segunda-feira, maio 10, 2010

PAINEL DA FOLHA

Discurso focalizado
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 10/05/10

Na mesma semana em que José Serra declarou ter a intenção de, se eleito, convidar o PT a integrar seu governo, chamou a atenção o tom nada conciliatório dos tucanos -Serra incluído- no lançamento da candidatura de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo.
Quem estranhou ouviu a seguinte explicação: embora de maneira geral interesse a Serra fugir da imagem de um oposicionista extremado, concentrando-se na ideia do pós-Lula, em São Paulo a história é outra. No Estado onde a disputa com o PT é mais polarizada, é o PSDB, instalado no governo, que busca o tom plebiscitário, por acreditar que assim conseguirá abrir a necessária vantagem sobre o adversário.


Memória. A ênfase na questão ética, tão realçada nos discursos de sábado, é uma tentativa de constranger logo na largada o candidato do PT ao governo de SP, Aloizio Mercadante, cuja campanha em 2006 foi arranhada pelo escândalo dos "aloprados".
Por bem... A direção tucana informou ao PP que está superado o principal entrave à aliança com o partido no Rio Grande do Sul: o PSDB local aceitará a coligação também na chapa proporcional.
...ou por mal. Os tucanos sabem que tal concessão terá impacto sobre o tamanho de sua bancada gaúcha. Mas avaliam que é o preço a pagar pelo fortalecimento das chances de aliança nacional.
Termômetro 1. Se Francisco Dornelles for convidado a ser vice de José Serra, as resistências internas do PP à aliança, que acrescentaria cerca de um minuto e meio ao tempo de TV do tucano, "simplesmente desaparecerão", prevê um cacique.
Termômetro 2. E se o vice for Aécio Neves (PSDB), primo de Dornelles? "Dará mais trabalho, mas o PP provavelmente irá do mesmo jeito", aposta o dirigente.
Foi ele. Tucanos de Minas afirmam ter visto o petista Fernando Pimentel, um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, animar o princípio de vaia contra Serra ao final do debate de quinta passada em Belo Horizonte.
Eu não. Pimentel nega com veemência. "Quem me conhece sabe que não sou disso", afirma o ex-prefeito de BH.
Porém. Do prefeito de Santa Bárbara, Toninho Timbira (PTB), diante das faixas "Minas é Serra" estendidas no auditório do debate em BH: "Mas vota Dilma".
Efeito... Os problemas nos palanques estaduais fizeram do presidente do PT, José Eduardo Dutra, a bola da vez no quesito das críticas ao núcleo da campanha de Dilma.
...dominó. Há quem aponte falta de liderança no coordenador da campanha. Outros o livram de culpa. O que pega mesmo, diz esta última ala, é que todo mundo fica à espera de uma palavra de Lula.
Já pra diretoria! Em passagem por Mato Grosso do Sul, Lula disse que chamará o governador André Puccinelli, peemedebista com inclinação pró-Serra, para uma conversa com a presença de Michel Temer, presidente do PMDB e potencial vice de Dilma.
Deixa estar. Apesar dos rumores do assédio tucano sobre Anthony Garotinho (PR), Dilma desembarca hoje no Rio e participa de conversa com prefeitos articulada no gabinete do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Escala. O forte apelo popular do projeto que exige "ficha limpa" dos candidatos, cujo término da votação está previsto para amanhã, influenciou a agenda de presidenciáveis. José Serra está em dúvida se mantém viagem ao Espírito Santo, pois muitos deputados locais fazem questão de estar em Brasília na data. Dilma, que estará no Rio Grande do Sul, já foi avisada de "baixas" em sua caravana sulista.

com LETÍCIA SANDER e GABRIELA GUERREIRO
Tiroteio
"É justo o governo vetar o reajuste dos aposentados depois de torrar R$ 1,2 bi com cargos de confiança?" 

De RICARDO TRIPOLI (PSDB-SP), relacionando os 7,7% aprovados pela Câmara e as despesas do Executivo com funções gratificadas. Correligionário do deputado, o candidato José Serra já disse que estará de acordo com o que Lula fizer nessa matéria, inclusive o veto.
Contraponto
Sabe com quem está falando?
Ao encerrar uma palestra para universitários em Cotia, município da Grande São Paulo, o presidente do PPS, Roberto Freire, foi abordado por duas alunas que lhe apresentaram um exemplar de livro e um pedido de autógrafo.
Freire, que no momento está sem mandato e em campanha por uma vaga na Câmara dos Deputados, ficou todo satisfeito, achando que se tratava de um dos volumes nos quais compilou seus discursos, até bater com o título na capa: "Sem Tesão Não Há Solução", de seu xará psiquiatra e escritor, morto em 2008. O político suspirou:
-Ah, eu gostaria muito de ter escrito este livro, mas infelizmente ele não é meu, é do outro...

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