quando surge a suspeita de um enriquecimento ridiculamente excepcional, como esse de Antonio Palocci - imagine, leitor, você em quatro anos ter mais 19 apartamentos, mesmo pequenos como o seu! -, batemos de frente com um aspecto pouco visto. Refiro-me ao fato de tanto a direita quanto o centro e a esquerda serem todos viciados em Estado! A estadofilia, estadomania e estadolatria é o cerne do nosso republicanismo, é ele - supomos! - que vai corrigir a sociedade. Por isso é centralizador, autoritário e perdulário. Ele usa leis para não mudar costumes.

Num país do tamanho do Brasil é impossível não desperdiçar recursos com a centralização. É impossível controlar de Brasília o que se passa no cu de judas! Mais: nada melhor para a ladroagem, para o tráfico de influência e para o furto cínico dos dinheiros do povo do que essa concepção de um Estado autista, com razões que só ele conhece. Um órgão engessado em si mesmo e avesso ao mercado e a qualquer tipo de controle, competição ou competência. Tudo isso que o lulopetismo endossou por ignorância e/ou malandragem, mas que ainda goza de um inigualável prestígio junto da nossa opinião pública dita mais esclarecida que tem horror ao mercado.

Por quê? Porque esse é o resultado da operação de um Estado feito de parentes e amigos que eram de sangue e hoje - eis a contribuição petista - são ideológicos. Um Estado autocomplacente e referido, como mostra esse vergonhoso governo de coalizão que serve primeiro e si próprio, depois a si mesmo e, em terceiro e último lugar, aos seus adoradores. Jamais lhe passa pela sua cachola, cheia de prêmios a serem distribuídos aos seus compadres, servir à sociedade que o sustenta.

Numa estadolatria, há alergia a competição e a seguir o básico das repúblicas: atribuir responsabilidade. Daí o "eu não sabia", pois todos concordam com o descalabro, mas nada acontece. Como punir o ministro? Como sair de um viés aristocrático que foi justamente a matriz social dos republicanos que queriam ser presidentes, fiscais do consumo, embaixadores, ministros do Supremo e senadores? As mensagens não passam nessas redes administrativas em contradição cujos agentes sabem que enriquecer fácil significa criar dificuldade para vender facilidade. Algo simples de fazer nas sucessivas aristocracias que têm usado o liberalismo político como um disfarce para assaltar o Brasil. Em outras palavras: o governo dá para seus filhos; nós, os trabalhadores assalariados que não temos cláusulas secretas com quem nos paga, como é o caso do Palocci, pagamos a conta!

Será que ninguém sacou a burrice de aplicar marxismo burguês a um Brasil tocado a escravidão? Um país com uma burguesia contra máquinas e toda ela apadrinhada por si mesma? Eu fico com vergonha ao ler como a nossa burguesia é reacionária quando sei que a modernização política do Brasil foi feita por um avô fujão, por um filho mau-caráter e por um neto que não sabia o que acontecia em sua volta. A partir das repúblicas de 89, contam-se nos dedos os administradores e políticos que não multiplicaram por 20, 200 ou 2.000 seus patrimônios graças ao controle de um pedaço do Estado!

Palocci é juvenil perto dos outros que, se citados, tomariam todo o espaço de um jornal. Aguardo suas explicações que serão normas de ouro para o enriquecimento blitzkrieg.

ANTONIO DELFIM NETO - Credibilidade


 Credibilidade
ANTONIO DELFIM NETO
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11

A situação econômica e social do mundo é preocupante. A recuperação dos EUA continua lenta e incerta. E, pior, ela se faz sem um aumento do nível de emprego. O Fed (banco central americano) tenta sustentar o crescimento entre 2,5% e 3% para 2011, sob a ameaça das consequências indesejadas no longo prazo de suas políticas de curto prazo, mas a ação do Executivo está paralisada no Congresso pela eleição de 2012.

Como disse Herbert Stein (presidente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente dos EUA, de 1972 a 74), "os economistas não sabem muita coisa sobre como funciona o sistema econômico, mas os outros - particularmente os políticos responsáveis pela política econômica - sabem muito menos!".

A situação da Europa (e do euro) talvez seja ainda mais complicada do que a dos EUA, apesar do crescimento da Alemanha. É pouco provável que a dívida pública acumulada por alguns dos seus membros (particularmente a Grécia) possa ser resolvida sem uma renegociação adequada acompanhada por formidável e pouco provável aumento da produtividade.

Todos os emergentes (inclusive a China e a Índia) sofrem a ameaça de processos inflacionários. Estão tentando reduzir (com cuidado) o ritmo de seu crescimento, o que implicará uma redução do volume da demanda mundial de importação. Os preços, entretanto, dependerão da política monetária dos EUA e da consequente variação do valor do dólar. Esta comanda a ação dos hedges funds que determinam, mais do que a relação entre a oferta e a demanda físicas das commodities, os seus preços. O caso mais conspícuo é a cotação do petróleo.

Sem meias palavras: o vento a favor que soprou até 2008 transformou-se numa calmaria que pode prenunciar grave tempestade. É tempo, portanto, de colocarmos nossas barbas de molho.

A atual política econômica e social tem nos servido muito bem nessa travessia. Nunca como agora, porém, foi tão necessário tranquilizar a sociedade, acelerando a implementação de medidas macro e microeconômicas coordenadas que produzam um aumento persistente da produtividade da mão de obra e também contribuam na redução das pressões inflacionárias.

Isso exige a máxima credibilidade do governo. O affaire Palocci, por exemplo, insere-se nesse contexto. É fundamental que o ministro esclareça o assunto com presteza para que não seja julgado apenas por sinais exteriores. Nem o valor dos contratos, nem as cláusulas de confidencialidade, nem mesmo a taxa de sucesso configuram, a priori, comportamento condenável.

É evidente que só a transparência urgente e absoluta pavimentará a recuperação da sua credibilidade.

GOSTOSA

ROSÂNGELA BITTAR - Um governo à espera de Dilma


Um governo à espera de Dilma
ROSÂNGELA BITTAR
VALOR ECONÔMICO - 01/06/11
A pergunta padrão do momento nos gabinetes do poder reproduz a questão em alta no mercado financeiro e a dúvida em voga entre os empresários: Antonio Palocci, ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, fiador do governo Dilma para boa parte desse público neoperplexo, ponte confiável para a ampla aliança partidária no trânsito entre o Legislativo e o Executivo, fica ou sai do governo? Desprezemos o testemunho dos que garantem que ele não sairá porque não há substitutos.

Bobagem, sempre os há. E os nomes mais óbvios já estão há muito declamados por petistas: Paulo Bernardo, Fernando Pimentel, Jaques Wagner, Luciano Coutinho (com reforço na coordenação política), Alexandre Padilha, empresário gaúcho amigo (com outra vocação ao posto), o ex-presidente Lula (numa troca possível mas pouco provável de papéis), enfim, um mundo de possibilidades. Tantas, e nenhuma, por enquanto, pois a presidente ainda está naquela fase de esperar que uma solução caia dos céus.

A questão a que se deve dar sentido é se haverá alguma diferença em ter ou não Palocci no governo. A resposta, por enquanto, é também não. Enfraquecido e sofrendo a desconfiança generalizada de que há algo por trás dessa fumaça que lhe cobre o rosto e que ele teima em não dissipar, já está. A descoberta sobre os valores que o ministro acha ou não importante preservar abalou também o conjunto do governo, levando à vertigem a própria presidente. A intervenção de Lula em dois Poderes de uma só vez, o Executivo e o Legislativo, desequilibrou ainda mais a presidente e mostrou que, se já volta agora às rédeas do poder, mais ainda daqui a três anos e sete meses, o que cristaliza a tese de que o atual é mesmo um mandato tampão.

Independe da sorte de Palocci, porém, a constatação de que o governo Dilma foi mal construído e funciona precariamente, a mudança exige mais que a troca de uma peça. Até mesmo em comparação com o governo Lula, e fiquemos apenas nesse, da mesma estirpe, do qual foi parte importante. O ex-presidente Lula nomeou líderes fortes, cada um com sua vocação e instrumentos, para ajudá-lo na política. Não significa que tenha feito um bom governo. Sem juízo de valor, armou-se das chances políticas.

José Dirceu, na Casa Civil, fazia a coordenação política maior, tendo como tinha o controle do PT e o acesso privilegiado ao PMDB, o maior partido do Congresso que levou para perto do governo. Luiz Gushiken teve a missão de ser um ministro forte e poderoso para atuar na forte e poderosa área de Comunicação. Gilberto Carvalho foi a ponte com a Igreja, os movimentos sociais e sindicatos.

Na liderança da política econômica, Lula colocou Antonio Palocci, já apoiado pelo mercado e empresários aos primeiros acordes da campanha eleitoral, desde a Carta aos Brasileiros que amarrou o compromisso do petismo com a estabilização. Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, atuou mais na articulação política que qualquer coordenador formal, e deu sustentação jurídica a todo o governo. Nelson Jobim levou para Lula as vantagens do seu acesso ao Supremo Tribunal Federal e garantiu-lhe uma tranquilidade ímpar no seu relacionamento com os militares. Jobim implantou para valer o Ministério da Defesa. A coordenação política formal foi exercida por sucessivos políticos de peso, de Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara, aos jeitosos mineiro Walfrido dos Mares Guia e o baiano Jaques Wagner. No fim, quando o governo Lula já estava desfigurado e restavam em cena o presidente e sua voz, a tarefa da política foi entregue a Alexandre Padilha, um médico neófito no exercício do poder que fez um varejo bem sucedido na articulação com o Congresso.

No governo Dilma Rousseff não há esse tipo de peças no jogo. José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, está realizando um trabalho interno de gestão, mais afeito à tarefa de secretário-executivo. Alexandre Padilha ficou com a área da Saúde, missão acachapante que não permite desvio do foco. A articulação formal com o Congresso foi entregue a um deputado do PT sem maior expressão ou acesso aos partidos, Luiz Sérgio. Fernando Pimentel assumiu como ministro forte o Desenvolvimento. Amigo da presidente, acesso total à política, mas em litígio com seu partido, o PT, em Minas, optou pela discrição.

Em três áreas importantes a presidente teve que engolir ministros impostos, e em duas delas vem tendo que dirimir conflitos. Lula pediu para deixar Guido Mantega no Ministério da Fazenda, posto para o qual Dilma já havia escolhido nome de sua confiança e predileção, e Fernando Haddad, para quem o ex-presidente quis manter a vitrine da Educação para garantir chance de disputa eleitoral em 2012. Plano, aliás, que não decola, a gestão do Ministério da Educação é uma sucessão de problemas.

Lula pediu, também, a manutenção de Nelson Jobim no Ministério da Defesa. Foi o apelo que Dilma recebeu pior, ela o identifica com adversários políticos, mas é, hoje, a autoridade que melhor atua politicamente para seu governo. A última proeza de Jobim foi negociar, discretamente e com sucesso, entre o Executivo e o Legislativo, um dos impasses mais intrincados na sua área, a Comissão da Verdade. A presidente não teve oportunidade de tomar conhecimento da desenvoltura do seu ministro.

O ministro do PMDB, que nomeou para assessorá-lo o ex-guerrilheiro e ícone do PT José Genoino, especialista em Defesa e em Congresso, recebe políticos o dia inteiro. Sua agenda, ontem, por exemplo, concedia audiências aos senadores Roberto Requião (PMDB), Cícero Lucena (PMDB) e senadora Vanessa Grazziotin (PT). Os olhos do Palácio, porém, não estão voltados par esse nicho da experimentação bem sucedida da parceria PMDB-PT.

Dilma trabalha muito, disso não há dúvidas. O governo, no entanto, não dá respostas e não tem como: está despreparado estrutural e funcionalmente. Defenestrar só o ministro atingido não é garantia de que o governo sairá da paralisia e voltará a funcionar. É necessário muito mais.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - O PIB subiu no telhado. E daí?


O PIB subiu no telhado. E daí?
VINÍCIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11
"Dieta de emergência" tira quilinhos do PIB balofo, mas hábitos alimentares da economia ainda são ruins
CRÉDITO, gastos do governo, confiança de empresários e, se confirmou ontem, a indústria vão parando de crescer demais. Pelos dados do IBGE, a indústria cresceu em média 0,29% ao mês no último trimestre. A inflação vai diminuir, não sabemos quanto, talvez rodando a 5% no final do ano, o que não é bom, mas não é "descontrole inflacionário", como se dizia histericamente faz menos de um mês.
A indústria ainda deve apanhar mais, nos próximos meses. Um chute mais ou menos bem informado (por experiências passadas) diria que o aperto no crédito ainda está longe de ter estrangulado o que pode das encomendas à indústria, impacto que deve atingir seu pico lá por agosto. O câmbio parece ter feito estragos grandes, em particular na produção de têxteis, roupas, calçados e máquinas.
O crédito mais caro, que ainda vai encarecer, o endividamento (e a restrição que o Banco Central impôs e ainda vai impor ao endividamento das famílias), além do crescimento menor da renda dos salários, ainda vão tirar mais ar da indústria.
Ontem também saiu o resultado das contas do setor público (receita e despesa de governo federal, de estatais e de governos de Estados e de cidades). No ano, até abril, os governos pouparam o equivalente a 4,5% do PIB (é o superavit primário, receita menos gasto, afora despesas com juros da dívida pública).
No biênio 2009-10, o superavit havia sido de 3,3% do PIB. A despesa federal em relação ao tamanho da economia diminuiu (as contas são de economistas do Itaú).
É menos lenha na fogueira da economia também. Mas, nos anos de contenção de Lula (2003-2008), o superavit médio fora de 5,9%.
Ainda segundo o pessoal do Itaú, a despesa federal em investimentos caiu 24% nos últimos três meses; as administrativas, 4%. A receita continua crescendo muito bem.
Ou seja, o governo controlou uma expansão crítica dos gastos, ao menos arrefeceu um PIB exagerado.
Mas: 1) o controle é difícil e limitado, pois já havia muita despesa contratada por Lula; 2) faz um controle ruim como o de sempre: na hora do aperto, corta investimento, o que é possível fazer, dado o engessamento do gasto; 3) não tem quase folga para 2012, quando tende a haver grandes solavancos na despesa, como salário mínimo, os desperdícios olímpicos-futebolísticos etc.
E daí? Daí que todo esse aperto nas cravelhas é solução de curto prazo. Que, em 2012, não vai ser possível desapertar crédito e outros estímulos sem que reapareçam sinais de superaquecimento. Que vai ser difícil a economia crescer mais do que 4%. Que, no quadriênio 2009-2012, a economia pode ficar girando na faixa anual de 3,5% a 4%.
Não é horrível, claro, mas não é compatível com nossas ilusões de grandeza nem com as necessidades deste país ainda pobre e desigual.
Não vamos muito além se não pararmos de lidar apenas no curto prazo com problemas de contas públicas no limite, metas de inflação e inflação altas, juros e tributos loucos; para nem falar no nosso tradicional apego à ignorância, com horrível educação para o trabalho e desprezo por universidades e inovação.
Vamos empurrando tudo com a barriga até um evento-catástrofe nos chacoalhar, se tanto. Até quando a China for à breca ou der uma estremecida feia, talvez.

A "istória" DA PIZZA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Dia D
SONIA RACY
O ESTADÃO - 01/06/11

Hoje completa uma semana da reunião desmarcada entre Dilma e Temer. Depois do bate boca entre Palocci e o vice, na segunda-feira, o ministro da Casa Civil relatou à presidente o ocorrido. E ante as colocações, Dilma cancelou o encontro do dia seguinte. Temer e Henrique Alves teriam chegado a ir ao Palácio do Planalto mas não foram recebidos.

Daí por diante, seguiu-se a história tornada pública. Que resultou em flashes e sorrisos ontem, na Base Aérea, antes de Dilma embarcar para viagem ao Uruguai.

Diferenças
Serra não estava programado para assistir à estreia do filme Quebrando o Tabu ontem à noite. Não comunga da mesma visão de FHC sobre a descriminalização das drogas.

Pelo País
O tucano Aécio Neves, o peemedebista Gabriel Chalita e o petista Lindenberg Farias decidiram de unir. Não, não vão fundar um partido, ufa! E sim montar projeto de lei criando nova legislação para adoção de crianças.

Sem-teto
O Jockey Club de São Paulo resolveu terminar o contrato que tem com a Casa Cor.

Além de considerar baixo o valor pago pelo espaço, quer a área para outros projetos.

Na mosca
Ao topar com Frank Williams em Mônaco, no fim de semana, um conhecido brasileiro perguntou quem foi o maior piloto de todos os tempos. Mesmo sem saber da nacionalidade do seu interlocutor, o criador da equipe de Fórmula-1 não hesitou: Ayrton Senna.

Uuuhhhhh
Lobão foi vaiado durante o Festival da Mantiqueira, no fim de semana. Em conversa com intelectuais, estudantes e jornalistas, sobre seu livro 50 Anos a Mil, o cantor polemizou: "Esquerda é coisa de gente imbecil". O troco veio de imediato.

Chiiiiiii
Marcia Tiburi também impressionou. Contou que ao sair do banheiro, ouviu do seu namorado um "como você foi rápida". Ao que respondeu: "É porque eu usei o meu p..." A plateia não achou graça. A filósofa arriscou explicar a piada. O silêncio foi maior ainda.

Elle est l"homme
Ninguém deve confirmar agora. Seria falta de educação com Agustín Carstens, presidente do Banco Central mexicano, programado para chegar a São Paulo amanhã. Mas que o Brasil pretende apoiar a ministra francesa Christine Lagarde, que aterrissou ontem em São Paulo, para a presidência do FMI, lá isso pretende.

Perda de focoFHC assistiu todo o encontro do PSDB sábado, sem enxergar direito. No empurra-empurra que se deu na entrada, seus óculos caíram e viraram... pó.

Ela, a voz
Tulipa Ruiz visitará pela primeira vez o tradicional repertório de Noel Rosa - o homenageado do Prêmio da Música Brasileira.Cantará com Zélia Duncan O X do Problema, um dos maiores clássicos do "Poeta da Vila". Dia 6 de julho, no Municipal carioca.

Santa Gula

Alain Ducasse, talvez o chef mais globalizado e poderoso do mundo, inaugura amanhã, com um curso, a sua segunda escola de gastronomia no Brasil. Na Universidade Estácio de Sá. A primeira fica no Rio. E para comemorar, vários chefes brasileiros montaram menu-degustação para festa de 600 convidados. Aliados à Andrea Fasano e seu buffet.

Na frente

Mauro Marsili, cônsul italiano, recebe para coquetel na quinta, no Municipal de São Paulo. Comemoração da Festa della Repúbblica.[17 E 18/12]

Myrian Abicair lança livro Cão Gourmet na Livraria da Vila do Cidade Jardim. Dia 5.

Começa, amanhã, o festival de hamburgueres "Totalmente New York". No P.J. Clarke"s.

Fernanda Pascolato e Lethicia Bronstein armam hoje lançamento da coleção de lingerie Gisele Bündchen. Na Hope do Pátio Higienópolis.

Daniel Piza lança Dez Anos que Encolheram o Mundo. Com direito a debate com o historiador Marco Villa. Quinta, na Fnac da Paulista.

Lucia Buccini, Iracema Arditi, Lia Mittarakis, C. Drummond expõem na Galeria Jacques Ardies. Dia 11.

Comitiva de Taiwan desembarcou ontem em São Paulo para a inauguração das novas instalações do Hospital Sino-Brasileiro. Na bagagem, parcerias na área da saúde e tecnologia.

Herton Roitman abre individual em Nova York na galeria Almacén. Quinta.

Obra de arte tem chamado atenção na Casa Cor: um painel feito com canetinha esferográfica no bar e bistrô da casa. Livia Gorresio levou dez horas para pintar a tela.

ELIO GASPARI - A choldra e a banca duelarão no STF


A choldra e a banca duelarão no STF
ELIO GASPARI
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/06/11

O ministro Cezar Peluso anunciou que o Supremo Tribunal Federal deverá decidir nas próximas semanas o destino das causas em que a patuleia tungada em 1987, 1989 e 1990 nos Planos Bresser, Verão e Collor pede de volta a correção monetária de uma parte de suas aplicações. Uma pessoa que tivesse uma poupança de mil cruzados novos (a moeda da época), teria direito hoje a um ressarcimento equivalente, na média, a R$ 610.

Esse é o maior litígio em tramitação no Judiciário nacional. De um lado estão os banqueiros públicos e privados, bem como o Banco Central. Do outro, entidades de defesa do consumidor. A banca luta há 23 anos para não pagar coisa alguma e tem dois argumentos. O primeiro é lógico: não foi ela quem tungou o rendimento da poupança, foi o governo quem impôs um novo índice, obrigando-a a respeitá-lo. O segundo, é apocalíptico: um estudo de 2009 do Banco Central informa que a fatura custaria R$ 105,9 bilhões, ervanário equivalente a 65% dos patrimônio líquido dos bancos, 3,6% do PIB.

As vítimas argumentam que os bancos ganharam dinheiro com o truque imposto pelo governo. Ademais, segundo um estudo de Roberto Luís Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, a pancada é bem menor, ficando em R$ 29 bilhões, que não seriam sacados simultaneamente.

Os depositantes ganharam centenas de causas e, em agosto passado, o Superior Tribunal de Justiça mandou pagar a milhares de pleitos. No dia seguinte, o ministro José Antônio Dias Toffoli, do STF, suspendeu os pagamentos, à espera de um pronunciamento da Corte.

Noves fora dois golpes de joão sem braço da banca, que tentou obter liminares no escurinho do recesso (ambas prontamente negadas pelo ministro Gilmar Mendes), o plenário do Supremo acabará com a pendenga. O ministro Toffoli relatará dois processos e seus pares fecharão o caso.

Em decisões avulsas, diversas entre si, e sem entrar no mérito da repercussão geral do caso, pelo menos sete ministros já deram razão aos depositantes que bateram à porta do Supremo. Mais o ministro Luiz Fux quando estava no STJ, onde a banca foi derrotada. Pela aritmética, o desfecho do litígio poderia ser previsível.

Toffoli chegou ao Supremo em 2009 e nunca julgou essa matéria. Como advogado-geral da União, contudo, pronunciou-se a favor dos bancos, em declaração à imprensa: "Os correntistas alegam que tinham direito adquirido, mas as novas regras dos planos valiam para toda a sociedade. (...) É aquela discussão referente à possibilidade de o Estado interferir nos contratos". Até onde sua decisão seguirá esse raciocínio nos seus votos, não se sabe.

No caso de Cesare Battisti, tendo defendido, no exercício de sua função, a concessão do refúgio ao cidadão condenado pela Justiça italiana, Toffoli declarou sua "suspeição, por motivo de foro íntimo".

Para que prevaleça a linha de raciocínio segundo a qual o Estado tem o direito de interferir nos contratos, a despeito dos votos avulsos já conhecidos, será necessária uma nova construção. Nela, a defesa do patrimônio é um direito individual do cidadão, mas, quando do outro lado estão o governo e a banca, o direito coletivo não existe. Cada um tem direito a tudo. Todos não têm direito nenhum.