segunda-feira, setembro 17, 2007

PAI AMBRÓSIO


A ESCOLHA DO PAI AMBRÓSIO
Ailton Salviano Escritor

Pai Ambrósio é uma figura carismática do sincretismo religioso em Natal. Está sempre presente na banca de revistas do Nordestão da Salgado Filho. Nascido em Coelho Neto no Maranhão ainda no tempo que se chamava Curralinho, Pai Ambrósio iniciou os seus estudos esotéricos na sua cidade Natal. Posteriormente, aperfeiçoou os seus conhecimentos na cidade de Codó. Fez inúmeros cursos de especialização em terreiros de Salvador e de cidades do interior mineiro.Neste segundo final de semana de setembro, encontrei Pai Ambrósio envolvido numa grande dúvida. Era um dia especial para ele. Chegavam à Natal, duas personalidades a ele muito ligadas – Nossa Senhora Aparecida e Zé Sarney. A dúvida de Pai Ambrósio – esperar quem? Se Nossa Senhora lhe dava inspiração espiritual, Zé Sarney foi por muito tempo o seu suporte material. Era uma hesitação sem precedentes e tudo isso numa sexta-feira, dia de muito trabalho lá no terreiro.Com reservas, Pai Ambrósio me pediu uma sugestão. Perguntei-lhe: não dá para esperar os dois? Que dá... dá... mas o grande problema é que não posso dar assistência aos dois ao mesmo tempo, tenho que fazer essa difícil escolha. Se Nossa Senhora me cobre com o seu manto e me segura na mão, lembro dos maribondos e da missa da duquesa do Zé, meu grande líder.Isso só pode ser castigo, lamentava-se Pai Ambrósio. Se eu pensar em amparo dá empate: Nossa Senhora sempre me amparou e Zé me segurou nas horas mais difíceis da minha vida. Ele contribuiu financeiramente para instalação do meu primeiro terreiro, ainda no tempo de Curralinho. Fui muitas vezes a Brasília para fazer tratamento em seus correligionários. Sei que falhei da última vez. Mesmo reconhecendo que sou especialista em cura de viadagem, não me foi possível converter um certo deputado. Mas esse episódio, não afetou a amizade com o Zé. Sei que voltarei a Brasília, outras vezes.Finalmente, Pai Ambrósio tomou a difícil decisão. Vou esperar e dar assistência ao Zé. Vou apelar para a misericórdia de Nossa Senhora, a nossa padroeira. Ela há de perdoar com a sua infinita bondade. Vou apelar ao Sarney que na segunda edição mude o título do livro – ao invés de “A duquesa merece uma missa”, escreva: “Nossa Senhora merece mil missas”!