quarta-feira, dezembro 31, 2008

COLUNA PAINEL

Só pensa naquilo


Folha de S. Paulo - 31/12/2008
 

Nas derradeiras reuniões de 2008, Lula manifestou aos auxiliares uma preocupação acima de qualquer outra: desonerar os investimentos como resposta ao cenário de crise que ameaça se aprofundar no ano que vem. O presidente pediu ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que apresente propostas em janeiro.
Lula diz que o governo já avançou nessa direção ao reduzir paulatinamente o prazo de ressarcimento de PIS/Cofins e IPI para compra de máquinas e equipamentos e instalação de empresas, mas acha que, à luz da nova conjuntura, isso é pouco. Quer que a empresa só passe a pagar impostos quando começar a produzir. Falta, evidentemente, combinar com a Receita.
Conta de chegada. Para combater a esperada resistência da Receita à sua proposta de desoneração, Lula usa o seguinte argumento: afrouxar a sanha arrecadatória e estimular a produção agora é o melhor caminho para garantir arrecadação mais adiante. 

Fui 1. Acossado por senadores que o pressionam para liberar recursos até o último minuto de 2008, o ministro Paulo Bernardo esperou o chefe viajar ontem para Recife e não teve dúvida: deixou Brasília "à francesa". Até o início da noite, congressistas ainda o procuravam na capital na sede do Planejamento. 

Fui 2. A primeira-dama Marisa Letícia não participou do almoço de Lula com parentes na capital pernambucana. Acompanhada por filhos e netos, seguiu direto para Fernando de Noronha, onde a família passará o Ano Novo. 

Ação! O diretor Fábio Barreto começará a rodar em 20 de janeiro seu filme sobre a vida de Lula. As primeiras tomadas serão feitas em Caetés, ex-distrito de Garanhuns onde o presidente nasceu. 

Esticadinha. Do chanceler Celso Amorim, fazendo mistério sobre a data do retorno do embaixador brasileiro ao Equador, uma vez anunciado que o país pagará no início de janeiro a recém-vencida parcela de empréstimo tomado do BNDES: "Puxa, deixa ele passar o Ano Novo aqui, descansar um pouco, coitado!".


Delay. Apesar dos três meses de afastamento e da exoneração oficial, anteontem, a página da Abin na internet exibe o perfil de Paulo Lacerda como diretor-geral e a cópia do decreto de sua nomeação para chefia da agência.

Tenho dito 1. Em entrevista postada hoje em seu blog, Roberto Jefferson concorda com José Dirceu, que pretende pedir anistia caso seu julgamento seja adiado indefinidamente. "Ele tem razão, e eu também. Cinco anos é muito tempo para quem acertou muito mais do que errou. Quero voltar em 2010", diz o presidente do PTB. 

Tenho dito 2. O autor da denúncia do mensalão nega arrependimento: "Pelo contrário. O Brasil hoje tem noção que tem gente boa à esquerda e à direita, e gente ruim à esquerda e à direita. Os discursos puritanos que o PT fazia eram muitos ruins para a democracia. Isso passou". 

Cota. Enquanto se especula sobre a ida do prefeito de BH, Fernando Pimentel, para um cargo no governo Lula, o PT mineiro faturou outra vaga federal: Édilo Valadares virou vice-presidente da CEF

Currículo 1. O sucessor de Pimentel, Marcio Lacerda (PSB), ainda não nomeou nenhum dos secretários para as nove regionais, mas avisou aos partidos da aliança que quer "técnicos sem pretensões políticas" nesses cargos. 

Currículo 2. O tucano Marcelo Teixeira, indicado secretário da Saúde, foi apresentado por Lacerda como "ex-militante do PT em Brumadinho". Ele foi secretário de Aécio e trabalhou com José Serra no Ministério da Saúde.

Tiroteio 

"O Ministério Público e a PF desvendaram coisas cabeludas em 2008. Mas, não adianta nada, porque o Judiciário é desfuncional. Prova disso é o caso Daniel Dantas." 
De 
DAVID FLEISCHER, membro do Conselho da Transparência Brasil, sobre a polêmica em torno da Operação Satiagraha

Contraponto 

Papo de boteco

Depois de presidir uma inauguração, na semana passada, Gilberto Kassab aceitou convite do secretário municipal Ricardo Montoro para tomar um chopp no Bar Brahma, endereço tradicional do centro paulistano.
O prefeito chegou pouco antes do horário do almoço, quando os garçons se preparavam para receber a clientela. Ao reconhecê-lo, anteciparam a abertura das portas. Em seguida surgiu Montoro, que perguntou ao porteiro:
-O prefeito já chegou?
-Sim, senhor. Prefeito bom é assim: se a casa tiver problema, ele manda fechar. Mas, quando o lugar é bom, ele mesmo vem e manda abrir!

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