sábado, março 07, 2009

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
O silêncio dos bons

"O conceito de ‘governabilidade’ foi interpretado, na política brasileira, como a necessidade de reservar áreas do governo à livre prática da corrupção"

Agora já não há mais dúvidas: houve uma batalha entre os bons e os podres, e os podres venceram. É simples assim. Tal qual num teatro em que o autor finalmente desvela o que ainda faltava desvelar, e os espectadores são contemplados com o chocante desfecho, os últimos dias, começando pela tentativa de assalto comandada por um ministro a um fundo de pensão, e terminando com a articulação para eleger o novo presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, disseram tudo.

A mesma turminha braba agiu num caso como no outro. Aquela turminha famosa mesmo antes de o senador Jarbas Vasconcelos denunciá-la na VEJA de três semanas atrás, e mais famosa ainda depois. Ela estende sua sombra por um vasto condomínio: o Senado, a Câmara, os ministérios de mais polpudos orçamentos, o comando das estatais. Onde há ainda algum cofre fora de seu alcance, ou algum promissor recanto do estado a salvo de seu poder de chantagem, não se perde por esperar. Eles estão com as garras afiadas e, certos de que não há força capaz de barrar-lhes o avanço, ainda chegam lá. É simples assim: acabou. Eles venceram.

Como foi isso acontecer? Já se cansou de falar da voracidade com que os políticos se lançaram ao pote, quando do desmanche da ditadura. Já se cansou de falar da impunidade, já se arquicansou de falar de regras eleitorais favoráveis à trapaça e ao engodo. Ficou faltando falar de um fator igualmente decisivo, ou mais: o silêncio dos bons. Os podres avançaram na mesma proporção em que os bons recuavam. Quanto mais silêncio de um lado, mais estimulado se sentia o outro em seguir adiante. A audácia com que recentemente descartaram os últimos escrúpulos tem sua perfeita contrapartida na atitude daqueles que, por timidez ou, pior, por conveniência, se recusaram a atrapalhar-lhes o caminho.

Um aviso ao leitor incréu: existem, sim, os bons. Existe gente honesta e com a cabeça no bem do país no Congresso e nos ministérios, no governo dos estados e nas prefeituras. É tão equivocado achar que todo político é desonesto quanto achar que todos são anjos. Quando o senador Jarbas Vasconcelos soltou o verbo, expondo o PMDB como um partido cuja vocação é pleitear cargos para praticar a corrupção, seria de esperar que os bons viessem em peso engrossar o coro. Enfim, surgia um paladino daquela verdade que todo mundo via, mas que ninguém de semelhante prestígio e influência ousara denunciar. A obrigação dos bons, tanto nos outros partidos quanto nos minoritários bolsões de honestidade no próprio PMDB, seria, num tropel de cavalaria justiceira, vir em reforço do senador. Era de esperar uma mobilização que, do mais humilde vereador ao mais poderoso governador de estado, passando pelos senadores e deputados que exercem seu mandato com honradez, contaminasse a sociedade com um estrondo de avalanche. Em vez disso, o que se viu foi uma ou outra protocolar declaração de apoio, o silêncio de muitos, e vida que segue.

Por que o silêncio dos bons? Eis outra revelação para deixar a plateia chocada: porque puseram na cabeça que não podem prescindir dos maus. Não é que toleram; se assim fosse, não seria tão grave. Eles cortejam os maus. Acenam para eles com carinho, jogam beijinhos, reviram os olhos. Chegaram à conclusão de que sem eles não se governa, por isso se desdobram nas amabilidades e solicitudes. Esse fenômeno vem lá do funesto governo Sarney. O governo Fernando Henrique Cardoso foi a penúltima esperança de que pudesse ser detido. O governo atual, em que atingiu sua expressão máxima, foi a última. "Governabilidade", uma palavra que em outros países significa encontrar pontos doutrinários comuns, entre partidos diferentes, para permitir efetividade à ação administrativa, no Brasil ganhou o significado de reservar áreas do governo à livre prática da corrupção, em troca de apoio em votações no Congresso e em campanhas eleitorais. Em outras palavras, legalizou-se a corrupção. Acabou-se a história. A vitória foi entregue de bandeja à banda podre.

O homem escolhido para chefiar a Comissão de Infraestrutura do Senado, um posto que oferece boas possibilidades de manipulação e chantagem, é o ex-presidente Fernando Collor. Expulso do poder por corrupção em 1992, o homem que pedia para não ser deixado só teve seu desejo atendido: conta com a companhia amiga dos colegas, numa teia de solidariedade que corre até o centro do governo. Sozinho ficou o senador Jarbas Vasconcelos.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
A inteligência brasileira

"A verdadeira proeza de Santos Dumont foi 
conseguir inventar o avião três anos depois de
o avião ter sido inventado pelos irmãos Wright"

– Chester.

– Copo de polipropileno.

– Chinelo de dedo.

Uma empresa internacional de assessoria, Monitor Group, publicou uma lista com as 101 maiores descobertas brasileiras. É um retrato da engenhosidade nacional. Quem precisa de Arquimedes, se nós criamos a lombada eletrônica? Quem precisa de Leonardo da Vinci, se nós criamos a caipirosca engarrafada? Quem precisa de Thomas Edison, se nós criamos o fast-food de bobó de camarão?

Chu Ming Silveira é autora de uma das 101 maiores descobertas brasileiras: o orelhão. A ideia é particularmente inovadora porque, em vez de diminuir o barulho da rua, como todas as outras cabines de telefone espalhadas pelo mundo, o orelhão, funcionando como uma grande orelha, tem a singularidade de captar os ruídos externos e amplificá-los.

Antes que Chu Ming Silveira desenvolvesse o projeto do orelhão, o Brasil teve outros inventores. O maior deles: Alberto Santos Dumont. Ele é reconhecido por todos os brasileiros como o inventor do avião. Mas sua verdadeira proeza foi conseguir inventar o avião três anos depois de o avião ter sido inventado pelos irmãos Wright. Inventar algo que nunca existiu, como os irmãos Wright, é incomparavelmente mais simples e rudimentar do que inventar algo que já existe, como Santos Dumont. Ele está para a aeronáutica assim como Al Gore está para a internet. Santos Dumont é o Al Gore dos céus.

No ano passado, Dilma Rousseff declarou que a descoberta de petróleo na camada pré-sal "foi produzida pela inteligência brasileira e pela tecnologia brasileira". De fato, o petróleo descoberto no pré-sal consta da lista do Monitor Group, ao lado de outros triunfos da inteligência brasileira e da tecnologia brasileira, como a macarronada pré-cozida da cadeia de restaurantes Spoleto. Para perfurar o terreno até o pré-sal, a Petrobras arrendou duas sondas. A primeira, Ocean Clipper, foi fei-ta em Kobe, pela Mitsubishi, e pertence à Diamond Offshore. A segunda, Paul Wolff, foi feita em Mississippi, pela Ingalls, e pertence à Noble Corporation.

Quando se analisam os contratos assinados pela Petrobras para explorar o petróleo na camada pré-sal, despontam nomes de companhias genuinamente brasileiras como Schlumberger, Aker Solutions, Halliburton, Subsea 7, FMC Technologies, Technip e Mitsui Ocean Development. Em janeiro, um engenheiro estrangeiro disse à revistaOffshore que o Brasil é inexperiente no assunto e que "tem um monte de problemas pela frente". Mas quem é capaz de fazer uma macarronada pré-cozida seguramente também é capaz de fazer um buraco no solo para retirar o petróleo do pré-sal.

A inteligência brasileira e a tecnologia brasileira produziram, na Bahia, o orelhão em forma de berimbau. Como é que a gente pode falhar?

MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA

Maílson da Nóbrega
Crise: como chegamos 
a este ponto?

"O detonador da crise nasceu de intervenção do 
estado: a norma pela qual se financiou a casa própria
para milhões de americanos sem condições de pagar"

Essa pergunta não cala. O desastre aconteceu nas barbas de multidões de analistas financeiros, economistas, comentaristas, banqueiros, reguladores. Pouquíssimos previram a crise. Sofisticados modelos de avaliação de riscos falharam. Como entender?

Uma saída tola é culpar o neoliberalismo. A crise teria sido efeito da crença cega no mercado. Ocorre que não existe livre mercado no sistema financeiro. Na verdade, o detonador da crise nasceu de intervenção do estado, qual seja a norma pela qual se financiou a casa própria para milhões de americanos sem condições de pagar.

Analistas de esquerda adoram apontar a desregulação. A culpa seria da revogação do Glass-Steagall Act, no governo de Bill Clinton. Essa lei, dos anos 30, separava as atividades de banco comercial das de investimento, mas ficou gagá com a sofisticação e a globalização dos mercados. Penalizava os bancos americanos.

Crises existem desde que o atual sistema financeiro nasceu, por volta do século XVII. Foram mais de 300, em média uma por década.

O sistema opera alavancado: empresta mais do que seu capital. Atua descasado: o prazo dos empréstimos é maior que o dos recursos captados. Ao calcular riscos e selecionar clientes, contribui para o melhor uso dos recursos e, assim, para aumentar a produtividade.

Tudo isso turbina a economia, mas sujeita o sistema a crises periódicas. Surgem bolhas financeiras. Como sempre, as lições costumam ser ignoradas. A regulação não consegue antecipar os riscos das inovações.

Felizmente, entre as crises o mundo progride. Até porque elas são prova da inventividade, da curiosidade e do gosto pelo desafio que marcam a experiência humana. Depois das crises, a regulação se renova. Até a próxima crise.

O mau diagnóstico pode resultar em má regulação e inibir as inovações. Assim, o correto é buscar explicações como a do longo período de alta liquidez e juros baixos (o mesmo de outras crises). A liquidez aumentou com o excesso de poupança da China, da Rússia, do Brasil e de outros países. Os juros baixos vieram da reação do Federal Reserve ao estouro da bolha das empresas de tecnologia e aos ataques terroristas em 2001.

Tal qual em outras ocasiões, a prudência foi relaxada e surgiram incentivos perversos causadores de comportamentos irresponsáveis. Crises seriam coisa do passado. Os modelos de avaliação apontariam os riscos com precisão. Enquanto isso, o sistema de remuneração premiava o risco excessivo. Polpudos salários e bônus eram pagos, mesmo se as operações se tornassem ruinosas.

Os bancos erraram. Os reguladores falharam. Foi o caso da resistência de Alan Greenspan a regular os derivativos. Mas houve outras falhas, especialmente porque os reguladores dificilmente chegam à frente dos problemas. São menos talentosos (e menos remunerados) que os que promovem inovações e aprendem a contornar as limitações das normas.

Não foi apenas uma questão de ganância, como se diz. Valeu mais a defeituosa calibragem dos riscos. Os bancos foram influenciados por uma década de bons resultados (a Era de Ouro). O exagero na assunção de riscos, que quebrou muitos, originou-se de falhas nos testes realizados com base em premissas e modelos de avaliação insuficientes.

Em estudo recente, Andrew Haldane, diretor do Banco da Inglaterra, deu interessantes razões para tais falhas. Uma delas é a miopia em face do desastre. Significa a propensão a subestimar a probabilidade de eventos adversos, especialmente dos tipos ocorridos em passado distante. Motoristas reduzem a velocidade quando presenciam um acidente, mas tendem a acelerar quando o desastre fica mais distante na sua memória.

Haldane afirma que a excessiva confiança deu lugar à arrogância e à cegueira coletiva quanto aos riscos, que afetou reguladores, banqueiros e analistas. O estudo está disponível emwww.bankofengland.co.uk/publications/speeches/2009/speech374.pdf.

O papel desses estudos não é buscar culpados, mas mapear a dinâmica da gestação da crise, como ocorre em desastres aéreos, os quais não acontecem por uma única causa. Medidas para evitar a repetição dos erros não podem basear-se em visões moldadas por preguiça mental ou por ideologia.

LYA LUFT

REVISTA VEJA

Lya Luft
No paraíso da transgressão

"Vivemos feito bandos de ratos aflitos, recorrendo à droga, à bebida, ao delírio, à alienação e à indiferença, para aguentar uma realidade cada dia mais confusa"

A gente se acostuma a criticar os jovens por eles serem pouco educados, os homens por serem arrogantes, as mulheres por serem chatas, os governos por serem omissos ou incompetentes, quando não mal-intencionados. Políticos sendo acusados de corrupção é tão trivial que as exceções se vão tornando ícones, ralas esperanças nossas. Onde estão os homens honrados, os cidadãos ilustres e respeitados, que buscam o bem da pátria e do povo, independentemente de cargos, poder e vantagens?

Transgredir no mau sentido é natural entre nós. Ladrões e assassinos, mesmo estupradores, recebem penas ridículas ou aguardam o julgamento em liberdade; se condenados, conseguem indultos absurdos ou saem em ocasiões como o Natal, e boa parte deles naturalmente não volta. Crianças continuarão a ser estupradas, inocentes mortos, velhinhos roubados, mulheres trancadas em suas casas, porque a justiça é cega, porque as leis são insensatas e, quando prestam, raramente se cumprem.

Nesta nossa terra, muitos cidadãos destacados, líderes, são conhecidos como canalhas e desonestos, mas, ainda que réus confessos ou comprovados, inevitavelmente se safam. Continuam recebendo polpudos dinheiros. Depois de algum tempo na sombra, feito eminências pardas, voltam a ocupar importantes cargos de onde nos comandam. Assassinos ao volante nem são presos. Se presos, são soltos para o famoso "aguardar o julgamento em liberdade". Centenas e centenas de vidas cortadas de maneira brutal e o assassino, a não ser que acossado pela culpa moral, se tiver moral, logo voltará ao seu dia-a-dia, numa boa. Se invadir a casa de meu vizinho, fizer seus empregados de reféns, der pauladas na sua mulher ou na sua velha mãe e escrever nas paredes com excremento humano frases ameaçadoras, imagino que eu vá para a cadeia. Os bandos de pseudoagricultores (a maioria não sabe lidar na terra) fazem tudo isso e muito mais, e nada lhes acontece: no seu caso, bizarramente, não se aplica a lei.

Ilustração Atômica Studio


Se sobram muitas vagas nos exames vestibulares, em alguns casos simplesmente se fazem novas provas, provinhas mais fáceis. Leio (se me engano já me desculpo, nem tudo o que se lê é verdadeiro) que, como são poucos os aprovados nos exames da OAB, porque os estudantes saem despreparados demais das faculdades de direito que pululam pelo país, o exame se tornou mais simples: há que aprovar mais gente. Quantidade, não qualidade. Governantes, os bons e esforçados, viram objeto de ódio de adversários cujo interesse não é o bem da comunidade, estado ou país, mas o insulto, o desrespeito, a violência moral do pior nível. Aliás, nesses casos o nível não importa, o que importa é destruir.

Eis o paraíso dos transgressores: a lei é a da selva, a honradez foi para o brejo, a decência tem de ser procurada como fez há séculos um filósofo grego: ao lhe indagarem por que andava pela cidade com uma lanterna acesa em dia claro, declarou: "Procuro um homem honesto". O que devemos dizer nós? Temos pouca liderança positiva, raríssimo abrigo e norte, referências pífias, pobre conforto e estímulo zero, quase nenhuma orientação. A juventude é quem mais sofre, pois não sabe em que direção olhar, em que empreitadas empregar sua força e sua esperança, em quem acreditar nesse tumulto de ideias desencontradas. Vivemos feito bandos de ratos aflitos, recorrendo à droga, à bebida, ao delírio, à alienação e à indiferença, para aguentar uma realidade cada dia mais confusa: de um lado, os sensatos recomendando prudência e cautela; de outro, os irresponsáveis garantindo que não há nada de mais com a gigantesca crise atual, que não tem raízes financeiras, mas morais: a ganância, a mentira, a roubalheira, a omissão e a falta de vergonha. E a tudo isso, abafando nossa indignação, prestamos a homenagem do nosso desinteresse e fazemos a continência da nossa resignação. Meus pêsames, senhores. Espero que na hora de fechar a porta haja um homem honrado, para que se apague a luz de verdade, não com grandes palavras e reles mentiras.

INFORME JB

 Brasília investe no turismo familiar

Leandro Mazzini

Jornal do Brasil - 07/03/09

A primeira imagem que vem à cabeça de muitos quando se fala em Brasília é a Esplanada dos Ministérios com o Congresso ao fundo – cena padrão usada pelas redes de TV que cobrem o cotidiano político. Roney Nemer (foto), mineiro de 46 anos que há muito virou candango, quer mudar isso. O novo presidente da Brasiliatur – reestruturada depois de um desmanche de anos atrás – pretende investir pesado a partir deste mês para fazer da capital um roteiro de "turismo familiar", e não apenas de negócios e política. Há realmente uma capital federal que muitos poucos conhecem: a que preserva o parque nacional, o parque da cidade, belos lagos e obras além-Niemeyer. "Vamos promover eventos nos quais o empresário possa trazer a mulher e os filhos, com roteiros alternativos aos eventos de negócios já realizados", vislumbra Nemer.

No banco Na reserva

O Conselho Nacional de Justiça decidiu que a participação dos magistrados em clubes de futebol é permitida só na função de conselheiro.

A decisão foi motivada por consulta formulada pelo atual vice-presidente do TJ de Pernambuco, desembargador Bartolomeu Moraes. Ele desejava assumir a função de conselheiro e, talvez, a presidência do Santa Cruz.

Bolão

Por falar em futebol, a Timemania, que completou um ano, apesar de longe das expectativas, vai pagar seu maior prêmio: R$ 4,2 milhões – ou, aplicados na poupança, R$ 28 mil/mês.

Que crise?

O Grupo Caixa Seguros, quinto maior do país no setor, fechou o ano com lucro recorde de R$ 637,7 milhões. Alta de 13,5% em relação aos R$ 561,8 milhões obtidos em 2007.

Fila dos filhos

O polêmico caso do pai americano que pretende ter de volta o filho brasileiro é só mais um entre os 40 pedidos similares que a Advocacia Geral da União analisa.

Miss simpatia

Na segunda, a ex-primeira-dama de São Paulo Lu Alckmin vai aparecer na Rádio Record em entrevista a Débora Santilli, no Cartão de visita. Lu, acredite, vai elogiar o presidente Lula. E bem.

Promessa tripla

O senador Renato Casagrande elegeu três temas para este ano: tarifas de telefonia celular e fixa, desmatamento da Amazônia e transparência nas contas públicas.

Na praia

O governador do Rio, Sérgio Cabral, vai falar no 8º Fórum Empresarial/2º Fórum de Governadores do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), de 18 a 21 de abril, em Comandatuba (BA).

Ventania

Um ventilador de teto se desprendeu ontem numa sala da tradicional Escola Pedro II, em São Cristóvão, no Rio, e machucou a professora.

Por terra

A Asa Transportes, uma empresa de mudanças, já faz fila de caminhões na entrada do Planalto e na lateral, pelos fundos.

Padrinho

Espera-se no Planalto que o ministro do TSE Arnaldo Versiani, da classe dos advogados e indicado por Lula para o tribunal, tenha um voto, digamos, mais brando no caso da reclamação do DEM sobre o evento que reuniu os prefeitos.

Fila anda

Se o TSE continuar nesse pique de julgamentos de cassações, o próximo governador que vai para a degola será Marcelo Miranda, do Tocantins.

Perdido

O governador Jackson Lago (MA) vai ser frito antes da hora se depender do apoio social que diz ter. É meia dúzia de sem-terra.

Mutirão da mulher

A União Geral dos Trabalhadores vai promover um mutirão social para mulheres de rua e sem-teto em São Paulo amanhã, no Vale do Anhangabaú. Haverá serviços de recuperação de documentos pessoais e, inclusive, acesso a banhos, corte de cabelos e troca de roupas.

DORA KRAMER

Gatos pingados

O Estado de São Paulo


O grau de adesão de suas excelências ao primeiro encontro da frente parlamentar anticorrupção fala por si. Dispensa maiores explicações, mede o interesse e evidencia o quanto de empenho deputados e senadores estão dispostos a dedicar ao assunto. Dos 594 congressistas, menos de 30 – exatamente 29 (27 deputados e 2 senadores) – participaram da reunião em que se decidiu pelo nome oficial de Movimento pela Transparência e se definiu a pauta inicial dos trabalhos.

Muito mais gente se reuniu no dia seguinte para saudar, aos gritos de “volta, volta”, o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia, obrigado a se afastar por ter escondido da Receita Federal uma casa de R$ 5 milhões.

Na Câmara, um número muito superior ao dos 27 deputados interessados na causa da melhoria da política integra a linha de defesa do mau combate; no Senado, foram 40 os que se associaram ao acordo de salvação do mandato de Renan Calheiros em troca da renúncia a uma presidência já totalmente desmoralizada.

Na última terça-feira, um terço do colegiado reverenciou o discurso em que o senador Jarbas Vasconcelos reafirmava suas declarações à Veja e conclamava a classe política a reagir contra o avanço da corrupção e da esperteza como valor preponderante à inteligência e à correção ética. Quase todos partiram da premissa de que está nas mãos dos políticos a solução. Condenaram a corrupção e concordaram quanto à urgência de uma reação.

Parecia que sairiam dali atrás de instrumentos para construir os alicerces de uma providência.

Nada. Cumprida a formalidade, atendidos os impulsos imediatos da consciência, ficou o dito pelo não dito. Dos 81 senadores, 2 apareceram na reunião da frente anticorrupção para avalizar o movimento.

É amazônica a distância entre a intenção anunciada e o gesto efetivo. Por quê?

Por que são todos venais, mentirosos, gostam de correr o risco constante do constrangimento em locais públicos, pouco ligando à proximidade do dia em que a rejeição implícita será substituída pelo insulto explícito e daí o perigo da degeneração para a pancadaria física?

É a conclusão mais fácil, mas também a mais apressada e não necessariamente a mais acertada.

Uma minoria de psicopatas que não têm nada a perder encara a política como uma atividade transitória e predatória até se enquadra naquele perfil.

Mas a maioria é de profissionais do ramo, vive da opinião pública, precisa de prestígio, preferia muito mais ser respeitada que desqualificada. Então, por que não se engajam nas melhores causas, não se juntam aos 29 combatentes? Por que não reforçam a frente anticorrupção a fim de evitar que esta vire de novo um movimento de bem-intencionados gatos pingados, solitários carregadores de estandartes bons de largada, mas sempre derrubados antes de conseguir entrar na reta de chegada?

Duas hipóteses. A teia de compromissos partidários que os impede de contrariar interesses é a mais evidente. Quanto mais comprometido com partido que, por sua vez, tenha satisfações outras a prestar – seja no setor público ou privado –, menos o parlamentar se sente estimulado a remar contra a maré. O castigo pode ser o ostracismo.

A outra hipótese guarda relação com as preferências do público. A despeito da indignação ética que permeia o ambiente, na hora do vamos ver o eleitorado não dá muita bola para essas questões. Elege e reelege corruptos juramentados, cai no conto da farinha do mesmo saco, aceita a tese de que todos são iguais, não se dá ao trabalho de distinguir situações, mostra nas pesquisas que a compostura não é prioritária, celebra o esperto em detrimento do correto.

O político, um vivente de sufrágios, coteja os dados, interpreta o clima e conclui que essa batalha não dá voto. Algo semelhante ao governante que prefere construir pontes a investir em saneamento básico.

Não obstante a realidade malsã, a missão dos gatos pingados não é de todo vã. A primeira reunião do Movimento pela Transparência decidiu retomar na Câmara a proposta do fim do voto secreto no Parlamento e pressionar o Senado para divulgar os gastos com a verba extra.

Era a pauta da semana que vem, esvaziada porque as presidências das duas Casas já anunciaram as medidas. Convém, no entanto, não comemorar antes de conferir se é para valer ou se o plano é só dar tempo ao tempo até a poeira baixar.

Parte a parte

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), confirma, como previsto, que não autoriza nem patrocina ofensivas de difamação contra seus críticos. Pondera, porém, que por vezes os ânimos na imprensa se exacerbam levando à ultrapassagem da fronteira que separa a crítica do insulto e isso leva a reações incontroláveis.

Não deixa de ter razão. O ideal seria cada um cuidar de sua seara com firmeza sem perder de vista as boas maneiras. Causa menos impacto, mas é mais civilizado.

MÍRIAM LEITÃO

Crise na indústria

EM O GLOBO - 07/03/09


Era um telhado com goteiras, e o dono da casa tentava pegar a água com baldinhos. Ontem caiu parte do telhado: a queda de 17,2% da produção industrial em janeiro, em comparação com janeiro de 2008 - o pior resultado desde 1991 -, fez cair a ficha de que o país pode ter recessão em 2009. Há fatos preocupantes. Quem acreditou na tese da "marolinha" tomou decisões que aprofundam a crise agora.

A Usiminas, meses atrás, achou que faltaria aço e importou. O produto chegou agora, quando há excesso de estoque na cadeia, e o dólar está mais caro.

O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, Cristiano Freire, disse que outras usinas demoraram muito a perceber que a onda estava chegando ao Brasil. O país continua superestocado de aço na cadeia. Então, o consumo da indústria final apenas reduz esse nível de estoque, mas não chega a novas encomendas. Pelos dados do IBGE, os bens intermediários sentiram mais.

- Os distribuidores estavam com um estoque de 930 mil toneladas de aço na virada do ano, que cobria três meses de 310 mil toneladas de consumo mensal. O consumo caiu para 250 mil toneladas, portanto o estoque ideal é de 700 mil toneladas. O preço, que havia começado a subir no mercado internacional, está em queda de novo - explicou Cristiano.

O coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Sales, disse que 75% dos 755 produtos acompanhados pela pesquisa tiveram queda. Um percentual inédito. Nos segmentos, 15 tiveram alta, mas com concentração em carros; os 12 que tiveram queda foram puxados para baixo pela siderurgia, que depende da construção civil, máquinas e equipamentos e bens de consumo duráveis. Para fevereiro há duas complicações: um dia útil a menos e o carnaval no fim do mês, que acaba adiando as decisões.

Dentro da cadeia produtiva siderúrgica, os estoques ainda estão sendo reduzidos.

- As usinas produziram 134 mil toneladas, mas chegaram, de importações, 156 mil toneladas em fevereiro. As siderúrgicas pedem medidas protecionistas, mas foram elas mesmas que superdimensionaram o consumo - diz o empresário.

A reação do governo é pontual, sem visão estratégica, e ditada pela força de cada lobby. A redução do IPI dos carros permitiu, de fato, a recuperação da venda, mas há outros setores importantes que não têm atenção do governo por não terem sindicatos fortes, de trabalhadores e empresários.

O pacote da construção foi politizado. A reunião convocada pelo governo não era para decidir sobre o pacote, mas apenas para fazer uma foto preciosa: a candidata Dilma posa de chefe com alguns governadores, entre eles os dois que disputam a candidatura do PSDB. A propósito: a construção teve queda de 9,7%.

Enquanto isso, as informações que a equipe desta coluna e do blog encontram junto aos empresários assustam. Leonardo Zanelli soube na Abimaq que oito mil pessoas já foram demitidas no setor em dois meses. No primeiro bimestre, o faturamento caiu 35%. E o grande tombo foi em relação ao mercado interno - 46%, por cancelamento de encomendas. Segundo José Veloso, vice-presidente da Abimaq, o cancelamento de encomendas vem do setor automobilístico e das usinas de açúcar e álcool.

As consultorias tinham, todas, feito previsões melhores do que os números divulgados ontem pelo IBGE. Erraram feio, por otimismo. Ontem, elas revisaram seus números, e ouvidas por Alvaro Gribel, do blog, deram mensagens parecidas: primeiro, há mais risco de recessão este ano do que julgavam anteriormente; segundo, o corte dos juros na próxima reunião do Copom pode ser maior, de 1,5% ou mais. A MB Associados disse que "a luz do fim do túnel foi para mais longe" e prevê queda para a indústria em 2009.

A crise externa chegou ao Brasil na parada brusca do último trimestre de 2008. Na semana que vem, o IBGE divulgará o PIB do trimestre e se saberá o número do tombo. E o fato de ter sido uma parada brusca ainda está produzindo efeitos desencontrados. Há empresas pequenas na ponta do varejo que ainda nada sentiram. E há empresas nos setores de matérias-primas ou de produção de bens de capital que sentiram o baque de frente, e empresas de bens de consumo duráveis que estão com pouco estoque para oferecer ao varejo, mas com medo de aumentar a produção. O cenário desencontrado piora tudo.

O Executivo e o Judiciário Trabalhista se mobilizaram nos últimos dias para tentar salvar os 4.000 empregos da Embraer. O presidente da empresa, Frederico Curado, me disse que a decisão da Embraer foi tomada diante dos sinais inequívocos da crise.

- Mais de 90% do que produzimos são para exportação, e as encomendas estão sendo canceladas pela recessão dos Estados Unidos, nosso maior mercado, e pela desaceleração da China, para onde estávamos diversificando. Estavam programados 200 aviões de grande porte e agora só faremos 130. Caiu pouco o número de aviões pequenos, mas um grande custa US$30 milhões e um pequeno, US$3 milhões.

O governo Lula continua perdido. Para ele, o que há é uma crise do "neoliberalismo". O que há é uma crise econômica, senhores e senhora. Ela é grande e nos atingiu há meses.

COMUNHÃO DE BÓSTIA



SÁBADO NOS JORNAIS

Globo: Aborto faz Igreja excomungar médicos mas não estuprador

 

Folha: Indústria tem maior queda em 19 anos

 

Estadão: Lula pressiona PT para lançar Palocci ao governo paulista

 

Correio: Vaticano e CNBB se opõem a Lula

 

Valor: Teles resistem à crise e lucram mais em 2009

 

Gazeta Mercantil: Seguradoras disputam apólice de US$ 50 bilhões da Petrobras

 

Estado de Minas: Há vagas

 

Jornal do Commercio: Aborto é pior que estupro, diz dom José