sábado, janeiro 16, 2010

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Lula e as obras da Copa

O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/01/10


Ao pedir que os órgãos incumbidos de fiscalizar e conceder licença ambiental para obras públicas ajam com menos rigor no exame dos projetos ligados à Copa do Mundo de 2014, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou o cuidado de ressalvar que "facilitar" a execução dessas obras não significa "ilegalidade", mas "agilidade". Trata-se, segundo ele, de dar-lhes "um tratamento totalmente especial".

No entanto, como o governo Lula, desde seu início, vem dando "tratamento especial" ao principal órgão fiscalizador das obras públicas federais, o Tribunal de Contas da União (TCU), criticando duramente sua atuação, e às agências reguladoras encarregadas de assegurar o bom funcionamento de setores vitais da infraestrutura, asfixiando-as funcional e financeiramente, convém examinar com cuidado suas declarações.

"A Copa do Mundo tem data, junho de 2014", argumentou Lula, na solenidade em que foi firmado o compromisso de responsabilidade da União, dos Estados e municípios envolvidos na organização do evento, e que reuniu governadores e prefeitos das cidades que sediarão os jogos. Por isso, segundo ele, as obras programadas para a realização do evento não podem sofrer atrasos provocados por fiscalização, questões ambientais não resolvidas, exigências formais do TCU, entre outros fatores que podem retardar ou paralisar a construção. Estendeu o raciocínio para as obras destinadas à Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

Para evitar a paralisação das obras por problemas contratuais ou de pagamentos, Lula recomendou que se negocie, desde já, uma espécie de "ajuste de conduta" entre os órgãos executores e os órgãos fiscalizadores, "seja na questão ambiental, seja na Controladoria (Geral da União), seja no Tribunal de Contas, ou em qualquer outro órgão".

A questão, porém, talvez seja bem mais simples. Para que as obras não sejam retardadas ou embargadas por irregularidades, bastará que seus projetos e seus contratos respeitem as exigências da lei, o que nem sempre acontece com os contratos do governo federal.

O TCU suspendeu alguns contratos porque as licitações foram feitas, os contratos assinados e as obras iniciadas sem que houvesse um projeto executivo, lembrou o presidente do órgão, ministro Ubiratan Aguiar, há algum tempo, após participar de uma reunião de um grupo de trabalho convocado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para discutir medidas que reduzam os obstáculos impostos pelos órgãos fiscalizadores à execução das obras públicas.

Em alguns casos, reconheça-se, o atraso se deve à inexistência de prazo para o órgão de controle ou de licenciamento ambiental apresentar seu parecer, ou à possibilidade de recurso à Justiça, por qualquer pessoa, para embargar determinada obra pública.

Mas certamente não são questões técnicas ou formais que preocupam o presidente Lula e o levam a propor menos rigor na fiscalização. O que os sete anos de governo deixam claro é seu desprezo pelos mecanismos e instituições que impõem limites à sua ação. "Não é fácil governar com a poderosa máquina de fiscalização e a pequena máquina de execução", disse em outubro, ao empossar o novo titular da Advocacia-Geral da União, Luiz Inácio Adams. Na ocasião, chegou a propor a "punição" dos que suspendem obras públicas sem "motivo justo": "Quem dá a ordem para fazer está subordinado a todas as leis, mas quem dá a ordem para parar não fica sob nenhuma."

Em outra oportunidade, atribuiu a lentidão das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a principal peça de propaganda político-eleitoral de seu governo, não à notória incompetência gerencial de sua equipe, mas a decisões dos órgãos fiscalizadores.

Quanto às agências reguladoras, desde o início de seu primeiro mandato o presidente tenta desmoralizar suas funções e boicotar seu funcionamento, com o congelamento sistemático de até 75% dos recursos orçamentários. Quando não retardou a nomeação de diretores das agências, paralisando-as, barganhou as indicações com os partidos da base de sustentação do governo.

Não surpreende que tenha defendido um ação menos rigoroso desses órgãos que limitam seu modo de exercer o poder.

UM PUTEIRO CHAMADO BRASIL

ROBERTO RODRIGUES

2013

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/01/10


Com o decreto editado três anos antes, criminosos passaram a ter direitos quase iguais aos de suas vítimas

O CASALZINHO conversava no jardim em frente à casa da menina. Passava das nove da noite daquela quinta-feira, dezembro de 2013, e o assunto era o vestibular. Ele, 19 anos, estudava duro para a segunda fase dos exames: queria ser advogado, defender a Justiça, ajudar o país a ser mais equitativo e moderno na área jurídica.
Entusiasmado, ele explicava à namoradinha os seus projetos; ela, no esplendor dos 17 anos, escutava encantada e feliz por compreender que o vestibulando compartilhava seus sonhos e a incluía neles. Eram duas almas se tocando, duas vidas se entrelaçando na esperança de participarem da construção de um mundo melhor.
Começou uma garoa fina, rala, e resolveram ir embora. Quando se preparavam para atravessar a rua, um carro parou de repente à beira da calçada e, antes que tivessem tempo de entender o que se passava, dois brutamontes os puxaram para o banco de trás e partiram em alta velocidade.
No matagal, o futuro defensor dos oprimidos foi torturado até a morte, sob o olhar desesperado da menina, que foi, depois, estuprada, esbofeteada e, por fim, estrangulada por quatro marginais. Seus corpos foram encontrados dois dias depois, e a dor das famílias e amigos pode apenas ser imaginada. A imprensa não podia contar toda a tragédia, em nome da proteção dos direitos humanos...
Mas a Polícia foi eficiente e, em três dias, prendeu os bandidos. E, antes que a Justiça cumprisse seu papel que levaria às grades aqueles bárbaros, as famílias foram chamadas para um diálogo com eles.
É que, três anos antes, fora publicado um decreto para garantir os direitos humanos. Era um decreto bastante extenso, tratando de mais de 500 assuntos, desde o acompanhamento editorial dos meios de comunicação até a apuração de crimes ocorridos no regime militar; propunha proteger o idoso, combater as desigualdades salariais, limitava a exposição de símbolos religiosos em locais públicos e estabelecia que, quando uma propriedade rural fosse invadida, seriam feitas audiências públicas antes que um juiz, usando suas prerrogativas, concedesse liminar para a reintegração de posse.
A enorme polêmica gerada pelo decreto foi transferida para dentro do Congresso Nacional, que faria as leis implementadoras das intenções nele contidas. Era ano de eleições.
E embora, mais tarde, alguns bodes fossem tirados da sala (especialmente para atender os procedentes reclamos de militares e da Igreja), os setores mais discriminados pelo despeito ou pelo pouco-caso acabaram sendo prejudicados. E vieram reflexos piores, tirando dos juízes sua condição de arbitrar. Até mesmo o direito de propriedade, salvaguardado na Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e na nossa Constituição, ficou reduzido.
E criminosos passaram a ter direitos parecidos com os de suas vítimas. Com as leis que vieram no rastro do decreto, aquelas pobres famílias, três anos depois, tiveram de se sentar diante dos algozes de seus filhos para dialogar com eles, antes que o juiz os mandasse para a cadeia.
Preconceitos, idiossincrasias, ressentimentos, revanchismo e radicalismo nunca foram e nunca serão sementes do bom-senso, do equilíbrio, da justiça, da democracia e da paz. Quem planta aquelas sementes, sem querer ou querendo, colhe frutos idênticos.

ROBERTO RODRIGUES, 67, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula). Escreve aos sábados, a cada 15 dias, nesta coluna.

KÁTIA ABREU

O raio e o trovão

O GLOBO - 16/01/10



Há sintomas que, por si só, resumem as doenças. São mais que sinais, são o próprio mal. Por exemplo: quando aparece alguma tentativa de retardar, adiar ou limitar a proteção da Justiça, não há dúvida de que está em marcha uma conspiração contra as liberdades individuais e a própria democracia. Como os trovões. Quando se ouve o barulho, os raios já caíram.

Não há dúvida de que essas metáforas resumem a percepção generalizada sobre o decreto que lançou o PNDH-3 (Plano Nacional dos Direitos Humanos 3), assinado em dezembro e que, com o retardo dos trovões, só agora causa perplexidade.

Ao extrapolar seus bons e saudáveis objetivos - reafirmar e reler conforme a realidade atual os sagrados 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1947, da ONU - os redatores do decreto do PNDH-3 aproveitaram a expectativa de apoio unânime aos princípios que só os inimigos públicos contestam e infiltraram dezenas de dispositivos e propostas que são apenas bandeiras de luta ideológica de grupos radicais em ano eleitoral.

Bem que valia se aplicar aqui uma paródia da célebre frase de Manon, na Revolução Francesa: "Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome." O certo é que o PNDH 3 anuncia a criação de obstáculos às ações rápidas e indispensáveis da Justiça para conter crimes e violações que poderiam causar danos irreversíveis, se não fossem contidos imediatamente. Tanto que propõe que seja vedada a ação imediata e urgente da Justiça mediante a concessão de medida liminar.

Epa! Procrastinar a ação da Justiça, sob qualquer pretexto, não é sintoma para discussão acadêmica, mas um indicador clássico de intenções totalitárias. No caso concreto contido no PNDH 3, em que se impede que a Justiça contenha a tempo as invasões do MST, há sinais evidentes de preocupação.

Primeiro, porque nega um dos direitos humanos consagrado desde as primeiras declarações, como a da Revolução Francesa, proclamada há mais de dois séculos: o direito à propriedade.

Como não se mexe numa pedra das conquistas civilizatórias sem abalar toda a sua estrutura, o decreto ameaça outros princípios fundamentais da democracia. No caso da liberdade de imprensa prevê a criação de um ranking para classificar a mídia, conforme a interpretação de grupos ideológicos que substituirão, de fato, a Justiça no exame dos delitos de opinião. Donde pode-se concluir como numa demonstração de teorema: estamos diante de um vespeiro. Ou, no mínimo, diante de uma impostura.

A pretexto de criar um plano de atualização e promoção dos direitos humanos, o que se propõe é uma depuração ideológica desses mesmos direitos para atender casuisticamente a composições político-eleitorais. Como, por exemplo, estigmatizar e segregar o agronegócio para atender a grupos radicais na contramão da realidade econômica e social.

Aliás, no mesmo dia em que explodiram as revelações sobre o PNDH-3, revelava-se que a agropecuária salvou a balança comercial brasileira e foi responsável pelo superávit de US$23 bilhões, sem o qual o Brasil teria registrado déficit global de US$29 bilhões devido à queda na exportação dos produtos industrializados.

O importante, porém, é não cair na provocação, típica das técnicas de propaganda revolucionária, e, por algum descuido, permitir a menor suspeita de que atacamos os direitos humanos e sua necessária afirmação. Pelo contrário, estamos denunciando uma tentativa solerte de uso ideológico dessa bandeira para negar a liberdade e a propriedade, asseguradas em todas as declarações de direitos humanos, desde o século XVIII.

KÁTIA ABREU é senadora (DEM-TO) e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Mercado agitado

O GLOBO - 16/01/10


Este ano começou animado no mercado de fusões e aquisições. Aqui e no exterior diariamente saem notícias sobre novas operações ou ofertas. A crise atingiu algumas empresas tornando-as vulneráveis ao ataque de concorrentes mais fortes, o dólar fraco aumentou as chances para companhias brasileiras no exterior. Há muitos motivos para a agitação neste mercado e desafios para os órgãos reguladores.

A crise do ano passado num primeiro momento parou todo o mercado pelo aumento da aversão ao risco e falta de crédito. Em seguida, como fragilizou inúmeras empresas, acabou abrindo oportunidades que têm sido aproveitadas por concorrentes. No agregado, o começo da crise não foi de crescimento do mercado de fusões, mas houve casos emblemáticos, como os da Sadia e Perdigão, e Votorantim e Aracruz.

No exterior, também houve casos de resgate de empresas. O real forte cria um ambiente especialmente propício para companhias brasileiras fazerem aquisições no exterior porque grupos tradicionais estão com baixo preço de ativos. As operações devem acontecer em setores de Tecnologia da Informação; Alimentos e bebidas; e Telecomunicações, segundo especialistas.

Difícil é saber o número exato de fusões de 2009. Cada consultoria tem um número. Pelos dados da Pricewaterhouse Coopers, em 2009 houve estabilidade na comparação com 2008, com 644 fusões contra 643. Já pelo balanço da KPMG, houve redução de 30%. Os números da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) são mais parecidos com os da KPMG. Segundo a Seae, foram 467 os casos de "concentração", como eles dizem, que deram entrada por lá para análise. Isso é 27% menos do que no ano anterior.

Contabilidade à parte, os números indicam que houve uma queda no começo do ano, e crescimento no final.

- A partir do segundo semestre de 2009, com a recuperação, o número de fusões voltou a acelerar e agora entramos em 2010 com a expectativa de quebrar o recorde de 721 negócios de 2007 - afirmou o economista da Pricewaterhouse Alexandre Pierantoni.

De setembro de 2008, quando começou a crise, ao fim de 2009, foram negócios bilionários. Além da fusão entre Sadia e Perdigão, criando a Brasil Foods, houve a união entre Itaú e Unibanco; a compra do Nossa Caixa pelo Banco do Brasil; a aquisição das operações do UBS no Brasil pelo banco BTG; a compra do Banco Votorantim pelo BB; da Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel; do banco Ibi pelo Bradesco; da CPFL pela Camargo Corrêa; do Ponto Frio pelo Pão de Açúcar. E ainda a fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia.

As operações têm criado desafios para os reguladores brasileiros. O processo de decisão sobre concentração continua no Brasil dividido em três órgãos diferentes. A Seae, a SDE (Secretaria de Defesa Econômica) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O Congresso ainda não aprovou a criação da nova agência reguladora. O secretário de acompanhamento econômico, Antônio Henrique Pinheiro, acha que a nova regulamentação será positiva.

- É extremamente positiva porque hoje os órgãos de defesa da concorrência só se manifestam depois que as fusões estão acertadas entre as empresas. Pela nova lei, haverá uma análise prévia para dizer se a fusão é possível ou não. Depois do fato ter se concretizado, haverá uma nova análise - disse.

A CVM não tem conseguido dar uma resposta satisfatória aos casos em que há dúvidas sobre vazamento da informação. O salto espetacular que houve na valorização das ações da Globex, veículo usado pelo Pão de Açúcar na operação com as Casas Bahia, é só um exemplo da impotência do órgão.

O capital nacional esteve presente em 64% das transações em 2009, com forte presença do BNDES. No caso da Perdigão comprando a Sadia, por exemplo, o BNDES financiou a operação e ainda comprou participação. A compra da Brasil Telecom pela Oi, ainda em 2008, foi financiada por um mega empréstimo do banco público.

Aqui e lá fora os anúncios de operações são quase diários. A Kraft aumentou sua oferta hostil pela Cadbury, depois de ter vendido uma unidade de pizza para a Nestlé. A Heineken anunciou a compra da rival mexicana Femsa, que fabrica a Kaiser no Brasil; Petrobras e Brasken estão negociando a compra da Quattor, que vai formar uma mega empresa na área petroquímica. Camargo Corrêa fez proposta pela Cimpor, que havia recebido oferta da CSN. Enfim, dia sim, dia não, acontecem anúncios de propostas, ofertas hostis, fechamento de operações.

No mundo, o número e o valor das transações em 2009 caiu 27% em relação a 2008, de acordo com a consultoria americana Mergermarket. Mas os processo de fusões de empresas com insolvência foram recorde histórico: 543, o que corresponde a soma dos três anos anteriores. Em valores, as operações de insolvência cresceram 370% em relação a 2008, totalizando US$95,5 bilhões.

No Brasil, em alguns setores, a crise fez com que o processo de fusões se intensificasse. Foi o que aconteceu com o setor de açúcar e álcool. André Castello Branco, sócio de finanças corporativas da KPMG, explica que as empresas do segmento estavam fortemente alavancadas porque investiram muito nos últimos anos, acreditando num boom de vendas de etanol. Quando chegou a crise de crédito, no final de 2008, a solução para muitas foi o processo de fusão.

JOSÉ SIMÃO

BBB Urgente! Selinho dá sapinho!

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/01/10

Adoro a drag de língua presa que em vez de "adoro" fala "ADOGO"! Adogo e dlag queen!

BUEMBA! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Chão desaba em reunião dos Vigilantes do Peso! Rarará! Na Suécia! "Pensamos que era terremoto." Viu, tá todo mundo estressado! Se você comer uma batata chips e CRECK, sai todo mundo correndo! Entramos em 2012! Enchentes! Desabamento! Terremoto! Só falta a minha sogra vir morar em casa!
E recado no Twitter: "Eike Batista, o mundo não é só a Madonna e seus projetos, pense no Haiti". A Angelina Jolie arrasou na doação! E essa: "Lula liga pra Obama propondo ação conjunta para o Haiti". Se for pra rachar doação, eu dou na cara deles. Rarará! Essa pra descontrair um pouco! E como disse a Carla Perez: "Deu 7,2 DEGRAUS NA ESCADA RICHARD!". Rarará!
E anteontem uma amiga foi pra lavagem do Bonfim e viu uma barraca de caipiroska: "Putóao é slogo da Roska. Formado na putaria da Bahia para o mundo!".
E numa rádio em Maceió perguntaram: "O que a senhora acha do sexo no cinema?". "Desconfortável. Prefiro em casa ou no motel!"
E o "BBB", o "Big Biba Brasil"? Uma coisa que o Brasil pergunta: por que o Bial faz aquele bailadinho com o pé, como se estivesse cumprimentando a rainha? E eu adoro a drag de língua presa que em vez de "adoro" fala "ADOGO"! Adogo e dlag queen. E célebro. Célebro pra virar cerebridade. Cerebridades instantâneas!
E pior que BBB é ex-BBB! Ex-BBB se prolifera mais rápido que os gremlins. E vocês viram que puseram um ex-BBB no "BBB"? E aí perde de novo. E vira ex-ex-BBB! Isso que é projeto de vida, hein?! E até agora não teve nenhum bacanal herético, como disse a prima mineira da Nair Belo do Twitter. Só selinho. Selinho dá sapinho!
E essa: "Lentidão atrapalha pagamento do IPVA". OU seja, paulista enfrenta engarrafamento até pra pagar o IPVA! Deve ser tara! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que numa loja em Santo André tem uma promoção: "Imperdível! DVDs dos TRAPALÕES!" Rarará! Adogo! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Epicentro": companheiro que tem o buraco fora do centro. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis.

GOSTOSA

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA
Roberto Pompeu de Toledo

O milagre do sorinho
e outros milagres

"Zilda Arns era contra a cesta básica. Achava-a humilhante
e de presença incerta. Optou por ensinar como proporcionar
uma boa dieta com recursos escassos"

A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas no Brasil. Não chamou o marqueteiro, como providência inaugural dos trabalhos. Não engendrou uma generosa burocracia, capaz de proporcionar bons e agradáveis empregos. Não ofereceu contratos milionários aos prestadores de serviço. Sobretudo, não anunciou o programa e, com o simples anúncio, deu a coisa por feita e resolvida. Milagre dos milagres, Zilda Arns, que morreu na semana passada, no terremoto do Haiti, aos 75 anos, realmente fez. Se o Brasil teve uma redução significativa nos níveis de mortalidade e desnutrição infantil, nas últimas décadas, isso se deve em primeiro lugar à Pastoral da Criança, criada e administrada por ela, com apoio da Igreja Católica, e aos exemplos que semeou.

O índice de mortalidade infantil no Brasil andava pelos 82,8 mortos por 1 000 nascidos vivos, em 1982, quando Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, a pôr sua experiência de médica pediatra e sanitarista a serviço de um programa de combate ao problema. Hoje está em 23,3 por 1 000. Nas áreas com atuação direta da Pastoral da Criança - são 42 000 comunidades pobres, espalhadas por 4 000 municípios brasileiros - está em 13 por 1 000. O que mais espanta, na obra de Zilda, é o contraste entre a eficácia dos resultados e a simplicidade dos métodos. Nada de grandiosos aparatos, nada de invencionices. A partir da gestão do hoje governador José Serra no Ministério da Saúde, ela passou a contar com forte apoio governamental. Mas suas ferramentas básicas continuaram as mesmas:

• O sorinho e a multimistura. O soro caseiro feito de água, açúcar e sal foi o grande segredo no combate à desidratação, por muito tempo a maior causa de mortalidade infantil no Brasil. A multimistura feita de casca de ovo, arroz, milho, semente de abóbora e outros ingredientes singelos foi, e continua sendo, a arma contra a desnutrição. Zilda Arns era contra a cesta básica. Achava-a humilhante, para quem a recebia, e de presença incerta. Optou por ensinar como proporcionar uma boa dieta com recursos escassos.

• A multiplicação da boa vontade. A ordem era ensinar e fazer com que os que aprendiam passassem também a ensinar. A Pastoral da Criança conta hoje 260 000 voluntários.

• O trabalho e a persistência. Se fosse só ensinar a tomar o sorinho ou a multimistura e ir embora, seria repetir outro padrão das políticas públicas à brasileira. Cabe ao voluntariado fazer uma visita por mês às famílias assistidas. Um instrumento imprescindível nessas ocasiões é a balança, para medir a evolução da criança.

• A escora da índole feminina. Noventa e dois por cento do voluntariado da Pastoral da Criança é constituído por mulheres. Uma tarefa dessas é séria demais para ser deixada por conta dos homens. A mulher é muito mais confiável quando se mexe com assunto situado nos extremos da existência, como são os cuidados com o nascimento e a morte, a saúde e a doença.

Zilda Arns conduziu-se por uma estratégia baseada na sabedoria antiga e na vontade de fazer, nada mais do que isso. É paradoxal dizer isso de uma pessoa tão religiosa, mas não houve milagres na sua ação. A menos que se considere um milagre a presença dessa coisa chamada amor como motor, tanto dela como das pessoas em quem ela inoculava o mesmo vírus. Vai ver, ela diria isso. Vai ver, isso foi importante, mesmo.

O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, passeava de bote num rio infestado de jacarés quando começou a ficar apavorado. Não era tanto a morte que o apavorava. Era o necrológio: "Morreu ontem, devorado por jacarés…". Zilda Arns está condenada ao necrológio: "Morreu de terremoto, no Haiti". Não é esdrúxulo como ser devorado por um jacaré. Também não é raro como cair no poço do elevador, como a atriz Anecy Rocha, irmã de Glauber, ou ser tragado pela boca do Vesúvio, como o republicano histórico Silva Jardim. Mas é raro para um brasileiro, em cujo território não ocorrem terremotos de proporções mortais, e chocante como são as mortes inesperadas, provocadas por acidentes. Zilda Arns, como Anecy Rocha e Silva Jardim, morreu em circunstâncias do tipo que nunca se esquece. Mas, também, em circunstâncias que lhe coroam a vida. Estava no Haiti para, em contato com religiosos locais, propagar a metodologia da Pastoral da Criança. Morreu em combate.

MERVAL PEREIRA

Além das pernas

O GLOBO - 16/01/10


A presença das tropas brasileiras no Haiti ganhou uma dimensão muito maior agora, depois da tragédia em decorrência do terremoto. A presença brasileira já era um ponto importante da política externa brasileira de estender a liderança regional do país para a América Central, em uma situação diametralmente oposta à da ação brasileira em Honduras, por ocasião da deposição do presidente Manuel Zelaya.

Naquela ocasião, embora partindo de um pressuposto correto de que não se deve mais aceitar golpes militares na região, o governo brasileiro deixou de lado as peculiaridades do ocorrido, fazendo vista grossa para o fato de que o presidente eleito tentara, ele sim, um golpe para permanecer no poder além de um mandato, o que é vedado como cláusula pétrea na Constituição hondurenha, e embarcou numa aventura chavista.

A tentativa de estabelecer um fato consumado com a volta ao país de Zelaya, acobertado pela embaixada brasileira, não deu certo, e a política externa brasileira, numa tentativa canhestra de ampliar sua influência na América Central, acabou ficando sócia do fiasco de Chávez.

Agora, no Haiti, onde estamos desde 2004 fazendo um trabalho realmente importante e com frutos visíveis, temos uma boa oportunidade para reafirmar nossa importância regional.

Curioso notar que o trabalho do Exército no Haiti, que tanto orgulho nos dá como brasileiros, fica em evidência justamente agora quando se discute no país o papel do mesmo Exército na repressão política durante o regime militar e a necessidade de serem abertos os arquivos das instituições militares no período, e do esclarecimento de situações ocorridos naqueles "anos de chumbo".

A mesma instituição está em destaque nas discussões da sociedade civil, por motivos completamente distintos, o que talvez deixe patente que a sociedade como um todo não tem dificuldade em se orgulhar de seu Exército, e a instituição não deveria ter receio de colocar em pratos limpos situações do passado que, uma vez esclarecidas, e circunscritas a determinado período e à ação de determinadas pessoas, trarão a verdadeira reconciliação entre ela e a população.

Voltando ao Haiti, aumentou enormemente a responsabilidade brasileira, já que o país é visto naturalmente como o líder do trabalho de reconstrução.

Não são uma surpresa, portanto, as declarações tanto do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que o Brasil fará tudo o que for possível para salvar o Haiti, como as do próprio presidente Lula, que está propenso a "adotar" o país, assumindo a tarefa de reconstruí-lo.

Eles agem dentro de uma diretriz que já vinha sendo adotada pelo Itamaraty, a de que caberia ao Brasil, a partir do momento em que decidiu aceitar o chamamento da comunidade internacional para que assumisse o comando da Força de Paz no Haiti, fazer com que essa mesma comunidade internacional se mobilizasse para ajudar no trabalho de recuperação.

Com o terremoto ocorrido, todo o trabalho de reconstrução foi literalmente abaixo. O Exército brasileiro, com o auxílio de várias ONGs também brasileiras, a mais importante delas o Viva Rio, estava assumindo inclusive tarefas de construção de cisternas para o abastecimento de água em Porto Príncipe e a organização de atividades comunitárias, como o recolhimento de lixo nas ruas e serviços básicos de higiene elementar.

Tudo voltou à estaca zero, e possivelmente terá piorado com a involução do estado de espírito dos moradores. O controle da cidade, que está sendo vítima de saques e de depredações pelo desespero dos que perambulam pelas ruas sem destino, deverá exigir muito mais empenho no momento.

O Exército, nos primeiros três anos de atuação, fez um trabalho profundo de estratégia para conseguir dominar os locais que estavam sob o comando de gangues, muitas delas formadas por antigos militares.

O trabalho exitoso dos militares brasileiros agora terá de recomeçar, pois as novas tropas que estão se preparando para assumir a missão em Porto Príncipe já têm informações de que a maioria dos integrantes dessas gangues, que estavam presos, escapou com a destruição da cadeia e do presídio de Porto Príncipe.

O ambiente desorganizado que domina a cidade só facilitará o trabalho desses bandidos, e o surgimento de novas gangues com a falta de perspectiva de futuro.

Por isso, além do controle militar da situação, as tropas brasileiras terão que ter o apoio político do Itamaraty e do governo brasileiro no sentido de garantir, nos organismos internacionais, o apoio necessário a um programa de reconstrução do Haiti.

O Brasil pode e deve assumir a liderança desse movimento de solidariedade internacional, mas não tem condições financeiras de assumir a responsabilidade sozinho.

Será preciso que aconteça agora o que vinha sendo prometido há anos sem que se transformasse em realidade: o verdadeiro empenho de países como os Estados Unidos e os da Comunidade Europeia. Por mais que queira mostrar sua capacidade de atuação, e tenha a responsabilidade da liderança, o Brasil não pode dar um passo maior que as próprias pernas.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

EUA reduzem compra de alta tecnologia do Brasil

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/01/10


As importações norte-americanas de produtos de alta tecnologia do Brasil caíram 66% no acumulado do ano passado até novembro na comparação com o mesmo período de 2008. Essa foi a maior queda entre os principais países exportadores para os Estados Unidos. Em segundo lugar, figurou a Malásia, com queda de 29%.
Nos últimos anos, os produtos de maior valor agregado têm perdido espaço na pauta de exportações brasileiras.
No geral, as importações dos EUA de produtos de alta tecnologia caíram 11% no período -o que mostra que a queda brasileira ficou bem acima da média.
Pelos dados do governo norte-americano (que não são iguais aos do brasileiro, devido a metodologias diferentes), os EUA importaram do Brasil US$ 814 milhões em produtos de alta tecnologia, como aeronaves e aparelhos de comunicação, no ano passado -valor abaixo dos US$ 2,370 bilhões de 2008.
Grande parte dessa queda se deve à crise de demanda do mercado norte-americano e à taxa de câmbio brasileira. "O atual nível do dólar afeta principalmente o bem manufaturado. Quanto mais elaborado, mais tributos agregados. O que torna o produto mais caro", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). Outro fator que pesou nessa queda, segundo Castro, foi o fato de o Brasil não realizar nenhuma missão governamental.
"É como se tivéssemos abandonado os EUA." A perda de posição no mercado norte-americano é preocupante e abre espaço para os concorrentes, principalmente os asiáticos. Para Castro, a tendência é continuar assim em 2010, devido à dificuldade de se recuperar o mercado perdido.
Já na opinião do economista André Sacconato, da Tendências Consultoria, a queda das importações de produto de alta tecnologia é pontual, um reflexo da crise financeira. "Esses são os primeiros itens que as pessoas deixam de comprar num momento de crise." Se a queda das exportações brasileiras continuar neste ano, aí sim a situação ficará bastante preocupante, segundo Sacconato.

CORTE PELA RAIZ
A Tora Brasil, marca de móveis que extrai madeira certificada da Amazônia, vai expandir neste ano, com fábrica e showroom novos em SP. A demanda cresceu desde que o tema sustentabilidade ganhou mais espaço, diz o proprietário Cristiano do Valle. "Hoje é pequena a parcela de produtos certificados no setor moveleiro", diz o empresário, que retira a matéria-prima da Amazônia, segundo ele, procurando "manter a floresta em pé". A ideia é extrair sem destruir, e, ao mesmo tempo, gerar emprego e exportação, afirma. "Um hectare na floresta tem de 7.000 a 10 mil árvores. Com a certificação, podemos retirar de 5 a 7 árvores a cada 30 anos." As árvores retiradas chegam a 70 anos. Em 2009, o arquiteto que elaborou o projeto da loja Louis Vuitton em Macau incluiu poltronas da Tora no ambiente. Neste ano, Valle traz à loja uma mesa de 30 lugares, de 6 metros de diâmetro, da parte do caule próxima à raiz. Ainda não tem preço. O transporte será escoltado. A mesa de centro custa R$ 4.000, uma de jantar, R$ 20 mil, mais baratas que a nova peça.

RACHA
Um tema deve esquentar e "rachar" a reunião das centrais sindicais na próxima semana: o apoio à candidatura de Dilma Rousseff à eleição presidencial. CUT e Força Sindical apoiam Dilma. Mas o nome da ministra não é unanimidade entre as outras quatro centrais que participam do encontro: UGT, CTB, CGTB e Nova Central Sindical.

LIGAÇÃO
A Telefônica decidiu enviar dez profissionais da empresa ao Haiti para apoiar a missão do governo brasileiro no socorro às vítimas do terremoto. A empresa diz que pretende colaborar para estabelecer o sistema de comunicação em caráter emergencial e restabelecer o sistema de telecomunicações do país. A delegação deverá começar a operar hoje.

VESTIDA PARA O SUCESSO

SAIA CURTA NO TRABALHO?
"Por ser um local de trabalho o comprimento da saia não deve ser muito curto", diz Natalie Klein, da NK Store. Diana Sternfeld, coordenadora de estilo da Lilla Ka, sugere até um palmo acima do joelho, acompanhada de salto médio ou sapatilha. "Mesmo que saia curta esteja na moda, para ir trabalhar, a mulher não deve se vestir pensando na moda da rua", diz o diretor criativo Luis Fiod, que, para escapar do verão, cita tecidos como linho e seda, que são mais nobres. A estilista da Alcaçuz, Paula Marques, diz que em ambientes que pedem discrição, como bancos e escritórios de advocacia, fica deselegante usar acima do joelho. "Em locais informais, como agências de publicidade, dá para usar saia jeans com lavagem uniforme e sem muito bolso."




com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK

CLÓVIS ROSSI

Não há olhos azuis no Haiti

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/01/10


De certa maneira, o país é um Afeganistão das Américas; tudo de que não precisa é de uma conferência de ajuda


É COMOVEDORA a iniciativa do presidente francês Nicolas Sarkozy de convocar conferência internacional para analisar a ajuda ao Haiti. Comovedora não por mostrar um ímpeto humanitário admirável, mas uma admirável compulsão pelos holofotes da mídia.
Já imaginou a quantidade de câmeras e microfones à volta de chefes de governo como o próprio Sarkozy, Barack Obama, Luiz Inácio Lula da Silva e o canadense Stephen Harper, que seriam os chamados para a conferência, em meio à comoção global causada pela tragédia haitiana?
Seria bom que, pelo menos uma vez na vida, os governantes fossem claros: tudo de que o Haiti NÃO precisa é de uma conferência para discutir como ajudá-lo. Precisa de ajuda, que, sem qualquer tipo de conferência, já começa a chegar, mas que será claramente insuficiente se o seu caso não servir para mudar a maneira como a comunidade internacional se organiza e atua.
De alguma maneira, o Haiti é o Afeganistão das Américas.
O chanceler Celso Amorim cobrou incontáveis vezes de seus parceiros envolvidos com o Haiti o aumento da cooperação. Seu argumento era basicamente o mesmo que Barack Obama passou a utilizar recentemente para o Afeganistão: tropas, como as brasileiras que estão no Haiti, são necessárias para dar um mínimo de estabilidade a uma situação caótica.
Mas, se além da estabilização, se pretende que o país funcione, que haja um poder público minimamente organizado e confiável, capaz de fornecer serviços essenciais, então é preciso muito mais recursos financeiros, o envio de especialistas em construção institucional e a disposição de permanecer no país o tempo necessário para a reconstrução.
Antes do terremoto, o Haiti já tinha necessidade de tudo isso. A revista "Foreign Affairs" listou-o no 12º lugar entre os 60 "Estados falidos" do planeta. Transparência Internacional diz que se trata do país mais corrupto do mundo.
É evidente que uma ação internacional mais firme e mais generosa não teria evitado o terremoto. Mas provavelmente teria reduzido um pouco que fosse o caos posterior.
Não serão conferências de doadores que fortalecerão o Estado e a sociedade, no Haiti ou em qualquer outra parte. Os exemplos abundam: vira e mexe, há uma conferência de doadores do Afeganistão, sem que se possa dizer que o país está hoje melhor do que estava em 2001 quando foi invadido pelos Estados Unidos e parceiros, para afastar um governo (o do Taleban), que impunha não um Estado forte, mas violento. Como era o Haiti dos Duvalier, aliás.
De resto, não foi preciso convocar conferência de governantes para socorrer os bancos, que não eram vítimas e, sim, agentes do terremoto financeiro iniciado em 2007.
O problema é que os banqueiros, como diria o presidente Lula, são "brancos de olhos azuis". Já no Haiti, na África, no Afeganistão, quase não há olhos azuis.

GOSTOSA

MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA
Maílson da Nóbrega

O PT mudou o Brasil?
Ou foi o contrário?

"Lula e o PT conseguiram, mediante a desconstrução sistemática
das realizações de outros governos, convencer a maioria de que
o Brasil teria começado em 2003. Nunca antes"

Nunca antes na história deste país um partido se vangloriou tanto de feitos que não realizou. É o caso do PT. No seu último programa no rádio e na TV, o partido reivindicou o papel de marco zero. Até a estabilização da economia teria sido obra sua. Os petistas se jactam de ter mudado o país. Para um de seus senadores, 2009 foi "a segunda descoberta do Brasil".

No mundo, três transformações radicais sobressaem: (1) a Revolução Gloriosa (1688), que extinguiu o absolutismo inglês e levaria a Inglaterra à Revolução Industrial; (2) a Revolução Americana (1776), da qual surgiria a maior potência no século XIX; e (3) a Revolução Francesa (1789), a profunda mudança que substituiria os privilégios da nobreza, do clero e dos senhores feudais pelos direitos inalienáveis dos cidadãos.

Nada desse porte aconteceu no Brasil, nem agora nem antes. A independência foi declarada por dom Pedro, representante da metrópole. A República nasceu de um golpe de estado dado por Deodoro da Fonseca. A Revolução de 1930, a única que talvez possa ter esse título, promoveu mudanças, mas não daquela magnitude. Aqui não se viram rupturas nem violências. O regime militar findou sob negociação.

O PT pretendia mudar o Brasil, mas para pior. O título de seu programa para as eleições de 2002 era "a ruptura necessária". Prometia "uma ruptura com o atual modelo econômico, fundado na abertura e na desregulação radicais da economia nacional e na consequente subordinação de sua dinâmica aos interesses e humores do capital financeiro globalizado". Soa ridículo hoje, não?

As propostas continham inúmeros disparates: controles na entrada de capitais estrangeiros, mudanças na captação de recursos externos pelos bancos e a denúncia do acordo com o FMI, entre outros. Uma reforma tributária taxaria as grandes fortunas. O pagamento dos juros da dívida pública seria reduzido de forma voluntarista.

A Carta ao Povo Brasileiro (22 de junho de 2002) foi o começo do fim dessas ideias. Nela, Lula ainda defendia "um projeto nacional alternativo", mas falava em "respeito aos contratos e obrigações do país". O superávit primário seria preservado "para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade do governo de honrar os seus compromissos".

As visões econômicas do PT morreram de vez com Lula na Presidência. Um banqueiro foi presidir o Banco Central. No primeiro mês, elevaram-se a taxa de juros e a meta de superávit primário. Tudo o que o PT tachava de neoliberal. Na política, a coalizão de governo incluiu partidos políticos e figuras conhecidas que o PT abominava.

A política econômica foi mantida. Com a preservação da plataforma construída por seus antecessores, Lula conseguiu alçar o Brasil a novas alturas. O amadurecimento das mudanças anteriores ampliou o potencial de crescimento da economia, que foi adicionalmente impulsionada pelos ventos favoráveis da economia mundial entre 2003 e 2008. Tornou-se possível manter e ampliar os programas sociais herdados.

Muito se deve à intuição política do presidente e ao trabalho de seu primeiro ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Lula percebeu que a preservação de sua popularidade dependia do controle da inflação e por isso reforçou a autonomia do Banco Central. Ele cresceu aos olhos do mundo em razão de sua simpatia, de seu carisma e por ser um líder de esquerda moderado, defensor da democracia e da economia de mercado.

Lula e o PT conseguiram, mediante a desconstrução sistemática das realizações de outros governos, convencer a maioria de que o Brasil teria começado em 2003. Nunca antes. É um grande tento, que requereu doses elevadas de desfaçatez. Recentemente, na falta de energia no Sul e Sudeste, a preocupação não foi explicar, mas mostrar que o apagão de Lula era melhor que o de FHC.

A manutenção da política econômica foi uma decisão corajosa. Respondeu a um novo ambiente, caracterizado pela intolerância da sociedade à inflação, pela imprensa livre, pela nascente valorização da democracia e pela disciplina do mercado. Lula curvou-se às imposições dessa nova realidade. Ainda bem. O Brasil mudou o PT, que agora é, em todos os sentidos, um partido como os outros.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

O Haiti é lá

O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/01/10


O Rio Grande do Sul vive um exemplo prático do caos logístico que emperra as operações de ajuda ao Haiti. Um lote gigante de 600 toneladas de leite em pó está empilhado em um armazém, aguardando o OK e a hora de rumar para lá.

O drama da Defesa Civil é saber que vai demorar para a situação melhorar. E é preciso manter o estoque em condições - ou, em último caso, dar-lhe outro destino.

O Haiti é lá 2

A lista de acasos felizes, em meio à tragédia haitiana, inclui o braço direito e esquerdo de Patrus Ananias.

Crispin Moreira estava embarcando para Porto Príncipe, onde coordenaria programa de transferência de tecnologia e outro de incentivo à agricultura familiar. Desceu a escada e vai readaptar os programas.

Vamo-que-vamo

A Europa Filmes entrou no mutirão em busca do recorde de público para o filme sobre Lula. Está distribuindo e-mails dizendo que mesmo quem não tenha carteirinha de filiação do sindicato pode pagar meia mostrando identidade "e um contracheque onde conste a contribuição sindical".

E esclarece: a promoção vai durar "enquanto o filme estiver em cartaz, e onde estiver sendo exibido".

No podium

A Wallpaper apontou o Kaá como o "melhor novo restaurante do mundo". Pai do projeto, Arthur Casas recebeu pessoalmente o prêmio, anteontem em Londres.

No júri, entre outros, John Galliano, Pedro Almodóvar e James Murdoch.

Olha eu aqui

O estilo Suplicy está dando frutos. Com o PSOL cada vez mais longe de Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio decidiu ser uma pedra no caminho de Heloisa Helena.

"Quando falarem em candidato ao Planalto, falem de mim", avisa o ex-petista.

Ombro amigo

Substituição no time do Empório Armani. Saem David e Victoria Beckham, entram Cristiano Ronaldo e Megan Fox.

O novo casal já fez as primeiras fotos como garotos propaganda da marca.

Pré-temporada

Ainda está longe, mas está resolvido. A Pinacoteca faz em 2013 exposição com 120 obras de Frida Kahlo.

Trazida pela Expomus, marcará a presença mexicana na conferencia mundial de museus, antes da Copa.

Paulistânia

Foi escolhido a dedo o programa da Orquestra Grupo Pão de Açúcar, dia 25 de janeiro, no Museu da Casa Brasileira. Regidos por Daniel Misiuk, os 40 jovens vão tocar temas italianos, japoneses, judeus, nordestinos e sertanejos.

Abrindo com a Sinfonia Paulistana, de Billy Blanco.

A Copa, a pé

Não apareceu ainda ninguém no BNDES para pedir verba para melhorar ou construir os estádios para 2014, nem para ampliar a rede hoteleira.

O banco tem R$ 4,8 bilhões para a primeira turma e R$ 1 bilhão para a segunda.

Engajou

Maria Bethânia decidiu. Não vai comercializar o CD que gravou com poemas e trechos literários.

Quer fazer doações para escolas públicas.

Mais Sherlock

Primeiro livro de Mario Prata pela Leya do Brasil, Os Viúvos sai em abril. Uma aventura policial "vivida" em Florianópolis.

Lina Fashion

O carro-chefe do desfile da Maria Bonita, na SPFW, será Lina Bo Bardi.

O desfile acontece em um dos marcos da arquiteta, o Sesc Pompéia. E uma coleção de joias foi encomendadas ao Antonio Bernardo.

Teatrão

Fred Hanson, coreógrafo da Broadway, está em São Paulo para longa temporada. Assinará a direção artística de O Médico e o Monstro - o Musical.

Que chega ao Teatro Bradesco em maio, para 80 noites de espetáculo.

Para esconder

Este recorde a Sabesp não comemora. Em dezembro foram recolhidas 40 toneladas de lixo - quer dizer, de tudo - nas águas da represa de Guarapiranga.

Na frente

Mario Torós, ex-diretor do BC, está passando parte de sua quarentena ao sol e à brisa de Trancoso antes de decidir o que fazer. Melhor que o ar condicionado do escritório, em Brasília.

Gilmar Mendes vai relançar seu Curso de Direito Constitucional, que ganhou o prêmio Jabuti. Desta vez, o livro vem com versão em CD e um link para dúvidas na internet.

Renato Barreiros e Beto Lima inauguram, dia 25, exposição com retratos dos grafites de Cidade Tiradentes. No El Tranvia de Higienópolis.

A francesa Ludivine Duflos abre, dia 20, a exposição Desfile na Tela. No IQ Art Gallery do Chakras.

Dado Salém e Viktor Salis lançam o livro As Orelhas do Rei Midas, terça, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Conectividade é o tema da TAM na SPFW. A empresa vai aderir à Star Alliance, composta de 26 companhias que interligam 175 países.

Cezar Leão Granieri, do COB, foi eleito presidente do Sindicato dos Clubes de São Paulo. Assume dia 1°.

Está pronto para ser assinado convênio do Estado com 42 cidades paulistas, para implantar novos centros de idosos. Serão investidos R$ 12 milhões, diz a secretaria Rita Passos.

Interinos: Gabriel Manzano Filho, Marilia Neustein, Pedro Venceslau.

UM PUTEIRO CHAMADO BRASIL

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
A calamidade moral que devasta famílias
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Uma tragédia como a do Haiti desperta o melhor em nós. A compaixão, a solidariedade, o amor por desconhecidos. São sentimentos comuns em missionários como Zilda Arns. Ela morreu pregando “luz e esperança na conquista da paz nas famílias e nações”. Na igreja que desabou e a levou aos 75 anos, Zilda apontou a família como a estrutura maior dos valores éticos. O amor fraterno, disse Zilda, começa na gestação, “no ventre sagrado da mãe”.

“Não existe ser humano mais perfeito, mais solidário e sem preconceitos que as crianças”, disse em sua última palestra Zilda, viúva, mãe de cinco filhos, 12ª de 13 irmãos – três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Fundadora da Pastoral da Criança e a da Pessoa Idosa, essa catarinense do bem se empenhava em reduzir a mortalidade infantil e a violência doméstica. “A paz começa em casa” era um de seus lemas.

Não sou religiosa mas acredito na família como núcleo para a construção de melhores cidadãos, que saibam ao menos distinguir o certo do errado.

Por tudo isso, um drama familiar divulgado na semana passada é tão chocante. A protagonista é Lauren Mayá Portella, de 19 anos, filha de professora universitária, Mauren, e de procurador federal do Rio de Janeiro. Estudante de Direito, Lauren tramou de maneira fria e calculista um assalto à própria mãe com a cumplicidade do namorado office boy, Marcos Vinicius Almeida. O casal de bandidos estava foragido até a última sexta-feira.

O envolvimento de Lauren no assalto – ocorrido no ano passado – foi descoberto quase por acaso. A Polícia Civil investigava a participação de Marcos Vinicius em sequestros de gerentes de banco e roubos de carro. Gravou todos os seus telefonemas e, ao escutar os registros, encontrou essa conversa com a namorada. A universitária é procurada por roubo e formação de quadrilha.

O que mais revolta nas gravações é o descaso e o desamor que Lauren demonstra pela mãe. Morando numa casa confortável de classe média no Rio de Janeiro, nada parecia faltar a Lauren. O namorado, “Vinicinho”, era bem acolhido e dormia na casa da namorada nos fins de semana.

Lauren tramou de maneira fria e calculista um
assalto à própria mãe, com a cumplicidade do namorado

Nos telefonemas, Lauren comanda toda a ação e pergunta ao namorado se vão “pegar” a mãe na ida ou na volta da igreja: “Fica parado na porta da lan house; quando ela sair, você sai”. E grita simultaneamente: “Tchau, mãe. Traz um doce pra mim. Beijo”. A 300 metros da casa, os comparsas do namorado abordam a professora com uma arma, levam carro, celular e bolsa. “Vinicinho” liga para Lauren dizendo que tinha acompanhado tudo da esquina: “Ela tentou correr. Aí, o moleque jogou a moto em cima, botou uma arma para o alto e ela parou”.

Se a professora reagisse, poderia ter sido morta por um tiro. Quando o namorado aconselha Lauren a comprar um celular em feira de produtos roubados para dar à mãe, a moça responde com tédio: “Ela não quer nada roubado. Só quer encher meu saco”.

Separado da mãe de Lauren, o pai procurador, cujo nome não foi divulgado, primeiro não acreditou, mas depois atribuiu toda a culpa ao namorado. Um dos medos dos pais de meninas é o amor bandido, o envolvimento da filha com traficantes e assaltantes.

“Se alguém influenciou alguém, foi ela que influenciou o garoto”, diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. “Ele é um office boy, de repente aparece uma patricinha, ele fica todo entusiasmado. Ela é de outro nível sociocultural e já tem maturidade para discernir. Não se interessa pela mãe nem teme consequências. São dois bandidos que se juntam para cometer um crime. Lauren pode ser uma psicopata, e os psicopatas não têm solidariedade, compaixão, amor.”

Há um perfil aparentemente falso de Lauren no Orkut, com 39 amigos, todos do Ceará. Nesse perfil, algumas de suas comunidades são “Sou Patricinha, e Daí?” e “Eu Odeio Minha Mãe”.

A comunidade “Eu Odeio Minha Mãe” tem 3.844 membros. Os depoimentos são terríveis, incluem xingamentos e desejos de que a mãe morra. Um dos motivos do ódio é: “Minha mãe só sabe dizer não” e “se julga dona da verdade”. Fora as drogas, pais e mães devem refletir sobre as causas dessa calamidade moral que devasta tantas famílias.

ARI CUNHA

Água Mineral não aceita estrangeiros

CORREIO BRAZILIENSE - 16/01/10


Estranho fato ocorre na Água Mineral. Não é organização para dar lucro. Provém do convênio com o Ministério da Agricultura. Trata-se de área bem conservada, com vastas árvores decorando. O povo, principalmente a classe média, tem verdadeira tendência a visitá-la. São residentes nas superquadras ou nas cidades do Distrito Federal. O preço atual é de R$ 6. Os estrangeiros são obrigados a pagar R$ 12 por uma entrada. É caro, quando o preço devia ter em vista a atenção ao turismo. Pior é cobrar R$12 pela entrada de estrangeiros. Isso, desconsiderando a manutenção do automóvel e pagamento a alguém para vigiar. Brasília já foi mais socializada.


A frase que foi pronunciada

“Sarkozy é o mais novo amigo de infância de Lula.”
José Neummane Pinto, jornalista.




Notícia do Haiti
Corria a notícia em Brasília de que o presidente Lula da Silva havia encontrado solução para a participação de Brasília no terremoto do Haiti. A notícia não é fiel, mas a língua do povo dizia que a equipe do governador Arruda está a caminho do Haiti para socorrer os atingidos.

Motoqueiros
Morrem alguns por dia em São Paulo. Quase sempre há solidariedade. Motoqueiros que se preparam para dirigir bem podem receber instruções de como agir sem precipitação. Só assim seriam salvas muitas vidas.

Parto
Entra ano, sai ano, nada convence as mulheres a lutar pelo parto normal. O Ministério da Saúde faz campanhas, mas no momento da decisão vence a intervenção cirúrgica. O pior é que os médicos estimulam. Cordão no pescoço e criança virada rendem mais.

Tecnologia
Mudança social interessante vem acontecendo nos tempos modernos. Trata-se da procura por testes genéticos para prevenção e tratamento precoce de doenças. Casais fazem testes, verificam a compatibilidade para ter um bebê saudável. Há divulgação até de um portal americano que oferece o serviço. A saliva é enviada pelos Correios.

Desastre
O Haiti está em sofrimento pesado. Os pobres vivem à beira do mar. Os ricos moram no alto dos morros. Falta luz para o país. Em alguns casos, os ricos possuem geradores próprios, que facilitam a vida. Muita gente tem descido o morro para ajudar populações sofridas.

Ignorância
Seis bilhões de litros de água desperdiçados por dia. Essa é a média brasileira. A abundância de um país que nunca viveu uma guerra acaba por deseducar a população. Cabe às concessionárias convencer a população de que vale a pena economizar.

Fim
Fica cada vez mais difícil o intercâmbio de estudo e trabalho entre Brasil e Estados Unidos. Além da crise, há as quadrilhas que oferecem visto falso de emprego. A estimativa é de 9 mil pessoas enganadas. Os criminosos oferecem todo o serviço de passaporte e contrato com empresas americanas por R$ 7 mil. A imigração fecha o cerco.

Funai
Expectativa para o encontro do presidente Lula e índios paraenses. Eles querem a revogação do decreto que extingue as representações da Fundação Nacional do Índio no Paraná. O governo tenta convencer que, com a extinção da Funai, tudo será melhor.

Anos-luz
Promessa é dívida. O governo vai garantir aos policiais cariocas um piso salarial de R$ 3,2 mil.
Até 2016.

Acredite
Anote para se lembrar. Energia elétrica vai ficar mais barata 5% neste ano. A razão é a quantidade de água vinda do céu, que aumentou a vazão de Itaipu. Jorge Samek, presidente da hidrelétrica, disse que haverá energia de sobra.

Incrível
Chega a notícia de que Ronaldo, jogador de futebol, receberá R$ 12,5 milhões pela exclusividade como garoto-propaganda do grupo Hypermarcas. Houve alteração no contrato com o timão para que isso pudesse acontecer. No mesmo país, o piso salarial de um educador deveria ser R$ 950. Mas acham muito.



História de Brasília

Os locutores da Voz do Brasil continuam chamando o ministro da Justiça de Oscar Pedrosa D’Horta. (Publicado em 22/2/1961)