domingo, novembro 30, 2008

CUIDADO, LOMBADA


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PARA...HIHIHIHI

CACHAÇA

Na noite passada, fui convidada para uma reunião com 'as meninas'.
Eu disse a meu marido que estaria de volta à meia-noite.

'- Prometo!'- eu disse.
Mas, as horas passaram rapidamente e a champanhe estava rolando solta. Por volta das 3 da manhã, bêbada feito um gambá, eu fui para casa. Mal entrei e fechei a porta, o cuco no hall disparou e 'cantou' 3 vezes. Rapidamente, percebendo que meu marido podia acordar, eu fiz 'cu-co' mais 9 vezes. Fiquei realmente orgulhosa de mim mesma por ter uma idéia tão brilhante e rápida (mesmo de porre) para evitar um possível conflito com ele.
Na manhã seguinte, meu marido perguntou a que horas eu tinha chegado e eu disse a ele meia-noite.
Ele não pareceu nem um pouquinho desconfiado.Ufa! Daquela eu tinha escapado!
Então, meu marido me disse: '- Nós precisamos comprar um novo cuco.'
Quando eu perguntei porque, ele respondeu:

'- Bom, de madrugada nosso relógio fez 'cu-co' 3 vezes, depois não sei porque soltou um
'c a r a a a a a l h o o o o !'
Fez 'cu-co' mais 4 vezes, pigarreou. Fez mais 3 vezes, riu, e fez mais 2 vezes.
Daí, tropeçou no gato, derrubou a mesinha da sala, peidou, deitou e dormiu...
 

ANCELMO DE GOIS

Ponto para Lula

O Globo - 30/11/2008
 

Quarta, numa recepção no Rio para o presidente russo, Dmitri Medvedev, Sérgio Cabral explicava ao visitante que o governo Lula tem quase 80% de apoio da população. 

Medvedev, querendo ser simpático, dirigiu-se a Lula: 

- O senhor, certamente, vai pleitear um terceiro mandato de presidente, não? 

Só que... 

Lula, educadamente, explicou ao colega que, para o fortalecimento das instituições democráticas brasileiras, não seria bom mudar a Constituição para lhe permitir disputar mais uma eleição. 

Ponto para Lula.

Em tempo... 

Há duas semanas, Medvedev defendeu a reforma da Constituição russa para incluir a ampliação do atual mandato presidencial de quatro para seis anos.

De mãos dadas 

A Odebrecht e o grupo suíço Dufry ensaiam uma parceria para disputar a concessão da administração do Galeão/Tom Jobim. 

Air Piauí 

O governo do Piauí anda tão chateado com a ausência de vôos de Brasília, Rio e São Paulo para Teresina que pensa até em montar uma pequena empresa de aviação.

ILIMAR FRANCO

Em pé de guerra

Panorama Político
O Globo - 30/11/2008
 

Pressionado pela bancada ruralista, o governo adiou a assinatura de uma portaria revendo os índices de produtividade que balizam a desapropriação de terras para reforma agrária. Os índices são os mesmos há 20 anos. Esse é um compromisso de campanha do presidente Lula. Também foi cancelada a reunião do Conselho Nacional de Política Agrícola, amanhã, para discutir o assunto.

Ruralistas não aceitam negociar 

Representantes da bancada ruralista recorreram ao ministro José Múcio (Relações Institucionais) e ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP), candidato à presidência da Câmara, já que o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) é da cota do partido. A portaria seria assinada pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) afirmou que os produtores estão com problemas por causa da crise internacional e não podem correr o risco de perder suas terras por causa disso. "Não quero nem saber qual seria o índice. Sei que tem sacanagem e sou contra", disse Heinze. 

Quem tem medo da produtividade?" - Guilherme Cassel, ministro do Desenvolvimento Agrário, sobre a resistência da bancada ruralista 

LUZ AMARELA. O governador José Serra disse a senadores do PSDB, na última quarta-feira, estar preocupado com o aumento do gasto público decorrente das contratações e de reajustes salariais concedidos pelo governo federal ao funcionalismo. É uma bola de neve que vai afetar o próximo governo. Acontece que os próprios tucanos votaram a favor dessas medidas no Congresso, porque não quiseram arcar com o desgaste político. 

No ataque 

No caso Petrobras, o petista Eduardo Suplicy (SP) cobrou do tucano Tasso Jereissati (CE): "Será que não seria adequado, antes do discurso em tom de gravidade, telefonar para o presidente da Petrobras para obter informações?" 

Campo minado na Câmara 

A Câmara está com uma pauta polêmica para este fim de ano. Deputados querem votar proposta de emenda constitucional que efetiva titulares de cartórios sem concurso público; outra que equipara a carreira de delegado de polícia com a de integrantes do Ministério Público, resultando em aumento salarial; e projeto que determina a inspeção veicular anual, que seria feita por empresa privada em regime de concessão.

Na defesa 

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), reagiu: "O que foi dito aqui é que a Petrobras está com graves problemas de caixa. Aqui ninguém foi irresponsável, ninguém agiu de forma imprudente. Falamos pelos brasileiros e acionistas".

O custo e o benefício 

Para obter o apoio do Congresso à transformação da Secretaria Especial da Pesca em ministério, o discurso de Altemir Gregolim, que comanda a pasta, é que o Brasil ganhará com uma política permanente para a área e com a criação de um quadro técnico especializado. Ele cita estudo da FAO segundo o qual o setor pesqueiro no Brasil poderá atrair US$160 bilhões em investimentos na cadeia produtiva. A oposição resiste, criticando o aumento do número de ministérios. 

O PROJETO do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) é disputar o Senado em 2010, apoiado pelo PSDB. Avalia que seria difícil para ele se eleger governador. 

REAPROXIMAÇÃO. O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) esteve quarta-feira no gabinete de sua antecessora, a senadora Marina Silva (AC). As críticas mútuas tinham azedado a relação. 

OS ÍNDIOS protestam contra o governo de Roraima, por causa de concurso para contratação de professores. Querem que índios dêem aulas para assegurar educação bilíngüe.

CHARGE

ÉLIO GASPARI

Papai Ali Babá


O Globo - 30/11/2008
 

Está na pauta de votações da Câmara dos Deputados um projeto de emenda constitucional (130-B) que altera o rito processual do julgamento dos parlamentares acusados de malfeitorias. Hoje eles são denunciados ao Supremo Tribunal Federal. Uma vez aceita a denúncia, o STF os julga, sem direito a recurso. 

Pela proposta, caberá ao Supremo aceitar ou não a denúncia, mas depois disso a papelada desce ao juízo de primeira instância, iniciando-se uma lengalenga que pode durar dez anos. 

Com a aprovação da emenda retornam à mansidão das comarcas e ao paraíso dos recursos os processos dos mensalões do PT (40 companheiros) e do tucanato mineiro (27 bicudos). 


Três e nada 


De um velho administrador de crises econômicas e intrigas palacianas: 

"Barack Obama precisava escolher um nome para enfrentar a crise econômica. Escolheu três: Timothy Geithner, um habilidoso quadro do Fed, Lawrence Summers, um economista talentoso de temperamento abrasivo, criou um novo conselho de sábios para o terceiro, Paul Volcker, imponente ex-presidente do Fed. Meu medo é que sejam necessários seis meses para descobrirmos quem manda, em que direção". 

Do mesmo sábio: 

"Em 1933, ao tomar posse, com o sistema financeiro aos frangalhos, Franklin Roosevelt disse que "a única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo". Obama precisa descobrir uma maneira de dizer a mesma coisa". 

Mangabeira 2008 


A cada dia são mais doces as lembranças que o professor Mangabeira Unger tem do seu ex-aluno Barack Obama na Faculdade de Direito de Harvard. 

Em 2005, a opinião do mestre era seca: um quadro interessado em servir ao sistema. 

Há um ano Jobim promete, mas não entrega 


Nesta semana completa-se um ano do dia em que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou à patuléia que as empresas aéreas seriam obrigadas a ressarcir os passageiros por conta de atrasos, cancelamentos de vôos e overbooking. 

Num exemplo, o cliente que penasse um atraso de três a quatro horas num vôo do Rio a Brasília seria indenizado com R$198, em dinheiro ou milhas. A tabela entraria em vigor logo depois do carnaval, com a edição de uma medida provisória. 

O ano está no fim e o doutor voltou a falar em tráfego aéreo, prometendo serviços regulares durante o movimento das festas. É a "Operação Feliz 2009". Tomara que dê certo, mas cadê o projeto do ressarcimento de 2007? 

Quem acreditou em Jobim fez papel de bobo, porque maiores foram os poderes da aerocracia. O papel de paspalho é um risco a que se submete qualquer pessoa que acredita no governo, mas as justificativas oferecidas para a propaganda enganosa exigem que o paspalho se transforme num quadrúpede. 

A política de ressarcimento não teria entrado em vigor porque a situação normalizou-se. Tolice. A compensação deveria vigorar exatamente numa situação de normalidade. 

Isso ajudaria a implantação da novidade sem massacrar as empresas. 

Como o Congresso reviu sua docilidade diante da emissão de medidas provisórias, o governo teria decidido enviar um projeto de lei ao Congresso. Bingo. Nesse caso, a menos que haja interesse do Planalto e um acordo de lideranças, a tramitação no Legislativo consome pelo menos um ano. Por que o anteprojeto continua no gaveteiro da comissária Dilma Rousseff? 

Há ainda o argumento da complexidade da questão. Ela exigiria estudos e debates. Tudo bem, então o ministro Jobim não deveria ter feito um overbooking de expectativas que não podia atender. 

As coisas ficariam mais fáceis se o governo admitisse que as companhias aéreas não querem ressarcir os passageiros a quem vitimam. 

Nos Estados Unidos e na Europa elas aceitam esse tipo de compromisso, mas, como o Brasil foi um dos últimos países do mundo a adotar programas de milhagem, não se pode esperar que os aerotecas abandonem seus aliados. 

Um veneno tucano para a Petrobras 


A oposição tucana no Senado fez uma tempestade num copo de veneno. No dia 31 de outubro, a Petrobras tomou emprestados R$2 bilhões na Caixa Econômica por 180 dias, a juros de mercado. Se uma empresa que tem R$11 bilhões em caixa e gira em torno de R$4 bilhões por mês decide fazer um papagaio de R$2 bilhões, nada há de estranho nisso. 

Grosseiramente, é como se um cidadão que tem R$5 mil aplicados e ganha R$2 mil mensais resolvesse pedir ao banco um empréstimo de R$1 mil. 


A Petrobras fez o empréstimo pelos motivos mais elementares. Precisava do dinheiro para despesas imediatas e o crédito secara. (Em outubro ela recolheu R$4,7 bilhões de impostos e royalties.) Tanto o empréstimo da Caixa como outro feito no Banco do Brasil (R$751 milhões) foram triviais, sem nada a ver com juros subsidiados. 

É tóxico o argumento segundo o qual a Caixa não deveria emprestar à Petrobras porque esta não é sua função. Ela financia programas de saneamento a 9,5% ao ano, e a carteira que em outubro emprestou à Petrobras a 14,1% nada tem a ver com a conta da infra-estrutura. A Caixa fechará novembro com R$4,2 bilhões de empréstimos comerciais a empresas. 

Pena que a marquetagem da Petrobras insista em dizer que seu plano de investimentos está inalterado. Se é assim, foi concebido por aloprados, pois lidava com a exploração de poços cuja produção pode custar até US$80 por barril. 

Bom negócio com o petróleo a US$150. 

Como o barril está a US$55, basta fazer a conta. 

GilmarNet 


O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, vem recebendo uma envaidecedora superexposição de seu comissariado de informações. 

O sítio do STF tem um espaço destinado a "artigos e discursos" dos ministros. Desde abril, quando Mendes assumiu a presidência da Corte, listaram-se ali 20 obras suas, dez das quais proferidas no exterior. 

Nesse período, foram quatro os textos e discursos dos outros dez juízes. (John Roberts, que preside a Corte Suprema dos Estados Unidos desde 2005, ainda não listou artigo ou palestra na página do seu tribunal.) 


Exemplo tucano 


É ensurdecedor o silêncio do tucanato diante do processo de cassação do mandato do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima. Não disseram uma palavra louvando o Judiciário, quando ele foi posto para fora, muito menos defendendo-o. 

Persistiram em obsequioso silêncio mesmo depois que Cunha Lima decidiu anarquizar as finanças do estado. 

Se o partido não quer falar, tudo bem, mas a dissimulação de José Serra e Aécio Neves não cai bem nas biografias de candidatos a presidente da República. 


Força catarinense 


Uma vinheta ilustrativa da capacidade dos catarinenses de superar desastres. 

Em 1878, o alemão Bruno Hering chegou ao vilarejo de Blumenau e comprou um tear. 

Dois anos depois, uma enchente levou o que tinha. Conseguiu dinheiro emprestado e foi em frente. 

Um século depois, a Hering era uma das maiores empresas do setor têxtil brasileiro. 

A empresa mobilizou-se para proteger seus funcionários e sua página na internet está recolhendo contribuições para as vítimas da enchente.

JOÃO UBALDO RIBEIRO

VELHOTES MUNICIPAIS 

O GLOBO 30.11.08


Como se sabe, ter uma bela qualidade de vida na velhice depende fundamentalmente de se ter uma péssima qualidade de vida na juventude e na maturidade. Nenhum relacionamento com comida, por exemplo, pode ser prazeroso e livre, mas fiscalizado com desconfiança.

Claro, com o tempo o sujeito é até sincero, quando descreve como delicioso um milk-shake de leite de soja, castanha-do-pará e capins de diversas espécies, sem gelo ou adoçantes e nada “químico” (palavra cujo emprego nunca entendi direito, pois tudo o que existe é, de certa forma, químico). A gente se acostuma a qualquer coisa e não se deve dizer “esse milk-shake eu jamais tomarei”. O mesmo com exercícios físicos e mentais. Aqueles são antinaturais e estes requerem que se goste de fazer palavras cruzadas ou resolver problemas matemáticos, atividades que, se eu dependesse delas para viver, já estaria na cova faz muito. E por aí vamos, a vida da pessoa com qualidade de vida não é moleza, depende de muito esforço, não é assim para qualquer um, como eu.

Agora mesmo, me chegam pela internet diversos e-mails denunciando virulentamente o leite. Se vocês pensam que o ovo, em passado recente, era o pior vilão imaginável, com sua carga fatal de colesterol, não sabem nada do leite agora. O leite e seus derivados, ou qualquer alimento que os contenha.

Ou seja, esquecer iogurte, queijo, biscoito, bolo, sorvete e não sei mais quantas comidas que levam queijo. Nem um parmesãozinho ralado em cima do macarrão, perigo, perigo. (Por sinal, não se esqueça de checar se o macarrão tem glúten.) Diz aqui que uma paciente de câncer praticamente terminal teve a idéia de abolir o leite e seus nefários derivados de sua dieta e, em pouquíssimo tempo, a doença regrediu sem deixar rastro.

Daí para asseverarem que brigadeiro dá câncer e leite condensado pode matar subitamente, se ingerido em doses elevadas, como as obtidas mamando na lata, é um pequeno passo.

Tudo isso não causaria preocupação em quem pretende continuar a consumir bolos e sorvetes, se não fosse pelo hábito que nossos governantes têm, de meter o bedelho em tudo o que o cidadão faz. Aqui, nem uma boa deserdada num herdeiro detestável o sujeito pode dar, porque há uma parte que forçosamente irá para esse herdeiro.

Há uns poucos anos, um deputado federal teve seus quinze minutos de fama, ao apresentar um projeto proibindo os donos de animais domésticos de pôr nome de gente nos ditos animais. Não duvido nada que haja um ou mais projetos, dormindo na gaveta de alguma comissão, com o objetivo de traçar diretivas para os atos sexuais, com multas para maridos que não levem a mulher ao orgasmo pelo menos uma vez em cada três (a popular uma-em-três) ou mulheres que não cedam a determinados caprichos do cônjuge, outros especificando as normas a que estão submetidos todos os que usarem um banheiro, outros proibindo beber, mesmo em casa, em dias úteis, e assim por diante.

Destarte, na qualidade de residente, contribuinte e eleitor da inigualável cidade do Rio de Janeiro e, ai de mim, na condição oficial de ancião (se bem que eu prefira logo ancião a me classificarem como “na melhor idade”, caso que já é para reagir à bala, aqui pra sua melhor idade), encaro com sentimentos ambivalentes a criação da Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida.

Para os mais distraídos, informo, é isso mesmo que vocês leram, agora vamos ter toda uma secretaria dedicada ao crescente número de coroas que persistem em continuar vivos sem nenhum motivo realmente defensável. Somos, pois, com a óbvia exceção da encantadora leitora, coroas municipais.

À primeira vista, isso pode parecer bom para a categoria, mas estamos no Brasil, onde o Estado não existe para servir ao cidadão, mas o contrário. As atividades básicas dessa Secretaria terminarão por ser uma aporrinhação a mais em nosso juízo. Sou capaz de apostar que o primeiro ato cogitado será o cadastramento de todos os coroas da cidade, mediante o simples preenchimento de um formulário com 115 perguntas, o que pode ser feito em minutos pela internet. Quem não se cadastrar e receber a nova Carteira de Ancião perderá o direito a usufruir de qualquer benefício ou equipamento municipal. Sentou em banco de praça, o fiscal passa, não tem carteira, multa no véio — como parte de um processo educativo gradual. Entrou na fila dos idosos sem a carteira, mais multa. Enfim, todos os idosos vão querer suas carteiras e as incontáveis vantagens que ela certamente oferecerá.

E haverá as áreas onde eles serão protegidos. Por exemplo, podese proibir bares e restaurantes de servir bebidas alcoólicas aos clientes que não provarem ter menos de 70 anos, porque, depois dessa idade, o álcool faz cada vez mais mal ao organismo e, se o velho não sabe proteger-se, protegê-loaacute; a prefeitura.

A mesma coisa com cigarro.

Multa também para coroa que não ande no calçadão ou não freqüente academia ou não tenha personal trainer. Multa para coroa que fume em público. Multa em restaurante que servir a coroas pratos com teor de gordura acima do permitido por postura municipal e não incluírem. Acho que os colegas que me lêem, corôos e coroas do nosso amado Rio de Janeiro, tenderão a concordar comigo que é menos arriscado ficar sem essa secretaria mesmo. No mínimo são menos formulários para preencher.

Bem, não vamos ser pessimistas, pode ser que a nova secretaria traga benefícios inesperados para nossa sofrida categoria. Mas, por via das dúvidas, creio que falo por todos, quando digo que queremos nossa parte em dinheiro. Não é por nada, não, é porque já não estamos mais em idade de acreditar em lerolero. E porque, de qualquer forma, é dinheiro nosso mesmo.

AUGUSTO NUNES

Sete Dias

A confusão continua – Depois de Cunha Lima, a Justiça terá de cuidar dos casos de Maranhão

Paulo Pereira da Silva, ou Paulinho da Força, recebeu na tarde de quarta-feira uma notícia ruim e outra, boa. O deputado federal do PDT foi o destinatário da ruim: na reunião da Comissão de Ética da Câmara, o colega Paulo Piau (PMDB-MG), relator do caso que vincula o parlamentar paulista a pilantragens no BNDES, propusera à Comissão de Ética da Câmara a cassação do seu mandato. Paulo Pereira da Silva repetiu que é inocente e fechou a cara.

A boa notícia contemplou o presidente da Força Sindical: estava confirmado o jantar na Granja do Torto que incluía seu nome na curta lista de convidados. Paulinho da Força contou aos parceiros ao lado que passaria algumas horas com Lula naquela noite e abriu um sorriso.

Lula nunca foi de abandonar um companheiro no caminho, garantiram desde sempre velhos companheiros. Depois da vitória em 2002, o presidente tem insistido em mostrar que também não abandona delinqüentes aliados a caminho da cadeia. Seja qual for o pecado, bandidos de estimação são liminarmente absolvidos pelo Grande Pastor.

É provável que, quando decide juntar em torno da mesa mais de 15 bocas, Lula faça à mulher a pergunta formulada freqüentemente pela gente comum. "Adivinhe quem vem para jantar?" A primeira-dama Marisa jamais errará se repetir a mesma resposta: "Pelo menos uns três ou quatro vigaristas".

Lula ficou três horas em companhia de Paulinho da Força e outros donatários das capitanias sindicais. Foi esse o tempo que gastou, no mesmo dia, para sobrevoar a bordo do helicóptero parte da área de Santa Catarina devastada por inundações. "A maior tragédia destes seis anos de governo" mereceu tanta atenção quanto a companheirada.

Paulinho acordou feliz com o jantar. Ficou ainda mais contente ao saber que a Comissão de Ética adiou a votação do parecer de Paulo Piau. E embarcou na euforia com a grande notícia da noite: o governador paraibano Cássio Cunha Lima foi autorizado pelo Superior Tribunal Eleitoral a ficar no cargo de que fora afastado pelo próprio TSE.

Se o país fizesse sentido, todas as ruas e praças de todas as cidades seriam ocupadas por milhões de brasileiros à caça de explicações para dois enigmas. Como pode um tribunal emitir uma ordem de despejo e, cinco dias depois, proibir que seja cumprida? E o que vai pela cabeça do ministro Ricardo Lewandowski, que no dia 20 votou pela cassação do governador no TSE, negou no dia 26 o recurso encaminhado ao STF pelo PSDB e, no dia seguinte, de volta ao TSE, articulou a vitória do tucano da Paraíba por 5 votos a 2? O Brasil já não se espanta com nada.

Quando acionou aquela fábrica de cheques ilegais, Cunha Lima deveria ter assinado uma ficha de inscrição em qualquer partido da aliança governista. Se fizesse isso, teria hoje o presidente como testemunha de defesa. Talvez tenha confiado demais na clemência das instâncias superiores do Judiciário.

Os doutores dubitativos precisam liqüidar o assunto o quanto antes. Logo estarão lidando com o sucessor José Maranhão, senador pelo PMDB. Ele luta por Lula. E luta para escapar de oito processos na Justiça Eleitoral.

 Liberdade para os escravos do povo

Engaiolado por impiedosos espancamentos do Código Penal, o notório Jerominho quase perdeu o mandato na Câmara Municipal por excesso de faltas. Salvou-o a colega Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson e mãe da idéia, apadrinhada pela mesa diretora, de retocar o regimento interno com uma esperteza: "Será compulsoriamente licenciado o vereador que permanecer preso por prazo superior a 31 dias". Eduardo Paes nomeou-a no mesmo dia secretária de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida. Vão acabar redigindo em parceria uma Lei do Vereador Sexagenário. Nenhum escravo do povo será preso depois de completar a dezena dos 50.

CARLOS EDUARDO NOVAES

O conto da mala


Aconteceu ontem à noite na concentração do Botafogo. Os jogadores estavam reunidos no refeitório, quando um deles percebeu a presença de uma mala solitária encostada em um canto de parede.

– Engraçado. Não tinha reparado naquela mala...

– Onde?

– Ali! – apontou o atacante.

Era uma mala branca, encardida, de tamanho médio e não parecia cheia.

– Alguém trouxe uma mala para a concentração? – berrou um zagueiro.

Ninguém se apresentou. Os jogadores, no entanto, cercaram a mala, curiosos.

– Vamos abrir? – sugeriu um lateral.

– É melhor não! – ponderou um goleiro. – Ninguém sabe que mala é essa. De repente está cheia de explosivos. A gente abre e ela explode. Já vi isso no cinema.

– Você quer dizer que pode ser um atentado terrorista?

– Tem muito torcedor insatisfeito com nossas atuações.

– Quem sabe não é a mala do Bebeto de Freitas? Ele está deixando a presidência do clube. Deve ter limpado as gavetas.

Os jogadores circundavam a mala, intrigados, sem coragem de tocá-la.

– Não será a mala do Renato?

– Minha não! – respondeu o zagueiro Renato Silva, se afastando.

– Estou falando do Renato, técnico do Vasco. Você não lê jornal? Não viu ele declarar que deveriam mandar uma mala para os adversários dos times que estão na zona de rebaixamento junto com o Vasco? O Figueirense é um deles...

– Não entendi. Uma mala vai fazer a gente jogar mais?

– Não é a mala, pô! É o que tem dentro da mala!

– O que tem dentro da mala? – perguntou um mais ingênuo. – Chuteiras?

– Dinheiro, cara! Grana! Money! É um incentivo extra para não ficarmos zanzando pelo campo como almas penadas, como fizemos nos últimos jogos.

– Preferia receber esse incentivo para perder o jogo! É mais fácil para nós.

– Abre logo essa mala! – esbravejou o lateral impaciente, pensando nas dívidas acumuladas pelos salários atrasados.

– Acho melhor não abrir. Isso vai dar rolo. Já imaginou se a imprensa fica sabendo? Depois vem a polícia, vai tirar nossas impressões digitais. Eu não encosto o dedo nessa mala!!

– Deixe de ser cagão!

– Também sou a favor de devolver!

– Devolver para quem? Nada garante que é a do Renato! A mala não tem etiqueta!

– A gente só vai saber se abrir! – voltou o lateral irritado. – Abre logo essa p...dessa mala!

– Vamos abrir então. Talvez tenha uma mensagem, um bilhete dentro...

O atacante deitou a mala no chão, ajoelhou-se, abriu-a e viu um monte de notas de 50 pratas espalhadas. Os jogadores avançaram com uma disposição que não mostram em campo, mas foram contidos por um volante mais sensato.

– Um momentinho – disse ele. – Vamos pegar essa grana...mas e depois? Se não conseguirmos vencer o jogo?

– Aí vamos ter que devolver tudo!

– Então acho melhor nem mexer na mala. Fecha e deixa ela aí!

CHARGE

DOMINGO NOS JORNAIS

Globo: Vizinhos ameaçam o Brasil com calote de US$ 5 bilhões

 

Folha: Mundo terá o pior trimestre desde 80, prevêem bancos

 

Estadão: Governo libera gastos das estatais para ativar economia

 

JB: Fantasma do desemprego

 

Correio: Décimo terceiro - O que fazer com o dinheiro extra

 

Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais

 

Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras