sexta-feira, novembro 28, 2008

BRASÍLIA-DF

O golpe de Renan


Correio Braziliense - 28/11/2008
 

Bastou o presidente do PMDB, Michel Temer, e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), fecharem o a troca de comando no partido para ceder a vaga ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Essa foi a senha para que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) saísse a campo nos bastidores, em consultas sobre as chances do senador Pedro Simon (PMDB-RS) como candidato à Presidência da Casa. O objetivo de Renan é evitar que o senador Tião Viana (PT-AC) conquiste o cargo por W.O. Ele sabe que ninguém votará contra Simon, um dos senadores de maior prestígio no Parlamento. O petista Eduardo Suplicy (SP) já afirmou que, se o gaúcho estivesse no páreo, votaria nele. PSDB e DEM idem. 

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Com isso, Renan, que começava a ficar isolado, tenta voltar para o jogo. É o mais novo capítulo da novela e pode fazer voar pelos ares o tabuleiro em que Jucá jogava para conquistar a presidência do PMDB, guindar Michel Temer à Presidência da Câmara, e fazer de Tião Viana, o chefe no Senado.


Novo alvo I

A oposição vai aproveitar esse empréstimo de R$ 2 bilhões que a Petrobras tomou com a Caixa Econômica Federal para, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), perguntar sobre outros movimentos da empresa, comentados à boca pequena entre o pessoal do mercado financeiro. A última diz respeito a uma suposta retirada que a Petrobras teria feito de suas aplicações no Unibanco, no valor de R$ 12 bilhões — o que teria abalado a estrutura da instituição financeira e levado o Banco do Brasil a se mexer para fechar negócio. Só que o Itaú acabou atravessando o BB. 

Novo alvo II 

Os oposicionistas vão aproveitar ainda para exercitar o esporte predileto: dizer que o governo Lula é ruim de gestão e que a empresa foi aparelhada pelo PT a ponto de transferir a diretoria financeira para a Bahia, onde nasceu o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. E tem mais: vão dizer que, se a Petrobras estivesse bem gerenciada, não teria dificuldades em captar esse empréstimo com grupos privados. Afinal, o papel da Caixa deve financiar obras de cunho social, como saneamento. 

Paternidade 

Os parlamentares estão desconfiados de que o governo não quer o desgaste de cortar R$ 7 bilhôes do Orçamento de 2009 em discussão no Congresso. Mas o relator, senador Delcídio Amaral (PT-MS), já avisou que, se não houver resposta, vai cortar no custeio. “Não dá para cortar investimentos num momento de crise e de desaceleração do setor privado”, comenta. 

Na surdina 

Há tanta intriga dentro dos primeiros movimentos para a eleição do futuro presidente do PT que já tem gente achando melhor ficar mesmo com Ricardo Berzoini (SP). De perfil discreto, ele desponta como um quadro que pode perfeitamente ser reconduzido para comandar a sucessão presidencial de 2010. 

No cafezinho...
Rose Brasil/Esp. CB/D.A Press
 
 

Na disputa 
Diante das dificuldades para conseguir um lugar no clube que comanda a Câmara, a bancada feminina decidiu ir à luta. Ex-presidente do PMDB Mulher, a deputada Elcione Barbalho (foto), do Pará, avisa que concorrerá a uma das vagas da Mesa Diretora da Casa. “Ainda não sei a qual secretaria vou disputar, mas não tenho nada a perder”, comenta ela, pronta para a briga. 

Aécio vem aí 
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), avisou ao comando de seu partido que, a partir de agora, fará uma série de ações como pré-candidato a presidente da República. A ordem é se colocar definitivamente no jogo. E o anúncio veio acompanhado de um alerta: “É o que Minas espera de mim”. Trata-se do segundo maior colégio eleitoral do país. 

Bombou 
Concorrentes à Presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI) marcaram presença no convescote em homenagem ao subsecretário de Assuntos Parlamentares do Ministério de Relações Institucionais, Marcos Lima, ontem em Salvador (BA). Estavam na casa do deputado João Carlos Bacellar (PR-BA) nada menos que três ministros, José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Juca Ferreira (Cultura), dezenas de deputados e senadores. 

Tempo de serviço 
O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) deixou a coordenação da bancada mineira na Câmara, depois de sete anos no posto. A partir de 1º de janeiro, ele passará a cuidar dos interesses do prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), em Brasília. Os deputados Mário Heringer (PDT) e Gilmar Machado (PT) estão cotados para substituir o colega.

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