quarta-feira, dezembro 03, 2008

CLÓVIS ROSSI

Éramos infelizes e não sabíamos


Folha de S. Paulo - 03/12/2008
 

Quer dizer, então, que os Estados Unidos estavam em recessão desde dezembro de 2007, mas só descobriram em dezembro de 2008? Não é sério. O pior é que todo mundo, inclusive os jornalistas, emprestamos ar de ciência a esse ritual de mandingas.
Recapitule comigo: o que se sabia, até anteontem, é que a economia norte-americana havia crescido até o fim do primeiro semestre, de acordo com os dados oficiais, o-f-i-c-i-a-i-s, repito. Mesmo nestes tempos de derivativos, o primeiro semestre de 2008 vem depois de dezembro de 2007.
Vinha, posto que agora aparece um tal de NBER (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica) e jura que os Estados Unidos estão em recessão desde dezembro de 2007.
Da mesma forma que todo o mundo, inclusive os jornalistas, acreditamos que os EUA haviam crescido no primeiro semestre, agora acreditamos no NBER e anunciamos que os EUA não cresceram. Ao contrário, retrocederam.
Por que o NBER é mais oráculo oficial que os outros oráculos oficiais? Porque, dizem, leva em conta dados como desemprego, produção industrial, receita e vendas de indústria e comércio. Santo Deus, esses dados são todos públicos, qualquer um que saiba somar um mais um não precisa de um ano para determinar o estado de uma dada economia.
Posto de outra forma: é como encontrar um cidadão sangrando no asfalto um ano inteiro. Aí vem o tal NBER e diz "é, está sangrando". Só então o mundo vê a hemorragia?
Pior: o tal mercado usa a constatação "oficial" para sair vendendo ações e derrubando as Bolsas, conforme a "explicação" do dia para as quedas, apesar de a Bolsa ter subido uns dias antes, mesmo quando todos sabiam que o desemprego aumentara, a produção industrial caíra e indústria e comércio vendiam menos.
Quiromantes fariam melhor.

ILIMAR FRANCO

Prévias tucanas

 Panorama Político
O Globo - 03/12/2008
 

O ex-presidente Fernando Henrique adotou as prévias para escolher o candidato do PSDB à Presidência. Foi ontem, depois de encontro com o governador Aécio Neves. A Executiva tem um modelo de prévias. Votariam todos os filiados, e o voto seria ponderado pelo número de eleitores das regiões e pela votação do partido em 2008. Esse processo elegeria 80% de delegados para a convenção e outros 20% seriam de detentores de mandato. 

A experiência brasileira de prévias 

Transpor costumes políticos de outros países e culturas é sempre um risco. A realização de prévias para a escolha de candidatos no Brasil é sinônimo de divisão e de derrota. É por isso que os aliados do governador José Serra são contra a realização de prévias para escolher o candidato tucano em 2010. O PMDB fez prévia em 1994, e Quércia perdeu a eleição. O PMDB fez prévia em 2006, e Garotinho nem foi candidato. O PT gaúcho fez prévia em 2002, quando vetou a candidatura à reeleição do governador Olívio Dutra. O escolhido para concorrer, Tarso Genro, também perdeu a eleição. Com os tucanos pode ser diferente. Será? 

Eu só estaria preocupado se a 
Caixa Econômica Federaltivesse pedido dinheiro emprestado à Petrobras" - PauloBernardoministro do Planejamento 

PETROBRAS. Senadores se solidarizaram ontem com Tasso Jereissati (PSDB-CE), criticado pelo presidente Lula por fazer "terrorismo econômico". Tasso reafirmou críticas à má gestão na Petrobras e explicou: "Em nenhum momento disse que a Petrobras estaria quebrada, mas com o caixa arrebentado". Encerrou sua fala lembrando que seu pai, Carlos Jereissati, era senador pelo PTB no governo Vargas quando a Petrobras foi criada. 

Decretado: perdeu 
O PT de Minas Gerais aprovou resolução em que afirma que o partido perdeu as eleições em Belo Horizonte ao eleger o prefeito Márcio Lacerda (PSB). Diz o texto: "O PT amargou uma perda eleitoral", depois de 16 anos no poder. 

Aécio põe o acordo nas mãos de Lula 
Para acabar com um clima de confronto entre Nordeste e Sudeste na reforma tributária, o governador Aécio Neves propôs um acordo ontem ao presidente Lula, na reunião de governadores do Nordeste. A criação de um Fundo de Equalização de Perdas de R$10 bilhões. Caso as perdas superem esse valor, haveria abatimento no pagamento da dívida dos estados com a União. "Se o governo aceitar, nós vamos para a votação", disse Aécio. 

O PSDB não quer a reeleição 
O clima está quente na bancada do PSDB da Câmara. O PSDB nacional quer evitar que o líder na Câmara, José Anibal (SP), seja reconduzido. A bancada adotou o rodízio no cargo em 2004, mas Waldir Neves (MS) articula a reeleição de Anibal. Há outros paulistas querendo o cargo: Paulo Renato Souza e Emanuel Fernandes. A cúpula tucana age com cautela e tem muita simpatia pela escolha do ex-ministro da Educação no governo Fernando Henrique, Paulo Renato. 

A CRISE. O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) sugeriu ao ministro Guido Mantega (Fazenda) que alongue o prazo de recolhimento do imposto incidente sobre lucros e prejuízos contábeis decorrentes da maxidesvalorização cambial. 

DE GRÃO EM GRÃO. O PSB e o PRB fecharam ontem apoio à candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado. 

O LÍDER do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), apresentou projeto anticrise que aumenta o pagamento do seguro-desemprego para dez meses. 

Na carona 
Para quebrar resistências à reforma tributária, o presidente Lula conversou em particular ontem, em Recife, com o governador Paulo Hartung (ES). O capixaba viajou para Brasília, à noite, no avião de Lula. A negociação continua hoje.

SÔNIA RACY

Motos: a vida na contramão


O Estado de S. Paulo - 03/12/2008
 

Em 1990, os acidentes com motos no País mataram 299 pessoas. Em 2006, esse número subiu para 6.734 - crescimento de 2.252%. Proporcionalmente, trata-se de um número muito maior comprado ao crescimento das vendas de motos no Brasil durantes as últimas quase duas décadas. 

Este dado ascendeu um sinal de alerta no Ministério da Saúde que dará o serviço completo nos próximos dias. Os técnicos do orgão apontam o vertiginoso crescimento das vítimas fatais e os riscos, cada vez maiores, principalmente em cidades pequenas.

Nas quais a média para cada 100 mil pessoas saltou de 1 vítima para 8, durante esses 18 anos.

Falta educação

O ex-reitor Timothy Mulloland - que perdeu o cargo na Universidade de Brasília por usar verbas públicas na reforma de um apartamento - foi flagrado de novo pelo Tribunal de Contas da União.

Vai ter de pagar multa de R$ 5 mil por ter movimentado dinheiro sem passar pelo Tesouro Nacional. 

Falta educação 2

E mais. Mulloland - célebre por ter pago R$ 900 por uma lixeira - não está só. Faz parte de um arrastão do TCU por 15 universidades públicas que revelou muitas convênios e empréstimos de reitorias apenas para produzir recursos excedentes. 

Que são informalmente administrados pelas chefias dos departamentos. 

O rei e o súdito

Pelé e o ministro Orlando Silva, dos Esportes, vão se encontrar na sexta-feira. 
O rei pedirá que seu novo projeto Campus Pelé, destinado a formar jogadores de futebol, possa usar a Lei de Incentivo ao Esporte.

Para quê? Quer captar recursos e construir um centro de capacitação de atletas

ANCELMO DE GOIS

A terra treme


O Globo - 03/12/2008
 

Desde segunda, 5.500 empregados da Vale no mundo todo estão de férias coletivas. 

E mais: a mineradora vai procurar os sindicatos para que, na volta das férias, uma parte deste contingente fique em casa, ganhando sem trabalhar. 

É que... 

Uma lei de 1998 criou a figura da "suspensão temporária do contrato de trabalho" de até cinco meses, desde que negociado com os sindicatos. 

Para a empresa, este recurso reduz despesas com a folha. 

Pilantropia 

Primeiro, foi o presidente do Senado, Garibaldi Alves, que devolveu a MP 446 - a que anistia entidades filantrópicas suspeitas de fraude. 

Ontem, foi a vez do TCU se manifestar. "A iniciativa do governo", diz o ministro Marcos Vilaça, "colide com o trabalho dos órgãos de controle, em especial, deste tribunal". 

Topa, Serra? 

Aécio Neves, ontem, neste Fórum dos Governadores, em Recife, defendeu prévias no PSDB para escolher o candidato a presidente em 2010: 

- Ninguém deve temer prévias. É forma até de popularizar as propostas e os nomes do PSDB. Acho que a prévia é uma boa alternativa para o partido. 

A tensão de volta 

O ministro Carlos Alberto Direito, que interrompeu o julgamento sobre a divisão de terras na reserva Raposa Serra do Sol com um pedido de vistas, tem dito que levará seu voto ao plenário do STF semana que vem. 

Budapeste 

Uma das dificuldades para as autoridades brasileiras fiscalizarem a operação com derivativos que deu prejuízo de US$2,1 bi à Aracruz foi o local onde estava registrada. 

Na filial da empresa na... Hungria. 

Próspero Ano Novo 

Os antigos sócios de Eike Batista na mineradora MMX terão, com certeza, um feliz Natal e, principalmente, um próspero Ano Novo. 

A Anglo American, como se sabe, pagou US$5,5 bi pela empresa. Do total, US$3,3 bi já tinham ido para o bolso de Eike. Ontem, os outros sócios receberam os US$ 2,2 bi restantes. 

Na verdade... 

A Anglo acertou o preço da MMX antes da crise. Se fosse revendê-la hoje, certamente, tomaria um prejuízo siderúrgico. 

Vai ficando... 

Bernard Appy, assessor do Ministério da Fazenda para reforma tributária, avisa que não vai deixar o governo agora: 

- Minha mulher até gostaria. Mas eu vou ficando. Não sei até quando. 

Ao trabalho
 

Há uma articulação para fazer o deputado Leonardo Picciani, filho de Jorge Picciani, secretário estadual do Trabalho. 

O show de Campos 

Garotinho, em seu blog, denunciou a Fundação Zumbi dos Palmares, de Campos, de ter pago, em agosto, R$1,2 milhão em cachês a artistas pelas produtoras Avatar e Power. 

Na lista de Garotinho, cuja mulher, Rosinha, assume a prefeitura em janeiro, aparecem Beto Barbosa (cachê de R$95.750), Jerry Adriani (R$75 mil) e Wanderley Cardoso (R$37.800).

DORA KRAMER

Reforma de autor


O Estado de S. Paulo - 03/12/2008


Alguém entre os conhecidos do senhor e da senhora, gente cuja intimidade com a linguagem das alíquotas limita-se ao doloroso ato de pagar imposto, sabe dizer no que consiste a proposta de reforma tributária em discussão no Congresso?

Pois é. De vez em quando há mesmo desses debates herméticos que parecem feitos para humilhar os não-iniciados. Percebemos a importância do tema, mas não captamos o espírito da coisa em toda sua grandiosidade.

Educadamente, boiamos, por exemplo, enquanto os especialistas trocam argumentos sobre as regras da navegação de cabotagem, destrincham em detalhes os cálculos do fator previdenciário ou se exaltam por causa dos metros cúbicos do Rio São Francisco em vias de transposição. 

No caso da reforma tributária é impossível dispensar um entendimento ainda que simplificado, resumido a vantagens e desvantagens em jogo, dado tratar-se do bolso do contribuinte. 

Mas, sobre o assunto a que de repente o governo resolveu dar caráter de urgência urgentíssima depois de seis anos de plácida indiferença, de concreto só se depreende que tem política eleitoral no meio.

As explicações ficam por conta do Bonifácio. 

São Paulo é contra porque, argumenta a equipe do governador José Serra, o diabo mora nos detalhes da proposta. Minas Gerais aceita, desde que sejam feitos “ajustes”, o governo reúne governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste para “isolar” São Paulo, mas ninguém sabe exatamente para quê.

Nem o presidente Luiz Inácio da Silva, que reúne sua coordenação política e pede a aprovação o “mais rápido possível” porque seria um “sinal importante para a economia”. Serviria, no dizer do ministro da Articulação Política, José Múcio, para combater a “síndrome da crise”.

Não há acordo mínimo em torno de coisa alguma por parte dos governadores, dos parlamentares, dos setores produtivos, cada um defende um naco de uma sigla dentre as inúmeras incompreensíveis, mas a prioridade, passou a insistir o governo, é total. É preciso aprovar o “texto-base” ainda este ano, deixar os “pontos polêmicos” para depois, fazer alguma coisa, como diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega, “o quanto antes”.

Uma discussão riquíssima em adjetivos e conceitos vagos, vontades prementes, mas paupérrima em termos de conteúdo. 

Objetivamente: qual efeito terá a aprovação do “texto-base” - vale dizer, a proposta assinada pelo relator Antônio Palocci - de qualquer maneira em 2008 se os pontos polêmicos alteram todo o conteúdo? Ademais, que urgência se impõe neste momento que já não tenha se imposto há muito tempo sem que merecesse tal grau de aflição e empenho?

Segundo o presidente Lula, exatamente o fato de a polêmica se estender há muito tempo. Mais não diz sobre sua disposição para organizar e arbitrar os contraditórios. Apenas reclama dos “óbices” criados pelos adversários e os acusa de defender a reforma só “da boca para fora”.

Não obstante ser este o único modo conhecido de expressão audível, o governo é dos primeiros a falar muito e fazer nada em prol da reforma tributária. Deixa o assunto caminhando à deriva, não articula possibilidades, faz de conta que não vê as dificuldades e, quando o interesse político se impõe, alega ter feito a sua parte e cobra os votos da maioria.

A reforma que será votada não importa, desde que seja aprovada. Para dar ao presidente Lula, e também ao relator Antônio Palocci em seu processo de reabilitação, a autoria para efeito de registro histórico.

O objetivo, portanto, é a conquista da chancela. Tal como já ocorreu com a reforma da Previdência no setor público. Votada na base do “texto-base” no primeiro mandato, está até hoje incompleta, mas consta no portfólio de reformas aprovadas pelo governo Lula.

Uma proposta de reforma tributária aprovada sem eixo, sem efeitos conhecidos sobre o desembolso geral, cheia de atalhos e agrados setoriais, desprovida de uma lógica que sirva de base para uma explicação com começo, meio e fim sobre seu significado, resulta em nada sob o aspecto substantivo. 

Pode até ter um tênue presente, mas desmancha em seguida.

Se ninguém se acerta agora, se o governo não se dispõe a dirimir atritos por receio de desgaste político, não será em 2009, muito menos em 2010 que haverá possibilidade de o entendimento entre as forças políticas transformar o “texto-base” numa genuína reorganização do sistema de tributos. 

A peça publicitária, porém, está garantida. Para todos os efeitos, consta que o governo mandou sua proposta, assim como fará em breve com a reforma política. Se não completou o serviço, culpa do Congresso, o irresponsável de plantão.

Ou mais especificamente da oposição que, com sua vastíssima maioria, paralisa os movimentos dos 15 partidos da aliança governista, neutraliza os 80% de popularidade do presidente da República, anula o poder indutor de um governo, enfim, como se sabe, não deixa o homem trabalhar.

ÉLIO GASPARI

De J.P.Morgan@com para Meirelles@gov.br


O Globo - 03/12/2008
 

Estimado Henrique Meirelles, 
Acabo de saber que, pela segunda vez em poucas semanas, um funcionário do Morgan Stanley previu que a economia brasileira entrará em recessão no próximo ano. Daqui de onde estou desde 1913, sei exatamente o que vai acontecer, mas não posso contar. Escrevo-lhe porque o nome de minha família tornou-se sinônimo de autoridade no mundo financeiro. 

Esse Morgan Stanley foi criado por um neto meu. Fui perseguido por carbonários, jornalistas e demagogos, mas o senhor sabe que conheço o ofício. Numa época em que não existiam bancos centrais (talvez fosse melhor que não existissem, pois são produto da falta de caráter de meus pares) fui de fato a autoridade monetária dos Estados Unidos. 

Dissolvi dois pânicos. Um deles, enquanto jogava paciência. 

Escrevo-lhe para pedir que o Brasil combata a feitiçaria que se instalou no mercado. Nenhum garoto do Morgan Stanley previu que Wall Street iria à garra. Não se diga que são bobos e mal pagos. Entre 2003 e 2007 os cinco maiores bancos de investimentos americanos distribuíram US$39 bilhões em bônus aos seus empregados e diretores. 

Uma quantidade de dinheiro dez vezes superior a tudo o que deixei, em bens e obras de arte. (A Madonna Colonna, de Raphael, custou-me o equivalente a 15 milhões de hoje.) O ano de 2008 está no fim e das cinco casas duas fecharam as portas. 

Há poucas semanas, em apenas três horas, as ações do Morgan Stanley perderam 28% do seu valor. O Henry Paulson acreditou que esse era um movimento do mercado. (Eu não confio em banqueiro magro.) Era pura magia negra. Doutor Meirelles, creia no que lhe digo: sempre segui o conselho de meu pai de não especular com papéis. Como me tornei J. P. Morgan? Comprando empresas, indústrias e ferrovias. Na recessão de 1893 quebraram 15 mil empresas e 60 bancos. Eu juntei os cacos. 

Toda pessoa tem sempre dois motivos para explicar o que faz: o bom motivo e o verdadeiro. Sabemos que não se pode separar a boa razão que leva um banqueiro de hoje a fazer uma estimativa, do verdadeiro interesse que o leva a dizer o que diz. Às vezes o bom motivo é também o verdadeiro, mas há muito tempo a real cobiça abafa a boa análise. Dê uma olhada nos arquivos do Banco Central do Brasil e veja como o Milagre Econômico dos anos 70 era festejado em Nova York, mesmo quando sabíamos que seu país fora à breca. (Vocês nos avisaram em outubro de 1982, mas a conversa foi secreta. O Paul Volcker sabe desse caso.) Passe os olhos nas declarações dos banqueiros que defendiam o câmbio fixo em 1998. 

Não podemos impedir que os moços do Morgan Stanley prevejam uma recessão no seu país, até porque se ela for iminente, será útil dar-lhes atenção. Sugiro que se busque um ponto de equilíbrio entre o mercado das previsões e o verdadeiro serviço de um banqueiro. Enquanto eu trabalhei, podia ocupar a mesa de qualquer funcionário da Casa de Morgan e continuar o seu serviço a partir do ponto em que ele o havia deixado. Hoje, o fundo de hedge que contratou o Lawrence Summers orgulha-se de assalariar jogadores de xadrez para estudar combinações financeiras. E vocês ainda estão procurando a origem da crise? 

Eu conheço Wall Street. De lá não virá remédio. Denunciem, exponham a anomalia. 

Fique com os cumprimentos do seu colega, 
John Pierpont Morgan 

ELIO GASPARI é jornalista.

INFORME JB

A grande sentença está prestes a nascer


Jornal do Brasil - 03/12/2008
 

 


Com tantas provas que a PF diz ter contra Daniel Dantas, por que ele não foi de vez para a cadeia? Principalmente, porque tem dinheiro para pagar ótimos advogados. Nélio Machado é um deles. É discípulo do mestre Sérgio Bermudes, e juntos formam a dupla de guardiões de fortunas de banqueiros – como o da família Magalhães Pinto, do extinto Nacional, muito bem blindada, para apenas um exemplo. Dantas gasta R$ 1 milhão/mês com a defesa. Mas a hora de acertar as contas com a Justiça está chegando. Protógenes Queiroz, delegado da PF afastado do inquérito da Operação Satiagraha, disse à coluna que acredita na detenção do homem em breve. Para Queiroz, o juiz Fausto De Sanctis, que pedirá a prisão, só aguarda o momento certo para a grande sentença.

O gaúcho...

Chamou a atenção o fato de que a defesa de Virgílio Medina, irmão do ministro Paulo Medina, afastado do STJ por acusação de venda de liminares para a máfia do Rio, foi sustentada pelo advogado gaúcho Cézar Roberto Bittencourt.

...quer a vaga

Bittencourt é procurador de Justiça aposentado, e um dos candidatos ao cargo de ministro do STJ. Foi indicação do Conselho Federal da OAB, rejeitada pelo Tribunal.

Faroeste caboclo

Mais do Maranhão: a situação da segurança pública no interior é uma lástima. Só há 40 delegados para mais de 200 municípios.

Xerifes do sertão

No estado do Ceará, o governo criou a chamada "delegacia regional". Em algumas regiões, um delegado atende, sozinho, a 27 municípios.

Mandado... pra gaveta

A CCJ do Senado vota hoje projeto de Marco Maciel (DEM-PE) que visa a acabar com o prazo de 120 dias para exercício da garantia constitucional do mandado de segurança.

Ipsis litteris

"Assim como é inconcebível a determinação de prazo para o exercício do habeas corpus, assim deve ser para o mandado de segurança", sustenta o senador Maciel, presidente da CCJ.

É Natal

O deputado Domingos Dutra (PT-MA) precisa de uma estilista urgente. Subiu à tribuna da Câmara ontem vestido de árvore de Natal, brincaram os colegas. Trajava terno verde-musgo, camisa cor vinho estampada e gravata verde-oliva com listras.

Pajelança

São cada vez mais constantes os encontros do ex-governador do Rio Anthony Garotinho com o presidente da Alerj, Jorge Picciani. Ontem, almoçaram animados.

Aperitivo

Picciani é praticamente candidato ao Senado. Garotinho tem dúvidas se pousa no PSDB. Mas concorrerá ao governo.

Brizolistas brigam

Brizola ficaria triste com a divisão amarga do PDT. Militantes do presidente reeleito Carlos Lupi confirmaram que era impossível registrar a chapa da oposição. Só havia 22 brizolistas de fato. Mais de 80 não eram filiados ao partido.

Virgílio Cascão

Do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), ontem, na tribuna, em discurso no qual citou campanha da Turma da Mônica sobre deficientes físicos: "Admiro a turma. Eu, que sou particularmente um Cascão". O personagem, bem, não gosta de tomar banho.

Campeão de habeas

A 2ª Turma do STF negou dia 25 pedido de habeas corpus a Gilberto Teixeira, ex-presidente do Conselho Federal de Enfermagem preso no Rio e condenado a 19 anos por peculato e lavagem de dinheiro, entre outros. Foi o 26º pedido negado.

LUTA

QUARTA NOS JORNAIS

Globo: Dantas é condenado a dez anos de prisão por suborno

 - Folha: Juiz condena Dantas por corrupção

 - Estadão: Crise mundial faz produção da indústria cair 1,7%

 - JB: Justiça condena, mas não prende

 - Correio: Daniel Dantas condenado a dez anos de prisão

 - Valor: Escassez de capital de giro amplia saques em fundos

 - Gazeta Mercantil: Justiça condena Dantas a dez anos de prisão

 - Estado de Minas: As mudanças que farão o IPTU ficar mais caro em BH

 - Jornal do Commercio: Mais um arrastão apavora motoristas