sábado, fevereiro 06, 2010

JOSÉ SIMÃO

Carnaval! Eu só como na rua!

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/02/10


Acordei preocupado com a Beyoncé. Será que ela sabe nadar, pra dar show aqui em SP?

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada onta!
Acordei preocupado com a Beyoncé. Será que ela sabe nadar? Pra dar show aqui em São Paulo. A Beyoncé vai cantar de snorkel! Rarará! De máscara e snorkel! E a turma do gargarejo vai ser a turma do gargarejo MESMO. Gargarejar com água da chuva! São Paulo virou aquele filme "ALAGAR". Em 3D! Alagou até o zoológico. Tinha macaco fazendo sinal pro comandante Hamilton e dando tchau pro Datena! Outra coisa que paulista precisa ter com urgência: capacete contra queda de árvore!
E socuerro! Me mate um bode! Todos para o abrigo! Salve-se quem puder. A Dilma tava no programa da Lucianta Gimenez. E um amigo a descreveu assim: "Uma mistura de Cauby Peixoto com voz da drag Nanny People, um ser em constante mutação, parece aquelas tias suadas com cheiro de anágua e perfume Madeiras do Oriente". Rarará!
Só tem uma coisa: ela tava FOFA! Pensei que ela ia lá dar uma porrada na Lucianta. Fizeram até um omelete juntas. Só que o omelete grudou na frigideira. Será que ela vai deixar o Brasil grudar na frigideira? Rarará! Omelete vira ovo mexido!
E o chargista Samuca revela quando o Serra vai botar a campanha na rua: quando a chuva passar, em Aquassab!
E faltam cinco dias pra Grande Festa da Esculhambação Nacional. Na Bahia já é Carnaval. Há anos! E no Recife também. Segunda-feira sai o bloco: EU SÓ COMO NA RUA! A partir de segunda eu só como na rua!
E em Belo Horizonte tem o bloco Mamãe, Eu Sou Bicha. Aquele que esperou o Carnaval pra contar! E o "BBB"? As Big Bibas do Bial! A filial da The Week! Agora apareceu mais uma sapa. Vai virar um brejo. "Big Brejo Brasil"! O Brasil é um pais socialmente injusto, mas sexualmente tem pra todo mundo. Olha o "BBB": uma drag, uma bibinha, uma bofeca, um homofóbico, duas sapas e uma PM que gosta de apanhar.
E essa PM baiana diz que é cover da Ivete Sangalo. Depois de uma trombada de trio elétrico. Rarará! E ainda tem aquele advogado careca que tem cara de vibrador. Pinto Falante. Se ele botar uma gola rulê, vai sair fantasiado de fimose. Ele tem que sair. Aquela cabeça de pênis é muito obsceno para a TV aberta.
Eu assisti ao "BBB". Eu me entreguei à podridão. Rarará! E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Tapa-sexo": companheira que levou um tapa na perseguida. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis.

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
Em defesa do serviço civil
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Se existe algo que deveria morrer de velho no Brasil é o serviço militar obrigatório. Para que fingir que continua a ser necessário forçar rapazes acima de 18 anos a se alistar no Exército? Em vez do serviço militar, rapazes – e moças – deveriam dedicar um ano de sua vida para servir à comunidade. Os filhos da classe média e da elite aprenderiam mais sobre o Brasil real se entrassem no mundo das crianças que nascem com pouco ou quase nada. Se fossem convocados a ensinar português, matemática, inglês, música ou informática.

Pela lei atual, até o brasileiro que mora fora do país é obrigado a se alistar. Claro que há mil jeitinhos para evitar os 12 meses no quartel. Só se alista hoje quem deseja seguir carreira nas Forças Armadas ou quem precisa ganhar um salário mínimo mensal como recruta. Os universitários costumam conseguir dispensa. Muitos se formam sem ter a menor ideia de como se equilibra na linha da pobreza a massa de brasileiros.

“É impressionante como a sociedade brasileira não oferece oportunidades de convivência entre cidadãos de diferentes camadas socioeconômicas”, diz o economista André Urani. A praia é uma ilusão. As pessoas se esbarram apenas. No transporte, há um apartheid social entre os obrigados a usar transporte público e os que dirigem seu próprio carro.

Poucos jovens carentes chegam às concorridas universidades públicas e gratuitas – e as particulares são proibitivamente caras. Urani foi professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) durante 16 anos. A cada ano ele perguntava de onde vinham seus alunos: “Só tive dois que haviam estudado em colégio público municipal, embora a rede municipal do Rio tenha mais de 800 mil alunos”.

Em vez do serviço militar, por que não levar os jovens
a prestar ajuda às comunidades que precisam?

Nas grandes cidades, a cultura dos condomínios cria uma juventude que se apega a privilégios e costuma sentir medo ou desprezo por pobres. Jovens de classe média alta só trabalham como garçons, garçonetes, babás e au pairs (empregadas) quando vão para o exterior fazer intercâmbio. Pais mandam os pimpolhos para os Estados Unidos, Europa, Austrália. Vão estudar idiomas e, muitas vezes, lavar pratos. Faz parte do aprendizado de vida e do amadurecimento. No Brasil, jamais fariam isso – não só por vergonha de servir a seus iguais. A mesada tropical é polpuda e o que se ganha aqui nesse tipo de serviço é muito menos do que lá fora. No Brasil, eles têm domésticas que recolhem suas roupas espalhadas no chão.

O serviço civil obrigatório seria uma oportunidade de integração, educação, disciplina. Não existe no Brasil nenhuma estratégia que promova um entendimento real entre as classes. Não se treinam o ouvido nem a compaixão, o desprendimento ou a generosidade. Jovens deveriam consagrar um tempo para o bem público. Por lei. Para criar bases e valores, perceber outros olhares. Um estudante de Direito poderia, no primeiro ano da faculdade, dedicar seis horas diárias de trabalho a um balcão de atendimento de pequenas causas em favela. Um estudante de contabilidade montaria pequenos negócios para famílias carentes e empreendedoras. Um estudante de letras incentivaria adolescentes a ler. Outro ensinaria a mexer em computador, a tocar piano ou a falar inglês. São tantos dons aprendidos, financiados pelos pais. Por que não retribuir à sociedade durante um ano?

O presidente Lula chegou a propor, em setembro de 2008, o serviço social obrigatório para homens dispensados do serviço militar e para todas as mulheres brasileiras. Eles prestariam à sociedade serviços relacionados a sua formação técnica, profissional ou acadêmica. Foi engavetado.

Minha sensação é que se desperdiça o potencial de um exército de jovens inteligentes e criativos. Poderiam ajudar a construir uma sociedade mais justa e menos desigual. Há os que sonham em sair do Brasil sem sequer chegar a entender o país em que nasceram. Nem aprendem a dar bom-dia ou a agradecer por um serviço prestado.

Deveríamos acabar com a obrigatoriedade do serviço militar, que já tem um século de vida. É um anacronismo num país sem guerra. O que o Brasil necessita é educar direito seus filhos.

GOSTOSAS SECANDO A XERECA

CELSO MING

Onde se criam empregos

O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/02/10


Como vai acontecendo em todo o mundo, a indústria já não é mais o principal fornecedor de empregos no Brasil. Ele está no setor de serviços.

Conforme dão conta as estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no ano passado foram feitas 995 mil contratações de pessoal. Dessas, mais da metade (500 mil) ocorreu no setor de serviços.

É a moça do telemarketing que telefona para oferecer alguma coisa; é o técnico que vai arrumar o computador que entrou em pane; é o motoboy que entrega a pizza quentinha na sua casa.

Até mesmo o governo parece atrasado quando se trata de adotar políticas que proporcionem novas oportunidades de trabalho. Quando, por exemplo, trata de preservar empregos, acaba favorecendo a indústria, onde supostamente estariam os melhores postos de trabalho.

Num primeiro momento, essas ocupações no setor de serviços podem mesmo parecer subempregos. Mas é essa gente, quase sempre da classe C (famílias com renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 4,5 mil), que tem puxado o crescimento do emprego no Brasil.

Em parte, o encolhimento das vagas na indústria tem a ver com a crise financeira global cujo impacto foi menor no comércio e nos serviços. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o emprego na indústria de transformação em todo o Brasil recuou por oito meses seguidos - de novembro de 2008 a maio de 2009. Somente a partir de junho do ano passado a indústria começou a recuperar o fôlego. Mesmo assim, a ocupação acumulou queda de 5,5% de janeiro a novembro (os dados finais ainda não estão disponíveis).

Se na indústria falta emprego, em outros setores passou a sobrar. Em São Paulo há carência de mão de obra especializada. Apenas as áreas de gastronomia, hotelaria, turismo e construção civil seriam capazes de absorver cerca de 24,5 mil profissionais qualificados, conforme sugerem especialistas.

Um ramo novo que não para de contratar é o de telemarketing. Em dez anos apontou um crescimento de 550% em postos de trabalho. De acordo com o presidente do Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark), Stan Braz, são 300 mil os que trabalham nesse segmento no Estado de São Paulo, 8% a mais do que em 2008. As estimativas são de que, no Brasil, os call centers já estejam empregando mais de 1 milhão de pessoas.

Para o ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto Pinto o principal fator que reduz as contratações pela indústria é o uso crescente de Tecnologia da Informação, "uma imbatível destruidora de empregos". Em compensação, diz ele, é o setor de serviços que mais concorre para a geração: "Você pode até informatizar a folha de pagamento de um bar ou de um restaurante, mas não o garçom", lembra.

Apesar disso, Pazzianotto alerta para o fato de que, diante do tamanho da população brasileira e, consequentemente, do potencial do consumo interno, o País não pode abrir mão de uma forte indústria de transformação. "É preciso explorar todas as oportunidades possíveis, como a China vem fazendo ao produzir desde computadores até colheres de pau."COLABOROU ISADORA PERÓN


Confira

Derrubada - Mais um dia de derrubada dos mercados. Até agora houve forte turbulência, mas não houve pânico, aparentemente porque o mercado ainda espera que as autoridades impeçam os calotes da Grécia, de Portugal e da Espanha.

J. R. GUZZO

REVISTA VEJA
J. R. Guzzo

Nosso grande amigo

"‘Não sou um indivíduo qualquer’, disse o coronel
ainda outro dia. ‘Eu sou o povo.’ A impressão
é que o governo Lula ouve essas coisas e acredita"

Considerando-se que o Brasil não pode escolher os vizinhos que tem, e que também não pode decidir como eles devem se governar, uma das perguntas que o mundo das realidades coloca no momento para o governo brasileiro é: o que fazer a respeito da Venezuela? A questão vem ao caso porque a Venezuela se transformou, para a maioria dos efeitos práticos, numa ditadura. É possível discutir seu estilo, o grau a que chegou e até o nome que lhe seria mais adequado, mas evitará grande perda de tempo, nesses casos, quem aplicar uma regra descomplicada e eficaz: regimes em que há cada vez menos liberdades públicas e privadas não podem ser chamados de democracia, e, se não podem ser chamados de democracia, só podem ser chamados de ditadura. Temos aí, portanto, uma ditadura na porta – e esse tipo de situação não ajuda o Brasil em nada, nem poderia mesmo ajudar. Regimes como o do coronel Hugo Chávez são ruins a qualquer distância. De perto ficam ainda piores.

Sendo as coisas o que são, a primeira providência a tomar diante da Venezuela é fazer o possível para viver em paz com ela; provavelmente não há prioridade maior que essa, sobretudo quando se leva em conta o perfeito desastre que seria o contrário. O segundo mandamento é não se meter, de jeito nenhum, nas questões internas da Venezuela. O Brasil, aí, simplesmente não tem de dar palpite. Não tem de dizer como deveria ser isso ou aquilo, se seria melhor fazer assim ou assado, ou se o coronel Chávez está certo ou errado. O governo brasileiro, enfim, não tem de se preocupar com a posição de países que se entendem mal com o comandante e gostariam de ver o Brasil distanciar-se dele. Basicamente, as relações entre o Brasil e a Venezuela não são da conta de ninguém mais; elas devem ser geridas de maneira a atender aos interesses brasileiros, e, de mais a mais, é o Brasil, e não os outros, que vive a situação de dividir 2 200 quilômetros de fronteira terrestre com o presidente Chávez.

E a ditadura do homem? Paciência. O mundo está cheio de ditaduras, e, se o critério para manter relações corretas com outros países fosse o teor democrático dos seus regimes, o Brasil estaria levando uma vida cada vez mais solitária. Ficaria de bom tamanho, assim, se este país se contentasse em deixar a Venezuela quieta. Mas este país não se contenta; está sempre à procura de alguma nova oportunidade para errar, e, naturalmente, sempre acha. Onde o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está errando, no caso, é que ele se mete, sim, na vida da Venezuela – só que se mete a favor, o que é tão ruim quanto se meter contra. Ao fazer militância ativa em favor da Venezuela, a política externa do governo brasileiro não está passando à população uma mensagem de convivência civilizada com um regime em que são praticados valores diferentes dos que estão estabelecidos na Constituição do Brasil. A mensagem real diz outra coisa: diz que os valores do coronel Chávez são ótimos. Se o governo Lula não acha isso, então por que passa o tempo todo dizendo que acha?

Para o presidente Lula, por exemplo, "o que não falta na Venezuela é liberdade". Considera perfeitamente normal que o comandante Chávez mude, sem parar, todas as leis que o incomodam, ou que tire do ar canais de televisão dos quais não gosta, como acaba de fazer mais uma vez, ou que solte gangues pagas pelo governo para acabar com manifestações de rua. Não perde nenhuma ocasião, junto com os estrategistas geopolíticos que tem ao seu redor, de mostrar que Chávez não é apenas um vizinho – é um aliado, parceiro e amigo. Por que ficam tão encantados com ele? "Não sou um indivíduo qualquer", disse o coronel ainda outro dia. "Eu sou o povo." A impressão é que o governo Lula ouve essas coisas e acredita. Não seria uma surpresa se acreditasse mesmo, já que acredita, entre outros fenômenos, que a Venezuela é "um país progressista". Como assim, "progressista", se o país regride em vez de progredir? Pelas últimas notícias disponíveis, o sistema Chávez de produção socialista está fazendo faltar papel higiênico, ovos e açúcar. A inflação real pode ter superado os 30%, a economia está em recessão e o país tem duas moedas diferentes. Em vez de fazer aparecer os produtos que estão em falta, o governo estatiza a escassez; já expropriou um supermercado, assumiu a operação de uma usina de leite e ameaça com o Exército quem não fornecer ao estado, a preço oficial, os produtos que quer comprar. A energia elétrica, que já é estatal, está racionada.

Um modelo de progresso, sem dúvida.

república FEDORENTA do brasil

MERVAL PEREIRA

A nova classe média
O GLOBO - 06/02/10

No discurso que fez ler em Davos, ao receber o prêmio de Estadista Global, o presidente Lula elencou entre os muitos autoelogios aos seus sete anos de governo a inclusão de 31 milhões de cidadãos na classe média, e a retirada de outros 20 milhões da linha de miséria absoluta. Embora não seja uma situação restrita ao BRASIL - pois a redução da pobreza nos países emergentes, e consequente aumento da classe média, faz até com que um estudo da Goldman Sachs preveja a explosão da classe média mundial até 2030, abrangendo nada menos que dois bilhões de pessoas, ou 30% da população mundial -, este é "um dos fenômenos sociais e econômicos mais importantes da história recente", na definição dos cientistas políticos Amaury de Souza e Bolívar Lamounier. Eles são os autores do recém-lançado LIVRO "A Classe Média Brasileira: Ambições, valores e projetos de sociedade".

Os autores consideram que "parecem estar se repetindo, em escala ampliada, os processos que levaram, mais de um século atrás, ao surgimento da classe média dos países mais industrializados".

Entre os fatores que deflagraram esse processo, os autores destacam "a extraordinária prosperidade da economia mundial nos 20 anos que antecederam a crise de 20082009", que contribuiu para reduzir a desigualdade de renda em países como a China, Índia e BRASIL e, dessa forma, abriu espaço para a mobilidade social de grandes contingentes, formando o que se tem denominado "nova classe média", onde, coexistindo com a classe média tradicional A/B "e adquirindo hábitos semelhantes, observa-se cada vez mais a presença de indivíduos e famílias provenientes da chamada classe C".

O BRASIL é parte expressiva desse megaprocesso de mobilidade social, mas os autores questionam "a sustentabilidade desse gigantesco movimento de ascensão social" nos termos em que ele está se processando no país.

Eles admitem que o crescimento da classe média e de seu poder de compra ajuda a expansão do mercado consumidor, "além de firmar padrões e tendências de consumo com poder de irradiação para o restante da sociedade".

E esse crescimento da parcela que aufere a renda média da sociedade foi de 22,8% entre 2004 e 2008, "em larga medida pelo aumento da oferta de empregos formais e concomitante aumento da renda do trabalho". Baseado em amplas pesquisas, quantitativas e qualitativas, em diversas regiões do BRASIL, oLIVRO "busca definir uma classe média num país onde as diferenças estão sendo diluídas pela difusão do consumo".

O quadro que resultou das pesquisas é definido pelos autores como o de um país "extraordinariamente dinâmico, sem barreiras para o consumo, e no qual todos os indivíduos querem adotar os padrões da classe acima". Mas como vão gerar a renda necessária para sustentar tais padrões?, perguntam os autores.

O economista Marcelo Neri, coordenador da PESQUISA da FUNDAÇÃO Getulio Vargas, do Rio, que revelou o crescimento da classe média brasileira, que hoje já abrange 52% da população economicamente ativa, montou dois índices para avaliar o comportamento dessa nova classe média.

O primeiro, de potencial de consumo baseado em acesso a bens duráveis, a serviços públicos e moradia, e o segundo sobre o lado do produtor, onde é identificado o potencial de geração de renda familiar de forma a captar a sustentabilidade das rendas percebidas através de inserção produtiva e nível educacional de diferentes membros do domicílio, investimentos em capital físico (previdência pública e privada; uso de tecnologia de informação e comunicação), capital social (sindicatos; estrutura familiar) e capital humano (frequência dos filhos em escolas públicas e privadas) etc.

Ele admite que foi "com surpresa" que chegaram à conclusão de que o índice do consumidor aumentou 14,98% entre 2003 e 2008, contra 28,62% do índice do produtor.

Neri avalia com bom humor: "O brasileiro pode ser na foto ainda mais cigarra que formiga, mas estamos sofrendo gradual metamorfose em direção às formigas".

Para reforçar seu otimismo, ele analisa que "se olharmos para o Nordeste o ganho de renda do trabalho per capita real médio do período 2003 a 2008 foi de 7,3% ao ano, o que contraria a ideia de que o aumento de renda do brasileiro em geral, e do nordestino em particular, deve-se apenas ao "assistencialismo oficial".

O LIVRO, no entanto, contém pesquisas que revelam ser alta, "por qualquer critério", a proporção da classe média que teme perder o padrão de vida atual, ou não ter dinheiro suficiente para se aposentar. Segundo os autores, ver-se privado de renda pela falta de trabalho, perda do emprego ou liquidação do negócio próprio "é a preocupação dominante dos entrevistados mais pobres".

O crescimento econômico dos últimos anos traduziu-se em forte expansão da demanda por bens e serviços. Esse perfil valoriza a feição "cultural" de certas atividades de lazer, como televisão por assinatura, eventos artísticos e viagens internacionais.

Telefones (celulares ou fixos), computadores e acesso rápido à internet configuram o padrão de investimentos em produtividade típico da classe média, o qual é emulado pelas famílias de classe média baixa.

Já os investimentos em capital humano - plano de saúde, filhos em escolas privadas, poupança ou investimentos financeiros e previdência privada - ainda são em boa medida restritos à classe média.

Mas as oscilações da renda familiar geradas por empregos pouco estáveis ou atividades por conta própria "sinalizam dificuldades para as faixas de renda mais baixas manterem o perfil de consumo ambicionado".

Segundo Amaury de Souza e Bolivar Lamounier, endividandose além do que lhes permitem os recursos de que dispõem, essas famílias se defrontam com um risco de inadimplência que passa ao largo das famílias da classe média estabelecida.( Continua amanhã)

CESAR BENJAMIN

Ler, escrever, calcular

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/02/10


O Brasil ainda recusa à maioria dos seus filhos a possibilidade de participar da civilização contemporânea

NÃO DEVEM passar despercebidos dois artigos publicados nesta Folha nos últimos dias. Em "Repetência e alfabetização", de 27 de janeiro, João Batista Araújo e Oliveira apresentou resultados de um teste aplicado em 338 mil alunos do segundo ao quinto ano em 350 municípios brasileiros espalhados por 25 Estados, uma amostra muito representativa. Nada menos de 70% dos avaliados foram considerados analfabetos, e 50% dos estudantes do quinto ano foram classificados assim.
No dia 4, a Folha noticiou o desempenho de alunos da rede municipal de São Paulo em matemática. Não me estenderei. Ocimar Alavarse, da USP, avaliou o resultado como "escandaloso". Um teste semelhante, em escala nacional, mostraria resultado igual ou pior. Tais avaliações mostram que o Brasil ainda recusa à maioria dos seus filhos a possibilidade de participar das potencialidades da civilização contemporânea. Estamos diante de um problema grave, antigo, estrutural, que envolve todos os níveis de governo e a sociedade. Mas não conseguimos reagir.
Há íntima relação entre a capacidade formal de expressão e os conteúdos que se deseja expressar. Em um dos Seminários de Zollikon, Heidegger pergunta: "Por que os animais não falam?". Ele mesmo responde, de maneira simples e muito perspicaz: "Porque não têm o que dizer". Quando depois se refere ao homem como "o animal falante", talvez possamos ler "o animal que tem o que dizer".
Os homens sempre tiveram muito a dizer. Todas as sociedades, das mais primitivas às mais avançadas, separadas por dezenas de milhares de anos, criaram línguas que apresentam grau semelhante de complexidade, a ponto de até hoje não ter sido possível construir uma teoria evolutiva da linguagem, esse grande enigma humano.
Pois é de uma linguagem criativa que se trata, o que nos diferencia. Adquirimos na infância a misteriosa capacidade de construir e entender um número indefinido de sentenças que jamais ouvimos e que talvez jamais tenham sido enunciadas, enquanto os sistemas de comunicação usados por outras espécies só permitem a transmissão de um pequeno conjunto de mensagens cujo significado é fixo.
Assim, além das funções de expressão pessoal e de comunicação imediata, que compartilhamos com os animais, nossa linguagem possui funções superiores que lhe são específicas, como descrição, conceitualização e argumentação.
Graças a elas, podemos desenvolver, por exemplo, padrões de crítica, a ideia de verdade, o conceito de razão. Popper é enfático: "É ao desenvolvimento das funções superiores da linguagem que devemos a nossa humanidade, a nossa razão, pois nossos poderes de raciocínio nada mais são do que poderes de argumentação crítica".
A capacidade de abstração, a formulação de explicações, a compreensão de objetos complexos -tudo isso exige o cultivo das funções superiores da linguagem, que, no mundo contemporâneo, implica o domínio pleno da leitura e da escrita, além de fundamentos de lógica que nos são transmitidos, principalmente, pela matemática.
Nenhuma sociedade poderá se manter à tona, no século 21, sem disseminar essas capacidades em suas populações. Isso exige que as crianças aprendam a ler, escrever e calcular, com proficiência, na idade adequada. É a base do que vem depois. Se isso não for obtido no tempo certo, toda a estrutura educacional do país permanecerá comprometida. Eis um grande tema para a campanha presidencial, se ela quiser ser mais que uma pantomima.

Cesar Benjamin, 55, editor da Editora Contraponto e doutor honoris causa da Universidade Bicentenária de Aragua (Venezuela), é autor de "Bom Combate" (Contraponto, 2006). Escreve aos sábados, a cada 15 dias, nesta coluna.

JAPA GOSTOSA

PAINEL DA FOLHA

Por um triz

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/02/10


Procuradores da República encarregados de investigar o mensalão candango e advogados dos envolvidos avaliam que nunca foi tão grande o risco de prisão de José Roberto Arruda, agora suspeito de tentar obstruir as investigações. Além de bilhete do governador, a PF tem imagens de um gerente de banco entregando a Rodrigo Arantes, sobrinho e secretário particular de Arruda, dinheiro usado em tentativa de suborno.
Teme-se, no entanto, que a defesa de Arruda ganhe um argumento para derrubar a prisão caso ela seja pedida antes de o Supremo Tribunal Federal responder a consulta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre a possibilidade de abrir processo contra o governador sem licença da Câmara Distrital.




Veja bem. Ao lado de Ciro Gomes, o presidente do PSB, Eduardo Campos, disse ontem em Recife que "nem sempre concorda com o estilo" do deputado, que nesta semana bateu pesado nos petistas interessados em removê-lo da disputa presidencial. Mas o governador de Pernambuco ressalvou que Ciro deve ser "respeitado", pois é "sincero".

Não é comigo. Tampouco o PT quer polêmica pública com Ciro neste momento. "Ele bate, a gente finge que não apanhou e fica tudo por isso mesmo", resume um integrante do alto escalão da campanha de Dilma Rousseff.

Em estúdio. Na passagem por Recife, Ciro gravou parte de sua participação no programa do PSB que irá ao ar no próximo dia 18. Ele espera que a janela televisiva vitamine seu desempenho nas pesquisas, contendo o ataque especulativo à candidatura.

Emergência 1. Até ontem reunido na residência oficial do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), o "conclave" que preparava a convenção de hoje do PMDB teve de abrir uma dissidência: o grupo do Senado foi para a casa de José Sarney (AP) tentar resolver a pendência entre Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL) em torno da primeira vice-presidência da sigla.

Emergência 2. Jucá prometia ontem levar a disputa a voto, mas a turma do deixa disso tentava dissuadi-lo.

Me dê motivo. Renan invocava um desentendimento em torno da votação de um empréstimo para Alagoas na tentativa de justificar o veto a Jucá e a preferência por Valdir Raupp (RO). Mas quem conhece a história sabe que a disputa Renan-Jucá por áreas de influência no partido e no governo vem de longe.

Venham todos. O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), colocou anúncios na TV convocando a população a receber Lula e Dilma, que estiveram ontem no município gaúcho. De quebra, organizou um encontro hoje de prefeitos de partidos aliados com a ministra-candidata.

Cada um na sua. Já a governadora Yeda Crusius (PSDB) e o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), que enfrentarão o PT na eleição estadual, recepcionaram a comitiva de Lula no aeroporto e não foram a São Leopoldo.

Segundo tempo. Advogados do PSDB vão recorrer da decisão do ministro auxiliar do TSE Joelson Dias de arquivar representação que acusa Dilma de campanha antecipada durante evento em Minas Gerais. O partido solicitará que o caso seja examinado pelo plenário do tribunal.

Rrrrronaaaaldo! Com o plenário ainda esvaziado nos primeiros dias pós-recesso, Tião Viana (PT-AC) elogiou a assiduidade de Mão Santa (PSC-PI): "É o Galvão Bueno do Senado. Narra, comenta, analisa e quer cabecear!".

Sonho meu. O PSOL apresentou uma resolução na Câmara sugerindo punição aos deputados que utilizarem a verba indenizatória na contratação de empresas financiadoras de suas campanhas.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

A teimosia do governo leva a concluir que há muita sujeira e interesses escusos nessa transação.

Do senador ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), sobre a preferência de Lula pelos caças franceses, mais caros do que os concorrentes.

Contraponto

Deixa que eu chuto Na semana passada, ao chegar a Porto Alegre para participar do Fórum Social Mundial, Lula recebeu de sua assessoria o discurso a ser lido no tradicional evento de organizações de esquerda. Uma vez no palco, mandou bala:
-É com grande satisfação que eu estou aqui hoje na abertura desta conferência, para conversar com vocês sobre um tema essencial para a democracia e para o exercício da cidadania: a comunicação social!
A plateia estranhou, ouviram-se cochichos, e o presidente logo percebeu que por engano haviam lhe dado o discurso proferido em dezembro na Confecom. Lula resolveu o problema de sua maneira favorita: improvisando.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

A era do cacarejo

"Num momento como o nosso, em que somos atazanados
por um bando de palpiteiros ensandecidos, que manifestam
permanentemente os próprios pensamentos, Rimbaud recorda
as infinitas virtudes do silêncio. Ele é um modelo para todos nós"

Rimbaud espancava Verlaine. Eu invejo Rimbaud. Eu gostaria de ter espancado Verlaine. Eu gostaria de ter espancado qualquer poeta simbolista. Verlaine vingou-se alguns anos mais tarde, num quarto de hotel, dando dois tiros em Rimbaud. Eu também invejo Verlaine. Ele tinha apenas má pontaria.

A editora Topbooks, depois de publicar os poemas de Rimbaud, agora publicou suas cartas, otimamente traduzidas e comentadas por Ivo Barroso. O primeiro lote de cartas mostra Rimbaud e Verlaine espancando um ao outro e atirando um no outro. Qual é o interesse disso? Para mim, nenhum. Eu poria os dois na cadeia. De fato, os dois foram parar na cadeia. O que realmente interessa é o segundo lote de cartas, escritas a partir de 1875, quando Rimbaud abandonou a poesia e passou a perambular de um lado para o outro. Num intervalo de apenas dezesseis anos – ele morreu em 1891 –, Rimbaud fez tudo o que uma pessoa dotada de um pingo de senso de dignidade quereria fazer: foi embora de Paris, que é uma cidade de maricotes; entranhou-se no deserto etíope, contraindo uma série de enfermidades; comercializou camelos e escravos; ganhou dinheiro e perdeu dinheiro; negociou armas dos mais variados calibres, permitindo o massacre de um monte de gente inocente; pegou um tumor no joelho e teve a perna amputada; morreu sozinho em Marselha, com muitas dores e pedindo ajuda a Deus, que caprichosamente se recusou a ajudá-lo.

Os poetas simbolistas, no tempo de Rimbaud, faziam uma grita danada. Eles se reuniam nos bares e bradavam seus versos. Nem quando eram espancados eles se calavam. Hoje é muito pior. A grita aumentou descomunalmente. Há gente demais papagaiando ao mesmo tempo. Estamos cercados de poetas simbolistas. Eles se espalharam por todos os cantos e se acotovelam brutalmente para conseguir recitar uns decassílabos. O presidente da República é um poeta simbolista. O chefe de cozinha é um poeta simbolista. Até o poeta simbolista é um poeta simbolista. Em 1875, depois de levar dois tiros de Verlaine, Rimbaud afastou-se disso tudo. Ele simplesmente resolveu parar de cacarejar e de ouvir o cacarejo alheio. Numa de suas cartas, de Aden, ele aparece encomendando alguns livros. De poesia simbolista? Ao contrário. Ele encomenda o Livro de Bolso do Carpinteiro, o Manual do Vidraceiro e o Álbum das Serrarias Agrícolas e Florestais.

Num momento como o nosso, em que somos atazanados por um bando de palpiteiros ensandecidos, que manifestam permanentemente os próprios pensamentos, Rimbaud recorda as infinitas virtudes do silêncio. Ele é um modelo para todos nós. Ele é um modelo para o presente. Em suas cartas, Rimbaud mostra que temos poetas simbolistas de mais e carpinteiros de menos. Ele mostra que temos poetas simbolistas de mais e vidraceiros de menos. Eu pergunto: já encomendou seu Livro de Bolso do Carpinteiro?

GOSTOSAS

EDITORIAL - O GLOBO

Lições do euro

O GLOBO - 06/02/10

Em tempos de vacas gordas, a engenharia monetária que deu origem à zona do euro parecia imune às intempéries.

A situação é diferente hoje, depois da crise econômica que quase levou o mundo a uma segunda Grande Depressão. Uma grave crise atinge os chamados Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), põe o euro sob forte pressão e abala os mercados mundiais.

A moeda comum, fator de solidez da economia europeia, neste momento se torna um complicador para programas de ajuste daqueles países, pois retira flexibilidade de suas políticas fiscais e monetárias.

Para se ter uma ideia, a Grécia registrou, em 2009, déficit fiscal de 12,7% do PIB (o limite na UE é 3%), com desemprego de 9,7%. Portugal teve déficit de 5,3%, com o desemprego em 10,4%. Ainda pior é a situação da Espanha, com déficit de 11,4% e desemprego de 19,5%.

Isto mostra a complexidade da integração europeia, na qual a vontade política das duas locomotivas — Alemanha e França — muitas vezes atropelou questões econômicas, que mais tarde cobram seu preço. Ambas as alternativas ao alcance de Bruxelas embutem complicadores.

A primeira é montar uma operação de salvamento dos Pigs: será preciso convencer os demais países, seus parlamentos e, principalmente, seus cidadãos, de que é preciso se sacrificar para ajudar portugueses, irlandeses, gregos e espanhóis. A outra seria deixar cada um desses países à própria sorte, mas pode-se imaginar o impacto que o default de um ou de mais de um deles teria sobre o euro e o mercado financeiro.

São lições que devem ser levadas em conta pelo Mercosul, que ainda está muito longe do grau de integração da União Europeia. Nem por isso deve sobrepor a vontade política à realidade objetiva. É o que parece ter acontecido no caso da Venezuela, prestes a se tornar membro pleno com o apoio do governo brasileiro.

Sob o pretexto de que, como membro do Mercosul, é mais viável moderar Hugo Chávez, o bloco deverá acolher — ainda na dependência do aval do Senado paraguaio — um país em rumo oposto ao do Brasil e cuja economia, em frangalhos, poderá criar dificuldades para os demais integrantes do Mercosul.

O fato de não haver unificação monetária facilita a aplicação de terapias específicas em cada uma das economias do Mercosul. Mas a lição que fica do imbróglio europeu é que quase nunca o voluntarismo sai vencedor quando se defronta com intrincados problemas da vida real. Pode ser que o sonho da unificação europeia tenha demonstrado um fôlego maior do que as condições objetivas do continente poderiam permitir.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Noite do Haiti

O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/02/10


Idalbert Pierre-Jean, embaixador do Haiti, saiu satisfeito, quinta, de encontro com Gilberto Kassab: conseguiu apoio para show em São Paulo, com renda para ajudar as vítimas do terremoto.

O prefeito ofereceu, ainda, equipes da Saúde para levar, aos haitianos, as ações de treinamento do Programa de Saúde da Família.

Noite do Haiti 2

No encontro, com o céu já escuro, pouco antes de mais um temporal, cena um tanto quanto irônica:

Pierre-Jean prestou solidariedade a Kassab, que também vive momento difícil deflagrado pela mãe natureza.

Noite do Haiti 3

Bem preparado - diferentemente do cônsul George Antoine -, o embaixador contou à coluna que conseguiu contato com Porto Príncipe nos últimos dias. Dificuldade maior? A logística de ajuda.
E defende o apoio em dinheiro: "Assim podemos comprar no país mais próximo."

Questão semântica
Indagado sobre a ideia de Serra, que mudou o nome da PM para Força Pública, Marcio Thomaz Bastos gostou.

"Isso retoma uma tradição. No passado, a Força Pública era muito mais respeitada que a PM de hoje."

Espuma da espuma

Discípulo direto de Alex Atala resolveu tentar superar o mestre essa semana, em jantar para poucos.

Fez vieiras com... Citronela.

Bola rolando

Grupo de peso - santistas históricos - se mexe pró-patrocínio para o Santos.

São eles: Álvaro de Souza, ex-Citi; José Berenguer, do Santander; Eduardo Vassimon, do Itaú; Alvaro Simões, da Inpar e Walter Schalka, da Votorantim.

Venezuelando

O fantasma de Hugo Chávez foi visto passeando pelos corredores da ABI.

Mudaram o estatuto para que a direção atual - eleita e reeleita - possa se candidatar pela terceira vez.

Sinal dos tempos

Depois dos BRICs, surgiram ontem, no mercado, os STUPIDs: Spain, Turkey, UK, Portugal, Italy and Dubai. Esqueceram da Grécia ou o país não coube?

triiiiim!!!!!

Sentindo a falta de Lula em Davos, Bono ligou para um amigo no Brasil. Para saber sobre a saúde do presidente.

Só a Schindler
Grupo da FGV Direito do Rio ficou preso no elevador de Congonhas, na quarta. De lá, ligaram para a Infraero, onde não havia ninguém de plantão. Salvação? Um dos presentes tinha o telefone de Nelson Jobim.

A turma conseguiu falar com o ministro mas... só saiu do cubículo 1 hora depois.

Plano Zé

Grupo de Patrus Ananias articula lançar José Alencar ao governo de Minas. Mais precisamente, segunda, quando ele for receber o título de "petista honorário" em BH.

Alencar teria admitido, em reunião quinta-feira, que, se essa for a vontade dos partidos da base, ele sai. Com Ananias de vice.

Cai o pano

Depois de ter colocado, em 5 anos, R$ 60 milhões no Auditório Ibirapuera, a Tim decidiu: não vai renovar o contrato vencido em dezembro.
A empresa encerra, assim, sua era de apoio maciço à música.

Firme e Forte
A primeira aparição pública de Hebe Camargo se deu na quarta, no restaurante La Tambouille.

O local foi escolhido para um almoço entre amigas.

As vistadas

Madonna acaba de conseguir visto brasileiro para a filha Mercy, 4 anos. Que vem com ela e Lourdes Maria para o carnaval carioca.

De camarote

Outro que chega é Gerald Butler, de 300. Para campanha da Gillette e, claro, para ver, e ser visto, na Sapucaí.

Na frente

Se Beyoncé e Alicia Keys pretendem mesmo gravar um clipe no Rio, é bom se apressarem. Nenhuma pediu, até o momento, autorização às autoridades competentes.

Paulo Borges embarca, amanhã, para NY. A convite de Anna Wintour, participa de encontro para discutir a saúde das modelos. Começam pela magreza excessiva.

Steven Green, do HSBC, anuncia segunda, em Londres, o Festival Brazil, megaevento de arte que o banco promoverá na capital inglesa durante o verão.

Saul Galvão será o homenageado especial desta segunda-feira. Quando Cassio Machado inaugura o Ringue Bar.

Theo Craveiro apresenta sua mostra Museu Ambulante, amanhã, em frente ao MAM.

Saiu na Billboard. A Time For Fun está em terceiro lugar no ranking das 25 maiores promotoras de show.

O Bloco Cordão Carnavalesco Confraria do Pasmado sai, domingo, na Vila Madalena. Com concentração em frente à Mercearia São Pedro.

O Camarote da Brahma vai ter que recauchutar a revista no Carnaval. A turma mais "enloquecida" , que adora uma confusão - como Lindsay Lohan e Paris Hilton - pode acabar com a festa dos demais...

A Prefeitura não contratou a Fundação Cacique Cobra Coral para tentar amenizar as chuvas. Mas a especulação gerou brincadeira: ela não teria passado no período-teste. Chove há 44 dias na capital paulista.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA
Maílson da Nóbrega

Estado forte

"A crise demandou maiores gastos públicos e vai gerar
uma nova regulação do sistema financeiro, mas não a
ressurreição dos mortos do velho intervencionismo"

O atual governo adora falar em "estado forte". A ministra Dilma Rousseff, que almeja a Presidência, quer um "estado forte", mote também presente nos preparativos de sua campanha. Ela critica o "estado mínimo". Lula faz o mesmo desde o primeiro mandato, como no discurso de Ouro Preto em 21 de abril de 2003.

Ali, o presidente aludiu a duas ideias que "revelaram sua inconsistência e estão sendo superadas em boa parte do mundo". E sentenciou: "A primeira é que o Estado nacional deve ser mínimo e, em consequência, fraco; a segunda é que tudo pode ser deixado por conta do mercado, que resolve automaticamente todos os problemas".

A primeira afirmação não se comprova. O "estado mínimo" é proposta apenas de libertários quem têm fé cega no mercado. É o caso do deputado republicano Ron Paul, que em livro recente (End the Fed) prega a extinção do banco central americano. O padrão-ouro voltaria. A emissão de moeda seria tarefa do mercado.

A segunda afirmação é falsa. Ninguém com tutano crê que o mercado resolve tudo. Equivaleria a abolir o estado. Isso era ideia de anarquistas e de Karl Marx. Os primeiros consideravam o estado criador de problemas e desnecessário. Para Marx, assim que a luta de classes terminasse e elas desaparecessem, o estado perderia a razão de existir.

A proposta de um estado mínimo jamais vingou. Mesmo na Inglaterra de Margaret Thatcher, que promoveu profunda reforma do estado, os gastos sociais se expandiram. O estado de bem-estar social continuou grande e importante, e sobreviveu à restauração do ideário liberal pelos conservadores britânicos.

"Estado forte" e "estado fraco" podem ter distintos significados. No Haiti, o estado é fraco para exercer funções básicas, como se viu no recente terremoto. Era forte para oprimir na ditadura de François Duvalier (1957-1971), quando os tontons macoutes intimidavam ou matavam. O estado totalitário é forte na capacidade de tiranizar.

O estado moderno resultou da Paz de Vestfália, o período que se seguiu aos tratados europeus de 1648 e ao consequente fim da Guerra dos Trinta Anos. Detém o monopólio da violência e do poder de tributar, e tornou-se norma na Europa (e depois no mundo).

Esse estado tem soberania sobre o território. Garante a ordem, a segurança e o respeito ao direito de propriedade e aos contratos. Defende a concorrência no mercado. Regula o sistema financeiro, os monopólios e os oligopólios. É relevante na educação, na ciência e na tecnologia. É o verdadeiro estado forte, base do capitalismo contemporâneo. Mais tarde, tornou-se fundamental na área social, particularmente em previdência e saúde.

No século XIX, a Inglaterra, beneficiária dessa realidade, rompeu a estagnação malthusiana. Enriqueceu rapidamente. A Europa continental buscou o mesmo via intervenção estatal. Empresas estatais, crédito oficial, protecionismo e investimentos em infraestrutura reproduziram o papel exercido naturalmente pelas instituições inglesas. No século XX, foi a vez da América Latina e da Ásia.

Essa ação promoveu desenvolvimento, mas teve seus defeitos. Em muitos países, burocratas foram capturados pelos segmentos beneficiados. Surgiu um capitalismo de compadres, enquanto políticas industriais davam poder de mercado às empresas eleitas, prejudicando a produção e os consumidores.

O desafio era saber quando rever a ação do estado e atribuir a liderança ao mercado. Assim o fizeram a Alemanha, o Japão e o Chile. Em outros lugares, grupos de interesse e visões ideológicas inibiram a mudança, em prejuízo do ritmo de desenvolvimento.

O Brasil chegou a esse ponto por volta dos anos 1980 e começou a revisão, que se acelerou após o Plano Real. A colheita dos respectivos frutos se iniciou com Fernando Henrique e se ampliou na era Lula, mas este praticamente interrompeu o processo.

O estado forte de Lula e Dilma seria aquele em que a burocracia escolhe os vencedores e lhes concede privilégios, em nome de um nacionalismo démodé e do "desenvolvimentismo". Para eles, a crise atual justificaria a volta do dirigismo estatal.

A crise demandou maiores gastos públicos e vai gerar uma nova regulação do sistema financeiro, mas não a ressurreição dos mortos do velho intervencionismo.

Maílson da Nóbrega é economista

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Sucroalcooleiro contrata presidentes no Brasil

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/02/10


A internacionalização do setor sucroenergético brasileiro provocou uma acirrada disputa por presidentes e diretores no país nos últimos meses.
Empresas de recrutamento para altos cargos têm sido procuradas por fundos e companhias estrangeiras do agronegócio, em busca de executivos aptos a colaborar em fusões e aquisições.
O fenômeno é comum em setores em que há empresas familiares e que passam por um rápido processo de internacionalização, segundo especialistas. A procura parte de empresas estrangeiras e brasileiras associadas a estrangeiras que chegaram recentemente ao país ou de grandes fundos de investimento interessados em distribuição internacional, segundo Luiz Carlos Cabrera, sócio da Amrop Panelli Motta Cabrera, especializada no setor.
O candidato a presidente ideal deve ser brasileiro e conhecer, além da cultura de gestão no país, o sistema de distribuição na Europa e nos EUA. Há ainda demanda por um diretor de logística internacional, segundo Cabrera, que atualmente está finalizando a contratação de um profissional para esse cargo.
Nos últimos três meses, a Michael Page começou seis projetos para contratação de presidentes e diretores no setor, diz Fernando Andraus, da Michael Page no Brasil. "Não se traz um americano para tocar uma usina de álcool no Brasil porque a tecnologia e as práticas de gestão são diferentes", afirma. A Robert Half deve fechar em breve a contratação de um presidente para uma empresa que atua no setor.

LUCRO NA MESA
De olho no filão corporativo, um restaurante no Rio tem uma nova receita para o velho almoço de negócios.
Quando o empresário Felipe Gilaberte resolveu abrir uma casa na cidade, pensou em tudo que poderia ajudar executivos a ter sucesso no fechamento de negócios durante as refeições.
Ele e seus três sócios investiram R$ 1,5 milhão no restaurante La Fiducia, em Copacabana, para oferecer diversos mimos à clientela formada por executivos.
"A casa que quiser entrar nesse nicho de mercado deve ter alguns pré-requisitos essenciais", afirma Gilaberte, que tem experiência de 18 anos em hotelaria.
Para o empresário, um bom almoço de negócios tem de ser em uma mesa redonda, para que os executivos se vejam, olho no olho, e com uma distância mínima de 80 centímetros entre uma mesa e outra.
Além disso, é indispensável uma boa acústica, para evitar que se fale alto, internet Wi-Fi de alta velocidade, tomadas perto das mesas e ambiente exclusivo e privativo. Cortinas também são recomendadas, para que os clientes não sejam vistos da rua, na opinião de Gilaberte.
Os donos não esquecem do fundamental em um restaurante de prestígio. "Uma boa comida e um bom vinho também ajudam", diz o empresário.

CARBONO
A Nossa Caixa Desenvolvimento vai lançar nos próximos meses uma linha de financiamento para as empresas reduzirem suas emissões de carbono. Será voltada para pequenas e médias companhias. O valor da linha supera R$ 500 milhões.

EM OBRAS
Até junho, a Construtora Serpal, do Grupo Advento, deve entregar 17 empreendimentos no país, além da fábrica do laboratório Cristália.

NO SAMBA
Mais de 50 empresários e investidores estrangeiros de 20 países irão visitar o parque industrial brasileiro durante o Carnaval. O grupo vai conhecer fábricas, lojas e polos produtivos de vários setores, como têxtil, de tecnologia da informação, vinhos, produção publicitária, franquias e cosméticos. Cinco Estados brasileiros estão previstos no programa organizado pela Apex-Brasil: Rio, São Paulo, Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

PERNAS, PRA QUE TE QUERO

Meia fina. Sim ou não?


Meias trabalhadas, que aparecem em algumas coleções, ajudam a compor o figurino da executiva. "É um adereço que dá conforto ao usar sapatos e fica elegante com uma saia na altura dos joelhos", diz Rosângela Lyra, da Dior. "Não deve ser cheia de detalhes. O foco tem de estar no trabalho, não nas pernas." Os crus, as cores claras são próprias para o verão; no inverno, variações do cinza. A mulher brasileira costuma seguir a moda a qualquer custo, segundo Lyra. "Recomendo vestir apenas o que a favorecer", afirma. A grife suíça Fogal criou um modelo de fios que facilitam a passagem do ar, desenvolvido para os dias mais quentes, e uma versão superfina, antiderrapante, para ser usada com sandálias, em cores que variam do champanhe ao preto. Uma peça custa cerca de R$ 120.

com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK