sábado, janeiro 08, 2011

FERNANDO VELOSO

A importância do currículo
Fernando Veloso

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11

Poucos municípios e Estados têm currículos bem definidos, mas há experiências promissoras

UMA BOA GESTÃO educacional deve assegurar que diretores e professores tenham os recursos e o conhecimento necessários para melhorar o desempenho dos alunos. Nesse sentido, é importante estabelecer metas claras de aprendizagem e integrá-las com a estrutura curricular e o material pedagógico.
Uma pesquisa de 2009 do Instituto de Ciências da Educação, órgão do Departamento de Educação dos Estados Unidos, mostrou que alguns currículos tiveram grande impacto nas notas dos alunos em exames padronizados, em comparação com a alternativa de não ter um currículo estruturado. Além disso, currículos alternativos possuem efeitos significativamente diferentes no desempenho escolar.
No Brasil existem parâmetros curriculares nacionais, mas a elaboração dos currículos para a educação básica é responsabilidade de Estados e municípios. Poucos possuem currículos bem definidos e integrados com as metas de aprendizagem, mas algumas experiências são promissoras e podem ser replicadas em outras localidades.
No Estado de SP, foi implantada uma base curricular comum nos ensinos fundamental e médio, que permitiu que os professores passassem a conhecer os conteúdos que seriam objeto da avaliação das escolas através do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo).
Ela também passou a orientar os programas de formação inicial e continuada dos professores e de reforço escolar.
Em Minas Gerais também foi implantado um currículo para as escolas estaduais. Ele se caracteriza por um Conteúdo Básico Comum (CBC), que descreve as competências e conhecimentos que devem ser adquiridos pelos alunos em cada série.
O CBC tornou-se a referência para o Simave (Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública) e para o estabelecimento de metas de aprendizado por escola.
Alguns municípios também implantaram recentemente um currículo. Na rede municipal do Rio de Janeiro, foram criadas orientações curriculares que estabelecem o que deve ser ensinado em cada série a cada bimestre. Os alunos passaram a ser avaliados por meio de provas bimestrais unificadas, elaboradas com a supervisão de consultores externos.
A adoção do currículo na cidade do Rio de Janeiro está sendo complementada com o uso de material didático estruturado e de tecnologias em sala de aula, através de um novo modelo de ensino do 6º ao 9º ano chamado Ginásio Carioca.
Para tornar as aulas mais atraentes e elevar o aprendizado, foi criada uma ferramenta de ensino, a Educopédia, que consiste em uma plataforma de aulas digitais para cada disciplina, elaborada com base nas orientações curriculares.
Uma característica importante dessas experiências é a integração do currículo com o material didático utilizado para apoiar o trabalho do professor em sala de aula.
Em particular, um número crescente de escolas públicas tem adotado métodos estruturados de ensino elaborados por organizações públicas ou privadas, que incluem material pedagógico, organização curricular e treinamento de professores, dentre outros serviços.
Um estudo recente de Maria Carolina Leme, Paula Louzano, Vladimir Ponczek e André Portela Souza mostrou que municípios de São Paulo que utilizam métodos estruturados de ensino tiveram uma maior elevação nas notas de matemática e português na Prova Brasil em comparação com municípios que não adotaram esses métodos.
Os municípios com pior desempenho inicial foram os que mais se beneficiaram do uso do material estruturado.
Uma pesquisa da Fundação Lemann também encontrou um efeito positivo de métodos estruturados de ensino no desempenho dos alunos de escolas públicas municipais de São Paulo.
Em resumo, a adoção de currículos claros e material didático estruturado tem o potencial de elevar a qualidade da educação no Brasil. Para que seu efeito seja maximizado, ela deve ser integrada com o sistema de avaliação e programas de formação inicial e continuada de professores.

*Fernando Veloso, 43, economista e professor do Ibmec/RJ

5 comentários:

Equipe Educopédia disse...

Boa tarde Fernando Veloso,

Ficamos muito felizes pela citação do projeto Educopédia no seu artigo no Jornal. Pois é um trabalho muito gratificante e desejamos implantar uma nova perspectiva no planejamento de aula do professor na SME RJ.

Caso queira conhecer mais o projeto, temos um blog com informações para os Educopedistas (é como chamamos os professores da Rede que produzem aulas e em outras funções) e para o público em geral, temos telefone de contato caso queira conversar conosco e o nosso Twitter Educopedia
Atenciosamente, Raphaella

Gemma Alessio disse...

Sou professora do municipio do Rio e a gestão da Secretária Claudia Costin já faz toda a diferença em qualidade. Os efeitos são visíveis e a Educopéia é o retrato dessa mudança significativa. Rafael Parente e os educopedistas, com a plataforma de aulas digitais, o Ginásio Carioca,entre outros são exemplos dessa nova realidade positiva, exemplo para o Brasil.
@alessiogemma

Professora Nívea Lemos disse...

Sou educopedista e posso afirmar que tão gratificante quanto fazer parte de um projeto ousado e inovador como o Educopédia é encontrar pessoas que acreditam, efetivamente, na capacidade de fazer algo pela qualidade da educação brasileira e as perceber assumindo, verdadeiramente, o papel de agente transformador.

@niveacris82

Paulinha disse...

Fiquei bastante feliz depois que li o artigo e suas considerações sobre o Projeto Educopédia.

É muito bom saber que o nosso trabalho está sendo visto como ponto positivo na educação do nosso país.

Um abraço, Professora Paula.
@Paulinha_PRMS

Escritos e Leituras disse...

Sou educopedista, desde o começo do Projeto e acreditei na transformação que ele pode trazer para nossas crianças e adolescentes, que contam com a implementação, em 2011, do Ginásio Carioca.
Tanto nossa Secretária, quanto o Sub Secretário de Educação, Rafael Parente, estão de parabéns pela iniciativa.
Se quiserem conhecer o Educopédia, acessem: www.educopedia.com.br/ e entrem como visitante. Lá encontrarão aulas que vão do 2º ao 9º ano de escolarização, assim como Planos de Aula direcionados aos professores.
A diferença fez este Projeto crescer.
Estamos todos de parabéns!
Profª Regina Bizarro