sexta-feira, setembro 07, 2012

Bandidos na política - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 07/09


A Procuradoria Geral Eleitoral já analisou e se manifestou sobre mais de 750 pedidos de indeferimento de registros de candidatos nas eleições deste ano.
O dado é do Brasil inteiro e trata tanto de candidatos a prefeito quanto de postulantes a vereador.

Veja só
Na peneira do MP surgiram quatro traficantes, três estelionatários, um estuprador e uma homicida.

Metendo os peitos
As ativistas do Femen, aquelas que botam os seios de fora para protestar, prometem agitar a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nas comemorações de hoje do Dia da Independência.
A segurança da festa cívica já foi alertada.

Voos suspensos

Aliás, Dilma ficou incomodada, ontem, com os voos dos caças da Força Aérea sobre a Esplanada dos Ministérios.
Os aviões, que faziam testes para a exibição de hoje, Dia da Independência, tiveram que ser recolhidos.

Fator Russomanno
O avanço de Celso Russomanno, que chega perto dos 60% dos votos contra qualquer adversário no segundo turno em São Paulo, fez Dilma mudar de planos.
Ela, que tinha decidido gravar no primeiro turno só para Patrus Ananias, em Belo Horizonte, abriu exceção também para Fernando Haddad em São Paulo e Eduardo Paes no Rio.

Abelha-rainha
Maria Bethânia decidiu adiar temporariamente a sua nova turnê.

BIBLIOTECA DE CARA NOVA
A Biblioteca Pública do Estado, na Avenida Presidente Vargas, no Rio, vai ser reaberta em dezembro, completamente remodelada. Veja só como ela vai ficar nas imagens. Orçadas em R$ 43 milhões, as obras incluem um prédio anexo, que abrigará um auditório, uma biblioteca infantil e um restaurante panorâmico, com vistas para o Campo de Santana e a Central do Brasil. Maravilha •

Calma, gente
A presença do nome de Roberto Carlos na lista dos artistas "que se uniram à revolução de 1964" segundo informe feito em 1971 pelo Centro de Informações do Exército (CIE), também não faz sentido.
O jornalista Paulo Cesar de Araújo, autor da biografia censurada do Rei, lembra que Roberto sempre fez questão de dizer que era apolítico: "Ele nunca fez uma manifestação pública a favor ou contra o governo militar."

Tudo vai mal
Araújo lembra que em 1969, logo depois do AI-5, Roberto visitou Caetano Veloso, que vivia exilado em Londres, e em 1971 gravou uma música do baiano, "Como dois e dois’,’ uma canção de protesto.
Um versinho: "Tudo em volta está deserto, tudo certo/ Tudo certo como dois e dois são cinco"

Olimpíadas
Talvez a inclusão do Rei se deva também ao fato de que ele participou, como Clara Nunes e outros cantores da época, das tais Olimpíadas do Exército, levado por Marcos Lazáro, outro nome da lista do CIE.

Jardim público
O TCU, como se sabe, condenou o projeto de privatização de uma parte do Jardim Botânico.
Mas o plenário recusou a proposta do ministro Walton Alencar Rodrigues de multar em R$ 20 mil Marina Esteves, superintendente do Patrimônio da União, e em R$ 10 mil Celia Ravera, chefe de Serviço do SPU.

Para Walton,

As duas "passaram por cima da lei para tentar enfiar goela abaixo o projeto de regularização fundiária dentro do Jardim Botânico, área tombada da União’!

Os fora da lei

As operações policiais de combate ao jogo do bicho no estado do Rio não vão cessar.
É que estão no rastro de mais policiais corrompidos por essa máfia.

Café tem culpa

O STJ decidiu abrir jurisprudência no caso de um estudante que foi espancado por ladrões, durante um arrastão, dentro do Hard Rock Café, na Barra, no Rio, em 2003.
A casa também foi responsabilizada pela omissão de seus seguranças e condenada a pagar indenização, por danos morais, que vai lhe custar R$ 15 mil, mais juros e correção.

Livraria do Perú
As Organizações Perú Molhado expandem suas atividades.
O empresário argentino Marcelo Lartigue, uma espécie de Eike Batista dos pobres de Búzios, inaugura hoje uma livraria.

Que bom
A Casa do Saber na Lagoa, no Rio, um ponto de debates que é um charme só, vai passar a dar cursos e palestras sobre Filosofia, História, Literatura nas favelas da Rocinha e de Manguinhos.

Marchas e contramarchas - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 07/09


O STF vem atendendo aos pedidos daqueles que, todo Sete de Setembro, marcham contra a corrupção. Validou a Lei da Ficha Limpa e está julgando o mensalão

Há anos, a festa de Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios convive com os mais diversos tipos de manifestações. Ao tradicional grito dos excluídos, que costuma ocupar a área dos desfiles depois que as autoridades vão embora, somam-se outros grupo, a cada ano. A marcha contra a corrupção, convocada pela internet, na qual os organizadores não admitem a inclusão de bandeiras partidárias e os integrantes saem vestidos de preto, reuniu 25 mil pessoas no ano passado e espera repetir a dose este ano.

Por causa do julgamento da Ação Penal 470, do mensalão, há mais tensão no governo e no PT com essa convocação de hoje. Afinal, vai longe a época em que o governo petista tinha os manifestantes orgulhosos de exibir a bandeira vermelha do PT, como ocorreu no primeiro ano do governo, numa festa organizada com a apoteose que marcava os eventos organizados com a ajuda do marqueteiro Duda Mendonça. Naquele tempo, o grito dos excluídos pós-desfile não passava de um bloco minúsculo diante de tantos que iam homenagear Lula, espontaneamente.

Agora, a sensação de muitos é a de que esse número se inverteu. Da parte do governo, há o receio de que a repetição do número de manifestantes presentes à marcha da corrupção no ano passado deixe o partido de Lula e Dilma Rousseff ainda mais exposto. Mas, apesar disso, a segurança não foi reforçada porque, em se tratando de uma data que sempre foi usada como catalisadora de manifestações, estão todos escolados e com tudo acertado para deixar a presidente longe de protestos. E, mantendo a tradição que vem desde Lula, ela deve sair do desfile enquanto a esquadrilha da fumaça estiver dedicada a entreter a população, inclusive os integrantes dos protestos, que devem ter como uma das bandeiras o pedido de cadeia para aqueles que, popularmente, ganharam a alcunha de mensaleiros.

Por falar em mensalão…

Na conversa que tiveram esta semana, Lula e Dilma se mostraram pessimistas em relação ao desfecho do julgamento, mas já começaram a traçar estratégias para não deixar a estrela petista cair. A defesa dos aspectos positivos do governo Lula, citados na nota de Dilma em resposta ao artigo de Fernando Henrique Cardoso a respeito da “herança pesada” que recebeu, voltará a martelar em breve não só os discursos dela no Planalto como os pronunciamentos pelo mundo afora. A estratégia é reivindicar para si e para Lula a responsabilidade pelas melhorias do país nos últimos anos.

Por falar em reivindicações…

Os protestos na Esplanada têm tido um certo poder de persuasão. Há alguns anos, a bandeira foi a validade da Lei da Ficha Limpa. Demorou, mas a legislação emplacou e, hoje, é inclusive motivo de propaganda na TV. Depois, vieram as pressões para o julgamento do mensalão. O Supremo Tribunal Federal atendeu ao pedido justamente no ano eleitoral, e aqueles que sempre pregaram a necessidade de punições como forma de sanear o sistema político presenciam, até o momento, uma onda de condenações pelos ministros da Corte.

Outras reivindicações, entretanto, as autoridades fazem corpo mole na hora de implantar. Por exemplo, o fim do voto secreto para definir o destino de parlamentares acusados de quebra de decoro, um dos principais pedidos da marcha contra a corrupção no ano passado. Foi feita justamente depois que os congressistas absolveram a deputada Jaqueline Roriz. Este ano, os manifestantes prometem acrescentar ainda o fim dos 14º e 15º salários de deputados e senadores. Assim como o fim do voto secreto para processos de cassação de mandato, esse projeto continua pendente na Câmara dos Deputados.

Pelo que se pode perceber ao longo dos últimos anos, o STF vem cumprindo seu papel e se mostrado sensível aos pedidos daqueles que, em todo Sete de Setembro, marcham contra a corrupção. Validou a Lei da Ficha Limpa e está julgando o mensalão. Falta o Congresso fazer a sua parte, com o fim do voto secreto e dos salários extras.

Por falar em julgamento…

Pegou mal a declaração do novo corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Francisco Falcão, de que há “meia dúzia de vagabundos” que precisa sair do Judiciário. Esse adjetivo parece estar fadado a gerar problemas a políticos e magistrados. Há alguns anos, o ex-presidente Fernando Henrique chamou de vagabundos aqueles que se aposentavam com menos de 50 anos. Pronto, foi o suficiente para que ficasse marcado como o presidente que chamou todos os aposentados de vagabundos. Agora, Falcão, embora tenha dito que a maioria dos juízes é boa, corre o risco de ser visto como alguém que chamou a classe dos magistrados de vagabundos, sem as devidas ressalvas feitas pelo corregedor. E, sabe como é… Como quem conta um conto, aumenta um ponto, não será surpresa se essa frase terminar se espalhando com uma leitura exagerada. No mais, bom feriado a todos!

O Fla-Flu dos desesperados - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 07/09


A condenação de Dirceu será a admissão de que somos um país de hipócritas, uma democracia de araque



MUITO GENTIL, a desconhecida in­terrompeu minha leitura para trocar amenidades. Fa­lou-me do Pacheco Pafúncio, meu cão e personal trainer que foi ter com o Criador, e depois fez um cafu­né no Ziggy e me contou um pouco da história do bairro e da sua tam­bém. Ficamos ali muito entretidas até que, de súbito, ela anunciou: "Sou a Maria Victória Benevides".

Ora, como não? Estou acostumada a descer o sarrafo na professora da USP neste espaço. Creio que não exista um pensamento seu do qual eu não discorde diametralmente.

E, no entanto, ela não se furtou de conversar comigo e de se dizer minha leitora. Tapa de luva de pelica? Não importa. Tomei como exemplo de urbanidade e elegância.

Por que conto isto agora se já se passou quase um ano do nosso en­contro? Veja: uma democracia leva séculos para se consolidar. É ilusão pensar que a nossa já esteja funcio­nando sem risco de fissura estrutu­ral. E é de se perguntar se alguns de nossos ministros do STF se dão conta de que estão julgando para a história.

Porque se a intenção for dar pros­seguimento ao projeto de fazer deste país uma democracia moder­na, não parece que o melhor cami­nho seja o berro e a simplificação.

Não entendo nada de leis, mas vejo que, dos 38 réus, por mais que al­guns me causem urticária, nem to­dos são políticos. Por que os dois ca­maradas do banco e aqueles publi­citários pérfidos estão sendo julga­dos no STF? Condenados, recor­rem a quem, ao papa? Isso é Justiça que se preze? Isso é juiz herói? Isso depura a democracia? Ah, sei. Co­mo depurou no caso Collor, não foi? É verdade. Esqueci que esta­mos bem melhor depois do im­peachment, mudou tudo de lá para cá, inclusive porque des­cobrimos quem matou PC Farias e baixaram as comissões dos negó­cios escusos em Brasília, não é? E o Lindbergh Farias virou Dalai Lama, foi isso.

Punições exemplares raramente surtem efeito, menos ainda quando há clima de vingança no ar. E a condenação do ex-chefe da Casa Civil, não importa o julgamento pessoal que façamos dele, se houver, será caminhar no sentido inverso ao pretendido. Se Dirceu for conde­nado, estaremos declarando Lula culpado. Ao fazer isso, forço­samente admitiremos que somos um país de hipócritas em uma democracia de araque, uma vez que o sistema de governo que nos conduz desde a abertura (ou mesmo antes dela) não passa de uma grande farsa com farta distri­buição de cargos, comissões arran­jadas, concorrências fraudadas, contratos subfaturados, emendas acordadas para acomodar interes­ses escusos e tudo mais que já sabe­mos.

É preciso punir? Nem se discute. Mas punir de qualquer jeito, só porque sabemos que há desvio, não corrige. Há formas mais justas e prudentes de encaminhar nossa democracia.

Torcer e comemorar a pu­nição da turma do mensalão, sem observar a lei e esque­cendo de outros arranjos entre gru­pos criminosos dentro da administração pública ou de co­mo surgiu a primeira denúncia contra o governo Lula, são manifestações do cancro que to­mou conta do organismo.

Por falar em torcida, lamento de­cepcionar as macacas de auditório do Contardo Calligaris, mas citar estudo de cansaço do autocontrole para falar de dependência e inter­nação é como se referir à página do índice do "Manual do Onanista" tentando encontrar a solução para taras sexuais. Sobriedade tem a ver com conscientização, não com força de vontade, caro Calligaris.

Será preciso desenhar para você a dura realidade de que o discurso da psicanálise não serve para tratar dependência? Ufa!

Dia de bancos centrais - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 07/09


Ontem foi dia de prestar atenção no que disseram os bancos centrais do Brasil e da Europa. Aqui, o BC divulgou a ata do Copom e disse que agora os juros vão cair menos. Na Europa, o presidente do BCE, Mario Draghi, venceu a queda de braço com Angela Merkel. Com o voto contrário apenas do Bundesbank, anunciou que comprará títulos dos países endividados da zona do euro .

A ata do Copom reconheceu que o mundo passa por um choque agrícola, mas acha que é de menor intensidade e mais breve que o último choque. A inflação de alimentos e bebidas foi a 8,9% nos 12 meses até agosto. No mercado, a avaliação que se faz é que em setembro o repasse dessa alta de preços internacionais dos alimentos para o mercado doméstico vai ser mais forte. O BC aposta que a inflação em 12 meses vai cair dos atuais 5,24% porque a taxa de setembro será menor que os 0,53% do ano passado.

Na Europa, venceu a posição mais flexível, mas a nova ajuda vem com uma condição. Os governos terão que fazer pedidos formais, e isso implicará em supervisão externa e compromissos de redução de gastos. A Itália, de Draghi, não quer saber disso; a Espanha não terá escolha .

A Europa está em recessão, e o crescimento do Brasil minguou. A diferença é que o BCE refez os seus cálculos e prevê uma alta de apenas 0,5% no ano que vem. Já o BC brasileiro acredita que nosso ritmo de atividade retomará o vigor a partir deste segundo semestre .

Nosso BC explica que a crise europeia nos afeta de várias formas: menor corrente de comércio; menor acesso ao crédito externo; desestímulo a investimentos e redução da confiança dos empresários. Mas considera que o Brasil tem condições de voltar a crescer pela oferta consistente de crédito interno, pelo mercado de trabalho aquecido e pelas políticas de transferência de renda que garantem o consumo .

As bolsas subiram após o anúncio de Mario Draghi. Os juros cobrados do governo espanhol para a rolagem de dívidas caíram para o nível mais baixo em seis meses. Os juros do governo italiano recuaram para o menor nível em quatro meses. A expectativa pelo anúncio do BCE fez com que o custo da dívida espanhola caísse 20% nas últimas semanas, e o custo italiano, 18%, segundo o "Financial Times" .

A principal diferença entre o que o BCE anunciou ontem e o que vinha sendo tentado na Europa é que antes os outros países da região precisavam colocar dinheiro em um fundo, para que só depois disso ele fosse repassado aos governos endividados. Agora, o BCE, que tem a maquininha que imprime euro nas mãos, pode fazer isso diretamente. O risco é contaminar o balanço do Banco Central com títulos podres e desestimular o ajuste que os governos precisam fazer para reduzir gastos. Esse é o temor do Bundesbank .

Numa economia globalizada, o que diz um BC do lado de lá tem efeitos sobre o que faz o BC daqui. O anúncio da Draghi não resolve o problema europeu, mas torna mais remoto o risco de um evento extremo na zona do euro, como a saída de um dos países do bloco. Esse é o cenário com o qual o Banco Central brasileiro já vinha trabalhando .

O choque agrícola virou um complicador que não estava no radar do BC brasileiro. A seca nos EUA está elevando o preço dos alimentos. Agora, além da inflação de serviços, o BC precisará ficar atento a isso. E ele ainda não põe na conta o aumento da gasolina, pelo qual a Petrobras espera para evitar novos prejuízos. No começo do governo Dilma, o Banco Central garantia que em 2012 entregaria a inflação na meta. Ontem, ele jogou a toalha. Nem este ano, nem em 2013 e nem mesmo em 2014. O governo Dilma não verá o centro da meta .

Inéditos - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 07/09


RIO DE JANEIRO - Uma das palavras que mais se leem hoje nos segundos cadernos é "inédito". A cantora X terá sua obra completa lançada numa caixa com 48 CDs -um deles, composto de gravações inéditas. O escritor Y, já fartamente editado, anuncia um novo livro, de inéditos -seja o que for isto. A celebridade Z, que não sai da mídia, dará entrevista ao Jô, prometendo revelações inéditas.

Se não for inédito, não interessa. Tudo o que a cantora, o escritor e a celebridade cantaram, escreveram ou fizeram no passado, por mais explosivo e ribombante, é isso aí -passado. Numa época em que, graças à tecnologia, todo o glorioso passado do cinema, da música popular e até da literatura está disponível, de graça e pronto para ser redescoberto, não se sabe de onde vem essa urgência por inéditos.

Não pode ser do público -que, na sua maioria, ainda não assimilou nem sombra da obra passada dos artistas mortos ou vivos. Donde só pode ser dos jornalistas, que encontraram uma saída fácil para entrevistar personalidades: "Tem algum (conto, canção, fofoca) inédito?". E, se você disser que não, podem virar-lhe as costas e seguir alhures, em busca de inéditos alheios.

Faz lembrar a pergunta que se é obrigado a responder em meio a um livro, disco, filme, peça ou show que se está acabando de lançar: "Qual é o seu próximo projeto?". Ou seja, você acaba de botar na praça um produto que ainda não foi sequer divulgado, quanto mais lido, escutado, visto, assistido ou cheirado, e já querem saber o que vem a seguir. Sempre a busca do inédito.

Desconfie da palavra inédito. Quase sempre serve apenas para maquiar um produto já editado, mas que estava fora de circulação há algum tempo -ou revela a ignorância de quem considera inédito tudo que não conhece e para quem qualquer banalidade é uma pepita dourada.

Luzes para todos - SONIA RACY


O ESTADÃO - 07/09


Nada de novo no leilão. Dilma anuncia terça-feira a prorrogação das concessões de energia elétrica desde que as empresas concordem com premissas de “modicidade tarifária”. Em outras palavras, também terão de reduzir preços.

Aliás, ministros foram “convidados” a ficar na capital federal neste feriado. Só após o desfile poderão voar para fazer campanha em seus estados.

Paz e amor
José Eduardo Cardozo e Luís Inácio Adams rasgam seda quando o assunto é STF – os dois são cotados para uma vaga.

O ministro fez questão de dizer ao chefe da AGU que não estava por trás das informações sobre uma possível nomeação.

Adams respondeu: “Relaxa, Cardozo, também te apoio”.

Paz e amor 2
Os dois chegaram juntos à posse do novo presidente do STJ, Felix Fischer, semana passada. Com Dilma. Foram convocados pela presidente a acompanhá-la do Palácio da Alvorada até a sede do tribunal.

Refugees
Cresceu o número de pedidos de refúgio em São Paulo – que agrega a maior comunidade daquele país no Brasil. Foram 25 solicitações só em agosto – 41,6% do total registrado desde o início do ano.

Os números são da Cáritas Arquidiocesana.

Descolados
QG haddadista comemora o fato de os vereadores da coligação do PSDB estarem usando Serra de forma acanhada em seu material de campanha – ou até suprimindo-o, como têm feito Antonio Carlos Rodrigues e Dr. Milton Ferreira, entre outros.

No comitê petista, Haddad e os candidatos a vereador têm o mesmo destaque em panfletos e cavaletes.

Vai, Brasiiil!
Serra, palmeirense, e Alckmin, santista, fazem tabelinha hoje no jogo da seleção brasileira, no Morumbi.

Kassab, tricolor roxo, foi convidado por José Maria Marin.

Bienal relâmpago
Para protestar contra o descaso com bibliotecas públicas, a ONG Educa São Paulo distribuirá, segunda-feira, 8 mil livros no Viaduto do Chá.

Pênalti
Mano Menezes deu de ombros à denúncia de Romário sobre cartel na convocação da seleção. O deputado acusa treinador e Andrés Sanchez de chamar jogadores com o intuito de inflacionar seu valor de mercado e vendê-los em seguida para o exterior.

Fonte da CBF avisa que Mano, ao saber da “novidade”, foi simples: “Na seleção só joga quem faz por merecer”.

Béjart no centenário
O Cultura Artística celebra seu 100º aniversário com quatro apresentações do Béjart Ballet Lausanne – companhia que não vem ao Brasil há 12 anos.

De 27 a 30, no Teatro Municipal.

Guarda-chuva
A abertura do Fashion Night Out acontece segunda-feira, nos Jardins, com desfile ao ar livre de 30 marcas com loja no bairro, como Dior, Roberto Cavalli, NK, Versace, Cris Barros e Carlos Miele.

Em caso de chuva, será transferido para a Galeria Romero Britto.

Na frente
Tem carrinhada de bebês no Festival Mundial da Paz, da Unipaz. Hoje, no Parque do Ibirapuera.

A convite do Experience Club, Eduardo Giannetti faz debate dia 18. No Trivento.

Juan Carlos Villa Larroudet, da Omint, comemora, terça-feira, os 32 anos da empresa. No Jockey Club.

Paulo von Poser abre exposição no Museu de Arte Sacra. Dia 15.

Miriam Chnaiderman comanda bate-papo dia 14. No Ponto do Livro.

Em ritmo de amistoso da seleção, Teresa Perez lança seu Traveller Guide África do Sul. Terça-feira, no Lounge One do Shopping JK.

Otávio Martins faz pré-estreia de seu monólogo Córtex. Dia 14, no CCBB.

Ricardo Ribenboim levará 12 artistas latino-americanos para as Olimpíadas Culturais. Na Inglaterra.

Alento para os paulistanos. Dias de sol no feriado e… chuva na segunda-feira. Previsão tanto do Climatempo como do Weather Channel.

História sem fim - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 07/09

O atraso acima do previsto do julgamento do mensalão já preocupa os ministros do Supremo Tribunal Federal. Um membro da corte avalia que, no ritmo atual, Joaquim Barbosa assumirá a presidência no lugar de Carlos Ayres Britto antes da publicação do acórdão e da análise de eventuais embargos de declaração da defesa. Com isso, a relatoria do processo passará ao sucessor de Britto, que decidirá quando levar os embargos a plenário. Até lá, os réus condenados não serão presos.

Olho no lance 
O cálculo de que caberá ao sucessor de Britto decidir o ritmo de desfecho do mensalão também já foi feito no PT, que agora monitora com lupa as conversas para a escolha do futuro ocupante da vaga no STF.

Vida prática 
Há exemplos anteriores de atraso na execução da pena na corte. O deputado Natan Donadon (RO), condenado em 2010 a 13 anos de prisão por peculato e formação de quadrilha, ainda não foi preso porque a relatora Cármen Lúcia não levou ao plenário os embargos.

Dama de ferro 
Réus políticos do mensalão se preocuparam com o voto da ministra Rosa Weber em que ela cita reuniões de José Dirceu com dirigentes do Banco Rural. Acham que ela levará isso em conta na hora de analisar o caso do ex-ministro e não poupará nenhum político.

Lançando... 
Convidada para depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara no dia 19, a presidente da Petrobras, Maria da Graça Foster, será questionada sobre as críticas à gestão de Sérgio Gabrielli na empresa.

... moda 
Um parlamentar da base pretende confrontar Graça com o fato de que, no governo Lula, o conselho de administração da Petrobras estava sob o comando de Dilma Rousseff, então titular da Casa Civil. "Como governistas, vamos exigir uma reparação dela, como a Dilma fez com o FHC'', ironiza.

Mãozinha 
Diante do apelo de Lula para que Dilma ajude Nelson Pelegrino em Salvador, a cúpula do PSDB vai pedir ao ex-prefeito e deputado tucano Antônio Imbassahy, que ainda tem um grande recall na capital baiana, que grave para o programa de TV de ACM Neto (DEM), líder nas pesquisas na cidade.

Cidade... 
A Justiça Eleitoral notificou ontem Celso Russomanno a retirar em 48 horas placas e banners expostos no comitê central de sua campanha, na região dos Jardins. O Ministério Público considerou que a publicidade extrapola o limite de 4 m² por peça imposto pela lei.

... limpa 
Amargando reprovação recorde de mandato, Gilberto Kassab comemora o placar de 2 milhões de itens de propaganda irregular retirados no ano. A ofensiva contra a poluição visual foi vitrine da primeira gestão.

Super-herói 
Em vez da vassourinha, popularizada por Jânio Quadros, Russomanno aparecerá a partir de hoje em adesivos e banners como personagem de história em quadrinhos pilotando rolo compressor contra a "corrupção e a incompetência".

Na geral 
O palmeirense José Serra e o santista Geraldo Alckmin irão juntos ao Morumbi hoje para assistir ao amistoso entre as seleções brasileira e sul-africana de futebol. A última vez que o candidato tucano acompanhou in loco o time de Mano Menezes foi na derrota para a Argentina, em Nova York.

Missão de paz 
O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, tenta convencer Alckmin a retirar uma ação direta de inconstitucionalidade impetrada contra a Zona Franca de Manaus. O tema ameaça a liderança do tucano Arthur Virgílio na disputa na capital do Amazonas.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

O governo quer legislar só sobre o que lhe convém. Não é assim que se regem as relações de trabalho num Estado democrático.

De MARCOS LEÔNCIO RIBEIRO, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, sobre proposta de regular greve no setor público.

contraponto


Meu nome é Joaquim!

Futuro presidente do STF e do CNJ, Joaquim Barbosa deu uma prévia, terça-feira, de como agirá com os advogados nos próximos dois anos. Ele presidia interinamente plenária do Conselho Nacional de Justiça quando pediu a palavra Jorge Hélio, representante da OAB no órgão. Joaquim abriu o microfone, mas rapidamente o interrompeu alegando demora nas colocações.

Um advogado presente à sessão ironizou, lembrando do ex-deputado do extinto Prona:

- O ministro Joaquim é o novo Enéas. Ele quer resolver tudo em 30 segundos, no máximo.

Tragédia brasileira - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP - 07/09


SÃO PAULO - Conversas de bastidores dão que Luiz Inácio Lula da Silva está triste e abatido com as primeiras condenações no julgamento do mensalão. Na ala mais próxima ao ex-mandatário, já há quem fale em traição, uma vez que, dos oito ministros que chegaram ao STF por indicação de governos petistas, seis consideraram João Paulo Cunha, "primeiro medalhão do partido a enfrentar o tribunal", culpado.

Como bem observou Rogério Gentile ontem neste espaço, Lula parece dar mais importância a valores como gratidão e companheirismo do que a princípios como imparcialidade e independência entre os Poderes.

Não resisto a temperar a discussão com elementos de classicismo.

O ex-presidente estaria evocando aquilo que os gregos chamavam de "díke", que pode ser traduzido como "costume" ou "justiça", notadamente a justiça divina. A lealdade é uma obrigação que os próprios deuses impõem aos homens. Já os que damos preferência a princípios republicanos nos apoiamos no "nómos", a "lei", em especial a lei positiva.

Quando as duas concepções entram em choque, nasce a tragédia. Édipo foi punido porque violou a "díke" ao matar o pai e deitar-se com a mãe, ainda que, do ponto de vista da lei humana, fosse inocente, já que ignorava a identidade dos genitores.

Já Antígona conheceu a perdição porque, ao dar sepultura ao irmão Polinices, fez o que a "díke" exigia, mesmo sabendo que isso contrariava o "nómos" ditado por seu rei e tio, Creonte, que declarara Polinices um traidor, indigno de honras fúnebres.

Lula não é Édipo, nem Cármen Lúcia, Antígona, mas o esquema das tragédias ensina que a tensão entre justiça, que opera numa dimensão psicológica, e lei, imposta externamente a todos, é um problema que nos atormenta desde sempre. O mais próximo de uma solução que me ocorre é a lição de Charles de Gaulle, que teria dito que homens públicos têm o dever de ser ingratos.

Etimologia monetária - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE


O Estado de S.Paulo - 07/09


Juno, deusa romana, protetora do Estado. Uma das divindades mais complexas da teologia romana, Juno tinha diversos epítetos, facetas ou funções. Um deles era Juno Moneta, protetora dos recursos do Tesouro, deusa da moeda. Na Roma Antiga, as moedas eram cunhadas no seu templo. A palavra moeda também tem suas origens no termo grego moneres, que significa "única". O euro, portanto, é a moneta moneres. Ou melhor, seria, não fossem os problemas que atualmente afligem o Banco Central Europeu.

Mario Draghi tem dito que a moneta moneres europeia corre o "risco da conversibilidade" e que, portanto, é necessário que a autoridade monetária atue para eliminar esse risco. Para os não iniciados, o tal risco de conversibilidade parece uma expressão excessivamente hermética, típica do jargão dos economistas. Mas não é. Sobretudo se considerarmos as origens etimológicas da palavra moeda.

A deusa Juno tinha várias funções. A moeda, também: serve como meio de troca - o instrumento por meio do qual as transações comerciais são conduzidas na economia. Serve também como unidade de conta, isto é, como referência para os preços, para os valores dos bens e serviços produzidos. E, por fim, a moeda exerce uma função que os economistas chamam de reserva de valor - ou seja, como a moeda é um ativo financeiro, ela é, também, uma forma de os indivíduos guardarem a sua poupança ou de alocarem a sua riqueza. Uma moneta moneres que sirva a vários países tem de cumprir essas três funções simultaneamente. Se uma delas for infringida, há um risco de conversibilidade, isto é, de que uma moeda aceita para uma determinada função num país não seja aceita para a mesma função em outro.

Voltemos ao euro. Como medir o risco de conversibilidade, se o euro é aceito como unidade de conta e como meio de troca pelos países da União Europeia? A resposta está na sua terceira função, a de reserva de valor. Tipicamente, a moeda de qualquer país, o papel-moeda em poder do público ou o meio circulante, não rende juros. Não se recebe nada quando se guarda moeda na carteira, por exemplo. Mas os títulos de dívida de curtíssimo prazo dos governos são quase como a moeda. Não se pode usá-los para conduzir transações ou precificar bens e serviços, mas é possível utilizá-los para ganhar algum rendimento de curto prazo. Por curto prazo, entenda-se um prazo de vencimento de até três anos. Como esses títulos podem ser resgatados rapidamente, são quase tão líquidos quanto a moeda. E, por serem de prazo curto, não embutem um prêmio de risco de default do país, como os títulos de prazo mais longo.

Numa união monetária estável, onde de fato valha a máxima moneta moneres, os títulos de curto prazo dos países que a adotam têm de ter rendimentos muito parecidos, ou praticamente iguais, embora os de prazo mais longo possam divergir em razão da percepção de solidez fiscal de cada país-membro. Isso significa que um título de três meses da Espanha tem de render juros semelhantes aos dos títulos de mesma maturidade da Itália, da França ou da Alemanha. Contudo, desde meados de 2012, pouco antes de Mario Draghi soar o alarme do risco de conversibilidade, os rendimentos destes títulos curtos começaram a divergir. Na prática, isso significava que o euro estava perdendo a sua função como reserva de valor, ou melhor, que um euro "espanhol" já não era igual a um euro "alemão". Portanto, o euro espanhol deixara de ser totalmente conversível em euros alemães. Moneta moneres? Não mais.

Uma união monetária não sobrevive sem a sua moneta moneres. É o mandato do BCE - ou de qualquer banco central - preservá-la. Como? Agindo de forma a equalizar os rendimentos dos títulos de curto prazo dos países da zona do euro, eliminando, portanto, o risco de conversibilidade.

Nada mais apropriado do que um romano - Draghi nasceu na "cidade eterna" - para entender que, para salvar o euro, como ele próprio declarou, precisará encarnar Juno e todos os seus epítetos. Juno Curitis, aquela que protege e cura, é o próximo.

Coisas do Brasil - NELSON MOTTA

O GLOBO - 07/09


Para uma geração que passou por uma ditadura militar, por inflações estratosféri-cas, diversas moedas e desvarios econômicos, por décadas de desmandos e corrupção impunes, é quase inacreditável a alegria de ver o ex-senador Luiz Estevão, o juiz Lalau, e, em breve, Paulo Maluf, devolvendo, juntos, mais de 500 milhões de reais ao Tesouro Nacional. Confesso que jamais imaginei viver esse dia.

Ainda mais inacreditável é ver ao vivo na televisão políticos governistas, banqueiros e empresários sendo condenados pelo Supremo Tribunal Federal por caixa dois e gestão fraudulenta. E o melhor é que as primeiras condenações já bastam para levar vários à cadeia, firmando jurisprudência para condenar os corruptos e corruptores dos mensalões de Minas e de Brasília.

Se há dez anos uma vidente me fizesse essa profecia eu iria embora sem pagar a consulta, às gargalhadas. E a chamaria de louca se falasse de uma Lei da Ficha Limpa, que impediria políticos condenados pela Justiça de disputar eleições. Se um roteirista me apresentasse a história real de Demóstenes e Cachoeira eu desistiria nas primeiras páginas, porque seria inverossímil e cheia de clichês. O triste é que esses eventos tão extraordinários e surpreendentes para nós seriam a norma em qualquer país civilizado e democrático.

Em compensação, para as gerações que passaram por tantos dissabores, derrotas e des-crenças no Brasil, essas conquistas têm muito mais valor e sabor do que para a geração do meu neto de 16 anos, que já começa a votar em um país democrático, que vai se civilizando aos trancos e barrancos. Não é só o futebol, o Brasil é uma caixinha de surpresas.

Mas não consegui explicar a um amigo americano o atual momento brasileiro: se nosso salário mínimo é de 325 dólares e a renda per capita anual de 11 mil dólares, como o custo de vida no Rio e em São Paulo pode ser igual ao da Flórida, que tem renda per capita de 44 mil dólares? Como os imóveis aqui podem ser mais caros? Não há teoria econômica, ou esotérica, que explique. Talvez a velha expressão que ouço há sessenta anos, para o bem e para o mal: coisas do Brasil.

Intervenção tardia e incompleta - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 07/09


Se a intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em oito distribuidoras do Grupo Rede tem o objetivo de "garantir a segurança do fornecimento de energia no País", como alegou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ela é tardia. Há muito tempo as autoridades do setor e as empresas de energia elétrica conhecem a difícil situação financeira do controlador dessas distribuidoras, que atuam em cinco Estados. As dificuldades financeiras impediram que o grupo investisse até mesmo o mínimo para assegurar a manutenção da qualidade dos serviços de suas controladas. Por isso, suas tarifas não foram corrigidas, o que agravou seus problemas.

Dias antes de a Aneel anunciar sua decisão, o governo editou a Medida Provisória (MP) 577, que permite a intervenção nas concessionárias para assegurar a adequada prestação dos serviços públicos de energia elétrica "e o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes".

O Grupo Rede cresceu graças a aquisições de outras companhias, sobretudo depois das privatizações no setor elétrico. Transformou-se num dos maiores do ramo no País. Mas passou a ter problemas financeiros. Desfez-se de empresas de geração, para se concentrar na área de distribuição. Mas os problemas persistiram. A intervenção deveu-se às dificuldades do grupo para obter financiamentos para seu programa de investimentos, à dívida de R$ 5,7 bilhões e à queda dos índices de qualidade dos serviços de suas controladas. Outra distribuidora controlada pelo Grupo Rede, em parceria com a Eletrobrás, é a Celpa, que, por estar sob o regime de recuperação judicial, foi excluída da lista das que sofreram intervenção.

A MP estabelece prazos para os controladores das distribuidoras sob intervenção apresentarem um plano de recuperação. Se aceito pela Aneel, a intervenção será suspensa. Senão, a Aneel poderá extinguir as concessões e realizar novas licitações. As dívidas que persistirem serão de responsabilidade dos controladores.

Se vale para empresas privadas, a justificativa para intervir em concessionárias com o objetivo de assegurar a continuidade da prestação de um serviço essencial para o País deveria se aplicar também a empresas públicas de desempenho operacional e financeiro notoriamente ruins. Nos casos de antigas empresas distribuidoras controladas pelos Estados com histórico de maus serviços e de dilapidação do dinheiro público, no entanto, o governo optou por uma solução paternalista, que impede a devida responsabilização daqueles que geraram essa situação.

Oito distribuidoras estaduais em fase pré-falimentar - controladas pelos governos do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Goiás, Piauí, Rondônia e Roraima - foram absorvidas pela Eletrobrás, com toda sua ineficiência, seus custos políticos excessivos, seus imensos prejuízos. Elas mantiveram existência fiscal e contábil independente e, por isso, seus resultados continuam muito ruins, impondo gastos adicionais à controladora Eletrobrás.

No parecer dos auditores independentes divulgado pela Eletrobrás junto com as informações econômico-financeiras relativas ao primeiro trimestre deste ano, lê-se que "as empresas controladas (da Eletrobrás) do segmento de distribuição têm apurado prejuízos em suas operações e as distribuidoras Amazonas Energia e Ceal (Alagoas) apresentaram excesso de passivos sobre ativos circulantes no encerramento do trimestre no montante de R$ 1,18 bilhão". Estão tecnicamente quebradas e sua continuidade operacional depende de dinheiro da Eletrobrás. As outras controladas na Eletrobrás não estão em situação muito melhor.

Por que, em vez de investir recursos escassos da Eletrobrás nessas empresas, o governo não faz o mesmo que fez com as distribuidoras do Grupo Rede, intervindo nelas e, depois de saneá-las, com a devida responsabilização de seus antigos controladores, transferindo-as para grupos que possam geri-las com competência? O fato de a lista incluir empresas de Estados como o Amapá do senador José Sarney, fiel amigo dos governos petistas, talvez explique tudo.

Ueba! Feriadão ou Morte! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP  - 07/09


E a primeira eleição do Serra foi pra conde Drácula. E perdeu pro Russomanno, o empalador! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Oba! Feriadão da Pátria! Brasileiro gosta tanto de feriadão que grita: "Feriadão ou Morte". E um outro gritou: "Sexo ou Morte!". Hoje é dia de ver cavalo fazendo cocô na avenida. E vai ter desfile de canhão? Patrocinio Petrobras! Rarará!

Hoje! Desfile de Canhão! Patrocínio: Petrobras! E um amigo meu chegou em casa, gritou "Independência ou Morte!" e largou a mulher! Rarará! E um outro, pra comemorar a independência, foi transar com uma portuguesa. E na hora do clímax, ela começou a gritar: "Fura-me! Racha-me!".

E do jeito que tá a bandidagem, não é mais Pátria Amada, é Pátria Armada! E aí, Dom Pedro 1º, às margens do Ipiranga, levantou a espada e comeu a marquesa de Santos.

Ops, nada disso! Levantou a espada, gritou "Independência ou Morte!" e declarou o Brasil independente de Portugal! Só que os portugueses voltaram. Com tudo: compraram telefonia, hotéis, praias. É o que se chama de reintegração de posse. Rarará! Os portugueses deram ré na caravela!

E o hilário eleitoral? A Mulher Pêra é periguete de nascença. Sabe qual é o nome de batismo dela? Suellen! Rarará! E o Haddad tá fazendo comercial da Nextel? Só anda, anda, anda! Handad! Handando com o Lula! E vamos ter que engolir dois manos? O Russomanno e o Mano?! Isso não é humano!

E a primeira eleição do Serra foi pra conde Drácula. E perdeu pro Vlad, o empalador! Ops, Russomanno, o empalador! Rarará! E o Chalita escreveu 80 livros e só fala uma palavra: picuinha! E um amigo meu francês disse que o Levy Fidelix tá a cara do Asterix! Rarará!

E atenção! Encontrei um bar ótimo pra assistir o Brasileirão. Fica em Mossoró (RN): "Grite com moderação. Proibido falar palavrão. Proibido bater nas mesas. Proibido assobiar". É o bar do Kassab? Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

EREÇÕES 2012! A Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! Direto de Paracambi (RJ): Peru do Escapamento! Esse merece, viu?! Botar o peru no escapamento não é pra qualquer um! E direto de Augusto Pestana (RS): Pinto Morto! O apelido é porque ele tem um bar para aposentados chamado Bar do Pinto Morto! Rarará!

A situação tá ficando psicodélica! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Cabeças vão rolar - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 07/09

O Planalto identificou que a confusão entre parlamentares e governo na votação do Código Florestal teria sido provocada por assessores do Ministério do Meio Ambiente. A apuração indica que subordinados da ministra Izabella Teixeira teriam agido à sua revelia, dando orientações aos parlamentares governistas que acabaram firmando acordo com os ruralistas sem aval do governo.

Bateu o desespero
O PT está implorando para que a presidente Dilma entre na campanha de Fernando Haddad em São Paulo ainda no primeiro turno. A cúpula petista avalia que, se deixar para o segundo turno, como se pretendia, pode ser tarde demais. O que mais assusta o PT nos trackings feitos pelos estrategistas da campanha é a certeza de que o voto em Celso Russomanno (PP) não vai cair, e o fato de ele ser a segunda opção do eleitor sobre todos os demais candidatos. São Paulo passa a ser crucial para PT e governo porque já tratam como remotas as chances de vencer em Recife, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza.

Sexo e sertanejo
No 1,4 terabite de documentos, fotos e vídeos enviados à CPI pela PF que estavam nos computadores do grupo de Carlos Cachoeira, há pouco conteúdo revelador do esquema, mas muitos filmes pornôs e clipes sertanejos.

Popstar do pôquer
Nas milhares de fotos e vídeos apreendidos dentro dos computadores da quadrilha de Carlos Cachoeira, há uma sequência de fotos do deputado Romário (PSB-RJ) sendo tietado por clientes do Quality Club, uma casa de jogos do contraventor que foi fechada e é alvo da investigação da PF.

Para manter a tensão
O governador Eduardo Campos (PSB-PE) cancelou viagem a Brasília, ontem, para a posse do corregedor nacional de Justiça. Quis evitar encontro com a presidente Dilma para manter um nível de tensão entre PSB e PT.

Dilma e os grevistas
É grande a preocupação do Planalto com manifestações de policiais em greve no desfile de hoje do Sete de Setembro. Quarta-feira, o ministro Celso Amorim (Defesa) foi chamado às pressas pela presidente Dilma para os últimos acertos do esquema de segurança. A ordem da presidente foi expressa: quer manter a maior distância possível dos manifestantes.

Sem MP, governo vai multar
Em reunião com líderes da base para discutir o impasse do Código Florestal, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) avisou que, se a MP cair, o governo vai mandar o Ibama apertar a fiscalização e multar geral.

Esforço do esforço
O governo tenta antecipar para a semana que vem o esforço concentrado da Câmara, quando o Senado vai estar na ativa, para votar o Código Florestal. Se não conseguir, a última tentativa será “esforção” conjunto na última semana do mês.

O ANO DE PORTUGAL NO BRASIL começa hoje com evento em Brasília. Dia 12, terá cerimônia no Rio. A ideia é projetar um Portugal moderno e avançado.

Ainda há juízes em Berlim - JOÃO MELLÃO NETTO


O Estado de S.Paulo - 07/09


Este episódio teria ocorrido em meados do século 18. E, a esta altura, ninguém mais sabe dizer quanto de verdade ou de ficção há nele. Mas é emblemático e eloquente. E isso já é mais do que o suficiente para reproduzi-lo. Governava a Prússia o rei Frederico II, que acabara de construir o seu castelo de verão, o Sans-Souci. Correu tudo de acordo com o planejado, não fosse um imprevisto: do palácio se via um antigo moinho que enfeava a paisagem. O que fazer?

O rei tinha fama de ser um déspota esclarecido. Jamais poderia valer-se de um gesto de arbítrio que pudesse levar a perder uma reputação de tolerância duramente conquistada. Mas suportar aquele moinho caindo aos pedaços ali não dava. A princípio tentou comprá-lo. Em vão. O seu proprietário recusou todas as atraentes propostas que os enviados do soberano lhe levaram. A coisa chegou a tal ponto que o próprio rei chamou ao palácio aquele renitente moleiro. O sujeito apresentou as suas razões para não efetuar a venda: em primeiro lugar, ali haviam vivido o seu pai, o seu avô e o avô do seu avô; em segundo lugar, a renda que o moinho lhe proporcionava era pequena, mas era mais do que suficiente para manter o seu modesto padrão de vida, e, por fim, ele já era velho demais para começar uma nova vida em outro lugar.

Frederico II começou a perder a paciência.

- O senhor parece desconhecer o fato de que eu sou o rei! Eu poderia simplesmente usar da força e desalojá-lo!

- O senhor não fará isso!

- E por que não?

- Porque ambos sabemos que ainda há juízes em Berlim.

É muito oportuno relembrar essa história, principalmente em épocas como a presente, em que o partido que está no poder entende que, por ter vencido as eleições, todo o restante da Nação lhe deve vassalagem.

Não deve. Existem direitos e garantias individuais cujo valor não provém exclusivamente do fato de estarem insculpidos na Constituição, mas, sim, porque eles correspondem à vontade de todos nós.

Felizmente para nós, da mesma forma que existiam juízes em Berlim, existem também em Brasília. Briosos, intimoratos, eles têm demonstrado ter a têmpera do aço: quebram, mas não se dobram.

No presente episódio, o julgamento do mensalão, a princípio alguns deles se mostraram tímidos, abúlicos até. Mas bastou a imprensa instigá-los para que todos reagissem da maneira que o povo brasileiro esperava deles. O relator apresentou o seu relatório e o revisor - embora não com a veemência que se esperava dele - também cumpriu a sua parte, e eis que o julgamento está ocorrendo.

Pena do nosso reizinho, que acreditava que "quem ganha leva tudo". Na prática não é bem assim. Nas democracias existem instituições e são elas que dirigem a nação. O nosso aprendiz de tirano parece que ignorava tudo isso. Tanto que chegou ao ponto de interpelar um ministro do Supremo Tribunal Federal com o fim de dissuadi-lo de levar à frente o julgamento. O ministro, com toda a razão, repudiou tal intimidade e levou o diálogo para a imprensa. E esta tratou de divulgar o fato.

A partir desse momento, qualquer manobra protelatória se tornou impossível. E o sonho de absolvição de muita gente por decurso de prazo acabou não passando disso, um sonho.

Os senhores magistrados estão mostrando a que vieram, por que existem. E isso é muito útil para a Nação. Doravante, independentemente da posição social, econômica ou política, todos os que ousarem burlar a lei já sabem, antecipadamente, o tratamento que a Justiça lhes dedicará.

O velho ditado de que na Justiça brasileira todos são culpados até que provem ser influentes, de repente, perdeu o sentido. Foram condenados, até agora, líderes políticos influentes, proprietários de bancos e mais uma penca de pessoas que, até dois meses atrás, nós jamais poderíamos imaginar ver atrás das grades.

E é o caso de perguntar: cadê o Delúbio Soares, que no auge do escândalo teve o atrevimento de comentar que, passados dois anos, tudo aquilo não passaria de uma piada de salão? Cadê o José Dirceu, que ainda sonhava em se eleger deputado e retomar a sua carreira política? Cadê o carequinha Marcos Valério, que, agora se vê, de careca não tinha nada? Pelo que se sabe, andava esbanjando dinheiro por aí. Provavelmente agora não poderá fazê-lo mais. E cadê a poderosa banqueira que fornecia dinheiro para o esquema em troca de favores do governo?

O Brasil não se tornará um país mais honesto somente por causa disso. Apenas os assaltantes do erário terão de ter mais cautela de hoje em diante.

Muita gente acreditava que os nossos juristas não tinham nem capacidade nem discernimento para julgar causas mais complexas, em especial aquelas que envolvem crimes de colarinho-branco. Talvez não tivessem, realmente. Mas ficou provado que, quando eles se cercam de uma boa assessoria técnica, são capazes de operar milagres. Quem não ficou surpreso com o grau de certeza com que os senhores magistrados brandiram argumentos outrora privativos da área financeira?

O reizinho, a esta altura, deve estar muito preocupado. Não era ele que dizia as quatro ventos que dedicaria seu primeiro ano fora do poder a provar que o mensalão nunca existiu? Que tudo se tratava de uma armação da imprensa golpista, que não aceitava a ideia de ter um humilde operário ocupando a Presidência da República?

Por enquanto ele pode dormir sossegado, porque o mensalão somente pôde ser julgado porque o excluiu da lista de réus. Mas, e depois? E se, porventura, ocorrer um novo escândalo envolvendo a sua gestão? Ele não poderá mais alegar inocência, porque será moralmente reincidente.

Mesmo assim, não tem problema. Afinal, se Deus lhe deu um par de pernas covardes, porque ele não as usaria para correr?

Fica para depois - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 07/09


O Banco Central deu a entender ontem que já não conta com a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% ao ano em 2012. Essa foi uma importante mudança em relação ao que previa ainda em julho.

Mais surpreendentemente ainda, a análise da Ata do Copom mostra que o Banco Central, presidido por Alexandre Tombini (foto), não garante a inflação no centro da meta nem em 2013 nem no primeiro semestre de 2014. Mas não dá sinais de que, em algum momento, passará a ajustar para cima os juros, a fim de obter a convergência.

Reforça-se, assim, a percepção de que o Banco Central não está lá muito preocupado em quebrar a força da inflação, ao contrário do que acontecia até recentemente. Seu objetivo imediato é consolidar os ganhos estruturais na economia, obtidos com a queda dos juros. Portanto, o cumprimento da meta de juros (não reconhecido formalmente pelo Banco Central) segue sendo mais importante do que o controle rigoroso da inflação. A meta de inflação continua de pé, mas acabará sendo cumprida mais à frente, "de forma não linear".

Isto posto, os juros se manterão em queda, embora esse movimento deva agora ser conduzido "com máxima parcimônia", ou seja, em doses reduzidas, não mais com cortes de 0,50 ponto porcentual ao ano por vez, mas, sim, de 0,25 ponto porcentual.

A mudança de posição do Banco Central parece ter sido determinada pelo novo choque dos alimentos provocado pela forte seca no Centro-Oeste dos Estados Unidos, que puxou para cima os preços dos grãos (milho, trigo e soja), e, também, pela persistência de algumas pressões inflacionárias de origem interna, como a escalada dos serviços e o aquecimento do mercado de trabalho - que eleva o risco de "concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade". O Copom entende que o repique da inflação é temporário, mas sugere que pode não ser revertido tão cedo. A aposta é que essa inflação mais solta do que o previsto seja espécie de derrapada controlada. Não provocará estragos demais no nível de confiança na economia nem na disposição de investir por parte do empresário.

Desde agosto de 2011, o Banco Central vem desistindo de entregar a inflação na meta. Primeiramente, deixou tudo para este ano. Agora, vai ficando claro que não dá para emplacá-la também em 2012. Pelas explicações, o que deu errado foi a adversidade climática, acontecida há mais de 7 mil quilômetros de Brasília e, portanto, fora do controle do administrador da política monetária. Mas esta é apenas uma fração da verdade. E a verdade mais abrangente está no fato de que o Banco Central decidiu trabalhar apertado, sem margens de ajuste em que coubesse o imponderável. Nessas condições, qualquer adversidade, como a seca nos Estados Unidos, acaba empurrando a inflação para fora da trajetória previamente traçada.

Economistas competentes preveem que, ainda em 2013, o Banco Central terá de reapertar os juros. Talvez isso somente se dará caso a inflação ameace saltar para acima da margem de tolerância, para além de 2,o pontos porcentuais acima do centro da meta de 4,5%.

Se isso acontecer, os juros reais (descontada a inflação) internamente ficarão excessivamente próximos de zero, nível em que começará a deterioração do caixa das empresas e do patrimônio financeiro das pessoas físicas.

Mão pesada - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 07/09


Encerrada a segunda parte do julgamento do mensalão, já há definições importantes que devem orientar o voto dos ministros nas demais etapas. É consensual que houve desvio de dinheiro público, seja através da manipulação de licitação na Câmara dos Deputados, seja no Visanet do Banco do Brasil.

Há maioria já definida sobre a condição de fictícios dos empréstimos tomados pelas agências de Marcos Valério e pelo PT ao Banco Rural. Eles buscavam encobrir o desvio de dinheiro para financiamento político. Será a partir dessas decisões já tomadas pela maioria dos ministros que o Supremo Tribunal Federal enfrentará as demais etapas do processo do mensalão.

Já não há mais espaço para alegações de que o que houve foi "apenas" caixa dois eleitoral, que tudo não passou de "farsa" ou de golpe dos conservadores contra o governo popular de Lula. A manifestação mais rombuda nesse sentido partiu do presidente do PT, Rui Falcão, que acusou "a mídia conservadora" e setores "do Judiciário" de serem instrumentos de poder de uma oposição "conservadora, suja e reacionária".

O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, defensor do dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, condenado por 10 a 0 por gestão fraudulenta, pretendeu fazer uma análise técnica do julgamento, mas a intenção foi desqualificar as decisões do STF:

"O julgamento caminha para um retrocesso, como a desconsideração dos atos de ofício. Um julgamento que não assegura algumas garantias". Para ele, "há um endurecimento do tribunal e uma flexibilização no julgamento".

Ora grosseiramente, ora tentando transparecer uma análise técnica, surgem críticas à atuação do STF entre políticos e advogados ligados aos réus e em órgãos de imprensa, tradicionais ou virtuais, ligados ao governo ideologicamente e/ou por questões financeiras. Por isso vários ministros ontem trataram de rebater essas críticas ao mesmo tempo que mantinham a "mão pesada" na condenação dos réus. Gilmar Mendes ressaltou que "a Corte tem reiterado princípios caros aos cidadãos e ao estado de Direito, como o amplo direito de defesa". E destacou que em nenhum momento o STF cuidou "de flexibilização desses princípios, mesmo diante da justa opinião do povo contra quem participou de um fato repugnante, merecedor de repúdio".

Quando chegou sua vez de votar, o presidente da Corte, Ayres Britto, referiu-se a críticas "algo meio veladas" de que o STF "colocaria em questão o devido processo legal substantivo, como se alguns elementos conceituais tivessem sendo objeto de representação".

Ele garantiu que até agora o STF "não inovou em nada nesse sentido fragilizador".

Para corroborar essa afirmação, o decano do STF, ministro Celso de Mello, lembrou que já em 1994 usou uma expressão de Heleno Fragoso, que afirmava que basta que o agente se deixe corromper para que esse ato seja visto na perspectiva do ato de ofício. "Por isso o Código Penal pune aquele que ainda não se investiu no cargo público, mas aceitou se corromper".

Rosa Weber já havia abordado esse tema quando deu o seu primeiro voto, chamando a atenção para o fato de que, devido à dificuldade inerente a esse tipo de crime, "tem-se admitido certa elasticidade na admissão da prova acusatória".

Para a ministra, nos delitos de poder como o que está em julgamento, não pode ser diferente, pois "quanto maior o poder ostentado, maior a facilidade de esconder o ilícito com a obstrução de documentos, corrupção de pessoas".

Luiz Fux também abordou essa questão mais de uma vez. Disse a certa altura que o julgamento técnico não pode servir de "subterfúgio" para crimes. Afirmando em outra ocasião que se chegou "à generalizada aceitação de que a verdade (indevidamente qualificada como "absoluta", "material" ou "real") é algo inatingível pela compreensão humana", frisou que o que importa para o juízo "é a denominada verdade suficiente constante dos autos".

Para ele, o moderno Direito Penal resgata "a importância que sempre tiveram, no contexto das provas produzidas, os indícios, que podem, sim, pela argumentação das partes e do juízo em torno das circunstâncias fáticas comprovadas, apontarem para uma conclusão segura e correta".

A comandante em chefe - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 07/09


BRASÍLIA - Com a comandante em chefe cercada de fardas e quepes verdes, azuis e brancos, diante de acrobacias de caças da FAB, este Sete de Setembro é uma boa oportunidade para destacar o que poucos percebem: as relações entre a ex-torturada Dilma e as Forças Armadas vão muitíssimo bem, obrigada.

Conforme a repórter Natuza Nery e eu apuramos, as manifestações de apreço de Dilma pelas três Forças revelam-se subjetivamente, nas declarações em reuniões, e objetivamente, na aprovação de planos e programas.

Pode parecer estranho, mas Dilma tem pontos em comum com os militares: o nacionalismo e a disciplina. Militar não faz greve (como os policiais têm feito) e cumpre metas -de prazos e de preços. Coisas raras.

Dilma vive chorando as pitangas por causa da crise mundial, mas garantiu financiamentos do BNDES para a indústria bélica e recursos para projetos em andamento, como o de submarinos da Marinha, e novos, como o Proteger, do Exército, para a segurança de prédios estratégicos.

Na negociação de salários com o serviço público, em agosto, só duas categorias tiveram aumentos diferenciados: professores universitários e militares. Para uns, o anúncio foi com estardalhaço. Para outros (30% em três anos), quase escondido.

Motivo: o tratamento de Dilma aos militares causa ciúmes, especialmente na Polícia Federal, que disputa com o Exército a coordenação da segurança na Copa e na Olimpíada.

Em recente reunião com ministros civis, a presidente elogiou o Exército e chamou o general Enzo Peri ao Planalto para expor a operação militar que, segundo ele, impediu ao menos 40 ataques cibernéticos graves durante a Rio+20. Os presentes captaram o recado.

Hoje, Dilma fará um discurso ufanista que tanto agrada os militares. Mas o que eles mais gostaram foi do que ela disse na instalação da Comissão da Verdade: "Não nos move o revanchismo". Eles esperam que não.

Domínio dos fatos - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 07/09


Os ministros do Supremo Tribunal Federal têm se notabilizado pela nitidez na forma e no conteúdo de seus votos, em atendimento ao sagrado direito do público de entender o que está em jogo no julgamento do processo do mensalão.

Portanto, é sem prejuízo do reconhecimento a esse esforço do colegiado que se constata a clareza solar do ministro Luiz Fux por ocasião de duas manifestações nos primeiros dos sete itens a serem examinados conforme a metodologia proposta pelo relator e acatada pelo tribunal.

Quando julgava o ponto do qual decorreu a condenação de João Paulo Cunha, Marcos Valério e associados por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, Fux discorreu sobre a questão do ônus da prova argumentando que a presunção de inocência não desobriga o réu de contar uma história bem contada em sua defesa.

Não basta negar a acusação, disse o ministro em termos mais elaborados. É preciso apresentar uma versão verossímil face à realidade "de como as coisas são", para usar expressão da ministra Rosa Weber na sessão de quarta-feira ao analisar a denúncia de gestão fraudulenta contra dirigentes do Banco Rural.

Naquela mesma audiência, Luiz Fux desatou outro nó ao explicitar o papel do banco no esquema: "uma lavanderia de dinheiro" que, por intermédio das agências de publicidade de Marcos Valério, deu suporte a "uma agremiação partidária".

O Supremo Tribunal Federal vai assim há mais de um mês contando uma história que aponta para um desfecho cada vez mais próximo da narrativa da acusação sobre a existência de uma organização criminosa cujo objetivo era arrecadar e distribuir recursos a partidos aliados mediante o uso do aparelho de Estado.

O entendimento da maioria dos ministros guarda léguas de distância da versão da defesa sobre a ocorrência apenas (como se fosse pouco) de crime eleitoral desconectado de uma sistemática de dolo coletivo e até agora segue, em seu arcabouço, a lógica do relator Joaquim Barbosa.

No primeiro capítulo, o STF mostrou o modus operandi de desvio de recursos públicos para as contas de empresas de Marcos Valério - por contratos de publicidade firmados com o Banco do Brasil e com a Câmara dos Deputados - e delas repassados aos políticos, elegendo como exemplo inicial o deputado João Paulo Cunha e os R$ 50 mil retirados em espécie no banco por ordem da agência SMPB.

No segundo capítulo, o Supremo desvendou a montagem de empréstimos fraudulentos no tocante às normas bancárias para ocultar a origem dos recursos. No terceiro, mostrará como o dinheiro foi lavado.

A partir daí, desenrolar-se-á o novelo em que dificilmente deixarão de se enredar os integrantes do chamado núcleo político, beneficiário, mandante e consequentemente dono do domínio dos fatos que resultaram na urdidura de um esquema que a Corte vai reconhecendo como criminoso.

Bicudos. Para que não se faça de Fernando Henrique Cardoso uma vítima eterna dos equívocos do PSDB e se respeitem os fatos, cumpre não esquecer que o então presidente na eleição de 2002 não escondeu a satisfação de incluir em seu currículo o fato de ser sucedido por um "operário".

Se de um lado foi largado pelos tucanos, de outro não impôs reparos ao apoio implícito de muita gente do governo à eleição de Lula nem ao abandono explícito de setores do partido à candidatura de José Serra.

Aí incluídos o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, cabo eleitoral assumido de Ciro Gomes, e o então candidato a governador de Minas, Aécio Neves, arquiteto do voto "Lulécio".

Ponto final. A oposição pode ser "suja", a elite "preconceituosa", a imprensa "reacionária" e a Justiça"instrumento de golpistas", como diz o presidente do PT, Rui Falcão.

Mas quem flerta com a possibilidade de ver correligionários na cadeia é o PT.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 07/09

Setor de máquinas demite 10 mil desde outubro

A indústria nacional de máquinas demitiu quase 10 mil funcionários entre outubro de 2011 e julho deste ano, segundo a Abimaq (associação de fabricantes locais).

O número ilustra o quadro de dificuldade do setor, que levou o governo a adotar medidas de socorro, como a que eleva imposto de importação, anunciada nesta semana, segundo Lourival Franklin, executivo da entidade.

"As ações são muito relevantes, mas só ajudam a estancar o problema daqui a uns quatro meses", diz.

Para a Abimei, entidade que reúne importadores brasileiros de máquinas, a medida deve prejudicar até mesmo alguns fabricantes locais.

"Temos grandes fabricantes estrangeiros construindo planta no país para diversificar seu mix de produtos com equipamento importado. Decidiram investir aqui, mas a regra do jogo mudou", diz Ennio Crispino, da Abimei.

A indústria nacional não pode sozinha abastecer toda a demanda doméstica por equipamentos usados em setores de construção, hospitalar, automotivo e outros, segundo Crispino.

"O consumo anual de equipamentos do tipo centros de usinagem, por exemplo, varia de 2.500 a 3.000 máquinas, mas os fabricantes locais não são capazes de produzir 800. É preciso importar, mas ficou caro", afirma.

A Abimaq discorda. A entidade lembra que o nível de utilização da capacidade instalada do setor ficou em 76% em julho, o pior dos últimos 40 anos, segundo Franklin.

PARCERIA NO CÂMBIO

O Banco Paulista, que tem como subsidiária a corretora Socopa, acaba de firmar uma parceria com a administradora de cartões Alelo para comercialização do cartão pré-pago MoneyCard, utilizado para compras e saques em moeda estrangeira.

"Mais do que um banco de crédito, nós trabalhamos com serviços, somos uma butique de câmbio. Nós já abastecemos o atacado [corretoras de câmbio] e agora teremos uma ligação maior com o varejo", afirma o presidente do Banco Paulista, Álvaro Augusto Vidigal.

Antes, o cartão era vendido apenas nas agências Bradesco Exchange e Extensões de Câmbio e unidades do Bradesco Prime. Com a parceria, a Alelo espera duplicar as vendas do produto.

"Contaremos com uma rede de corretoras com potencial de igualar e até superar o volume atual", diz Ronaldo Varela, diretor-executivo da administradora.

GUINDASTE AÉREO

Os empresários João Velloso, do Helipark (centro de serviços para operadores de helicóptero), e Nilson Rocha, da empresa de guindastes Guindastec, uniram-se para trazer ao país o primeiro helicóptero de carga russo Kamov 32.

O helicóptero é capaz de transportar cinco toneladas de carga ou 5.000 litros de água. "Há um potencial inexplorado em empresas de petróleo, infraestrutura em regiões de difícil acesso, missões de resgate e combate a incêndios", diz Velloso, que não revela o custo do helicóptero.

O primeiro serviço, ainda não executado, será o transporte de um tanque de decantação de esgoto de seis metros de altura por seis metros de largura até Bertioga - "seria impossível descer a serra com esse tanque", diz. A hora de voo não sai por menos de R$ 30 mil, mais do que o dobro do custo operacional de um helicóptero de médio porte.

TANGO

A empresa brasileira de lingeries Hope acaba de inaugurar sua terceira franquia na Argentina.

Essa é a sétima unidade da companhia no exterior -são duas em Portugal, duas em Israel e outras duas no país vizinho.

A marca entrou no mercado internacional no ano passado e deve ampliar sua presença em Portugal para, depois, ir a outros países do continente europeu.

A rede de lojas da Hope tem hoje 96 unidades. Até o final do ano, deverão ser 130.

7 é o número de franquias da empresa no exterior -duas em Portugal, duas em Israel e três na Argentina

2011 foi o ano em que a marca começou sua internacionalização

96 é o atual número de lojas da companhia no Brasil e no exterior

130 unidades deverão estar abertas até o final do ano

Abandono ou não do sistema de metas volta à berlinda - JOSÉ PAULO KUPFER


O ESTADÃO - 07/09


Serão duas as principais discussões motivadas pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem.Aprimeira será sobre o fim do ciclo de cortes na taxa básica de juros (taxa Selic).O outro debate diz respeito à política monetária promovida pelo Banco Central, sob a presidência de Alexandre Tombini.

Quanto ao ponto em que será encerrada a sucessão de reduções na taxa Selic, iniciada há um ano, sobreviveram, depois dos resultados da inflação de agosto e das interpretações da ata do Copom, duas hipóteses nas raias de aposta, ambas muito próximas uma da outra. A dúvida é se a Selic já estaciona nos atuais 7,5% ou ainda dá um último suspiro e desce até 7,25% este ano.

Em relação à política monetária, a pergunta que, pode-se esperar, não terá resposta tão próxima do consenso quanto a anterior, é a seguinte: o BC desistiu de vez do sistema de metas de inflação?

A indagação - e o possível debate - tem como gancho o parágrafo 19 desta última ata do Copom. Nele, a ata comunica, agora com todas as letras, que as projeções para a inflação, tanto em 2012 quanto em 2013 e também no primeiro semestre de 2014 estão acima do centro da meta.

Ao se conformar,aparentemente,com uma inflação acima do centro da meta por período tão longo, o BC, na visão de analistas, estaria deixando de lado o sistema de metas. Ou substituindo, pelo menos temporariamente,a prioridade na perseguição do centro da meta de inflação pelo objetivo de levar a taxa Selic,em termos reis ao entorno de2% ao ano,atendendo a objetivo explícito da presidente Dilma Rousseff.

O Banco Central, porém, pode argumentar que está cumprindo o determinado no sistema de metas, mantendo a evolução da inflação dentro do intervalo de dois pontos porcentuais em torno do centro da meta. As estimativas do mercado para a inflação de 2012 e 2013, ao convergir agora para 5,5% -equidistante do centro e do teto da meta -, de certo modo corroboram o argumento.

A teoria das metas de inflação ensina que o sistema nasceu da reciclagem das metas rígidas -monetárias e cambiais-,consideradas promotoras de instabilidades. A flexibilidade está no seu DNA e a prova disso é que, se muitos países, nas últimas duas décadas, passaram a adotar o sistema de metas,são raríssimos,para não dizer inexistentes, os casos em que as regras de um repetem exatamente as de outro.

Nas experiências de outras economias como sistema de metas, o importante é que as decisões de flexibilizar o sistema não traiam o compromisso de manter a inflação sob controle e em níveis suficientemente baixos para não produzir instabilidades econômicas.

CLAUDIO HUMBERTO

“Há uma meia-dúzia de vagabundos que precisamos tirar do Judiciário”
Ministro Francisco Falcão, novo corregedor-geral do Conselho Nacional de Justiça.


DILMA PEDE QUE HENRIQUE NÃO AJA COMO MARCO MAIA

Irritada com o comportamento ameaçador do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), Dilma Rousseff disse ao líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que está firme o acordo do PT para apoiá-lo ao comando da Casa, em 2013, mas que “espera que ele não faça igual o atual está fazendo”. Na conversa, há dias, Dilma até chamou o líder peemedebista de “presidente”, levando-o às alturas.

POR ESCRITO

Em 2010, o PT e o PMDB – os dois maiores partidos – fizeram acordo de revezar na presidência durante os quatro anos de mandato. 

SEM ACORDO

Henrique Alves sonha em ser candidato único ao comando da Casa, mas ainda não conseguiu convencer o PSB de Eduardo Campos.

CONCORRÊNCIA

São cotados para disputar o cargo pelo bloco PSB-PSD-PCdoB os deputados socialistas Júlio Delgado (MG) e Márcio França (SP).

MISSÃO IMPOSSÍVEL

Receoso com a volta à planície do baixo clero, Marco Maia tenta se cacifar para líder do governo ou ministro de Relações Institucionais.

ROMÁRIO QUER APURAR NEGÓCIOS NA CBF

O deputado Romário (PSB-RJ) tem coragem e frontalidade raras entre os colegas da profissão de comentarista esportivo, onde também se revelou um craque. Ele tem criticado o treinador Mano Menezes, não só pela incompetência, mas pela estranha insistência em convocações de jogadores que resultam em negócios milionários na venda dos seus passes. Ontem ele cobrou de Dilma e do ministro Aldo Rebelo (Esporte) que o governo investigue as suspeitas de safadeza.

ISENÇÃO TEM CUSTO

Romário lembra que a CBF é passível de investigação, apesar de ser entidade privada, porque goza de isenções fiscais do governo.

CBF S/A

Cássio, goleiro do Corinthians, tem direitos econômicos ligados a pessoas da CBF e deve ser vendido ao Roma. “Quem leva?”, questiona Romário.

BENEFÍCIO DA DÚVIDA

O “baixinho” Romário ainda tem dúvidas se os negócios à sombra da CBF ocorram com o conhecimento de José Maria Marin, o presidente.

CERIMONIAL DEMITIDO

O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), que não se liga muito em liturgias do poder, demitiu o chefe do Cerimonial, Felipe Danziato. Acha-o fraco. Chamou de volta o suprapartidário Paulo Uchoa Ribeiro Filho, que já ocupou o mesmo cargo com Roriz e Arruda.

CACHOEIRA PORNÔ

Alvaro Dias (PSDB-PR) atribui uma certa lentidão da CPI do Cachoeira ao grande volume de CDs, DVDs etc. “Tem muita coisa imprestável, até filmes pornográficos da videoteca do Cachoeira”.

PARA A COLEÇÃO

Colecionador de derrotas, o megalonanico Celso Amorim perdeu mais essa: apesar do apoio de Lula a Farouk Hosni para a direção-geral da Unesco, o ex-ministro egípcio, agora julgado por roubar os cofres públicos, foi derrotado pela diplomata búlgara Irina Bokova.

ALIADO E NÃO CAPACHO

O líder do PDT, André Figueiredo (CE), ajudou a derrubar recurso do governo que protelaria a votação do Plano Nacional da Educação, mas garante não estar na oposição: “Também não seremos subservientes”.

SURPRESAS NA PISTA

O desfile de 7 de setembro pode ter surpresas. Além da marcha contra a corrupção e do desfile de artistas de rua na abertura do Festival do Teatro Brasileiro, as mulheres dos militares prometem fazer barulho.

CRISTOVAM VICE?

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, queria Cristovam Buarque (PDT-DF) no PSB, e abriu a possibilidade de o senador vir a ser o seu vice, na disputa presidencial de 2014. Cristovam declinou e sugeriu o colega Pedro Taques (MT), rasgando-lhe elogios.

ME EXPLICA

O deputado Fernando Francischini (PEN-PR) quer explicações do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre a demora em negociar com os policiais federais em greve: “Para queimar a PF, o governo solta para a mídia que o problema é salarial, mas é de reestruturação”.

VIGILANTE, 58

O deputado Chico Vigilante (PT), um dos mais atuantes da Câmara Legislativa do DF, completa 58 anos neste domingo. Ele decidiu não comemorar a data devido à morte recente da mãe.

PERGUNTA NA PARADA DO DIA 7 DE SETEMBRO

O Dia da Independência não deveria homenagear o comportamento da maioria esmagadora dos ministros do Supremo Tribunal Federal? 


PODER SEM PUDOR

O MAIOR ADVERSÁRIO

O marechal Henrique Teixeira Lott foi, ele próprio, seu maior adversário na disputa presidencial de 1960. Certa vez, na TV, perguntaram de quem era a culpa pela inflação. Sua resposta: "A mulher".

- Por que? - espantou-se o entrevistador.

- A mulher coloca o feijão no fogo e vai tagarelar com a vizinha. O marido diz que está precisando de cueca. Ela vai ao armarinho da esquina e o turco a convence a levar uma dúzia. A mulher compra e a inflação sobe. É o caso de perguntar: para que um operário precisa de doze cuecas?