sábado, abril 04, 2009

PARA...HIHIHI


ACIDENTE NA ESTRADA

Um motociclista passava com sua Kavasaki a 130 km/h por uma estrada deserta, quando inesperadamente deu de cara com um passarinho. Ele tentou, mas não conseguiu esquivar-se e os dois se chocaram.
Pelo retrovisor, ele viu o coitado do bicho dando piruetas no asfalto até ficar estendido, se contorcendo. Não podendo conter o remorso, ele parou a moto e voltou para socorrer o bichinho, que estava inconsciente, quase morto.
Angustiado, o motociclista recolheu a pequena ave, comprou uma gaiolinha e a levou para casa, tendo o cuidado de deixar um pouquinho de pão e água para o pobre acidentado.
No dia seguinte, o passarinho recupera a consciência e ao despertar, vendo-se cercado pelas grades da gaiola, com o pedacinho de pão e a vasilha de água no canto, o bicho põe a mão, ou melhor, a asa na cabeça e diz:
- Puta que pariu, matei o motoqueiro!!!

GOSTOSA


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MAIS UMA DOS PETRALHAS

REVISTA ÉPOCA
Um presente de R$ 178 milhões
Uma operação para saldar supostas dívidas da União com usineiros levanta suspeitas contra um deputado petista, o ministro do Planejamento e o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo
ISABEL CLEMENTE. COM MURILO RAMOS, RODRIGO RANGEL E MATHEUS LEITÃO
FABIANO ACCORSI
OPERAÇÃO
Fazenda de cana do interior de Goiás (foto acima). Para beneficiar os usineiros, o ministro Paulo Bernardo (foto abaixo, à esq.) enviou um projeto ao Congresso. Lima (à dir.) poderia tentar pagar um décimo da quantia, mas fez pagamento integral
Fotos: Givaldo Barbosa/Ag. O Globo e Marco Antonio Teixeira/Ag. O Globo

No dia 22 de dezembro de 2008, quando a maioria dos brasileiros arrumava os enfeites da árvore de Natal, um exclusivo grupo de lobistas e empresários já começava a abrir seu presente – uma bolada de R$ 178 milhões, retirados do bolso do contribuinte numa operação que mobilizou um deputado federal, José Mentor, petista de São Paulo; um ministro de Estado, Paulo Bernardo, do Planejamento; e o diretor-geral de uma agência reguladora, Haroldo Lima, da Agência Nacional do Petróleo, do PCdoB.

Esse triângulo de personagens do alto escalão do governo federal confeccionou, autorizou e pagou em prazo recorde um acerto financeiro que equivale a todo o orçamento anual do Ministério dos Esportes, que pretende trazer as Olimpíadas de 2016 para o país. Como sabe todo cidadão que tem uma dívida a receber do governo, o destino natural nessa situação seria encarar uma fila por vários anos, com pagamentos parcelados e demorados na forma daqueles dispositivos conhecidos como precatórios, que apenas registram o reconhecimento do governo de quanto deve. Desta vez, o pagamento saiu em duas parcelas: a primeira em outubro; a última, em dezembro.

Em teoria, os recursos destinavam-se a atender à reivindicação de 53 usinas de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que cobravam subsídios atrasados pela produção de álcool referentes aos anos 2002 e 2003 – uma discussão técnica, jurídica e econômica que esta reportagem explicará mais adiante. Na prática, suspeita-se em Brasília que parte desses R$ 178 milhões tenha sido desviada pelo caminho. Segundo um graduado funcionário do Ministério do Planejamento, esse acordo foi visto com susto, depois com medo e, por fim, não se falou mais. “O receio era de um escândalo, porque tudo lembrava uma operação para desviar dinheiro para campanhas eleitorais”, diz o funcionário.LEIA MAIS AQUI

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
A Operação Royalties

"Victor Martins está sendo investigado pela PF. 
Ele é diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP). 
É também irmão do ministro da Propaganda de Lula,
Franklin Martins"

Victor Martins está sendo investigado pela Polícia Federal. Num relatório interno, sigiloso, ele é tratado como suspeito de comandar um esquema de desvio de 1,3 bilhão de reais da Petrobras.

Quem é Victor Martins? Já tratei dele alguns anos atrás. Talvez alguém ainda se lembre. Ele é diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP). É também irmão do ministro da Propaganda de Lula, Franklin Martins.

Vamos lá. Ponto por ponto. Em meados de 2007, a PF prendeu treze pessoas na Operação Águas Profundas. Elas eram acusadas de fraudar e superfaturar contratos com a Petrobras. Durante as investigações, os agentes da polícia fazendária do Rio de Janeiro descobriram outro esquema fraudulento, envolvendo empresas de consultoria, prefeituras e a ANP. Segundo a denúncia, tratava-se de um esquema de desvio de dinheiro de royalties do petróleo. A PF abriu uma nova investigação, batizada de Operação Royalties.

Nos primeiros meses de 2008, o delegado responsável pela Operação Royalties preparou um relatório sobre o resultado de suas investigações. O que tenho na minha frente, no computador, é justamente isto: a cópia integral desse relatório.

De acordo com os dados recolhidos pelos agentes da PF, Victor Martins, apesar de ser diretor da ANP, continuaria a se ocupar dos interesses da Análise Consultoria e Desenvolvimento, empresa da qual ele seria sócio com sua mulher, Josenia Bourguignon Seabra. Victor Martins se valeria de seu cargo para direcionar os pareceres da ANP sobre a concessão de royalties do petróleo, favorecendo as prefeituras que aceitassem contratar os préstimos de sua empresa de consultoria. Num episódio descrito pela PF – e reproduzo o trecho mais escandaloso do relatório –, Victor Martins "estaria ajeitando uma cobrança de royalties da Petrobras, no valor de R$ 1 300 000 000,00 (um bilhão e trezentos milhões de reais), através da Análise Consultoria, e teria uma comissão de R$ 260 000 000,00 (duzentos e sessenta milhões de reais), a título de honorários".

O relatório da PF, com todos os detalhes sobre o esquema e o nome dos supostos cúmplices de Victor Martins na ANP, foi apresentado a Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da PF. O que aconteceu depois disso? Primeiro: a Operação Royalties, que estava a um passo de ser deflagrada, com as primeiras prisões, foi posta de molho. Segundo: o delegado que dirigia as investigações foi transferido. Terceiro: o chefe da polícia fazendária do Rio de Janeiro foi trocado. Quarto: o superintendente da PF carioca, Valdinho Jacinto Caetano, foi promovido ao cargo de corregedor-geral, em Brasília.

É bom lembrar: Victor Martins só está sendo investigado pela PF. Ninguém o acusou judicialmente. Ninguém o condenou. Mas os parlamentares do PSDB e do DEM passaram a semana fazendo de conta que instituiriam uma CPI da Petrobras. O motivo: segundo eles, a PF abafaria as denúncias contra petistas e membros do governo, como na Operação Castelo de Areia. Se é assim, a Operação Royalties parece confirmar essa tese. CPI da Petrobras. Já.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama
Holofote


Fábio Portela

 

Palocci verde?

Andre Dusek/AE


Para voltar à ribalta, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, do PT, depende do Supremo Tribunal Federal. Ele precisa que a corte o livre do processo em que é acusado de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, em 2006. No fim do ano passado, Palocci recebeu indicações de que os ministros estariam inclinados a favorecê-lo. Animado, decidiu reativar seus contatos internacionais e elegeu uma nova bandeira para defender: a ecologia. Na semana passada, ele participou de um seminário que reuniu políticos de vinte países em Washington. Foram tratados dois temas nos quais pretende se especializar: aquecimento global e energia limpa.

 

Cordeiros resfriados

Divulgação


O consumo de carne de cordeiro disparou no Brasil nos últimos anos, tornando esse mercado apetitoso para os frigoríficos. O empresário Marcos Molina, dono do Marfrig, inaugura neste mês o primeiro abatedouro do país especializado em ovinos. A unidade, que consumiu 20 milhões de reais em investimentos, fica na cidade de Promissão, em São Paulo, e tem capacidade para realizar 1 000 abates por dia. Neste primeiro ano, sua produção deverá chegar a 500 toneladas. Molina planeja ganhar espaço em supermercados e churrascarias oferecendo doze cortes diferentes de carne de cordeiro resfriada. Hoje, a maior parte do mercado é ocupada por carne congelada.

 

Usadas, não

Wilson Dias/ABR


Para dar uma mãozinha à indústria em tempos de crise, o governo começou a discutir a redução da alíquota de importação de máquinas de 14% para 2%. Além disso, quer facilitar a compra de máquinas usadas de outros países. A medida está causando uma convulsão. Os sindicatos alegam que a iniciativa ajudará algumas empresas, mas destruirá outras, exatamente as que produzem máquinas. A Abimaq, associação patronal do setor, calcula que 50 000 vagas poderão ser fechadas. Na última segunda-feira, os metalúrgicos de São Paulo avisaram ao ministro Miguel Jorge, doDesenvolvimento, que irão a Brasília acampar na Esplanada caso a ideia vá adiante. Na semana que vem, Jorge ouvirá a Fiesp sobre o projeto.

 

Acelera, Wagner!

José Cruz/AE


O governador da Bahia, o petista Jaques Wagner, de 58 anos, encontrou um novo passatempo. Nas horas vagas, ele se diverte apostando corridas em um autorama. O brinquedo foi um presente de sua amiga Mônica Millet, neta de Mãe Menininha do Gantois. A pista do governador, com seus dois carrinhos elétricos, está montada em um canto da sala de estar do Palácio de Ondina, a residência oficial dos mandatários baianos.

 

De olhos bem abertos

Edu Lopes


O empresário Marcos Amaro, de 24 anos, herdou do pai, o comandante Rolim Amaro, fundador da TAM, o tino para os negócios. Mas, apesar de pilotar desde os 15 anos e de ter o brevê desde os 18, seu ramo não é o da aviação. Marcos vendeu as ações da TAM que herdou e usou o dinheiro para comprar a rede de óticas Carol, que hoje conta com 250 unidades e projeta um faturamento de 220 milhões de reais em 2009. Seu plano de voo inclui a abertura de 100 novas lojas até o fim do ano que vem. Mesmo atuando em um segmento diferente, Marcos gosta de adaptar ideias do pai para incrementar as vendas. Ele já copiou o "Fale com o Presidente", da TAM, que virou o "Fale com a Carol". Agora, prepara uma versão do programa de milhagens da companhia aérea para suas óticas, a fim de tornar a clientela mais fiel.

PARA...HIHIHI

O farmacêutico

Numa pequena cidade do interior do CEARÁ, uma mulher entra em uma
farmácia e fala ao farmacêutico:

- Por favor, quero comprar arsênico.

E o farmacêutico responde:

- Mas... não posso vender isso ASSIM! Qual é a finalidade?

E ela diz:

- Matar meu marido!!

Espantado ele responde:

- Pra este fim... piorou... não posso vender!!!

A mulher então abre a bolsa e tira uma fotografia do seu marido, na
cama, comendo a mulher do farmacêutico.

- Ah bom!... COM RECEITA É OUTRA COISA!

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
O oligarca perfeito

"Há muitos campeões do atraso na política brasileira. Sarney é o campeão dos campeões, tanto por antiguidade quanto, sobretudo, por mérito'

"Sarney!, Sarney!, Sarney!" A multidão na praça grita em coro enquanto o político, no palanque, agita os braços em triunfo. É o começo do filmeMaranhão 66, de Glauber Rocha, documentário que registra sangue novo, cheio de boas promessas, no governo do Maranhão. O sangue novo em questão é o do jovem (36 anos) José Sarney de Araújo Costa, que tomava posse no cargo. "O Maranhão não suportava mais o contraste de suas fabulosas riquezas potenciais com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero", recita o novo governador. A câmera mostra a desolação das casas de pau a pique, seus miseráveis habitantes zanzando pelas ruas de terra. "O Maranhão não quer mais a desonestidade no governo, a corrupção… O Maranhão não quer a violência como instrumento de política. O Maranhão não quer mais a miséria, o analfabetismo, as mais altas taxas de mortalidade infantil." O tom é de anúncio de uma nova era. A câmera mostra prisões desumanas, banheiros sujos, hospitais precários.

Se há um político brasileiro que elaborou inteligentemente o seu projeto, e por isso mesmo pode considerá-lo coroado de êxito, é o senador José Sarney. O projeto, já se adivinha, é o do atraso. O jovem Tancredi, personagem do romance O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa, traduzia o mesmo objetivo na célebre frase: "Se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude". O atraso à brasileira vai mais fundo. A ideia não é que as coisas fiquem como estão; é que melhorem sempre para os governantes, mesmo que piorem para os governados. Há muitos campeões do atraso na política brasileira. Sarney é o campeão dos campeões, tanto por antiguidade quanto, sobretudo, por mérito.

Como é do conhecimento geral, as promessas de nova era no Maranhão, registradas nos onze minutos do filme de Glauber Rocha, não foram cumpridas. Ao contrário, a já longa era Sarney logrou a proeza de empurrar o Maranhão para a rabeira entre os estados brasileiros, suplantando Piauí e Alagoas. A glória de Sarney, enquanto isso, só fez aumentar, esparramando-se para a parentela. Ao passear por São Luís e outras cidades maranhenses, o visitante deparará com ruas, escolas, hospitais, bibliotecas e edifícios públicos com o nome de José, Marly, Kiola, Roseana e Fernando Sarney; entre um programa e outro da TV Mirante, de propriedade da família, folheará o jornal O Estado do Maranhão, idem; e terminará o périplo com uma chegada ao Convento das Mercês, construção do século XVII doada a uma fundação criada por Sarney para a salvaguarda de seus documentos, livros, objetos, e, ao fim e ao cabo, dele próprio – uma vez que nela está reservado espaço destinado à sua tumba.

Mas não é isso, ou apenas isso, que converte Sarney em campeão dos campeões. O pulo do gato está alhures. Os chefões desse naipe – nossos tradicionais "coronéis" – costumam adotar a prepotência como estilo. Antonio Carlos Magalhães era assim. Sarney, de sua parte, ataca de "homem cordial". Ninguém mais afável. A esse traço acrescenta-se o do literato, membro da Academia Brasileira de Letras. Suas alianças, por essa senda, avançam para abarcar intelectuais e artistas, e foi por aí que Glauber Rocha, já então o maior dos cineastas brasileiros, foi seduzido a fazer o filme de 1966. Enfim, ao homem cordial e ao literato junta-se o estadista. Ele já foi presidente da República; a pose é de impecável cumpridor do que memoravelmente alcunhou de "liturgia do cargo". A capa de homem cordial/literato/estadista cobre o coronel como um jaquetão.

Sarney está na ordem do dia, se é que algum dia saiu dela. Pela terceira vez é presidente do Senado, e sua ascensão ao cargo veio junto com um festival de denúncias, envolvendo a instituição como um todo mas com sua figura insistentemente no centro da ação – quer por sua responsabilidade na prática de nomear diretores da casa em chorrilho, quer pelo fato de ter enviado seguranças do Senado para vigiar propriedades suas em São Luís, ou de ter usado uma diretora da casa em suas campanhas eleitorais. Miudezas. O projeto de transpor o atraso maranhense para as instituições federais está em curso já há décadas, desde que ele ganhou projeção nacional, e não será interrompido. Sarney tem a seu favor a pose, a palavra e uma infalível rede de proteção político-burocrático-social-literária. Vargas Llosa dizia que o PRI, partido que dominou o México na maior parte do século XX, tinha inventado a "ditadura perfeita", com seu jeito de governar incontrastavelmente dando a impressão de que o fazia dentro da ordem institucional. Sarney criou o oligarca perfeito.

CLÓVIS ROSSI

Fracasso, sucesso e tóxicos

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/04/09

LONDRES - Ainda bem que sou o inimigo número 1 de teorias conspiratórias. Não fosse assim, acharia que os números sobre o desemprego nos Estados Unidos em março (8,5%, o mais alto índice em 26 anos) saíram um dia depois da cúpula do G20 apenas para demonstrar que o grande circo de Londres foi um fracasso.
Bobagem, claro. O jogo do desemprego estava jogado antes da cúpula, e só algum maluco poderia esperar que ela salvasse ao menos um emprego, onde fosse. Mas o dado sobre o desemprego serve para lembrar aos incautos que a crise global ainda vai piorar mais antes de começar a melhorar (algum dia vai melhorar, acho). Para o leitor que ficou eventualmente confuso ao verificar que, no mesmo jornal, há quem grite "fracasso" e há quem cante "sucesso", não se preocupe. A situação é suficientemente confusa para que tanto um como outro estejam certos e errados. Não estivesse cansado demais pelo trabalho de tentar entender onde houve fracasso, onde houve sucesso e onde não houve nada, inventaria algo mais criativo do que dizer que é a velha história de copo meio cheio, meio vazio.
Olhemos então o copo vazio: o ponto a ser observado com atenção é o andamento da limpeza dos tais ativos tóxicos que entopem o sistema financeiro e impedem o seu normal funcionamento. É a preliminar para que as más notícias comecem a secar. Como a preliminar ainda não está sendo jogada (e o G20 omitiu-se), permito-me citar Kazuo Kodama, porta-voz do primeiro-ministro japonês, Taro Aso, que lembrou que o Japão levou uns dez anos para livrar-se de problema parecido nos anos 90. "Lidar com a crise bancária de hoje pode levar bastante tempo.
Não estou dizendo que vai levar dez anos, mas há esse risco", afirmou. É esse o aspecto do jogo ao qual se deve prestar atenção. Mas o Brasil não entra nesse torneio.

MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA

Maílson da Nóbrega
Em defesa do direito
de propriedade

"O conceito de ‘função social da propriedade’ 
pode prestar-se a interpretações absurdas
e criar riscos para quem empreende e investe"

"Ocupar fazenda de banqueiro bandido é dever do povo brasileiro." Assim falou o delegado Protógenes Queiroz, que chefiou a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Com a tirada, em evento do PSOL, ele defendeu as ações do Movimento dos Sem-Terra (MST), que já invadiu pelo menos oito fazendas de Daniel Dantas.

Pior do que o soneto foi a emenda. "Não estou fazendo apologia criminosa de nada. Não estou incentivando ninguém a invadir terra produtiva. Estou falando que vou revelar em que condições essas terras foram adquiridas e quais os interesses escusos por trás disso." Conclusão: ele será a fonte do direito de esbulho de propriedade alheia.

O direito de propriedade tem papel fundamental na promoção do desenvolvimento, mas ele só existe se for garantido pela lei, contra a ação predatória de governantes e saqueadores, açulados por visões arbitrárias como a do delegado.

O direito de propriedade está na origem do fascinante processo de crescimento e bem-estar dos últimos dois séculos. Antes, a propriedade (e não o direito a ela) havia sido discutida por distintos filósofos: Platão, Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, Hegel, Hobbes, Locke, Hume, Kant e outros.

Já havia venda de propriedades na Suméria. Textos anteriores ao Código de Hamurabi previam penalidades contra o roubo. A ideia de propriedade está implícita no sétimo mandamento: "Não furtarás".

A propriedade é um conceito abstrato, que implica a posse de riqueza. Ela existe sobre um imóvel, um automóvel, um título de crédito ou uma invenção patenteada (propriedade intelectual). Seu complemento é o direito de propriedade, aquele reconhecido pelo ordenamento jurídico, que um Judiciário independente faz cumprir.

Segundo Armen Alchian, o direito de propriedade é uma forma de "atribuir a indivíduos a autoridade para escolher, em relação a bens específicos, qualquer utilização entre as classes de uso não proibidas". Não é permitido cultivar maconha, estacionar um veículo em qualquer lugar e assim por diante.

O atual direito de propriedade nasceu nos séculos XVII e XVIII na Europa, na esteira de mudanças institucionais que aboliram o poder dos reis de confiscar bens ou de limitar o seu uso legítimo. Antes, os indivíduos não tinham segurança em relação a seus bens e respectivos frutos. Era baixo ou inexistente o incentivo ao investimento.

Com o direito de propriedade, os benefícios da atividade econômica, depois de pagos os tributos legítimos, passaram a pertencer inequivocamente a quem assume o risco de empreender. Pesquisas mostram que o acesso à casa própria constitui a maior aspiração das famílias pobres e de classe média.

Karl Marx e seus seguidores defenderam a abolição da propriedade privada, identificando-a como a fonte de todos os males sociais. A adoção dessa equivocada ideia foi, como se sabe, um enorme desastre. Daí o restabelecimento do direito de propriedade após o fracasso do socialismo soviético. Na China, mudança constitucional recente qualificou de sagrado esse direito.

A importância do direito de propriedade não foi de todo assimilada nos países de tradição ibérica. No Brasil, a Constituição menciona a "função social da propriedade", conceito inexistente nos países anglo-saxônicos. Nestes, entende-se que a propriedade cumpre função social quando o direito a ela cria incentivos para sua utilização nos melhores e legítimos usos, produzindo o máximo de crescimento e bem-estar.

O conceito de "função social da propriedade" pode prestar-se a interpretações absurdas e criar riscos para quem empreende e investe. O mesmo se pode dizer da ideia de "propriedade rural improdutiva", que tem permitido ao MST se arvorar no direito de invadir fazendas. Mesmo que uma propriedade seja "improdutiva", a desapropriação é uma violência exclusiva do estado, de acordo com a lei e mediante justa indenização.

O mesmo raciocínio se aplica aos imóveis de Daniel Dantas. Se provado que a propriedade deles é indevida, cabe ao estado, observado o devido processo legal, reparar o erro. Imaginar que um delegado teria o poder de autorizar o esbulho constituiria um desprezo a uma das grandes conquistas da civilização.

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PAINEL

"CAIU PARA QUANTO?"

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/04/09


A comentada cena em que Barack Obama elogiou Lula, ‘o cara’, foi na verdade reprise, para novos espectadores, de um diálogo que se deu na véspera, durante a sessão da foto oficial dos chefes de governo que participaram da reunião do G20, em Londres. Conversando com o colega brasileiro e Angela Merckel, o presidente americano disse à chanceler alemã: ‘Este aqui é o político mais popular do mundo’’. 
Bem-humorado, Lula respondeu que sua popularidade havia até caído um pouco em razão da crise. ‘Para quanto?’, quis saber Merkel. Ele disse que para algo ‘entre 60% e 70%’. Admirada, a alemã exclamou em tom irônico: ‘Aaaahhhhh, então caiu muito...’.

MC Cabral - Sérgio Cabral (PMDB) se empolgou com os elogios de Obama a Lula. O governador do Rio aproveitou encontro com o ‘político mais popular do planeta’, ontem em Londres, para entoar um funk ‘proibidão’, recheado de palavrões, um deles rimando com ‘o Lula apareceu’.

Youtube - Cabral não se deu conta de que tanta empolgação foi registrada pelas câmeras que acompanhavam vistoria das instalações olímpicas para a campanha Rio 2016.

Parceria - Com ministros na berlinda desde que foi deflagrada a Operação Castelo de Areia, o Tribunal de Contas da União ganhará um programa mensal na TV do não menos turbulento Senado. O ‘TCU em ação’ estreia amanhã.

Veto - Em resposta ao chumbo contra Tasso Jeiressati, que o PSDB acredita ter sido disparado por Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder tucano, Arthur Virgílio, ameaça criar dificuldades à nomeação de Shalom Granado, patrocinado pela dupla Sarney-Renan, para a advocacia geral do Senado. ‘Terão de nos consultar. Quero ver quais os atributos que esse senhor reúne.’

Fala mínima - O novo diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, determinou que informações requisitadas pela imprensa a respeito do funcionamento da Casa sejam fornecidas apenas mediante protocolo formal. O prazo para resposta é de cinco dias. ‘É o que manda a lei’, justifica.

Padrão - Depois de recorrer contra os cortes na Embraer e na Usiminas, as centrais sindicais decidiram tentar embargar na Justiça do Trabalho a sequência de demissões no setor de frigoríficos. Somente o Independência Alimentos mandou embora 6.600.

SOS - As centrais terão encontro com Lula na quarta. Esperam conhecer detalhes de estudo preparado pelo BNDES sobre os frigoríficos.

Fermento - Dados do Ministério do Trabalho apontam crescimento da Força Sindical, que atingiu neste mês a marca de mil sindicatos filiados -22,41% do total. Há um ano, ela tinha 20,24%. A CUT ocupa a dianteira, com 1.648 entidades -36,93% do total, contra 47,33% há um ano. O ministro Carlos Lupi é do PDT, ligado à Força.

Canetada - Márcio Fortes (Cidades) assinou portaria que prorroga novamente prazos para ‘atendimento de exigências técnicas’ nas obras do PAC contratadas no primeiro semestre de 2008. Para não embargar o programa, a data, que expirou no dia 31, foi postergada para 30 de junho.

Resgate - Três meses depois de ser exonerado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), Cláudio Galeno, ex-marido de Dilma Rousseff, foi reintegrado à administração de Belo Horizonte. Assessor de Fernando Pimentel (PT), será agora ‘gerente de acompanhamento de colegiados’.

Tiroteio

A oposição é bipolar. Quando votou o Fundo Soberano, dizia que ele seria inútil. Agora, virou a panaceia para os problemas dos municípios. 
Do deputado MAURÍCIO RANDS (PT-PE), sobre projeto apresentado por PSDB, DEM e PPS que cria um colchão composto por recursos da DRU, de emissões de títulos e do Fundo Soberano para compensar a queda de receita dos municípios.

Contraponto

Serralândia

Secretários do governo de José Serra, Bruno Caetano (Comunicação) e Sidney Beraldo (Gestão Pública) realizaram recentemente um circuito de visitas a jornais e emissoras de rádio e televisão do noroeste paulista. Depois de entrarem ao vivo num telejornal em Marília, os dois foram convidados a gravar participação num programa de variedades da mesma emissora. 
Já dentro do estúdio, Beraldo avistou um chamativo cartaz de propaganda de um condomínio da região chamado Portal da Serra, e comentou com o colega: 
-Olha, Bruno, realmente aqui estamos em casa!

LYA LUFT

REVISTA VEJA

Lya Luft
A crise que estamos esquecendo

"Todos os indivíduos, não importa a conta bancária,
profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra 
crise: a do desrespeito geral que provoca violência física
ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito"

O tema do momento é a crise financeira global. Eu aqui falo de outra, que atinge a todos nós, mas especialmente jovens e crianças: a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa. Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso: falta de autoridade amorosa dos pais (e professores) e péssimo exemplo de autoridades e figuras públicas.

Pais não sabem como resolver a má-criação dos pequenos e a insolência dos maiores. Crianças xingam os adultos, chutam a babá, a psicóloga, a pediatra. Adolescentes chegam de tromba junto do carro em que os aguardam pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o rosto para eles. Cumprimento, sorriso, beijo? Nem pensar. Como será esse convívio na intimidade? Como funciona a comunicação entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é normal: crescer é também contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse jogo: junto com afeto, deveriam vir regras, punições e recompensas. Que tal um pouco de carinho e respeito, de parte a parte? Para serem respeitados, pai e mãe devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos filhos neste mundo difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e profissionais. Mal-amados, mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotoveladas e aos pontapés.

Ilustração Atômica Studio


Mal pagos e pouco valorizados, professores se encolhem, permitindo abusos inimagináveis alguns anos atrás. Uma adolescente empurra a professora, que bate a cabeça na parede e sofre uma concussão. Um menininho chama a professora de "vadia", em aula. Professores levam xingações de pais e alunos, além de agressões físicas, cuspidas, facadas, empurrões. Cresce o número de mestres que desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, estudantes falam alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém trabalha para o bem desses que o tratam como um funcionário subalterno. Onde aprenderam isso, se não, em primeira instância, em casa? O que aconteceu conosco? Que trogloditas somos – e produzimos –, que maltrapilhos emocionais estamos nos tornando, como preparamos a nova geração para a vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha aos nossos gritos? Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres são responsáveis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.

Na outra ponta, temos o espetáculo deprimente dos escândalos públicos e da impunidade reinante. Um Senado que não tem lugar para seus milhares de funcionários usarem computador ao mesmo tempo, e nem sabia quantos diretores tinha: 180 ou trinta? Autoridades que incitam ao preconceito racial e ao ódio de classes? Governos bons são caluniados, os piores são prestigiados. Não cedemos ao adversário nem o bem que ele faz: que importa o bem, se queremos o poder? Guerra civil nas ruas, escolas e hospitais precários, instituições moralmente falidas, famílias desorientadas, moradias sub-humanas, prisões onde não criaríamos porcos. Que profunda e triste impressão, sobretudo nos mais simples e desinformados e naqueles que ainda estão em formação. Jovens e adultos reagem a isso com agressividade ou alienação em todos os níveis de relacionamento. O tema "violência em casa e na escola" começa a ser tratado em congressos, seminários, entre psicólogos e educadores. Não vi ainda ações eficazes.

Sem moralismo (diferente de moralidade) nem discursos pomposos ou populistas, pode-se mudar uma situação que se alastra – ou vamos adoecer disso que nos enoja. Quase todos os países foram responsáveis pela gravíssima crise financeira mundial. Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito. Cada um de nós pode escolher entre ignorar e transformar. Melhor promover a sério e urgentemente uma nova moralidade, ou fingimos nada ver, e nos abancamos em definitivo na pocilga.

DORA KRAMER

Tipo exportação


O ESTADO DE SÃO PAULO - 04/04/09


O Senado iniciou o ano legislativo paralisado nas cordas, pego de calças curtas sem explicações convincentes para a existência de tantas e tão esquisitas botijas, mas, quando votou, convenhamos, caprichou: aprovou a criação de uma nova bancada na Câmara dos Deputados que teria de quatro a sete vagas para representantes de brasileiros residentes no exterior.

Emenda à Constituição, a proposta precisou de quórum qualificado e obteve votação expressiva, 59 senadores a favor. Nem todos, porém, entenderam direito o que votaram e, no dia seguinte, já prometiam mudar de posição no segundo turno a fim de evitar que a emenda passe ao exame da Câmara.

Levaram um susto quando perceberam que haviam aprovado o aumento do número de deputados, a ampliação da estrutura, a elevação de despesas e muito provavelmente a criação de mais um motivo para críticas contra o Poder Legislativo.”Votamos por indicação dos líderes. Mas não é hora de aumentar o número de parlamentares, não estamos com crédito junto à opinião pública”, reagiu o senador Demóstenes Torres, um dos que votaram na véspera sem entender o quê.

“Isso parece piada! Se for assim (aumentar o número de deputados), voto contra no segundo turno”, reclamou o senador Pedro Simon, que também emprestou seu nome ao placar sem saber por quê.

“Essa proposta não pode prosperar. A menos que se faça um debate sobre reforma política e redução da representação parlamentar”, ponderou o senador Alvaro Dias, impondo suas condições para manter seu apoio à criação de uma nova bancada com vistas a representar o cidadão brasileiro habitante de terra estrangeira.

Estabeleça-se, na preliminar, que os três senadores citados fazem parte do grupo dos mais qualificados. Não são suplentes sem votos, não têm atuação folclórica nem são afetos a maus combates ou frequentadores de escândalos. Um é procurador experiente, o segundo é o mais antigo senador em exercício, o terceiro já foi governador.

Ainda assim, materializam nesse singelo exemplo a evidência de que o problema do Parlamento não é a quantidade de congressistas, mas a qualidade do serviço prestado. Quando três senadores reconhecidamente habilitados são posteriormente alertados sobre o conteúdo do voto dado no dia anterior, algo de muito errado anda acontecendo com a representação parlamentar do brasileiro.

A proposta originalmente apresentada por outro senador de boa cepa, Cristovam Buarque, pode ser bem-intencionada, mas, na atual conjuntura em que se posiciona o Poder Legislativo, soa equivocada.

Em tese não há como discordar do senador quando ele advoga que os 3 milhões de brasileiros residentes no exterior tenham quem os defenda no Congresso. Já o argumento de que o voto parlamentar seria um estímulo para elevar o número de eleitores registrados nos consulados, é questionável.

Hoje são 133.825 os brasileiros aptos para escolher o presidente da República. Ora, se a participação é ínfima na eleição que mais mobiliza, por que haveria o cidadão de se sentir estimulado a escolher deputados com os quais provavelmente nunca mais terá contato?

Ou a ideia seria uma bancada de viajantes para consultas periódicas às bases nas Américas, Europa, Ásia, África e Oceania? Por força do sistema proporcional de votação da excessiva referência do Congresso no Poder Executivo, deputados são figuras de um modo geral distanciadas do eleitorado durante o exercício do mandato. Isso, representantes e representados morando no mesmo país. Separados por continentes, aí mesmo é que não haveria, na prática, a representação tal como utopicamente imagina em sua proposta o senador Cristovam.

Ademais, se a preocupação é o brasileiro no exterior, as bancadas já existentes podem perfeitamente designar um parlamentar para se dedicar ao assunto. Assim como há os que atuam primordialmente em áreas específicas (agricultura, energia, economia, direitos humanos etc.), haveria os especialistas nas questões dos “estrangeiros”.

Antes de pensar em assegurar representatividade congressual ao eleitor que está lá fora, o Congresso precisaria representar a contento o eleitorado aqui de dentro. Se não cuida deste, não atenderá às demandas daquele.

A questão, obviamente, não é o custo de três, cinco ou sete deputados novos. É o prejuízo causado pela falta de noção da maioria dos atuais 594 congressistas sobre o conceito da representação pública.

Voz do dono

Gilberto Carvalho na presidência do PT é Lula no comando do partido, de fato e de direito. A escolha do secretário particular elimina qualquer risco de desvios na trilha traçada com a régua do Planalto para o processo de sucessão presidencial.

Corre a versão de que Lula não quer liberar o secretário para comandar o PT. Realmente. Espera que o partido diga, repita e, de preferência insista, que esse é o maior desejo dos petistas.

CARA DE PAU


SÁBADO NOS JORNAIS

- O globo: Brasil usa reservas para emprestar US$ 10 bi ao FMI

Folha: EUA perdem 5 milhões de empregos com a crise

Estadão: Desemprego nos EUA chega a 8,5%

JB: Voos para o exterior salvam o Galeão

Valor: BC prepara nova rodada de liberalização cambial

Gazeta Mercantil: Indústria aperta o varejo e já faltam produtos nas gôndolas

Jornal do Commercio: Mais segurança nas estradas no feriad