quinta-feira, janeiro 31, 2013

Se mexer, mate - LUCAS MENDES

BBC - 31/01

No meio da entrevista, o veterano do Vietnã foi atrás do enorme alto-falante, tirou um maço de Marlboro, abriu e nos ofereceu. Meu colega, da revista Stern, e eu acendemos os cigarros e levamos um susto. Pelo maço ou pelo cigarro, era impossível distinguir. Maconha vietnamita. Para um primário como eu, parecia da melhor qualidade e potência. Isto foi em 71 ou 72.

A entrevista foi inútil e não por culpa da maconha. Os depoimentos do veterano que mais tarde se tornou amigo íntimo e professor de vinho - era um provador profissional - não tinham sido testemunhados por ele. Não estava envolvido em combate. As histórias pavorosas foram contadas a ele por outros soldados que participaram e viram chacinas no chão ou dos helicópteros: "fuzilavam tudo que mexia", conforme ordens dos comandantes.

Um dos massacres mais chocantes foi o de My Lai, onde entre 347 e 504 vietnamitas, na maioria crianças, mulhers e velhos, foram fuzilados por soldados do Exército americano comandados por um tenente, William Calley. O jornalista que levantou a história, Seymour Hersh, bateu de porta em porta na grande imprensa. Rejeição em massa. Quem teve coragem de publicar a matéria foi uma nova e ainda obscura agência de notícias, Dispatch News Service - 32 jornais publicaram. Uma bomba.

Houve até punições, mas a máquina de propaganda do Exército era poderosa. O massacre, na versão oficial, foi uma atrocidade isolada: "Infelizmente, acontecem".

Nick Turse, escritor e jornalista, quase por acaso, tropeçou em uma coleção de documentos no porão do Arquivo Nacional. Eram casos encerrados. Na época, ele era um estudante escrevendo uma tese de pós-graduação sobre o Vietnã e já estava na página 200 quando encontrou as pastas. Todo dinheiro que tinha, mais o que o professor deu a ele, gastou copiando páginas às pressas. Dormia no carro no estacionamento, era o primeiro a entrar e o último a sair, com medo que fossem recolhidas. E sumiram das estantes quando publicou o primeiro artigo.

O resultado é o livro Kill Anything That Moves: The Real American War in Vietnam. Enquanto o país ainda está chocado com as cenas de tortura do filme Zero Dark Thirty (no Brasil, A Hora Mais Escura) e debate se os Estados Unidos perderam a liderança moral no mundo, a história da desumana crueldade americana no Vietnã é uma leitura repugnante que Hollywood jamais vai colocar nas telas.

A estratégia, ditada pelo secretário (de Defesa, Robert) McNamara, era a "contagem de corpos".

Pela lógica empresarial dele, se os vietnamitas vissem diariamente os números de mortos comparados com os americanos, perceberiam que estavam perdidos.

Para o secretário americano, quanto maior o número, melhor. Um comandante no Delta do Mekong era o campeão da contagem. Seus comandados saíam de helicópteros e sobrevoavam as plantações de arroz cheias de camponeses nas colheitas. Os helicópteros baixavam até apavorar os vietnamitas que corriam em busca de abrigos. Eram metralhados com a justificativa: "guerrilheiro tentou ação evasiva". Mexia, morria.

No final do dia, centenas de vietnamitas mortos. Armas capturadas: uma dúzia.

A matança de civis deixou mais de 2 milhões de mortos, 5,3 milhões de feridos, 11 milhões de refugiados e mais de 4 milhões expostos ao agente tóxico desfolhador laranja.

Dezenas de americanos denunciariam a violência e centenas foram investigados pelo Exército, mas arquivados. Foram as pastas que Nick Turse encontrou no porão.

Quase na mesma semana do lançamento do livro sobre a violência e o fracasso americano no Vietnã, foi lançado The Insurgents: David Petraeus and the Plot to Change the American Way of War, do escritor e jornalista Fred Kaplan, que escreve a coluna War Stories para o siteSlate.

O foco é no general hoje em desgraça por conduta imoral quando dirigia a CIA e teve um affair com uma biógrafa. Kaplan acompanha o general da guerra na Bósnia, as guerras do Iraque e Afeganistão. Enquanto os americanos enfrentavam insurreições diárias em quase todo país, o território comandado por Petraeus, um dos mais perigosos, estava pacificado e próspero. Ele reabriu as escolas, a universidade e a fronteira com a Síria. A população apoiava o Exército e apontava os terroristas.

Mais tarde, no comando de toda a operação no Iraque, teve resultados excepcionais que permitiram a saída dos americanos, mas a situação já voltou à instabilidade. Petraeus estava conseguindo resultados parecidos no Afeganistão quando foi chamado de volta para dirigir a CIA.

A fórmula dele, ao contrário dos americanos no Vietnã e nos primeiros anos no Iraque, não era capturar e/ou matar insurgentes. O importante era mudar as condições sociais, o que agora se chama "nation building", construir nação, que exige sensibilidade cultural, convivência com as pessoas no território ocupado, proteção e conquista da confiança da população. Os comandantes que sucederam Petraeus não tiveram o mesmo talento de liderança e administração. O futuro é incerto e perigoso nos dois países.

Como em todas situações de conflitos, há oportunistas e empreendedores do bem e do mal como o fabricante do Marlboro com maconha que pode voltar a qualquer momento. Pouco depois daquele encontro com o veterano do Vietnã, levei um maço de Marlboro para o Brasil com um cigarro vietnamita que dei, sem prevenir, para meu pai. Estávamos num restaurante e depois da primeira tragada, ele olhou o cigarro, cheirou a fumaça: "Marlboro diferente este, tem um cheirinho gostoso de mato". Algumas pessoas na mesa sacaram e começaram a rir. A querida velha, muito esperta, percebeu algo errado e jogou o cigarro fora. Pena.

Anos depois, ele ainda perguntava se ainda existia aquele Marlboro especial.


"Amor" letal - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 31/01

O ser do qual cuidamos hoje é o mesmo que amávamos antes do acidente, da invalidez ou da demência?


Algumas reflexões depois de assistir a "Amor", de Michael Haneke. Adolescente, eu já achava bizarra a certeza com a qual alguns amigos se expressavam: "Se eu ficar 'assim'", diziam, "eu me mato na hora. E, por favor, se eu não me matar, seja generoso comigo, mate-me você".

O "assim" que justificava tamanha convicção dependia de relatos, leituras e filmes -ia desde uma impotência sexual talvez passageira (mas que parecia acabar com o charme da vida) até a condição terrificante do protagonista de "Johnny Vai à Guerra", livro e filme de Dalton Trumbo: o soldado Joe, sem braços, sem pernas, sem rosto, parece ser apenas uma carne disforme, enquanto a mente dele continua funcionando.

Eu não concordava com a certeza suicida de meus amigos; imaginava que, antes de decidir me matar, seria bom experimentar minha nova condição durante um tempo. Afinal, em geral, as imperfeições nunca impediram os humanos de viver -ao contrário.

Na época de minha adolescência, não dispúnhamos do exemplo do físico Stephen Hawking ou de Christy Brown, o protagonista de "Meu Pé Esquerdo", de Jim Sheridan. Em compensação, um amigo de meus pais, severamente inválido, disse-me, uma vez: "Você, por exemplo, não pode voar como as aves e é desafinado como um sino quebrado; ou seja, tem coisas que não pode fazer, e você vai procurar o valor de sua vida em outras coisas, que você pode fazer. Comigo não é diferente".

Entendi. Mas me sobrou um certo medo (justamente, pela leitura precoce de "Johnny Vai à Guerra"): poderia acontecer que, de imediato, por causa de um acidente cerebral ou, sei lá, de um incidente de carro, eu me encontrasse numa condição na qual eu não quisesse viver de jeito nenhum e na qual eu não tivesse sequer a capacidade material e mental de pôr fim à minha vida ou de pedir para um próximo que ele me ajudasse a morrer.

Anos atrás, conheci alguém realmente preocupado (muito mais do que eu) com essa eventualidade. Ele envelheceu desesperado, oscilando entre o medo de se matar cedo demais, quando ainda poderia viver um tempo que valesse a pena, e o perigo de esperar além da conta e decidir sair de cena quando ele não tivesse mais condição de se matar ou de pedir a alguém que o matasse.

O mesmo alguém se consolava pensando assim: no caso extremo em que eu não pudesse mais pedir, quem me ama (ou melhor, quem amava aquela pessoa que eu era antes) saberá decidir que eu, embora impedido de me manifestar por minha invalidez, não estou querendo mais viver. Nessa situação, para quem me ama (ou amava, que seja), me ajudar a morrer seria um gesto de amor.

Pois é. Não é tão fácil assim nem tão claro. Na sua coluna de sexta passada, Barbara Gancia escreveu, com razão, que "o fardo de cuidar dos idosos tornou-se um dos maiores dramas da atualidade". Os avanços da medicina fazem que, hoje, sejam cada vez mais numerosos os que cuidam de próximos que sobrevivem transformados pela idade, pela invalidez ou pela demência. E sobrevivem, muitas vezes, tanto irreconhecíveis quanto incapazes de reconhecer os que cuidam deles. Perguntas básicas.

1) Será que o outro que nós amávamos, se ele pudesse escolher, toparia viver como ele está agora?

2) Será que o ser do qual cuidamos hoje é o mesmo que nós amávamos antes do acidente, da invalidez ou da demência? Se ele não for o mesmo, será que esse "novo" ser não tem seus próprios critérios do que é uma vida que valha a pena de ser vivida -critérios diferentes dos do nosso amado de antes?

3) Difícil continuar amando alguém que não nos reconhece mais. Mas será que por isso o deixaríamos morrer -por ele não ser mais aquele ou aquela que amávamos?

4) Por que sempre chega um dia em que ninguém aguenta mais cuidar? É porque o custo (em todos os sentidos) é excessivo e queremos recuperar nossas vidas? Ou é porque é quase impossível fazer o luto de um amado que já se foi, mas continua de corpo presente?

Acontece que alguém se suicide depois de ter matado um amado inválido e demente, de quem não consegue mais cuidar. É mais que uma maneira de evitar a culpa: renunciando a viver sem você, confirmo que foi por amor que matei você -ou melhor, que matei o desconhecido que tinha tomado seu lugar.

Pois é, foi mesmo por amor que matei você? Ou por vingança, por você ter me deixado sozinho?

Seja como for, fica confirmado, embora num sentido inabitual, que o amor resiste dificilmente ao tempo.

Dedo na tomada - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 31/01

As termelétricas, que desde novembro operam a todo vapor, estão gerando um desequilíbrio no caixa das distribuidoras de energia. Podem até empurrar algumas para uma situação de inadimplência. Essa energia, mais cara que a vendida pelas hidrelétricas, vai gerar para a Light, por exemplo, um custo adicional de uns R$ 500 milhões. No setor deve ser de R$ 2,5 bilhões.

Segue...
É um dinheiro que suga o caixa da empresa e que, pela regra atual, ela só pode repassar para os consumidores uma vez por ano. No caso da Light, só em novembro. Até lá a empresa se socorre com os bancos, a um custo alto.

Fator Odebrecht
Lula visitou, ontem pela manhã, em companhia de Raul Castro, as obras do Porto de Mariel, em Cuba, que estão sendo tocadas pela Odebrecht com financiamento do BNDES. O ex-presidente viajou a bordo de um jatinho da empreiteira brasileira.

Porta-preservativos
O Ministério da Saúde lança hoje sua campanha contra à Aids no Carnaval 2013. Entre as novidades estão porta-preservativos de garrafas pet que serão instalados em bares, tendas e depósitos de bebidas desenvolvidos por moradores de favelas cariocas.

Delta na UTI
A juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial do Rio, concedeu a recuperação judicial às sociedades Delta Construções S/A, DTP — Participações e Investimentos S/A, Locarbens — Locadora de bens, veículos e equipamentos de construção Ltda, Delta Engenharia e Montagem Industrial Ltda e Delta Incorporações e Empreendimentos Imobiliários Ltda.

UMA VEZ ZICO, SEMPRE ZICO...
Craque, ídolo, espécie de Deus para os rubro-negros mais apaixonados, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, já vive o clima da festa que o Flamengo organiza pelos seus 60 anos, em 3 de março. O eterno camisa 10 da Gávea, veja, posa com a camiseta comemorativa que o clube lançará em fevereiro. Aliás, não é só o Fla que se mobiliza. Imprensa, torcedores e empresas também vão badalar o aniversário do Galinho de Quintino. Exemplo dentro e
fora de campo, Zico coleciona hoje o que plantou durante a vitoriosa carreira. Merece cada aplauso, homenagem e, por que não dizer?, demonstração de amor 

Lima Barreto e o Vasco
Sérgio Cabral, pai, o querido coleguinha, sai em defesa do escritor Lima Barreto, que chegou, como se sabe, a pensar em criar uma liga contra o futebol:

— Ele repudiava o futebol porque se tratava, na época, de um esporte racista e preconceituoso, contra a presença de negros e de operários nas equipes.

E mais...
Cabral aposta que, se Lima Barreto não tivesse morrido em 1922, teria visto o Vasco ser campeão com um time de negros e operários em 1923:
— E teria sido, sem dúvida, mais um vascaíno.

Aliás...
Não foi só o futebol que virou alvo de ataques de alguns intelectuais, no início do século passado. Rui Barbosa, que chamou, em 1916, os jogadores da seleção brasileira de futebol de “corja de malandros e vagabundos”, disse que a música “Corta-jaca”, de Chiquinha Gonzaga, era “a mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba”.
Mas aí é outra história.

Zona Franca
A desembargadora Letícia de Faria Sardas toma posse como presidente do TRE-RJ, hoje, às 13h. Antonia Mindlin Leite Barbosa estreia amanhã o programa Agenda Carioca, na MPB FM.

Ana Botafogo participará do júri do concurso “As Sapatilhas Mágicas” , da Mattel, que premiará a melhor coreografia de dança do país.

Roberto Sá começa hoje a esculpir a estátua do desembargador Aloysio Maria Teixeira. Sandro Machado dos Reis e Adriana Astuto são os novos sócios do escritório Bichara, Barata & Costa Advogados.

Wöllner fecha parceria com a Budweiser.

O chef Christophe Lidy prepara jantar harmonizado no Salitre Ipanema hoje, às 19h30m.

Cacique de Ramos apresenta domingo suas rainha, princesas e musas, na roda de samba.

O brasão do campeão
O Fluminense deverá colocar em sua camiseta este brasão. Ele marca a conquista do campeonato brasileiro do ano passado. É que o presidente da CBF, José Maria Marin, criou dois modelos de brasões que, daqui para a frente, serão usados pelas equipes que conquistarem o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.

Crime e castigo
Ajuíza Simone de Faria Ferraz, da 31ª Vara Criminal do Rio, abriu processo, ontem, contra Sérgio Alves de Oliveira e Cristiane do Carmo Azevedo, respectivamente sócio majoritário e administradora de obras da TO (Tecnologia Organizacional). A empresa foi responsável pelas obras no Edifício Liberdade, que desabou há um ano, no Rio, provocando a morte de 22 pessoas.

Segue...
A magistrada, no entanto, rejeitou as acusações que o MP fez contra quatro pedreiros da obra.

Camarotes do Flamengo
De Hélio Ferraz sobre o uso de camarotes no Engenhão pelos vice-presidentes da antiga gestão do Fla:
— Eu levava para os jogos entre cinco a 15 convidados. Mas sempre repassei para o clube R$ 100 por cada convidado.

Parabéns pra você
Jerry Adriani comemorou seu aniversário de 66 anos, terça, num sarau, no Sesc Casa da Gávea. Convidado a subir ao palco, o cantor da Jovem Guarda surpreendeu o público tocando violão e cantando. No repertório: “As rosas não falam”, de Cartola, e várias canções de Raul Seixas.


Ponto Final
FH, Lula e Dilma (até agora) pouco fizeram por uma reforma política que acabasse de vez com esta avacalhação partidária. Nada contra... as vacas.

Pela memória - SONIA RACY


O ESTADÃO - 31/01

Apesar de o imóvel já ter sido cedido à PF, a Comissão da Verdade de São Paulo ainda tenta transformar o prédio onde funcionou a Auditoria da Justiça Militar, durante a ditadura, no Memorial dos Advogados de Presos Políticos.

Adriano Diogo, deputado que preside a comissão, enviou carta a José Eduardo Cardozo pedindo a cessão do imóvel – que fica no centro de SP e está sob responsabilidade da Secretaria do Patrimônio da União.

Memória 2
Aliás, após a tragédia de Santa Maria, a Comissão da Verdade paulista planeja atos para lembrar… o atentado do Riocentro, em abril de 1981.

Elementar
É certo que Haddad, ao manter sua promessa a Guido Mantega de não aumentar as tarifas de ônibus – mesmo com a alta dos combustíveis, ontem –, terá de arcar com os custos. Calcula-se algo como R$ 180 milhões.

Mas não será novidade. Segundo se apurou, o congelamento das tarifas por dois anos, durante o governo Kassab, custou aos cofres paulistanos… R$ 800 milhões.

Até logo
Walfrido dos Mares Guia decidiu abandonar a vida pública. Diz que chegou a hora de ajudar os mais jovens. Mas, por enquanto, permanecerá no comando do PSB mineiro.

Sobe e desce
BC e Guido Mantega de olho na inflação, e o Ministério do Desenvolvimento entrando em… depressão. O dólar abaixo de R$ 2 acendeu preocupação com a balança comercial do País – que já registra déficit neste início de ano.

Até anteontem, as exportações somavam US$ 9,493 bilhões e as importações, US$ 12,194 bilhões – saldo negativo de US$ 2,701 bilhões.

De quem fez
Para Andrea Matarazzo, cancelar o projeto Nova Luz, como fez Haddad, representa grande prejuízo para a cidade.

Um dos mentores da ideia na gestão Serra, o vereador defende redimensionar o projeto – diminuindo sua amplitude e revendo a desapropriação da rua Santa Ifigênia.

Na Alemanha
O novo filme de Bruno Barreto, Você Nunca Disse Eu Te Amo, será exibido no Festival de Berlim. Com três outros longas escolhidos para a mostra fora da competição.

Unanimidade
Mudança no Prêmio Governador do Estado: não haverá mais votação do júri para escolha do Destaque do Ano – que irá diretamente para as mãos de Antonio Candido. Segunda, no Bandeirantes.

Passado e futuro
Nascida na Argentina, Máxima Zorreguieta, princesa da Holanda, não contará com o pai na coroação do marido, Willem-Alexander. Jorge Zorreguieta foi ministro na ditadura. E não é bem visto no país – defensor dos direitos humanos.

Passado e futuro 2
Máxima será a primeira latino-americana a virar “rainha” em uma monarquia europeia.Cristina Kirchner não se pronunciou.

Na frente
A fachada do Sesc Santo Amaro ganhará, a partir do dia 6, desenho exclusivo criado pelo artista Lourenço Mutarelli. A obra, com 12 metros de comprimento e 3 metros de largura, faz parte do projeto Olho da Rua.

Zanini de Zanine abre mostra. Hoje, na Casa Electrolux.

Michel Temer lança livro de poesias. Hoje, na Livraria Cultura da Paulista.

A Prefeitura fechou, por meio da SPTuris, contrato com a Infraero para abrir uma Central de Informação Turística também no Aeroporto de Congonhas.

Marcio Banfi abre mostra individual. Hoje, na Galeria Emma Thomas.

Paula Raia recebe convidados, dia 4, em sua loja.

Wanderléa é a convidada de Edgard Scandurra & Les Provocateurs. Dia 10, no Auditório do Ibirapuera.

Joaquim Barbosa de havaianas e bermuda? O presidente do STF foi visto chegando, ontem pela manhã, assim trajado para sua sessão de fisioterapia em Brasília.

As contradições do setor elétrico brasileiro - ADRIANO PIRES

BRASIL ECONÔMICO - 31/01

No último dia 23 de janeiro, a presidente Dilma anunciou o desconto de 18% na conta de luz, prometido antes das eleições municipais de 2012. O anúncio veio acompanhado da negação da possibilidade de racionamento de energia elétrica.

Note que os dois assuntos abordados são contraditórios: se existiu a perspectiva de racionamento, não é hora de baixar preços na marra, tentando revogar a lei da oferta e da demanda.

A redução do preço, naturalmente, incentiva o consumo, justamente no momento de escassez.

Aliás, essa política vem sendo usada há anos no setor de petróleo, através do congelamento do preço da gasolina e do diesel, levando ao aumento das importações e a grandes prejuízos para a Petrobras e seus acionistas.

Neste momento, o correto seria a adoção de programas de conservação e eficiência no consumo da energia elétrica, o que, sem dúvida, contribuiria para a competitividade do país.

A possibilidade de racionamento revela que é hora de se rever o planejamento, para que a queda de preços seja consequência natural da concorrência e de uma oferta estável e adequada ao crescimento da demanda nacional.

No entanto, as autoridades que comandam o setor de energia no Brasil preferem o caminho mais fácil, que é a redução das tarifas por decreto da presidente. Note que a redução nas tarifas foi financiada por todos, menos o próprio governo federal.

O primeiro financiador foi o acionista das empresas controladas pelo governo federal, que foram obrigadas a aceitar as condições impostas pelo governo para a renovação das concessões, apesar das análises econômico-financeiras mostrarem que essa aceitação comprometeria o equilíbrio e a capacidade de investimento das empresas.

Os acionistas da Eletrobras viram suas ações se desvalorizarem e terão de ficar conformados em não receber dividendos nos próximos exercícios.

A outra parte do desconto da conta de luz será bancada pelo Tesouro Nacional, que é tratado pelo governo como um ente autônomo. Os recursos do Tesouro Nacional são compostos pela arrecadação de impostos cobrados dos contribuintes.

Assim, a queda de tarifa desonerou o consumidor de energia e onerou o contribuinte. Só quem não contribuiu com a redução da tarifa foi o próprio governo federal, que não abriu mão de um centavo sequer dos impostos incidentes sobre o setor elétrico, como o PIS/Cofins.

No anúncio, a presidente Dilma Rousseff se esqueceu de alertar que parte da queda anunciada será comprometida pelo aumento do custo de energia por conta do acionamento das térmicas, para compensar o baixo nível dos reservatórios e assegurar o abastecimento.

O custo estimado de operação das usinas alcançou, na última semana, R$ 500 milhões; estima-se que no ano de 2013 seja superior a R$ 4 bilhões. Não se trata de ser contra a queda do preço da energia, muito pelo contrário.

O que defendemos é que o governo retome o planejamento no setor elétrico, que foi abandonado nos últimos anos, substituído pelo objetivo único de modicidade tarifária, visando o controle da inflação e ao mesmo tempo propaganda eleitoral.

A valorização do câmbio num cenário confuso - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 31/01

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou ontem que a valorização do real diante do dólar vista nos últimos dias não indica uma mudança no rumo da política cambial.

O ministro enfatizou que o governo não permitirá uma valorização especulativa da moeda e afirmou, com sua ênfase habitual, que o movimento dos últimos dias - quando o preço do dólar recuou alguns centavos e passou de pouco mais de R$ 2 para pouco menos desse valor - não é muito significativo.

À primeira vista, ele está coberto de razão: visto pela pequena variação em torno de R$ 2, o preço do dólar não assusta. Ou, pelo menos, não deveria assustar. O problema, nesse caso, não é o ator principal, ou seja, o câmbio, mas o cenário em que a peça é encenada.

Para ser mais claro: se a produção da indústria atravessasse um momento de normalidade, se a inflação não estivesse ameaçando romper o casulo e voltar a incomodar e se não existisse uma preocupação com o impacto do reajuste da gasolina sobre os outros preços, a pequena desvalorização do dólar seria um dado irrelevante.

O problema é que o cenário está confuso e, nesse caso, o câmbio corre o risco de parecer protagonista numa peça em que ele deveria ser coadjuvante.

Vamos por partes. Em primeiro lugar, a sensação diante do reajuste dos preços do combustível (medida necessária e adiada nos últimos anos) é a de que o governo está tirando com a outra mão aquilo que deu com a redução das tarifas de energia elétrica.

E que, no final, o custo da economia permanecerá o mesmo. Ou até um pouco mais elevado - uma vez que o reajuste do combustível provocará a elevação do custo do transporte e que isso, no final das contas, terá impacto no preço de qualquer mercadoria que viaje de caminhão.

É nesse cenário que a valorização do real passa a ser vista como uma tentativa de reduzir o custo da mercadoria importada e, assim, impedir que a inflação exploda.

Mantega assegura que não há razões para supor que o câmbio seja utilizado como ferramenta de política monetária e que o combate à inflação se faz a golpes de taxas de juros.

Ou seja: se os preços começarem a sair do controle, o governo puxa os juros para cima, inibe o consumo e mantém tudo em seu devido lugar. O problema, nesse caso, é saber se a presidente Dilma Rousseff, com os olhos fixos na eleição de 2014, abrirá mão de uma das suas principais bandeiras (a queda dos juros) em nome do controle da inflação.

É justamente a comparação entre os movimentos do governo para permanecer no poder e aquilo que ele deveria fazer para cuidar da economia que estimula a preocupação com o mau uso do câmbio neste momento.

Ainda que isso comprometa a indústria, um pouquinho de valorização do real provocaria menos estragos na imagem do governo do que um aumento nos juros. E o indicador das chances eleitorais é o que tem movido o Brasil nos últimos dez anos. Infelizmente.

Que Senado nós queremos? - JOÃO CAPIBERIBE

O GLOBO - 31/01

Mais uma nova legislatura no Senado e a perspectiva de continuidade do mais do mesmo. Pelo andar da carruagem, somente com a criação de uma Frente Suprapartidária de senadores que prezam pelos bons costumes republicanos será possível oxigenar o Senado, acabando com a inércia.
O respaldo recebido dos cidadãos nas urnas é a razão maior para a criação desta Frente de senadores.
O Senado não pode continuar sendo alvo de um jogo de cartas marcadas, que nas últimas legislaturas geraram gestões atrasadas, equivocadas e que resultaram no descrédito da sociedade.
Infelizmente, estamos inertes, observando a banda passar sem questioná-la se está afinada com os anseios do povo ou se irá continuar nos levando ao fundo do poço.
Não podemos mais tolerar antigas práticas e desencontros.
Desde a redemocratização, o Executivo transformou o Legislativo em correia de transmissão dos interesses do Palácio do Planalto.
É preciso restabelecer a soberania do Senado e pôr um ponto final na subordinação. É a hora de nos insubordinarmos.
A construção de uma Frente de Senadores Suprapartidários é o embrião para o resgate da dignidade e da independência da Casa.
Afinal, uma nova Mesa Diretora será eleita quando fevereiro chegar e a primeira tarefa da Frente seria o lançamento de uma candidatura única para fazer frente ao candidato que representa a continuidade de práticas retrógradas.
O momento é oportuno. É hora de construir um novo rumo.
O Senado não pode continuar refém de uma minoria que vive de conceder favores à maioria.

As escolhas da vida - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 31/01

Os jovens da boate Kiss não tiveram escolha. Estavam dentro da “garrafa” quando o incêndio começou e muitos acabaram morrendo por causa da imprevidência alheia. Na política, entretanto, em especial na redoma do plenário do Senado, as escolhas começaram. E, nesse sentido, vale observar o caminho do PSB. O partido de Eduardo Campos não esconde mais sua intenção de empurrar o PMDB para o escanteio da política. O “não” público a Renan Calheiros, classificando a candidatura dele de “clandestina” e “subterrânea”, foi seu terceiro ato nessa direção.
O primeiro ato foi a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) a presidente da Câmara. Algo que começou como um projeto solo, sem respaldo do partido, virou aos poucos um teste do que é possível atingir fora da estrada principal da política representada pela aliança PT-PMDB. O segundo veio há poucos dias, quando Eduardo Campos declarou de viva voz que a expressão do PMDB no acordo político com o PT era maior do que a representada na sociedade. Ontem, a reunião da bancada de senadores contra a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) a presidente do Senado foi o terceiro movimento. E devidamente combinado com a direção partidária.
Esse conjunto de ações não deixa dúvidas. O controverso PMDB de Renan, José Sarney, Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha, Sandro Mabel, Valdir Raupp e Michel Temer virou o mote para o PSB se diferenciar dos demais dentro da base de apoio do governo Dilma Rousseff e, no futuro, buscar a porta de saída. Isso no caso de não conseguir, até 2014, tirar os peemedebistas do lugar preferencial no governo e ser “obrigado” a construir o discurso de Eduardo Campos em uma candidatura alternativa à da presidente Dilma Rousseff.
Parte dessa tendência do PSB pode ser observada num artigo do vice-presidente do partido, Roberto Amaral, desta semana, sob o título A sobrevivência do velho no novo. Amaral fala dos avanços obtidos nos 10 anos de um governo de centro-esquerda no país, mas ressalva: “Estamos ainda a pagar um preço absurdamente elevado pela governabilidade, o nome elegante da construção da base de apoio parlamentar, preço que impede o avanço político”. E vai mais além: “O governo, acossado pela crise de 2005 (mensalão), optou pela composição a mais ampla possível — e elástica tanto do ponto de vista do espectro ideológico quanto do padrão ético —, abrigando sob suas asas desde a esquerda (…) a partidos como o PP de Maluf, o PTB de Roberto Jefferson, e as armadilhas dos soi-disant evangélicos, enfim, uma malta que tem sua grande homenagem no velho e notório PMDB”.
Os planos socialistas, entretanto, esbarram na realidade. Ontem, os senadores do PMDB se preparavam para confirmar a candidatura de Renan Calheiros a presidente do Senado. Ele, inclusive, elabora um plano de governo com auxílio de senadores como Vital do Rego (PMDB-RN). Fora do script, por enquanto, além do PSB, estão o PDT, o PSol e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cuja posição deve ser acolhida pela bancada do PSDB, partidos insuficientes para derrotar Renan.
O PT, que terá a primeira vice-presidência do Senado sob o comando de Jorge Vianna, do Acre, deve apoiar o peemedebista porque não quer confusões com a bancada de Sarney e Renan no Senado. Além disso, se a situação se complicar para Renan mais à frente, o PT sempre poderá dizer que cumpriu o acordo e que senador alagoano se enroscou nas próprias pernas. E, de quebra, o presidente da Casa seria petista.
Para completar, a presidente Dilma, até aqui, não deu um único sinal de que pretende mudar de parceiro eleitoral ali na frente ou mesmo escantear os peemedebistas. O PMDB ainda é o partido com maior número de prefeitos e uma grande bancada de deputados federais. A avaliação é a de que, se o mensalão passou por sobre o Planalto sem sequer estragar o penteado presidencial, a aliança com o controverso PMDB também passará. Ou seja, o quadro atual é o de que Dilma fez a sua escolha, o PMDB. Eduardo Campos também fez a sua, de não dar asas ao PMDB. Ali na frente, leia-se em 2014, cada um terá a chance de rever essas opções. Mas essa hora ainda não chegou. Primeiro é vencer 2013, um ano que já vem sendo classificado por muitos como o ano trágico. E não é só por conta da tragédia de Santa Maria, onde a dor não passa. Na política, as agruras de muitos estão apenas começando.

'Minha vó poderia ter ido à lua' - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 31/01

Buzz Aldrin, 83, passou pouco tempo a menos na Lua do que em sua visita desta semana ao Brasil. Foram 21 horas em solo lunar, em 1969, contra 36 horas em solo paulistano, anteontem. Mas o tempo gasto aqui foi "rapidinho e doce", define o astronauta americano, em coquetel na casa dos empresários Cristiana Arcangeli e Álvaro Garnero, nos Jardins.
O telefone do astronauta toca. Ele olha para a tela e, sem atender, ri. "Ela me ligou de volta", diz a um amigo brasileiro. "Ele conhece duas integrantes do meu harém", explica à coluna, com quem teve uma breve conversa durante o coquetel. Leia trechos a seguir.

Folha - O harém é grande?
Buzz Aldrin - Varia. Eu me divorciei depois de um ano e meio de advogados. O divórcio é a maior luta que um homem pode enfrentar. Ainda tenho ajustes para fazer, partilha. Ela mora na nossa antiga casa.

E seu harém fica onde?
Fica espalhado pelo mundo [um amigo comenta que uma das namoradas mora em Paris, e por isso Buzz sempre vai à Europa].

Como vê a política espacial?
Obama cancelou programas e, no lugar, instaurou um projeto de mandar uma nave com tripulação para um asteroide. Ele sabe construir comunidades em Chicago. Mas talvez não muito sobre revolução espacial.

O senhor é garoto-propaganda de uma marca de desodorante que vai levar clientes ao espaço. É para todos?
É. Eu voltei do espaço e pensei: minha vó poderia ter feito isso. Só não pode ser claustrofóbico. O módulo é bem apertadinho.

Álvaro Garnero - Já viu um objeto voador não identificado?
Quando fomos para a Lua, vi uma luz se movendo em formato de L. Perguntamos à base se era um dos paineis soltos da nave. Pela distância, não poderia ser. Ainda não sei do que se tratava.

O FREVO VAI FICAR
A lanchonete Frevo, inaugurada em 1956 na rua Oscar Freire, continuará no mesmo lugar, segundo o proprietário, Roberto Frizzo. O prédio foi vendido no ano passado para a construtora Vitacon. Frizzo entrou com ação judicial renovatória de locação do imóvel. "Mas ela não será mais necessária. Conversei com o dono, Alexandre [Lafer Frankel], e ele garantiu que não mexerão com o Frevo."

O FREVO VAI FICAR 2
Frankel, dono da construtora, diz que ainda não sabe o que fará no prédio. "Estudamos alguns projetos. Mas garanto que o Frevo estará em qualquer um deles."

BEIRUTE HISTÓRICO
Segue no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de SP processo de tombamento do Frevo.

BALANÇO
O sociólogo Emir Sader entrevistará o ex-presidente Lula no mês que vem. A conversa servirá de introdução para "10 Anos de Governos Pós-Neoliberais no Brasil - Lula e Dilma". O livro, da Boitempo Editorial, terá textos de 23 autores, entre eles Paulo Vannuchi, Luiz Dulci, Marco Aurélio Garcia, Luiz Gonzaga Belluzzo e Marilena Chaui.

NA TEORIA
Sader justifica a obra: "É hora de uma teorização da herança recebida, do que foi feito, do que não foi e do que deve ser feito para sair do modelo neoliberal". O lançamento é previsto para maio, com seminário em SP.

PROVIDENCIAL
Cotado para o futuro Ministério da Pequena e Média Empresa, o vice-governador de SP, Guilherme Afif Domingos (PSD), tirou uns dias de férias depois de cumprir agenda oficial em Londres, onde acompanhou empresários em busca de investimentos para o Estado.

Segundo sua assessoria, Afif não retornou da Europa com a comitiva e só volta depois do Carnaval.

FECHOU O COMÉRCIO
Mais um lance da queda de braço entre os presidentes da Confederação Nacional do Comércio, Antônio Oliveira Santos, e da Fecomercio-RJ, Orlando Diniz, acontece hoje. Foi convocada reunião do conselho da entidade nacional, com 27 federações, para votar a cassação do representante carioca.

FECHOU O COMÉRCIO 2
Santos retomou ao cargo no dia 23, após suspensão de liminar que o afastara sob acusação de má gestão no Sesc e no Senac. Na última segunda, a Fecomercio-RJ publicou nota de repúdio em jornais, subscrita por 42 sindicatos. No dia seguinte, emissários do presidente da CNC ligaram para signatários da nota "em nome da amizade com o Antônio".

CLÔ DE VOLTA
Um croqui que Clodovil desenhou inspirado em Eva Perón e que nunca saiu do papel virará vestido. A peça estará à mostra, junto com o baú "vintage" onde o estilista guardava criações, no evento Casamoda Noivas, que acontece em março.

FOGUETÓRIO
O empresário Antonio Luz e apresentadora Marina Mantega foram à casa de Álvaro Garnero e Cristiana Arcangeli para coquetel em torno do astronauta Buzz Aldrin, anteontem.

Curto-circuito
O vice-presidente Michel Temer lança hoje o livro de poemas "Anônima Intimidade", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, a partir das 18h.

Abre hoje a retrospectiva do designer Zanini de Zanine, na Casa Electrolux.

O fotógrafo Bob Wolfenson ministra o workshop "Deslocamentos entre Linguagens" no dia 23 de fevereiro, no Madalena Centro de Estudos da Imagem.

A ONG Adote um Gatinho lança linha de artigos para escritório, utensílios para cozinha, objetos de decoração e itens para felinos com estampa de bichanos.

O Oi Futuro do Rio inaugura hoje, às 18h, a exposição "Cabimento".

Ueba! É o Renan Avacalheiros! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 31/01

Um republicano ouvindo o discurso do Obama: "Eu vou ter que virar gay e casar com um imigrante ilegal?".


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o Renan Calheiros na presidência do Senado? Avacalheiros! É o Renan Avacalheiros! Lembra que ele tinha escândalo com vaca? Avacalheiros! Cowlheiros.

Renan Cowlheiros!

E piada Pronta direto do Paraná: "Jararaca encontrada em Cascavel". Isso é congresso de sogras!

E o Big Bagaça Brasil? Aqueles BBBs não deviam gritar: "Obrigado, Brasil". Deviam gritar: "Desculpa, Brasil". Rarará!

E adorei aquela BBB sendo agarrada: "Meu pai tá vendo". Tava, porque acabou de ter um ataque! E adoro os collants das BBBs. São tão colados que a perereca fica em alto relevo! E aquele "Mulheres Ricas" devia se chamar "Vergonha Alheia". Quando elas falam, eu é que fico com vergonha. Aliás, morro de vergonha!

E pra cobrir a tragédia de Santa Maria, a NBC resolveu colocar um mapa do Brasil. Com São Paulo lá em cima, na fronteira com a Venezuela! Eu nem sabia que morava na fronteira da Colômbia com a Venezuela.

Mas podia ser pior: podiam ter colocado São Paulo na Argentina. Rarará! Por isso que o Stanislaw Ponte Preta dizia que o americano é um português que deu certo!

E a charge americana com um republicano ouvindo o discurso do Obama: "Eu vou ter que virar gay e casar com um imigrante ilegal?". Sim, seu burro, você vai ter que virar gay e casar com o primo do Ricky Martin! Rarará!

E a Globo que fica passando os enredos de escola de samba? Nunca esqueço que o Marcius Melhem, do "Caras de Pau", falou que puxador de escola de samba pensa que a gente é surdo: "Portela, o dia clareou. CLA-RE-O-OUUU! Mangueira, mostra tua raça. TU-A RA-ÇAAAA!".

E um amigo acaba de chegar de Lisboa e foi a um restaurante chamado "Atira-te no Rio!" Antes ou depois da comida? E ainda viu uma pichação bem básica, bem ingênua: "Manoel, hoje fazes tu o jantar, Maria". Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

Os Predestinados! Mais três para a minha série Os Predestinados! Engenheiro especialista em energia eólica: José Carlos Brisa! E em Bebedouro (SP) tem um escritório de advocacia: "Rossi e Pipino".

E em Porto Alegre tem outro escritório de advocacia: "Crescente e Pinto". Ueba! Com essa dupla, agora vai. Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Muito Tony Kushner - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O GLOBO - 31/01


Lincoln é a segunda colaboração do Steven Spielberg com o dramaturgo Tony Kushner. A primeira foi Munich, em que o roteiro de Kushner e de um coautor incluía crises de consciência dos agentes de Israel encarregados de vingar o massacre de atletas judeus por palestinos na Olimpíada de Munique de 1972 e impediu que o filme fosse apenas uma glorificação da vingança. Kushner é judeu, como Spielberg, mas é um conhecido crítico do sionismo e da política de Israel em relação aos palestinos e um esquerdista ativo e combativo. Spielberg é um dos “liberais”, no sentido anglo-saxão da palavra, de Hollywood, que votam nos Democratas, fazem filmes sobre causas nobres como a dos direitos civis de minorias e podem ser definidos como da esquerda confortável.

A parceria Spielberg/Kushner é insólita em outro sentido. Spielberg faz cinemão – bom cinemão, mas cinemão – e Kushner é o mais notório autor de vanguarda do teatro americano, com previsível desdém pelo teatro convencional e pelas grandes produções do cinema comercial. Uma curiosidade: no final da primeira parte da sua peça Anjos na América (as duas partes encenadas juntas têm mais de sete horas de duração) desce no palco um anjo mensageiro para anunciar a vinda do novo milênio e, supõe-se, a purgação dos pecados da América. Sua chegada, numa nuvem colorida, derrubando cenários e acompanhado de raios e música bombástica, é espetacular. Tanto que um dos personagens comenta:

– Muito Steven Spielberg.

Do filme Lincoln pode-se dizer que é muito Tony Kushner. São espetaculares as atuações de Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones e Sally Field, mas há pouco espetáculo do Spielberg. Kushner concentrou-se na capacidade política de Lincoln e no fim a abolição da escravatura é apresentada como um triunfo das suas palavras e da sua personalidade – com um pouco de ajuda de propinas a congressistas. Há só uma cena, curta, de guerra, no começo do filme. E é tão reticente a direção de Spielberg que não se vê nem o assassinato de Lincoln, uma cena que presumivelmente permitiria ao diretor dar o seu show. Mas Kushner não deixou. Ficamos sabendo da morte do presidente de ouvir dizer.

Nos Estados Unidos discute-se se Lincoln é de esquerda ou de direita. A esquerda reclama que o filme reforça a ideia de que a História é feita por lideres e heróis excepcionais, a direita reclama que outras causas da Guerra Civil, como a dos direitos estaduais diante da prepotência da União, foram mais importantes do que a escravatura e nem são citadas. Eu acho que o filme seria melhor se o Spielberg tivesse mais solto. Ou então se o Kushner enlouquecesse. Um anjo mensageiro descendo no meio da bancada anti-abolicionista do Congresso e anunciando a vinda do Obama, por que não?

O homem de R$ 8 bilhões - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 31/01

O PSDB anunciou ontem que não vai apoiar Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado. Fez bonito para a plateia. Mas seu líder, Álvaro Dias (PR), nos bastidores, negociou com Renan para que o partido mantenha a 1ª secretaria da Casa. Seu ocupante, nos próximos dois anos, vai administrar orçamento de R$ 8 bilhões. O candidato dos tucanos é Flexa Ribeiro (PA).

Gim Argello entrou em campo
Ao romper acordo anterior com Renan Calheiros, por causa das eleições presidenciais de 2014, o PSDB pode ficar sem a 1ª secretaria da Casa. Estimulado pelo PMDB e contando com a discreta simpatia do PT, desde ontem o líder do PTB, Gim Argello (DF), que integra o Bloco União e Força (PTB, PR e PSC), com 13 senadores, movimenta-se para disputar o cargo contra Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Se o PSDB romper com a regra da proporcionalidade, apoiando a candidatura de Pedro Taques (PDT-MT) para a presidência do Senado, Gim vai se lançar contra a de Flexa. O petebista acredita que herdará os votos de Renan e derrotará a chapa dos tucanos.

“Os programas do governo são bons. Mas o que adianta? Os municípios não podem celebrar convênios. Cerca de 3.588 deles estão no SPC dos municípios”
Paulo Ziulkoski
Presidente da Confederação Nacional dos Municípios

Insatisfação petista
Na reunião do PT, ontem, o novo líder, José Guimarães (CE), na presença de um assessor da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), mandou um recado: "Avisa lá para a ministra que a bancada vai ser muito exigente com o governo."

Puxão de orelhas
Os candidatos a líder do PMDB se reuniram ontem pela manhã. Lá pelas tantas, um dos candidatos, Osmar Terra (RS), na foto, diz para os outros, Eduardo Cunha (RJ) e Sandro Mabel (GO): "Tem muita baixaria na mídia. Isso repercute muito mal para o partido, e sobra para todo mundo. E, depois das eleições, como vai ser? Vocês vão manter a baixaria?" Fecha o pano.

A primeira vaia, ninguém esquece
O Planalto não aguenta mais o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski. A percepção é que ele cobra demais e que aquilo que o governo oferece nunca está bom. Sem falar nas vaias à presidente Dilma.

Fim do castigo
Depois de um ano de molho, a presidente Dilma recebe na próxima terça-feira o presidente da CUT, Vagner Freitas. Para isso, foi preciso muito lobby do ministro Gilberto Carvalho, do ex-presidente Lula e do prefeito Luiz Marinho. A CUT foi colocada na geladeira pela presidente por ter vacilado quando o governo anunciou mudanças na poupança para abaixar os juros.

Serra Talhada no poder
A despeito da insatisfação em setores do PR, o deputado Inocêncio Oliveira (PE) deve conquistar novo mandato na Mesa da Câmara. Serão 20 anos. Ontem, ele tinha abaixo-assinado com 30 apoios de uma bancada de 35 deputados.

Formou fila
No Encontro de Prefeitos, em Brasília, não faltaram vendedores ambulantes. Entre eles, um fotógrafo vendia fotos do prefeito ao lado da presidente Dilma ou do ex-presidente Lula! Uma fotomontagem ao custo de R$ 50,00 cada retrato.

O SENADOR Francisco Dorneles (RJ) foi reeleito, por unanimidade, para liderar o PP no Senado. O partido tem uma bancada de cinco senadores.

Café com leite - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 31/01

Após encontros reservados com Geraldo Alckmin e José Serra, ontem, Aécio Neves investirá na aproximação com o PSDB paulista, foco de resistência à consolidação de sua candidatura ao Planalto em 2014. O senador mineiro falará pela primeira vez aos tucanos de São Paulo no dia 25 de fevereiro, durante plenária do congresso do partido. Aécio pretende ainda oferecer a aliados de Alckmin a secretaria-geral, braço operacional da legenda cuja presidência deve assumir em maio.

Fatura 1 Marconi Perillo (PSDB-GO) trabalha pela eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado. No ano passado, o governador foi acusado de ter ligações com Carlinhos Cachoeira, mas acabou poupado no relatório da final da CPI graças à ajuda do PMDB, capitaneado por Renan.

Fatura 2 Como o PSDB deverá se manifestar hoje contra a candidatura do peemedebista, Perillo prometeu assegurar os votos dos tucanos de Goiás, Cyro Miranda e Lucia Vânia. O governador tem conversado com o próprio candidato e seus aliados, como Gim Argello (PTB-DF).

Dominado Com a escolha de Eunício Oliveira (CE) para a liderança do PMDB no Senado, Dilma Rousseff deverá manter o peemedebista Eduardo Braga (AM) na liderança do governo na Casa.

No atacado Na conversa com Luiz Marinho e prefeitos de Santo André e Mauá, Dilma acenou com a liberação de R$ 1 bilhão do PAC para projeto intermunicipal de saneamento. A exigência da presidente é que os três municípios façam o projeto em conjunto, por meio do Consórcio do Grande ABC.

Lobby amigo O ex-deputado Paulo Rocha pediu ajuda de petistas para agilizar no Supremo Tribunal Federal uma certidão de absolvição do julgamento do mensalão, de olho na disputa de 2014 no Pará. Petistas prometeram percorrer gabinetes de ministros para ajudá-lo.

Nem vem Integrantes do STF afirmam, no entanto, que, assim como Duda Mendonça, que tenta desbloquear seus bens após também ser absolvido no julgamento, Rocha terá de esperar a publicação do acórdão para solicitar o documento no tribunal.

Profilaxia 1 Pivô do mensalão mineiro, a ser julgado pelo STF neste ano, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse à revista "Encontro" que a corte teve posição "dura" no julgamento do escândalo congênere do PT.

Profilaxia 2 Evocando o caso de Suzane Richthofen, condenada por matar os pais, o deputado disse ver "discrepância" na punição imposta aos petistas. "Proporcionalmente, [ela] teve pena menor que alguns dos envolvidos no mensalão", comparou.

Indigestão Do secretário paulista da Casa Civil, Edson Aparecido, sobre as críticas de Rui Falcão ao veto a seu projeto que restringia a publicidade infantil de alimentos: "O PT está há dez anos no governo federal, de quem é a atribuição para tal medida. Por que não apresentou? Quer jogar para a plateia".

London calling De Londres, onde comanda um road show para divulgar PPPs do governo tucano, Guilherme Afif telefonou para Alckmin na tentativa de diminuir o mal-estar causado pela entrevista à Folha em que admite a hipótese de ser ministro da Micro Empresa.

Lista O PSDB começou a recolher ontem assinaturas para o lançamento da candidatura de Samuel Moreira à presidência da Assembleia paulista. O tucano, líder do governo Alckmin, é o favorito. Caberá a ele decidir sobre a licitação para a renovação da frota da Casa, congelada por falhas no edital.

Repescagem Exonerado da chefia de gabinete do Ministério das Cidades em 2012 após a revelação de que participara de reuniões privadas com lobista, Cássio Peixoto foi nomeado presidente da BahiaPesca, empresa do governo Jaques Wagner (PT).

tiroteio
A oposição quer proibir até a fala da presidente. Será que, no desespero, vão tentar proibir a candidatura à reeleição também?

DO DEPUTADO VICENTE CÂNDIDO (PT-SP), sobre ação do PSDB questionando o pronunciamento de Dilma Rousseff sobre redução da tarifa de energia na TV.

Contraponto


Música para meus ouvidos


Ao lado de Dilma Rousseff anteontem em Aracaju, numa inauguração, o governador Marcelo Deda (PT) citou Luís de Camões para defender a presidente das críticas de adversários na polêmica sobre a redução da conta de luz.

- Os que reclamaram são descendentes do Velho do Rastelo, representam a voz do atraso.

Logo depois, a petista discursou e retribuiu:

-Vocês têm um governador especial, ele é um poeta!

Além do fogo e da zona de conforto - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 31/01


Médica sugere um programa de verificação similar ao que existe para os laboratórios de análise


Ainda sobre a tragédia de Santa Maria, escreve Luisane Vieira, médica-patologista e, acima de tudo, "mãe de um baladeiro de 20 anos".

Sua carta envereda por um território raro, talvez inédito: em vez de críticas e acusações, uma proposta.

Tem ainda a humildade de admitir que "o intuito não é impedir os erros (os quais são inerentes às atividades humanas)", mas fornecer um arcabouço que torne menos arriscados os locais que frequentam os "baladeiros".

Escreve a médica: "Vou usar como exemplo a minha experiência profissional e pessoal com o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, no qual atuo desde o seu início há 12 anos".

"Apesar de termos hoje leis de 'primeiro mundo' para que os laboratórios de análises sejam seguros e de qualidade, é público e notório que se trata de um grupo muito heterogêneo de instituições e empresas públicas e privadas nas quais encontramos desde espeluncas perigosas e até fraudulentas até outras que poderiam figurar com destaque no sistema de saúde de qualquer país desenvolvido".

Observação minha: é razoável supor que as casas de espetáculo também se dividam entre espeluncas e seguras, tão seguras quanto é possível ser no ramo.

Volto à carta: "E o poder público também se mostra insuficiente e incompetente para a devida fiscalização e para garantir que problemas que afetam a qualidade das análises e a segurança dos pacientes sejam resolvidos. Após um grande escândalo no Rio no qual vários laboratórios examinaram guaraná como se fosse urina, a nossa sociedade partiu para a criação de um programa de acreditação, voluntário".

"Especialistas elaboram e revisam periodicamente normas de qualidade e segurança, de acordo com as melhores práticas, e elas são tornadas públicas. Os laboratórios que desejam cumprir estas normas passam por um processo de adequação, ao final do qual nossa sociedade envia auditores especialistas para a verificação in loco da adequação às normas propostas. Ao final deste processo, uma câmara confere ao laboratório o selo de acreditação, o qual o laboratório pode divulgar amplamente (desde que dentro da validade)".

"Periodicamente, as auditorias são repetidas para a confirmação do selo. Os custos do programa são cobertos pelas empresas participantes, mas não há finalidade lucrativa. Após um início bastante tímido, hoje nosso programa abrange os maiores laboratórios do país e cerca de 25% dos exames laboratoriais realizados no Brasil têm resultados emitidos por laboratórios que permitem nossas visitas com total transparência".

Não vejo nesse programa, simples e de sentido comum, nada que não possa ser copiado para o setor de casas de espetáculo (ou vários outros). Só exige que os proprietários e a própria sociedade se animem a sair da zona de conforto -e da dependência do sempre precário poder público- para atuar antes e não depois de uma tragédia.

PS - Dou ao leitor 15 dias de folga.

Os riscos do relaxamento - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 31/01


As vantagens de curto prazo da política de flexibilização monetária ( quantitative easing ) adotada em praticamente todo o mundo para enfrentar a crise econômica de 2009 superam os riscos de longo prazo? Num painel do Fórum Econômico Mundial em Davos - de que participaram economistas como Nouriel Roubini, professor de Economia e Negócios Internacionais; Stanley Fischer, presidente do Banco Central de Israel; Victor Halberstadt, professor da Leiden University, da Holanda; Leonard N. Stern, da Business School da Universidade de Nova York; Davide Serra, fundador e sócio-gerente da Algebris Investments, do Reino Unido; e Adam S. Posen, presidente do Peterson Institute para Economia Internacional, dos Estados Unidos -, discutiu-se o tema, muito importante para o mundo e, especificamente, para o Brasil.

Houve consenso de que essa política de "relaxamento" monetário certamente ajudou a prevenir maiores estragos, impedindo que uma depressão se espalhasse pelo mundo. Mas também trouxe riscos de aumento de inflação, até mesmo de hiperinflação, bolhas financeiras e um legado de dívidas para as gerações futuras. Saber quando parar é o grande desafio para os bancos centrais. Ajustar as taxas de juros é instrumento para contrabalançar os impactos da expansão monetária, e há até mesmo a previsão de que os Estados Unidos terão de aumentar suas taxas nos próximos anos se a economia continuar crescendo.

Frequentemente chamada de "política monetária não convencional", a flexibilização monetária tem efeitos de longo prazo que ainda não estão claros para os economistas. A hiperinflação é citada como possível consequência, mas analistas alegaram no debate que os bancos centrais podem aumentar a taxa de juros para conter a inflação. Foi posta grande ênfase no risco de bolhas, como ocorreu com o mercado imobiliário. O "afrouxamento" monetário pode levar ao aumento do preço das commodities e alimentar a demanda por produtos escassos, levando a uma distorção dos mercados.

Adiando o momento em que se dará a desalavancagem, essa política permite aos países usufruirem crescimento econômico, mas, a longo prazo, pode levar a uma redução do PIB. Dada a relativa novidade dessa política de flexibilização monetária ( quantitative easing ), e a incerteza sobre seus efeitos, várias questões ainda não têm resposta.

Alguns especialistas sugerem que essa política seja ligada a objetivos específicos, como um prazo, para sinalizar seu caráter temporário, muito embora compromissos verbais dos governos jamais sejam convincentes para o mercado.

Como os bancos centrais têm intervindo em várias partes do mundo para evitar os prejuízos mais ameaçadores, há um perigo inerente a essa política, o risco moral, pois se teme que os efeitos da alavancagem exagerada ou dos riscos excessivos sejam menosprezados diante da ação protetora dos bancos centrais.

As consequências de não utilizar as políticas de expansão monetária, porém, podem ser muito mais perigosas aos países, pois elas podem ser interrompidas assim que as economias começarem a se recuperar ou que os efeitos colaterais surgirem.

A questão específica da situação econômica brasileira foi debatida em outro painel, dentro de um contexto da América Latina. Foi ressaltado que o país adotou nos últimos tempos uma política mais intervencionista, aprofundada no governo Dilma Rousseff, o que prejudicou companhias estatais como a Petrobras, que só agora começará a se recuperar com o aumento da gasolina.

Os especialistas consideram que o câmbio brasileiro não é mais flutuante, que a política fiscal está afrouxada e que a inflação está fora das metas oficiais por uma política governamental. Como resultado, a confiança do investidor tem se reduzido, fazendo com que o país cresça pouco nos últimos dois anos. Seria preciso uma mudança de rumos, que alguns analistas acreditam que virá diante da dificuldade do crescimento econômico.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 31/01

À venda 1
O Bradesco fará o primeiro leilão de imóveis do extinto Berj neste sábado. Serão 98 unidades, todas recuperadas de empréstimos não pagos. O banco segue norma do BC, que prevê oferta de propriedades não usadas pelas instituições. Murilo Chaves comanda o leilão.

À venda 2
Quando comprou o Berj, em maio de 2011, o Bradesco arrematou, ao todo, 800 imóveis. O leilão de sábado será apenas o primeiro.

Centro-Oeste
Foi recorde o desembolso do Banco do Brasil para o FCO, o fundo de financiamento ao Centro-Oeste, em 2012. As operações somaram R$ 5,9 bilhões. No setor rural da região, os repasses do BB cresceram 27,5%.

Referência
Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), Beatriz Galloni (Mastercard) e Sylvia Coutinho (HSBC) serão as representantes do mundo corporativo no “Winning Women”. A Ernst & Young lança o programa hoje, no Rio. O objetivo é criar uma rede de mulheres líderes.

Saúde
O Vita Check- Up Center, especializado em saúde preventiva para executivos, registrou aumento de 41% no programa exclusivo para mulheres este mês. A crescente participação delas nesses cargos é um dos motivos, avalia a empresa.

Fiscalização 1
Cerca de cem fiscais do Inmetro percorrerão o Brasil na Operação Mãos à Obra, a partir de 2ª. Querem checar se os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), usados na construção civil, já contêm o selo do órgão. Devem visitar 250 pontos de venda em quatro dias. São 25% do total.

Fiscalização 2
Estão na lista capacetes para uso industrial, luvas isolantes de borracha e máscaras. “São itens considerados essenciais para segurança. Queremos dar um choque no setor”, diz Alfredo Lobo, diretor da Qualidade do Inmetro.

Fiscalização 3
Em cinco anos, dobraram os acidentes no setor, informa o Ministério da Previdência. Só em 2011, foram 59 mil.

Livre Mercado
A Bioleve investiu R$1 milhão na linha de águas com colágeno e fibras. A próxima aposta é o mercado de água de coco in natura.

O Shopping PátioMix faz liquidação a partir de amanhã. Espera 60 mil pessoas até domingo. É alta de 30%.
A Breton Actual liquida móveis até 28/02. Quer vender 50% mais.

A Arpoador Sports & Marketing vai cuidar da imagem do piloto Nicolas Costa. A ação de estreia será uma disputa de kart com fãs.

Chieko Aoki, CEO da Blue Tree, chega ao Rio hoje. Vem apresentar o Nexus Hotel & Residences (Macaé), parceria com a Calper.

QUEDA DA ENERGIA ANULARIA ATÉ ALTA DE PASSAGENS
Efeito da conta de luz mais barata na inflação das famílias supera reajuste da gasolina e aumento de 10% nos ônibus
De tão intensa, a queda nas tarifas da energia residencial entre janeiro e fevereiro compensaria, não apenas a alta no preço da gasolina, mas também um reajuste de 10% nas passagens de ônibus urbanos no país. A conta é de Salomão Quadrados, responsável pelos índices de preços da Fundação Getúlio Vargas. Nos IPCs da FGV, a energia 18% mais barata terá efeito negativo de 0,58 ponto percentual; no IPCA/ IBGE, o índice da meta de inflação, de -0,6, diz Quadros. Em compensação, a alta de 4% na gasolina elevará os IPCs em 0,12 ponto; e o IPCA, em 0, 17. Um reajuste de 10% nas passagens pressionaria a inflação em 0,35 ponto percentual. “O impacto da energia é muito grande e transmitirá um grande alívio à inflação de fevereiro. Nem era preciso adiar o reajuste das passagens”, confirma o economista. A energia não integra a cesta de produtos do IPA, a inflação do atacado da FGV. Diesel e gasolina vão elevar o índice em 0,26 ponto percentual. Mas é certo que as empresas terão redução significativa de custos, já que tarifa industrial de energia cairá até 32%. É bom porque alivia a pressão por repasses ao varejo. O preço dos alimentos também começou a cair no atacado.

-1,96% NOS AGROPECUÁRIOS
A FGV apurou queda de 1,96% no preço das matérias-primas agropecuárias no IPA-M de janeiro. Soja caiu 9,01%; arroz, 4,61%; café, 2,78%; carne bovina, 1,266%. Alimentos podem cair no varejo.

ESTALEIRO EM CONSTRUÇAO
Termina em março a dragagem na área do litoral baiano que abrigará o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, sociedade de Odebrecht, OAS e UTC. O EEP contratou a belga Jan De Nul para o trabalho, que começou este mês. O estaleiro construirá dez embarcações para a Petrobras, entre as quais, seis sondas para o pré-sal. Os contratos somam US$ 6,5 bilhões.

Quem vem
O Cirque du Soleil chega ao Rio por volta de 27 de dezembro. Deve gerar mil empregos. Prevê um milhão de espectadores no país em 2013. Carvalho Hosken, Chevrolet Trailblazer, Fast Shop e cartões Porto Seguro são parceiros.

Fotografia
O Extra bateu 21,5 milhões de fotos reveladas em seus supermercados em 2012. Foi alta de 12% sobre 2011.

A moda do ano foi estampar imagens em itens para presentes, como almofadas.

Doce Rio
A Cacau Noir vai estampar ícones do Rio, como o Pão de Açúcar (no detalhe ao lado), em caixas de chocolate ao leite. Criadas pela DPZ, serão lançadas sábado de carnaval. Investiu R$ 20 mil e espera vender 20% mais.

Petróleo
O FPSO OSX-1 produziu três milhões de barris em um ano de operação. É a 1ª unidade marítima da OSX,do grupo de Eike Batista. A plataforma está ligada a três poços em Tubarão Azul, na Bacia de Campos (RJ).

Dublagem
A Bravo Estúdios bateu, em 2012, R$ 5,009 milhões de faturamento, alta de 22% sobre o ano anterior. Fez 250 horas de dublagem e 2.720 de legendagem. A empresa espera crescer 50% em 2013. Está de olho no mercado de TV por assinatura no Brasil.

Publicidade
Bruno Chamma, da Kindle, virou sócio da Aevo Studio, de animação 3D. Investiu R$ 300 mil. A produtora passa a atuar em publicidade. Planeja faturar o triplo.

Shopping
A Casa da Criação ganhou a conta do Grande Rio.

MESMA TÉCNICA
A Fifa acabara de apresentar o cartaz oficial da Copa 2014 e as críticas já apareciam nas redes sociais. A peça teria sido inspirada na logo da Unilever (acima). A múlti lançou a marca em 2004. Seis anos depois, exibiu-a em campanha institucional no Brasil. Procurado pela coluna, Ricardo Leite, da Crama Design, disse que o cartaz e a logo usam o pattern como recurso gráfico. É quando pequenas figuras compõem uma imagem. A Unilever combinou produtos. A Fifa usou paisagens, fauna, flora e cultura nacionais para formar o mapa do Brasil com dois jogadores disputando a bola.

NA PRAIA
A Eloah, moda praia, lança amanhã, na web, campanha de alto verão. Angra (RJ) foi o cenário das fotos. Espera vender 20% mais.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 31/01

Grupo paranaense investe R$ 200 milhões em frota
O grupo paranaense Ouro Verde, especializado no setor de locação e terceirização de veículos, vai investir aproximadamente R$ 200 milhões na ampliação de sua frota neste ano.

A empresa, que tem hoje cerca de 16 mil veículos leves, pretende alcançar 20 mil até o final de 2013.

O aporte será destinado exclusivamente a esse modelo de carro, segundo David Zini, diretor de terceirização e gestão de frotas do grupo.

Aproximadamente 64% dos veículos leves da companhia são de modelos econômicos, afirma Zini. Essa parcela deve ser elevada nos próximos anos.

"A ideia não é oferecer um produto para o cliente escapar das oscilações nos preços de combustível. A ampliação de modelos econômicos é mais uma demanda dos clientes de capital aberto, que precisam ter índices de sustentabilidade", diz.

O investimento será necessário para que a companhia possa atender todos os contratos que foram fechados até agora, de acordo com o executivo do grupo.

"Nós não compramos os veículos antes de termos os contratos assinados. Nós fazemos o negócio e depois realizamos as compras necessárias", afirma Zini, que estuda outros acordos em andamento para este ano.

"Também temos muita renovação de carros que já estão locados."

A outra divisão da companhia, com cerca de 6.000 veículos pesados, além de máquinas e equipamentos para construção, deve receber recursos adicionais.

Números
R$ 200 milhões

é o valor investido na frota de veículos leves durante este ano

16 mil

são os veículos leves da companhia

20 mil

carros é a meta a ser alcançada após o aporte

64%

é a parcela da frota de veículos leves composta por modelos econômicos

Sem relaxar
A rede de spas Buddha Spa pretende quase dobrar de tamanho em 2013.

O projeto da companhia, que tem atualmente 17 unidades nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, é alcançar 30 até o final deste ano.

A meta é inaugurar operações na região Sul do país.

"Para Curitiba, serão três unidades. Também estamos pensando abrir em Brasília e em Belo Horizonte", diz Gustavo Albanesi, sócio-diretor da empresa.

O projeto de expansão deve ser acelerado por meio da aquisição de outras unidades de spas, de acordo com o executivo.

"Das nossas 17 unidades, oito foram adquiridas", diz.

"Nós compramos, convertemos para a marca e depois franqueamos", acrescenta.

17

é o atual número de unidades da rede, que está nos Estados de SP, RJ e GO

13

são os spas previstos para serem inaugurados neste ano, três deles em Curitiba

CHEF ACEssível
Antes de abrir seu novo restaurante em São Paulo, no bairro Pinheiros, Erick Jacquin já tem planos de expansão para Miami ou Nova York.

Dono do sofisticado restaurante La Brasserie, o chef francês vai oferecer, no novo Tartar&Co, pratos a preços bastante reduzidos na comparação com o menu de sua primeira casa.

"Vamos ter um menu executivo de R$ 40. O prato mais caro custará cerca de R$ 50", diz o sócio Georges Henri Foz, que promete trabalhar no "limite da lucratividade para elevar o giro".

Preços mais baixos e um ambiente mais despojado harmonizam mesmo com situações econômicas menos favoráveis, diz o empresário.

O próximo restaurante da marca deve ser aberto no bairro dos Jardins, em data ainda não revelada.

Crédito... 
O Banco do Brasil vai disponibilizar cartas de créditos de consórcio de R$ 1.500 a R$ 3.000 para aquisição de bens não poluentes. O valor mínimo das parcelas será de R$ 48, e o prazo, de até 36 meses.

...saudável 
O foco da iniciativa será a aquisição de bicicletas elétricas. A linha de crédito será disponibilizada para correntistas e não correntistas pessoa física e jurídica.

Casa... 
A Amcham-Brasil (Câmara Americana de Comércio) vai inaugurar mais uma unidade regional no país. O escritório de Campo Grande começará a operar em 5 de fevereiro e será o 13º da entidade.

...nova 
O Mato Grosso do Sul foi escolhido para receber a unidade devido ao seu desenvolvimento nos setores de agronegócios, mineração e serviços, segundo Fernando Schmitt, diretor de regionais.

Roupa limpa
A Laundromat, rede de lavanderias self-service, abre mais 20 unidades no Estado de São Paulo, entre próprias e franqueadas.

A empresa tem investido em um novo modelo de loja conhecido por sua estrutura modular. O valor para abrir uma unidade varia entre R$ 93 mil a R$ 350 mil.

"Nossas unidades estarão em hipermercados, shoppings e postos de gasolina", diz Juan Carlos Lopez, presidente da companhia.

"O grande consumidor desse serviço são os jovens universitários e as pessoas que moram sozinhas."

Em 2012, o faturamento da rede foi de R$ 24 milhões. A previsão para este ano é superar o valor em 30%.

Amaciante

20

é o número de franquias que serão abertas em todo o Estado

R$ 24 milhões

foi o faturamento da empresa em 2012

R$ 93 mil a R$ 350 mil

é o custo de uma franquia da companhia

57

é o número atual de franquias da empresa