domingo, março 29, 2009

CORNO AOS 13 ANOS

O CORNO MAIS JOVEM DO MUNDO

Corno

Lembram-se do caso de Alfie Patten, o garoto de 13 anos que engravidou sua namorada de 15 anos?
Primeiramente a mãe havia dito que só havia dormido com o menor. Depois surgiram rumores de que outros garotos haviam abusado dela.

Então foi feito um teste de DNA que comprovou: Ele não é o pai !!!
Mas não ficou claro ainda quem é o pai !

SUELY CALDAS

"O mensalão" revivido?

O ESTADO DE S. PAULO - 29/03/09

O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu foi escalado pelo presidente Lula para percorrer 10 Estados, conversar com políticos do PT e de partidos aliados e negociar acordos para construir um variado leque de alianças regionais capaz de eleger Dilma Rousseff em 2010, informa a jornalista Vera Rosa em matéria publicada no Estado na última quarta-feira. Com iniciativa e incentivo de Lula e aprovação de Dilma e do PT, Dirceu retoma a função que lhe coube na campanha presidencial de 2002: acertar com aliados partidários condições e compromissos para costurar Brasil afora um amplo apoio político à candidata petista.

A missão de Dirceu é forçar o PT a abrir mão de candidaturas próprias em favor de outros partidos, sobretudo o PMDB, quando isso facilitar uma aliança que fortaleça o palanque eleitoral de Dilma. O ex-deputado tem experiência no assunto. Fez isso nas eleições de 1998 e de 2002. Em 1998 apoiou Anthony Garotinho no Rio de Janeiro, que logo apelidou o PT de "partido da boquinha". Em 2002 os acordos fechados nos Estados foram mais amplos do que uma simples parceria política. Para apoiar a candidatura de Lula os aliados passaram a exigir e conseguiram o que queriam: o PT assumiu o compromisso de financiar parcela considerável dos gastos de campanha.

Os métodos usados por José Dirceu nessas negociações foram revelados ao País em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, que o levou à cassação e à condição de réu em processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, entre surpresa e decepcionada, a Nação tomou conhecimento de que a campanha eleitoral de 2002 e, depois, o apoio partidário no Congresso foram sustentados por um esquema comandado por Dirceu (como denunciou o ex-deputado Roberto Jefferson) e operado pelo publicitário Marcos Valério e pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares, com a cumplicidade de muitos outros. A Dirceu coube a tarefa de acertar com os partidos aliados a distribuição de cargos no futuro governo e de boladas de dinheiro em pagamento de despesas com a campanha.

Ora, se os partidos da base aliada continuam os mesmos fisiológicos que só falam o monocórdio idioma da vantagem e foram flagrados pelo mensalão trocando apoio político por dinheiro e cargos, teria agora Dirceu algo de diferente a oferecer? Curioso e sintomático é Delúbio Soares pressionar pela revogação de sua expulsão do PT justamente no momento em que é dada a Dirceu a autoridade para negociar acordos políticos, em clara indicação de que a ele estão reservados poder e liderança na futura campanha eleitoral de Dilma. Afinal, mais do que o perdão, Dirceu é premiado com a volta ao poder, passaporte para reprisar métodos usados em 2002. E a Delúbio, que ali teve o papel coadjuvante de mero executor de decisões, sobrou a implacável punição da expulsão irremediável, do ostracismo no PT? E se o PT decidir manter a expulsão e, em represália, Delúbio resolver aderir ao programa de delação premiada, como fez Marcos Valério, e revelar fatos ainda desconhecidos que compliquem a vida de Dirceu e de outros do PT?

Nem tanto a oposição, que parece ter abdicado de seu papel, mas o País e os eleitores veem em José Dirceu um telhado de vidro excessivamente comprometedor. Se vierem a ser confirmadas, sua presença e sua liderança no comando da campanha de Dilma têm tudo para levantar um longo rastro de suspeitas que pode prejudicar seriamente o desempenho eleitoral da candidata. E ela que não esqueça: se eleita for, os acordos de distribuição de cargos e dinheiro podem ser fechados por Dirceu, mas caberá a ela cumpri-los.

Quando se trata de corrupção e práticas ilícitas, o presidente Lula e o PT têm uma surpreendente tendência a repetir erros. Ignoram, desprezam o julgamento que a população faz dos fatos e cinicamente reabilitam companheiros suspeitos. Assim foi com os seus deputados "mensaleiros", com os "aloprados" do falso dossiê tucano, com os suspeitos de desvio de dinheiro das prefeituras do interior de São Paulo, com os fraudadores do Ministério da Saúde e com José Dirceu. E aí Delúbio Soares pergunta: por que só eu de bode expiatório?

Pacote de habitação - O programa de casas populares lançado pelo governo recebeu variadas críticas: é eleitoreiro, não tem compromisso de prazo, não ajuda a atravessar o pior momento da crise. Mas tem uma inédita qualidade: é focado na população pobre e não mais na classe média. Agora, se é viável e vai dar certo, o futuro dirá.

PARA...HIHIHI

CHAPÉU

O marido vaidoso compra um sapato novo. Chega em casa e fica andando pra lá e pra cá e nada da mulher perceber sua nova aquisição. Para chamar a atenção ele resolve tirar toda roupa. Completamente nú, ele aparece novamente andando pra lá e pra cá.

A mulher finalmente pergunta:
- Ficou doido? O que você faz andando pra lá e pra cá, com esse pinto pendurado à mostra?

O marido aproveita a oportunidade e responde:
- É que ele está olhando para o meu sapato novo.

E ela retruca:
- Por que você não comprou um chapéu?

GOSTOSA


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ALBERTO DINES

Os rituais da demagogia

JORNAL DO COMMERCIO (PE) - 29/03/09

Ao denunciar a "gente branca, de olhos azuis" como responsável pela catástrofe financeira global, o presidente Lula perpetrou um conjunto de asneiras padrão-Bush. Descomunal.

A descortesia com o visitante, o premiê britânico Gordon Brown -- escocês de nascimento, pele clara, olhos claros – é uma delas. O reacionarismo é outra. George Brown, à esquerda do novo PT, tem sido um ostensivo herdeiro da tradição social-democrata britânica, cobrador rigoroso das falhas do sistema financeiro britânico, defensor de soluções intervencionistas em favor da poupança popular. Como anfitrião e candidato a líder mundial, Lula deveria conhecer alguns dados que, aliás, qualquer leitor regular de jornais está farto de saber.

O dislate mais grave está no teor preconceituoso e racista da tirada presidencial. Estimular o ressentimento entre raças também é racismo, mesmo quando a favor das minorias. Além de redondamente enganado (há pelo menos dois negros na lista dos "grandes culpados" da crise americana), Lula mostra que embarcou na demagogia eleitoreira de algumas lideranças latino-americanas. Ao invés de diferençar-se de Hugo Chávez, Lula adota o mesmo simplismo e, sobretudo, o mesmo esquema de rancor. Cercado por sofisticados intelectuais e acadêmicos, amparado no seu currículo progressista e/ou na sua imbatível intuição, o presidente da República brasileira não tem o direito de ignorar o que se passou na Europa nos anos 20 e 30 nem as sangrentas consequências da demagogia dos bodes expiatórios.

Aqueles que buscaram possíveis semelhanças entre as consequências do crash de 1929 e os efeitos da catástrofe iniciada em 2008 sabem que as aproximações políticas seriam inevitáveis caso aparecessem lideranças irresponsáveis para açular as multidões em busca de culpados. Benito Mussolini em 1922 brandia um patriotismo socialista, queria uma Itália cesarista, dona do Mediterrâneo. Onze anos depois, o nacional-socialismo de Adolf Hitler exibiu o seu caráter visceralmente racista: os judeus eram culpados pelo bolchevismo, pela cultura degenerada, pelo empobrecimento da Alemanha, pelos sofrimentos dos arianos, esta mesma gente "de pele branca e olhos azuis" que Lula agora apresenta como responsável pelos males da humanidade.

O presidente imagina que sabe tudo e graças a isso adota uma postura arrogante, certo de que sua popularidade funcionará indefinidamente como antídoto para o besteirol político. Está brincando com fogo. Esquece que colocou o País prematuramente num palanque eleitoral e que nestas circunstâncias tudo é comício, tudo é entrevero, tudo é explosivo. Em época de boom econômico o vale-tudo pode dar certo, a prosperidade perdoa impertinências e impropriedades. Diante do abismo convém acautelar-se.

A imagem de bonomia, indispensável para a atuação internacional de Lula, é simplesmente incompatível com a beligerância rústica para a qual apela periodicamente. A maior prejudicada é, paradoxalmente, aquela que pretende entronizar como sucessora. A ministra Dilma Rousseff pode exibir algumas características dos tecnocratas, mas nelas não se inclui a retórica caudilhista. Seus assessores pretendem torná-la mais "carismática", mas o seu forte é operacional. E quanto mais vociferante for o desempenho do atual presidente mais distante ficará daquela que escolheu como herdeira.

Gafe irrelevante, dir-se-á em favor de Lula. O grau de irrelevância das gafes depende do seu volume e frequência. Depende, sobretudo, de fatores imprevisíveis, imponderáveis, que escapam ao voluntarismo dos marqueteiros. Todos os grandes líderes políticos foram acusados, em algum momento, de demagogia. Faz parte do jogo. Porém, nem todos os demagogos são capazes de incendiar um país. Só os conhecemos a posteriori.

ELIANE CANTANHÊDE

"Olhos azuis", o surto chavista

FOLHA DE SÃO PAULO - 29/03/09

VIÑA DEL MAR - Ser "branca azeda" foi um pesadelo de gerações de adolescentes brasileiras. Passavam horas sob o sol escaldante, sem filtro (nem existia), e tudo o que conseguiam era uma vermelhidão de doer, descascar dos pés à cabeça e, no meu caso, centenas de pintas no corpo e três cânceres na cara.
Não tenho culpa de não ser um Michael Jackson às avessas nem por crise nenhuma, muito menos pela maior crise econômica mundial desde a Segunda Guerra. Nem eu nem milhões de cidadãos que não são negros, nem índios, e condenam o racismo com igual veemência. Todo racismo. Lula perdeu uma bela chance de ficar calado, ao culpar os "brancos de olhos azuis" pela crise. E justamente ao lado do primeiro-ministro britânico Gordon Brown -que, segundo a imprensa londrina, ficou "constrangido".
Poderia ser só mais uma brincadeirinha errada, na hora errada e com a pessoa errada, não fosse o chavismo que há nela e que remete a outros episódios. Lembra do discurso de Lula na Namíbia, "tão limpinha que nem parece a África"? E do "ponto G" na entrevista ao lado de Bush? E do "pepino" depois do encontro com Obama?
As metáforas futebolísticas rendem pontos para Lula nas pesquisas no Brasil. Mas expressões de caráter sexista e de incitação racista diante de outros governantes e sob holofotes internacionais soam ridículas, coisa para Chávez e Evo Morales, de países rachados ao meio e em crise. Não é o caso do Brasil, que tem estabilidade, almeja uma vaga no conselho permanente da ONU e quer falar de igual para igual no G20 nesta semana.
A frase de Lula parece inocente, mas reflete um preconceito de alma contra "brancos de olhos azuis" e recicla o lance marqueteiro de eleger um inimigo comum para mobilizar a massa: a tal "elite branca", que não aceita o pobre migrante nordestino porque é (ou foi, há décadas) migrante nordestino. Não é coisa de Chávez?

ÉLIO GASPARI

Sem enfeites, o MEC conserta o vestibular 

O GLOBO - 29/03/09

Que tal dar à garotada a oportunidade de fazer várias provas para entrar na universidade?



A PROPOSTA de reformulação do vestibular preparada pelo MEC pode atolar, vitimada pela Síndrome das Reivindicações Sucessivas. Trata-se de uma doença da burocracia. Nela sempre há alguém dizendo que não se pode fazer A (legalizar lotes urbanos) enquanto não se fizer B (sanear a área) e não se pode fazer B enquanto não se fizer C (corrigir o arruamento). Ao fim, nada se faz.
A ideia é reformar o processo seletivo do vestibular transformando um novo modelo de Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, num substituto daquilo que hoje é a primeira fase do processo. Nela são massacrados dois em cada três candidatos. Está embutida na proposta do MEC a vontade de englobar num só exame o que hoje são as duas fases do vestibular. Essa consolidação não excluiria a realização de um exame complementar, a juízo de cada universidade.
Para reduzir as desigualdades regionais, a nova nota federal permitiria a um aluno da Bahia que conseguiu boas notas matricular-se em São Paulo. Um baiano de família pobre poderá vir para São Paulo com suas boas notas, diminuindo as desigualdades regionais. E como fica a situação quando um paulista de família rica ocupar a vaga de um baiano que teve nota menor? Aumentam-se as desigualdades regionais.
O projeto do MEC ecoa o SAT americano. Ele é um dos muitos elementos que determinam a entrada de um garoto numa boa universidade, mas não tem o peso absoluto das notas do vestibular. Tanto um atleta como um filho de ex-aluno têm mais chances de entrar em Harvard que os outros mortais, mesmo com notas mais baixas no SAT.
A ideia de um exame federal para substituir a primeira fase do vestibular é excelente. Ir além disso é entrar na Síndrome das Reivindicações Sucessivas.
Seria mais fácil revolucionar a vida da garotada que passa um ano inteiro sob a ansiedade de um dia de exame. Bastaria fazer com que, algum dia, o novo exame federal fosse aplicado em três ocasiões ao longo do ano. (O SAT é oferecido sete vezes.) O aluno é obrigado a fazer uma só prova, mas, se quiser, faz as outras e manda a melhor nota para a universidade.
O primeiro exame será gratuito, mas os demais poderiam ser financiados por taxas cobradas aos candidatos. (Coisa de menos que R$ 100.) A ideia pode ser boa, mas, se for o caso, deve esperar. O essencial é acabar com o massacre da primeira fase.

A PF TEM UMA COMPULSÃO AUTOESCULACHANTE

A Polícia Federal não toma jeito. Uma compulsão exibicionista associada à obsessão para incriminar suspeitos acaba desmoralizando suas ações.
Durante os trabalhos de busca e apreensão de provas contra os diretores da empreiteira Camargo Corrêa, a PF fotografou e divulgou oficialmente (repetindo, oficialmente) uma mesa onde se exibiam objetos encontrados na casa de um deles.
É o teatrinho da mesa. Nela havia um pacote de dinheiro, bijuterias, um anel, um cortador de charutos (horrível), um par de óculos e um estojo da loja Cartier.
Que direito a PF tem de entrar na casa de uma pessoa em busca de provas de crimes financeiros e sair por aí distribuindo fotografias dos objetos de uso pessoal da família?
Bernard Madoff deu um tombo de US$ 50 bilhões no mercado. Foi apanhado em dezembro, colocado em prisão domiciliar e há pouco foi encarcerado. A polícia nunca divulgou fotos de seu apartamento. Prender delinquentes é uma coisa, esculachar suspeitos é outra.
Se uma patrulha for à casa do delegado Alberto Iegas, coordenador da PF em São Paulo, certamente poderá montar um teatrinho constrangedor. (Com uma ressalva, em seu benefício: é improvável que ele faça compras na Cartier.)

NUNCA NA HISTÓRIA
Em algum momento do ano passado o Brasil bateu uma marca histórica e o evento passou despercebido. Pindorama ultrapassou a barreira dos 10 milhões de servidores públicos (civis, militares, federais, estaduais e municipais). O ano de 2007 fechara com 9,827 milhões. É provável que a marca tenha sido batida no primeiro semestre.
O Brasil ultrapassou a marca dos 10 milhões de habitantes entre 1865 e 1867.

BOA NOTÍCIA
A Receita Federal abriu um concurso interno para admitir 60 novos auditores e 30 analistas na sua Delegacia Especial de Instituições Financeiras.
Atualmente a rede bancária é monitorada por apenas 29 fiscais externos, número inferior ao de xeretas de malas nos aeroportos.

ABREU E LIMA
O comissariado da Petrobras pode continuar chamando a sua festa empreiteira que patrocina em Pernambuco de "Refinaria General Abreu e Lima". Mesmo assim, poderia homenagear a biografia de um brasileiro que viveu honestamente e, 140 anos depois de sua morte, tem o seu nome associado a roubalheiras. Bastaria botar uma placa na entrada da obra, reproduzindo em bom tamanho algumas palavras de Abreu e Lima, escritas em 1833: "A minha causa está afeta ao povo: é às massas para quem apelo, porque eu sou parte delas, sou um dos muitos, sou membro desse todo que desprezais a cada instante, e a quem tendes chamado "vil canalha" mais de uma vez, depois de tê-lo enganado para encher a vossa bolsa, para locupletar-vos à custa da sua boa-fé".

LÍDER SEM LÍDER
Nosso Guia gosta de dizer que as empresas socorridas por empréstimos de bancos oficiais não deveriam demitir seus empregados. Ele precisa combinar a bondade (ou a lorota) com o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP). Na semana passada, o companheiro triturou uma emenda do seu colega Fernando Coruja (PPS-SC), que punha no papel o que Lula diz no palanque. Ela garantia até o final de 2010 os empregos dos trabalhadores em empresas com faturamento superior a R$ 2,4 milhões anuais que passassem pelo guichê de bancos da Viúva. Coruja reapresentará a emenda nesta semana, durante a votação da MP 451.

ÁGUA NA GASOLINA
O comissário Sérgio Gabrielli justificou o preço da gasolina a R$ 1,10 o litro mostrando que ela custa menos que uma garrafa de água. O presidente da Petrobras não entende de água ou, o que é pior, não entende de gasolina. O litro de água da torneira custa em torno de R$ 0,015.
Fica o receio de que ele namore a ideia de vender gasolina em garrafas de litro.

FOFOCA
Saiu nos Estados Unidos uma biografia de Pauline Bonaparte, a irmã burra, bonita e frívola (põe frívola nisso) de Napoleão. Foi escrita por Flora Fraser, filha de Lady Antonia, a biógrafa de Oliver Cromwell e viúva do teatrologo Harold Pinter.
A moça dá crédito à fofoca espalhada por Josefina, a primeira mulher de Bonaparte, de que Pauline e o imperador foram namorados ocasionais, com desagradáveis consequências para a saúde dela.

ARAPUCA


PAINEL

Casa da oposição

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 29/03/09

O Tribunal de Contas da União, que viu seus ministros Augusto Nardes e Valmir Campelo colhidos pelo noticiário da Operação Castelo de Areia por suspeita de favorecimento à Camargo Corrêa, tem hoje claro viés oposicionista. Das nove vagas, sete foram preenchidas com indicações de políticos. Dessas, três são ocupadas por ex-congressistas do DEM (Campelo é um deles) e uma coube ao PSDB. Nardes, embora do PP, partido da base de Lula, sempre foi contra o atual governo. O PMDB tem três cadeiras. O PT, nenhuma.
Em dezembro, quando da escolha do "demo" José Jorge para o tribunal, a senadora petista Ideli Salvatti comentou que havia "mais PFL por metro quadrado" no TCU do que em qualquer outro lugar.




Arquivo. Antes de ingressar no TCU, o então deputado Augusto Nardes foi processado por crime eleitoral. À época, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, denunciou-o por omitir doação de R$ 20 mil. Como pena, Nardes doou R$ 1.000 ao Fome Zero e ministrou palestras sobre legislação eleitoral.

Turbina 1. Além da usina de Tucuruí, que passou a integrar as investigações da PF, a Camargo Corrêa anda às voltas com o Ministério Público Federal no Pará devido ao projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Segundo a denúncia, há irregularidades no estudo técnico apresentado à Eletrobrás pelo consórcio do qual a empresa faz parte. 

Turbina 2. Tanto a Eletrobrás quanto a Eletronorte são controladas pelo PMDB, partido que, segundo as investigações, teria recebido repasses da Camargo Corrêa no Pará. A empreiteira declarou ter gasto R$ 35 mil no estudo técnico. Especialistas avaliam que ele custa milhões.

Turbina 3. O caso chegou ao TCU. Este determinou que o estudo seja refeito segundo "princípios da publicidade e isonomia". O processo aguarda julgamento de recurso no Tribunal Regional Federal.

MÍRIAM LEITÃO

Derrotas de março


O GLOBO - 29/03/09

Antes que março acabe, eu queria dizer o que me derrota. A Itália descobriu um caso repugnante de estupro sequencial de pai e filho contra a mesma mulher, filha e irmã dos dois. A Áustria encarcerou o monstro que manteve a filha no porão, prisioneira de estupros contínuos. Aqui, a discussão da menina que em Recife foi estuprada e engravidou do padrasto ficou em torno da decisão medieval do bispo.

Estes são apenas casos de março, outros surgiram: o da menina de 13 anos, no Brasil, que, grávida do pai — por quem passou a ser violentada a partir da morte da mãe —, decidiu ter o filho. Cada um dos dramas é tão vasto. Penso nestas meninas e mulheres e na antiguidade da sua pena. Condenadas, antes de nascer, pelo mais intratável dos lados da opressão à mulher: o suplício sexual.

Melhor seria escrever uma coluna racional, com os dados que provam a exclusão da mulher do poder no mundo, ou da sua discriminação no mercado de trabalho, ou do preconceito embutido nas propagandas. Seria menos doloroso. Há pesquisas novas, interessantes. Com os dados, eu provaria que a mulher avançou nos últimos anos, e que a sociedade equânime ainda está distante. Falar desse aspecto do problema seria até um alívio.

Mas o que tem me afligido são esses casos espantosamente cruéis que acontecem em países diferentes, classes sociais diferentes, religiões diferentes. A vítima é sempre a mulher. A sharia, que voltou a ser código aceito em todo o Paquistão, condena a mulher a receber a pena no lugar de alguém da família que tenha cometido um delito. Normalmente, a pena é estupro público e coletivo. Foi assim com a notável Mukhtar Mai, a paquistanesa que venceu seus estupradores em uma luta desigual e heroica na Justiça comum. No livro “A desonrada”, ela contou seu suplício e sua vitória.

Eu poderia fingir que não sei das estatísticas da violência contra a mulher, e pensar que cada caso é apenas mais um louco em sua loucura, pegando uma vítima aleatória. Melhor ainda, poderia fugir completamente do tema. Afinal, esta é uma coluna de economia e as pautas e assuntos são inúmeros. A nova regulamentação do mercado financeiro americano para prevenir crises como a atual; ou o desequilíbrio econômico e financeiro dos países do Leste da Europa; ou ainda o risco de déficit em conta corrente nos países exportadores de commodities metálicas. Assuntos áridos, fáceis. Qualquer um deles permitiria que esta coluna fosse para longe do horror imposto às mulheres por pais, padrastos, irmãos, namorados, ex-namorados, maridos, ex-maridos. Em qualquer um desses temas eu teria muito a dizer, mas o que dizer da morte da jovem Ana Claudia, de 18 anos, esfaqueada no pescoço pelo pai do seu filho, de quem tinha se afastado, saindo da Bahia para São Paulo, para fugir dos maus-tratos frequentes? Ou Eloá, a menina de 15 anos morta pelo ex-namorado, depois de sofrer por dias, em frente a uma polícia equivocada? Na época do caso, o comandante da operação, o coronel Eduardo Félix de Oliveira, definiu Lindemberg Alves, o assassino de Eloá, como um “garoto em crise amorosa”. Era um algoz que espancou e matou sua vítima.

O abuso de crianças não escolhe sexo. A pedofilia faz vítimas entre meninos e meninas, e em ambos é igualmente abjeta e inaceitável. Mas a frequência, a crueldade, a persistência dos ataques às meninas mostram que o crime é parte de um outro fenômeno mais antigo: o da violência contra mulheres de qualquer idade.

As leis que mantêm a desigualdade em inúmeros países, com o argumento de que essa é a cultura local, o alijamento da mulher das estruturas de poder, a recorrência de casos em que ex-namorados ou maridos matam para provar que ainda têm poder sobre suas vítimas são alguns dos vários lados de uma velha distorção.

Como estão enganadas as mulheres que, por terem tido algum sucesso em suas carreiras, acham que a questão da condição feminina, a velha questão feminista, está ultrapassada. Apenas começou o trabalho de construir um mundo de respeito.

Mas se é fácil discutir políticas públicas para vencer o poderoso inimigo da desigualdade, é paralisante o tema dessa vasta violência praticada em todos os países, em todas as culturas, em tantas casas contra meninas e mulheres que não conseguem se defender.

É espantoso o caso da mulher italiana, de 34 anos, vítima desde os nove anos de idade dos estupros do pai e depois do irmão, que também estuprou suas próprias filhas. Ela chegou a ir à polícia há 15 anos, mas não foi levada a sério. Hoje tem problemas psicológicos. Como não ter?

Pode-se encarcerar cada um dos estupradores e condená-los. Eles merecem toda a punição que a lei de cada país comportar. Mas é preciso ver o horizonte: os casos são frequentes demais, as estatísticas são fortes demais, para que sejam apenas aberrações eventuais.

Março tem um dia, o oitavo, que é “da mulher”. Não pela efeméride, mas por envolvimento com o tema, eu costumo aproveitar a data para analisar, neste espaço, algum aspecto da discriminação contra a mulher. Mas, este ano, a imagem da pequena e frágil menina de Recife me derrotou. Tenho tido medo que nunca acabe o sofrimento das pessoas que integram a parte da Humanidade à qual pertenço. Fico, a cada novo caso, como os muitos deste março, um pouco mais derrotada.

GOSTOSA


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JOÃO UBALDO RIBEIRO

Os antigos já diziam

O GLOBO - 29/03/09

Assevera antiga máxima que ´um pai sustenta dez filhos, mas dez filhos não sustentam um pai´, sábio enunciado, cujo acerto vemos o tempo todo e que os velhinhos dos asilos confirmarão fartamente. Cobertos de razão estão os coroas que ouvem felizes tudo o que lhes dizem na churrascaria, no dia dos pais ou das mães, mas mantêm um ceticismo sadio e tratam de juntar os rendimentos que podem, que é para depois não serem provas vivas dessa máxima. Como hoje, ao que parece, amanheci mais recheado de provérbios do que Sancho Pança, acrescento que seguro morreu de velho e não de maus-tratos na Casa de Amparo aos Velhinhos Esperando-Ela.

Lembro isso por causa de minha orgulhosa quão maltratada condição de itaparicano. Como creio ser do conhecimento de vocês, mantenho permanente contato com a ilha e confirmo sempre que o Brasil não liga para Itaparica, enquanto Itaparica morre de preocupação pelo Brasil. Não é justo, mas é a cruel verdade. Mãe da pátria, em perigos e guerras esforçada desde os primórdios do Brasil, hoje é vítima de ingratidão e olvido. Nada como um dia depois do outro, o mundo dá muitas voltas - sopra o bom Sancho novamente.

Pois é, tudo isso é aplicável, de várias maneiras e conforme a imaginação de cada um, à situação corrente em Itaparica. Se, no resto do Brasil, o problema das quotas raciais exalta alguns ânimos e provoca desafetos e querelas, em Itaparica, onde ninguém tem certeza da raça de ninguém e Zecamunista diz que quem tem raça é cachorro, a questão traz ansiedade, insegurança e agitação pública. Zé Pretinho mesmo, que se orgulha dos olhos azuis mas no geral é negão, deixou de aparecer no Mercado e afirma que vai contratar advogado para livrá-lo das malhas do governo.

— Aqui pra eles que eles vão me pegar e me botar pra estudar! - me disse ele indignado. - Vão pegar um desocupado! Imagine se o homem tivesse perdido o tempo dele estudando! Estava igual a você, escrevendo pra jornal e pedindo abatimento no quilo de tainha! Eu também quero me fazer! Aqui, ó!

Disso se aproveitou Ary de Almiro (que é meio acaboclado de cabelo escorrido e não tem certeza sobre a raça que lhe atribuiriam, mas confidenciou que aceita qualquer uma, contanto que não tenha que estudar e, melhor ainda, venha com um agradozinho pecuniário) para fortalecer sua Escola Filosófica Socrática Só-Sei-Que-Nada-Sei, que cobra uma certa quantia aos discípulos para convencê-los das vantagens de saber o mínimo possível e de ficar com indisposição estomacal se tiverem que ler, estendido também esse não-saber ao que de desagradável se passar em torno. Ary aperfeiçoou Sócrates, tropicalizou-o, vamos dizer. ´Nada sei, nada li, nada ouvi, nada vi, tudo falo´, dizem os seus neossocráticos, que mantêm um retrato oval do presidente pendurado na sala de reuniões. ´Presidência eu não garanto´, me disse Ary, ´mas, com mais um tempinho, com certeza já vou ter dois deputados prontos pra serem eleitos, até as tabelas de preços eles já estão fazendo bem´.

E se encontrava o establishment da ilha em tal ebulição, quando estourou como uma bomba, no Bar de Espanha, a tremenda novidade. Anunciavam tevês, rádios e gazetas que o governador da Bahia entregara ao presidente da República o projeto de construção de uma ponte que ligará a ilha a Salvador. O quê? Não, não era o fato de a ilha não ter sido consultada o que interessava, a isso já estamos acostumados, era a ponte propriamente dita. Que pensar dela, que queria dizer notícia tão inesperada? Só mesmo as lideranças intelectuais da ilha podiam pronunciar-se, orientando a visão dos conterrâneos.

Felizmente, elas nunca deixam de acudir ao chamado do dever. Achatando na cabeça o boné, como faz quando está com o ânimo cívico exacerbado, Zecamunista já chegou discursando e causando pesadas baixas no contigente de cobras e lagartos da ilha, alguns dos quais ameaçados de extinção, como ´lorpas´ e ´biltres´, que ele usou, entre muitos outros, para xingar os defensores da ponte. O que era que essa ponte ia fazer? Acabar com a ilha de vez e transformá-la em periferia de Salvador, com 128 favelas montadas no dia da inauguração da ponte! E tudo isso a um custo, dizem eles, de um bilhão e meio de dólares, como se um bilhão e meio de dólares fosse um saquinho de amendoim. ´E que bilhão e meio de dólares, bote bilhão de dólares nisso, deve estar sobrando dinheiro para portos, estradas e outras miudezas, porque essa merda não sai por menos de dez bilhões!´ bradou Zecamunista, ajeitando o boné para parecer com o de Lenine. ´Mais um golpe da corrupção contra o proletariado, eles querem é meter a mão na grana, essa obra não vai acabar nunca e, se acabar, o pedágio não paga em 250 anos!´

Mas a contrapartida não se fez tardar. Ainda de gravata, vindo de Salvador, onde ganha a vida como orador oficial de dezenas de instituições, Jacob Branco trouxe a coceira da dúvida aos já então quase convencidos por Zecamunista. O nobre orador bolchevique, disse Jacob, via as coisas pelo lado negativo. Era da escola do Idealismo Ideológico, enquanto ele, Jacob, era da escola do Realismo Realizador, via as coisas pelo lado positivo. O lado positivo era o seguinte: ia entrar dinheiro na ilha, não ia? Dinheiro gosta de perguntas? Não, não gosta. Alguém aqui vai fazer pergunta, se entrar dinheiro no bolso?

— Não vai - continuou Jacob, afrouxando a gravata ao estilo Frank Sinatra e pedindo um Old Eight legítimo. - Eles se esforçam para ensinar, vocês é que não aprendem: no Tesouro e n´água-benta todo mundo mete a mão. Já diziam os antigos, não sei o que é que estão estranhando.

Bem, não deixa de ser verdade. E, além do mais, onde o dinheiro fala a verdade cala, acrescentamos Sancho e eu.

DORA KRAMER

Um Parlamento na voz passiva

O ESTADO DE SÃO PAULO - 29/03/09

Vulnerável a todo tipo de pressão corporativa – interna ou externa, pública ou privada –, o Congresso Nacional só é resistente mesmo quando se trata de escutar, compreender e atender às demandas da sociedade.

Isso vale para um Legislativo mais decente do ponto de vista ético, mas vale também para um Parlamento mais eficiente em relação ao papel de representante popular contratado no voto para tratar primordialmente dos assuntos de interesse geral. A tendência de deputados e senadores é a de transferir a responsabilidade por suas mazelas. Ora culpa o Poder Executivo, que o mantém refém das medidas provisórias, ora culpa o Poder Judiciário, que atua no vácuo de sua omissão legislativa.
Mas há momentos, como agora, em que culpa também a imprensa que o obriga a explicar por que razão vive em meio a tamanha permissividade. Ao ponto de há praticamente dois meses quase diariamente se divulgar um procedimento ilegal ou imoral, tanto na Câmara como no Senado. Começou com um corregedor infrator na Câmara, continuou com a série de deformações administrativas no Senado, evoluiu para promessas de providências imediatas e hoje, 60 dias depois, tudo continua exatamente como antes.
A situação não é nova nem pode ser creditada a este ou aquele parlamentar. O sistema é de colegiado, cada um lá dentro vale os votos que teve, não há relação de hierarquia nem imposição que não possa ser transposta pela tomada de consciência, senão da maioria, pelo menos de parte da instituição. O Parlamento, contudo, queda-se perdido em suas distorções, rendido à mais absoluta paralisia e completamente desconectado do mundo em volta. Há, claro, a percepção de que a reputação de um congressista hoje nem sombra é do que já foi.
Mas a inquietação é tênue em comparação à força da inércia. Por exemplo, logo no início dessa última leva de denúncias, um grupo de parlamentares tentou organizar uma reação. Marcada a primeira (e única) reunião, apareceram 29 congressistas, dos 594. As manifestações de solidariedade ao senador Jarbas Vasconcelos, que, na tribuna, conclamou os colegas a agir diferente, a se posicionar contra os abusos, ficaram na declaração de intenções.
E, diante de todas as barbaridades relatadas no noticiário, a semana terminou com o Senado mobilizando energias para reclamar da operação da Polícia Federal que investiga as relações promíscuas entre a construtora Camargo Corrêa, partidos e políticos.
Sobre as irregularidades, a única providência efetiva foi um acerto entre o PT e o PMDB para cessarem as agressões mútuas a fim de que parassem também as denúncias. De que adianta se as mazelas continuam lá? De que valem comissões de “alto nível” para discutir saídas para a crise econômica mundial se a palavra dos parlamentares perde crédito?
E perde não por obra de uma conspiração contra o Congresso, mas por conta de um conjunto de atos que leva a sociedade a concluir que aqueles eleitos para representá-la, na pratica parlamentar cotidiana, só atuam em defesa de interesses localizados. São os interesses dos lobbies e não as demandas da sociedade o que movimenta o Congresso. Ou alguém se lembra de alguma ação de peso do Parlamento relacionada a temas como saúde pública, segurança, educação? 
Um Parlamento que não produz um acompanhamento eficaz do PAC, mostrando o que ali é fato e o que é fantasia eleitoral, não pode reivindicar credibilidade para propor soluções à crise econômica mundial.
Mas não é preciso ir tão longe. Bastaria que os congressistas se sensibilizassem com a crise que os assola no ambiente de trabalho, nas ruas, na televisão, em toda parte.O símbolo maior desse distanciamento é o momento da troca de comando no Congresso. Descontadas as exceções que ficam relegadas ao campo das insignificâncias, nenhum candidato faz campanha para presidente ou integrante da Mesa Diretora dando o menor sinal de que se sente um delegado popular.
No lugar de sugestões de melhoria geral, o que se vê são propostas de mais benefícios individuais num Parlamento que engorda e se prostra perdido na própria lassidão.

De casa
Contratado pela construtora Camargo Corrêa, investigada pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, remessa ilegal de dólares para o exterior, superfaturamento de obras públicas e doações ilegais a partidos políticos, o advogado Márcio Thomaz Bastos foi o responsável pela saída “honrosa” que o PT achou para explicar o repasse de dinheiro a partidos da base aliada do governo, negando a existência do mensalão. Ministro da Justiça à época do escândalo, em 2005, Thomaz Bastos aconselhou o PT a adotar a versão de que os negócios entre legendas guardavam relação única e exclusivamente ao uso do caixa 2 em campanhas eleitorais. É do criminalista também a frase, dita ainda no tempo de ministro, segundo a qual “caixa 2 é coisa de bandido”.

O IDIOTA


DOMINGO NOS JORNAIS

Globo: SNI: Brizola e Cesar recebiam propina de empresas de ônibus

 

Folha: ONGs ligadas ao MST se multiplicam para obter verba federal

 

Estadão: PF também investigou a OAS e monitorou banqueiro

 

JB: Uma cidade para corações fortes

 

Correio: Leão caça sonegadores