sexta-feira, janeiro 09, 2009

VAI, MAROLA


VINICIUS MOTA

Dor de barriga


Folha de S. Paulo - 09/01/2009
 

Azia, má digestão, enjoos, cólicas... Atire a primeira pedra aquele que nunca penou com esse gênero atroz de males da finitude. Que o digam mais de 300 passageiros que se sentiram mal num navio, atracado na quarta para averiguações em Salvador e já liberado.
Um rotavírus altamente contagioso, uma salmonella, uma intoxicação alimentar. A Anvisa ainda investiga as causas do incidente coletivo. Deveria considerar, também, a hipótese de uma exposição generalizada dessas pessoas ao noticiário.
Não há de ser só o estômago do presidente Lula que se indispõe com a leitura de jornais e revistas e com o acompanhamento de notícias e opiniões pela TV, pelo rádio e pela internet. À revista "Piauí", Lula debochou da mídia. Não acompanha o noticiário por opção; porque tem "problema de azia", fez troça.
Não é de hoje que Lula demonstra, em gestos, biografia e palavras, desprezo solene pela leitura e outros hábitos de instrução e informação. A resposta a quem aponta essa falha, grave num presidente da República, é sempre a mesma: é acusado de elitista e preconceituoso.
"A imprensa brasileira tem um comportamento histórico em relação a mim", disse na entrevista. A indolência, de repente, toma a forma de prevenção contra ataques de um inimigo "histórico", a mídia.
Eis um clássico do escapismo esquerdista. Não me exponho ao diálogo na esfera pública, não cotejo minhas opiniões e minhas atitudes com a crítica porque os meios de comunicação não têm legitimidade; estão entregues à burguesia, ao império, aos bancos, aos tucanos.
E toda essa teoria sobre mídia e parcialismo, lançada por um presidente que deplora a instrução e vive cercado de intelectuais aduladores, terminou com uma atitude. Lula criou a TV Brasil para contar a versão popular da história.
O problema é que quase ninguém assiste à TV de Lula. Talvez a programação esteja enjoativa.

ELIANE CANTANHÊDE

Política versus diplomacia


Folha de S. Paulo - 09/01/2009
 

O Brasil é um dos maiores países em território, está entre os mais populosos, é um emergente econômico e um exemplo de paz, onde judeus e árabes convivem amigavelmente, como lembrava ontem o vice José Alencar. Mas, para se aventurar como "player" (palavrinha de diplomatas) na guerra do Oriente Médio, é preciso mais: neutralidade.
É justamente por condenar a parcialidade dos EUA e seu comprometimento com Israel, tentar "furar o bloqueio" e "arejar" os canais de negociação entre Israel e palestinos que o Itamaraty desviou todas as fichas para França e Egito. Logo... não pode optar por um lado.
Celso Amorim já criticou a "reação desproporcional" de Israel e "deplorou" os ataques por terra, o que está de bom tamanho para a importância muito relativa do Brasil na questão. Amanhã, ele embarca para encontros com presidentes e chanceleres na Síria, na Cisjordânia, na Jordânia e em Israel.
Deve esticar até o Egito. É para lá que confluem emissários israelenses, da Autoridade Nacional Palestina e do próprio Hamas. É para lá que Amorim acabará indo também.
Mas, enquanto o chanceler se esfalfa para alçar o Brasil à condição de interlocutor neutro das potências e dos contendores, o assessor Marco Aurélio Garcia acusa Israel de "terrorismo de Estado" e o partido do presidente diz que "a retaliação contra civis é uma prática típica do Exército nazista". A comparação é muito forte. Vira uma guerrinha de diplomacia versus política e corresponde a puxar o tapete do chanceler antes que ele ponha o pé no avião para o Oriente Médio.
Sem falar nas consequências internas. Se o assessor e o partido do presidente dão cacetadas nos israelenses, os judeus no Brasil se tomam em brios e reagem, e os árabes partem para a tréplica, como ontem, em Curitiba. Onde vai parar a decantada paz entre judeus e árabes nesse solo varonil de encantos mil da nossa pátria tão gentil?

CASAMENTO


COLUNA PAINEL

Lula: "Jornais estão obsoletos"


Folha de S. Paulo - 09/01/2009
 

Mais do que "sentir azia" quando exposto diretamente ao noticiário, o presidente Lula acha também que os jornais estão "obsoletos" e diz confiar mais nas informações de assessores do que naquilo que sai publicado. As declarações fazem parte de trechos inéditos da entrevista à revista "Piauí" deste mês. A Presidência divulgou o que diz ser a íntegra da conversa.
"É muito melhor ficar na mão de um assessor em quem eu confio do que na mão de um artigo. (...) Prefiro alguém que eu recruto, da maior seriedade, e que me dá as informações corretas", afirma Lula, que ressalta o papel da internet: "Alguns companheiros da imprensa não descobriram isso porque continuam agindo como se estivessem 40 anos atrás".

Em off
Em outro trecho, Lula afirma considerar "promíscua" a relação entre políticos e jornalistas baseada no anonimato da fonte. "Você passa a ser uma espécie de informante privilegiado. (...) O cara [a fonte] planta laranja para colher manga."

Mágoa
Lula também manifestou contrariedade com José Dirceu pela entrevista, à mesma revista, em que o ex-ministro teria criticado um de seus filhos. "Eu acho uma loucura alguém que exerce um cargo público ficar uma semana totalmente desnudado diante de uma jornalista."
Dirceu nega ter se referido ao filho do presidente.

0 a 0
A criação de um adicional aos servidores da Câmara que fazem cursos, ao custo anual de R$ 60 mi, joga por terra toda a economia com o pagamento de horas extras do ano passado, feito que o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não se cansa de propagandear.

De bem
De saída, Chinaglia ainda fez um mimo a Aldo Rebelo (PC do B-SP), hoje seu opositor internamente. Foi remontada na Casa a galeria dos "Construtores do Brasil", idealizada pelo antecessor.

A fila anda
A ida de Leonardo Picciani (PMDB) para o governo do Rio promoverá uma dança de cadeiras: dois suplentes, Rodrigo Bethlem (PMDB) e Fernando William (PMN), continuarão secretários municipais. A vaga irá para Paulo Rattes (PMDB).

Precursor
Em documento enviado ao Congresso no final do ano sobre a visita que fez ao Irã em novembro, o chanceler Celso Amorim, que embarca hoje para o Oriente Médio, diz que entregou ao presidente Mahmoud Ahmadinejad carta em que Lula "expressa o interesse brasileiro de aprofundar as relações bilaterais, particularmente na vertente econômico-comercial, e menciona a possibilidade de troca de visitas presidenciais no futuro". 

Classificados
Emissários do ex-prefeito de BH Fernando Pimentel, o deputado Miguel Correa e o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho, ambos petistas, procuraram o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, pedindo uma vaga para o mineiro na Esplanada. Disseram que falta uma vitrine a ele para concorrer ao governo em 2010. 

Prévias
Pimentel mede forças com Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) na disputa pela vaga. "Nosso projeto afirma o compromisso histórico do PT. Do outro lado está a visão mais pragmática, da realpolitik", diz o ministro, em alusão à aliança de Pimentel com Aécio Neves (PSDB). 

Boquinha
O governador Roberto Requião (PMDB-PR) arrumou um jeito de driblar a lei antinepotismo e mandará o irmão, Eduardo, para chefiar a representação do Estado em Brasília. Ele teve de deixar a administração dos Portos de Paranaguá. 

Estreia
Depois de romper com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), o vice, Tin Gomes (PHS), será investigado pelo Ministério Público por ter saído férias já na primeira semana de trabalho.

Tiroteio

"O MST se especializou em dar consultorias a países sul-americanos contra os interesses brasileiros. Depois do Mercosul e da Unasul, em breve teremos também o "MST Sul"".

Do deputado RAUL JUNGMANN (PPS-PE), sobre os contatos mantidos entre MST e o governo do Paraguai para rever o tratado de Itaipu.

Contraponto

Imagem é tudo

No início da campanha municipal, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), saía da inauguração do comitê de campanha do candidato do PMDB em Recife, Raul Henry, que tinha o apoio dos tucanos, quando engatou conversa com um jornalista cuja fisionomia lembra a do então candidato rival e hoje prefeito, João da Costa (PT).
Na porta do evento, um locutor de campanhas no Estado aguardava o tucano e se espantou com a semelhança. Resolveu se certificar, foi até a metade do caminho, mas, ainda em dúvida, declinou:
-Puxa senador, eu vim fazer uma proposta, mas agora percebi que houve uma reviravolta na eleição...

DORA KRAMER

Paus para toda obra


O Estado de S. Paulo - 09/01/2009
 

 dora.kramer@grupoestado.com.br

As medidas provisórias se tornaram uma espécie de panaceia obsessiva do Congresso. Servem para simular independência em relação ao governo, para robustecer discursos eleitorais, são usadas como instrumento de pressão ou mesmo de afirmação individual e coletiva quando se faz necessário.

Legítimos paus para toda obra, prestam também um excelente serviço ao voluntário exercício de miopia galopante de senadores e deputados que fixam o foco de suas reclamações no excesso de MPs editadas pelo Palácio do Planalto e desviam o olhar da profundidade do buraco onde está no Poder Legislativo.

Fiéis à regra, os senadores Tião Viana e Garibaldi Alves, candidatos a presidir o Senado no biênio 2009/2010, fazem delas a principal peça de suas campanhas. 

Viana voltou-se, em carta divulgada no início da semana, contra a “gana legiferante do Executivo” e Garibaldi convoca - também em carta, distribuída ontem - o Parlamento a dar uma resposta à altura da “exorbitância” do Planalto, que, segundo ele, “teima em confrontar a Constituição”.

Com todo o respeito que o Congresso Nacional não confere a si, a instituição não anda moralmente autorizada a falar em confrontos de natureza legal.

Quando pode, subverte preceitos constitucionais. Seja resistindo ao cumprimento de decisões judiciais referidas no texto da Carta (e não tiradas das cabeças dos magistrados como quer fazer crer a tola tese da “judicialização” da política), seja ignorando princípios como o da impessoalidade no serviço público ou da probidade para exercício de mandato eletivo.

Aniquila o que diz a Constituição principalmente quando insiste em ignorar - para ficar no tema da predileção do Parlamento - o trecho que dá aos congressistas a prerrogativa de devolver quaisquer medidas provisórias ilegais ou que não se enquadrem nas exigências de relevância e urgência.

A abordagem desse tema é recorrente. Mas justifica-se, porque recorrente também é a insistência do Congresso em fazer das medidas provisórias uma tradução exclusiva e equivocada de todos os seus problemas.

Ainda que fosse o único foco de infecção, a queixa permanente continuaria sendo injustificada. O Parlamento não é uma agremiação indefesa, presa à sanha do Executivo - nem do Judiciário. É um poder que, quando quer, faz valer os seus poderes.

Impõe à sociedade absolvições ao arrepio dos fatos, ameaça criar leis vingativas, inventa regras para derrubar correções de rumo, patrocina acertos os mais escandalosos possíveis, pinta, borda, usa e abusa do poder de legislar.

Fala em confronto da Constituição num assunto que o próprio Congresso resolveria não confrontasse ele mesmo a Constituição para atender ao Executivo em troca de senhas de acesso a cobiçados nichos da máquina pública. 

Desvio

Durante os (muitos) anos em que se debateu a reforma do Judiciário, o ponto principal foi a necessidade da existência de uma instância de controle do Poder.

O chamado controle externo ficou a cargo do Conselho Nacional de Justiça, saudado quando da aprovação da reforma como um instrumento de fiscalização da sociedade. Não sobre as sentenças, mas sobre os procedimentos do Judiciário.

A realidade, contudo, mostrou que essa expectativa era ilusória. Prova está na recente decisão do CNJ de permitir aos servidores da Justiça acumular cargos públicos cuja soma de salários ultrapasse o teto de R$ 24, 5 mil. 

Pode vir a ser um atalho para futuras reivindicações de isonomia nos outros Poderes. 

Esmola muita

Por uma questão tática, o governo pode até dar a entender que apoia duas candidaturas simultâneas do PMDB às presidências da Câmara e do Senado, sustentando os nomes de Michel Temer e de José Sarney, este em função das dificuldades que o petista Tião Viana teria de se eleger.

Estrategicamente, porém, tal atitude fere a lógica. Ao patrocinar dois grupos antagônicos para o comando do Congresso Nacional, o governo estaria promovendo a entrega ao PMDB de um naco amazônico de poder, muito mais importante que os cinco ministérios ocupados pelo partido e mais os cargos administração federal afora. 

Presidentes de casas legislativas não são - como ministros e presidentes de estatais - demissíveis.

A boa vontade do Planalto com o PMDB parece excessiva. Mais ainda porque desde o início o governo identificou a insistência do partido em presidir o Senado como fruto das disputas internas entre o grupo que ficou com Lula já na campanha eleitoral de 2002 e o outro que aderiu após a reeleição, em 2006.

Convém desconfiar de que o jogo pode não ser exatamente aquele exposto nas cartas já baixadas à mesa. Há um aroma de blefe no ar: ou no Senado a história de Sarney não é para valer, ou na Câmara o acerto com Temer pode subir no telhado.

ILIMAR FRANCO

Chinaglia, Mello & Farias

Panorama Político 
O Globo - 09/01/2009
 

Quando os integrantes da Mesa Diretora chegaram à reunião de anteontem, já estavam reunidos o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o presidente do Sindilegis, Magno Mello, e o corretor da Amil, Farias Pereira de Souza. Os demais membros da Mesa imaginavam que Farias fosse do sindicato. Farias interveio na reunião e ajudou a convencer a Mesa. Mais tarde, em outra reunião, na sala do diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, Magno Mello afirmou que não haverá licitação e que a operadora será escolhida pelo sindicato. E que o novo plano será implantado em 20 dias, antes da eleição do novo presidente da Câmara. 

Entre 1989 e 2008, os neoliberais lavaram a égua, como se diz no meu Rio Grande" - Tarso Genro, ministro da Justiça, encontrando aspecto positivo na crise 

Negocinho 

O novo plano de saúde dos funcionários da Câmara dos Deputados é um jogo de cartas marcadas. Foi tudo montado para que o Sindilegis (Sindicato dos funcionários do Legislativo) entregue o atendimento para a Amil, sem licitação. A Câmara repassará à operadora R$43 milhões. A empresa ainda receberá as contribuições de 15 mil servidores estatutários e 12 mil comissionados. 

Uma candidatura no telhado 

A candidatura de Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado não decolou. A oposição não quer um petista no comando, e o PMDB não abre mão do posto. A avaliação da maioria é a de que ele não conseguiu adquirir densidade política. O PT, que mesmo sendo a quarta bancada almejou a presidência da Casa, precisa agora encontrar uma saída. Tenso, Tião ligou para senadores ontem negando que poderia abrir mão da candidatura em troca de um ministério. 

Um nome em ascensão 

O senador José Sarney (PMDB-AP) fala sobre a sucessão na presidência do Senado: 1. "Não vou entrar em disputa nenhuma"; 2. "Se isso ocorrer (virar presidente do Senado), será um sacrifício imenso"; 3. "Como político, não posso dizer que essa situação não vai chegar (a presidência), mas as coisas estão muito longe disso". Sarney continua dizendo não à candidatura, mas sua resistência não é mais a mesma. 

Corinthiano roxo 

A piada que corre no Ministério da Fazenda é que o presidente Lula está disposto a nomear o economista Luiz Gonzaga Belluzzo até para a presidência do Banco Central. Tudo para impedir que ele assuma a presidência do Palmeiras. 

Minc contesta o "camarada" Stephanes 

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) contesta o mapa da Embrapa Monitoramento sobre as áreas intocáveis para a produção. Minc diz que "os dados são superestimados" e que "nem toda atividade econômica é proibida nas áreas de conservação". Na negociação do novo Código Florestal, ele promete "uma guerra amistosa, mas contundente". E adverte Reinhold Stephanes (Agricultura): "Como ministro, ele não pode se comportar como líder dos ruralistas". 

DIZ O PRESIDENTE do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), em carta aos senadores, sobre a legalidade de sua reeleição: "O Senado é autônomo para decidir, de acordo com seus próprios critérios". 

O PRESIDENTE da Assembleia do Rio, Jorge Picciani (PMDB), está ligando para seus aliados para dizer que é candidato ao Senado. Esta coluna havia publicado informe de que ele tinha desistido da candidatura. 

O PETISTA Tião Viana (AC) ligou ontem para o vice-presidente José Alencar. Queria sondar o ânimo do Palácio do Planalto com sua candidatura. 

PAC da Copa 

Focado na Copa de 2014, o Ministério do Turismo vai investir na infraestrutura turística de 65 cidades. O objetivo é incentivar as pessoas a viajar para cidades próximas no intervalo entre os jogos, que serão às quartas e sábados.

O IDIOTA


SEXTA NOS JORNAIS


Globo: Estados quintuplicam os gastos e investem menos

 

Folha: Fuga de dólares é a maior desde 1982

Estadão: Governo quer limitar uso do FAT em acordos

JB: Israel exige saída de civis e amplia ataque

Correio: Em alta - Preço da cesta básica no DF dá o maior salto desde 1997

Valor: Fundos de pensão têm o pior ano de sua história

Gazeta Mercantil: Saldo do fundo 157 pode superar R$ 1 bi

Estado de Minas: Mais dinheiro para quem vende 10 dias de férias