domingo, maio 08, 2011

ANCELMO GÓIS - Renda Melhor


Renda Melhor
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 08/05/11

Dia 20, Sérgio Cabral lança o programa Renda Melhor, versão carioca do Brasil sem Miséria, de Dilma, voltado para erradicação da extrema pobreza. No âmbito federal, o plano vai contemplar quem recebe até R$ 70. No Rio, até R$ 100. 

Segue...
Segundo Rodrigo Neves, secretário de Assistência Social de Cabral, o objetivo do projeto é assistir, com um auxílio médio mensal de R$ 80 per capita, as famílias atendidas pelo Bolsa Família, federal. O primeiro município beneficiado será Japeri, que tem o pior IDH do estado. Depois, o Renda Melhor irá para Belford Roxo e São Gonçalo. Ainda este ano, o programa deve contemplar 50 mil famílias, num investimento total de R$ 37 milhões.

É muito discreto

O poderoso ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, anda em carro que não tem placa oficial do ministério. 

Plano de voo 

Roger Agnelli, assim que deixar a Vale, dia 22, vai ficar um mês fora do país com a família. Só na volta analisará os muitos convites de trabalho que já recebeu. 

Prefeito Baixinho

Há uma articulação para fazer Romário candidato a prefeito do Rio em 2012, pelo PSB. 

No mais

Obama parece ter aderido à teoria de que governo é como violino: você toma com a esquerda e toca com a direita.

O urso de Britto 

Romero Britto, que vive em Miami, onde vende quadros que nem pão quente, lançará seu primeiro livro no Brasil, em agosto. Sai pela Editora Globo. “Onde está o urso da amizade” terá desenhos dos famosos ursos do artista brasileiro.

Presos gays

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados fará diligência nos presídios masculinos do Rio para apurar denúncias de violência contra gays nas cadeias. A investigação, aprovada pelo deputado Jean Wyllys, ainda não tem data. 

Xuxóculos
O acessório mais pedido em abril pelo público que liga para a Central de Atendimento ao Telespectador da TV Globo foram os óculos de grau agora usados por Xuxa, 48 anos. A sempre linda apresentadora está com vista cansada.

Pato no tucupi
Sobre a ideia de dividir o Pará em três, um maldoso argumentou: “Se um estado só produz um Jader Barbalho, o que produzirão três?” Mas a terra do pato no tucupi e de Carajás tem gente boa como Fafá de Belém.

Jardim do Amanhã
Bin Laden já desencarnou. Mas este mural de gosto duvidoso, em que o terrorista empunha uma arma AK-47, ainda enfeia um muro na Cidade de Deus — que, por sinal, foi a favela visitada por Obama. Fica numa pracinha da região conhecida como Jardim do Amanhã.

Manguinhos em 3D
A Biblioteca Parque de Manguinhos, no Rio, que fez um ano com 500 usuários por dia, vai ganhar um cinema 3D. A secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, deve inaugurar a sala em dois meses. 

O som do silêncio
Empresas de ônibus do Grande Rio estão contratando deficientes auditivos em número bem razoável. Descobriram que eles são mais úteis que trabalhadores com audição perfeita para monitorar a frota pelas câmeras dos centros de controle operacional das garagens. É que, por não ouvirem bem, ou nada, ficariam mais atentos às imagens. 

Minha sogra
Pesquisa da Fecomércio-RJ com 612 pessoas sobre intenção de compras no Dia das Mães mostrou que, na Região Metropolitana do Rio, 21,4% pretendem dar um presente para a sogra, hoje. Não é fofo? 

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Mamadeira e Laptop
MARIA CRISTINA FRIAS

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/11

Secretaria de Políticas para as Mulheres planeja campanha para que os pais dividam os cuidados com os filhos

O debate sobre o papel da mulher no mercado de trabalho e as responsabilidades dos homens nos cuidados domésticos ganhará corpo no segundo semestre.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres, do governo federal, planeja iniciar campanha pelo compartilhamento das tarefas com os filhos e a casa.
"Queremos trazer o debate para a sociedade. Estão previstas campanhas na mídia e em empresas", diz Maria Angélica Fernandes, secretária de articulação institucional e ações temáticas.
"As mulheres teriam mais tempo para fazer cursos e melhorar a formação, o que ajudaria a reduzir a diferença salarial com os homens", afirma Fernandes.
Outra questão defendida pela secretária é o aumento da licença-paternidade, de 5 dias para 30 dias.
Uma licença maior garantiria às mulheres suas posições no mercado de trabalho, segundo Natália de Oliveira Fontoura, coordenadora de igualdade de gênero do Ipea.
"A desigualdade na licença traz desigualdade no campo de trabalho", de acordo com Fontoura.
O incremento da licença dos pais é visto como instrumento para estreitar a diferença salarial entre os homens e as mulheres.
"A diferença média nas mulheres com curso superior é de 42%", diz Regina Madalozzo, professora do Insper.
Do lado das empresas, a flexibilidade de horário, tanto para homens como para mulheres, e o posicionamento mais ativo do presidente são instrumentos que ajudariam a reduzir a diferença salarial, segundo Madalozzo.

"Não adianta só a licença-maternidade aumentar se a paterna não acompanha. Consolida a responsabilidade na mulher"
MARIA ANGÉLICA FERNANDES
secretária de articulação institucional e ações temáticas da Secretaria de Políticas para as Mulheres

"A licença-maternidade de seis meses é um grande ganho, mas, ao mesmo tempo, ela fortalece a visão de que a mulher é a responsável pelos cuidados"
NATÁLIA DE OLIVEIRA FONTOURA
coordenadora de igualdade de gênero do Ipea

LEITO DE LUXO

Hospitais de ponta constroem novos prédios e deslocam áreas administrativas para liberar espaço e abrigar mais pacientes.
A falta de leitos deixou de ser característica só de instituições públicas em São Paulo, à medida que se expandiu a renda e, com ela, o acesso a planos especiais de saúde.
Muitos hospitais têm em curso obras de ampliação.
No Albert Einstein, um investimento de R$ 1,5 bilhão pretende, entre outros projetos, elevar para 720 o número de leitos em 2012. Hoje há 600 leitos, ante 480 há cerca de três anos.
"É o crescimento da economia. Apesar das expansões, há uma tendência a falta de leitos", diz Claudio Lottenberg, presidente do hospital. "Possivelmente teremos de fazer mais no futuro."
O Sírio-Libanês deve dobrar seus atuais 350 leitos.
"Deslocamos áreas administrativas para transformar em leitos", diz o superintendente Paulo Chap Chap. "Frequentemente não se consegue hospedar. Com o passar das horas, conseguimos, mas cria desconforto."
Outro exemplo recente é o Hospital Samaritano de SP, que acaba de abrir mais um prédio, para o novo complexo de 60 mil m2. São 19 andares com 23 leitos de UTI, 80 de internação e dois andares de medicina diagnóstica, segundo José Antônio de Lima, superintendente. O investimento é de R$ 180 milhões.

MONTADORAS ESPORTIVAS

O futebol é o esporte que mais recebe verbas de patrocínios das 20 maiores montadoras do mundo, segundo a consultoria Sport + Markt.
Os investimentos dessas companhias na modalidade foram superiores a R$ 570 milhões na temporada 2010/ 2011, o que representa 31,7% do total de R$ 1,8 bilhão.
Futebol americano e beisebol aparecem com 19,1% e 8,3%, respectivamente.
"Os valores investidos devem crescer mais nos próximos anos com a entrada das montadoras chinesas", diz o sócio-diretor da consultoria, Cesar Gualdani.

O QUE ESTOU LENDO

Jennifer Gao, sócia-diretora da Armstrong Holdings
A chinesa Jennifer Gao, sócia-diretora da firma de investimentos Armstrong Holdings, de Nova York, começou a ler "The Three Faces of Chinese Power: Might, Money and Minds", de David Lampton, editora University of California Press. "Nem bem comecei, e o livro já prende muito a atenção", diz ela, que, na adolescência, deixou Xangai para viver nos Estados Unidos, onde se formou em matemática e fez seu MBA. "[A obra] explica para o mundo as razões pelas quais os dois países, EUA e a China, tão desesperadamente, precisam um do outro e terão de trabalhar juntos para viver melhor, porque um não pode excluir o outro."

HORA DO CAFÉ

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Globe trotter?
SONIA RACY

O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/05/11

Dilma pediu para Michel Temer representá-la na festa de 150 anos da unificação italiana. Dia 2 de junho, em Roma.

Antes, Temer irá à Rússia com Wagner Rossi para negociar, pessoalmente, o fim das restrições da carne brasileira por lá.

Cedro verde-amarelo

Em época de levantes nos países árabes, foi aberto pelo governo brasileiro em Beirute o primeiro centro cultural do Brasil na região.

Para divulgar por lá a língua portuguesa e a cultura tupiniquim.

Chinguelingue


Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, ganhará sua primeira edição chinesa autorizada. A editora Thinkingdom House pagou cerca de US$ 1 milhão pelos direitos autorais da obra.

O escritor chileno já havia acusado o país de disponibilizar suas obras de maneira indevida.

Chinguelingue 2

Campanha na internet em prol da liberação de Ai Weiwei, artista plástico chinês, está sendo organizada pela Avaaz. Objetivo? Sensibilizar a comunidade artística para que as principais galerias parem de organizar exposições na China até que ele seja solto.

Detalhe: mais de 15 países estão neste momento se preparando para a Beijing Art Expo.

Bem trilhado

A convite de Fernando Grostein Andrade, David Byrne gravou música especialmente para o documentário Quebrando o Tabu. No longa, FHC, Bill Clinton e Jimmy Carter discutem políticas alternativas de combate às drogas.

Responsabilidade social

Está saindo do forno a Associação Águas Claras do Rio Pinheiros. Objetivo? Contribuir para a recuperação do rio. Resultado de parceria entre Santander, Nestlé, Pinheiro Neto e mais cinco grupos. No dia 15, mil funcionários navegarão no Pinheiros em expedição multimídia.

Com questões candentes como o bullying, a peça É Proibido Miar, de Pedro Bandeira, será a primeira a ser apresentada pelo Literatura em Cena. Projeto que leva montagens de autores brasileiros para escolas. Dia 14, no CEU Jaçanã.

Em prol do projeto Dom Quixote, o Degustar 2011, evento de gastronomia e decoração, acontece dia 17. No Espaço Villa-Lobos.

Rafael Konanoff, do Centro de Tecnologias para a Saúde de Pessoas com Deficiências, palestra no Seminário Paulista de Educação Profissional Inclusiva. Terça, no Memorial da Inclusão. A convite do Centro Paula Souza.

A Pet Fashion Week SP, desfile de novidades do mundo dos animais domésticos, será em junho. Com parte da renda revertida para as entidades Instituto Cão Guia Brasil e Arca Brasil.

Acaba de ser lançado o livro Relatório Único: Divulgação Integrada para uma Estratégia Sustentável, de Robert G. Eccles e Michael P. Krzus.

Com inscrições abertas até dia 22, a campanha O Que é Economia Criativa Para Você? quer debater o significado do tema. E convoca internautas a opinar por meio de vídeos, textos e áudios. As 80 melhores criações levarãoR$ 200. Entre os patrocinadores, Rede ItsNoon e Vivo.

Detalhes nem tão pequenos...


1. Vibrantes vibrações para dia de jantar beneficente SOS Japão.

2. No desfile de Pierre Cardin, óculos para qualquer look.

3. Não é a joia da coroa britânica, mas fez sucesso em happy hour na galeria Luisa Strina.

4. Vermelho e branco para decorar a noite Pense Rosa, de combate ao câncer de mama.

5. O laço, sempre ele, presente em um dos múltiplos desfiles no Shopping Iguatemi.

6.World Wine Experience para as noites de frio em Sampa.

7. ...e saquê, para as de calor.

GOSTOSA

GAUDÊNCIO TORQUATO - Social-democracia em declive


Social-democracia em declive
GAUDÊNCIO TORQUATO
O Estado de S.Paulo 08/05/11

A pergunta é intrigante: como se explica o fato de um partido que administra oito Estados, detentores de 50% do PIB do País, com uma população de 64,5 milhões de habitantes e um eleitorado correspondente a 47,5% dos eleitores, padecer a maior crise de sua história? O partido é o que empunha a bandeira da social-democracia e adota um tucano como símbolo, o PSDB. A fogueira consome a lenha do partido acumulada ao longo de 23 anos de história. Bombeiros correm para apagar o fogo, alegando tratar-se de um foco de incêndio isolado e devidamente controlado. Essa é a resposta do presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra (PE), para quem a tensão entre alas tucanas em São Paulo não indica crise, "nem qualquer quebra de ética", apenas divergências entre correligionários, ao se referir à saída de vereadores do PSDB que entraram no PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab. A verdade, porém, é que os tucanos nunca se haviam bicado de forma tão violenta quanto nestes tempos de "guerra de guerrilha" entre alas divergentes. A querela assume importância extraordinária por se desenvolver no seio do PSDB paulista, o maior do País, tendo, portanto, reflexos sobre os pleitos de 2012 (municipal) e 2014 (estadual e federal).

Os grupos liderados por José Serra e Geraldo Alckmin há muito se bicam. Serra, ao chegar ao governo em 2006, depois de entregar a Prefeitura ao vice (Kassab), teria desmontado a estrutura do antecessor. E este, disputando a Prefeitura contra Kassab, em 2008, não teria recebido apoio serrista. As duas aves fazem voos paralelos. Ao retomar, agora, o comando da administração paulista, diz-se que Alckmin dá o troco com juros e correção monetária. Apesar de acenos públicos de integração de propósitos, a cisão é evidente. Nem intervenções pontuais do tucano-mor, o ex-presidente Fernando Henrique, conseguem repor a harmonia na sigla, que tem dificuldades para administrar os 44 milhões de votos obtidos no último pleito. O partido da social-democracia parece perdido. Mesmo dominando os dois maiores colégios eleitorais, São Paulo e Minas Gerais, e tendo ainda Paraná e Goiás, dois enclaves fortes, o PSDB atravessa um ciclo de intensa obscuridade, seja por falta de comando, seja por obsolescência de discurso, desmotivação das bases e desunião de grupos. A falta de comando tem que ver com a hegemonia paulista. Para compensar o peso de São Paulo o partido passou a escolher dirigentes do Nordeste, como Tasso Jereissati e Sérgio Guerra. Imaginava-se que a região, que detém perto de 30% do eleitorado nacional, poderia ser contrapeso ao Sudeste, onde os tucanos têm alcançado boas vitórias desde a criação do partido.

O PSDB, porém, não conseguiu equalizar as densidades eleitorais e a "paulistização" tucana virou marca. Ademais, pesa sobre a sigla a insinuação de ter muito cacique e pouco índio. E, ainda, que é distante das bases. Já as mais fortes classes médias, as mais poderosas entidades e os contingentes laborais que vivem em São Paulo se ressentem da falta de um discurso consentâneo com suas expectativas. Que fonte categorizada do partido pode exprimir algo e merecer respeito? Fernando Henrique, sem dúvida. Mas bate o bumbo sozinho. Tentou mostrar o fio da meada ao partido e recebeu escasso apoio. Afinal, qual é a mensagem do PSDB? Ou está ele engolfado pela onda que afoga os partidos social-democratas em todo o mundo?

Vale lembrar que, ao ser concebida, a social-democracia brandia como escopo o estabelecimento do Estado de bem-estar social (baseado na universalização dos direitos sociais e laborais e financiado com políticas fiscais progressistas) e o aumento da capacidade aquisitiva da população. Essa meta tinha como alavanca o aumento dos rendimentos do trabalho e a intervenção do Estado nas frentes de gastos e regulação de atividades-chave para a expansão econômica. Mas a partir dos anos 70-80 os partidos social-democratas passaram a incorporar princípios neoliberais e estes impregnaram a ideologia dominante da União Europeia. Portanto, a doutrina social-democrata ganhou novos contornos na esteira da globalização. As siglas mudaram, transformando suas bases eleitorais (categorias trabalhadoras) em classes médias, mais conservadoras e com maior acesso ao capital financeiro. Tony Blair, na Inglaterra, Schroeder e Merkel, na Alemanha, Zapatero, na Espanha, e outros deram efetiva contribuição para moldar a social-democracia com a solda neoliberal.

O Brasil ingressou nessa rota. O ideário dos partidos de esquerda, a partir do PT, arquivou os velhos jargões da sociedade de exploração capitalista, Estado burguês, classe dominante, submissão a interesses do capital financeiro. Hoje, as teias sociais estão sendo bem costuradas, programas de distribuição de renda passaram a frequentar a mesa de todos os núcleos, a ideia de extinguir a miséria continua acesa, mas a receita do "velho socialismo" aparece de forma esporádica e, mesmo assim, sujeita a apupos. Se o PSDB se ressente da ausência de discurso, é porque seu tradicional menu foi repartido por outros comensais. Tocar corneta sobre os buracos da obra governamental - como tem sido prática de partidos de oposição - não tem a mesma significação que a construção de um projeto estruturante para a realidade brasileira. A crise que consome o partido pega parceiros como o DEM. É sabido que os exércitos oposicionistas sofrem a síndrome da atração fatal provocada pelas "tetas do Estado". Moeda forte, economia em expansão, escudo de proteção às beiradas sociais, caixa do Tesouro locupletada funcionam como um buraco negro que atrai as massas que giram ao redor. Poucos resistem ao fabuloso balcão de recompensas do governo. Daí a devastação das frentes de oposição. Por fim, a fragmentação dos partidos e a desunião de atores e parceiros fazem parte de uma política cada vez mais sem graça e plena de desgraças.

TUTTY VASQUES - O cafofo do Osama



O cafofo do Osama

TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/05/11

Acontece sempre que a polícia carioca apresenta à imprensa o esconderijo de um chefe do tráfico abatido ou expulso do morro: os sinais de riqueza aparente do bandido são sempre superlativados no noticiário. Ar condicionado no quarto dá ao cafofo status de imóvel de luxo. Se tiver TV de plasma na sala e piscininha na varanda, aí vira "mansão". A ideia, imagino, é sublinhar que o safado vivia melhor que a gente, caro leitor. Enfim, bem-feito pra ele - perdeu, mané!
No caso de Osama Bin Laden, até se ensaiou chamar de "palacete" o que se via pelos satélites das forças especiais americanas, impressão que foi se transformando à medida que fotógrafos e cinegrafistas se aproximavam por terra do local da execução do terrorista. O tal "condomínio de luxo", sabe-se agora, não passava de uma cabeça de porco, com 24 moradores dividindo espaço sem telefone, janelas, videogame, banheira de hidromassagem ou TV a cabo.
Ainda assim, persiste o tratamento de "fortaleza mansão" dispensado pela imprensa ao complexo de lajes do ex-líder da Al-Qaeda. Só o britânico The Guardian deu-se ao trabalho de ouvir um corretor de imóveis da região para corrigir as informações dos americanos sobre o esconderijo. O que chamavam de "complexo extraordinário de US$ 1 milhão em bairro chique de Abbottabad" foi reavaliado em "US$ 250 mil (20 milhões de rupias), se tanto, dado à mediocridade da vida em Bilal Town".
Pode até não ser a maior mentira envolvendo a execução de Bin Laden, mas nenhuma outra soa tão desnecessária. Afora o galinheiro próprio e a quantidade de bode adquirido no açougue, os jornais destacam como sinal de abastança do terrorista os gastos da família na vendinha da esquina, com ênfase no consumo de Coca-Cola, Pepsi, leite Nestlé e "xampu da melhor qualidade".
Só quem já viveu em caverna sabe que espécie de luxo é esse, né não?
Boato infame
Ao contrário do que o pessoal de marketing da Adidas anda espalhando por aí, Bin Laden não vestia agasalho da Nike quando foi morto no Paquistão. Já basta à nº 1 das marcas esportivas ter a toda hora que desmentir o patrocínio a Fidel Castro.
Documentos
Sabe Deus o que o ministro Ayres Britto andou pesquisando para, ao relatar a defesa da união homoafetiva, dizer que "o órgão sexual é um plus, um bônus, um regalo da natureza"! Na plateia do tribunal, o deputado Jean Wyllys chegou a suspirar: "Nooossa!!!"
A inveja é uma...
Amigos de Nicolas Sarkozy estão preocupados. O presidente francês estaria tramando um assassinato capaz de, a exemplo do que aconteceu com Barack Obama, recuperar sua popularidade nas pesquisas de opinião. Teme-se que ele mande matar o cara errado!
Se deu bem!
O que mais estimula o trabalho de José Genoino no Ministério da Defesa é o fato de que, desde que tomou posse como assessor do Nelson Jobim, a imprensa o abandonou por completo.
Caos aéreo
A nova classe média está preocupada. O governo quer tirar da pobreza absoluta 16 milhões de brasileiros que vivem em condições de extrema miséria no País. Já imaginou quando todo mundo puder "andar" de avião?!
Aí tem!
Má notícia para o futebol: Ricardo Teixeira e Joseph Blatter fizeram as pazes. Boa coisa não farão juntos!
Ô, raça!
Os ambientalistas estão divididos. Metade comemora o crescimento de 20% na população de rinocerontes do Nepal nos últimos três anos. Os demais estão preocupados com os efeitos dos gases decorrentes no aquecimento global.
Dupla traição
Foi só José Serra ameaçar cortar os pulsos e - pronto! - já tem tucano chamando de "puro-sangue" a possibilidade da chapa Aécio Neves/Gilberto Kassab para concorrer à Presidência em 2014. 

DANIEL PIZA - O crepúsculo dos profetas



O crepúsculo dos profetas
DANIEL PIZA
O Estado de S.Paulo - 08/05/11

O assassinato de Osama Bin Laden parece ter antecipado muitas reflexões que seriam feitas em setembro, por ocasião dos dez anos do atentado contra as torres do World Trade Center em Nova York. Muitos se perguntam se isso terá algum efeito prático, não apenas simbólico, no sentido de evitar ou estimular novos ataques terroristas. Desde o início me pareceu que a decisão de não divulgar imagens do corpo era para não despertar ímpetos de martirização. Mas, concretamente, afora alguns protestos no Paquistão e algumas queixas contra o método, o resultado é mesmo mais simbólico. Chegar a 11 de setembro próximo e lembrar Osama livre e impune não soaria nada bem. Além disso, o presidente Barack Obama tem sido tão vilipendiado, a ponto de ter de mostrar sua certidão de batismo havaiana, que a ação lhe veio a calhar. Ponto.

A questão maior é observar o que aconteceu nesse período, não apenas em relação ao desmantelamento da Al-Qaeda e outras redes terroristas, mas sobretudo quanto à conjuntura política internacional. Na pesquisa que fiz para um livro que chega às livrarias na próxima semana, Dez Anos Que Encolheram o Mundo (editora Leya), me espantei ao rever o tom que se seguiu ao 11 de Setembro nas mais diversas culturas. A sensação era de que se tratava do fim do mundo. Para uns, como Stockhausen, o ato apocalíptico foi uma obra-prima; para outros, como Berlusconi, era hora de montar novas cruzadas contra o islamismo. Até os mais moderados, entre platitudes do tipo "o século 21 começou" e "nada será como antes", jamais imaginaram que nos dez anos seguintes haveria muito mais demonstrações de bom senso e liberdade do que o contrário. Que um Barack Obama seria eleito nos EUA e que uma série de revoltas populares contra governos tirânicos eclodiria nos países árabes.

Os profetas, para variar, erraram. Para variar também, hoje fingem que não disseram nada daquilo. Já notei aqui, por exemplo, como as tão ruidosas manifestações "antiglobalização" dos anos 90 foram sumindo ao longo do tempo, perdendo força e cabimento. Como repórter, cobri aquele período dos "fóruns sociais" em Porto Alegre e Mumbai, que se opunham ao de Davos, na Suíça. Debates e até brigas ocupavam a mídia vários dias. Aonde foi parar todo aquele clima? Eis algo interessante de tentar entender.

Naqueles movimentos já havia uma ambiguidade clara: os trabalhadores dos países desenvolvidos temiam pela perda de emprego para mão de obra mais barata; os de países subdesenvolvidos achavam que as grandes corporações multinacionais engoliriam suas soberanias e salários. O que aconteceu? Na primeira década do século, os emergentes cresceram muito acima da média mundial, sobretudo China e Índia, que cada vez mais se industrializam e geram tecnologia própria. E isso ajudou a manter o crescimento mundial, dada a quase estagnação dos mais ricos. No Brasil, um presidente que veio do sindicalismo adotou a política que os mercados financeiros queriam e estimulou crédito e consumo.

Nos anos 90, o debate era entre dois livros, O Fim da História, de Francis Fukuyama, e O Choque das Civilizações, de Samuel Huntington. Um dizia que a democracia liberal ocidental era um patamar de estabilidade na história do mundo; o outro, que grandes correntes culturais continuariam em atrito cada vez maior. Ambos parecem ter errado. Economias de mercado e/ou regimes democráticos são cada vez mais comuns, mas numa infinidade de graduações (a começar pela China, onde o Estado é dirigista e ao mesmo tempo cobra poucos impostos), não em acordo com meia dúzia de regras conservadoras do consenso de Washington. E os confrontos entre civilizações persistem, mas quase ninguém mais se atreve a dizer que países mais religiosos não querem saber de votos e grifes, que o islamismo seria por definição incompatível com liberdade.

Obama, por sinal, colhe frutos da morte de Osama, mas foi muito razoável quando a histeria pós-11/9 estava no pico. Não se opôs à invasão do Afeganistão, onde o Talibã acolhia a Al-Qaeda, mas se opôs à do Iraque, ao contrário do casal democrata Clinton, por duvidar das provas exibidas do apoio de Saddam Hussein. Esse discurso equilibrado, que pareceu e ainda parece republicano demais aos democratas e democrata demais aos republicanos, foi um salto de maturidade. A mera eleição de um homem com sua biografia e sua cor era um sinal histórico. Mas não foram apenas a crise econômica dos países desenvolvidos nem a eleição de um Obama que modificaram o panorama no norte da África e no Oriente Médio; não foi nem mesmo a percepção de que o fanatismo não leva a nada, nem sequer ao fim de Israel. Foi tudo isso junto e mais o espraiar dos meios de comunicação e informação, que revelaram o desgosto com as autocracias anacrônicas. O mundo mudou. Que as mentes mudem.

Rodapé (1). Octavio Paz notou que a América Latina não teve um Voltaire, um Kant, um Hume, um pensador iluminista em sua formação histórica. E pelo jeito ainda não entendeu a importância disso. Ontem, dia 7, foram comemorados no mundo todo os 300 anos de nascimento de David Hume (1711-1776), de quem a Iluminuras acaba de publicar nova edição de A Arte de Escrever Ensaio. Hume é muito conhecido por seu Tratado sobre a Natureza Humana, bem editado no Brasil pela Martins Fontes, mas seus ensaios - que muito devem aos de Joseph Addison, um dos fundadores da revista Spectator, também tricentenária - foram os maiores responsáveis por sua influência no pensamento moderno.

Como bom herdeiro de Montaigne, não havia assunto que escapasse à sua pena, do suicídio ao comércio, das artes ao casamento (que defendia que fosse fundado na amizade); e no texto que dá título ao volume ele defende o gênero como aproximação entre os letrados e o convívio social, contra o encerramento do conhecimento em academias. Seminal.

Rodapé (2). No aeroporto, onde sempre se espera tanto, compro para ocupar o tempo Casa Velha, de Machado de Assis (editora L&PM), que leu seu Hume. Na introdução, leio um pequeno resumo de sua vida que copia várias observações minhas sem dar a fonte, a começar pela recusa às especulações de outros biógrafos sobre fatos não documentados de sua infância e juventude, tidas até há pouco como desprivilegiadas e tristes (mas ele tinha pais alfabetizados, aos 15 traduzia poetas franceses e logo mais estava animadamente inserido na vida cultural da corte), e a terminar pela visão de sua ascensão social em paralelo com a transformação urbana. Nada, porém, se diz sobre o fato capital de que Machado recusou padre no leito de morte. No posfácio, outro acadêmico classifica de romance essa novela de Machado, que, embora publicada em 1885-86, está mais para o esquematismo narrativo de sua primeira fase, com a história de um possível incesto por fim esclarecido.

Bem, o que vale mesmo é reler frases como: "Não se podia ouvir-lhes nada, mas era claro que falavam de si mesmos. Às vezes a boca interrompia os salmos, que ia dizendo, para deixar a antífona aos olhos; logo depois recitava o cântico. Era a eterna aleluia dos namorados".

De la musique. Cada novo CD de Nelson Freire é um acontecimento, no Brasil e no mundo, e quando se trata de um compositor para o qual parece ser o intérprete ideal, como Liszt (ou Chopin ou Schumann), a escolha é certeira. Em Liszt: Harmonies du Soir (Decca), o pianista vai a tantos detalhes, sem jamais florear demais, que queremos ouvir de novo cada peça para saboreá-los. Há algumas composições tradicionais, como o Soneto 104 de Petrarca e a Rapsódia Húngara n.º 3, mas estou curtindo especialmente as seis Consolações, de belas melodias ao mesmo tempo tristes e doces, e as Harmonias da Noite, estudos de grande riqueza harmônica. Freire continua em excelente forma.

Por que não me ufano. Dilma Rousseff enfim começa a governar. Abriu concessões para aeroportos, reconhecendo algo que seu partido há tantos e tantos anos teima em não reconhecer - que o setor só vai atender à demanda crescente se tiver investimentos privados -, lançou programas para ensino técnico, elegeu a erradicação da miséria como prioridade. Mas, e há sempre um mas, é preciso ver a capacidade de execução dessas medidas. Afinal, ela é a "mãe do PAC" e seu filho não tem tirado notas boas na escola... No caso dos aeroportos, talvez seja tarde e pouco, embora melhor do que não fazer nada.

E há seu maior desafio, o macroeconômico, num momento em que todos baixam previsão do PIB em 2011 para 4% e sobem a da inflação para mais de 6%, ou seja, no topo da margem da meta. Corretamente, ela apontou o cerne do problema: a produtividade. Daí a importância de investir em qualificação. Mas há algo fundamental no qual ela jamais toca: a redução da carga tributária e a simplificação da burocracia. Sem isso, não há empreendedor que vá longe.

HUMBERTO WERNECK - Aviso à mulherada



Aviso à mulherada
HUMBERTO WERNECK
O Estado de S.Paulo - 08/05/11

Dona Alzira me conta que está muito preocupada - e não é para menos: há um tarado à solta no bairro.


Os jornais ainda não noticiaram, nem a polícia está informada, mas dona Alzira não tem dúvida. Sabe, como ninguém, farejar desgraça ou malfeito nas imediações, e até em bairros distantes. A família não esconde que ela é dotada de sensibilidade fora do comum para esse tipo de ocorrência. Paranormal, quase. Ou paranormal, sem quase. Se está dizendo que tem tarado, deve ter mesmo. E até em causa própria dona Alzira tem razão para estar em alerta. Já se aproxima dos 70 anos de idade, mas, como diz um genro irreverente, não é de se jogar fora. Aguenta bem uma meia sola, crava o camarada, grosseirão porém certeiro nas avaliações. De todo modo, com tarado não se deve facilitar. Ainda mais esse, que para subjugar as vítimas usa raio laser. Sim, raio laser. Vermelho! Alta sofisticação a serviço dos baixos instintos.

Seria maldade dizer que dona Alzira, ao revelar seus temores, denota conhecimento de causa. Jamais aconteceu com ela. Até o momento, pelo menos. Conhece, mas de experiência alheia. Nada de insinuações maldosas, portanto. Agora: não estou extrapolando ao lembrar que dona Alzira, se nunca foi assediada por macho mal intencionado, andou perto disso. Falo, claro, do seu marido. Não que Valter seja tarado. Não chega a tanto. Mas eta sujeitinho de baixa extração. E mulherengo. E trambiqueiro. Inclusive já esteve preso, rolo de dinheiro. Muito azar da dona Alzira, que parecia fadada a acabar em outros braços que não os curtinhos, roliços e peludos do Valter.

Questão de berço, até. Veja só: ela nasceu em família tradicional; gente do nosso meio, entende? E recebeu educação esmerada, dentro dos mais sólidos princípios cristãos. Não fez faculdade, que em seu tempo de moça isso não se usava - mas, ao contrário de tantas aí com diploma e tudo, aprendeu francês, piano e bordado. O francês acabou enferrujando, culpa do Valter, que não lhe proporcionou viagem a Paris. O piano também não foi adiante. Dona Alzira herdou dos pais um desses antigões, de armário, como se diz, mas num momento de crise (a prisão do Valter) foi preciso vender. Já o bordado ela não abandonou. Hoje, quando cheguei à sua casa, dona Alzira estava justamente bordando varicor. Duas almofadas para o quarto da filha caçula. Aquela, minha Nossa, que tanta preocupação lhe causou.

É, aquela. Você se lembra: abusada pelo namorado, engravidou aos 15 anos, teve de casar, já separou. Quando a barriga se tornou evidente, Dona Alzira fez romaria pelas casas da família para explicar o acontecido. Num lance de escada, detalhou, e à força, a menina não queria, bem que gritou mas ninguém veio acudir. Pois é, o vexame de dar esse tipo de explicação - e ainda ter que passar pelo dissabor de ouvir a menina contradizê-la aos berros, na frente da parentada, não foi na escada não, e eu queria sim, tava muito a fim! Essa juventude de hoje, suspira dona Alzira, pondo de lado o varicor e se levantando para me servir o pudim que fez para não desperdiçar - seria pecado, tanta gente passando fome! - uns restos de pão. Não só aproveitou o pão velho como, criativa que é, teve a ideia de incrementar o pudim com frutas cristalizadas, coroando-o com cereja da melhor. Danada! Custou uma nota, admite, mas ficou muito gostoso.

Foi entre duas garfadas que dona Alzira me pôs a par das investidas do tarado no bairro. Realmente preocupante. Mas não é preocupação que a paralise, isto é que não! Pois ela não tem boas ideias apenas quando se trata de incrementar pudim de pão. Danada mesmo: já providenciou um esquema para se safar de assédio. Qual? Ela vem para a ponta do sofá e sussurra o segredo: eucatex. Ahnn? É, meu filho, escudo de eucatex - não sabia que corta raio laser? Parece que protege até ladrão de dinheiro público. Eu não sabia, dona Alzira. Mas como é de interesse geral, a senhora me desculpe, vou abrir para mais gente e avisar à mulherada que eucatex faz raio laser de tarado murchar.

GOSTOSA

FERNANDA TORRES - A vida é o caminho


A vida é o caminho

FERNANDA TORRES

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/11

NO DIA EM QUE EU SOUBE que o Festival de Cannes havia me concedido, com Barbara Sukowa, o prêmio de melhor atriz de sua edição de 1986, estava na casa do meu irmão pensando em desistir da profissão. Aos 19 anos, emburrada com o ritmo industrial e a responsabilidade de encarar a mocinha da novela "Selva de Pedra", senti o chão se abrir quando o Claudio atendeu o telefone e disse: "Ai, Nanda, você ganhou lá em Cannes".

No momento do folhetim em que a personagem Simone Marques fugia para Nova York para se transformar na artista plástica Rosana Reis, a película de Arnaldo Jabor havia sido selecionada em Cannes. Em pouco mais de uma semana, fui para os Estados Unidos e voltei para gravar as externas da virada da heroína da TV e embarquei para o festival francês. Uma maratona digna do que minha mãe chama de "a glória com seu cortejo de horrores".

Era minha segunda vez no festival, a primeira em uma mostra oficial. Na Croisette, percebi a gravidade de minha caipirice: eu não dominava nenhuma língua estrangeira, não era dona de uma beleza estonteante e não sabia me vestir ou me comportar fora do Brasil.

No dia seguinte à exibição, o ator e parceiro Thales Pan Chacon ligou perguntando se eu já tinha dado uma olhada nos encartes embaixo da porta. As inúmeras bolas pretas dos impressos refletiam a péssima opinião dos críticos a respeito da nossa fita.

Fiz as malas e voltei para a urgência dos estúdios de TV.

Arnaldo Jabor ligou dizendo que corria o boato de que eu poderia levar o prêmio de atriz, mas eu não queria nem podia criar mais desassossego. Fiquei.

Quando soube do resultado, lamentei não estar lá. Doeu saber que a agraciada recebeu das mãos de Sting, astro-rei do grupo de rock Police, o lindo broche de ouro na forma de uma folha de palmeira. Aqui, a notícia se propagou pela voz de Cid Moreira no "Jornal Nacional". O povo fazia o V da vitória nas ruas em um ufanismo digno de Copa do Mundo.

O Brasil era um país isolado. Não existia a globalização ou os emergentes, a inflação comia solta e casos raros como os do extraordinário "Pixote" e do sensual "Dona Flor e seus Dois Maridos" prometiam, vez por outra, nossa inclusão no mundo civilizado.

Apesar do êxtase da conquista, sempre soube que minha inexperiência roliça não se comparava ao talento de atrizes como Marília Pêra e Sônia Braga.

Sônia, aliás, fazia parte do júri, e acredito que tenha contribuído para a minha escolha. Com a ajuda do prêmio, participei de dezenas de festivais no exterior e recebi alguns convites de trabalho fora de casa. Virei cidadã do mundo, mas segui na direção oposta. Greta Garbo, quem diria, acabou no Sesc Tijuca.
O cinema perdeu a força paulatinamente até desaparecer com a Embrafilme. Bia Lessa me sondou para fazer "Orlando", de Virginia Woolf, no teatro. Troquei o "grand écran" por um palco no subúrbio carioca. Eu iria a Cannes ainda uma última vez, com "Kuarup". E só.

Meu caso parece com o de Sandra Corveloni ("Linha de Passe"). Grávida, Sandra recebeu a notícia em casa e voltou imediatamente para a concretude sem luxo de seu grupo teatral. O cinema é um amante irresistível, mas exige uma rotina solitária. Fui uma franco-atiradora por mais de 15 anos até precisar de um chão.

Guardo o prêmio num cofre, raramente o vejo. Tenho orgulho de tê-lo, mas seu valor é secundário diante da convivência com gente do calibre, entre tantos, de Walter Lima Júnior, Arnaldo Jabor, Ruy Guerra, Anthony Hopkins, Gerald Thomas, Domingos Oliveira, Walter Salles, Daniela Thomas, Luiz Fernando Guimarães, Jorge Furtado e João Ubaldo Ribeiro.
Como diria Tirésias: a vida é o caminho.

DANUZA LEÃO - Aprendendo a viver



Aprendendo a viver

DANUZA LEÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/11

Não seria melhor viver só e ter a liberdade de só poder ferir a si mesma, sofrendo as consequências de seus atos?


O TEMPO PASSA, a gente se pergunta e não consegue saber a resposta certa: afinal, homem e mulher nasceram para viver juntos, sim ou não?
Difícil saber; depois do tempo da paixão, grande parte das mulheres casadas anseia por um marido que viaje regularmente, chegue bem tarde em casa e não perca um jogo de futebol aos domingos.
Não, elas não querem necessariamente namorar, nem necessariamente viver sozinhas, mas bem que gostam, pelo menos às vezes, de serem donas de seu nariz e não terem que dar satisfação de suas vidas a ninguém -muito menos para os maridos. E comandar o controle remoto da televisão, coisa impossível quando se mora com um homem.
Elas vivem a vida em dois turnos: um quando estão com eles, outro quando estão sem, e até os assuntos são diferentes. Adoram almoçar com as amigas, dizer bobagens, fingir que são solteiras e não têm hora para chegar, coisa que todos exigem das esposas -e a palavra no caso é essa mesma: exigem.
Não passa pela cabeça delas o adultério, não pela de todas. Mas que dá vontade de ser paquerada como nos antigos tempos -ah, que coisa boa. E mesmo adorando os filhos, que delícia seria ir para Búzios no fim de semana sem um pingo de responsabilidade, podendo tomar todas as caipirinhas que tiver vontade, sem pensar que na segunda-feira o caçula tem judô às oito e meia.
Responsabilidade: o maior fardo que existe no mundo, seja no trabalho, na família, na condução de uma casa. Tudo começa do começo, quando se vira uma pessoa adulta, portanto responsável por si mesma. Ah, como era bom ser criança e ter alguém para marcar a hora do dentista, por o termômetro, dar o antibiótico de oito em oito horas, telefonar para o médico e contar da febre, da dor de garganta.
Como é difícil ter que se cuidar, saber que se não fizer as coisas direito e tudo der errado, a culpa é só sua. A responsabilidade de ter um marido e manter um comportamento impecável para nunca deixá-lo mal diante da família, dos amigos, dos companheiros de trabalho; e a maior de todas, ter alguém que te ama e cujo sentimento você deve respeitar, passando tantas vezes por cima dos seus próprios, para não machucar, não ferir.
Não seria melhor viver inteiramente só e ter a liberdade suprema de só poder ferir a si mesma, sofrendo as consequências de todos os seus atos, mesmo os mais delirantes? Ter o direito de ser louca e totalmente irresponsável, quando der na telha?
Mas também seria tão bom ter alguém ao lado para dividir as dúvidas e os sofrimentos, as alegrias e as felicidades -se é que esse "dividir" existe mesmo, não é coisa inventada.
O problema é que, quando se está com alguém, se sonha com a solidão; por outro lado, quando se está só, fica-se imaginando o quanto seria bom estar com alguém, sobretudo quando o telefone não toca e não aparece um amigo para convidar para tomar um chope.
Mas para tudo na vida é preciso ser inteligente, até para ser feliz; por isso, se você está sozinha, lembre-se de todas as coisas insuportáveis da vida em comum. E quando estiver debaixo do edredom com o homem amado, pense no quanto é horrível a solidão, quando se está sem um amor.
Apenas uma maneira de ser prática e viver melhor -isso também se aprende.

JOÃO UBALDO RIBEIRO - O romancista e o restaurante



O romancista e o restaurante
JOÃO UBALDO RIBEIRO
O Estado de S.Paulo - 08/05/11

Viajando, vou parar num restaurante sozinho, na hora do almoço. Preferia ter companhia, mas não quis incomodar os amigos, que precisariam sair de seus cuidados, se quisessem ver-me. Além disso, na minha profissão, há um aspecto positivo em almoçar sozinho. Não sei se com outros romancistas, ou ficcionistas em geral, acontece a mesma coisa, mas comigo é incoercível e tampouco sei se tenho esse hábito por ser romancista ou se sou romancista porque tenho esse hábito.

Vem desde os meus tempos de foca, repórter de um jornal de Salvador, nas raríssimas oportunidades em que minha missão envolvia almoçar fora, responsabilidade quase sempre atribuída aos veteranos. Eram ocasiões gloriosas, em que eu imitava os jornalistas americanos que via no cinema, com a escrupulosa exceção da parte em que eles, sem olhar a conta e muito menos esperar o troco, vestiam a capa, enfiavam o chapéu na cabeça e saíam apressadamente, na cola de uma fonte arredia.

Comecei pela elaboração de uma tipologia dos almoçadores solitários. Por preguiça, nunca cheguei a sistematizar minhas anotações e me esqueci da maior parte, mas lembro o suficiente para saber que cataloguei alguns tipos universais. Entre estes, hão que ser mencionados pelo menos o olhar errante, o alisador de coxa, o antecipador da garfada e o que considera comida coisa muito séria. Tenho a certeza de que, respeitadas pequenas diferenças, eles existem em toda parte.

O olhar errante é o mais encontradiço. Sem interlocutor, ele chega, mira em torno, escolhe uma mesa e fica sem saber para onde olhar. Outros, além disso, não resolvem que postura assumir, põem as mãos sobre a mesa, entrelaçam os dedos, ajeitam a roupa e voltam a correr os olhos em redor. Se pedem um drinque antes, o copo recebe uma espécie de atenção distraída, os cubos de gelo são agitados, ou a tulipa de chope é girada sobre sua base e contemplada como se contivesse algum segredo ou mensagem de interesse. Na hora da comida, durante as pausas que a mastigação requer, o olhar novamente não sabe aonde vagar e, depois de algum tempo, parece mirar um horizonte invisível. Ignoro por que, quase sempre sorri para o garçom, ao despedir-se.

O alisador de coxa é mais comum do que se pode imaginar de primeira. Não me refiro a um alisador de coxas alheias, mas a um alisador das próprias coxas. Ou melhor, da coxa, porque geralmente é uma só, que varia conforme o dono seja destro ou canhoto. Uma garfada, boca cheia mastigando, mão embaixo, alisando a coxa, às vezes depressa, às vezes languidamente, às vezes quase massageando. Afeta equanimemente homens e mulheres, sendo que algumas destas chegam a levantar discretamente uma pontinha da saia, para dar a alisada diretamente na pele, deve ser um barato.

Enquanto os que se alisam talvez possam ser vistos como ainda carentes do afago maternal, no tempo do peito e da mamadeira, os que contemplam a próxima garfada, geralmente com um olhar fixo e quase sem pestanejar serão quiçá ansiosos e desconfiados. Põem na boca uma garfada e, enquanto mastigam, preparam rapidamente outra, que fica esperando a meio caminho entre o prato e a boca, sem que eles desviem os olhos um instante. Finalmente, o que considera comida o assunto mais sério que existe geralmente é gordinho e muitas vezes sorridente e expansivo, mas, assim que a comida chega à mesa, seu semblante se fecha e ele fica quase sem ar, enquanto seu olhar rápido e sôfrego analisa tudo. Depois dos primeiros bocados, ele relaxa e volta à bonomia habitual.

Daí para a prática de biografar os companheiros de restaurante foi um pulo. No tempo em que, já mais velho e por minha conta, eu gostava de almoçar no excelente restaurante do extinto Hotel Chile, em Salvador, com vista para a baía, já me achava uma espécie de profissional do ramo. E certa feita, depois de dois almoços de observação, sem perguntar nada aos garçons, fiz toda a biografia de um casal do interior. Ele, estava na cara, prefeito de uma cidade próspera, a julgar pelas roupas. Ela, rechonchudinha, bonitinha, produzidinha, sorridente, perfeita primeira-dama para aquele prefeito. Não me recordo dos detalhes agora, mas só faltei adivinhar os nomes dos dois. Aliás, o dele eu adivinhei, porque achei que era o mesmo que acabara de ser denunciado por desvio de verbas e no qual os jornais do dia estavam falando - e era.

Pronto. Como bom repórter, comecei a entrevistá-lo na hora. E também fiz umas perguntas à primeira-dama, cujas respostas me pareceram meio esquisitas, assim como a cara dele enquanto ela falava. Mas achei que era timidez de gente do interior diante da famosa grande imprensa. A matéria não ia sair grande coisa, porque as respostas dele, se bem peneiradas, se resumiam a que era vítima de perseguição política. O furo de reportagem, então muito perseguido, não estava ali, a não ser pelo fato de que eu era o primeiro a ouvi-lo. Mas aí chegou o fotógrafo que eu havia pedido. A primeira-dama empalideceu e levantou-se atarantada, ele também, declara-se grande confusão no recinto. Acalmada esta, vem à tona a verdade que todos achavam que eu já percebera, até parecia que eu não era daqui. Claro que não se tratava da primeira-dama e, sim, da chefa de gabinete de Sua Excelência, o qual logo me chamou a um canto e indagou cochichando quanto eu queria para esquecer aquilo tudo, inclusive a entrevista dele, se fosse o caso. Não, eu não queria nada. E nem fiz matéria nenhuma, nem o fotógrafo tirou fotos. O prefeito me agradeceu e me chamou de grande jornalista, mas foi então que eu vi que eu sou mesmo é romancista, e olhe lá.

GOSTOSA

MARCELO GLEISER - Os instrumentos de descoberta



Os instrumentos de descoberta
MARCELO GLEISER
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/11

Os supercomputadores expandem nossa visão, permitindo-nos 'ver' muito além dos nossos sentidos


NÓS HUMANOS evoluímos na proximidade de uma estrela cuja temperatura na superfície é de cerca de 5.600ºC.Nosso metabolismo e fisiologia são consequência do ambiente em que vivemos.
Por isso, desenvolvemos órgãos que nos permitem sobreviver nas condições ditadas pela natureza à nossa volta. Nossos olhos enxergam a parte do espectro eletromagnético visível (as "cores" do arco-íris).
Devido ao nosso tamanho, não vemos coisas menores do que meio milímetro e, como nossos antepassados não precisavam enxergar muito longe para caçar ou se defender, não captamos detalhes de objetos muito distantes.
Nossa audição também reflete nossas dimensões e meio ambiente. Somos criaturas muito bem adaptadas ao mundo em que vivemos e completamente cegas a uma gama de fenômenos que escapam à nossa percepção sensorial.
Daí a enorme importância dos Instrumentos na ciência. Eles expandem nossa visão, permitindo-nos "ver" muito além do alcance de nossos próprios sentidos.
Poderíamos contar a história da ciência através da história dos instrumentos científicos.
Recentemente, li uma matéria de John Markoff, no jornal "The New York Times", sobre como os supercomputadores estão redefinindo a ciência. "A tecnologia tradicional da pesquisa científica continua presente: microscópios eletrônicos, telescópios. Massão inseparáveis dos computadores.Apenas com computadores os cientistas conseguem encontrar padrões de ordem nas informações coletadas por instrumentos usados nos experimentos."
O que sabemos do mundo é determinado pelo que podemos ver dele.
A medida em que a ciência avança, o que chamamos de "mundo" muda dramaticamente. Do Cosmo geocêntrico, esférico e estático da época de Cabral, a um Universo expandindo a 13,7 bilhões de anos é um pulo imenso. Do mundo grego, composto por cinco elementos básicos (terra, água, ar, fogo e éter), aos mais de 100 elementos da tabela periódica compostos de quarks e elétrons.
Sem computadores, os dados que coletamos fariam pouco sentido.
Mas essas máquinas vão além, permitindo- nos resolver problemas considerados insolúveis no passado.
Nos séculos 18 e 19, ficou claro que muitas das equações da física eram intratáveis. Vários matemáticos, na maior parte franceses e com nomes começando em "L" (Lagrange, Laplace, Laguerre, Liouville...), desenvolveram técnicas para lidar com equações que descrevemos fenômenos naturais.
Infelizmente, uma classe importante de problemas permaneceu sem solução, os chamados sistemas não lineares, em que as várias partes interagem entre si de modo não trivial. Uma enorme quantidade de fenômenos naturais é não linear.
É aqui que os computadores realmente são imprescindíveis. Em princípio, qualquer equação não linear é solúvel num computador (dentro de uma certa precisão).
Dentre várias questões em aberto, cito três: o clima e sua previsão de longo prazo, a emergência da consciência humana na interação entre neurônios e as equações bioquímicas ligadas à origem da vida.
Sem nossos instrumentos de descoberta, nossa visão de mundo estagnaria.
É bom lembrar disso ao discutir o fomento à pesquisa.

MÔNICA BERGAMO - CORTE REAL


CORTE REAL
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/11

Os estilistas das "princesas" brasileiras chegam a cobrar R$60 mil por um vestido de noiva


"Vai ser a volta do clássico, graças a Deus!". A expectativa de Sandro Barros, 35, estilista da Daslu Couture, é de que o modelo com manga longa e saia rodada usado por Kate Middleton no casamento com o príncipe William seja cada vez mais usado entre suas clientes. Ele já assinou peça parecida: no dia das bodas reais, a apresentadora Luciana Gimenez escreveu em seu Twitter que seu vestido de casamento, "by Sandro", era igualzinho ao da duquesa inglesa. "Fiz o dela e o da Trussardi [Maria das Graças] com o mesmo conceito", diz ele.

Há oito anos no ramo, Barros é hoje um dos estilistas de noiva mais requisitados na sociedade paulistana. Dentre os 250 vestidos que já fez -são quatro por mês- estão os de Lianinha Moraes, Patricia Birman, Mariana Auriemo e Helena Lunardelli Diniz. "Minhas noivas são muito importantes em termos de cerimônia, de festa", afirma à repórter Lígia Mesquita.

Seus modelos não saem por menos de R$ 20 mil. Cobrou R$ 60 mil por um vestido com pedraria e renda encomendada da França. "É caro porque usamos tecidos e mão de obra de primeira qualidade, forro de seda." Um modelo mais barato, de R$ 12 mil, é "de crepe georgete, para casar na praia, igual ao da Pippa [Middleton]".

"Aqui na Daslu a gente cuida muito da noiva. Não é padaria", afirma o paulista de Itapetininga. "O que nos diferencia é o gosto e o serviço. Nossas vendedoras são da sociedade, a gente convive naturalmente nas mesmas festas [que as clientes], se encontra em Nova York, Paris. O universo é o mesmo."

Ele diz que a maioria das mulheres que o procura gosta de noiva com cara de noiva. Mas algumas seguem "a moda de casar com roupa mais "clean" após o casamento de Carolyn Besset-Kennedy [ com John Kennedy Jr., em 96. Eles morreram em 99 num acidente aéreo]".

O modelo longo de seda, de alcinha, usado por Carolyn, foi o último que realmente chamou a atenção da estilista Clô Orozco, 60, da Huis Clos. "Pode ser um olhar antigo meu. Mas acho que o mundo ficou mais cafona", diz. Há dois anos, Clô decidiu criar uma linha de noivas, a Prét-à-Marier, que toca com a estilista Vanessa Abbade, 26.

"Fugimos do clássico absoluto, do acadêmico", diz Clô. Em sua linha de pronta-entrega, os preços variam de R$ 4 mil a R$ 12 mil. Sob medida, a dupla cria cerca de quatro modelos por mês, para clientes como Mariana Zurita e Sonia Quintella.

No dia 17, Gloria Coelho apresenta a primeira coleção da linha exclusiva de vestidos de noiva que acaba de criar. Os preços variam de R$ 2.000 a R$ 12 mil. "Tem a noiva romântica, a sexy, a anos 30. Posso fazer a mulher divertida, austera, superfashion. A coisa mais importante no vestido de noiva é o que elas sonham", diz Gloria.

Um dos modelos da carioca Lethicia Bronstein, 31, radicada em SP, foi parar na novela "Passione", no corpo da "noiva" Carolina Dieckmann. Há cinco anos em SP, ela diz que sua grife Lethicia "tem uma pegada vintage". "Gosto de misturar renda, pérola, adoro um laço. Mas quem manda aqui é a noiva. Faço o que ela quer, mesmo que não seja do meu gosto pessoal", diz. Seus vestidos custam em média R$ 14 mil.

A tendência da manga longa pós-casamento real inglês não vingará no Brasil, acredita Lethicia. "Nosso clima não é favorável, nossas festas são muito animadas." Sandro Barros discorda. "Eu e muitas pessoas usamos manga comprida o dia todo aqui. As pessoas dizem "estamos num país tropical". Mas no fim do ano, no verão, vestem os papais noéis com roupas de veludo, colocam neve nas árvores", diz.

"As pessoas esqueceram que o casamento é dentro de uma igreja. Se quer usar alcinha e decote nas costas então é melhor casar na praia", afirma Barros. Devoto de Nossa Senhora Aparecida e das Graças, o estilista gosta de noiva que casa na igreja, com cantos clássicos. "Não dá pra entrar [na igreja] com Abba [grupo que canta "Dancing Queen"], né? Tem que ter critério."