quinta-feira, julho 01, 2010

TUTTY VASQUES

No exílio sul-africano
TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/07/10

Deu para sentir daqui o drama de Elano, coitado, deixando o treino cabisbaixo para tratar do que só ontem foi diagnosticado como edema ósseo na perna direita do jogador.
A dor maior, imagino, nem é ficar fora das quartas de final. O que fazer na concentração até a semifinal, eis a questão!
Depois de 30 dias de isolamento total dos jogadores na África do Sul, aquele clássico "bobinho" da hora do recreio dos jornalistas virou a maior distração do grupo. Afastado da brincadeira por lesão, Elano passou a última semana tomando carrinho por trás no Playstation de Felipe Melo, que, enquanto esteve machucado, encontrou no jogo eletrônico uma forma de aliviar a tensão dos dias de recuperação.
Outro que também teve alta ontem, Júlio Baptista era até então, no estaleiro, a opção de Elano para uma partida de porrinha. Sobrou agora o doutor Runco, que é fissurado em batalha naval.
Clausura igual na Copa só a dos árbitros, que permanecem trancados a sete chaves pela Fifa, sem saber se voltarão a campo na competição. É o caso do brasileiro Carlos Eugênio Simon, coitado,
que já não aguenta mais brincar de pique-esconde com seus dois bandeirinhas num hotel vigiado de Pretória. Calma, tchê! Faltam só 10 dias para acabar esse pesadelo!
Segue o jogo!
A Justiça Eleitoral, a exemplo da Fifa, não dispõe de recursos eletrônicos para checar suposto erro de arbitragem na liminar do TSE que limpou a ficha de Anthony Garotinho.

Autoestima recuperada
A ressaca no Paraguai não tem data para terminar. A previsão é de que o uísque importado acabe em todo o país antes do jogo contra a Espanha, pelas quartas de final.

A zebra da mocidade
Derrotado pelo jovem deputado Índio da Costa (DEM-RJ) já na prorrogação da decisão do nome do vice na chapa de José Serra, o tucano Álvaro Dias resolveu correr atrás do prejuízo: marcou para semana que vem nova aplicação de botox.
Superstição
Depois de manter a greve durante os quatro primeiros jogos do Brasil, funcionários da USP decidiram voltar ao trabalho às vésperas da partida contra a Holanda. Custava esperar acabar a Copa?
Plano desfavorável
Cristiano Ronaldo confessou a amigos que jogou o tempo todo nesta Copa preocupado com aquela câmera suspensa por cabos de aço sobre a cabeça dos jogadores em campo. "Não é meu melhor ângulo de exposição no telão!"
Torcida dividida
Dilma Rousseff decidiu vestir a camisa da seleção sempre que voltar à Bahia. Ou vai acabar subindo no palanque de Geddel Vieira com abadá do Jacques Wagner - ou vice-versa.
Pelada política
Quem precisou assistir ontem à Convenção Nacional do DEM garante: "Foi pior que Paraguai 0 x 0 Japão!"

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Azul irá vender passagem com boleto bancário 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 01/07/2010

A Azul lança nos próximos dias o Azul Crédito, um pacote de financiamento para a compra de passagens aéreas, com foco na classe C.

A empresa vai oferecer compra de passagens com boleto bancário para pagamento à vista e futuramente com pagamento parcelado.

O objetivo do programa é não só atrair o público que ainda não viaja de avião como incentivar o aumento da frequência dos que já viajam, segundo Gianfranco Beting, diretor de marketing da Azul.

"Nossa percepção é que o brasileiro viaja pouco e poucos viajam de avião. Estamos assumindo o risco de crédito, mas não estamos preocupados com a inadimplência. O brasileiro é tradicionalmente um bom pagador", disse.

As novas modalidades incluem ainda venda parcelada com débito em conta-corrente. Nesse caso, o valor da parcela é debitado mensalmente da conta.

Nas compras feitas com cartão de crédito, o cliente não precisará ter um limite equivalente ao valor total da passagem, ele deverá cobrir apenas o valor da prestação.

As compras poderão ser parceladas no cartão em até quatro vezes sem juros ou em cinco a 12 vezes com juros de 2,5% ao mês.

O fundador da Azul, David Neeleman, avalia que, embora muitos já tenham cartão de crédito, nem sempre o limite é suficiente para comprar a passagem.

O setor vive hoje "fixação" com a classe C, segundo Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação.

"Existe espaço para aumentar a base de viajantes. O que interessa a todos hoje é conquistar as classes C e D."
Massa Grossa
A Pizza Hut traz para o Brasil uma nova marca de pizzarias, especializada em entregas em domicílio.

O PHD vem concorrer com as pizzarias de bairro. A marca já está presente em 25 países. A primeira loja será localizada na região do Itaim Bibi, em São Paulo.

Até o final deste ano, devem ser inaugurados quatro pontos na capital paulista. Em dois anos, a expectativa é abrir nove unidades na Grande São Paulo para em seguida dar início à abertura de franquias, segundo a empresa.

A Pizza Hut e o PHD são administrados pela IRB (Internacional Restaurantes do Brasil). As duas marcas estão sob o controle da empresa BFFC (Brazil Fast Food Corporation) detentora da rede Bob's e controladora no Brasil das marcas KFC, Doggis, Pizza Hut de São Paulo e agora o PHD.
Nebulosa
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, será o homenageado do 14º Congresso Internacional de Direito Tributário, que se realizará nos dias 17 e 20 de agosto, em Belo Horizonte.

A necessidade de separação dos poderes e a efetividade do sistema tributário é o tema central dos debates do evento, organizado pela Abradt (Associação Brasileira de Direito Tributário).

"A separação entre os poderes está cada vez mais nebulosa", afirma a professora Misabel Abreu Machado Derzi, presidente da Abradt e sócia no escritório de direito tributário dos advogados Sacha Calmon e Igor Mauler Santiago.

Indagada se o homenageado, que, para alguns, teria ultrapassado os limites do Judiciário, soube respeitar a separação de poderes, a professora Derzi responde à mineira.

"É justamente sobre isso que ele vai tratar em sua palestra: "O Ativismo Judicial nas Decisões do Supremo Tribunal Federal'", afirma ela.
Taxa de inadimplência deve fechar o ano com o menor nível desde 2007 
O nível de inadimplência deve fechar este ano no menor patamar em três anos.

A taxa média de maus pagadores deve cair para 6,2% em São Paulo -abaixo dos 7,4% do ano passado e a menor desde os 5,5% de 2007-, de acordo com projeções da RC Consultores.

O aumento do emprego e da renda é apontado como um dos fatores para a queda da inadimplência.

"Além do declínio da taxa de juros reais, verificado desde o ano passado, a massa real de salários tem crescido muito", diz Fábio Silveira, sócio da consultoria RC.

O crescimento do crédito não foi acompanhado pela inadimplência, de acordo com o economista.

A inadimplência deve fechar junho com taxa média de 6,9%, segundo projeção da RC. Esse resultado será bem abaixo dos 9,5% registrados no mesmo mês de 2009 -período ainda abalado pelos efeitos remanescentes da crise financeira.

"É um fator de alento para as atividades relacionadas ao comércio", diz Silveira.
Agulha
As vendas do segmento de cama, mesa e banho cresceram 2,5% no primeiro semestre, ante igual período do ano passado. Em junho, a alta foi de 2%, ante o mês de maio. A pesquisa é do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo.
Popular 1A ACE Seguradora planeja formatar produtos populares para oferecer aos moradores do Morro de Santa Marta, que reúne 9.000 moradores em Botafogo, no Rio. Os novos produtos devem ter valores reduzidos, entre R$ 2,50 e R$ 7,00.
Popular 2A seguradora entrou no projeto Estou Seguro, em implantação pelo Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), em decorrência de acordo firmado entre a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização.
MetálicoO prejuízo da indústria do cobre com o roubo do metal neste ano está em cerca de R$ 3 milhões. Foram desviadas 186 toneladas, segundo dados do Sindicel, entidade que representa o setor. Na comparação com o mesmo período de 2009, houve queda de 32%, quando foram contabilizados R$ 4,6 milhões.

Setor de "call centers" prevê prejuízo com ponto eletrônico

A obrigatoriedade da implantação de ponto eletrônico trará prejuízo para as empresas de telemarketing.

Os "call centers" terão de investir uma quantia alta em um sistema que não irá agregar valor, segundo o Sintelmark (sindicato do setor).

A norma do Ministério do Trabalho sobre o tema entra em vigor em agosto.

A mudança aumentará o passivo trabalhista, pois horários não trabalhados dentro da empresa, como almoço no local, não serão descontados, diz Sten Braz, presidente-executivo do sindicato.

A logística será outro problema devido à quantidade de funcionários. Hoje, cada unidade de "call center" possui 3.000 empregados em média, diz Braz. "Imagine esse fluxo em vários turnos?"

A entidade pediu ao Ministério do Trabalho e Emprego a manutenção do controle pelo login e logout nos computadores pessoais.

JAPA GOSTOSA

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

A Jabulani pisa na bola
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/07/10


E hoje não tem jogo! Pausa pro Engov. Era tanto jogo que não dava tempo nem pra um Engov



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo!
Pensamento da Copa: a Jabulani pisou na bola. E a minha vuvuzela é maior que a sua!
E hoje não tem jogo! Pausa pro Engov. Era tanto jogo pra assistir que não tava dando tempo nem pra tomar um Engov.
E sabe o que um torcedor fez? Tomou um copo d'água pra dar um susto no fígado!
E diz que o Galvão é um cruzamento de vuvuzela com trio elétrico. Rarará!
E esta: "Seleção completa 40 dias de reclusão recorde". Quarentena! E sem sexo. Devem estar usando mais as mãos que os pés. Handebol!
Devem tá pior que cachorro se esfregando em perna de visita! Sabe aqueles cachorros que agarram na perna da visita e ficam schunk, schunk, schunk? Tão comendo até perna de mesa!
É como a concentração da Argentina: pode transar, mas não pode levar mulher!
E adorei a charge do Amorim com o juiz da Copa perdido no campo: "ONDE EU TÔ? CADÊ TODO MUNDO?". Rarará! Eu já disse qual deve ser o próximo trio de arbitragem da Copa: Stevie Wonder, Ray Charles e Kátia!
E o Cristiano Ronaldo, o Puto Maravilha? Em Portugal, puto é menino. E o apelido do Cristiano Ronaldo é Puto Maravilha.
O Puto Maravilha deu uma cusparada no "cameraman". O PUTO FICOU PUTO! Bate o pé! Bate o pé! Bate o pé! Rarará!
E o William Bonner: "Onde está você, Fátima Bernardes?". "TÔ NO BANHEIRO!". Rarará!
Um amigo acordou com tremedeira, suor e dor de cabeça. Síndrome de abstinência de bola. "Peça para reprisar algum jogo, nem que seja os 120 minutos de 0 a 0 entre Japão e Paraguai!".
E saiu o "Samba da Jabulani". Esse samba vai em homenagem à madame Jabulani, que anda aprontando por aí: "Andam contando lorota, falando abobrinha / que ela se mexe sozinha, é sobrenatural / Jabulani, Jabulani / que saudade me dá o Pelé / Maradona e Zidane".
Samba de Rui Ribeiro, de Recife, médico psiquiatra. Para entender de Jabulani, só mesmo sendo psiquiatra.
Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÔNICA BERGAMO

Passarela na TV 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 01/07/2010

As tops Izabel Goulart e Raica se juntaram às modelos Regina Krilow e Rafaela Grewehr em um estúdio de São Paulo para posar para a campanha do programa "Menina Fantástica'; a próxima edição do concurso de modelos começa no dia 11, no "Fantástico"
Gole
A Copa do Mundo está fazendo o preço de bebidas aumentar em SP, segundo dados do Índice de Custo de Vida da Classe Média da Fecomercio. Em maio, os preços dos refrigerantes subiram 0,41% em relação a abril. As cervejas aumentaram 1,32% -quase quatro vezes mais que os demais produtos pesquisados, que variaram em média 0,23%.
Porto
Ainda que sejam fortes as evidências de que Lula pode dirigir um organismo internacional ao deixar a Presidência, amigos dele envolvidos na criação de um instituto que leve seu nome continuam fazendo planos. Eles já estudam, por exemplo, comprar um imóvel próximo ao parque Ibirapuera para instalar a equipe lulista.
Cedo Demais
Além do ex-ministro Luiz Furlan, também o pecuarista José Carlos Bumlai é entusiasta da ideia e sonda personalidades para a empreitada.

"Ainda é cedo para se falar nisso", disse ele à coluna, negando que esteja articulando a criação do instituto.
Nata
Dilma Rousseff (PT), que já se reuniu com empresárias na casa de Abilio Diniz, do Pão de Açúcar, volta a SP na segunda, 5, para almoço -desta vez organizado por João Doria Jr. Além dela, confirmaram presença Antonio Palocci (PT-SP), coordenador da campanha petista, Michel Temer, vice na chapa de Dilma, e Aloizio Mercadante.
Ao Vivo
A dramaturga Maria Adelaide Amaral, que participou de jantar com Dilma na casa do dançarino Ivaldo Bertazzo, na segunda, não dá opinião política sobre a candidata, já que não vota no Brasil -ela nasceu em Portugal.

Mas, a exemplo das socialites e empresárias que conheceram a candidata na casa de Abilio, também se surpreendeu com o visual da petista. "Ela é muito mais jovem pessoalmente."
Macarronada
Um grupo de italianos ficou espantado com o assédio de uma mesa de mulheres que jantavam no restaurante Piselli, em SP, e não paravam de olhar na direção deles. Animados, receberam em seguida um banho de água fria: elas, na verdade, observavam Pelé, sentado logo atrás.
Nos Ares
O craque, que chegou ao Piselli depois das 23h, jantava com os amigos Anibal Massaini e Clea Elwing.

E também com Suzana, uma aeromoça loira e jovem da Japan Airlines.
Samba no Pé
A modelo Caroline Bittencourt será rainha de bateria da escola de samba Unidos do Peruche, de SP, que vai homenagear o Teatro Municipal no Carnaval de 2011.
Tempos de Paz
A associação AME Jardins comemora o fato de nenhum roubo a casa ter sido registrado na região nos últimos oito meses. Em setembro de 2009, seis residências foram assaltadas, entre elas a de Guilherme Afif Domingos e a do secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas. "Pedimos reforço de policiamento na região. A PM instalou uma base na avenida Cidade Jardim e policiais de moto passaram a circular no bairro", diz João Maradei Jr., diretor da associação.
Partitura
A Osesp encomendou uma peça para o compositor Felipe Lara, 31, radicado em NY. A obra será inspirada no livro "Ó", de Nuno Ramos, que ganhou o Prêmio Portugal Telecom em 2009, e tem estreia prevista para 2011.
Partitura 2
E Edu Lobo também está escrevendo uma peça para a orquestra. "Frevo" será apresentada no bis da Osesp durante turnê internacional em novembro.
Karaokê do Bem
Os empresários Bete e Marcos Arbaitman e Carin Mofarrej realizaram a noite beneficente "Talentos do Bem", em prol da Associação dos Amigos do Menor pelo Esporte Maior. Alguns dos convidados reunidos anteontem no hotel Tivoli Mofarrej soltaram a voz no palco.
Curto-circuito
A agência DPZ celebra seus 42 anos, hoje, com café da manhã no terraço da sede.

O sarau "V de Verso" acontece hoje, às 19h30, no Sesc Consolação, com a participação de Fábio Malavoglia e do poeta Chacal. Livre.

A exposição "Caleidoscópio", do artista mexicano Jonathan Hernández, será inaugurada hoje, às 19h, na galeria Nara Roesler.

Os sócios Souheil Salloum, Jacqueline Shor, Henrique Cury e Caio Lutfall fazem festa de inauguração do restaurante Kosebasi, hoje, às 21h.

FORMAÇÃO DE QUADRILHA

ROBERTO MACEDO

A gandaia salarial federal

ROBERTO MACEDO
O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/07/10


"Virou uma gandaia", disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a respeito da onda de aprovações, no Congresso Nacional, de medidas com impacto nos cofres públicos sem a devida fonte de receitas, conforme este jornal (17/6). Em particular, referiu-se a um reajuste salarial, ainda em discussão, que o Poder Judiciário propôs para si mesmo, em benefício de 100 mil funcionários, e sintetizado em manchete do Estado no dia 23 do mês passado: Judiciário quer reajuste de 56% e salário de quase R$ 9 mil para copeiro, a um custo total previsto de R$ 6,4 bilhões por ano.
Gandaia tem vários significados e creio que o ministro lhe deu o de cair na farra ou numa vida desregrada, com atitudes irresponsáveis. O termo é adequado e a gandaia que apontou é até mais ampla, com tons de irrestrita. Ficaremos aqui na dos salários que há tempos se manifesta no governo federal, enfatizando o que se passa no Executivo.
O fenômeno veio se ampliando e corre o risco de se estender em grandes proporções, conforme também mostraram outras manchetes deste jornal em junho: Senado dá aumento de 25% para seus servidores (24/6) - custo anual estimado: R$ 464 milhões; Proposta ressuscita aposentadoria integral para juiz e procurador (dia 29) - custo anual estimado: R$ 2,4 bilhões; Projeto prevê volta de 55 mil que aderiram ao programa de demissão voluntária do governo (dia 30) - custo anual estimado: R$ 1,4 bilhão.
A gandaia, contudo, não se limita a projetos ainda no Congresso, pois já contaminou as folhas salariais. É também uma gandaia empregatícia, cujas raízes podem ser encontradas no próprio Executivo e na área do ministro Bernardo, que é também do Orçamento e Gestão. Alcança, assim, a de recursos humanos. Não estou a dizer que foi ele o compositor da partitura, mas está a executá-la.
Em ritmo de gandaia, ela evidencia um processo desregrado de contratações, alterações de planos de carreira e salários exagerados relativamente ao mercado de trabalho como um todo, com encurtamento do horizonte da escala salarial, ampliando-se mais os salários iniciais que os finais. O pretexto foi o tal fortalecimento do Estado, um eufemismo que acoberta a influência de grupos corporativistas e entidades sindicais, tendo como resultado um legado maldito do governo atual para seu sucessor.
Sobre essa política de recursos humanos seguida pelo governo Lula há um estudo recente do economista Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e ex-diretor de Carreira e Remuneração do Ministério da Administração. Foi publicado na revista Digesto Econômico (abril de 2010), da Associação Comercial de São Paulo, e cobre o período 1995-1999.
Entre suas conclusões, estão as de que houve "... ampliação significativa das despesas com pessoal e também dos salários médios, principalmente no Poder Executivo. A diferença entre o salário inicial e final das carreiras foi estreitada, reduzindo incentivos para o desenvolvimento profissional. A elevação do número de servidores ocorreu (também) em áreas de suporte administrativo, tradicionalmente superdimensionadas. O grau de qualificação dos servidores é bastante elevado e há um descompasso entre este último e o nível de escolaridade exigido para o exercício de algumas ocupações... o diferencial de salários entre o setor público federal e o privado é crescente ao longo de todo o período... sendo que para os federais estatutários o aumento foi praticamente de 100%... os últimos dados disponíveis demonstram que um servidor federal estatutário recebe hoje o dobro do que receberia se desenvolvesse suas atividades como empregado do setor privado".
Algumas carreiras mais bem remuneradas no Executivo, listadas no estudo de Marconi, tinham em outubro de 2002 salários iniciais mensais próximos de R$ 4 mil. Já em outubro de 2009 passaram a valores acima de R$ 12 mil, alguns próximos de R$ 15 mil - no primeiro caso, um aumento de 200%, que supera em muito a inflação no período (54%, conforme o IPCA). Conheço muitos estudantes que se formam em Economia e Administração em faculdades de prestígio e, ao ingressarem no mercado de trabalho privado, ficam muito satisfeitos quando encontram um salário inicial próximo de R$ 5 mil por mês.
Na gandaia habitualmente entra em cena um princípio, o da isonomia, que aterroriza quem se envolve na administração salarial do setor público com a preocupação de que esta se paute por regras consagradas da boa gestão de recursos humanos. Em tese, esse princípio diz que as ocupações de mesmo nível hierárquico que envolvem os mesmos requisitos educacionais e outras competências, inclusive experiência, bem como responsabilidades comparáveis, tudo isso avaliado de forma aproximada, devem receber também aproximadamente a mesma remuneração.
Levado ao setor público, contudo, esse princípio tem aplicação distorcida. Assim, um grupo de servidores faz pressões, a que sucumbem gestores irresponsáveis, e consegue se destacar à frente na corrida salarial. Vendo isso, outro grupo reivindica, a título de isonomia, a mesma ou coisa maior, faz pressões de todo tipo e, no processo, é atropelada a citada comparação de requisitos e, em geral, ignorada qualquer isonomia relativamente às remunerações dos trabalhadores não-governamentais.
Foi essa isonomia de conveniência que levou o Poder Judiciário federal a propor o aumento inicialmente citado. Mas, numa gandaia conjunta, nenhum dos três Poderes se preocupa em olhar o que se passa com os salários dos trabalhadores fora do governo e dos aposentados do INSS, os quais, pagando altos impostos, são o grande sustentáculo da folha salarial do governo federal. Deles se pode dizer que recebem menos e pagam um exagero para custear a gandaia alheia.
ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO 

PAINEL DA FOLHA

Daqui pra frente 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 01/07/2010

Reunidos ontem, tanto na convenção quanto na churrascaria onde confraternizaram no almoço, os caciques do DEM eram pura animação, em contraste com o clima de velório que reinou durante os cinco dias nos quais os tucanos tentaram manter Alvaro Dias como vice de José Serra. Com a inesperada ajuda de Osmar Dias (PDT), que inviabilizou a posição do irmão ao se bandear para o lado de Dilma Rousseff (PT), os "demos" conseguiram não apenas a vice como "fazer do limão uma limonada", nas palavras de um dirigente, fincando um pé que não tinham no comando da campanha de Serra. "Esse episódio vai servir como freio de arrumação", vaticina um outro líder.
LázaroDo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), sobre a reunião de seus correligionários na noite anterior à convenção: "O jantar lá em casa era pra combinar o enterro. E de repente o paciente ressuscitou". Isso foi na hora em que os "demos" souberam, via telefonema de José Agripino, da surpresa de Osmar.
BateuA nova ordem na campanha de Serra estava refletida no semblante abatido de dirigentes tucanos na convenção da sigla aliada.
No bunkerAté a noite de terça, Serra estava disposto a manter Alvaro, com base em duas avaliações que recebera: a) o DEM acabaria por se conformar; b) a ida de Osmar Dias para o colo de Dilma não era definitiva. Apenas na madrugada entendeu que ambas estavam erradas.
Zigue-zagueDepois de muito quicar de um lado para o outro, Osmar Dias, por fim candidato ao governo do Paraná como aliado de Dilma, ganhou o apelido de Jabulani da eleição de 2010.
Sem apitoPela manhã, quando o nome do vice ainda era mistério, Indio da Costa (RJ) circulava pela convenção do DEM sem que lhe dessem a menor bola. Ao avistar o colega José Carlos Aleluia, o jovem deputado saudou o baiano: "Meu vice!".
ElixirIndio soube pouco antes do almoço que era um dos finalistas. Mas só no início da tarde recebeu o telefonema de Serra: "Quero que você traga a juventude", disse o tucano. Essa faixa etária é tratada como prioridade pela campanha adversária.
Sujeira difícilEm meio à profusão de discursos pró-ficha limpa, integrava a mesa principal da convenção o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), expoente do secretariado do finado governo de José Roberto Arruda.
PlenipotenciárioLula enviou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, a Pernambuco e Alagoas para manter canal aberto com os governadores das áreas atingidas pelas chuvas e monitorar as ações de socorro do governo federal na região.
Verticalizou 1Em resposta a consulta do PPS, o TSE negou a possibilidade de candidatos a governador e senador usarem imagens de Dilma, Serra ou Marina na TV e no rádio caso seus respectivos partidos não tenham copiado rigorosamente a coligação que sustenta a chapa dos presidenciáveis.
Verticalizou 2Para especialistas, o TSE restabeleceu a verticalização via propaganda. O mais afetado será Serra, que negociou o apoio regional de várias siglas que estão com Dilma ou Marina no plano nacional. É o caso de Rio, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.
ProrrogaçãoQuem frequenta o TSE não consegue se lembrar de outro ano na qual tantas decisões que afetam a formatação da eleição tenham sido tomadas já no período das convenções.
Tiroteio
Desfecho da insólita novela do vice de Serra: índio do DEM destrona cacique do PSDB.
Contraponto
Leve e solto 
Minutos depois de ter sido anunciado como vice na chapa de José Serra (PSDB), o deputado Indio da Costa (DEM) foi interpelado pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e pelo líder de seu partido na Câmara, Paulo Bornhausen (DEM-SC). Este último brincou:

-Estão dizendo por aí que seu único defeito foi ter namorado a filha do Salvatore Cacciola...

-Eu tive muitos sogros- desconversou Indio.

Heráclito arrematou com um sorriso:

-E pelo visto teve juízo, pois não se casou!

EDITORIAL - O GLOBO

Constituinte de Dilma é armadilha
EDITORIAL
O GLOBO - 01/07/10
A América Latina tem sido um laboratório de destilação de fórmulas de aparência democrática criadas para sufocar a democracia. O principal centro de elaboração desta alquimia é a Venezuela do coronel Hugo Chávez, o golpista frustrado de 1992, mas eleito pelo voto popular seis anos depois. Nenhum reparo a fazer, pois, se todo golpista decidisse se submeter ao teste das urnas, o continente estaria em melhores condições. Chávez, porém, partiria para aplicar seu método populista de “democracia direta”, por meio da convocação de um plebiscito para examinar a proposta de convocação de uma constituinte. O ardil está em aplicar o método logo após a vitória eleitoral, maneira infalível de garantir sem maiores riscos a criação da Câmara para rever a Constituição, e o seu controle. O modelo foi exportado para o Equador e Bolívia, onde Rafael Correa e Evo Morales, como seu inspirador, plasmaram constituições ao bel-prazer.

Pois a mesma proposta, na essência, apareceu na boca da candidata do PT, Dilma Rousseff, na entrevista concedida ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Não surpreende, mas serve de alerta. Não surpreende porque o transplante deste modelo chavista para o Brasil seduz o PT e parte do governo Lula há algum tempo. Consta inclusive do programa do partido.

A nacionalização do kit chavista de geração de uma “democracia” sem alternância no poder e sem liberdades republicanas produziu a ideia de convocação de uma constituinte “apenas” para executar as reformas política e tributária.

Pode-se imaginar o risco que correrá a estabilidade política e institucional do país caso regras em áreas essenciais como estas puderem ser alteradas em votações por maioria simples, numa câmara dominada pelo PT e aliados fisiológicos. E mesmo que fosse a coligação tucana.

Na entrevista, Dilma reafirmou o credo petista a favor do financiamento público de campanha e da votação em lista.

São ideias muito polêmicas, pois a estatização completa dos gastos em eleição não elimina o risco do caixa dois, e o voto em lista, não individualizado, concede poder absoluto às cúpulas partidárias na escolha dos candidatos (aliás, bem ao estilo petista).

A controvérsia em torno dessas bandeiras desaconselha que possam ser tomadas decisões sobre elas numa constituinte, ainda mais contaminada pelo resultado de uma eleição presidencial.

Nada garante, também, que esta constituinte não possa cometer desatinos em outros campos. E, de mais a mais, câmaras revisoras são convocadas em momentos políticos muito específicos, como o de mudança de regime, não para tratar de temas tópicos. Se não há maioria qualificada no Congresso para rever a Carta é porque não existe consenso na sociedade em torno desta revisão. Elementar.

A proposta de contornar a questão pelo atalho da constituinte exclusiva tem DNA golpista.

Na verdade, existem aperfeiçoamentos na legislação eleitoral que prescindem de mudanças constitucionais. A Lei da Ficha Limpa é um exemplo. Além disso, há dispositivos neste campo que ainda não foram suficientemente testados para ser revistos, caso do mandato de quatro anos com uma reeleição consecutiva, um dos alvos da militância que apoia Dilma. O assunto é sério, delicado, e não pode ser esquecido na agenda de debates na campanha presidencial

Ideia se inspira no método chavista para se perpetuar no poder

GOSTOSA

EUGÊNIO BUCCI

Animadores da Copa do Mundo


EUGÊNIO BUCCI
O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/07/10
Está no ar um comercial de TV demasiadamente explícito. Nele as ruas, as casas, as pessoas e até mesmo o céu que cobre a paisagem, tudo é cenário fabricado. Nada mais ali é natureza. Trata-se da propaganda de um automóvel pequeno, cujo nome não vem ao caso. Em 30 segundos, tudo o que existe em torno do carro anunciado é montado como se fosse cenografia num palco de teatro. Até mesmo o céu, que, ao fim do filmete, vai envolvendo a cena como um cobertor aéreo. Havia outra campanha parecida, de uma empresa de telefonia móvel, na qual o céu se estendia sobre o planeta do mesmo jeito, como uma cortina na horizontal.
A ideia de que a "realidade" que nos cerca não passa de uma ambientação artificial não é exatamente nova. Ela aparece no cinema - como em The Truman Show (de Peter Weir, 1998) ou Matrix (de Andy e Larry Wachowski, de 1999) - e até nos ensaios de autores como Jean Baudrillard. Cada um a seu modo, as peças publicitárias, esses filmes e alguns filósofos apontam a hipótese de que a tal "realidade" tem sempre uma ponta de ilusão fabricada, ou pela mercadoria, ou pelo poder político. Nas perspectivas mais pessimistas, como a de Matrix, o mundo visível reduziu-se a um efeito gerado por softwares, numa sociedade administrada pela inteligência dos computadores, em que os humanos servem somente para alimentar as máquinas. Nas perspectivas mais alegres, como a da publicidade do automóvel, a ideia é menos sombria: se você comprar aquela mercadoria, sua vida vai ficar tão bonitinha como a vitrine de uma concessionária.
A Copa do Mundo, com todo o respeito, tem um pouco disso aí. Sem querer irritar os ânimos futebolísticos da Pátria de chuteiras - ou daqueles que na chuteira imaginam ter sua Pátria -, sem reclamar de vuvuzelas, que rimam com camisetas amarelas, a Copa do Mundo apresenta-se, cada vez mais, como um reality show. Foi-se o tempo em que o espetáculo ocorria no gramado. Foi-se o tempo de Fiori Gigliotti. Agora, o espetáculo envolve os que estão ali dentro, abocanha as torcidas multicoloridas e os que giram em volta da lâmpada, como os jornalistas das emissoras de TV. Além de outros.
Mais algum tempo e veremos a generalização dos torcedores profissionais, mais ou menos como aquelas mulheres que antigamente, em troca de um sanduíche de mortadela, batiam palmas no programa de auditório de Silvio Santos. Com justiça, ele as chamava de "colegas de trabalho". Agora, na Copa, todos são atores - e todos têm consciência de que estão em cena. O torcedor maquiado tem essa consciência. O jogador atingido pela botina adversária também tem: e então rola na grama enquanto faz sua melhor expressão de dor explícita - no que é mais eficiente que atores de novela. Ele se sabe em close.
Como os competidores do BBB (o programa Big Brother Brasil, da Rede Globo), os integrantes da seleção brasileira ficaram isolados até outro dia, em "concentração" - triste palavra. Com uma diferença, no entanto, uma diferença crucial. Na "concentração", a intimidade dos futebolistas profissionais não foi (ainda não desta vez) captada por dezenas de câmeras durante 24 horas por dia. Bem ao contrário: foi difícil, para os repórteres, ter acesso a eles. Tão difícil que repórteres, veículos impressos e emissoras protestaram, dizendo que povo tem fome de gol, mas também tem fome de notícia, e esse técnico do escrete nacional, cujo apelido é Dunga, não estava ajudando. Tinham sua dose de razão. Mas também o técnico tinha razão. Se seus atletas ficassem o tempo todo dando entrevistas com fundo musical, ele não conseguiria treiná-los e muito menos concentrá-los.
Humores e rabugices à parte, parece que fizeram as pazes. O que pouca gente comentou, contudo, é que, como pano de fundo desses atritos, se vai dando uma sutil reacomodação do modelo de negócio da Copa do Mundo. Dentro desse modelo, o papel que se espera daquilo a que temos chamado de imprensa - especialmente das equipes de TV - é menos o da reportagem crítica, investigativa, e mais o papel de animador de auditório. Eles são intimados a ser "colegas de trabalho" dos beques, goleiros e atacantes, dos torcedores e dos cartolas da Fifa. Não que não sejam, individualmente, bons profissionais. Isso não está em questão. Acontece que o circo que os interpela e tenta cooptá-los não deixa muita margem para a abordagem crítica.
Incrível como às vezes nos esquecemos de que a Copa é um negócio - o que não a torna pior ou melhor, por favor. Antes de serem fato jornalístico, aqueles jogos todos são espetáculo comercial, cujos direitos custam caro. Diferentemente das passeatas, dos comícios ou das guerras, eles não se dão a ver de graça. Isso significa que, para as emissoras de TV que compram esses direitos, a Copa é um programa de entretenimento, como a Fórmula 1, a Fórmula Indy ou o Domingão do Faustão. É por isso que o telejornalismo não cobre esses eventos como se eles fossem fatos de interesse público. A emissora não informa, por exemplo, quanto pagou pelos direitos de retransmissão. Isso escapa à sua pauta. Em vez disso, interessa mais a gritaria da torcedora pulando em cima do sofá na casa da avó do centroavante.
Na Copa deste ano, alguns padrões de exclusividade - inclusive a exclusividade de acesso aos desportistas - sofreram adaptações. Isso é que pegou. Alguns jornalistas protestaram, sentindo-se desconvidados. O céu artificial do espetáculo que vai engolfando o telejornalismo (pelo menos esse) ameaça deixá-los de fora. O que, convenhamos, faz a alegria da chamada "galera". Ela não quer ser aborrecida com reportagens investigativas no intervalo das partidas. Vade retro. É ela que paga o circo todo e agora, quando se abrem as cortinas, cobra a sua parte em vibração, em vitória, em divertimento.

MERVAL PEREIRA

Comédia de erros 
Merval Pereira 
O Globo - 01/07/2010

A sucessão de trapalhadas que levou à escolha equivocada do deputado federal do DEM Indio da Costa como companheiro de chapa do tucano José Serra só demonstra como o PSDB não está preparado para uma disputa que poderia ser difícil para o governo — mesmo com toda a máquina voltada para a tarefa de eleger Dilma Rousseff, geralmente de maneira ilegal —, mas está sendo facilitada pelos erros do adversário.

A escolha do vice de Dilma recaiu sobre o presidente do PMDB, Michel Temer, o que garantiu a unidade do partido e preciosos minutos de televisão.

Os defeitos e as eventuais virtudes do deputado não fazem a menor diferença neste jogo em que o pragmatismo político prevalece para somar alguma coisa à candidatura principal.

Indio da Costa, em seu primeiro mandato federal, supostamente foi escolhido por ser jovem e ter sido o relator do projeto Ficha Limpa, o que lhe daria uma boa imagem junto ao eleitorado.

Uma jogada marqueteira simplória, pois sua história política não tem a menor consistência para alçálo ao segundo posto mais importante na hierarquia política do país.

Nem ele parece preparado para assumir a Presidência da República em caso de necessidade, que é, afinal, para o que servem os vice-presidentes no Brasil.

Fora disso, precisam “não trazer a porrinhação”, na definição do próprio Serra.

Não tem a menor importância o fato de ele ter sido genro do banqueiro Cacciola, como berram os militantes petistas na internet.

E nem mesmo as acusações contra ele levantadas pela CPI da Merenda Escolar, na Câmara de Vereadores do Rio, são conclusivas a ponto de alguém poder afirmar que ele não tem a ficha tão limpa assim como querem alardear os tucanos e democratas.

Só mesmo militantes energúmenos utilizam tais argumentos.

Mesmo que as coincidências entre os preços oferecidos pela fornecedora vencedora nas licitações, quando Indio da Costa era secretário de Administração da prefeitura do Rio, sejam bastante estranhas.

Sem ter, teoricamente, informações sobre os outros preços, a fornecedora sempre apresentou descontos quando tinha concorrentes, mantendo o preço cheio naquelas licitações em que ninguém disputava o fornecimento.

Foi como acertar na MegaSena, comenta a vereadora do PSDB do Rio Andrea Gouvêa Vieira, relatora da CPI.

Os resultados da CPI estão no Ministério Público.

O mais grave na escolha deste deputado federal de primeiro mandato é que ele não agrega um voto sequer à candidatura de Serra no Rio de Janeiro.

Como parte do grupo político do ex-prefeito Cesar Maia, ele foi “prefeitinho” de Jacarepaguá, assessor do gabinete do prefeito antes de ser secretário de Administração.

Eleito vereador três vezes, em 2006 chegou à Câmara.

Qualquer influência eleitoral que tenha está contabilizada no apoio que o DEM dá no Rio à candidatura Serra, em troca de o ex-prefeito Cesar Maia ser o candidato ao Senado da coligação.

A presença de Maia na chapa, aliás, já provocou uma crise com o Partido Verde, e, agora, o reforço de seu grupo na coligação está provocando reações na bancada do PSDB, onde se acusa o presidente do DEM, Rodrigo Maia, de ter trabalhado por essa solução para se livrar de um concorrente na disputa por vagas para deputado federal do Rio.

Concorrente, aliás, com quem não se dá bem politicamente, justamente pela disputa de espaço político.

Da mesma maneira que aconteceu com o hoje prefeito do Rio, Eduardo Paes, que fazia parte do mesmo grupo político de Cesar Maia nos primórdios do primeiro governo na prefeitura do Rio.

Paes começou como “prefeitinho” de Jacarepaguá e terminou secretário no mesmo grupo de Índio da Costa.

Ontem, ao saber da escolha, Paes, que ainda mantém relações cordiais com José Serra desde que foi secretáriogeral do PSDB, mostrou-se espantado.

Foi visto às gargalhadas no Palácio da Cidade.

Como contraponto, talvez Serra tenha acertado com um público que não está muito ligado na política tradicional, a quem o jovem Indio da Costa se ligou durante a campanha da Ficha Limpa através dos novos meios de comunicação, como a internet, o Twitter, o Facebook.

Há quem tenha gostado, porque a escolha surpreendeu; porque ele tem uma “cara” de político diferente de todas as que estão aí; porque tem por trás milhões de assinaturas favoráveis a uma volta a valores éticos; porque é a cara do Rio e acena com uma “terceira via”.

Foi o rolo compressor do governo, que atuou a todo vapor na madrugada para evitar que o senador Osmar Dias, do PDT, fechasse um acordo no Paraná com a oposição, que, paradoxalmente, salvou a aliança PSDB/DEM e evitou que José Serra ficasse sem 3 minutos e tanto de tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão — o que praticamente inviabilizaria sua candidatura à Presidência.

O apetite do presidente Lula é tamanho que nem mesmo o pequeno (em termos de tempo de propaganda) PSC escapou.

Tendo feito um acordo, meses atrás, para apoiar a candidatura do tucano Serra, o presidente do Partido Social Cristão (PSC), pastor Everaldo, foi cooptado pelo governo sabe-se lá com que argumentos, além do puro imediatismo esperto diante dos números das últimas pesquisas que apontam a candidata oficial Dilma Rousseff à frente.

Tanto esforço de última hora para ganhar apenas 18 segundos de televisão demonstra bem como o governo pretende reduzir ao máximo a chance de a oposição ter condições de disputar a sucessão de Lula.

E conta com os erros do adversário, assim como, hoje, a sorte da candidatura de Serra depende muito mais dos erros da candidata oficial e seus “aloprados”.

DE JUMENTO

MARA GABRILLI

Twitter e babá: sobre confiança e voz
MARA GABRILLI
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/07/10

Pela pergunta, fui agredida por simpatizantes de Dilma, sem nenhuma compostura: chamaram-me de violenta, mesquinha e preconceituosa



Em jantar com uma amiga, falávamos sobre eleições. Resolvi tuittar: "Você confiaria seus filhos para Dilma de babá?". Achei a questão bem-humorada e passível de ser compartilhada.
Um turbilhão de críticas brotou. Fiquei pasma assistindo às reações mais diversas. Houve desde quem congratulasse até quem me agredisse. Pouco foi divulgado daqueles que simplesmente responderam à pergunta.
Para mim, ficou claro o quanto as pessoas depositam seus próprios preconceitos ao se depararem com uma pergunta que está longe de ter julgamento de valores.
Fui patrulhada por simpatizantes da candidata, sem nenhuma compostura: chamaram-me de preconceituosa, mesquinha e violenta.
Chega a ser até engraçado receber esses atributos, devido à abordagem que tenho da vida.
Onde está o preconceito da pergunta? Curioso que cada pessoa enxerga em um lugar diferente. Uns disseram que a chamei de feia. Outros, que sugeri que, por ter sido guerrilheira, não é boa no trato com os pequenos. Até me acusaram de ter preconceito com babá. Eu já fui babá, além de precisar deste tipo de serviço 24 horas por dia.
Que conspiração criativa foi essa? Eu perguntei o significado que as palavras montaram. Não falei mal da Dilma, e sim questionei a confiança das pessoas.
Invoquei o imaginário de cada um, como a Dilma humana, sem cargo e sem Lula. Só isso!
Compararam minha pergunta com outra, feita ao Kassab sobre seu estado civil. A sexualidade da Dilma não me desperta a mínima curiosidade. Além do que, trabalho pela diversidade e isso, para mim, tanto faz.
O Fernando de Barros, da Folha, escreveu que eu quis rejeitar a Dilma contrapondo-a à imagem de "mãe do PAC". Dei até risada, porque nunca pensei nisso e o PAC, para mim, lembra biscoito de polvilho. Aventou a possibilidade de ter sido ação engendrada pelo meu partido, o PSDB.
Nossa! Quanta aversão a uma pergunta, enquanto mensaleiros com dinheiro na cueca não causaram esta indignação.
Dedico a minha vida a melhorar a vida das pessoas. Quem pode subtrair-me o direito de perguntar?
Além do que, confiança é item imprescindível para um voto; essa sensação deveria ser estimulada em disputas políticas, não tolhida.
Precisamos de um bom assunto sobre confiança, então aí vai um.
Certa vez, confiei a sanidade da vida do meu pai ao Lula. Empresário de transportes no ABC, homem doce e afável, foi extorquido durante anos com arma apontada na cara por quadrilha de dirigentes da Prefeitura de Santo André.
Essa história é conhecida, culminou no assassinato do Celso Daniel e serviu de laboratório para o mensalão. Quando as retaliações aumentaram e meu pai foi ficando mais doente, enchi meu coração de esperança e confiança e fui tocar a campainha do Lula.
Ele me atendeu muito bem, prometeu, mas nada fez. Meu pai adoeceu e emudeceu. Hoje, também precisa de serviços de cuidadores. Quando, raramente, solta um "Oi, filha", choro de alegria.
Sem dúvida, continuarei a estimular perguntas, ainda que incomode a muita gente.
E você, o que te calaria?
MARA GABRILLI, 42, tetraplégica, psicóloga e publicitária, é vereadora de São Paulo pelo PSDB.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Vuvuzela eleitoral 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 01/07/2010

A CET que se prepare. Dilma decidiu abrir sua campanha oficial com caminhada pelo centro de São Paulo, às 10h da manhã, na... terça. Com Mercadante, Palocci, Marta e Eduardo Suplicy na linha de frente.

Excelente momento para distribuição de amostra grátis de Lexotan pelo trânsito na capital nada congestionada.
Efeito Magali
Enquanto a confusão rolava solta com a decisão de seu irmão de dar palanque para Dilma no Paraná, Álvaro Dias ontem devorava sozinho uma melancia no cantinho do café da manhã de um hotel em Brasília.
À mesa
Marcus Elias, da Parmalat, está conversando com Eliana Tranchesi, da Daslu.
A postos
Em tempos de Copa na África, Lula e Celso Amorim pediram e a Fiesp prometeu atender: a federação se organiza para intensificar sua ofensiva no mercado da África, multiplicando missões empresariais casadas com a diplomacia brasileira.

Segundo Roberto Giannetti, o presidente se mostrou entusiasmado com a economia d o continente, opinião que o executivo compartilha em gênero e grau.
McDia triste
Duas propagandas do McDonald"s foram julgadas na última reunião do Conar. Uma foi suspensa e a outra deverá ser alterada. Continham frases imperativas dirigidas a crianças.
Escudo
Jorge Larrionda não vai esquecer tão cedo a barbeiragem cometida ao anular o gol de Lampard no jogo Alemanha e Inglaterra. O juiz não só já foi mandado para casa como agora só anda por Montevidéu acompanhado por seguranças.
Samba no pé
Zé Maurício Machline convocou cinco novos nomes para homenagear Ivone Lara no Prêmio da Música Brasileira, dia 11 de agosto, no Theatro Municipal do Rio. Entre eles, Aline Calixto, Luiza Dionizio e Diego Moraes.
Samba no pé 2
Caetano Veloso e Maria Gadú se apresentam no Prêmio Multishow de Música Brasileira. A convite de Liminha, cantam Rapte-me, Camaleoa.

Dia 24 de agosto, na Arena Multiuso, no Rio.
Dilma e a cultura
Parte dos convidados da classe artística ouvida por essa coluna, saiu do encontro com Dilma segunda à noite, na casa de Ivaldo Bertazzo, sem saber se a candidata tem projeto para o setor cultural. Ninguém perguntou.

A classe aproveitou para reclamar da falta de verbas, falta de público e falta de patrocínio. Dilma assegurou ali que sobrarão recursos para o setor.
Dilma e Bertazzo
Muitos se perguntavam por que Bertazzo, íntimo amigo de FHC e Ruth Cardoso, abria suas portas para Dilma. Consta que houve divergência entre o coreografo e Serra no Estado. Por causa da São Paulo Cia de Dança.
Dilma e quem
Entre os 40 convidados na casa de Bertazzo, estavam Sérgio Mamberti, Maria Adelaide Amaral, Drauzio Varella, Marta Góes, Marisa Orth, Jorge Takla, Vania Toledo, John Neschling, Antonio Abujamra. E claro, o ministro Juca Ferreira, articulador do encontro.
Na frente
Neymar foi convocado a subir ao palco depois do jogo, no Jockey, segunda, pelo Exaltasamba. E atacou de... cantor.

Souheil Salloum, Jacqueline Shor, Henrique Cury e Caio Lutfalla fazem festa de abertura do seu Kösebasi hoje.

Jonathan Hernández abre mostra hoje na Nara Roesler. E Casa das Rosas, VivaPagu.

Duas exposições, a Ecológica e Dez Anos do Clube de Colecionadores de Fotografia, começam hoje no MAM.

O problema de Serra não seria Álvaro Dias ou Índio da Costa. Segundo tucano gaiato ontem, ele simplesmente não quer é ter um... Vice.

GOSTOSA

ANCELMO GÓIS

Maravilha olímpica 
Ancelmo Góis 

O Globo - 01/07/2010

Depois de descartar o Palácio Gustavo Capanema, a sede do comitê organizador das Olimpíadas de 2016 vai ficar na zona portuária carioca.

Eduardo Paes tem trabalhado para levar para região vários equipamentos dos Jogos.
A festa é nossa
O Ministério da Cultura brasileiro fez um carro alegórico que vai desfilar em Mary Fitzgerald Square, Johannesburgo, dia 11, quando acaba a Copa.

Já o Ministério da Saúde prepara um ônibus com 30 mil camisinhas para desfilar na África numa campanha de prevenção da Aids... lá.
Vozes d’África
Corre no camarote vip do Soccer City que a Fifa torce por Gana contra o Uruguai, amanhã.

Uma semifinal ou mesmo final de Copa com o time africano coroaria o projeto João Havelange/ Joseph Blatter de pôr a África no mapa do futebol.

A conferir.
Leões em campo
O alvoroço ontem na Mpumalanga, na África do Sul, não foi a contusão de Elano nem a gaiatice do técnico Maradona.

Foi, acredite, a fuga de quatro leões do Parque Kruger, na província sul-africana que fica a meio caminho de Maputo
No mais
Tem culpa eu? O técnico Raymond Domenech, comandante do desastre francês na Copa do Mundo, apontou um culpado pela eliminação ainda na primeira fase dos vice-campeões do mundo: a... imprensa.

Ninguém merece.
Folia cultural
Depois de Nélson Cavaquinho (Mangueira) e Roberto Carlos (Beija-Flor), a Porto da Pedra aumenta a folia cultural do carnaval de 2011.

Maria Clara Machado será a protagonista do enredo da escola, divulgado ontem.
Nana e Eike
Um encontro (virtual) entre Nana Gouvea, a modelo desinibida, e Eike Batista, o Tio Patinhas caboclo. Ela, no Twitter, o criticou pela doação de R$ 12 milhões à fundação de Madonna.

O ex de Luma esclareceu que o dinheiro ajudará brasileiros atendidos na ONG da popstar.

Ah, bom!
Medula óssea
Veja só a importância da doação de órgãos. A atriz Drica Moraes, que fez semana passada transplante no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, foi beneficiada porque a fila do registro nacional de doadores de medula óssea tem andado mais rápido
Acredite
Desde 2000, o cadastro de doadores cresceu de 12 mil pessoas para 1,6 milhão.
É pena
Ao recusar convite do programa de Miriam Leitão na GloboNews, Dilma Rousseff mostrou pouco apreço pelo debate de ideias.
Eu quero ser PM
Com o anúncio do reajuste dos militares de até 70,32%, subiram de 52 mil para 76 mil os inscritos no concurso da PM do Rio, que tem 3.600 vagas (800 para as mulheres).

O prazo de inscrição foi prorrogado por uma semana.
Isto é bom
Para Beltrame, quanto mais candidatos, maior a chance de melhorar a qualidade da PM.

Eu apoio.
Frankie & Amaury
A 5° Câmara Criminal do Rio julga hoje o recurso do estilista Francisco Mackey, acusado da morte de seu sócio Amaury Veras, para não ir a júri popular.

Amaur y foi encontrado morto no apartamento que dividia com Frankie, em 2004.
Bola na Justiça
O 1° Juizado Especial Cível do Rio deu ganho de causa a Luís Antonio Machado, o artista de rua conhecido como rei das embaixadinhas, contra a Embratel, acusada de ter usado sua foto em campanha sem autorização.

Foi condenada a indenizá-lo em R$ 10 mil
Alô, Eduardo Paes!
Os cães sem coleira ou focinheira andam soltos nas pistas da orla carioca nos domingos e feriados. São ameaça aos bebês que passeiam por ali.
Abrigo 24 horas
O friozinho que baixou no Rio obrigou mendigos a improvisar.

Em Copacabana, às 19h, põem seus papelões dentro dos caixas eletrônicos e ficam lá até o dia seguinte.