quarta-feira, maio 29, 2013

Diálogos banais na cena do crime - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 29/05

Com licença, seu moço, preciso passar com minhas compras.

– Pois não, senhora, desculpe estar ocupando a calçada, é que tenho algo a dizer aqui para o parceiro que está me filmando com o celular.

– Fique à vontade, mas o senhor está com as palmas das mãos muito vermelhas, reparou?

– Eu sei, eu sei, é que tive um probleminha ali do outro lado da rua.

– Ei, você está vendo um homem deitado no meio do asfalto? – Pois é, talvez tenha sido atropelado, não sei, você viu alguma coisa?

– Não vi, mas parece que aquela moça loira viu, e até gravou. – Então deixa eu seguir para o escritório que estou atrasado, depois eu confiro no YouTube.

– Você não gostaria de me entregar essa faca, rapaz? – Da polícia você não é, madame.

– Não sou, mas ela logo chegará. – Demorou.

Nunca vi essa rua tão animada.

– É mesmo?

– Você não é aqui da vizinhança?

– Sou turista, parei para tirar umas fotos da performance. É uma performance, não é?

– Droga, meu celular está ficando sem bateria. – Use o meu. Quer fazer uma ligação?

– Gostaria apenas de filmar aqueles dois malucos ali com as mãos pingando sangue.

– E o cara deitado, sabe quem é? – Não, mas podemos tirar uma foto do rosto dele e colocar no Face pra ver se alguém identifica.

– Tá bom, tira a foto enquanto eu vou ali na esquina tentar alcançar um camarada que vi passar, ele está me devendo umas libras.

– Mãe, o que é que está acontecendo? – Um moço passou mal, filho. Vamos andando. – Acho que ele foi assassinado, mãe. Por aqueles dois batendo papo ali, ó.

– É, pode ser, filho. Você pegou seu caderno de matemática?

– Olho por olho, dente por dente, vocês matam meu povo, eu mato o de vocês.

– Faz sentido, faz sentido. Por favor, pode dar dois passinhos para a esquerda para eu enquadrar melhor?

– Aqui está bom?

– Está, agora deixe bem à vista a faca e o cutelo. Isso. Perfeito.

– Olha a polícia aí chegando. – Nossa, que estressados. – Alô. – Falo com a esposa do soldado Lee Rigby?

– Sim. – Boa tarde. É que aconteceu um inconveniente.

Eu quero um shopping - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 29/05

A varejista chilena Falabella, que acaba de comprar a empresa de materiais de construção Dicico, está à procura de uma rede de shoppings para comprar no Brasil.

Vale quanto pesa...
Aliás, em que pesem alguns tropeços, a economia brasileira continua atraente para investidores, como é o caso da chilena Falabella.

Ano passado, o investimento estrangeiro na terra de Dilma alcançou US$ 65 bilhões, superior à soma dos investimentos estrangeiros no Chile, no México, no Peru e na Colômbia, os quatro países que acabam de criar a Aliança do Pacífico.

Monet e Felipão
Carlos Alberto Parreira e Felipão acompanharam juntos partidas de jogadores brasileiros na Europa. Em Paris, pintor nas horas vagas, Parreira levou Felipão para conhecer o Museum Marmottan.

Fez questão de mostrar ao técnico o quadro “Impressão, sol nascente”, de Claude Monet, considerado o marco zero do impressionismo por muitos.

Jogo que segue...
Depois, Parreira levou Felipão para conhecer esculturas de mestres famosos. Ao saber que uma delas custa mais de três milhões de euros, o técnico coçou a cabeça e ponderou:

— Parreira é melhor a gente voltar a ver campo de futebol.

Que descanse em paz
Este Boeing 707 de matrícula KC-137 que pousou de barriga, domingo, no Haiti, levando 143 militares brasileiros, provavelmente não voltará à ativa.

Era um dos dois Boeings idosos que serviram à Presidência da República entre 1986 e 2005 e ganharam o apelido de Sucatão. O outro, o KC-03, fez um pouso de emergência na Holanda em 1999, com Marco Maciel.

Tudo por dinheiro
O coleguinha Pedro Bial está em Pernambuco a fim de fazer reportagem para a nova temporada do programa “Na moral”. Será sobre a exportação de rins para Israel e África do Sul.

O caso estourou em 2002. Estima-se que 47 moradores de Recife venderam um dos seus rins.

Só que...
Bial conseguiu localizar o primeiro a vender o rim. Mas ele só concorda em dar entrevista se receber uma grana.

Ou seja, para quem negociou um dos órgãos, voz, só alugada.

Faz sentido.

O amor de Lila
Diferentemente do que saiu aqui, a escritora iraniana Lila Azam Zanganeh, que vem à Flip, não namora o filho do ex-senador Demóstenes Torres.

Ela namora o filho do também ex-senador de Goiás Mauro Miranda Soares. Falha nossa.

Vizinho do Porto
A gigante americana Tishman Speyer, proprietária do Rockfeller Center, em NY, acaba de incorporar um quarteirão inteiro de prédios e sobrados em São Cristóvão, perto do projeto Porto Maravilha.

O lugar era de propriedade da antiga Administração da Cia. Luz Steárica (ex-Moinho da Luz).

Hambúrguer Troisgros
A marca masculina Reserva vai entrar no ramo de alimentação. Inaugura em julho a hamburgueria Reserva TT Burger, no Arpoador.

TT são iniciais do outro sócio no negócio, Thomas Troisgros, filho de Claude.

Bia na São Clemente
Bia Lessa, a diretora teatral responsável por trabalhos como a instalação “Humanidade”, na Rio+20, é a nova carnavalesca da São Clemente, a irreverente agremiação da Zona Sul carioca.

— Queremos fazer um trabalho totalmente diferente em 2014 — diz o presidente da escola, Renato Almeida Gomes, falando do enredo, que será sobre as favelas cariocas.

Fala, Mangueira
A Mangueira vai ganhar uma nova quadra. Com projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012), ela começará a ser erguida após o carnaval de 2014.

A construção ficará a cargo da prefeitura. Isso foi o que prometeu Eduardo Paes ao presidente da escola, Chiquinho da Mangueira.

Se acaso você chegasse
O fofo do Ricardo Cravo Albin num café da manhã, ontem, na Urca, lembrou ao secretário Carlos Minc que Cyro Monteiro estaria fazendo 100 anos.

Ato seguinte, pediu que todo mundo levantasse a xícara de café e começou a cantar “Se acaso você chegasse”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, sucesso na voz de Cyro.

URNA ELETRÔNICA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 29/05

Confusão à vista na indicação de novos conselheiros do CNJ (Conselho Nacional de Justiça): os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) devem anunciar em breve uma espécie de "concurso" para escolher os dois representantes do poder Judiciário no órgão. Tribunais do país, além dos magistrados da corte máxima, poderão indicar candidatos. O número de postulantes pode chegar perto de cem.

PORTA ABERTA
Na prática, a medida contorna as indicações de Joaquim Barbosa. Como é praxe, na condição de presidente do STF, ele já tinha apresentado nomes para os cargos --o de uma desembargadora de Brasília e o de uma juíza de SP. Com o "concurso", elas passam a disputar as vagas com dezenas de candidatos.

MULTIDÃO
Barbosa apresentou os nomes em abril, depois de analisar o currículo das magistradas e com a intenção de aumentar a presença feminina no CNJ. Outros ministros pediram tempo para analisar e também para que o STF, desta vez, adotasse nova forma de indicação. O "concurso" deve resultar em disputa inédita e acirrada pela indicação, que cabe ao Supremo.

O HAITI É ALI
A Brasil Foods concluiu estudos de viabilidade para instalar uma unidade de produção de frango no Haiti. "Vamos montar uma pequena BRF lá", diz Wilson Mello, vice-presidente de assuntos corporativos da empresa. A companhia brasileira fez uma parceria com a Yunus Social Business, fundada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, para o projeto.

POTE DE MÁGOAS
Segue tenso o clima entre vereadores do PT de São Paulo e a administração de Fernando Haddad (PT-SP). Apesar da disposição do próprio prefeito de negociar os vetos a projetos dos parlamentares do partido, há quem preveja que eles podem dar um "troco", fazendo corpo mole na aprovação de alguma proposta do Executivo.

EMPRESA FC
O Palmeiras é o primeiro clube a entrar no Lide, grupo fundado por João Doria Jr. para promover o encontro de empresas como Vale, Amil, Braskem, TAM e Coca-Cola.

BASQUIAT NO RIO
Uma grande exposição do artista e grafiteiro Jean-Michel Basquiat vai aportar no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, em agosto de 2014. Cerca de 70 telas do americano, vindas de coleções particulares de países como EUA, Alemanha e Rússia, integrarão a mostra.

BASQUIAT NO RIO 2
Vídeos e retratos de Basquiat e de seus trabalhos feitos por Andy Warhol também estarão na exposição, que terá um braço musical. Michael Holman, que ao lado de Basquiat e do ator Vincent Gallo formou a banda Gray, também fará um show. DJs brasileiros vão completar a programação. O projeto é orçado em R$ 13 milhões.

DILMA FRUSTRADA
Uma frase postada no sábado pelo perfil "Dilma Bolada", sátira inspirada na presidente e que tem 335 mil seguidores no Facebook, foi apagada pela rede social três horas depois de ir ao ar. Ela fazia referência a um processo contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Inventar mentira contra mim é mole, querido", dizia a piada, como se fosse escrita pela petista. "Fiquei frustrado", afirma Jeferson Monteiro, administrador da página.

DIRETO AO PONTO
A assessoria de imprensa do Facebook, que se reserva o direito de excluir postagens que descumpririam suas regras, diz que não comenta casos específicos.

NEM MOCINHO NEM BANDIDO
Neymar, 21, recém-contratado pelo Barcelona, é capa da revista "GQ".

O craque conta que usa perfume para treinar e jogar e afirma que não é "incontestável". "No futebol, um dia você joga bem e no outro, não. A cobrança sempre vai existir e eu já estou acostumado com isso em qualquer estádio em que jogo, pelo clube e pela seleção. Não penso em ser herói e muito menos vilão, nunca pensei. Jogo pelo time, porque futebol é coletivo."

SUBO NESSE PALCO
O Prêmio Aplauso Brasil de Teatro, anteontem, reuniu na SP Escola de Teatro os atores Bruno Fagundes, Maria Alice Vergueiro, Rubens Caribé, Raul Barretto, José Rubens Chachá e Cléo De Páris.

CASA DE REVISTA
A Casa Cor foi aberta no domingo no Jockey Club de São Paulo. Angelo Derenze, presidente do evento de decoração, recebeu os convidados ao lado da mulher, Walkiria. Os arquitetos João Armentano e Dado Castello Branco participaram.

CURTO-CIRCUITO
Luan Santana vai gravar um DVD em 3 de julho na Arena Maeda, em Itu.

O livro "Flexões - Um Estudo sobre a Sexualidade Plural", de André Martins e João Zambom, será lançado às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Reinaldo Lourenço apresenta coleção de verão, nos Jardins, hoje, às 10h.

O empresário André Almada faz seis festas até domingo, durante a semana da Parada LGBT, no Grand Metrópole, The Week e Nacional Atlético Clube. 18.

O direito das minorias - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 29/05
Quando eu era pequeno e queria ser padre, aprendi que Jesus estava em todos os lugares discretamente, sem espalhafato, em silêncio, quase sem ser notado, a não ser pelos efeitos de seus milagres. No sábado passado, porém, aprendi que ele pode ser introduzido em algum lugar por meio de músicas em alto volume, gritos e anátemas. Isso se deu quando mais de mil pessoas estavam assistindo ao concerto da Orquestra de Câmera Franz Liszt, no Teatro Municipal, enquanto do lado de fora acontecia a Marcha para Jesus, que, depois de percorrer o Centro da cidade com sete trios elétricos, terminava com um show de cantores evangélicos num palco nas escadarias da Câmara de Vereadores. Embalada por um coro de anunciados 500 mil fiéis, já que todos pareciam conhecer os sucessos, a "festa gospel" tomou conta da Cinelândia e, como não podia deixar de ser, "vazou" para dentro do teatro. O ruído invasivo, perceptível em alguns pontos mais do que em outros, interferia num delicado concerto de violinos, violas, violoncelos e contrabaixo, com a participação especial do franco-suíço Emmanuel Pahud, um dos maiores flautistas da atualidade. O som que saía de sua flauta de ouro - é de ouro não só por causa do material de que é feita, mas pelos acordes que emite - conduzia Bach, Vivaldi ou Mozart a uma dimensão celestial, com licença pelo uso do termo.Nada contra a Marcha, um espetáculo alegre e festivo, embora eu preferisse que o apresentador fosse menos belicoso e obscurantista. Não precisava amaldiçoar tanto e entregar a Satanás os que não comungam da mesma ira contra homossexualismo, casamento gay e aborto (sobrou até para a presidente Dilma). Mas, de qualquer maneira, a culpa pela duplicidade de eventos conflitantes no mesmo lugar não é dos evangélicos, e sim de quem autorizou a realização simultânea, sem antes consultar a programação do Municipal. Para não parecer privilégio elitista, pode-se argumentar que o espaço em que o concerto foi realizado criou uma tradição, pois abriga há mais de cem anos esse tipo de manifestação cultural, enquanto a Marcha tinha à sua disposição outros lugares até mais apropriados, como Sambódromo, Aterro e o Parque de Madureira, já que cerca de 300 ônibus trouxeram público da Zona Norte, subúrbios e Baixada Fluminense.

Afinal, democracia é quando a vontade da maioria respeita o direito das minorias.

PS. Salve a Comlurb. Para chegar ao Municipal, passava-se por montes de lixo. Ao sair, as ruas em volta estavam completamente limpas. Uma beleza.

-----

O humorista Tutty Vasques, do Estadão, publicou que Alice, minha neta, e Lucinda, a do Verissimo, vão ser tema de uma mesa de debate na próxima Flip (de uma só?). Até agora, porém, não fomos comunicados oficialmente.

-----

Na Marcha para Jesus, um apresentador belicoso e obscurantista. Não precisava amaldiçoar e entregar a Satanás os que não comungam da mesma ira contra homossexualismo, casamento gay e aborto

O troco em balinha - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 29/05

Anúncios contra a pirataria no Brasil e nos Estados Unidos ajudam a reavaliar a diferença entre os países


Comprei pouquíssimos DVDs piratas ao longo da vida. Uma vez, há dez anos, em total estado de inocência, vi que existia uma banquinha na frente do Espaço Unibanco, e achei que era uma espécie de sebo ou venda de ocasião.

Nesse espírito, levei uma coleção de filmes sobre a história do jazz. Mais parecia um samba de breque.

Muito tempo depois, ou melhor, no mês passado, comprei uma leva dos filmes do Oscar que eu não tinha conseguido ver. O DVD não ficava empacando o tempo todo.

Mesmo assim, a experiência deixou a desejar. "O Mestre", por exemplo, filme bastante chato sobre o criador da cientologia, tinha legendas mais absurdas do que as próprias teorias apresentadas durante a história.

Prefiro comprar DVDs "seminovos" ou remexer nos saldões da Blockbuster. Claro, isso me deixa mais desatualizado do que nunca em termos de cinema americano. Enfim, há vantagens e desvantagens.

Mas talvez o melhor do DVD pirata esteja no fato de que ali, pelo menos, não temos de ver anúncios contra a pirataria.

O que mais me irrita, nesse tipo de coisa, é que eles desabilitam o seu controle remoto: não consigo pular o anúncio. Sou obrigado a assisti-lo, a ser doutrinado na defesa dos direitos de Steven Spielberg, dos donos da Fox.

Os anúncios brasileiros são bastante criativos, aliás. Mas o interessante é quando você topa com uma mensagem americana contra a pirataria. A comparação pode ser instrutiva quanto às diferenças de mentalidade nos dois países.

Nos Estados Unidos, eles mostram dois consumidores. Bill, conta o anúncio, chamou os amigos para assistir um filme em casa. Está tudo pronto, a cerveja, a pipoca. Tony, em outro apartamento, fez o mesmo.

Só que Tony comprou um DVD pirata. O som é péssimo; a imagem, turva. Pobre Tony! Seus amigos o abandonam. Ele luta com o controle remoto, e as pipocas se espalham pelo chão. Ficou sozinho. Não é mais popular. É um "loser".

No Brasil, como se sabe, os anúncios antipirataria têm outro conteúdo. O vendedor de DVDs piratas dá o troco "em balinha": são munições de metralhadora.

Ou então é o pai edificante, repreendendo o filho porque colou o trabalho do colégio. Só que assiste ao DVD pirata. O filho o repreende em troca.

Embora eu não tenha certeza das ligações entre pirataria e tráfico de drogas (ou sequestro, ou terroristas da Al Qaeda), reconheço nos anúncios brasileiros um conteúdo moral mais elevado. Trata-se de apelar para o respeito à lei.

Nos Estados Unidos, o apelo é aos interesses do próprio consumidor. Que se refletem, sobretudo, na aprovação dos seus pares.

Usando a velha distinção de David Riesman, em "A Multidão Solitária", seria o caso de dizer que o brasileiro seria ainda um exemplo de cidadão "autodirigido", ou seja, alguém que incorporou dentro de si a legalidade.

Precisa ser apenas, digamos, melhor informado sobre a lei específica em questão, mas haverá de colaborar. Quer se olhar no espelho e se enxergar como um cidadão de bem.

Já o espectador americano perdeu qualquer senso de civismo. Na tipologia de Riesman, é o "heterodirigido": não pensa em ficar bem consigo mesmo, mas sim em ficar bem com os amigos. Não quer ser visto como um muquirana, um pobretão, um molambento eletrônico.

Estaremos tão bem assim em termos de escala de valores? Há algum tempo, tudo levaria a crer que passaria por otário, por um "caxias", o sujeito que não compra DVDs piratas. Hoje, o apelo do anúncio brasileiro se dirige aos admiradores de Joaquim Barbosa.

Se funciona ou não, é outro caso. Será menor o comércio pirata em São Paulo do que em Los Angeles?

Talvez o anúncio relacionando crime organizado e pirataria convença menos por lá. Afinal, num mundo em que os direitos autorais são uma fonte de renda tantas vezes ilegítima (basta pensar no quanto ganham os netos de um escritor morto há décadas), a condenação à pirataria é um bocado problemática.

Já se mudou a legislação a respeito, estendendo a validade dos direitos sobre uma obra, para responder a um risco iminente: o de que a imagem de Mickey Mouse passasse ao domínio público.

Com lei ou não, é ainda o mundo de Tio Patinhas; Donald, certamente, tenta o DVD pirata, enquanto os escoteiros-mirins suspiram desolados.

Brinquedos de meninos - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 29/05

SÃO PAULO - Hoje eu peço licença para discordar da geralmente ótima Rosely Sayão. Há fortes evidências a sugerir que as preferências de meninos e meninas por brinquedos específicos para cada gênero envolvem mais do que preconceitos, estereótipos e a irresponsabilidade social de fabricantes. Ao que tudo indica, existe uma base biológica para as distintas predileções.

Para começar, brincadeiras típicas de machos e fêmeas não são uma exclusividade humana. Em 2010, o primatologista Richard Wrangham, de Harvard, ganhou manchetes ao publicar um estudo descrevendo como fêmeas jovens de chimpanzés brincavam com pedaços de pau como se fossem bonecas. Elas chegavam a construir ninhos na floresta para acomodar os gravetos à noite. Machos da mesma idade por vezes topavam brincar de casinha com elas, mas o uso preferencial que davam aos galhos era o de armas simuladas.

Aparentemente, os níveis de exposição do feto a hormônios respondem ao menos em parte pela predisposição. Em 2009, Bonnie Auyeung e colaboradores mostraram que meninas que estiveram expostas a mais testosterona durante a gravidez tendiam na infância a engajar-se mais em brincadeiras típicas de garotos. No caso de animais não humanos, cientistas foram capazes de mudar o comportamento de jovens manipulando os hormônios fetais.

E quanto às cores? O rosa para meninas e o azul para meninos. Isso pelo menos é um capricho, uma arbitrariedade cultural que impomos a nossos filhos, certo? Talvez não.

Estudos com mamíferos revelam que fêmeas preferem cores mais quentes como vermelho e rosa. Em machos não há uma predileção clara. No caso de humanos, esse padrão aparece mesmo quando lidamos com culturas bem distintas, como norte-americanos e chineses.

A biologia talvez não explique todas as diferenças, mas revela que não somos uma tábula rasa de gênero.

Contra o crime - SONIA RACY

ESTADÃO - 29/05

Alckmin prepara reformulação no Disque Denúncia. Criará nova modalidade de denúncia (além da anônima), que premiará, financeiramente, quem ajudar a elucidar crimes. Para tanto, será preciso se identificar.

Ainda há dúvida se o sistema funcionará por meio do atual telefone do DD – o 181 – ou se um novo número será criado.

Assim como o bônus a policiais, o projeto faz parte do pacote de medidas do governo para a área da segurança.

Vai saber…
Quem conversou reservadamente com integrantes do BC deduziu que o Copom vai aumentar a taxa de juros, hoje, em meio ponto porcentual.

A conferir se o BC conseguiu administrar as expectativas.

Suspense
Deve sair ainda esta semana a venda da Alphaville Participações, que pertence à Gafisa. Para fundo peso-pesado.

O valor total da empresa é estimado em R$ 2 bilhões.

Contra o tempo
Foram tantos pedidos de fotos a Celso Russomanno na posse de Rogério Hamam no Desenvolvimento Social, ontem, que ele quase não chega a tempo de comandar quadro no Programa da Tarde, na Record.

In memoriam
No processo para tentar deslocar sua imagem da Universal, o PRB nomeará a fundação do partido de… José Alencar.

Sobre quatro patas
A direção do Jockey enviou comunicado aos associados, informando que vai reter 30% do valor dos prêmios das corridas, aumentar de 2% para 5% a taxa de inscrição para animais de até 4 anos e cobrar taxa de inscrição de 10% para algumas provas.

Além disso, pretende elevar a retirada de apostas.

Quatro patas 2
Justificativa? O “terrível impacto de imagem provocado pela atuação isolada de um pequeno grupo de associados e moradores da região”, diz o comunicado.

No ar
A TAM Aviação Executiva pretende fazer festa no dia 8 de junho. Vai expor aeronaves modelo Cessna e um helicóptero 429 da Bells no evento Fly & Drive Experience, que acontece no hangar da empresa, em Jundiaí.

Detalhe: 70 pessoas do mailing têm carros acima de R$ 1 milhão.

Duelo em outro campo
Corinthians e Boca Juniors deixarão o futebol de lado para jogar… polo. É a Copa Ouro São José Polo Audi, sob o comando de José Eduardo Kalil.

E os argentinos contarão com um artilheiro de Copa do Mundo: Gabriel Batistuta. Além de Ernesto Gutierrez.

Já do lado brasileiro estão confirmados os polistas Felipe Rodrigues e Calão Mello.

Na frente
Alckmin estará, hoje, ao vivo na bancada do Balanço Geral, da Record Santos. Um dia depois de acomodar em seu governo o PRB, partido ligado à emissora e à Igreja Universal do Reino de Deus.

Além da Prada – ontem, no Shopping JK –, também a Tiffany arma pré-estreia de O Grande Gatsby. Dia 6, no Cinemark Cidade Jardim. Ambas contribuíram para o filme.

Mauro Marsili, cônsul geral da Itália em São Paulo, organiza a Festa da República Italiana. Dia 4, no Iate Clube de Santos.

A Fendi abre sua primeira loja no Brasil. Terça-feira, com exposição e leilão de bolsas baguette. No Shopping Cidade Jardim.

E estreou ontem o BuscaLeg, espécie de Google do Poder Legislativo – que reúne todas as notícias sobre o Congresso. Gaiato digitou: “Dilma Rousseff”. Resposta? “Sua busca está sendo processada, mas ainda não encontrou nenhum resultado”.

Caixa! O Dudu tá lendo errado! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 29/05

E o prefeito Eduardo Paes acusado de agredir músico. Ele só queria incluir o UFC nas Olimpíadas


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Grupo é preso ao fazer gato em peixaria de BH". É muita sacanagem fazer gato em peixaria! Rarará.

E tem uma agência da Caixa Econômica num bairro em Porto Alegre: Caixa agência Tristeza! Achei! Descobri a origem dos boatos de extinção do Bolsa Família: agência Tristeza! Rarará!

Foi nessa tristeza que começaram os boatos!

E essa confusão toda da Caixa? O Dudu tá lendo. Só que errado! Deviam fazer um novo comercial da Caixa: "O Dudu tá lendo errado!". Rarará!

E o prefeito Eduardo Paes acusado de agredir músico? Ele só queria incluir o UFC nas Olimpíadas!

E o agredido que xingava o prefeito se chama Botkay! Devia se chamar Batekay!

E o Sensacionalista revela que Paes pediu desculpas à população: "Eu não devia ter dado um soco, devia ter dado uns dez". Rarará!

Olha, se me xingassem de "bosta e vagabundo", como esse cara fez com o prefeito, eu dava uma voadora nas oreia! Rarará!

E adorei essa faixa na Marcha das Vadias em Porto Alegre: "Tenho orgasmos, e o Marco Feliciano não me representa".

E um pastor que xingou as participantes da Marcha das Vadias de comunistas?! Rarará!

E o Marco Feliciano confirmou presença na Parada Gay. Fantasiado de armário! Vai sair em cima de um trio elétrico fantasiado de armário e chapinha! Rarará.

E o Kibeloco revela mais duas manchetes para 2030! Como será o Brasil em 2030.

Entretenimento: 1) "Carro inteligente é atropelado em programa matinal por loira que pensa". Isso, até 2030 a Ana Maria Braga vai pensar. Rarará!

2) "Ex de Ju Paes fica com futura ex de Galisteu que é ex de ex-ex-BBB". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

Os Predestinados! É que em Fortaleza tem um médico obstetra: dr. Kitt Rôla!

E o chefe de segurança da Copa das Confederações que proibiu a caxirola se chama Hilário! Não pode! Não inspira respeito.

"Não pode entrar no estádio com a caxirola". Quaquaquá! Hilário.

"Não pode subir nas cadeiras". Quaquaquá! Hilário! Rarará.

Nóis sofre mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Rhayneres e Danilos - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 29/05

Há, no Brasil, muitos meias-atacantes velozes e dribladores e poucos com muita técnica e lucidez


Por causa de más atuações e da força do Olimpia, em casa, o Fluminense corre grandes riscos de ser eliminado. Já o Atlético-MG, no Independência, é favoritíssimo.

Na primeira partida entre Fluminense e Olimpia, vi, pela primeira vez, na íntegra, o jovem Rhayner jogar. Ele tem sido bastante elogiado. Lembrei-me de Negueba, quando atuava pelo Flamengo, hoje contratado pelo São Paulo. Negueba está contundido. Ney Franco, que era treinador da seleção sub-20, deve ter gostado muito do jogador.

Escrevi, tempos atrás, uma crônica com o título: "País dos Neguebas". Alertava que o Brasil produz, cada vez mais, do meio para a frente, jogadores como Negueba e Rhayner, velozes, dribladores, mas com pouca técnica e lucidez. Ameaçam muito e realizam pouco. Passam e finalizam mal. Parecem melhores do que são. Foi o que vi em Rhayner. Espero que ele e Negueba não sejam somente isso.

Esse tipo de jogador costuma brilhar nas categorias de base. No time profissional, perde a vantagem física e frustra seus admiradores.

Nos últimos tempos, proliferaram, no Brasil, os Neguebas e os Rhayneres, em detrimentos dos Danilos. O jogador do Corinthians tem características opostas. Possui pouca velocidade e mobilidade. Dribla pouco, mas tem muita técnica e lucidez. Passa e finaliza bem. É melhor que parece. Seus inúmeros gols, em jogos decisivos, não são coincidência.

Evidentemente, há jogadores nos estilos de Rhayner e Danilo, com variadas qualidades técnicas. Os craques são os que reúnem, em alto nível, as duas características.

Quem assistiu às partidas entre Borussia e Bayern e entre Flamengo e Santos percebeu que, além das diferenças individuais, os dois times alemães deixavam pouquíssimos espaços entre os setores, e quem estava com a bola era bastante pressionado. A distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado era a metade da do clássico brasileiro.

Já Corinthians e Botafogo mostraram um futebol moderno e eficiente. O Corinthians faz escola. O time, ao vencer vários títulos importantes, com uma estratégia parecida com a das melhores equipes do mundo, mostra que a opinião de que, no Brasil, por causa da tradição e do estilo, não dá para fazer certas coisas é conversa de preguiçoso e de incompetente. Quem não sabe aprende.

A moda é o futebol alemão. Para os "entendidos", o Barcelona e o futebol espanhol já eram. Para recuperar o trono, o Barça não precisa mudar o estilo. Tem de corrigir as várias deficiências. O time possui fracos reservas, em algumas posições, como na zaga, não recupera a bola como fazia, é deficiente nas jogadas aéreas defensivas, nunca usa o cruzamento --uma opção eficiente em alguns momentos--, além de não ter um excepcional atacante, fora Messi. Agora tem.

O Brasil precisa decidir - ANDRÉS MALAMUD

O GLOBO - 29/05

Sem pensamento estratégico vamos perder o que construímos." Assim falou Lula num encontro recente com intelectuais argentinos, segundo manchete do jornal pró-governo "Página/12". Para enfatizar que não se referia apenas ao Brasil, o ex-presidente acrescentou: "Ou crescemos juntos ou ficamos pobres todos juntos." As frases revelam duas preocupações. Por um lado, assinalam que não existe pensamento estratégico regional: se houvesse, não seria necessário alertar sobre a sua ausência.

Por outro lado, reflete a convicção de que o destino do Brasil é indissociável do da América do Sul.

Lula está em boa posição para defender a primeira afirmação, mas os fatos desmentem a segunda. Que falta pensamento estratégico, falta; mas os países da região não emergirão ou naufragarão em bloco. Pelo contrário, esta década testemunha uma novidade histórica: pela primeira vez em meio século, os caminhos se bifurcam. É preciso escolher.

Desde há cinquenta anos, a América do Sul move-se quase que em uníssono. A década de 1970 se caracterizou pelo retrocesso democrático (ditaduras na Argentina, no Brasil, no Chile e no Uruguai) e choques petrolíferos que afetaram cada país em função dos seus recursos: a Venezuela se beneficiou, mas a Argentina e o Chile sofreram e o milagre brasileiro acabou. Os anos 1980 trouxeram a recuperação coletiva da democracia e, ao mesmo tempo, ficaram conhecidos como "a década perdida" por causa da crise da dívida. Embora com um viés populista, nos anos 1990 a democracia resistiu em todos os países (exceto no Peru), e também em todos os países o neoliberalismo dominou as políticas econômicas. Como reação ao ajuste e consequente desemprego, na primeira década do século XXI houve uma guinada à esquerda: a onda cor de rosa varreu o continente e a direita ficou reduzida a enclaves como a Colômbia. A novidade chegou na década atual: os países sulamericanos, lenta mas consistentemente, começam a navegar em distintas direções. A Unasul, uma invenção brasileira de tenra idade, dilui- se dentro de uma América Latina maior. E a responsabilidade não é do culpado tradicional, os Estados Unidos, mas da potência que tende a substituí-lo: a China. A mudança de hegemonia esconde uma constante: o país que ordena a região continua sendo externo a ela.

Hoje, os que escolheram integrar-se ao mundo por meio do livre comércio crescem mais do que o resto. A Aliança do Pacífico, que reintroduz o México como membro da região ao lado do Chile, da Colômbia e do Peru, é a sensação do momento. Defronte à Aliança está a alternativa bolivariana encarnada pela Alba, que ostenta um pendor protecionista e cujo país-líder está afundando. O futuro político da Venezuela é incerto, mas o seu futuro econômico é tétrico. A Argentina, mesmo não pertencendo a nenhum dos dois blocos, se parece cada vez mais com o segundo. O terceiro grupo é o Brasil sozinho, espremido por um coração protecionista e um cérebro "aberturista". O seu desempenho econômico tem sido medíocre e, em consequência, quase nem pode consigo mesmo. O gigante carece da capacidade para intervir na vizinhança sob o risco de desmascarar a sua impotência e, por isso, limita- se a exercer uma suave e fraca influência. Mas o colapso iminente da Argentina e da Venezuela ameaça arrastá-lo e o debate interno se aquece: se o Brasil não pode resgatar os vizinhos, será que deve acompanhá-los? A resposta é óbvia e opções começam a ser estudadas. Uma delas é que o Mercosul imite a Comunidade Andina e, mantendo a ficção da integração, permita seus membros assinar tratados comerciais com terceiros países.

É verdade que a situação da Argentina ainda não é tão grave como a da Venezuela: ambas gozam de governos ruins, mas apenas Caracas sofre a maldição dos recursos. Noutras palavras, a crise argentina é autoinfligida e reversível. Porém, confiar na reversão é um risco que o Brasil não precisa correr. E, se o Brasil decidisse seguir em frente, aos argentinos apenas restaria o consolo de levantar a Copa no Maracanã.

Sem dúvidas, entre vencer o Mundial ou conceber um pensamento estratégico, muitos argentinos elegeriam a primeira opção. A eles, o seu governo os representa bem. Será que o brasileiro também?

Uma ponte para o Sul - ROSÂNGELA BITTAR

Valor Econômico - 29/05

É público que Jorge Bornhausen, ex-ministro, ex-senador, ex-embaixador, ex-governador, atualmente sem filiação partidária, investiu uns 15 anos de sua vida política na carreira de Gilberto Kassab, o ex-prefeito de São Paulo que abrigou no PFL, vindo do PL, e apoiou na difícil tarefa de criar um novo partido, o PSD, quando ambos se apartaram do DEM. É uma cacofonia de siglas, mas todas guardando uma certa coerência política. Esta semana, deu-se uma nova virada nos rumos da política que Bornhausen pratica. Reuniu-se com Kassab para uma conversa que não chegou a ser de despedida, porque são e continuarão amigos, mas para troca de impressões sobre os caminhos agora opostos que trilharão.

Bornhausen, mesmo sem filiação partidária e sem candidatura, estará sempre do lado oposto ao do PT na política. Kassab agora é aliado do PT, vai apoiar Dilma Rousseff em sua campanha de reeleição, seu partido integra o Ministério do governo petista.

Bornhausen recusa a ideia corrente no DEM de que ele foi o criador de Kassab. "Quando ele veio para o PFL já era deputado pelo PL. Já tinha uma posição de destaque, veio a meu convite para ajudar a formar o PFL de São Paulo, o que ele fez muito bem. Depois foi eleito deputado federal, foi vice-prefeito, prefeito, é meu amigo, gosto muito dele".

"Credibilidade é mais importante que popularidade"

O líder catarinense também não se acha decisivo na formação do PSD, mesmo que tenham aderido ao novo partido um governador e um senador do seu grupo, Raimundo Colombo e Kátia Abreu, além de seu filho Paulo Bornhausen.

"Eu apenas aconselhei os que me procuraram a examinar bem suas convicções, suas questões, mais nada. A decisão de Santa Catarina foi tomada em Santa Catarina, não foi por minha causa".

Há muitos anos Jorge Bornhausen traçou uma linha de separação dos campos políticos para não haver hipótese de tangenciar o PT, e com ela foi coerente, sempre. O PSD está com o PT, portanto dele se afastou, politicamente, pois já não é filiado.

Na verdade, desde que se desfiliou do DEM, Bornhausen não ingressou em nenhum outro partido. Por que não ir com o PSD às eleições presidenciais? "O PT de Santa Catarina sempre fez suas ações contra a minha pessoa. Tudo foi sempre pessoal. É uma questão de dignidade eu não votar nem apoiar qualquer candidato do PT", afirma Bornhausen.

Quem acompanha sua trajetória lembra-se da indignação que lhe provocaram os cartazes, elaborados e distribuídos pelo PT, anos atrás, com seu rosto colocado no corpo de Hittler. "Manifestações daquela natureza continuam até hoje", cita Bornhausen.

É também público que o ex-senador, ex-ministro, ex-governador, ex-embaixador, o líder político de Santa Catarina, está apoiando a candidatura presidencial de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco, do PSB. Bornhausen virou socialista? Ele ri e afirma: "Eu votarei nele se vier a ser candidato e tudo indica que sim".

Definindo o que o ajuda a manter a coerência, afirma: "Eu acho que, em política, o mais importante não é a popularidade, é a credibilidade. Ao me manifestar em favor da candidatura do Eduardo Campos, eu me mantenho dentro da linha de credibilidade na minha vida política. Jamais poderia apoiar aqueles de quem sempre divergi, que eram os integrantes do PT", comenta.

Bornhausen declarou voto em Eduardo, e com ele já participou de algumas reuniões. O governador pernambucano convidou Paulo Bornhausen para filiar-se ao PSB, mas o deputado ainda não se decidiu. "Ele tem muito tempo, só precisa responder em setembro".

A opção por Eduardo Campos é uma guinada política na sua vida? Bornhausen se mostra impressionado com a atuação do governador: "Não, não é nenhuma guinada. Ele é um administrador moderno, vem executando suas tarefas tendo sempre em vista o desenvolvimento, o crescimento do seu Estado, utiliza-se de todos os meios modernos de administração, fazendo com que a meritocracia seja um critério integrante do sistema na educação, na saúde, na segurança, admiro seu trabalho. Dai porque, pessoalmente, já fiz a minha opção de voto".

O que vai acontecer com seu grupo, Bornhausen não arrisca prever, ainda. "Cabe ao deputado Paulo Bornhausen escolher o seu caminho. Ele já disse que também não acompanha a candidatura da Dilma. Quanto ao ingresso no PSB, ele recebeu um convite público do governador Eduardo Campos e está examinando, com outros companheiros, essa possibilidade".

O partido de Eduardo Campos tem uma comissão provisória em Santa Catarina, presidida pelo ex-senador Geraldo Althoff.

Se houver filiação de parlamentares, caso do Paulinho Bornhausen, por exemplo, deverá haver alguma alteração. Mas a presidência, na avaliação do líder catarinense, deve continuar com quem está. "Althoff é um homem íntegro, da melhor qualidade". Se Paulo Bornhausen vai para o PSB ou não, até setembro todos saberão. Se não for, sua alternativa é ficar numa situação de dissidente no PSD que, segundo Bornhausen, " tudo indica", vai apoiar a Presidente da República.

Foi mais ou menos esse o fio da meada da conversa que Bornhausen e Kassab mantiveram esta semana. "Absolutamente, minha relação de amizade com ele não tem porta para qualquer despedida. Eu coloquei a situação, evidentemente minha, e a decisão que Paulinho tomará, de acordo com o que ele achar melhor para o futuro dele. Mas jamais fazer uma despedida de uma amizade que é, para mim, muito importante, sobretudo é afetiva".

Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".

Se Deus é brasileiro... - MAURO LAVIOLA

O GLOBO - 29/05
Foi-se o tempo em que os mexicanos queixavam-se de suas desventuras sintetizadas na célebre frase "lejos de Diós y cerca de los Estados Unidos".

Os dados mais recentes apontam índices expressivos de desempenho que contrastam com os da economia brasileira em 2012: * crescimento do PIB de 3,9%; * taxa de investimento de 21,5%; * inflação controlada em 3,6%; * carga tributária de 18% (metade da brasileira); * encargos salariais um terço menores que no Brasil, e, * participação de 73% de industrializados nas exportações do país.

Em matéria de burocracia os dados são alarmantes: lá o tempo médio para abrir uma empresa é de 9 dias, enquanto aqui alcança 119! O desalinho financeiro mundial dos anos 2008/2009 piorou as finanças e os investimentos locais porque as empresas multinacionais passaram a concentrar suas aplicações no Sul do continente americano, especialmente no Brasil.

Nesse cenário, é doloroso constatar que as duas maiores economias latino-americanas mantiveramse de costas uma para outra desde o último decênio do século XX.

As cifras do comércio bilateral registram, até hoje, índices irrisórios e incompatíveis com o tamanho de suas economias.

Não se sabe bem por que o afastamento brasileiro-mexicano atingiu níveis tão críticos, mas percebe-se que o tempo revelou existir uma crise diplomática, não totalmente desvelada, entre as duas nações.

As duas nações trilham caminhos opostos. O Brasil vem adotando uma série de medidas pontuais para disfarçar as mazelas que provocam sua já endêmica falta de competitividade de bens industrializados no cenário internacional como forma de disfarçar sua incapacidade de promover uma série de reformas, perfeitamente identificadas, para dar um salto de qualidade.

Ao contrário, esmera-se na adoção de formas paliativas na obtenção de índices favoráveis de crescimento e distribuição de renda que não são sustentáveis no longo prazo e que tendem a comprometer seriamente de um lado, as contas públicas, de outro, o desempenho empresarial.

O México, por seu turno, parece ter acordado do pesadelo da proximidade ianque. Os últimos governos resolveram abrir a economia com aprovação do empresariado e do Legislativo, mediante um pacto federativo envolvendo 95 distintos compromissos visando ao aumento da competitividade, ao desmembramento de monopólios e ao fim da política de subsídios, entre outros.

Nas relações internacionais, o país desfruta de vários acordos de livre comércio envolvendo 44 países, especialmente do Primeiro Mundo.

Enquanto isso, entre outras mazelas, sustentamos um Mercosul falido e os desaforos da política comercial argentina.

Só nos resta fazer preces para que Deus seja um pouco mais brasileiro.

Agora, a tempestividade - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 29/05

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúnem hoje para rever os juros, bem menos confiantes do que estavam no início deste ano.

Em meados de 2012, o Banco Central via a inflação como surto passageiro provocado pelo choque de oferta de grãos (quebra de safras), devido à seca no Meio-Oeste dos Estados Unidos, grande produtor mundial. Seus comunicados avisavam que a inflação deveria recuar espontaneamente para a meta (4,5% ao ano), "ainda que de forma não linear".

Aos poucos, o Banco Central passou a admitir que o choque de oferta não era tudo. A inflação apresentava-se forte e espalhada, turbinada por novos fatores, não apenas os externos, mas, também, uma demanda interna superior à capacidade de oferta da economia, sobretudo no setor de serviços. Esse quadro, por sua vez, era consequência tanto de despesas excessivas do setor público ("política fiscal expansionista") como do forte aquecimento do mercado de trabalho, que puxou a renda e os custos de produção. Nas entrevistas, o presidente do Banco Central assumia então que "não estava confortável" com a virulência da inflação. Mesmo depois de ter se prontificado a voltar a puxar para cima os juros básicos (Selic), os comunicados limitavam-se a afirmar que o Banco Central continuaria vigilante em relação ao comportamento da inflação e conduziria sua política "com cautela". Essa expressão foi entendida como senha de que a autoridade monetária seguia agindo com o breque de mão puxado.

Dia 21, no entanto, em depoimento no Congresso, Alexandre Tombini evitou repetir que agiria "com cautela" e sacou do repertório semântico do Banco Central outra expressão: a de que para combater a inflação fará o que for necessário, "de forma tempestiva".

As mudanças de posição têm a ver com o novo foco da política de despesas do governo Dilma, que rompeu o acordo com o Banco Central e já não se compromete a executar o Orçamento da União com austeridade suficiente para garantir sobras de arrecadação (superávit primário) de 3,1% ao ano. No final de 2012, já houve aquele passe de mágica contábil que escamoteou as metas fiscais previamente combinadas. E, na semana passada, o ministro Guido Mantega avisou que o governo fará descontos nos cálculos que, na prática, derrubarão o superávit primário para apenas 2,3% do PIB, novo número que também não passa firmeza, porque pode ser menor.

Como a política fiscal já não faz a sua parte, a necessidade de controlar a inflação passa a depender mais do aperto da política monetária (alta de juros), o que, de quebra, levou o Banco Central a permitir que o câmbio se valorizasse em termos reais - na medida em que a inflação concorre para baixar o preço do real em dólares.

Mesmo depois de prejudicado em sua capacidade de gerenciar as expectativas, não há opção para o Banco Central senão a de seguir aumentando os juros. Falta saber se a tal tempestividade se limitará a repetir, ainda que por mais tempo, aumentos dosados de juros de 0,25 ponto porcentual, como o de abril, ou se implicará um reforço para 0,50 ponto porcentual ao ano, que teria a vantagem de apressar o ajuste.

Novas utopias oficialistas - MARCELO DE PAIVA ABREU

ESTADÃO - 29/05

O professor Mangabeira Unger retomou sua pregação quanto ao futuro do Brasil no artigo Mudar de rumo e de ideia (Folha de S.Paulo, 9/5). É salutar que intelectuais públicos difundam suas ideias quanto às reformas que julgam importantes para que o Brasil progrida, reduza as gritantes desigualdades sociais e aumente a sua influência no mundo. E é natural que visões utópicas ocupem espaço nessas propostas, embora seja desejável que, à medida que o tempo passe, propostas reformistas ganhem em realismo. Não é o caso das propostas de Mangabeira.

Desde o final dos anos 1970, com Participação, salário e voto: um projeto de democracia para o Brasil, coautorado com Edmar Bacha, Mangabeira tem publicado regularmente livros com propostas ousadas de reconstrução nacional marcadas por utopias tropicalizadas, salpicadas de esquisitices e de traços autoritários.

Na essência, o autor rejeita, pela rama, o que chama de "modernização conservadora", e defende o projeto de "produtivismo includente" baseado em sete iniciativas: 1) "Forçar a elevação da poupança". 2) Levar as pequenas e médias empresas à ponta da inovação, inclusive na agricultura familiar. 3) "Instrumentalizar o empreendedorismo emergente e espontâneo, resgatando do emprego informal metade da população economicamente ativa". 4) Substituir, na educação, "a decoreba (...) por ensino analítico e capacitador". 5) Reconstruir o sistema de saúde que hoje subsidia via favores fiscais 20% dos brasileiros à custa dos 80% que dependem do SUS. 6) Unir a América do Sul em torno da agenda de " produtivismo includente" e abrir espaço para esta agenda na ordem econômica mundial. Fazer causa comum com os EUA contra a China ameaçadora. 7) Tratar com seriedade a defesa da Nação.

As ideias dividem-se em duas categorias: as vagas e as erradas. Todos querem aumentar a poupança ou dar foco à educação. Resta saber como. "Produtivismo includente" soa bem, mas não é caminho fácil. Há considerável tradição governamental de apoio à inovação pela pequena e média empresa: o caminho na indústria e nos serviços é árduo e no campo, mais árduo ainda. Não sei como "instrumentalizar o empreendedorismo emergente" e duvido que alguém saiba. A ideia de que o SUS não funciona porque há favores fiscais em benefício dos ricos é simplista. A estratégia de política externa baseada na disseminação do "produtivismo includente" e na aproximação aos EUA em face da ameaça chinesa parece contraditória e fantasiosa. A sua melhor ideia é a de tratar com seriedade a defesa da Nação.

O que mais impressiona no artigo, bem além das limitações de substância, é o veemente apoio à candidatura da atual "presidenta". Dilma Rousseff, apesar de, na sua opinião, não ter rompido com o "ideário hegemônico", é a candidata mais apta a servir à causa do "produtivismo includente".

A trajetória política de Mangabeira tem sido marcada por recorrentes inflexões. Iniciada no brizolismo, passou pela candidatura Ciro Gomes e incluiu a fracassada candidatura à Prefeitura de São Paulo. À denúncia do governo petista como o mais corrupto da história seguiu-se abjuração e nomeação como ministro do governo Lula. A propensão ao oficialismo e a ser equivocadamente peremptório sobre o futuro tem sido muito forte desde os escritos de juventude. Basta lembrar o que escreveu em 1978, sete anos antes do fim do regime militar: "A politização das Forças Armadas no Brasil é, em certo sentido, irreversível (...). A mera volta às casernas não pode deixar de ser (...) medida temporária e perigosa que deixaria a espada pendurada sobre a cabeça da democracia principiante". Faro político duvidoso.

Quando leio Mangabeira Unger minha predileção pela "modernização conservadora" torna-se avassaladora.

Mais um teste para o Banco Central - CRISTIANO ROMERO

Valor Econômico - 29/05

Como o Copom frustrou as expectativas dos agentes, no dia seguinte o juro real começou a ceder - o patamar mais baixo foi registrado em 23 de abril: 2,6% ao ano. Embora a Selic tenha aumentado, na prática houve um afrouxamento das condições monetárias, uma vez que o juro real ficou menor do que estava quando o BC revelou maior preocupação com a inflação.

As semanas que sucederam ao encontro de abril mostraram uma rearrumação do discurso. Na decisão de abril, seis diretores do BC votaram pelo aumento da Selic e dois, pela manutenção. Dois dias depois, um dos diretores que votaram contra a alta - Luiz Awazu Pereira - explicou em Washington, durante debate, que o colegiado não tinha dúvidas quanto à necessidade de elevar o juro. A divergência era sobre o timing.

Uma semana depois, foi a vez de o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, proferir discurso duro sobre a natureza das pressões inflacionárias existentes neste momento e a necessidade de combatê-las. No mesmo dia, o BC informou que aquela não era opinião isolada de Hamilton, mas de toda a diretoria.

Nas últimas duas semanas, o presidente do BC, Alexandre Tombini, proferiu dois discursos com um único recado: o BC está "vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade [no tempo certo ou oportuno]", para derrubar a inflação. Ficou claro que o colegiado, em uníssono, decidiu apertar o passo do aperto monetário. A comunicação fez o juro real (da NTN-B de agosto de 2014) saltar de 2,6% em 23 de abril para 2,92% ao ano ontem (ver gráfico).

Dado o padrão recente do BC, de sinalizar uma coisa e fazer outra, analistas e tesoureiros estão divididos. No primeiro grupo, a maioria espera alta hoje de apenas 0,25 ponto percentual. No segundo, a aposta majoritária ainda é de um aumento de 0,5 ponto, embora essa probabilidade tenha perdido ontem um pouco de adesão.

Uma novidade em relação ao cenário de abril é a taxa de câmbio. Nas última semanas, o dólar tem se valorizado em decorrência de sinais mais animadores da economia americana e da possível reversão, antes do esperado, dos estímulos monetários concedidos pelo Federal Reserve. Apenas ontem, o real sofreu desvalorização de 0,87% frente à moeda americana.

O BC não tem muito o que fazer contra essa depreciação porque ela reflete um movimento global. Mas isso cria um constrangimento adicional para a política monetária, afinal, foi a desvalorização do real um dos principais fatores de pressão sobre os preços no ano passado. A perda de valor da moeda nacional torna ainda mais premente a alta da taxa Selic. No mercado, havia análises ontem de que, se o Copom hesitar novamente, o real poderá sofrer desvalorização ainda mais acentuada daqui em diante.

Outro elemento que vem sendo considerado é o PIB do primeiro trimestre, que o IBGE divulga hoje. O IBC-Br, indicador do BC que costuma antecipar o PIB, mostrou avanço de 1,05% entre janeiro e março. Nos últimos dias, surgiram no mercado estimativas pessimistas. Há a crença de que, se o PIB tiver crescido menos de 0,9%, dificilmente o Copom elevará a Selic em 50 pontos-base. A ver.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 29/05

Programa dá apoio de R$ 3 bi à agropecuária
A Finep (agência de inovação do governo federal) e o BNDES lançam hoje um programa para financiar empresas do setor agropecuário, no valor total de R$ 3 bilhões.

O primeiro edital do Inova Agro destina R$ 1 bilhão para projetos voltados ao desenvolvimento de produtos, máquinas e equipamentos e à melhoria das cadeias produtivas de insumo.

O crédito terá subsídio público, com juros abaixo da inflação (3,5% ao ano)

Serão até três anos de carência, e o prazo para pagar o principal pode chegar a dez anos, dependendo do risco tecnológico.

Empresas e consórcios poderão manifestar interesse até meados de julho. Os selecionados terão 60 meses para executar os projetos no país.

O programa abrange três linhas temáticas: insumos, processamento e ainda máquinas e equipamentos.

"O Brasil já é um importante agente global nesse setor, mas precisa ampliar seu raio de ação e desenvolver tecnologia", diz Glauco Arbix, presidente da Finep.

Essa é a sexta iniciativa do plano Inova Empresa, um conjunto de ações para fomentar novidades em setores considerados estratégicos.

"O que nos anima é ver empresas estimuladas a ousar em setores nos quais não entravam", afirma Arbix.

Já estão em estudo editais nas áreas de autopeças e sustentabilidade ambiental.

VAIVÉM DE PASSAGEIROS
O número de assentos disponíveis em voos internacionais com chegada ou partida no Brasil aumentou 8,63% neste mês, na comparação com maio do ano passado, de acordo com levantamento da Embratur.

As viagens para a América do Norte puxaram a expansão, com elevação de 19,67% no volume de assentos. Miami foi a cidade para a qual mais passagens foram oferecidas --pouco mais de 21 mil.

O número de voos e o de assentos entre o Brasil e a Europa, por outro lado, diminuíram --a Embratur considera os dados dos assentos, já que os aviões variam de tamanho.

Os voos tiveram retração de 1,27% e as passagens, de cerca de 0,30%.

A redução na disponibilidade de assentos foi registrada nos voos que conectam o país a Barcelona (-38,4%), a Milão (-24,35%), a Lisboa (-8,42%) e a Paris (-4,47%).

Entre o Brasil e os destinos da América Latina, houve alta de 9,51%.

Em Buenos Aires, capital da região com maior fluxo de passageiros com o Brasil, o crescimento foi de 5,84%.

ESCALA HOSPITALAR
A Logimed, empresa do grupo Andrade Gutierrez que atua com gestão e logística da cadeia de suprimentos hospitalar, vai entrar no mercado de Minas Gerais.

A companhia assinou um contrato com o Hospital Lifecenter, de Belo Horizonte, e uma parceria público privada com o Hospital Metropolitano de Barreiro.

Hoje, a Logimed trabalha apenas na região metropolitana de São Paulo.

Por enquanto, a empresa irá operar no Estado mineiro através de seu centro de distribuição de São Paulo. A expectativa, porém, é construir um novo galpão dentro de dois anos.

"Em um raio de 600 km, temos como trabalhar com um centro só. Mas projetamos nos expandir pelo interior de Minas e ter um novo CD", diz o presidente da empresa, Alexandre Dib.

"Não sabemos onde vamos instalá-lo, vai depender dos locais em que fecharmos contratos. O Triângulo Mineiro é uma boa opção", acrescenta Dib, que também estuda o mercado do Rio.

A Logimed administra 45 unidades atualmente e consegue que os hospitais economizem ao centralizar as compras deles.

O faturamento da empresa foi de R$ 158 milhões no ano passado.

Visita... O diretor do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), Rodney Irwin, estará em São Paulo no fim de junho.

...empresarial Ele participa de um seminário promovido pela Bovespa e pelo Cebds (conselho empresarial brasileiro) sobre a integração de relatórios pelas empresas.

LIVRO DE BELEZA
A história da fundadora de uma das mais conhecidas marcas de cosméticos do mundo chega ao Brasil com o livro "The Mary Kay Way".

A publicação da editora CLA relata detalhes da estratégia de venda direta e do estilo de liderança da empresária norte-americana.

No Brasil, a companhia já conta com mais de 150 mil vendedoras.

Em todo o mundo, são mais de 2,5 milhões de consultoras, quase todas mulheres. Os cosméticos da empresa são vendidos em 35 países.

Em 2011, o faturamento ultrapassou os US$ 3 bilhões.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 29/05

EXPORTAÇÕES DO RIO CAÍRAM MENOS QUE MÉDIA NACIONAL
Vendas externas do país recuaram 5,3% em 2012; no estado, queda foi de 2,3%. Estudo da Apex vai orientar ações lá fora

O Estado do Rio exportou menos em 2012, mas a redução nas vendas para o exterior foi proporcionalmente menor que média brasileira. As empresas fluminenses exportaram US$ 28,8 bilhões, queda de 2,3% sobre 2011. Com a crise internacional, o recuo no país foi mais que o dobro, 5,3%. Os dados estão em Perfil Exportador do Estado do Rio, estudo da Apex-Brasil que será divulgado pela Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico e pela Casa Civil fluminense, na próxima segunda. O levantamento vai orientar as ações do estado no exterior. "As grande empresas do Rio hoje são responsáveis por 98% das exportações. Temos potencial para aumentar a presença de micro, pequenas e médias empresas. O foco das ações será esse", diz Pedro Spadale, subsecretário de Relações Internacionais da Casa Civil. Segundo o estudo, o setor de óleo e gás representou 71% das vendas do estado ao exterior. Em segundo, aparecem ferro fundido, ferro e aço, com 8%. Os Estados Unidos permaneceram como principal parceiro comercial do Rio. Comprou R$ 7 bilhões em produtos, 24% do total. A China vem em 2º, com 17%; e a Índia, em 3º, com 11%. Desde 2007, o país subiu 30 posições no ranking.

12% das exportações
Foi quanto o Rio representou no total vendido pelo Brasil ao exterior no ano passado. O percentual é recorde. De cada US$ 10 do superávit comercial brasileiro, US$ 4,2 vieram do estado. 

Investimento
Estatais federais investiram R$ 30 bilhões de janeiro a abril de 2013. Gastaram 27% do previsto no Orçamento, um recorde em 13 anos, informa o Ministério do Planejamento. Em 2012, desembolsaram 25,3% da dotação do 1º quadrimestre; em 2010,24,8%. Os números saem hoje no Diário Oficial.

Imposto
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, da Firjan, entregou anteontem a Edison Lobão, do MME, o estudo sobre o impacto do custo do gás natural nas indústrias. O ministro defendeu reforma tributária que desonere itens básicos, de uso residencial ou industrial. No Brasil, o gás custa à indústria quatro vezes o valor pago nos EUA.

Dívida
Cresceu a proporção de famílias endividadas no país, em maio, segundo pesquisa que a CNC divulga hoje. Quase dois em três lares (64,3%) acumulam dívidas. Foi o maior resultado desde março de 2011. Em abril de 2013, eram 62,9%; em maio do ano passado, 55,9%. Dos entrevistados, 7,5% disseram que não terão condições de pagar todos os débitos.

Varejo
As vendas no varejo carioca cresceram em abril pelo 4º mês seguido, na comparação com um ano antes. Pesquisa do CDL-Rio com 750 lojistas apurou alta de 5,5% nas receitas. No 1º quadrimestre, o faturamento subiu 5,4% sobre janeiro-abril de 2012.

‘Wellcome’
A Embratur bateu o martelo sobre o modelo de recepção de estrangeiros para a Copa das Confederações. Nas seis cidades-sede, haverá 45 Centros de Atendimento ao Turista, 5.288 voluntários e 900 roteiros, em português, inglês e espanhol. A operação será coordenada do Rio.

Feriadão
A hotelaria carioca está com 67,85% de ocupação para o feriadão de Corpus Christi, contra 69,8% em 2012, diz a ABIH-RJ. A retração tem a ver com a maior oferta de hotéis. No interior fluminense, as reservas subiram para 72,5%, ante 71,14% no ano passado.

Inglês
A Plan Idiomas Direcionados fechou contrato com a Windsor Hotéis. Vai dar aulas de inglês a 400 funcionários da rede, em 12 hotéis do Rio. A rede de cursos prevê alta de 8% no faturamento.

Café 1
O Festival Vale do Café 2013 terá patrocínio da Citroën pela primeira vez. No total, o evento, que acontece em julho, receberá R$ 5 milhões em investimento. São 15% mais que em 2012.

Café 2
Quase dois terços (60%) dos cariocas conhecem as Fazendas do Ciclo do Café como produto turístico. Mas só 40% já visitaram a região no Estado do Rio. Os dados estão em pesquisa do Insituto Preservale, feita pelo consultor Bayard Boiteux.

AMOR NO AR 2
O Shopping Vitória também lança hojea campanha para a data. O filme para web, com casais de namorados, brinca que a grande paixão é o Mini Cooper que vai sortear dia 17. AAquatro Comunicação criou. A Cinerama Brasilis produziu.

AMOR NO AR 1
A Rennervai retratar, na campanha do Dia dos Namorados, as diferentes reações das mulheres ao receberem declarações de amor. Ofilme, criado pela Paim e produzido pela O2 Filmes, estreia hoje
na TV. A 3YZ assina ação para o Facebook.

ALTA PERFORMANCE
O laboratório Sergio Franco começa a operar hoje a segunda esteira de alta performance no parque tecnológico, em Duque de Caxias. É investimento de R$19 milhões. Pode dobrara quantidade de exames mensais para oito milhões e diminuiro tempo de entrega em 40%.

Na rede
O UFC lança loja virtual no Brasil, até o fim de junho. Será operada pela Netshoes. Em três anos, a procura por produtos ligados ao MMA cresceu 1.500% na Netshoes.

De segunda
Está no ar o Ficou Pequeno, site de compra e venda de produtos de segunda mão para bebês, crianças e mães. Teve aporte de R$ 100 mil.

Milhão
Bateu R$ 1 milhão o total de notas trocadas na promoção de mães e Namorados do Madureira Shopping. O mall sorteará um Hyundai HB20.

Relação de troca - ANTONIO DELFIM NETTO

FOLHA DE SP - 29/05

Uma variável importante que não influi na produ- ção física do PIB, mas que afeta a renda e o nível de bem- estar da sociedade, é a cha-mada "relação de troca", ou seja, o quociente entre os preços médios das exportações e das importações.

Para simplificar e entender o fato, suponhamos que num momento determinado (ontem) os preços das exportações e das importações fossem tais que uma tonelada de bens físicos exportados comprasse exatamente uma tonelada de bens físicos importados. A relação de troca seria um.

Suponhamos que no momento seguinte (hoje), devido ao aumento da demanda externa global ou a respostas diferentes dos preços à inflação da unidade de medida de valor (dólar), os preços de nossas exportações cresçam 10% e o de nossas importações cresçam 5%. A nova relação de troca seria igual a 1,10 dividido por 1,05, ou seja, 1,05.

Em termos físicos, uma tonelada de nossas exportações compraria agora 1.050 quilos de importações. O setor exportador foi "premiado" com um bônus de 50 quilos de bens importados e viu seu nível de renda aumentado. Não houve qualquer mudança no processo produtivo, mas tudo se passa como se o setor exportador tivesse aumentado a sua produtividade em 5%! É por isso que a relação de troca é um importante determinante da taxa de câmbio real, como comprovam muitos estudos empíricos bem-feitos.

Não é difícil entender, portanto, por que, num "ciclo de aumento da relação de troca", aumenta o nível de bem-estar da sociedade: a renda cresce mais do que o PIB. Nos últimos 40 anos, o Brasil viveu três movimentos notáveis de aumento da sua relação de troca. Seus "picos" foram em 1977, 1997 e 2011. Os ciclos tendem a durar de quatro a cinco anos no desvio para cima da média secular e outros tantos no retorno. Não há, entretanto, qualquer regularidade discernível nesse processo.

O último "ciclo" aparentemente terminou em 2011. Desde então, a relação de troca vem diminuindo, o que significa que o crescimento da renda real tem sido inferior ao crescimento do PIB real. Tudo indica que o fenômeno vai prosseguir pelos próximos três ou quatro anos.

Sua profundidade vai depender do sucesso do governo chinês de reequilibrar a sua economia e manter um ritmo razoável e sustentável de seu crescimento. Isso significa uma mudança estrutural importante: deslocar parte do seu aparato exportador para a produção do consumo doméstico e aumentar as garantias sociais de uma população em crescente processo de urbanização. Não será nada fácil. A China vai ter que "trocar os pneumáticos do seu caminhão com ele andando".

Painel do crédito - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 29/05

O mercado de crédito brasileiro tem relevado números discrepantes. Os bancos públicos ampliaram a carteira de crédito em 29% ao ano, enquanto os bancos privados nacionais cresceram 6,2%. A concessão de crédito para a compra de veículos está encolhendo, apesar dos incentivos à indústria automobilística. A renda cresce, mas o endividamento anda mais forte.

Numa época de elevação dos juros, a atenção em relação às dívidas deve ser ainda maior porque agora o Brasil é um país mais parecido com os outros: o total de dívidas das empresas e das famílias é mais que metade do PIB. O crédito precisava mesmo crescer, mas o temor é sempre com os excessos.

Os empréstimos para consumo estão perdendo força, mas o risco do crédito está concentrado principalmente nos bancos estatais que já respondem hoje por quase metade dos empréstimos concedidos. A pressão do governo sobre os bancos públicos gerou esse número absurdo: Banco do Brasil, Caixa e BNDES e outros bancos estatais ampliaram suas carteiras de crédito em 29% nos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, os bancos privados nacionais emprestaram apenas 6,2% a mais. Os bancos estrangeiros cresceram 6,6%.

A concessão de crédito para financiar o consumo começou a perder fôlego mesmo, mas é apenas uma queda do ritmo. O saldo cresceu 9,2% em 12 meses, bem menos que o crescimento total do crédito, de 16%. De janeiro a abril, o crescimento foi de 2,1%. O saldo total de empréstimos destinados à compra de carros caiu 0,4% nesse período. As concessões, ou seja, novos empréstimos, recuaram 1,1%.

A inadimplência do setor de veículos havia subido muito e tem caído devagar. Era de 3,6% em março de 2011 e chegou a 7,2% em maio de 2012. Em abril deste ano, caiu para 6,3%. O que torna pior a situação desse mercado é que os atrasos entre 15 e 90 dias no financiamento de veículos estão com taxa maior, de 8,2%. Ou seja, a inadimplência pode voltar a subir nos próximos meses.

Mesmo com o ótimo momento do mercado de trabalho, que favorece reajustes salariais, o endividamento das famílias em relação à renda de 12 meses continuou subindo e atingiu 43,99%. A renda mensal comprometida com o pagamento das dívidas caiu um pouco, de 21,84% para 21,66%, mas continua em patamar elevado. A alta da Selic deve complicar um pouco esse quadro.

Há boas notícias. O crédito direcionado para as pessoas físicas, que serve para a compra da casa própria, subiu, em um ano, de 7,5% para 9,1% como proporção do PIB. Esse crescimento é bom porque o país tem um forte déficit habitacional. Nos últimos 12 meses, o saldo de empréstimos imobiliários chegou a R$ 281 bilhões, com alta de 34%. Somente em abril, houve R$ 10 bi de crédito imobiliário concedido. Técnicos do governo argumentam que esse é um dos motivos para o crescimento do endividamento porque muitas famílias estão deixando de pagar aluguel para pagar essas prestações. Eles têm razão, mas isso também significa um comprometimento com uma dívida de longo prazo.

Outra boa notícia é que o estoque de crédito podre na economia - empréstimos não pagos por mais de 6 meses - está há cinco meses sem crescer. Ficou em R$ 72 bilhões, em abril, mas já esteve em R$ 74 bi, em dezembro. O que preocupa nesse indicador é que o número, em 2003, era de apenas R$ 13 bilhões.

Os juros caíram, mas algumas linhas revelam taxas absurdas. Para a compra de outros bens que não sejam veículos, a taxa recuou de 77,8% ao ano, em dezembro de 2011, para 68,2% em abril deste ano. O cheque especial teve uma redução de mais de 30 pontos, mas continua quase sendo caso de polícia: foi de 169% a 136%.

O Brasil não é um país de famílias endividadas, mas já está num nível em que todos esses dados precisam ser acompanhados com cuidado. Tudo isso aumenta o dilema do Copom. Juros subindo tornam o crédito mais caro; inflação em alta tira renda das famílias. Mas o compromisso do BC é segurar a inflação.