terça-feira, julho 16, 2013

Brasil nas ruas - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 16/07

Sábado, na Fundição Progresso, na Lapa, os vocalistas das bandas Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão e Plebe Rude encerraram a noite com a música “Que país é este”, numa alusão às manifestações de rua.

Trata-se daquele hino de Renato Russo, escrito em 1978, com um trecho que diz assim: “Nas favelas, no Senado/ Sujeira pra todo lado.”

Quanto vale o show
Não é fácil a tarefa do Credit Suisse, que cuida da venda da IMX, empresa de eventos de Eike Sempre Ele Batista, dona de metade do Rock in Rio e dos direitos sobre o Cirque du Soleil no Brasil.

Uma das interessadas no negócio, estimado em R$ 500 milhões, a CSM, foi vetada pelo sócio estrangeiro de Eike, a IMG.

Gato por lebre
Aliás, Eike Batista estuda processar o geólogo Paulo Mendonça.

Ele foi demitido em agosto do ano passado do comando da OGX depois que a empresa anunciou a redução das metas de produção em até 75%.

A conferir.

Chatô, o rei do Brasil
A divisão da herança de Assis Chateaubriand, 45 anos após sua morte, ficou ainda mais enrolada depois que, em 2011, apareceu outro suposto filho do empresário, Nilton Gomes.

Thereza Acunha Bandeira de Mello Alkmin, um dos três filhos reconhecidos por Chateaubriand, questiona na Justiça o valor cobrado por uma perita, R$ 145 mil, para atuar no caso.

É que...
Segundo a filha de Chatô, a perita exige o aluguel de um jato para fazer o exame grafotécnico em Alagoas, onde foram expedidos os documentos pessoais de Nilton.

Primavera na Igreja
O teólogo Leonardo Boff, que enfrentou no passado a censura do Vaticano, é outro que parece encantado com o Papa Francisco.

Hoje ele lança o livro “Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja?”

Segue...
Boff diz que Francisco de Assis sentiu um chamado para reconstruir a Igreja que estava em ruínas:

— Já o Papa Francisco tem a missão de reconstruir também a Igreja, arruinada pelos escândalos da pedofilia dos padres, e até de cardeais, e os crimes financeiros do Banco do Vaticano. E o faz com simplicidade e pobreza pessoal.

Menos peregrinos
Outro sinal de que a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 deve receber menos peregrinos do que o previsto.

A Semana Missionária em São Paulo, que antecede a JMJ, começa hoje com cerca de dez mil participantes. A previsão inicial era de 30 mil.

PIB do Papa
A grife esportiva Liga Retrô pôs à venda a camisa do time do coração do Papa Francisco, o San Lorenzo.

Dez milhões
Os livros “Ágape”, a versão infantil “Agapinho” e “Kairós”, do padre Marcelo Rossi, venderam, juntos, dez milhões de exemplares no Brasil e no exterior.

Templo é dinheiro
A 22ª Câmara Cível do Rio condenou a Associação Brasileira da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Construtora Comercial São Paulo a pagarem R$ 346.671,57 à loja Art Sebas Materiais de Construção Ltda.

É que, em nome da igreja, a empreiteira adquiriu material para a construção de um templo suntuoso de mais de mil metros quadrados em Petrópolis. Na hora de pagar, a conta ficou sem dono.

Queda da Bastilha
Funcionários brasileiros do Consulado da França no Rio vão fazer greve hoje.

Em carta ao ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, reclamam do reajuste de salários de apenas 3,32%.

Além disso, protestam por ganharem menos do que os franceses que trabalham aqui.

Abuso de autoridade
Uma cena comum no Campo de Santana, no Rio: toda vez que um carro sai da garagem do TCE, um segurança fica no meio da rua, põe um cone e paralisa o trânsito para que o veículo possa passar.

Aconteceu ontem, para a saída de um Peugeot preto, às 13h10m. E o carro nem tinha placa branca.

Mãos à obra
Vinte peregrinos da França, dos Estados Unidos e da Colômbia vão participar de um mutirão de limpeza no Chapéu Mangueira e na Babilônia, favelas pacificadas no Leme.

O lixo recolhido vai render desconto na conta de luz para uma creche do lugar.

Tutela e emancipação - ROSELY SAYÃO

FOLHA DE SP - 16/07

Confiar no filho adolescente é ignorar o fato de que ele ainda não é adulto; é preciso, portanto, vigiá-lo


Conversei com um adolescente de 16 anos acompanhado de sua mãe e ambos estavam chateados um com o outro. O garoto disse à mãe que no final de semana iria dormir na casa de um amigo. Na madrugada, ela foi acordada por um telefonema de um hospital, pois o filho lá se encontrava em observação.

Quem tem filhos imagina o estado em que essa mãe ficou até chegar ao hospital. Ela só sossegou depois de ver o filho e constatar que, de fato, além de um hematoma no braço, ele nada tinha.

O garoto e seu colega decidiram ir até uma balada. No retorno, foram de carona com um amigo que estava com eles e sofreram um acidente leve, que provocou mais danos no carro do que nos quatro jovens que estavam dentro. Que sorte! Bem, aí começou a discussão entre mãe e filho.

Ela, que disse sempre ter confiado no filho, sentiu-se traída pelo fato de ele ter feito algo que não havia sido previamente lhe informado. O segundo ponto que a mãe não aceitou foi o fato de o filho ter visto o colega tomar bebida alcoólica e, mesmo assim, ter aceitado a carona dele.

Essa mãe, assim como muitas outras que têm filhos adolescentes, acreditava que podia confiar nele. Não, ninguém pode confiar que o filho adolescente irá sempre agir da maneira que os pais o ensinaram e esperam que ele faça. Por quê?

Porque os adolescentes estão ainda em processo de desenvolvimento da maturidade e da autonomia que terão na vida adulta. Eles costumam ser impulsivos, nem sempre avaliam os riscos que correm e olham muito mais para o que lhes interessa. No geral, eles focam tanto o olhar no que buscam que acabam por perder a perspectiva que lhes permitiria ver além, ou seja, o contexto que os cerca nesse momento. É especialmente por tais motivos que muitos deles fazem coisas das quais se arrependem posteriormente.

E esse era o estado do garoto com quem conversei: de completo arrependimento. Ele disse que iria mesmo, como planejado, dormir na casa do amigo, mas eles foram convidados por outros amigos para uma balada e decidiram ir.

Disse também que viu o colega que ofereceu carona beber, mas achou que havia sido uma pequena quantidade e, além disso, pensou que economizaria uma boa grana do táxi.

O garoto tem toda a pinta de ser um bom menino, mas não achou nada demais o que aconteceu. Seu arrependimento era apenas um: o de ter aceitado carona de um colega que bebera. Por causa disso, não se conformava com o grau de braveza da mãe, e lembrou que em outra ocasião ela já havia dado autorização para que ele fosse ao local da balada em que havia estado.

A partir desse ponto, os dois achavam que não havia mais diálogo entre eles. Mas dialogaram muito bem com as ideias um do outro. Sempre que há diálogo --coisa rara-- entre pais e filhos, há conflito de ideias. Não é conversando que a gente se desentende? Diálogo não é estratégia de persuasão.

O exemplo dessa mãe com seu filho nos dá algumas pistas. A primeira: confiar no filho adolescente é ignorar que ele ainda não é adulto. É preciso, portanto, tutelar os filhos, mesmo que a distância e com muita discrição. Segunda: os filhos precisam saber que alguns pontos de sua relação com os pais são inegociáveis. Informar sempre aos pais onde estão é uma delas, importante para adolescentes e seus pais.

Moral da história: não dá para emancipar filhos adolescentes se eles ainda não estão prontos para isso.

No divã de Lucian Freud - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 16/07

Freud reinventou a arte figurativa porque procurou fixar na tela os estados de espírito do mundo


O MASP tem exposição de Lucian Freud até 13 de outubro. Inveja dos paulistanos. E boas memórias.

Devo ter almoçado com Lucian Freud, neto de Sigmund, meia dúzia de vezes na vida. Almoçar no mesmo espaço, entenda-se, não na mesma mesa. Acontecia no Wolseley, um restaurante londrino em Piccadilly, que piorou drasticamente nos últimos tempos. Mas divago.

Freud almoçava quase sempre sozinho --figura pequena, escanzelada, a lembrar Samuel Beckett nas fotos de Cartier-Bresson-- e, sempre que o via, pensava: vou puxar conversa. Como estudante de história da arte, achava que tinha um bom álibi. Nunca tive coragem e Freud morreu em 2011.

Um dos maiores pintores do nosso tempo? Assino embaixo. E, se não posso ir a São Paulo ver a exposição, pelo menos leio sobre o bicho.

A melhor introdução à obra de Freud foi escrita por Martin Gayford em livro singular: "Man with a Blue Scarf: On Sitting for a Portrait by Lucian Freud".

Gayford, crítico de arte, foi modelo durante um ano e meio para dois retratos do mestre. Escreveu um diário a respeito, embora fosse mais correto dizer "um retrato a respeito". Enquanto Freud o pintava (com tintas), Gayford pintava Freud (com palavras).

Encontramos de tudo. As paixões de Freud em arte e literatura (anote: Ingres, Ticiano, Henry James, Thomas Hardy). Os ódios sulfúricos (Leonardo, Rafael e, sobretudo, Dante Gabriel Rossetti, "o mais próximo que a pintura chegou do mau hálito").

E, sobre política, a velha máxima anarquista: "Nunca devemos votar em ninguém que não conhecemos pessoalmente". Touché.

Depois, os hábitos de trabalho: intransigência na pontualidade dos modelos; esforço físico descomunal (aos 80, Freud pintava de pé, durante horas e horas); composição lenta; resultados dúbios. Era frequente Freud abandonar um retrato depois de meses de trabalho. Martin Gayford pergunta, repetidas vezes, nas páginas do diário: será que isso vai acontecer comigo?

Não aconteceu: no final da odisseia, o retrato lá está. E, quando o modelo se confronta com ele, há uma estranheza inicial que se dissolve no reconhecimento essencial. Aquele não sou eu. Aquele só posso ser eu.

Eis o fundamental da arte de Freud. Críticos preguiçosos dirão que Freud, tal como o seu amigo Francis Bacon, prolonga a lição de Van Gogh: a realidade não existe; o que existe é a carga dramática, e pessoalíssima, com que eu represento a realidade.

Errado. Isso pode ser válido para Bacon. Não é válido para Freud. "Imaginação é ver as coisas como elas realmente são", dizia ele. Tradução: Freud só reinventou a arte figurativa não porque plasmou no mundo os seus estados de espírito, mas porque procurou fixar na tela os estados de espírito do mundo.

Por isso era recorrente a sensação paradoxal de estranheza e reconhecimento quando os modelos viam o produto final. Martin Gayford explica o mistério: porque nós nunca sabemos como somos realmente.

Isso pode soar estranho, sobretudo quando vivemos saturados na orgia fotográfica e narcísica de nós próprios. O problema é que, em filmes, fotos ou ao espelho, nós estamos continuamente a fingir, a representar, a recriar.

E quando não estamos, o filme, a foto ou o reflexo apenas nos devolvem uma ínfima parcela do que somos: a imagem naquele momento, com aquele ânimo, naquela fase do nosso envelhecimento.

Tal não acontece nos retratos de Freud. Durante horas, durante meses, o modelo deita-se no divã do pintor. E este vai perscrutando todas as expressões, todos os momentos de serenidade, inquietude, alegria, cansaço, tristeza. É a totalidade do que somos que interessa nos retratos de Freud, não a nossa fugaz impermanência.

Não admira que o momento mais angustiante do processo aconteça na finalização do quadro. Gayford, uma vez mais, explica: em literatura, um final mediano pode não ser mortal; o leitor já conviveu, página após página, com as flutuações inevitáveis da "loucura da arte" de que falava Henry James.

Mas, no quadro, não há página após página. A forma como o pintor finaliza a obra representa a única página que leremos.

E, no retrato de Martin Gayford, é uma página feita de ironia, melancolia --e com um toque de loucura. "Faz sentido", escreve o próprio sobre o próprio.

Infidelidade e crime - GLÁUCIO SOARES

CORREIO BRAZILIENSE - 16/07
Há países em que a infidelidade é ilegal e outros em que não é. Onde é ilegal, a punição pode variar desde multa simbólica até a morte. O fato de que, em vários países, a lei seja aplicada somente contra as mulheres levou muitas organizações nacionais e internacionais a se oporem a essa definição e a lutarem pela descriminalização. Pior ainda, o processo legal é muito viciado e mulheres estupradas podem chegar a ser apedrejadas até a morte sob a acusação de infidelidade.

Não obstante, até em países ocidentais há muitos exemplos de punição para a infidelidade. Em muitos, está nas leis, que não são aplicadas ou são aplicadas sem rigor. Nos estados americanos de Carolina do Sul e Carolina do Norte é uma disposição legal que pode ser ativada; até mesmo em estados progressistas, como New Hampshire, os conservadores conseguiram impedir a retirada da infidelidade da lista dos crimes legalmente definidos.

Não definir a infidelidade como legalmente um crime não garante exime de sanções legais e sociais as pessoas infiéis. Em muitos países, é razão para o divórcio; além do que, as traições afetam a divisão da propriedade, a custódia dos filhos, os direitos de visita e o pagamento ou não de pensões e muito mais.

Embora as traições estejam presentes em muitos livros, novelas, noticiários, no cinema, rádio, televisão e, mais recentemente, na internet, sabe-se pouco a respeito delas. As traições não significam a mesma coisa em diferentes países, culturas, classes, grupos de idade, sexos e outras variáveis, embora haja alguma semelhança.

Em 1998, Widmer, Treas e Newcomb analisaram dados de 24 países, concluindo que há uma rejeição generalizada à infidelidade. Alguns países são menos tolerantes; outros, como a Rússia, a Bulgária e a República Tcheca, são mais. Na Rússia, o adultério é mais um problema social do que tema moral. Em 1998, 40% dos russos afirmaram que o adultério nunca é um erro ou raramente é um erro, em contraste com 6% dos americanos. O gênero também surgiu como variável muito relevante.

O tipo da infidelidade e as razões para ela variam com o gênero de quem trai. Glass e Wright, em 1985, demonstraram que os homens definem sua infidelidade como mais baseada em sexo; e as mulheres, como mais baseada em emoções e sentimentos. Recentemente, Allen e colegas, assim como Atkins, Yi, Baucom, e Christensen, documentaram que a infidelidade feminina está intimamente associada à insatisfação com o casamento, muito mais do que a masculina. Muitos homens são infiéis sem estarem insatisfeitos com o casamento. A única fonte de insatisfação na qual os homens que traem superam as mulheres é especificamente sexual.

A infidelidade pode ser mais comum do que parece. Após a relação, matrimonial ou não, o tema perde relevância, o medo das sanções desaparece e maior percentagem revela que foram infiéis. Janus e Janus descobriram que 40% das pessoas divorciadas tinham traído o cônjuge pelo menos uma vez. É uma percentagem alta.

A pressão social contra a infidelidade leva a contradições: Amato e Rogers, analisando as estatísticas do Instituto Turco de Estatística, chegaram à conclusão de que em apenas 1% dos divórcios os cônjuges admitiram que a infidelidade foi a razão. A infidelidade pode ser um estigma, particularmente se é a mulher quem trai. Não é o tipo de informação da qual os turcos querem deixar um registro permanente.

Porém, esses dados colidem com os de um survey (Turkstat, Family Structure Research, 2006), que revela que a infidelidade dos homens era vista como razão suficiente para o divórcio por 58% dos homens e 61% das mulheres. O peso do gênero de quem trai aparece em outra pergunta, que revela que a infidelidade da esposa é vista como razão para o divórcio por 92% dos homens e 87% das mulheres. Tomando essas informações ao pé da letra, a infidelidade é vista como razão suficiente pela maioria da população turca, particularmente se a infidelidade for da esposa ou companheira.

Portanto, a infidelidade é uma área complexa. Essa complexidade se multiplica muitas vezes quando tratamos das suas consequências. Mas esse é um assunto para um livro.

Granjão! Ganso, Pato e Galo! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 16/07

'Convidados atiravam bolinhos em manifestantes à la Maria Antonieta e notas de R$ 20 à la Silvio Santos!'


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República.

Direto do País da Piada Pronta: "Traficantes do Rio exigem novos traficantes com ficha limpa". Rarará. Claro! Evidente!

E o tuiteiro Oberdan Lima quer saber se o Obama já sabe a idade da Glória Maria. Sabe, existem coisas que só o Obama sabe. O Obama sabe a idade da Glória Maria, mas não cabe na internet. Rarará! Acho que nem ela se lembra mais!

E já tem gente usando o Obama no lugar do Google! E volto a perguntar pro Obama: "O Lula sabia?". Rarará!

E o meu São Paulo? Tá cruel ser bambi, viu! Perdeu pro Vitória! São Paulo e Vitória são duas palavras que não combinam!

E o site Futirinhas revela que na última vez em que o São Paulo ganhou:

1) 20 centavos eram apenas 20 centavos. Os 20 centavos mais caros da história do Brasil.

2) Ninguém imaginava que o Weidman iria nocautear o Anderson Silva.

3) O Corey do "Glee" ainda estava vivo e dando uns catas na Lea Michele.

4) E a Dilma ainda estava com 83% de popularidade.

Parece que já se passaram dois séculos! Rarará!

E o nosso futebol tá com problemas de granja, um problema avícola: o Pato tá desastrado como um ganso e o Ganso tá mais lento que um pato. E o Galo comeu o Gambá! Tomara que tenha uma indigestão. Rarará! O Brasileirão virou um Granjão! Quak Quak e Cocoricó! É mole? É mole, mas sobe!

E as manifestações? Protesto! Babado no Copa! Teve manifestação até em uma festa de casamento no Copacabana Palace! No casamento da neta do Jacob Barata, o Rei do Ônibus!

O Jacob Barata oferece passagem mais barata: a passagem é mais barata dentro do ônibus. Rarará.

E os manifestantes gritavam: "Eu paguei essa festa, quero o meu bem-casado". Aí um convidado jogou um cinzeiro na cabeça de um manifestante. O brasileiro é cordial.

Ou, como disse a Hildegard Angel: "Convidados atiravam bolinhos em manifestantes à la Maria Antonieta e notas de R$ 20 à la Silvio Santos!". O brasileiro é cordial! O protesto andou: da Copa pro Copa! Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Porta arrombada - TEREZA CRUVINEL

Correio Braziliense - 16/07

Porta arrombada, cadeado nela. Muitas vezes já é tarde, mas, no caso da espionagem americana, ainda há tempo, e é urgente

O Brasil negligenciou por décadas a questão da segurança cibernética e agora, revelada a arapongagem internacional que, além da privacidade dos cidadãos, pode ter alcançado informações estratégicas do Estado brasileiro, vem a correria para lacrar a porta arrombada. E, como nossos sistemas atuais são tão precários que não permitiram, até agora, sequer a identificação do que pode ter sido violado, o discurso altaneiro do governo não ultrapassou ainda a fronteira da retórica. Os Estados Unidos apresentaram esclarecimentos insuficientes, reclamou ontem o chanceler Antonio Patriota. O embaixador americano Thomas Shannon, por sua vez, disse ao presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que não tem autorização de seu governo para comparecer ao Senado brasileiro.

Os Estados Unidos continuarão agindo como se nada tivesse acontecido enquanto o Brasil não souber exatamente do quê reclamar, apresentando provas de violação. Mais promissor é o depoimento de hoje, na mesma comissão, do jornalista Glenn Greenwald, do jornal britânico The Guardian, que revelou as práticas americanas que alcançaram vários países, inclusive o Brasil. Suas revelações decorreram de entrevista com Edward Snowden, o funcionário terceirizado da CIA que detonou o esquema.

Para o governo brasileiro, o caso pode ter a utilidade doméstica de dividir a agenda anterior, dominada por assuntos negativos, com os protestos de junho e a deterioração das relações entre o governo e a base de sustentação parlamentar. A atitude pouco civilizada de países europeus para com o presidente boliviano Evo Morales, negando pouso a seu avião por suspeitar que Snowden estivesse a bordo, propiciou aos países do Mercosul a reação concertada de sexta-feira passada.

Agora, entretanto, além dos protestos e cobranças, indiscutivelmente necessários, o governo brasileiro precisa oferecer duas respostas internas: informar com precisão se houve mesmo violações, de que natureza e em que áreas, e apresentar as medidas que serão tomadas, a curto, médio e longo prazos, para que deixemos de ser um país tão vulnerável.

Uma das maiores preocupações tem sido, compreensivelmente, com a segurança dos dados militares estratégicos. O Ministério da Defesa fez consultas a todos os comandos sobre a existência de sinais e indícios de violação, e as respostas foram todas negativas. Isso não quer dizer, naturalmente, que elas não tenham acontecido.

Para cuidar do assunto, a presidente Dilma instituiu um grupo de trabalho composto pelos ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Ciência e Tecnologia, Justiça, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e Comunicações. Por ora, foram divulgadas apenas duas medidas, que virão com pelo menos 20 anos de atraso, segundo especialistas. Uma, a implantação de cabo submarino entre o Brasil e a Europa, dispensando a passagem de dados por bases de retransmissão americanas. Outra, o lançamento de um satélite geoestacionário nacional, de natureza estatal. Mas isso, só para 2016. Hoje, o trânsito de informações militares ocupa a chamada banda X no satélite Star One, da Embratel. No furor privatista dos anos 1990, a empresa foi arrematada pelo grupo mexicano Telmex, levando junto os satélites que ela operava desde o regime militar. Hoje, parece inacreditável que tal entreguismo tenha ocorrido sem que os brasileiros tenham protestado. Diferentemente fez a Argentina, que tem os próprios satélites e até uma empresa, a Arsat, para geri-los. O Congresso, antes de sair em recesso branco, talvez consiga aprovar o marco civil da internet, que fechará algumas frestas.

Porta arrombada, cadeado nela. Muitas vezes já é tarde, mas, nesse caso, ainda há tempo. E não se fale em falta de inteligência nacional sobre o assunto. Já em 2009, no artigo "Segurança cibernética: o desafio da nova sociedade da informação", Claudia Canongia e Raphael Mandarino Júnior faziam advertências sobre nossa vulnerabilidade, relatando o que faziam outros países para se defenderem.

Recesso, ai que alívio!
Mesmo sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, o Congresso entrará em recesso, chamado branco porque não será oficial. Para o governo da presidente Dilma Rousseff, será um alívio. Ela, que gosta de dizer que não decide com a faca no pescoço, poderá fazer os ajustes essenciais para reaprumar o governo, depois da trepidação de junho. O ministro Marcelo Crivella, da Pesca, que esteve ontem com ela, disse não ter ouvido nada que faça pensar em reforma ministerial. Mas nenhum político experiente acha que Dilma poderá prescindir da reordenação do governo para superar a conjuntura instalada pelos protestos de junho e os conflitos com os aliados, que já existiam, mas se agudizaram.

Se ela acolher as críticas ao gigantismo da máquina governamental reduzindo ministérios, isso pode ter efeitos salutares sobre a economia, não pelo volume de recursos poupados, mas pelo sinal de compromisso com o ajuste fiscal. Faltarão, no entanto, pastas para contemplar todos os partidos aliados, e algumas políticas públicas serão afetadas. Se acabar com as secretarias da Mulher, da Igualdade Racial ou dos Direitos Humanos, por exemplo, a economia será de palitos, e o sinal para alguns segmentos sociais à esquerda será muito negativo.

Sem Lula
Recompor o ministério quando se governa com muitos partidos não é mesmo fácil. E, desta vez, Dilma não deve contar com o aconselhamento do ex-presidente Lula na montagem. Ele tem dito a amigos que ela precisará estar inteiramente à vontade para fazer as mudanças. Depois, dizem os amigos por conta própria, muitos dos ministros que ele recomendou ela demitiu. Alguns na tal faxina ética, outros por idiossincrasias que poderiam ter sido contornadas, como o ex-titular da Defesa Nelson Jobim.

Mais médicos ou menos indecências - MIGUEL SROUGI

FOLHA DE SP - 16/07

Os estágios no SUS terão início em 2021. Quantos corpos sucumbirão até lá, vítimas da ventura sempre prometida e nunca concretizada?


Não vale mais a pena discutir a vinda de médicos estrangeiros. Proposta falaciosa, destinada ao fracasso. O governo percebeu a indecência e descartou os médicos cubanos. Deu-se conta de que eles aqui atuariam em regime de escravidão, como bem demonstrou Flávia Marrero, da Folha.

Tampouco vale a pena discorrer sobre os médicos portugueses e espanhóis. Criados com padrão de vida inatingível para a maioria dos brasileiros, nunca se adaptariam aos rincões abandonados e carentes da nação. Teriam que praticar em condições desprovidas de dignidade e sem chance de propiciar vida honrada para si e seus familiares.

Ademais, dificilmente receberíamos profissionais competentes, prósperos em seus países. Sem um exame de competência, para cá viriam muitos médicos desqualificados, desconfio que até alguns insanos ou foragidos.

Modificando radicalmente o seu discurso, o governo fez novo anúncio: curso de medicina de oito anos, dois deles dedicados ao trabalho no SUS. Simpatizei inicialmente com a ideia, menos desvairada do que trazer médicos estrangeiros, mais justa com a sociedade, que custeia a formação dos médicos da nação.

Ressabiado com os recentes disparates oficiais, debrucei-me em reflexões e terminei desconsolado. Esse estágio coercitivo é compatível com a prerrogativa de liberdade, direito inegociável da existência humana? Será que estagiários inexperientes conseguirão atuar num sistema público devastado pelo descaso e pelos malfeitos e assumir a responsabilidade de resgatar seres para a vida?

Instrutores e professores qualificados aceitarão migrar com suas famílias para os grotões remotos do país, amparando os estagiários? É justo obrigar um médico a estudar 12 ou 13 anos (curso: oito anos, residência: quatro a cinco anos) para poder exercer sua profissão e dar suporte à sua vida e da sua família?

O programa começará em 2015 e os estagiários iniciarão sua prática no SUS em 2021. Quantos corpos desassistidos sucumbirão até lá, vítimas da ventura sempre prometida e nunca concretizada?

Além dessas imperfeições na nova proposta, incomodaram-me a completa falta de discussão com os seus protagonistas e o ardor incontido com que ela foi apresentada. Fez-se crer que toda a indecência na saúde deve-se à falta de médicos. Um embuste, já que a Organização Mundial de Saúde recomenda como padrão assistencial ideal 1 médico para cada 1.000 habitantes e no Brasil essa relação atual é de 1,76/1.000 habitantes.

A realidade é que a saúde da nação está subjugada a um sistema governamental insensível, que vetou em 2011 lei que destinava 10% do Orçamento da União a essa área --a Argentina aplica mais de 20% ao ano em saúde.

Esse é um dos motivos --não a falta de médicos-- pelos quais existem 1.200 pacientes aguardando internação para cirurgia no setor de Urologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, cerca de 200 deles com câncer e 140 crianças. O mesmo motivo impede outros hospitais públicos de cumprirem a sua missão. Quando um paciente é operado de apendicite, essas instituições gastam cerca de R$ 3.900 e são ressarcidas pelo SUS com R$ 414,62!

Senhora presidente, mais um clamor, respeitoso. Assuma a determinação política de priorizar recursos para as áreas sociais. Atue na saúde com competência e sensatez, não com respostas transloucadas aos gritos indignados da nação. Para que os brasileiros possam vislumbrar o alvorecer com esperança.

E combata com arrojo o grupo de ímprobos e incompetentes instalados no teu entorno. Sem esquecer o arcebispo Desmond Tutu: "Se ficarmos neutros numa situação de injustiça, teremos escolhido o lado do opressor".

PAULO, O FILME - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 16/07

A vida do economista Paulo de Tarso Venceslau dá um filme --e ele está sendo feito. Há algumas semanas, o ex-petista está dando entrevistas para o cineasta Alain Fresnot. O material pode virar um longa ou uma série. Os dois tratam o projeto com a máxima discrição.

LADO DE FORA
Nos anos de chumbo, Venceslau participou do célebre sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, ao lado de Fernando Gabeira e do ex-ministro Franklin Martins. Foi preso e torturado. Nos anos 80, fundou o PT. Rompeu com a legenda ao revelar um suposto esquema de corrupção que envolvia prefeituras do partido. Acabou expulso.

MAIS MÉDICOS
O Hospital Israelita Albert Einstein vai entrar com processo junto ao Ministério da Educação para criar um curso de graduação em medicina. Segundo Claudio Lottenberg, presidente da instituição, a proposta será apresentada até o fim do ano. "Transformar grandes estruturas médicas em faculdade é uma forma de contribuir para diminuir o déficit de profissionais no país."

É previsto também o aumento do número de residentes, de 70 para 100.

MAIS MÉDICOS 2
Sobre o projeto do governo de trazer estrangeiros caso as vagas no interior do país não sejam preenchidas por brasileiros, Lottenberg se diz "contra a industrialização da vinda de médicos de centros de formação duvidosa, como Cuba". Oftalmologista, ele critica uma das especialidades cubanas, o tratamento da retinose pigmentar, com "injeções que nunca demonstraram sua eficácia".

MENORES NA FRENTE
A Rede pedirá até o fim da semana o registro de seus primeiros nove diretórios estaduais --chamados de colegiados pelos seguidores de Marina Silva. O processo começa pelos Estados menores, onde há a certificação do mínimo de assinaturas necessárias para a fundação --casos do Acre (onde nasceu a ex-senadora), Piauí, Amapá, Roraima e Distrito Federal.

MENORES 2
Além da questão numérica, a Rede avalia que é mais fácil obter consenso para formar as executivas em Estados pequenos. "Os grupos são mais homogêneos", diz Bazileu Margarido, um dos coordenadores do partido.

MIMESE
Três voluntários que coletam assinaturas para a criação da Rede comentavam em encontro no sábado, em SP, que fila "é o melhor lugar" para conseguir apoios. "Em lotérica, então, é uma maravilha. Você fala para um e mais dois ouvem", afirmou uma mobilizadora. "Se três pessoas assinam, a quarta fica com vergonha de não assinar. Mas, se três recusam, depois é dureza convencer a quarta", disse outro.

FINA ESTAMPA
Romero Britto foi homenageado com almoço, anteontem, na casa do empresário João Doria Jr. Estavam presentes o governador Geraldo Alckmin, o presidente do Citibank no Brasil, Hélio Magalhães, com a mulher, Sílvia, e o presidente da Novartis no Brasil, Adib Jacob, com a mulher, Sandra. Também foram cumprimentar o brasileiro o presidente do Albert Einstein, Claudio Lottenberg, e o ex-senador Paulo Octávio, com a filha Catarina.

VIDA REAL
Duas pessoas são internadas por dia com diagnóstico de lúpus no Estado de São Paulo, segundo levantamento da secretaria estadual de Saúde com base em dados do SUS do ano passado. Foram 637 internações no período. A doença autoimune, que afeta a personagem Paulinha (Klara Castanho) na novela "Amor à Vida", da Globo, não tem causa conhecida nem cura.

BONECA FLORIDA
Romero Britto (foto acima) fechou parceira com a Mattel para fabricar uma linha de roupas e acessórios para a boneca Barbie, com seus famosos desenhos coloridos.

O artista plástico brasileiro faturou US$ 50 milhões em 2012 com licenciamento de produtos de decoração e presentes, em parceria com a canadense Giftcraft.

FESTA NA FLORESTA
A atriz Giselle Itié, o humorista Evandro Santo e a modelo Catarina Garcia foram à festa e show de lançamento do CD "Estados Alterados", de Rodrigo Pitta, na última sexta-feira, na casa de shows HSBC Brasil, em São Paulo.

CURTO-CIRCUITO

Após sete meses no Rio, o musical infantojuvenil "Tudo por um Pop Star" estreia em SP em 2 de agosto, no teatro Folha.

O estilista Fabrizio Allur faz desfile para mostrar coleção sua, hoje, às 20h, na Casa Cor, no Jockey Club.

A festa Clube da Anitta, com a cantora carioca, movimenta hoje o Royal Club, na Vila Olímpia.

A Casa da Mulher, para pacientes com câncer, será aberta hoje, no Pacaembu.

O Theatro Municipal de SP recebe inscrições de cantores líricos profissionais até 31 de agosto. Audições em setembro.

O economista Marcos Lisboa, ex-vice-presidente do Itaú, dá hoje aula magna na pós-graduação do Insper, na Vila Olímpia.

O livro "O Diabo Loiro", biografia do ex-jogador de basquete Wlamir Marques escrita por Auri Malveira, será lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura do shopping Bourbon.

Fase de gangorra - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 16/07

O Senado votou na semana passada uma questão de visível importância: o destino dos candidatos ao mandato sem votos — ou seja, os suplentes. Derrubou uma prerrogativa, digamos assim, caseira: ou seja, o direito de senadores escolherem parentes como suplentes. E também reduziu de dois para um o número de suplentes de cada senador. Foi um golpe severo no nepotismo — um caso típico e obviamente contrário ao interesse público —, uma ressurreição, em plano mais modesto, do antigo direito dos reis de serem sucedidos pelos filhos. O que — nem é preciso lembrar — não faz sentido em regimes democráticos, que têm como ponto de partida o direito da sociedade de escolher seus representantes pelo voto popular.

Os senadores decidiram corretamente. Mas, como não é raro, fizeram uma concessão bastante discutível: mantiveram o suposto direito dos suplentes de herdar os mandatos até o fim, em caso de vacância definitiva. Derrubaram com isso a decisão anterior de mantê-los no cargo apenas até as próximas eleições — o que poderia significar menos de um ano.

Ou seja: transformaram os suplentes em herdeiros de um mandato que não conquistaram nas urnas em vez de simples substitutos eventuais e provisórios. O que é precisamente o que significa a expressão “suplente”.

Deve-se reconhecer que o Senado não vive, digamos assim, os seus melhores dias — que já teve, não poucas vezes, na defesa do regime democrático que vivemos hoje. Há mais dois exemplos: na semana passada, mais uma vez foi adiada — e não pela primeira vez — a proposta de emenda constitucional que elimina o foro privilegiado para deputados e senadores, e também foi suspensa a instalação do grupo de trabalho que discutirá a reforma política, pelo motivo menor de que dois petistas disputam a coordenação do trabalho.

A decisão sobre os suplentes merece óbvios aplausos. Mas eles não nos deixam esquecer que o índice de eficiência do órgão mais importante do Legislativo está, nestes dias, abaixo do nível que o país merece e precisa. Na mais generosa hipótese, está numa fase de gangorra: com altos e baixos

Parque de diversões - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 16/07

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulga hoje uma pesquisa velha, realizada entre 1º e 5 de junho, antes dos protestos que ainda tomam conta do país. Não conseguiu detectar grande oscilação na popularidade da presidente Dilma Rousseff. A queda registrada foi na margem de erro, de 75,7%, em junho de 2013, para 73,7% julho.

O levantamento serve, porém, para se ter uma ideia da velocidade da queda. Segundo o Instituto Datafolha, de março até o fim do mês passado, a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu 27 pontos: de 65% (ótimo ou bom) para 57%, no começo de junho, e 30% no fim do mês. Marqueteiros como João Santana — assessor da presidente —, porém, não costumam se apavorar com esse tipo de oscilação nas pesquisas. Veem a gestão pública como uma espécie de parque de diversões, com um grande cassino na saída, por onde passam com as burras cheias de dinheiro, ou dezenas de contas a pagar.

A aposta de Santana é de que, em dezembro, Dilma estará de novo no topo das pesquisas. Levantamentos reservados que fez para o Palácio do Planalto mostrariam que a presidente estancou a própria queda com suas recentes iniciativas. A oscilação, assim, seria uma espécie de roda-gigante. Já a oposição imagina que é descida de uma montanha-russa, que terminaria como uma espécie de trem fantasma.

Royalties
A Câmara dos Deputados deve continuar hoje a votação do projeto que destina os royalties do petróleo para ações de educação e saúde, que muita dor de cabeça vem dando ao Palácio do Planalto. Na semana passada, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspendeu a votação para evitar um desastre. A principal polêmica diz respeito às verbas do Fundo Social. O governo defende a aplicação obrigatória de 50% dos rendimentos do fundo para as duas áreas prioritárias.

Corre atrás
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (foto), que comprou a maior briga na saúde pública do país desde as campanhas de vacinação dos tempos de Oswaldo Cruz, começou a correr atrás do prejuízo. Procura os deputados da base para pedir a aprovação da medida provisória do Programa Mais Médicos, muito questionado por esses profissionais de saúde.

Cinema
Com apenas quatro meses de vigência da Lei da TV Paga, em 2012, a exibição de conteúdo nacional dobrou em comparação com o ano anterior, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Na avaliação do senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, o resultado é consequência da obrigação de produções brasileiras na programação. “Com a ampliação desse mercado para as produtoras nacionais, vamos contribuindo para a que for independente, e abrimos novos espaços para a cultura brasileira.” Em 14 canais de tevê paga, a programação nacional somou 2.006 horas

Gastos
Os gastos do governo subiram 6,6% acima da inflação, no primeiro semestre, e atingiram R$ 1 trilhão

Monitoramento
O jornalista do The Guardian Glenn Greenwald deve prestar esclarecimentos hoje na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o monitoramento de dados da internet no Brasil, pelas agências de espionagem dos Estados Unidos. Foi ele quem entrevistou o ex-técnico da CIA Edward Snowden, em Cingapura, e revelou o esquema norte-americano no Brasil. Uma das estações de espionagem teria funcionado em Brasília, pelo menos, até 2002.

Cartório rodoviário
O governo suspendeu o processo de licitação das linhas de ônibus interestaduais. A intenção do Ministério dos Transportes e da Casa Civil é permitir que elas explorem o serviço por um regime de autorizações, como ocorre no setor aéreo.

Corte
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tentam chegar à meta de R$ 15 bilhões de corte no Orçamento da União. É quanto o governo precisa economizar para atingir a meta de superavit primário de R$ 110,9 bilhões, equivalente a 2,30% do PIB. O problema é que o mercado cansou de maquiagem nas contas públicas e começa questionar os números oficiais.

Casa
Gastos com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida aumentaram em 25,3%. Dos R$ 90,2 bilhões disponíveis para investir, apenas R$ 19 bilhões haviam cumprido, até junho, a primeira etapa do processo de gastos, o empenho, que consiste em reservar a verba para pagar um contrato específico.

Leão
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara vota hoje o redirecionamento do projeto de lei que reformula a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física, proposto pelo Sindifisco. O PL, em vez de ser “de iniciativa popular”, exige 1,5 milhão de assinaturas para ser protocolado. Será tratado como proposta “com apoio popular”, cujas assinaturas podem ser recolhidas enquanto tramita. O encontro serve também para fechar o apoio dos deputados ao PL e sua negociação com o governo. O projeto é parte da campanha Imposto Justo, do Sindifisco.

Copom
O mercado aguarda a divulgação, pelo Banco Central, de ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu, por unanimidade, aumentar de 8% para 8,5% a taxa básica de juros (Selic). Será na quinta-feira.

Ciência e Tecnolocia - mais, melhor e mais rápido - GLAUCO ARBIX E JOÃO DE NEGRI

ESTADÃO - 16/07

Não há caminho fácil nem atalhos para o desenvolvimento dos países. As nações que avançaram ao longo da História deram especial atenção às pessoas, à sua educação e à ciência e tecnologia (C&T). Investir em gente, na geração de conhecimento e em tecnologia é o que torna uma nação mais rica. Essa pode ser a síntese do Fórum de Debates sobre Inovação que o Estadão e a Finep organizaram com expressivas lideranças empresariais.

Se ainda há muito a fazer, é flagrante que o Brasil ingressou em novo patamar a partir do momento em que milhões foram incluídos num movimento virtuoso de crescimento econômico com inclusão. Ao mesmo tempo, essa alteração na pirâmide social pressiona as políticas públicas em todos os níveis. Superar a visão de curto prazo e perceber essas mudanças como o legado mais benigno dos últimos dez anos, apesar da turbulência, é a única via para equacionar os problemas históricos do nosso desenvolvimento. A começar pela superação radical do padrão de investimento em educação e C&T, tanto em volume quanto em qualidade. Quanto melhor a produção científica, maior for a capacidade inovadora das empresas e mais qualificada nossa população, maiores serão as chances de renovação e evolução da estrutura social brasileira.

O programa Ciência sem Fronteiras abriu as portas para um choque de conhecimento ao dar chance a milhares de jovens de se conectarem com os mais avançados centros de conhecimento. Avançar hoje nesse domínio significa sintonizar o esforço externo com um Ciência em Nossas Fronteiras. Assim como a presidenta Dilma Rousseff implementou um plano abrangente para impulsionar a inovação - o Inova Empresa -, é urgente a preparação de um Inova Ciência, programa capaz de atrair cérebros do exterior, completar a infraestrutura científica nacionalmente, dotar o País de grandes e novos centros de pesquisa e dar oportunidade a milhões de estudantes e pesquisadores para gerar a C&T de que tanto precisamos.

Só um plano com prioridades claras será capaz de superar a pulverização atual do investimento e estimular toda uma nova geração de pesquisadores e cientistas. Um plano que em uma geração coloque o País na fronteira do conhecimento em energia e sistemas ambientais, biotecnologia, inteligência artificial e robótica, nanotecnologia e manufatura digital, redes e sistemas de computação, medicina e neurociências e aeroespacial. Em torno desses campos de pesquisa é possível constituir plataformas críticas para uma mudança estrutural da nossa ciência capaz de alimentar e ser alimentada por uma economia e um ambiente inovador, de que tanto necessitamos.

Ao lançar o Plano Inova Empresa, com investimentos de R$ 32 bilhões, o governo federal deixou clara a relevância da inovação como instrumento essencial para elevar a produtividade e a competitividade da economia. O plano articula ministérios e agências e favorece a mobilização de competências e recursos. Tem foco e concentra suas ações nos segmentos críticos de tecnologia; prevê a integração de instrumentos como crédito, subvenção, não reembolsável e equity, hoje similares às melhores práticas internacionais; estabelece uma porta única de entrada nos programas prioritários; e descentraliza as ações de crédito e subvenção para melhorar a qualidade do atendimento a milhares de empresas de pequeno porte.

Há demanda? Não há dúvida. Mesmo com o ritmo mais lento da economia, projetos relevantes continuam chegando à Finep e ao BNDES. Os programas Inova (petróleo, saúde, aeroespacial, defesa, agro, etanol, fármacos), além de introduzirem a competição pelo crédito, avançam para o apoio às estratégias das empresas, ampliando o foco, hoje restrito a projetos. Esse arranjo está na raiz da elevação da qualidade das propostas apresentadas.

Os resultados preliminares do programa Inova Fármacos, com demanda três vezes superior à dotação inicial (R$ 1,3 bilhão), mostram o avanço da inovação empresarial com base na articulação público-privada. Na realidade, os arranjos montados entre empresas, institutos de pesquisa e Finep, coordenados pelo Ministério da Saúde e com base no uso do poder de compra do Estado, fazem do Inova Fármacos o programa de política tecnológica mais avançado das últimas décadas. Biofármacos, vacinas, hemoderivados, soros e toxinas serão produzidos com alta tecnologia para atender à população e combater flagelos como câncer, diabetes e artrites, entre outros; ao mesmo tempo, o programa contribuirá para a construção de uma autêntica indústria nacional de fármacos, avançada e de alta tecnologia.

O Inova Empresa, coordenado pelo MCTI, já mudou o patamar e o padrão de apoio à inovação tecnológica no Brasil. A sintonia de agenda é apenas a parte mais visível de uma longa evolução que atingiu empresas e governos nos últimos anos.

A presidenta Dilma inovou ao atacar com êxito o problema crônico dos juros altos e o custo da energia. Mostrou determinação ao apoiar as empresas que buscam reestruturar-se para melhor competir. E decisão para exigir das agências públicas um esforço pelo aumento da qualidade dos serviços e desburocratização de suas atividades. A Finep está entre as primeiras a aceitar esse desafio e iniciou com força sua reinvenção. Ainda neste mês a Finep enquadrará, em até 30 dias, todo projeto de crédito para inovação que as empresas solicitarem. Em 30 dias as empresas saberão as condições de juros, prazos e cobertura para decidirem se assinam ou não um contrato com a Finep.

Temos orgulho de participar do esforço pela renovação das instituições públicas. É o que nos dá força para sugerir e incentivar a preparação de um casamento indissolúvel entre a sociedade brasileira e a educação, ciência, tecnologia e inovação.

Quem não se defende se trumbica - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 16/07

Todos podem se indignar com a espionagem dos EUA, menos governos, como o do Brasil, que não se defendem


Todo o mundo tem todo o direito de ferver de indignação com o megaesquema de espionagem dos Estados Unidos. Todo o mundo, menos o governo brasileiro.

Afinal, é sabido desde tempos imemoriais que quem pode espiona quem achar que deve, amigo ou inimigo. Cabe a quem pode ser espionado defender-se da melhor maneira possível. É o que o Brasil não faz.

Conforme mostrou o repórter Breno Costa, no domingo, o governo destinou apenas R$ 90 milhões para a defesa cibernética em 2013. Pior: usou apenas 9% desse total, ridículos R$ 8 milhões.

Ainda por cima, quase a metade desse total foi para jipes e cabines para a instalação de estações de comunicação. É difícil imaginar como jipes possam defender o país de um ataque cibernético, mas vai ver que, com a tecnologia moderna, sejam uma arma de tremenda eficácia.

Se você quiser uma comparação nessa mesma área, Rubens Valente mostrou ontem que os Estados Unidos destinaram 17,5 vezes mais recursos (ou R$ 140 milhões), entre 1999 e 2008, para ajudar o Brasil a monitorar criminosos e terroristas.

Alguma surpresa com o fato de que o Brasil não engrossou a lista dos países latino-americanos que ofereceram asilo a Edward Snowden, exatamente o personagem que desatou a indignação do governo brasileiro com a revelação de que o Brasil é uma das maiores vítimas da megaespionagem americana?

Diante das revelações dos bravos repórteres desta Folha, é correto usar a palavra "vítima" na frase anterior? Talvez beneficiário fosse mais adequado, não?

Como posso saber se a ajuda dos Estados Unidos não se deu utilizando precisamente dados que grampeiam, invadindo a minha, a sua, a nossa privacidade?

Seja como for, é evidente que a reação brasileira ao caso Snowden foi pelo menos dois decibéis abaixo da dos "bolivarianos" --Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. O Brasil não ofereceu asilo a Snowden nem mesmo depois do incidente com o avião do presidente Evo Morales.

Dilma Rousseff também não se dignou a comparecer à reunião de emergência da Unasul, convocada para mostrar solidariedade a Evo.

Tudo bem que, no papel, o Brasil se solidarizou. Mas não é grande vantagem: não li ninguém, nem entre os mais duros críticos do "bolivarianismo", que tenha achado correta a ação dos países europeus que fecharam o espaço aéreo para o avião devido à suspeita de que Snowden pudesse estar a bordo.

É óbvio que o governo Dilma --assim como, antes dele, os de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva-- dá elevadíssimo valor ao nível de relações alcançado com Washington, o melhor em muitíssimos anos. Um status que certamente será devidamente comemorado em outubro, quando da visita de Dilma aos Estados Unidos.

Para que arrumar encrenca com um parceiro tão estimado (embora retoricamente chicoteado aqui e ali)?

Ainda mais que quem não se defende, como é o caso do Brasil em matéria cibernética, se trumbica, como diria Abelardo Barbosa se tivesse chegado à era do Facebook.

Cada vez mais devagar - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 16/07

Semana após semana, os analistas da economia brasileira vão derrubando suas projeções do crescimento do PIB para este ano e, também, para o ano que vem (veja o gráfico).

Quem esperava por uma reação dos números magros foi devolvido ao mundo real ao tomar conhecimento da evolução do Índice da Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na sexta-feira: recuo de 1,4% em maio, em relação a abril. Em 12 meses, um avanço de apenas 1,74%.

Concebido para antecipar o comportamento do PIB, o IBC-Br ainda precisa de ajustes, mas seus sinais não podem ser desprezados. Desta vez, semeou mais frustração entre dirigentes do governo Dilma que, no início do ano, previam para 2013, quase como favas contadas, um crescimento econômico entre 4,0% e 4,5%. Há dias, em depoimento na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o ministro Guido Mantega se conformava com um avanço apenas superior ao raquítico 0,9% obtido em 2012.

Houve quem lesse nesse resultado do IBC-Br motivos suficientes para que o Banco Central devesse sustar o atual processo de aperto monetário (alta dos juros básicos, a Selic) para ajudar a recuperação da atividade econômica.

Se assim agisse, o Banco Central atacaria as causas erradas do baixo dinamismo da economia. Não é a puxada da Selic em 1,25 ponto porcentual ao ano de abril até agora que está entorpecendo as linhas de produção. E não seria nova queda dos juros sem freio na inflação que daria novo ritmo ao sistema produtivo.

Mais por falta de coragem para mudar do que por convicção, o governo vem indicando que vai esperar pela improvável virada espontânea da economia. Se a causa principal da má fase fosse apenas o comportamento insatisfatório da economia mundial, como tantas vezes sugerem nossas autoridades, então não daria mesmo para contar com uma recuperação sustentável. O Fundo Monetário Internacional acaba de divulgar projeções frustrantes para a economia mundial.

O governo não quer passar o recibo de que o erro principal foi insistir na chamada Nova Matriz de Política Econômica, a combinação voluntarista de políticas do governo Dilma, baseada na expansão do consumo, na flacidez nos gastos públicos e na perseguição de uma meta de juros (e não de inflação) de 2% em termos reais (descontada a inflação).

À parte isso, o grande obstáculo para a retomada dos investimentos e da atividade econômica é a falta de confiança na condução da economia.

A adoção de uma política fiscal consistente, como vem sendo recomendado por economistas de tendências divergentes, não seria a panaceia que tantos apregoam, mas seria passo indispensável para liberar energia na economia. Além de ajudar a conter a escalada da inflação sem exigir demais dos juros, trabalharia para reverter a prostração.

Entre uma vacilação e outra, o maior risco do governo seria voltar a acionar as opções consumistas, com o objetivo de comprar tempo até as eleições do ano que vem. A prática recente mostrou que, além de uma falsa política anticíclica, esta poderia ser opção que alargaria ainda mais o atual déficit de confiança.

Inflação em baixa - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 16/07

Uma boa notícia desta semana virá da prévia da inflação de julho, pelo IPCA-15. Ela pode ficar muito perto de zero, um pouco acima. Oscilará entre zero e 0,1%. É ainda a preliminar, mas indica que o IPCA deste mês ficará bem baixo, e a taxa em 12 meses voltará para dentro do espaço de flutuação da meta. No mês de agosto, também a taxa de um ano vai cair mais um pouquinho.

Essa é a previsão mais comum no mercado. Os números oscilam um pouco, e no Boletim Focus a previsão é de 0,2% para o IPCA-15, mas os cinco economistas que mais acertam apostam em 0,13%. O economista Luiz Roberto Cunha acha que ficará mesmo nesse nível, podendo até ser menor.

Não é a vitória sobre a inflação que tanto nos esquentou a cabeça nos últimos meses, mas é um período sazonal de redução, somado ao fim da expectativa de que o Banco Central assistiria a tudo sem reagir. A redução é um alívio para as famílias e para o BC.

Uma parte da queda da inflação em julho tem a ver com a revogação dos aumentos de tarifas, que, como todos sabem, só é sustentável se forem dados novos passos que não tornem esse movimento artificial. Inflação reprimida acaba explodindo um dia. É preciso ver se havia mesmo gorduras a serem tiradas das tarifas.

Outra parte é queda da inflação de alimentos. Os preços subiram muito durante muito tempo, mas agora começam a parar de subir. Leite, feijão preto, derivados de trigo continuam em alta, mas feijão rajado, café, óleo, batatas, hortaliças, verduras estão em sua maioria com tendência de queda, avalia Luiz Roberto Cunha, analisando as tabelas do IBGE:

- A inflação acumulada em 12 meses, que está em 6,7%, pode cair para 6,4% e, em agosto, para 6,2% e ir em direção a 5,7%, no final do ano, se não houver novos sustos.

O dólar é uma pressão sobre os preços, mas a maioria dos economistas acredita que ele parou de subir. Ficando entre R$ 2,20 e R$ 2,30, ele não produzirá novos efeitos. De qualquer maneira, já produziu um estrago e cria dificuldades para algumas empresas, principalmente a Petrobras, pela diferença do preço da gasolina.

Os números de julho e agosto vão dar um alívio no orçamento das famílias, mas não muito, porque os preços subiram tanto nos últimos meses que elas estão sem margem para novos gastos. Os compromissos financeiros comem uma parte importante do orçamento e agora, mesmo com demanda maior por crédito, a oferta está mais seletiva.

Isso não resolve todos os problemas da economia, longe disso, mas pelo menos é uma notícia boa no front, que só teve más notícias durante muito tempo. Não é apenas queda da inflação mensal, como a puxada pela inflação de alimentos, que chegou a estar em 15%.

- As expectativas dos empresários continuam muito pessimistas, principalmente pelo quadro político instável e as incertezas regulatórias. Se o leilão do pré-sal e os leilões de concessões das estradas forem um sucesso, haverá um aumento do otimismo. Mas hoje o cenário mais provável é de baixo crescimento este ano e no próximo. Se a inflação ficar mais baixa, ajudará a melhorar o quadro - diz o economista.

O IPCA-15 será divulgado na sexta-feira e deve trazer a boa notícia da desaceleração dos aumentos de preços. Os cálculos dos economistas também mostram que, apesar de várias surpresas negativas, haverá algum crescimento no segundo trimestre. Nada animador, no entanto. O grande problema continua não tendo solução à vista: como fazer para retomar o ritmo mais forte. Não há mais espaço fiscal para novas desonerações e elas só conseguiram produzir várias distorções na economia. Mas, pelo menos, a inflação será baixa em julho.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 16/07

BRAVANTE AMPLIA FROTA DE NAVIOS DE OLHO NO PRÉ-SAL
Grupo terá 13 novas embarcações até o fim de 2015, oito delas vão atender à Petrobras. É investimento de US$1 bilhão

O Grupo Bravante (antigo Brasbunker) vai receber, entre os meses de agosto e setembro, a 1ª embarcação de um lote de cinco encomendadas a um estaleiro na Flórida (EUA). Outras oito estão em construção no estaleiro São Miguel, da empresa, em São Gonçalo (RJ). A expansão da frota vem na esteira de investimentos em operações no pré-sal. O aporte total será de US$ 1 bilhão. Hoje, só no apoio offshore são 41 navios. Os barcos estrangeiros totalizam US$ 250 milhões em investimento, com financiamento da Maritime Administration, agência do Departamento de Transporte americano. São PSVs 4.500, usados no suporte a plataformas de petróleo. “Os 13 navios serão entregues até o fim de 2015”, afirma Nuno Neves, CEO do grupo. As embarcações fluminenses serão usadas para atender a contratos assinados com a Petrobras. Enquanto as que vêm dos Estados Unidos terão uso atrelado a acordos ainda em negociação com clientes do setor de óleo e gás. Para construção e operação da nova frota, o Bravante ampliou em cerca de 35% o quadro de funcionários desde 2012, estima o executivo. Tem 2.500 profissionais.

EXPANSÃO
Sabrina Sato estrela a campanha de verão 2014 da Mercatto, de moda feminina. A apresentadora foi fotografada por Eduardo Rezende, no Hotel Le Rela is de Marambaia, no Rio. Será veiculada em outdoors, mídias digital e impressa, a partir de amanhã. A coleção chega às lojas dia 23. Prevê aumento de 10% nas venda e a abertura de 15 lojas este ano.

É VERAO1
A Looxx põe na rua hoje imagens da coleção do verão 2014. A modelo Vanessa Adamatti posou para o fotógrafo Rodrigo Bueno. As peças vão circular na web e em catálogo. Dona de 19 lojas, a marca planeja abrir outras cinco até dezembro. O Rio ganhará duas. As outras ficarão em Manaus, Maceió e Cascavel (PR). O aporte médio éde R$ 350 mil porfilial. Agrife estima vender 20% mais.

Libra
A ANP vai adiar desta sexta para o dia 29 o prazo da consulta sobre as minutas de edital e do contrato do primeiro leilão do pré-sal brasileiro. A audiência pública passará para o dia 6 de agosto. Com isso, as empresas do setor ganham tempo extra para apresentar suas propostas. A data do leilão está mantida.

Dívidas
O percentual de famílias endividadas no país chegou a 65,2% este mês, contra 63% em junho, diz pesquisa sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da CNC. É o 2º maior resultado da série em 12 meses, depois de maio passado (64,3%). Em julho de 2012, fora de 57,6%.

Inadimplência
A fatia de famílias inadimplentes também cresceu, para 22,4%, ante 20,3% um mês antes, e 21% em julho de 2012. Enquanto o percentual daquelas que dizem não ter como pagar contas ou dívidas atrasadas chegou a 7,4%. Subiu em relação aos 7,2% de junho e aos 7,3% de um ano atrás.

Biotecnologia
A carioca PharmaPraxis, do setor biofarmacêutico, assinou acordo de cooperação e licenciamento com a canadense PlantForm Corporation. Vai produzir medicamentos biológicos à base de plantas. Serão investidos US$ 5 milhões. Espera alta de 35% no faturamento.

Quem chega
A JMJ deve ter um impacto de R$1,2 bilhão na economia do país, diz a Embratur. O cálculo considera gastos diretos e indiretos. Os jovens inscritos no evento devem gastar R$ 96,74/dia. Só em despesas diretas, com hospedagem, inscrição e alimentação, a previsão é ter R$ 659 milhões.

Morro acima
A Subway, de sanduíches, vai chegar a favelas do Rio. Em setembro, a rede abre na Rocinha. Até dezembro, inaugura loja no Complexo do Alemão. Encerra o ano com 150 unidades no Rio, alta de 50% sobre 2012.O aporte médio por unidade varia entre R$ 250 mil e R$ 450 mil.

É VERAO 2
AtopAna Claudia Michelsestará na campanha de verão da Afghan. Zee Nunes assina as fotos, que começam a circular hoje em mídia impressa e digital. No fim do mês, a grife reinaugura a loja do RioSul. A previsão de alta nas vendas é de 15%.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 16/07

Setor de distribuição prevê crescer menos neste ano

O setor atacadista distribuidor, que fornece produtos industrializados ao varejo, estima para 2013 um crescimento menor em relação a 2012.

A expectativa é que o ano termine com um aumento real (descontada a inflação) de 3,5%. Em 2012, o faturamento da área avançou 4,48%, de acordo com a Abad (associação de atacadistas e distribuidores).

As previsões serão apresentadas pela entidade durante uma convenção nacional marcada para o início de agosto em Fortaleza.

Apesar do crescimento menor neste ano, o presidente da Abad, José do Egito Frota Lopes Filho, diz que o percentual ainda é positivo por causa do momento da economia.

"Considerando que o PIB deve ficar na casa dos 2% e as turbulências do mercado, como o dólar subindo e a inflação, a gente tem certeza de que é um bom número."

O avanço vai ocorrer, diz ele, sobretudo graças à desoneração dos produtos da cesta básica, cuja lei foi sancionada na semana passada.

No que se refere ao faturamento das empresas, a baixa no valor dos itens causada pelo corte de impostos deve ser balanceada pela alta no volume de negócios.

"Ao repassar a redução de preços para o varejo, prevemos que o aumento nas vendas compense a queda em valor, o que nos deixa otimistas em relação ao segundo semestre", afirma.

No acumulado de janeiro a maio deste ano, o setor faturou 3,62% a mais ante o mesmo período de 2012.

NOVA FRONTEIRA

A rede paranaense de hotéis Slaviero investirá R$ 140 milhões para inaugurar seis unidades até 2015. Os recursos virão de investidores e de financiamentos.

A empresa reforçará a presença em Curitiba, onde se originou em 1981, com três construções para os próximos anos, mas também investirá em um novo mercado, com a chegada a Cuiabá.

Serão dois hotéis na capital de Mato Grosso, com as bandeiras Slim (econômica) e Executive (superior).

"É uma cidade interessante, que tem demanda e passa por um processo de revitalização do seu parque hoteleiro, como ocorreu com Curitiba e São Paulo anos atrás", diz o diretor-geral da Slaviero, Eduardo Campos.

A rede tem intenção de receber turistas para a Copa-2014, mas esse não foi o fator principal na escolha das cidades, afirma o diretor de expansão, Eraldo Santanna.

"Planejamos hotéis para mais de 30 anos, não para eventos específicos."

Haverá ainda uma nova unidade em Balneário Camboriú (SC). "Nosso plano não é parar por aí. Temos quatro contratos prestes a ser fechados", afirma Campos.

Além da construção de hotéis próprios, a rede faz serviços de gestão, assessoria e revitalização.

Corporações em alta

Apenas 37% dos entrevistados pela Ipsos em 24 países acreditam que políticos são mais relevantes e podem conduzir mais mudanças no mundo do que as empresas.

A maioria (63%) das pessoas confia mais na efetividade do meio corporativo do que dos governos públicos.

Mais de 18 mil pessoas foram consultadas para a elaboração do levantamento em março deste ano.

Os números brasileiros são semelhantes à média geral: 61% dos entrevistados no país apostam mais no potencial das empresas.

As mesmas respostas do Brasil foram encontradas entre os argentinos.

A China e a Itália são os únicos países que apresentam índices mais elevados para os políticos do que para o setor privado, com 56% e 53%, respectivamente.

A Alemanha chama a atenção por ter 79% de aprovação para as empresas. A vizinha França também tem números elevados de preferência corporativa, com 70%.

Os russos, por outro lado, ficaram divididos.

RADAR DO CONSUMIDOR

A Serasa Experian vai oferecer a partir de hoje um serviço gratuito, por 30 dias, que avisará toda vez que o CPF de um consumidor for consultado por um credor, usado para abrir uma empresa ou estiver prestes a ser negativado.

As informações chegarão por e-mail e por mensagem de celular. O cadastro ficará aberto no site da Serasa.

Segundo um indicador da instituição, ocorreram 838 mil tentativas de fraude entre janeiro e maio deste ano.

Fusão... Os escritórios Aidar SBZ Advogados e Almeida Bugelli e Valença Advogados Associados vão unir as operações a partir de 1º de agosto.

...de bancas O Aidar SBZ foi fundado em 2011 por Carlos Miguel Aidar, ex-presidente da OAB-SP. O escritório resultado da fusão terá 260 profissionais.

Torcida O Atlético Mineiro e o Banco Daycoval lançaram um cartão internacional de viagem pré-pago para torcedores do time.

Palestra O economista Michael Porter, de Harvard, virá ao país para debater indicadores econômicos na Conferência Ethos, em setembro.

Falta de incentivo

O cenário brasileiro para inovação é considerado positivo por apenas 30% dos participantes de uma pesquisa feita pela StrategyOne a pedido da General Electric.

Com o baixo índice, o Brasil fica atrás de 16 países com cenários mais favoráveis a novas iniciativas.

O ranking é liderado pela Alemanha, apontada por 85% dos 3.100 executivos entrevistados em 25 países para o levantamento.

Ao avaliar seu próprio mercado, 43% dos empresários brasileiros disseram que o país possui um ambiente que apoia a inovação.

A pesquisa completa será divulgada em agosto durante evento organizado pela GE no Rio de Janeiro.

Vida dura - JOSÉ PAULO KUPFER

O Estado de S.Paulo - 16/07

Pela nona semana consecutiva, o Boletim Focus, publicação do Banco Central com as projeções de economistas, apontou redução na variação do PIB para 2013. Depois de um tempo estacionadas em 3%, as previsões descem a ladeira há dois meses. Chegaram a 2,31% e, pelo andar da carruagem, ainda não bateram no fundo do poço.

Uma expansão de 2% na economia caminha para se tornar o teto otimista das estimativas. Seria necessária uma catástrofe sem precedentes para que o resultado, no fim do ano, ficasse, de novo, abaixo de 1%. Mas a hipótese de recessão no último trimestre começa a ganhar adeptos e uma expansão de 1,3% a 1,8%, em 2013, entrou no radar dos analistas.

Essa, porém, pode não ser a pior notícia. Pior é a possibilidade de que um crescimento anual abaixo de 3% esteja se tornando padrão nos próximos anos. Há, infelizmente, uma conjunção de elementos para se acreditar que um período razoavelmente longo de crescimento baixo possa estar ganhando corpo. Talvez seja pessimista demais falar em nova década perdida, mas a vida promete ser dura nos próximos anos.

Duas das principais condições presentes no último espasmo de crescimento mais vigoroso da economia brasileira, entre 2004 e 2010 - alta das cotações das commodities básicas e fluxo abundante de capitais externos -, entraram em reversão e a ausência de ações de longo prazo para superar as gritantes fragilidades estruturais da economia brasileira, que deveriam ter sido adotadas nos tempos de vento a favor, já estão cobrando o preço.

Não há grandes divergências no diagnóstico do ocorrido. O período que precedeu o crash de 2008 foi caracterizado por forte expansão global, notadamente na Ásia, com destaque para a China, que puxou os preços das commodities. A explosão dos negócios financeiros promoveu, ao mesmo tempo, larga liquidez internacional, estimulando a dispersão de capitais por diversos mercados emergentes.

A aposta exclusiva nas vantagens comparativas derivadas da natural vocação agrícola brasileira, então parecendo tão exclusiva, reuniu, no mesmo lado do balcão, governo e parte dos seus críticos na área econômica - alguns, ironicamente, hoje convertidos em neoindustrialistas. O resultado é que a taxa de investimento teimou em avançar pouco e, em seguida, estacionou, amplificando os gargalos da infraestrutura, enquanto a indústria, afetada em sua competitividade por mais de uma década e meia de câmbio valorizado, foi relegada à própria sorte.

Vítima recorrente da maldição do curto prazo, o País encontrará grandes dificuldades para tirar vantagem da desvalorização cambial provocada pelo refluxo dos capitais externos e pelas receitas de exportação de commodities. O encolhimento com a receita de exportações de commodities poderia ser compensado pelo fôlego que a desvalorização daria às vendas externas industriais. Mas a indústria, coitada, agora agoniza.

Para ganhar terreno num comércio internacional mais protecionista nas importações e mais agressivo nas exportações, as exportações industriais necessitariam de uma taxa de câmbio fora de cogitação, por seus efeitos inflacionários. O fato é que, pelo menos nas duas últimas décadas, a economia brasileira foi arrastada pela trajetória das cotações internacionais das commodities básicas. E não conseguiu criar estratégias para mudar esse destino, apesar da diversificação da indústria e do peso elevado do setor de serviços.

A conclusão, inevitavelmente sombria, leva a imaginar que, enquanto não acontecer uma nova alta consistente dos preços das commodities básicas - isto é, enquanto a economia mundial não entrar em outra etapa de expansão mais forte - restará à política econômica, tanto no lado fiscal quanto no monetário, para escapar de surtos inflacionários, optar por movimentos contracionistas, com todos os impactos negativos sobre o crescimento que eles costumam produzir.