terça-feira, setembro 30, 2008

LEIA UM LIVRO
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS-CONT.
MACHADO DE ASSIS

CAPÍTULO 19

A bordo

Éramos onze passageiros, um homem doido, acompanhado pela mulher, dois rapazes que iam a passeio, quatro comerciantes e dois criados. Meu pai recomendou-me a todos, começando pelo capitão do navio, que aliás tinha muito que cuidar de si, porque, além do mais, levava a mulher tísica em último grau.

Não sei se o capitão suspeitou alguma coisa do meu fúnebre projeto, ou se meu pai o pôs de sobreaviso; sei que não me tirava os olhos de cima; chamava-me para toda a parte. Quando não podia estar comigo, levava-me para a mulher. A mulher ia quase sempre numa camilha rasa, a tossir muito, e a afiançar que me havia de mostrar os arredores de Lisboa. Não estava magra, estava transparente; era impossível que não morresse de uma hora para outra. O capitão fingia não crer na morte próxima, talvez por enganar-se a si mesmo. Eu não sabia nem pensava nada. Que me importava a mim o destino de uma mulher tísica, no meio do oceano? O mundo para mim era Marcela.

Uma noite, logo no fim de uma semana, achei ensejo propício para morrer. Subi cauteloso, mas encontrei o capitão, que, junto à amurada, tinha os olhos fitos no horizonte.

— Algum temporal? disse eu.

— Não, respondeu ele estremecendo; não; admiro o esplendor da noite. Veja; está celestial!

O estilo desmentia da pessoa, assaz rude e aparentemente alheia a locuções rebuscadas. Fitei-o; ele pareceu saborear o meu espanto. No fim de alguns segundos, pegou-me na mão e apontou para a lua, perguntando-me por que não fazia uma ode à noite; respondi-lhe que não era poeta. O capitão rosnou alguma coisa, deu dois passos, meteu a mão no bolso, sacou um pedaço de papel, muito amarrotado; depois, à luz de uma lanterna, leu uma ode horaciana sobre a liberdade da vida marítima. Eram versos dele.

— Que tal?

Não me lembra o que lhe disse; lembra-me que ele me apertou a mão com muita força e muitos agradecimentos; logo depois recitou-me dois sonetos; ia recitar-me outro, quando o vieram chamar da parte da mulher: — Lá vou, disse ele; e recitou-me o terceiro soneto, com pausa, com amor.

Fiquei só; mas a musa do capitão varrera-me do espírito os pensamentos maus; preferi dormir, que é modo interino de morrer. No dia seguinte, acordamos debaixo de um temporal, que meteu medo a toda a gente, menos ao doido; esse entrou a dar pulos, a dizer que a filha o mandava buscar, numa berlinda; a morte de uma filha fora a causa da loucura. Não, nunca me há de esquecer a figura hedionda do pobre homem, no meio do tumulto das gentes e dos uivos do furacão, a cantarolar e a bailar, com os olhos a saltarem-lhe da cara, pálido, cabelo arrepiado e longo. Às vezes parava, erguia ao ar as mãos ossudas, fazia umas cruzes com os dedos, depois um xadrez, depois umas argolas, e ria muito, desesperadamente. A mulher não podia já cuidar dele; entregue ao terror da morte, rezava por si mesma a todos os santos do céu. Enfim, a tempestade amainou. Confesso que foi uma diversão excelente à tempestade do meu coração. Eu, que meditava ir ter com a morte, não ousei fitá-la quando ela veio ter comigo.

O capitão perguntou-me se tivera medo, se estivera em risco, se não achara sublime o espetáculo: tudo isso com um interesse de amigo. Naturalmente a conversa versou sobre a vida do mar; o capitão perguntou-me se não gostava de idílios piscatórios; eu respondi-lhe ingenuamente que não sabia o que era.

— Vai ver, respondeu.

E recitou-me um poemazinho, depois outro, — uma égloga, — e enfim cinco sonetos, com os quais rematou nesse dia a confidência literária. No dia seguinte, antes de me recitar nada, explicou-me o capitão que só por motivos graves abraçara a profissão marítima, porque a avó queria que ele fosse padre, e com efeito possuía algumas letras latinas; não chegou a ser padre, mas não deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural. Para prová-lo, recitou-me logo, de corpo presente, uma centena de versos. Notei um fenômeno: os ademanes que ele usava eram tais, que uma vez me fizeram rir; mas o capitão, quando recitava, de tal sorte olhava para dentro de si mesmo, que não viu nem ouviu nada. Os dias passavam, e as águas, e os versos, e com eles ia também passando a vida da mulher. Estava por pouco. Um dia, logo depois do almoço, disse-me o capitão que a enferma talvez não chegasse ao fim da semana.

— Já! exclamei.

— Passou muito mal a noite.

Fui vê-la; achei-a, na verdade, quase moribunda, mas falando ainda de descansar em Lisboa alguns dias, antes de ir comigo a Coimbra, porque era seu propósito levar-me à universidade. Deixei-a consternado; fui achar o marido a olhar para as vagas, que vinham morrer no costado do navio, e tratei de o consolar; ele agradeceu-me, relatou-me a história dos seus amores, elogiou a fidelidade e a dedicação da mulher, relembrou os versos que lhe fez, e recitou-mos. Neste ponto vieram buscá-lo da parte dela; corremos ambos; era uma crise. Esse e o dia seguinte foram cruéis; o terceiro foi o da morte; eu fugi ao espetáculo, tinha-lhe repugnância. Meia hora depois encontrei o capitão, sentado num molho de cabos, com a cabeça nas mãos; disse-lhe alguma coisa de conforto.

— Morreu como uma santa, respondeu ele; e, para que estas palavras não pudessem ser levadas à conta de fraqueza, ergueu-se logo, sacudiu a cabeça, e fitou o horizonte, com um gesto longo e profundo. — Vamos, continuou, entreguemo-la à cova que nunca mais se abre.

Efetivamente, poucas horas depois, era o cadáver lançado ao mar, com as cerimônias do costume. A tristeza murchara todos os rostos; o do viúvo trazia a expressão de um cabeço rijamente lascado pelo raio. Grande silêncio. A vaga abriu o ventre, acolheu o despojo, fechou-se, — uma leve ruga, — e a galera foi andando. Eu deixei-me estar alguns minutos, à popa, com os olhos naquele ponto incerto do mar em que ficava um de nós... Fui dali ter com o capitão, para distraí-lo.

— Obrigado, disse-me ele compreendendo a intenção; creia que nunca me esquecerei dos seus bons serviços. Deus é que lhos há de pagar. Pobre Leocádia! tu te lembrarás de nós no céu.

Enxugou com a manga uma lágrima importuna; eu busquei um derivativo na poesia, que era a paixão dele. Falei-lhe dos versos, que me lera, e ofereci-me para imprimi-los. Os olhos do capitão animaram-se um pouco. — Talvez aceite, disse ele; mas não sei... são bem frouxos versos. Jurei-lhe que não; pedi que os reunisse e mos desse antes do desembarque.

— Pobre Leocádia! murmurou ele sem responder ao pedido. Um cadáver... o mar... o céu... o navio...

No dia seguinte veio ler-me um epicédio composto de fresco, em que estavam memoradas as circunstâncias da morte e da sepultura da mulher; leu-mo com a voz comovida deveras, e a mão trêmula; no fim perguntou-me se os versos eram dignos do tesouro que perdera.

— São, disse eu.

— Não haverá estro, ponderou ele, no fim de um instante, mas ninguém me negará sentimento, se não é que o próprio sentimento prejudicou a perfeição...

— Não me parece; acho os versos perfeitos.

— Sim, eu creio que... Versos de marujo.

— De marujo poeta.

Ele levantou os ombros, olhou para o papel, e tornou a recitar a composição, mas já então sem tremuras, acentuando as intenções literárias, dando relevo às imagens e melodia aos versos. No fim, confessou-me que era a sua obra mais acabada; eu disse-lhe que sim; ele apertou-me muito a mão e predisse-me um grande futuro.

CONT.AMANHÃ

TECNOLOGIA:TV COM CHEIRO

TERÇA NOS JORNAIS


Globo: O pior dia na história das bolsas

 

Folha: Congresso dos EUA rejeita pacote de US$ 700 bi; Bolsas despencam

 

Estadão: Congresso dos EUA veta pacote e mercados entram em pânico

 

JB: Após colapso, EUA correm atrás de Plano B

 

Correio: O homem que derreteu o mundo

 

Valor: Sobra aos EUA opção de cortar juro

 

Gazeta Mercantil: Plano Paulson é rejeitado e mercados entram em colapso

 

Estado de Minas: Impasse nos EUA apavora o mercado

 

Jornal do Commercio: Economia em pânico

segunda-feira, setembro 29, 2008


A popularidade é um engodo

Giulio Sanmartini


Os petistas estão exultantes. Pesquisa mais recente mostrou que 64% da população brasileira considera o governo Lula da Silva "ótimo" ou "bom". É o maior índice de popularidade de um presidente da República nos últimos vinte anos. Os petistas e seus cupinchas acham que a popularidade de um mandatário é a prova da excelência de seu governo.

O ex-presidente Garrastazu Médici era bastante popular. Salvo engano, até mais do que Lula. Hitler e Mussolini também. Stálin e Mao Tsé-tung eram idolatrados como deuses. E nem por isso se vê alguém usando a popularidade deles para inocentá-los ou justificá-los. Seus crimes não se tornaram menos crimes por causa disso.

A popularidade de Lula tem uma causa principal: a economia. Aqui a farsa lulista se revela em toda sua desfaçatez. O governo Lula é uma farsa total, ética, política - e também econômica. Para os economistas, Lula é um bom presidente, apesar de ignorante e corrupto, pois tem mantido a política econômica "neoliberal" de FHC. É mais um engodo.

A notoriedade de Lula diz mais sobre os que o aprovam do que sobre ele em si. Um povo que contesta a mentira e a safadeza não pode exigir coisa melhor. O corriqueiro de Lula não surpreende. O inverso é que seria estranho. Afinal, ser impopular, como sabemos, é para quem fala a verdade, não para políticos.

Um antigo lema udenista dizia que somos um país honrado governado por ladrões.

Bar Hi Tech

Um sujeito entra num bar novo, hi-tech, e pede uma bebida.
O barman é um robô, que serve um cocktail perfeito e pergunta:
- Qual o seu QI?
O homem responde:
- 150.
Então o robô inicia uma conversa sobre aquecimento global, espiritualidade, física quântica, interdependência ambiental, teoria das cordas, nanotecnologia, e por aí foi.
O cara ficou impressionado, e resolveu testar o robô.
Saiu, deu uma volta e retornou ao balcão.
Novamente o robô pergunta:
- Qual o seu QI?
O homem responde:
- Deve ser uns 100.
Imediatamente o robô lhe serve um uisquinho e começa a falar, agora sobre futebol, fórmula 1, super-modelos, comidas favoritas, armas, corpo da mulher, e outros assuntos semelhantes.
O sujeito ficou abismado.
Sai do bar, pára, pensa e resolve voltar e fazer mais um teste.
Novamente o robô lhe pergunta:
- Qual o seu QI?
O homem disfarça e responde:
- Uns 20, eu acho!
Então o robô lhe serve uma pinga, se inclina no balcão e diz bem pausado:
- E aí mano, vamu votá no Lula de novo?

Informe JB 

De saída Má notícia

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, já avisou à cúpula do PMDB que volta para o Senado em janeiro. O retorno pode embolar a disputa pela sucessão da presidência da Casa, uma vez que parte dos senadores peemedebistas declarava apoio ao petista Tião Viana (AC), alegando que a legenda não tem um nome de destaque.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anuncia hoje os últimos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento. Minc não revelou os dados, mas adiantou à coluna que, depois de meses comemorando a queda nos índices, vem notícia ruim neste mês.

Parceria

Os ministérios do Meio Ambiente e da Pesca fecharam um pacto para desenvolver a criação de peixes na Amazônia. Carlos Minc vai liberar ao colega Altemir Gregolim R$ 20 milhões do Fundo Amazônico.

Engavetado

Com o desembarque dos senadores para as eleições do próximo domingo, a segunda etapa da investigação da Polícia do Senado para concluir o inquérito sobre a instalação de grampos em gabinetes dos senadores não andou. Nem a Universidade de Brasília nem outra instituição foi chamada para confirmar o laudo da Polícia Legislativa de que as escutas ilegais não partiram da Casa.

Expansão

O Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (Ipea), vai expandir suas unidades. A partir do ano que vem chega ao Rio Grande do Norte.

Empenho

Na disputa eleitoral no Recife, ninguém mais do que o atual prefeito João Paulo está interessado em reverter a decisão do TRE que cassou a candidatura do petista João da Costa. João Paulo quer levar o bônus de ser o primeiro em muito anos a fazer o sucessor. Nem o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) – ex-prefeito e ex-governador – teve sucesso.

Na pauta

Governistas querem aproveitar as discussões da reforma política para trazer de volta o debate sobre o voto facultativo. A idéia do deputado Geraldo Magela (PT-DF) prevê um plebiscito para os eleitores escolherem.

Sem força

A crise econômica nos Estados Unidos é mais um entrave para a reforma tributária. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, quer esperar o fim das incertezas norte-americanas para dizer se mantém ou altera isenções no texto.

Disputa

Os governadores José Serra (SP) e José Roberto Arruda (DF), travaram uma batalha pelo funcionamento do Incor em Brasília. Serra queria fechar a unidade, mas desistiu depois que Arruda garantiu uma mesada de R$ 2 milhões.

EXPOSIÇÃO


SEGUNDA NOS JORNAIS


Folha: EUA votam megapacote após acordo

Globo: Congresso anuncia acordo e vota pacote hoje nos EUA

Estadão: EUA fecham pacote anticrise

JB: Pressão acelera acordo nos EUA

Valor: Pacote americano prevê reembolso das perdas

Gazeta Mercantil: Fechado acordo de socorro dos EUA e crise se alastra na Europa

Correio: As vítimas da crise no Brasil

Após comício de Lula, piora posição do PT em Natal

Pesquisas indicam que partido pode perder já no 1º turno

 

  Maurício Lima/FP
Em vez de subir, Fátima Bezerra, a candidatado PT à prefeitura de Natal (RN), caiu nas pesquisas depois do comício estrelado por Lula.

 

O presidente esteve em Natal há nove dias. Encontrou uma Fátima Bezerra em ascensão. A distância que a separava da rival Micarla Souza (PV) estreitava-se.

 

O empurrão de Lula produziria, no dizer do petismo local, a ansiada “virada”. Deu-se, porém, o inverso. Fátima caiu em duas pesquisas.

 

E Micarla, apoiada pelo proto-oposicionista José Agripino Maia (DEM), subiu. Retornou a patamares que, se mantidos, podem dar-lhe a vitória no primeiro turno.

 

As pesquisas que constataram o revertério foram veiculadas neste sábado (27). Respondem pelos dados dois institutos locais: Certus e Consult.

 

Eis os dados do Certus: Micarla, com 44,63%, abriu 17,5 pontos percentuais de vantagem sobre Fátima, com 27,13%.

 

Mantidos esses números, a candidata do PV prevaleceria sobre a adversária petista no primeiro turno. O percentual de votos atribuído a ela supera o volume de intenção de votos de todos os outros candidatos somados: 39,27%.

 

Às vésperas do comício de Lula, o mesmo instituto Certus atribuíra a Micarlos 40% dos votos. E a Fátima, 31,14%. Nesse cenário, haveria segundo turno.

 

Agora, os dados do instituto Consult: com 47% das intenções de voto, Micarla aparece 17,92 pontos percentuais à frente de Fátima, com 29.08%.

 

Também aqui, o cenário é de vitória da candidata “verde” no primeiro turno. Considerando-se apenas os votos válidos, ela prevaleceria na eleição com 54%.

 

Lula transformara sua passagem por Natal numa ode à vingança. Desancara Agripino Maia no comício. Lembrara a atuação dele na derrubada da CPMF, no Senado.

 

Disse que viajara a Natal para um “acerto de contas”. Enfatizou que, para obter o escalpo de Agripino, voltaria à cidade tantas vezes quantas fosse preciso.

 

A sete dias da realização do primeiro turno, já não há mais tempo para que o presidente mande tirar o Aerolula do hangar.

 

Resta rezar para que as pesquisas estejam erradas ou para que um milagre produza o segundo turno em Natal. Do contrário, o ervide em Agripino terá de ser adiado para 2010.

 

Se prevalecer na capital potiguar, Micarla não deixará mal apenas Lula. Encontram-se no palanque do PT também o PSB da governadora Vilma Faria e o PMDB do presidente do Senado, Garibaldi Alves.

Domingo, Setembro 28, 2008

João Ubaldo Ribeiro

Não somos todos burros

Às vezes fico meio sem jeito para tratar de certos assuntos aqui, achando que vou chover no molhado ou repetir coisas que todo mundo sabe. Mas, em outras ocasiões, me bate sensação oposta, a de que a maioria não sabe. Hoje, por exemplo. Fico lendo os jornais, ouvindo comentários e sendo alvejado por declarações pomposas não contestadas por ninguém e penso que de fato conseguiram fazer um Brasil virtual, distinto do real. Aí corro o risco de provocar tédio nos que de fato já sabem como somos tapeados, e pouca serventia virá a ter a coluna de hoje. Mas faz parte, vamos lá.

Fala-se muito mal da Estatística. De um lado, constitui grande injustiça para com uma ciência sem a qual hoje talvez nem sobrevivêssemos direito. De outro, trata-se da compreensível reação contra a maneira pela qual a Estatística é usada e abusada para "provar" o duvidoso e manipular a chamada realidade objetiva. Compreendo o sujeito que disse, como já lembrei aqui antes, que a Estatística é a arte de mentir com precisão, porque de fato o seu uso inescrupuloso e falsário equivale a isso.

Começo lembrando a famosa média. Em grande parte dos casos em que ela é empregada em indicadores sociais e econômicos, não quer dizer nada, ou melhor, quer dizer muito pouco. Se Bill Gates passasse a ser residente da cidade de Itaparica, teríamos talvez a renda per capita mais alta do planeta ou com certeza uma das mais altas, sem que um itaparicano sequer passasse a ganhar mais um centavo. Isso porque a renda per capita é uma média aritmética e, por conseguinte, sensível em excesso aos valores extremos. Então, numa população em que um ganha por mês um milhão de borodongas e os outros cinco borodongas cada, falar em renda per capita é ridículo.

Precisamos, portanto, saber da mediana. Talvez por às vezes revelar-se incomodativa, não é muito mencionada, notadamente em estatísticas oficiais. A mediana dá mais peso e significado à média. É o valor que se encontra exatamente no meio dessa coletividade. Ou seja, não é bastante saber que a renda média é 1.000. É preciso saber também (estou simplificando e peço desculpas a estatísticos e matemáticos em geral) o valor que divide esses indivíduos pela metade, ou seja, o ponto em relação ao qual exatamente a metade ganha menos e a metade ganha mais. Quando a média é próxima da mediana, isso significa que a distribuição é mais ou menos simétrica. Quando não, a distribuição é tortinha. Logo, a mediana pode, por exemplo, desmoralizar a renda per capita, se demonstrar que metade da população ganha muito abaixo desta e a outra metade muito acima. Mas ninguém fala na mediana.

Também tem, desculpem, a moda. Não a moda fora da qual estou, mas a moda estatística mesmo, ou seja, o valor mais freqüente, o que mais ocorre numa população determinada. Assim, se a renda média dos habitantes da próspera comunidade de Lulalápolis, é R$ 1.000 por mês, mas a mediana é 100 e/ou a moda é oitentinha, já vemos bem como podemos (e somos) ser engabelados. É por isso que até a Bethânia, que não é de sair por aí falando ou fazendo manifestações, se revelou na imprensa um pouco irritada com esse país maravilhoso (virtual, estatisticamente siliconado, digo eu) a que ela não consegue chegar.

Também convivemos acriticamente com uma porção de chutes que desonram e desmerecem a Estatística, tais como a conversão de coexistência numa relação de causa e efeito. É como o torcedor do Flamengo achar que a causa da vitória do time dele foi ter entrado um urubu em campo, logo antes do jogo. Não vamos discutir com torcedor, tudo bem. Mas coisas boas que acontecem são vinculadas a outras de maneira absolutamente arbitrária e aí, em propaganda comercial por exemplo, para esquecer um pouco a política, acabamos acreditando em afirmações que não passam de reformulações de vigarices como "todos os que morreram de enfarte do miocárdio no ano passado faziam uso de água". Verdade, mas claro que não prova que tomar banho faz mal ao coração. Com espertas artes, porém, nos enrolam muito nessa linha.

E as categorias? O sujeito enche a boca e diz: "Depois de tantos anos de meu governo, o número de ricos cresceu em 20% e o de pobres diminuiu em 32%." Além dos probleminhas de média, mediana e moda, que sempre estão rondando, é muito fácil (e é isso que se faz) dizer que rico é quem ganha mais de R$ 2.000 por mês. Fico até admirado por não haverem proposto R$ 1.500, porque o número de ricos ia bombar. Até a felicidade é quantificada e lemos a sério, como parvos, que o povo tal tem o maior índice de felicidade do mundo ou semelhantes despautérios.

E a coleta dos dados? Desde antes da definição das categorias e das perguntas, desde o início do planejamento, um dos maiores problemas que o estatístico sério encontra é a feitura de uma coleta de dados "neutra", que não influencie as respostas. Em rigor, impossível, porque até condições meteorológicas podem influir nas respostas. As próprias perguntas podem induzir a determinado tipo de resposta. A roupa, o sexo, a idade, o sotaque, o local, a época, a hora, as palavras e expressões usadas, a ordem das perguntas, o tamanho do questionário, e centenas de outros fatores podem, mesmo nas pesquisas mais honestas e cientificamente orientadas, levar à distorção de resultados. Há até, em confusão com esses e outros fatores, o perigo de o entrevistado querer responder o que acredita que se espera dele e não o que de fato pensa.

Há muito mais, um dia desses falo mais. Enche mesmo o saco nos tratarem como a uma tropa de burros, que não somos. Somos, sim, otários, comodistas, coniventes e subservientes, mas isso já é outro problema.

domingo, setembro 28, 2008

Encontro de bonecas

Fotos: Marlene Bergamo / Folha Imagem

 

Está no blog Campanha no Ar: Por pouco, muito pouco mesmo, a candidata do PT a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, não apertou a mão de um manequim de loja.

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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS-CONT.

MACHADO DE ASSIS

CAPÍTULO 18

Visão do corredor

No fim da escada, ao fundo do corredor escuro, parei alguns instantes para respirar, apalpar-me, convocar as idéias dispersas, reaver-me enfim no meio de tantas sensações profundas e contrárias. Achava-me feliz. Certo é que os diamantes corrompiam-me um pouco a felicidade; mas não é menos certo que uma dama bonita pode muito bem amar os gregos e os seus presentes. E depois eu confiava na minha boa Marcela; podia ter defeitos, mas amava-me...

— Um anjo! murmurei eu olhando para o teto do corredor.

E aí, como um escárnio, vi o olhar de Marcela, aquele olhar que pouco antes me dera uma sombra de desconfiança, o qual chispava de cima de um nariz, que era ao mesmo tempo o nariz de Bakbarah e o meu. Pobre namorado das Mil e uma noites! Vi-te ali mesmo correr atrás da mulher do vizir, ao longo da galeria, ela a acenar-te com a posse, e tu a correr, a correr, a correr, até a alameda comprida, donde saíste à rua, onde todos os correeiros te apuparam e desancaram. Então pareceu-me que o corredor de Marcela era a alameda, e que a rua era a de Bagdá. Com efeito, olhando para a porta, vi na calçada três dos correeiros, um de batina, outro de libré, outro à paisana, os quais todos três entraram no corredor, tomaram-me pelos braços, meteram-me numa sege, meu pai à direita, meu tio cônego à esquerda, o da libré na boléia, e lá me levaram à casa do intendente de polícia, donde fui transportado a uma galera que devia seguir para Lisboa. Imaginem se resisti; mas toda a resistência era inútil.

Três dias depois segui barra fora, abatido e mudo. Não chorava sequer, tinha uma idéia fixa... Malditas idéias fixas! A dessa ocasião era dar um mergulho no oceano, repetindo o nome de Marcela.

CONT.AMANHÃ

COMO PAREI DE FUMAR


ENVIADO POR APOLO
CRISE? 

DOMINGO NOS JORNAIS


Globo: Crise ameaça investimentos em infra-estrutura no Brasil

 

Folha: Governo prevê expansão menor em 2009

 

Estadão: Crise vai impor controle mais rígido do sistema financeiro

 

JB: Brasil: melhor do que China, Rússia e Índia

 

Correio: Brasília inchada... ... e desigual

 

Valor: Crédito de curto prazo para empresas mingua

 

Gazeta Mercantil: Disputas políticas adiam aprovação de ajuda a bancos

sábado, setembro 27, 2008

REVISTA VEJA

J.R. Guzzo
Pró-Culpa

"O Brasil será um país bem mais arrumado
quando tomar a decisão de concentrar-se na 
multiplicação de chances para quem está 
pior – e deixar em paz quem está melhor"

É raro passar muito tempo, hoje em dia, sem que o brasileiro comum se veja acusado de alguma coisa. Se algo está errado, se um grupo de pessoas tem um problema ou se alguém sofre um tipo qualquer de injustiça, o cidadão já pode ir se preparando: a culpa provavelmente é dele. A maneira de dizer isso é conhecida: "A culpa é da sociedade". Ou: "A culpa é de todos nós". A culpa também pode ser "das elites", ou "da classe média" – sendo pior, ainda, a situação dos que caem na classificação "elites brancas" e, pior do que tudo, "elites brancas do sul". A hipótese de que as pessoas atingidas por qualquer dificuldade da vida tenham alguma responsabilidade, por menor que seja, em sua situação não é sequer considerada. Os culpados são sempre os outros, e esses outros são sempre os que conseguiram um grau qualquer de sucesso, mesmo modesto, naquilo que fazem ou que são. Pouco importa se obtiveram isso em razão de mérito pessoal – na forma de esforço próprio, talento individual ou simples trabalho duro. Os responsáveis pelas carências alheias, na falta de alguém que possa ser acusado de imediato, são eles. É como acontece em certas rodas de pôquer: se depois de dez minutos de jogo ainda não deu para descobrir quem é o pato da mesa, cuidado – é quase certo que ele seja você. No Brasil de hoje, num leque de problemas que vai dos índios macuxis de Roraima aos meninos de rua de São Paulo, nem é preciso esperar tanto. O culpado não vai aparecer. Prepare-se, então, para ser denunciado.

Tome-se o caso dos índios de Roraima, para quem o governo deu uma reserva com área de 17 000 quilômetros quadrados. Resulta que há, na terra demarcada para os índios, gente que pelos mapas oficiais não deveria estar lá. Quem entra nesse tipo de bola dividida assume riscos; mas, enquanto o Supremo Tribunal Federal delibera a respeito, não apenas os fazendeiros que cultivam áreas na reserva se vêem em julgamento. Vai se formando, ao mesmo tempo, um vago clima de denúncia contra os "brancos" em geral, especialmente os que decidem ir para lugares como Roraima – ou para a Amazônia como um todo. Em outros tempos podiam ser considerados desbravadores, heróis ou patriotas, como o marechal Rondon ou Plácido de Castro. Hoje são freqüentemente vistos como bandoleiros.

O episódio de Roraima é apenas um entre muitos. Avança no Brasil, cada vez mais, um movimento nacional pró-distribuição de culpa – uma espécie de xis-tudo onde qualquer ingrediente pode entrar, desde que sirva para criar algum tipo de réu. O brasileiro é culpado pela pobreza em sua volta, pelas violências que ele mesmo sofre e, 120 anos depois da abolição, pelos problemas da população negra. Também é culpado por não ir para o trabalho em transporte coletivo, de bicicleta ou a pé. Cabe-lhe culpa pela degradação do bioma da Amazônia, do cerrado e da Mata Atlântica, embora muitas vezes nem saiba o que é o bioma. É acusado de não morar nas periferias, não ganhar o salário mínimo e não usar madeira certificada. É criticado por colocar seus filhos em escolas particulares – como se fizesse isso porque gosta de torrar dinheiro pagando mensalidade. É culpa sua, enfim, que o Brasil seja injusto, dentro da idéia pela qual a desigualdade é provocada por quem, individualmente, é melhor – e, como resultado disso, tem uma vida melhor. O problema, nessa maneira de ver o mundo, não é a escassez de maiores oportunidades para todos; é o fato de haver recompensas diferentes para resultados diferentes.

O sujeito oculto de toda essa questão, no fundo, é a hostilidade ao mérito. Ter mérito, para os agentes do Pró-Culpa, é prejudicar alguém. Não é um ativo; é um débito. Em vez de ser razão para incentivo, é algo a ser "compensado" – uma maneira disfarçada de dizer desencorajado, limitado ou punido. É animador, nesse clima, ver um político como o deputado Ciro Gomes observar que o interesse comum só tem a ganhar com o estímulo ao mérito individual – a "desigualdade positiva", diz ele. O deputado gosta de ver a si próprio como um homem de esquerda; mas não acha que isso o obrigue a ser cego. O que ele parece estar perguntando é: "Que culpa um cidadão tem de ser inteligente?". A isso se poderia acrescentar que também não há nada de errado em ser talentoso, eficaz ou em trabalhar mais – e, sobretudo, no fato de haver benefícios maiores para quem produz mais e melhor. O Brasil será um país bem mais arrumado quando tomar a decisão de concentrar-se na multiplicação de chances para quem está pior – e deixar em paz quem está melhor.

EU GOSTO DE CERVEJA!
E FARINHA?
VIGÊ, GOSTO DEMAIS!


CARAS, CLIQUEM NA FOTO PARA AMPLIAR. VEJAM QUE COISINHA ... 
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MACHADO DE ASSIS

CAPÍTULO 16

Uma Reflexão Imoral

Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo 14, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia.Viver não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos bela, nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me...

CAPÍTULO 17

Do trapézio e outras coisas

...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil

Desta vez, disse ele, vais para a Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: — Gatuno, sim, senhor; não é outra coisa um filho que me faz isto...

Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele, e sacudiu-mos na cara. — Vês, peralta? é assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma.

Estava furioso, mas de um furor temperado e curto. Eu ouvi-o calado, e nada opus à ordem da viagem, como de outras vezes fizera; ruminava a idéia de levar Marcela comigo. Fui ter com ela; expus-lhe a crise e fiz-lhe a proposta. Marcela ouviu-me com os olhos no ar, sem responder logo; como insistisse, disse-me que ficava, que não podia ir para a Europa.

— Por que não?

— Não posso, disse ela com ar dolente; não posso ir respirar aqueles ares, enquanto me lembrar de meu pobre pai, morto por Napoleão...

— Qual deles: o hortelão ou o advogado?

Marcela franziu a testa, cantarolou uma seguidilha, entre dentes; depois queixou-se do calor, e mandou vir um copo de aluá. Trouxe-lho a mucama, numa salva de prata, que fazia parte dos meus onze contos. Marcela ofereceu-me polidamente o refresco; minha resposta foi dar com a mão no copo e na salva; entornou-lhe o líquido no regaço, a preta deu um grito, eu bradei-lhe que se fosse embora. Ficando a sós, derramei todo o desespero de meu coração; disse-lhe que ela era um monstro, que jamais me tivera amor, que me deixara descer a tudo, sem ter ao menos a desculpa da sinceridade; chamei-lhe muitos nomes feios, fazendo muitos gestos descompostos. Marcela deixara-se estar sentada, a estalar as unhas nos dentes, fria como um pedaço de mármore. Tive ímpetos de a estrangular; de a humilhar ao menos, subjugando-a a meus pés. Ia talvez fazê-lo; mas a ação trocou-se noutra; fui eu que me atirei aos pés dela, contrito e súplice; beijei-lhos, recordei aqueles meses da nossa felicidade solitária, repeti-lhe os nomes queridos de outro tempo, sentado no chão, com a cabeça entre os joelhos dela, apertando-lhe muito as mãos; ofegante desvairado, pedi-lhe com lágrimas que me não desamparasse... Marcela esteve alguns instantes a olhar para mim, calados ambos, até que brandamente me desviou e, com um ar enfastiado:

— Não me aborreça, disse.

Levantou-se, sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou para a alcova. - Não! bradei eu; não hás de entrar...não quero... Ia a lançar-lhe as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se.

Saí desatinado; gastei duas mortais horas em vaguear pelos bairros mais excêntricos e desertos, onde fosse difícil dar comigo. Ia mastigando o meu desespero, com uma espécie de gula mórbida; evocava os dias, as horas, os instantes de delírio, e ora me comprazia em crer que eles eram eternos, que tudo aquilo era um pesadelo, ora, enganando-me a mim mesmo, tentava rejeitá-los de mim, como um fardo inútil. Então resolvia embarcar imediatamente para cortar a minha vida em duas metades, e deleitava-me com a idéia de que Marcela, sabendo da partida, ficaria ralada de saudades e remorsos. Que ela amara-me a tonta, devia de sentir alguma coisa, uma lembrança qualquer, como do alferes Duarte... Nisto, o dente do ciúme enterrava-me no coração; e toda a natureza me bradava que era preciso levar Marcela comigo.

— Por força... por força... dizia eu ferindo o ar com uma punhada.

Enfim, tive uma idéia salvadora... Ah! trapézio dos meus pecados, trapézio das concepções abstrusas! A idéia salvadora trabalhou nele, como a do emplasto (capítulo 2). Era nada menos que fasciná-la, fasciná-la muito, deslumbrá-la, arrastá-la; lembrou-me pedir-lhe por um meio mais concreto do que a súplica. Não medi as conseqüências: recorri a um derradeiro empréstimo; fui à Rua dos Ourives, comprei a melhor jóia da cidade, três diamantes grandes, encastoados num pente de marfim; corri à casa de Marcela.

Marcela estava reclinada numa rede, o gesto mole e cansado, uma das pernas pendentes, a ver-lhe o pezinho calçado de meia de seda, os cabelos soltos, derramados, o olhar quieto e sonolento.

— Vem comigo, disse eu, arranjei recursos... temos muito dinheiro, terás tudo o que quiseres... Olha, toma.

E mostrei-lhe o pente com os diamantes. Marcela teve um leve sobressalto, ergueu metade do corpo, e, apoiada num cotovelo, olhou para o pente durante alguns instantes curtos; depois retirou os olhos; tinha-se dominado. Então, eu lancei-lhe as mãos aos cabelos, coligi-os, enlacei-os à pressa, improvisei um toucado, sem nenhum alinho, e rematei-o com o pente de diamantes; recuei, tornei a aproximar-me, corrigi-lhes as madeixas, abaixei-as de um lado, busquei alguma simetria naquela desordem, tudo com uma minuciosidade e um carinho de mãe.

— Pronto, disse eu.

— Doido! foi a sua primeira resposta.

A segunda foi puxar-me para si, e pagar-me o sacrifício com um beijo, o mais ardente de todos. Depois tirou o pente, admirou muito a matéria e o lavor, olhando a espaços para mim, e abanando a cabeça, com um ar de repreensão:

— Ora você! dizia.

Vens comigo?

Marcela refletiu um instante. Não gostei da expressão com que passeava os olhos de mim para a parede, e da parede para a jóia; mas toda a má impressão se desvaneceu, quando ela me respondeu resolutamente:

— Vou. Quando embarcas?

— Daqui a dois ou três dias.

— Vou.

Agradeci-lho de joelhos. Tinha achado a minha Marcela dos primeiros dias, e disse-lho; ela sorriu, e foi guardar a jóia, enquanto eu descia a escada.

SE VOCE MORRER LIGUE...

 A IMPORTÂNCIA DE UM ELOGIO...

 O marido nú, olha-se no espelho e diz para a esposa:
 - Estou tão feio,gordo,broxa,careca,ovos enormes,acabado !
 Preciso de um elogio...
 A esposa responde:
 - Sua visão está ótima, querido !!!
ENVIADA POR APOLO
 

REVISTA VEJA

Brasil
O MINISTRO DA MORDAÇA

Tarso Genro tenta restringir a liberdade de imprensa,
com projeto que pune quem divulga grampos


Fábio Portela

Fabio Motta/AE

CALA A BOCA
Para o ministro da Justiça, a solução para notícia ruim é silenciar os jornalistas

O ministro da Justiça, Tarso Genro, é daqueles homens públicos que adoram a imprensa – desde que ela lhe seja servil e bajuladora. Quando uma notícia lhe desagrada, seu humor azeda. Genro padece da velha doença esquerdista de confundir o mensageiro com a mensagem. Foi o que ocorreu no início do mês, quando VEJA revelou que a maior autoridade do Poder Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, fora grampeado ilegalmente por espiões da Agência Brasileira de Inteligência, uma repartição da Presidência da República. Diante de um fato tão grave, que ofende os princípios democráticos, esperava-se que o ministro da Justiça agisse para conter a grampolândia criada no interior do governo. Genro tomou outro caminho. Com aval do Planalto, urdiu um plano para amordaçar a imprensa. Enviou ao Congresso um projeto de lei que, sob a justificativa de combater escutas clandestinas, pune com quatro anos de prisão quem ousar divulgar o conteúdo de grampos – ou seja, os jornalistas. Os arapongas, autores das escutas no Supremo, foram deixados em paz.

Para Genro, a democracia jamais será boa o suficiente sem uma pitada de ditadura. "Uma sociedade humanizada só será realizada na sua plenitude quando o engenho humano unificar democracia e socialismo", escreveu ele em março, em artigo destinado a rever o "legado de Lenin", o tirano bolchevique, teórico e prático do terror como um braço do estado. Que um entusiasta da ditadura do proletariado tente calar a imprensa é esperado. É de seu DNA. Surpreende é que o desatino tenha ecoado positivamente. Em depoimento no Congresso, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, esqueceu a Constituição que ajudou a escrever como deputado e que jurou defender como ex-ministro do Supremo – ele atacou o sigilo de fonte jornalística, um princípio da Carta, e defendeu a imposição de pena aos jornalistas, a quem chamou de "vazadores de informação".

O presidente da Associação Nacional dos Editores de Revistas, Jairo Mendes Leal, criticou a medida: "Os projetos apresentados pelo Poder Executivo são mais uma tentativa de obstaculizar o exercício jornalístico e a liberdade de imprensa e devem ser repudiados por toda a sociedade". Não é a primeira vez que o governo petista tenta encabrestar a imprensa. Em 2004, gestou-se um monstrengo chamado Conselho Federal de Jornalismo, que, nos sonhos petistas, teria poderes para "orientar, disciplinar e fiscalizar" os jornalistas. O projeto foi engavetado graças à reação vigorosa da sociedade. Só há dois tipos de imprensa: a que é livre e a que não é. Relativizar esse conceito é trapaça intelectual. Quando a imprensa é livre, ela permite ao cidadão monitorar e julgar o trabalho dos governantes. Se é refém, deixa de ter serventia à sociedade. Sob tutela, torna-se mero instrumento do poder. Essa última versão é a que faz suspirar o ministro Tarso Genro.

SÁBADO NOS JORNAIS


Globo: Empresas brasileiras têm perdas recordes na bolsa

 

Estadão: Kassab abre 5 pontos sobre Alckmin

 

JB: Caem os casos de bala perdida no Rio

 

Correio: Tiros em frente a escolas atingem duas estudantes

 

Valor: Crédito de curto prazo para empresas mingua

 

Gazeta Mercantil: Disputas políticas adiam aprovação de ajuda a bancos

 

Jornal do Commercio: Governo endurece com greve da saúde

sexta-feira, setembro 26, 2008

COISAS QUE EU GOSTO.


ATENÇÃO ONANISTAS, CLIQUE NA IMAGEM PARA AUMENTAR.

FIM DE SEMANA  - ESCOLHA

Evento

Rock no bar
A banda Rádio BRA se apresenta hoje, logo mais às 21h, no bar Maria Farinha, que fica em Morro Branco. O grupo reúne o melhor do pop-rock nacional e também MPB. No repertório, interpretações de bandas como Titãs, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Zé Ramalho, Vanessa da Mata, Lobão, Plebe Rude, Capital Inicial, Marina Lima, Cazuza, Barão Vermelho, Uns e Outros, Nenhum de Nós, Lulu Santos, Metrô, O Rappa, entre muitos outros. Não é cobrado couvert artístico. O Bar Maria Farinha fica na Rua Brigadeiro Gomes Ribeiro. Mais informações: 8832 6490.

Bandas na boate
O som do MobyDick está hoje na boate Aprecie Live, em Ponta Negra. Amanhã será a vez da banda Revolver, tocando clássicos do rock. A festa começa sempre às 22h, o couvert é de R$ 5. A Aprecie Live fica na Rua das algas, 2282, Alagamar - Ponta Negra, em frente à praça da rua da lagosta. Mais informações: 3219 0050.

Livro e Música
O Veleiros Bar está fazendo aniversário e promovendo uma série de atrações culturais. Hoje, a cantora Yasmine Lemos lança seu livro de poesias Vestida em Versos, que contará também com show de Lene Macedo e Rebeca Macedo, a partir das 20h. E amanhã, as cantoras Tânia Soares e Ana Clara Menezes se apresentam no palco do lugar para embalar a noite de sábado. Mais informações: 3236 4532.

Evento do Bem
O Castelo Pub, que fica na Roda do Sol, promoverá amanhã o Forrock do Bem, reunindo a partir das 22h, os melhores hits dos anos 60 até hoje, com o DJ Berto, a banda VNV, com rock dos anos 80 daqui e de fora, finalizando com a banda de forró universitário Merda de Gado. Toda a renda dos ingressos, que custará R$ 5 cada, será revertida para as ações humanitárias da Casa do Bem.
As senhas já estão sendo vendidas pelo DJ Berto. Mais informações: 9983 4341.

Cultura no Trem
A 8ªEdição do Cultura no Trem traz Letto Ottel e grupo de Teatro de Trânsito da STTU. A programação começa amanhã, a partir das 8h, na Estação de Trens da Ribeira. Letto tem 23 anos e vem se destacando com apresentações de músicas próprias com voz e guitarra tocando o ritmo Folk Rock. Já a Turma de Teatro de Trânsito da STTU vai fazer uma encenação de cordel, com foco em ações educativas no combate à acidentes de trânsito. Na programação, ainda recital de poesia, literatura de cordel, coco de embolada e capoeira. Às 9h40, o trem parte com destino à Ceará Mirim contando com animadores durante todo o percurso.

Aniversário do Clube
O Jiqui Country Club está completando 45 anos e amanhã prepara uma grande festa de comemoração a partir das 22h. A animação ficará por conta da Orquestra Los Manos e a Banda Perfume de Gardênia. Censura livre. Informações e vendas: 3208.1227.

Repertório eclético
O cantor e compositor, Giovani Montini recebe seus convidados amanhã, a partir das 18h, no Botiquim Sargento Tainha, em Emaus, próximo ao Morada da Paz. Giovani apresentará um repertório eclético: MPB, Pop Rock e Reggae.

Programação do Orla Sul
A programação cultural do Shopping Orla Sul conta hoje com a apresentação do Toca Trio, no Café Grão Santo, a partir das 18h. No mesmo horário, será lançado o livro Be-a-bá da Capoeira, do Mestre Alexandrre Marcos de Brito, na Praça de Alimentação. Às 19h, será a vez da cantora Tânia Soares e Banda tocar MPB no mesmo local. Amanhã, a partir do meio-dia, a Praça de Alimentação já será tomada pelo cantor Anderson Lima; mais tarde, às 18h, será a vez de Lavu e Leonardo, no piano e sax, e às 19h, Dani Negro e Trio MPB sobem ao palco. No domingo, Lene Macedo anima a hora do almoço, com seu rico repertório em MPB.

Khrystal na ZN
A cantora Khrystal se apresenta hoje no Beto’s Bar, na Zona Norte. Acompanhada pelo trio Ricardo Baía, José Fontes e Kleber Moreira - em nova formação da sua banda - esse já será o 12º show no mês de setembro feito por Khrystal. Em outubro, Khrystal parte para uma série de shows em Fortaleza (CE), Mossoró e Pipa. Amanhã, Khrystal estará no Praia Shopping Musical, em Ponta Negra, a partir das 20h30.

Música todo dia
O Praia shopping musical encerra a temporada do final de semana com Alexandre Moreira e Trio, apresentando clássicos do Choro. O show começa a partir das 20h. O projeto ocorre diariamente no Praia Shopping, em Ponta Negra, com entrada gratuita. E, seguindo a série de shows, na segunda-feira, será a vez de Zé Hilton e Trio, com clássicos do Forró e participação especial de Waldir Luzz e Nara Costa, a partir das 20h.

Som da Mata
Rogério Pitomba (bateria), Ismael Miranda (contrabaixo) e Diego Brasil (guitarra) juntaram seus acordes e apresentam show instrumental no próximo domingo, dentro do Projeto Som da Mata, que ocorre sempre às 16h30, no Parque das Dunas. No repertório preparado, além de composições próprias, o grupo vai apresentar releituras de clássicos de Tom Jobin, João Donato e Gilberto Gil. A entrada custa R$ 1. Mais informações: 3201 4440.

Domingo no Parque
O cantor Rodolfo Amaral estará neste domingo no projeto Domingo no Parque, que ocorre no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, sempre a partir das 16h. No show Borogodó Musical, Rodolfo Amaral canta MPB, marchinhas de carnaval, além de Edith Piaf. O Domingo no Parque é uma promoção da Funcarte e Prefeitura Municipal e além da atração cultural também oferece oficinas com contação de histórias, cantigas, corpo e voz. A entrada é gratuita. O Parque da Cidade fica no prolongamento da Prudente de Morais, no Pitimbu.

Fábulas no Ensino
O Projeto Fábulas na Escola-Cosern inicia na próxima segunda-feira uma temporada de apresentações na rede estadual de ensino. Até o dia 17 de outubro o grupo Clowns de Shakespeare percorrerá 13 escolas estaduais, para alunos de 1º ao 5º ano do ensino fundamental. O grupo vai orientar e incentivar os professores a fazer com que os alunos escrevam e contem histórias e com isso estará estimulando a criatividade e despertando a criança a pensar através de suas vivências.

NA FRENTE OU NO VERSO