sábado, dezembro 08, 2012

Tá na moda pedir desculpas - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 08/12

Aproveitando-se de uma tendência que pode virar moda no verão, o lateral esquerdo Leo, do Santos, reconheceu sem demora a "piada infeliz" que fez com a torcida do Corinthians, quando disse que "quem está acostumado com rodoviária não pode ir ao aeroporto".

Depois que - não importa se de mentirinha - o humorista Rafinha Bastos pediu desculpas ao Luciano Huck, francamente, vai pegar super bem se o Lula e o Luis Fabiano fizerem o mesmo com a dona Marisa e a torcida do São Paulo, respectivamente?

Se pedir perdão virar traço de comportamento do brasileiro neste finalzinho de ano, não custará nada a Jorge Paulo Lemann passar um fio no Natal pro Eike Batista para explicar que não teve a intenção de ofendê-lo ao tomar seu posto de homem mais rico do Brasil.

Quem sabe, no embalo, o próprio Alex Atala não vem a público dizer "aí, gente, foi mal", que seja, sobre seu desempenho no sorteio das chaves da Copa das Confederações!

Enfim, não será surpresa para esta coluna se, lá pelas tantas do réveillon, Eduardo Suplicy passar um e-mail pedindo desculpas ao Bob Dylan. Por tudo!

No mais, desculpa aí qualquer coisa, pessoal!


Marido da tesoura

O povo está confuso de novo! Pelo que diz o noticiário, a Dilma vai usar o Tesouro para cortar os 20% que prometeu na conta de luz, é isso?

Parou por quê?

A volta olímpica de Oscar Niemeyer não devia ter data para acabar. O arquiteto merecia ser velado em todas as cidades do mundo onde acrescentou uma curva na paisagem. Sem choro nem vela!

Dúvida cruel

Uma coisa não ficou muito clara na cobertura esportiva do Brasil Open de tênis: o suíço Roger Federer comeu o sanduíche de mortadela do Mercado Municipal de São Paulo antes ou depois de perder para o brasileiro Thomaz Bellucci?

Globalização

O povão está aprendendo um bocado de coisas sobre a Turquia assistindo à novela de Glória Perez, na Globo. Tem muita gente por aí que, antes de Salve Jorge, achava que Capadócia e prepúcio fossem a mesma coisa!

Já?

Aécio Neves está visivelmente constrangido com a pressa de FHC em vê-lo o quanto antes liderando a oposição nos quatro cantos do País. Só se fala disso no Leblon!

Mal comparando

Depois de Oscar Niemeyer, todo grande homem se sente um pouco pretensioso e envergonhado!

Ao ataque

Tremei, Japão! A Fiel está chegando!

Devagar e sempre

“A FILA ANDOU!”

José Sarney, no velório de Oscar Niemeyer no Palácio do Planalto.


Sorria

Maria Sharapova está entre nós! Quer mais o quê? Vai dizer que prefere a Madonna ou a Lady Gaga, caramba? Ô, raça!

O cigarro de Niemeyer - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 08/12

Num jantar com Eduardo Paes, em agosto, Niemeyer, ali com 104 anos, confessou que havia fumado até os... 103. O prefeito, surpreso, perguntou: “Por que parou, então?” E o mestre:
— Porque o médico era um grande f. d. p.!

No mesmo jantar...
Papo que segue, Niemeyer lembrou, humilde, seus tempos de jogador juvenil do Fluminense. Admitiu que nunca foi bom de bola, só tinha jogado porque o tio era diretor do clube. “Em que posição jogava?”, quis saber Paes. E o gênio:

— Meia-direita. Foi a única vez na vida que estive na direita.

Papagaio de velório
Acredite. Ontem, com o velório de Niemeyer, Jaime Dias Sabino, o Jaiminho, 83 anos, aquele recordista mundial de enterros de famosos, bateu a marca de... 1.153 funerais.
O, digamos, papagaio de enterro aproveitou o do genial arquiteto para gravar cenas do documentário “Aqui jaz Jaiminho”, de Alex Teixeira.

Aliás...
Antes de Niemeyer, as façanhas mais recentes de Jaiminho haviam sido as alças dos caixões de Hebe Camargo, Marcos Paulo e Delegado.

Teló pelo mundo
A produtora Teló Shows queria usar R$1.300.821,81 do meu, do seu, do nosso dinheiro para produzir a série de DVDs “Michel Teló pelo mundo”. Os episódios, acredite, contariam os aspectos dos “diversos países por onde o artista Michel Teló se apresentou”. Mas o MinC negou. Ufa!

Imagina na Copa
Ontem, a 552 dias da Copa, com sensação térmica de 44 graus no Rio, o ar-condicionado do Aeroporto Santos Dumont... pifou. 

O RIO É VERDE
Esta bela paisagem é parte da mais nova área ambiental protegida do Rio. É o parque natural da Light em Ribeirão das Lajes, em Rio Claro, RJ, que atende pelo nome técnico de Reserva Particular de Patrimônio Rural (RPPN). Para quem não sabe, RPPN é uma área natural preservada pelo dono da terra, que recebe, em troca, isenção do Imposto Territorial Rural. Carlos Minc, secretário de Ambiente do estado, foi quem criou a RPPN estadual, em 2007. Desde então, o Rio já tem 107 reservas desse tipo, num total de 10 mil hectares. Com esta, a maior de Mata Atlântica do país, com 5 mil hectares, a área total de RPPNs do estado vai somar 15 mil hectares, ou 10% da extensão de todos os parques estaduais.

Ayres é espada
Num livro que o constitucionalista Luís Roberto Barroso lança segunda, em Brasília, sobre os bastidores de casos rumorosos que defendeu no STF (anencefalia, células-tronco, Cesare Battisti etc.), há uma história divertida com o ex- ministro boa-praça Ayres Britto. 

Barroso conta que, no julgamento da união homoafetiva, enquanto Ayres dava seu voto, cheio de imagens poéticas e metáforas, Toni Reis, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, suspirou: “Nossa, esse cara entende mesmo da coisa!”

Afródromo
Jaques Wagner planeja erguer, para o carnaval de Salvador, o... Afródromo. A ideia é de Carlinhos Brown e Vovô, do bloco Ilê. Os dois reclamaram da falta de espaço para o desfile de grupos afro e afoxés, prejudicados pelos trios elétricos.

Poxa, Valcke
Jérôme Valcke, o secretário-geral da Fifa com fama de bom gourmet, tem sido criticado nos bastidores da organização de 2014 por ter escolhido o chef Alex Atala e não um craque do futebol para o sorteio da Copa das Confederações. Atala, como se sabe, terminou trocando as bolinhas do sorteio.

Down no soçaite
A morte de Niemeyer esquentou uma polêmica que toma o Iate Club do Rio. É que o atual comodoro, Luiz Carlos Barroso Simão, quer demolir este hangar, projetado, segundo ata de outubro de 1954, pelo genial arquiteto. Para aprovar a demolição, Simão levou ao conselho uma carta enviada a Niemeyer, que a teria devolvido com a frase manuscrita: “O projeto não é de minha autoria.” A conferir.

Crime e castigo
O STJ condenou Antônio Augusto Faria e outros a indenizarem a família de Gustavo Filgueiras Damasceno, que morreu atropelado em 2003, aos 26 anos, na Av. Vieira Souto, no Rio. Segundo o advogado Raphael Duarte, o réu participava de um “pega” a mais de 120 km por hora.

Cena carioca
Papo entre dois feirantes na xepa da feira de Botafogo, esta semana, testemunhado pelo coleguinha Rogério Durst:

— Esse país é tão grande que a gente não tem noção. Por exemplo, se o Brasil quiser invadir a Venezuela, não precisa nem Exército. É só mandar a torcida do Flamengo...

Maior do mundo
O Cordão da Bola Preta, bloco que completa 94 anos quarta agora, vai fazer em seu desfile de 2013 uma massagem no próprio ego.

O tema é “O maior bloco de carnaval do mundo”, e a camisa, veja aqui ao lado, terá a estampa de um pierrô abraçando o planeta.
Viva o Bola!

Um mundo sem estantes - ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

FOLHA DE SP - 08/12


Colapso na nuvem, "crashes" de servidores, fibras ópticas rompidas, blecaute nos polos hi-tech


Um amigo entra na minha casa nova, vê as estantes ainda vazias e começa o bombardeio: "Para que espaço para tanto livro? Livro está acabando".

Ele não quer saber da vista, de nenhum detalhe da obra, da arquitetura ou da decoração (não que eu tivesse algo a dizer sobre essas coisas, mas, enfim, era uma casa nova). O incômodo com as estantes é maior que tudo isso.

Para me safar do cerco, banco o moderno. "Claro que eu sei, os livros eletrônicos são o futuro. Mas isso aqui é para armazenar o que eu já tenho, entende? Até hoje guardo livros na casa dos meus pais, para você ter uma ideia."

Cascata, tática diversionista. Eu sabia que, se já estava sob tiroteio pesado, tudo iria piorar quando meu amigo visse a outra face do móvel. Ali, eu dava os primeiros passos para eliminar a bagunça dos meus CDs. E "in style", à moda gringa, ordenando por sobrenome.

Um serviço que, digamos, me dava certo orgulho. Mas o sentimento só dura até o próximo balaço: "E esse monte de lugar para CDs? CD não vai existir mais".

Em busca de trégua, sugiro sairmos para jantar. Encontramos a mulher dele. Como na faixa de Gaza, o cessar-fogo tem curta duração. "O Álvaro está maluco, botou um monte de estantes na casa nova, parece que não sabe que livros e CDs estão condenados."

Isso faz alguns anos. Nem preciso dizer que, tanto para livros quanto CDs, o espaço naquelas estantes, que pareciam obsoletas, está no fim. E o mais irônico: meu amigo, profeta do apocalipse do plástico e do papel, nunca chegou a comprar um leitor eletrônico de livros. Não tem Kindle nem iPad. Continua encomendando seus volumes de papel.

Já eu, dono do móvel ultrapassado, adotei o livro digital. O encanto inicial foi grande, até escrevi sobre isso. Caminho sem volta para um mundo sem estantes? Talvez não.

Há poucos meses, o ator Bruce Willis revelou que planeja algum tipo de ação legal contra a Apple. O objetivo é garantir que sua vasta coleção de música, em grande parte baixada na loja virtual de Steve Jobs, faça parte da herança que ele deixará às filhas.

Nas entrelinhas da burocracia, Willis descobriu que as músicas não são exatamente dele, nem de ninguém que as compra. São, de certo modo, alugadas. Se ele morrer, voltam para a Apple. Não quer deixar, para as três jovens, um legado de silêncio.

O pesadelo que Willis tenta evitar, uma mulher norueguesa já enfrentou. Identificada apenas como Linn, um dia ligou seu Kindle, o leitor eletrônico da Amazon. Ao conectar o aparelho à web, o golpe: todos os livros que já tinha comprado foram apagados em um segundo.

Seguiu-se um pesadelo kafkiano. Ao contatar a Amazon, foi informada de que havia problemas de fraude em uma outra conta, também associada a ela. Como punição, todas as contas estavam sendo canceladas. Adeus, livros digitais.

Só um problema: ela não tinha nenhuma outra conta. Era claramente um engano. Mas a Amazon se recusava a dar detalhes. Linn não tinha como se defender.

Alguns escritores souberam do caso, e passaram a divulgá-lo. Só a partir daí a situação foi aparentemente resolvida. Os livros eletrônicos foram restituídos a Linn, independente do status da conta.

O futuro desse universo cada vez mais digital é cheio de riscos. Imagine: colapso na nuvem. "Crashes" de servidores, fibras ópticas rompidas, blecautes em série nos principais polos hi-tech da Terra.

Nos primórdios da web, uma situação assim teria uma consequência grave: internet fora do ar. Grave, porém única. Músicas, filmes e demais arquivos baixados pela rede estariam a salvo, guardados nos computadores das casas das pessoas.

Mas, hoje, tudo mudou. Um crash gigantesco seria muito mais devastador. Porque cada vez menos gente armazena em casa seus arquivos digitais. Está tudo em servidores poderosos, espalhados pelo mundo. Nessa nuvem, digital e amorfa.

Não é fora de propósito imaginar um cenário de perda de contato com ela. Sem livros físicos, sem CDs, os arquivos digitais perdidos na nuvem isolada. A distopia digital extrema. O mundo das ideias salvo pelas estantes.

A boa mentira - CLÁUDIA LAITANO

ZERO HORA - 08/12


O melhor conselho que recebi quando estava grávida já não lembro quem deu, mas tenho repetido como um mantra nos últimos 14 anos. Alguma mãe mais sábia e experiente me disse apenas isso: “Confia no teu instinto”.

Seguir os próprios instintos obviamente não garante que se vá acertar sempre, mas assinala a importância de conceder aos pais a liberdade para criar seus filhos como lhes parece mais adequado e não conforme a cartilha que tias, vizinhas e amigas bem-intencionadas tão graciosamente ditam a partir do momento em que alguém anuncia que está grávida.

Uma das situações em que segui meu instinto – mais ou menos contra a corrente dominante – diz respeito a esta época do ano: nunca consegui mentir a respeito do Papai Noel. Pronto, falei.

Especialistas em psicologia infantil garantem que por volta dos oito anos, quando a maioria já percebeu que aquele Papai Noel magricelo que distribui presentes todos os anos é, na verdade, o tio Oscar metido em um traje ridiculamente inapropriado para o calorão de dezembro, as crianças já são capazes de distinguir dois tipos de mentiras contadas pelos adultos.

A “má mentira” é aquela que os pais contam para fugir de uma responsabilidade (“Não vamos ao Marina Park hoje, meu bem, porque eles fecham no dia de São Benedito”) ou de uma culpa (“Não fui na festinha na sua escola porque pegou fogo no escritório.”) A “boa mentira” é a que os pais inventam não para livrar a própria barra, mas para alimentar a imaginação dos pequenos – como no caso das histórias de Natal. A boa mentira ensina a fantasiar, a má mentira ensina a mentir.

OK, bacana, os especialistas apenas confirmaram o que todo mundo já sabia: ninguém precisa sentir-se culpado por inventar histórias sobre renas, trenós e duendes. Mas, quando minha filha me olhou com aquela confiança absoluta que apenas as crianças pequenas têm nos pais e me perguntou como, afinal, era possível que o Papai Noel soubesse, lá no Polo Norte, se ela se comportava bem aqui em Porto Alegre, não consegui recitar o texto recomendado pelo senso comum ou pelas propagandas de refrigerante.

Ali, diante de mim, estava uma nova navegante esforçando-se para entender como as coisas funcionam neste mundo estranho em que acabara de chegar. Uma aprendiz de cientista, testando hipóteses e pedindo apoio dos mais velhos para prosseguir decifrando outros, maiores, mistérios. Era justo reconhecer o seu esforço: “Não, não existem câmeras escondidas pela casa, e a única pessoa que sabe o que se passa na sua cabeça é você”.

Uma das graças da “boa mentira” é saber que ela nunca dura para sempre. É um jogo de esconde-esconde em que as crianças sempre ganham. Alguns pais curtem prolongar a brincadeira – e eles obviamente não estão errados. Outros preferem saborear a satisfação de ver uma criança perceber que há graça e encantamento não apenas no que se inventa, mas também no que se descobre através das magníficas e inesgotáveis estratégias da razão.

Timão! Jaspions X Motoboys! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 08/12


Tsumano no Japão! Quando a torcida chegar vai ser decretado "Tóquio de recolher"! Alerta Vermelho!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Nova versão da música do Roberto Carlos: "O cara que pensa em você toda hora/ Que conta os segundos se você demora/ E no meio da noite te chama/ Pra dizer que te ama/ ESSE CARA MORREU".

Aliás, este cara nem nasceu! Como disse uma amiga: "Mala, inseguro e pegajoso"! E um outro me disse que, se acordar a mulher pra dizer que ama, ela me enche de porrada!

E um amigo já me convidou para o amigo secreto! O Alex Atala que vai fazer o sorteio! Rarará!

E adorei a charge do Ghiarone com Niemeyer se encontrando com Deus: "O senhor?". "Ah, meu bom Niemeyer, agora acreditas em mim?" "Mas eu sempre acreditei" "Então, meu ex-ateu, diga quem sou eu?" "Karl Marx!" Rarará!

E o Timão no Japão?! Tsumano no Japão! Quando a torcida chegar vai ser decretado "Tóquio de recolher"! Alerta Vermelho!

O site Futirinhas revela o alerta dos telejornais a população: "CORAM PARA AS CORINAS!". Invasão! Como gritou um corintiano: "Eles têm os Jaspions e nós temos os motoboys!". Jaspions X Motoboys!

E esta: "Arrastão em restaurante japonês em SP". Foram os que não conseguiram visto! Rarará! E a Globo mostrou corintianos na primeira classe do trem-bala. Só pode ser o Washington Olivetto! Corintiano em primeira classe de trem-bala só pode ser o Washington Olivetto! Rarará!

Placa na porta do Hilton Hotel de Nagoya: "Entrada Prohibida Para Fans do Corinthians!". Pra eles não estourarem rojão dentro do saguão! O Japão é um silêncio! Ninguém deixa cair nada no chão!

Japonês fala tão baixinho que parece que não fala! Comercial de LED em telão de prédio fala. Porta de metrô fala. Só japonês que não fala!

E se der fome nos mano, eles fazem churrasquinho de Hello Kitty! Corintiano quando tá com fome assa até vaca de presépio! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

E esse calor? Test drive pro inferno! Sensação Térmica: Quero Ficar Pelado! Dormi no chão com a porta do frigobar aberta!

Ou então entra no freezer e liga o modo nevar! Rarará!

A Argentina não serve mais nem pra mandar frente fria. A Cristina Kirchner fica brigando com o "Clarín" e esquece de mandar frente fria! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Uma embaixada em sua tela - ALEXANDRE VIDAL PORTO

FOLHA DE SP - 08/12


Embora as possibilidades sejam amplas, é modesto o uso da internet como instrumento de diplomacia


CERCA DE 35% da população mundial usa a internet. É parcela minoritária, mas nada desprezível: 2,5 bilhões de pessoas. Em 2006, eram menos da metade do que são hoje. Em 2016, serão o dobro.

Um computador conectado à internet pode servir como loja, banco ou ponto de encontro. Sem sair de casa, podem-se ler as notícias, emitir uma certidão negativa de um cartório ou conversar com os amigos.

Você manda beijos por e-mail para uma pessoa do outro lado do mundo, e ela se considera beijada.

Essa possibilidade de executar ações concretas por meios virtuais modificou de forma irreversível os padrões de comportamento em todas as áreas da atividade humana. A diplomacia não foi exceção.

A adequação a esse novo ambiente é um grande desafio para as chancelarias mundiais. Ainda não se conhecem todas as implicações que a utilização de meios virtuais terá sobre o exercício da atividade diplomática, mas já é clara, na comunidade internacional, a consciência de que a popularização das novas tecnologias exigirá que os ministérios de Relações Exteriores redefinam seus métodos de trabalho.

Alguns ministérios já começaram a desenvolver ações de diplomacia virtual. O Departamento de Estado norte-americano, por exemplo, tem comunicação direta, pela internet, com mais de 15 milhões de pessoas. Embaixadas de países como Índia, Israel e Brasil têm contas oficiais no Twitter e no Facebook. Hoje, seria inconcebível, para uma chancelaria, não ter uma página eletrônica.

Embora as possibilidades sejam amplas, a utilização da internet como instrumento de diplomacia tem sido explorada com cautela.

Persiste, entre formuladores de política externa, certo ceticismo talvez decorrente de dificuldades em identificar a totalidade das funções que suas páginas eletrônicas poderiam cumprir. Já é comum governos empregarem comunicação direta como ferramenta para a difusão de informações políticas, econômicas e culturais. Mas pode-se fazer mais.

Um bom exemplo seria que países com limitações orçamentárias para manter rede mais ampla de embaixadas no exterior garantissem sua presença internacional por meio de embaixadas virtuais. Tal solução, de baixo custo, largo alcance e fácil acesso, permitiria o desempenho de funções diplomáticas básicas, como prestação de informações comerciais, promoção cultural e obtenção de serviços consulares.

Uma embaixada virtual nunca terá o peso político de um embaixador residente, mas para países sem recursos serviria como alternativa.

Porém a contribuição mais importante do ambiente virtual é torná-lo mais democrático. A internet favorece a aproximação entre os formuladores da política externa e o povo. Facilita o acesso da imprensa à informação. Permite a participação popular múltipla e livre como insumo do planejamento diplomático.

Serve como instrumento de transparência e promoção de valores democráticos. Enfim, dá mais legitimidade às ações de política externa. E isso é muito bom.

Derrota de Cristina - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 08/12


Dado o retrospecto de agressiva ingerência da presidente Cristina Kirchner nas instituições do Estado argentino, chega a surpreender pela ousadia a decisão de um tribunal federal, a Câmara Civil Comercial de Buenos Aires, em defesa dos direitos de um querelante que o kirchnerismo considera seu inimigo número um e contra o qual move há quatro anos uma pertinaz campanha de aniquilamento. Trata-se do Grupo Clarín, o maior conglomerado de mídia do país, que edita o jornal de mesmo nome, o mais importante órgão argentino de imprensa. De aliado - e beneficiário - do então presidente Néstor Kirchner, o Clarín passou a fazer-lhe oposição desde a sua ofensiva, afinal malograda, contra o setor rural, em 2008.

A decisão judicial a que nos referimos prorrogou, até a palavra final dos tribunais, a vigência de uma liminar obtida pela empresa sobre a constitucionalidade de dois artigos da Lei de Mídia promulgada em 2009 com o alegado objetivo de democratizar a comunicação social. Na realidade, a lei nada mais é do que um instrumento da Casa Rosada para consolidar o seu já não desprezível controle sobre o setor e amordaçar de vez o jornalismo independente na Argentina. O que o ditador Juan Domingo Perón fez pela força, em 1951, contra o jornal La Prensa e ao expropriar o Clarín, a sua seguidora tenciona fazer sob um manto legal feito sob medida. A prorrogação foi concedida anteontem, na véspera do término da vigência da liminar, o 7D (7 de dezembro), na terminologia oficial, quando o governo convocaria ele próprio uma licitação para desmembrar o grupo.

Pela Lei de Mídia, uma empresa de comunicação poderá acumular até 24 licenças de rádio e televisão (o Clarín tem mais de 250) e a sua cobertura não poderá ultrapassar 35% da população das cidades em que operar (as estações de rádio da holding alcançam 41% dos argentinos; os seus canais de TV aberta, 38%; de TV a cabo, 58%). A lei proíbe ainda que uma concessionária de emissora convencional opere também no mercado de TV paga. No 7D, aqueles dos 21 grupos do setor na Argentina que já não tivessem apresentado planos para se adequar às novas regras, no prazo de um ano, correriam o risco de ser fatiados compulsoriamente. Para Cristina, portanto, a sentença representou uma acachapante derrota. Semanas atrás, decerto para prevenir o pior, o governo tentou forçar a troca de juízes da Câmara Civil e Comercial.

Pode-se aquilatar a intensidade da fúria kirchnerista pela truculência das manifestações do oficialismo. Antes ainda da divulgação do resultado, ninguém menos do que o ministro da Justiça, Julio Alak, disparou que, se a Câmara não votasse com o governo, os seus membros seriam tratados como se estivessem em "estado de rebelião" - passíveis portanto de "julgamento político", na ameaça do senador Marcelo Fuentes, um dos principais porta-vozes da presidente no Congresso. Divulgada a decisão, o titular da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação, Martín Sabatella, não só acusou os juízes que a subscreveram de terem sido subornados pelo Clarín com "viagens a Miami", como considerou o seu ato "uma vergonha". Em nenhuma democracia madura, um figurão do governo se permitiria vociferar tamanha enormidade.

Até a data antes tida como fatal, três outros grupos, além do Clarín, não haviam informado o que fariam e quando para se desfazer parcialmente dos seus ativos. Mas nada conta tanto para a Casa Rosada como quebrar o mais poderoso desses conglomerados, no que seria "a mãe de todas as batalhas", conforme o linguajar grandiloquente de seus ocupantes. Ontem, o governo recorreu à Suprema Corte para desfazer a prorrogação da liminar. Valeu-se do recém-instituído per saltum, mecanismo pelo qual ações que tramitam em segunda instância podem ser transferidas para a mais alta Corte do país. Resta saber se ecoará ali o protesto da Comissão Nacional de Independência Judicial, divulgado na véspera, contra a mão pesada do kirchnerismo, traduzida em "fatos que agridem institucionalmente um poder do Estado". A crescente impopularidade de Cristina talvez incentive o Supremo argentino a examinar a matéria de forma compatível com a reputação de autonomia que ainda preserva.

Conta elétrica - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 08/12


Reduzir custo da energia é importante, mas governo não pode impor perdas econômicas significativas aos atores envolvidos no setor


Como diz a máxima popular, dinheiro não nasce em árvore. Quando o governo federal anuncia o plano de reduzir em 20% a tarifa média de eletricidade cobrada dos consumidores, precisa impor uma perda equivalente a outros atores envolvidos na cadeia energética.

Além da própria União, que assumiu uma redução de seus tributos sobre eletricidade, empresas geradoras, companhias transmissoras e governos estaduais foram convidados a pagar a conta.

Brasília oferecia prorrogar licenças de geração e transmissão, as quais estão para vencer ou já expiraram, e indenizar as concessionárias por investimentos mais recentes, que ainda não foram pagos -amortizados, no jargão contábil.

Aos Estados caberia uma perda indireta de receita, pois o ICMS sobre a energia mais barata vai arrecadar menos. Além disso, alguns governos são controladores de estatais de geração, transmissão e distribuição. Tinham de decidir se a adesão ao plano seria benéfica ou prejudicial para essas empresas.

No setor de transmissão não houve recusa. Todas as companhias envolvidas -inclusive as controladas pelos governos mineiro e paranaense- aceitaram a proposta federal.

No campo da geração, no entanto, as estatais de São Paulo (Cesp), Minas (Cemig), Paraná (Copel) e Santa Catarina (Celesc) não endossaram o acordo. Alegaram, com base em sólidos argumentos e números, que a adesão seria letal para seu equilíbrio financeiro.

O que vinha sendo uma negociação técnica das mais espinhosas tornou-se então matéria de politicagem. Num discurso inócuo, a presidente da República acusou os governadores cujas estatais não aderiram a seu plano de "imensa insensibilidade".

Entende-se que o Planalto viva dias de inquietação diante dos resultados frustrantes da economia na primeira metade do mandato de Dilma Rousseff, indicando o fracasso das várias tentativas federais de reanimá-la. Diminuir o custo da energia decerto seria uma medida importante a devolver um pouco da competitividade perdida pelo setor privado brasileiro.

Não se pode fazer isso, todavia, à custa da insolvência das empresas ou do aumento de subsídios e do endividamento dos governos. Seria apenas mudar o problema de lugar, sem resolvê-lo.

Usinas elétricas e companhias transmissoras deveriam compensar uma parte da redução de tarifas com ganhos de produtividade e eficiência. Mas esse é o limite sustentável de sua contribuição.

A outra parte cabe aos governos -federal e estaduais. Trata-se, também, de melhorar sua eficiência. Para cada R$ 1 de tributo abatido da energia, é preciso garantir R$ 1 de corte na despesa pública.

Qualquer plano para baixar as contas de luz que desobedeça tais princípios basilares da responsabilidade fiscal será mero populismo.

Poderes em confusão - WALTER CENEVIVA

FOLHA DE SP - 08/12

Quando se cogitou a tripartição dos poderes, a paz entre eles era fundamental para a obtenção do sucesso


OS TRÊS poderes clássicos (Legislativo, Executivo e Judiciário) surgiram, na história do direito constitucional, para atuarem com independência individual e, uns com os outros, em harmonia.

Eles não têm autonomia plena. Agem em nome do povo, titular de todo o poder. É o que está escrito na Constituição do Brasil e, com diversidade de redação, em normas de países do universo democrático, garantindo a vida sob a lei.

Nada obstante à beleza desses textos, colhidos no exemplo de dois artigos da Carta Magna, nascem dúvidas quando os vemos sob a luz da prática. Hoje o Legislativo não mostra com o Judiciário a mesma paz de seus vínculos com o Executivo. Já este não se preocupa em ocultar sua preponderância, mantida pela maioria no Congresso.

Há desequilíbrio entre os três ramos, mas quando se cogitou a tripartição dos poderes, a paz entre eles era dado fundamental para a obtenção do sucesso, com a preservação das conquistas democráticas.

Lançado um olhar sobre o que ocorre em outras latitudes, vê-se que a superação de nossos problemas parece mais fácil de ser alcançada.

Tome-mos os exemplos da Síria e da Argentina, para ficar em dois extremos da situação oposta. A violência sobre o povo sírio, ao qual nos ligam inúmeros laços, agiganta o número de vítimas sem garantir outro resultado que não o do governo pela força.

Na Argentina, as dificuldades pelas quais passa nosso principal vizinho, ameaçam a liberdade da manifestação das ideias, com restrições à imprensa, no caminho indesejável do governo pela força.

Aqui as manchetes se concentram nas questões oriundas das decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), nas condenações do "mensalão" e nas dissidências internas da Corte.

Têm gerado consequências cujos contornos mais gerais ainda não há condição de avaliar. Manifestações vindas de titulares do Poder Legislativo sugerem a possibilidade de um confronto. Os congressistas buscam meios de não cumprir as punições aplicadas, quanto ao cumprimento das penas não diminuídas.

Estará aberto o campo para o desentendimento entre os dois poderes, podendo estender-se também ao Executivo, ante o envolvimento deste e de seus titulares, em comportamentos, cuja apuração tanto judicial quanto política, parece próxima de ser iniciada.

O momento não é bom. Os efeitos ainda dependem dos esforços para que o presidente e o vice-presidente da Corte Suprema, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, ajustem o curso de seus papeis na Corte cuja responsabilidade consiste na guarda da Constituição.

O regimento interno do STF dá ao presidente os poderes mais amplos (art. 13), mas, na dissidência, o Plenário pode ser chamado a decidir, gerando preocupações constitucionais ainda mais graves.

Nos decênios da primeira metade do século 20, o espaço dos Balkans chamado de "o homens doente" da Europa. Hoje, "o homem doente" ocupa toda face sul e o lado leste do Mediterrâneo, onde direitos inerentes à prática da democracia são ameaçados ou extintos.

Bem pensando e voltando ao tema das primeiras linhas, talvez se possa dizer com tranquilidade que, apesar dos pesares, embora estejamos melhor que os outros, nada nos diz que não seremos atingidos, mas ser firme não é gerar excesso ilegal.

Sistemático - SONIA RACY


O ESTADÃO - 08/12


Há suspeita de que as agressões na escola Trenzinho Feliz acontecem há anos. Laudo da psicóloga Maria Wanda Brezighello, de 2001, obtido por esta coluna, atesta que aluno (que não quer ser identificado) tinha sintomas de “mal estar físico e psicológico” por causa do ambiente de ensino.

O pai do menino conta ter pedido a avaliação por causa de sintomas, como vômito e sudorese, apresentados pela criança – que, na época, tinha 4 anos – antes de ir para a aula.

Sistemático 2
Sem provas de agressões, a família optou por tirar o garoto do colégio. O laudo coloca em dúvida a alegação de que Conceição Tomaz da Cruz, dona e diretora da escola, vem passando por um “momento de estresse”, segundo seus advogados.

Bola no pé
Cansada de esperar o financiamento do BB, que não aceita as garantias do Corinthians, a Odebrecht vai lançar debêntures no mercado. Estima-se algo como R$ 400 milhões.

Assim, apelará para que investidores-torcedores ajudem a pagar a conta da obra do Itaquerão que, até agora, a empresa vem bancando sozinha.

Unanimidade?
O PMDB cogita realizar prévias para definir quem será o candidato do partido ao governo de SP em2014.Além de Paulo Skaf, estariam no páreo Chalita e Reinaldo Nogueira, prefeito de Indaiatuba.

A questão vai à pauta hoje, durante convenção da legenda.

Paz...
Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, que passaram boa parte do julgamento do mensalão às turras, combinaram: revezarão a presidência do STF em janeiro, no recesso.

...e guerra
Advogados não go staram da declaração do relator de que são muitobem pagos para recorrer de decisões do Supremo. “Deve achar que trabalhamos parabanco e ganhamos porparecer”,protestou Paulo Sérgio Abreu e Silva – defensor de Rogério Tolentino e Geiza Dias, a “mequetrefe”.

Pingo em outros is
O São Paulo não gostou da opinião, publicada pela coluna ontem, do Comitê Paulista da Copa sobre patrocínios da Ambev. “O problema do São Paulo com a Ambev é do São Paulo e da Ambev. Não solicitamos e não precisamos da intervenção do comitê para solução do caso.”

Soprando...
A chefe não queria festa de aniversário. Mesmo assim, os assessores de Dilma farão homenagem a ela na próxima sexta, durante viagem a Moscou  quando completará 65 anos.

A filha da presidente, Paula, acompanhará a mãe na visita.

...velas
Em tempo: Dilma passa o Natal em Brasília, com a família. Depois, segue para a base naval de Aratu, na Bahia. A dúvida é se fica até 6 de janeiro.

Dobradinha
Gaby Amarantos gostou tanto de participar da série Contos de Edgar, produzida pela O2 para a Fox, que resolveu até compor uma música para a trilha.

Gira, gira
Fala-se, nos bastidores do SBT, em levar a novela Carrossel para mais perto das 21h. Motivo? A boa audiência do folhetim diante de Salve Jorge, da Globo, ajudaria o Programa do Ratinho que anda empatando com Balacobaco, da Record.

Na frente

Temer é avô de novo. André, segundo filho de Clarissa, nasceu há uma semana.

Caroll Falcão e Monica Sztokfisz pilotam o bazar Garimpando com Estilo. No fim de semana, em Pinheiros.

Marco Antonio Villa lança livro sobre o mensalão. Segunda, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Produzido pela TV Brasil, o filme Stefan Zweig, Paraíso Utópico, de Ricardo Miranda, será exibido domingo. Na Cinemateca.

Marin Alsop e a Osesp estão de volta à rede. Tocam hoje, na Sala SP, com link ao vivo na internet – em HD. Projeto do Itaú Personnalité.

Roger Federer passará o Natal com a família. Não, não na Suíça, mas em... Dubai.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA


O GLOBO - 08/12


O forte
Arnold Schwarzenegger vem ao Rio em abril do ano que vem para o Arnold Sports Festival. Será a primeira edição no Brasil da feira de fisioculturismo que leva o nome do exterminador. Vai custar R$ 6 milhões e deve render dez vezes mais em negócios. São esperados 35 mil visitantes no Centro de Convenções SulAmérica.

A linda
Fernanda Lima vai inaugurar a filial das Óticas do Povo no ParkShopping Campo Grande, hoje. A modelo e apresentadora estrela campanhas da empresa desde março. De lá para cá, as receitas cresceram 15%.

Olha o suco
Dez ambulantes vão vender sucos do bem nas praias da Barra, de Ipanema e do Leblon, a partir de janeiro. Esta semana, um vendedor testou o modelo, inspirado nos vendedores de mate. Saíram 200 copos por dia.

É carnaval
A Global Marketing investirá R$ 3 milhões em camarote corporativo de 800 m2 na Sapucaí, em 2013. Terá capacidade para 400 pessoas. Eram 300 este ano.

Em pacto
Prestadoras de serviços na obra do Comperj assinam, na terça, acordo nacional para aperfeiçoamento das condições de trabalho. Participam 16 empresas. No time, estão Queiroz Galvão, Mendes Júnior e Alusa.

PLANO PARA EVITAR CAOS AÉREO NO FIM DO ANO
Governo está preocupado com fechamento da Webjet pela Gol. Passagens já subiram 19,3% desde setembro
Sai na 2ª o plano da Secretaria de Aviação Civil e das companhias aéreas para as viagens de fim de ano. Desde 2010, são decrescentes os índices de atraso nos voos. Mas, este ano, o governo está preocupado com a decisão da Gol de manter no chão as 20 aeronaves da extinta Webjet. Na cúpula da SAC, ninguém vai folgar, a começar pelo ministro Wagner Bittencourt. As aéreas enfrentam dificuldades, em razão da alta do dólar (a moeda subiu 12% este ano e 23%, de maio para cá) e do preço do querosene de aviação (13% no ano). Os preços das passagens aéreas caíram fortemente no 1º semestre, mas estão em alta desde setembro. Em três meses, subiram 19,3% no IPCA/IBGE. Os feriados prolongados e a proximidade das férias são a chance de recomposição de margens.

‘SPIDER’ X FENOMENO
A Duracell terá campanha com Anderson Silva, novo embaixador da marca, e Ronaldo Fenômeno. O filme “Batalha do século” usou técnica de stop motion, com bonecos representando o lutador e o ex-jogador. Estreia semana que vem nas redes sociais. A 9ine assina; a Hungry Man produziu.

MENSAGEM TEMÁTICA
A Globo News começa a veicular, dia 14, sua campanha de final de ano em cinemas de todo o país e nos canais Globosat. O filme, de 30 segundos, foi todo feito em animação pelo canal, em parceria com a produtora Bleed. Segue o conceito “Como seria um mundo sem notícia?”.

EM FESTA
O Off, canal de esportes radicais em TV fechada, estreia nesta 2ª campanha em comemoração a seu primeiro aniversário. Será veiculada em revistas, mídia digita e sites especializados. Quem assina é a Mar Design/Grupo Sal.

Saúde 1
A Odebrecht Realizações lançou seu primeiro empreendimento imobiliário na área hospitalar no Brasil. O centro médico Vitrium, em Brasília, terá 230 unidades em área construída de mais de 25 mil metros quadrados. O valor geral de vendas chega a R$ 120 milhões.

Saúde 2
A Rede D’Or investiu R$ 1 milhão em obras nos setores de emergência do Rios D’Or, em Jacarepaguá, e do Norte D’Or, em Cascadura. Juntos, recebem 15 mil pacientes por mês. A meta é atender casos não graves em até 20 minutos, seguindo a metodologia Smart Track.

EM RESENDE
É hoje lançamento da segunda fase do Terras Alphaville Resende, com 411 lotes residenciais e três comerciais. O empreendimento vai levar R$ 50 milhões em investimentos para o município. É o sexto da Alphaville no Estado do Rio. Juntos, somam aporte de R$ 390 milhões.

EM CAXIAS
Nike, Tommy Hilfiger, Ellus, TNG e VR estão entre as grifes confirmadas do Outlet Premium Rio. Projeto da General Shopping Brasil, fica pronto no último trimestre de 2013. Terá mais de 150 marcas em 32 mil m2 de área locável, na Rodovia Washington Luís, altura de Duque de Caxias.

Barra
A Judice & Araujo fecha o ano com R$ 310 milhões em vendas. É quase o dobro (+97%) de 2011. Só na Barra vendeu R$ 65 milhões. De cada dez imóveis, seis valiam mais de R$ 4 milhões.

Jacarepaguá
A RJZ Cyrela vendeu 70% dos 140 apartamentos do Live Bandeirantes All Suítes, 5ª.

É projeto de R$ 50 milhões.

Livre Mercado
A Renascença prevê R$ 375 mil em volume de locação no 4º tri. As áreas mais valorizadas são Tijuca, Madureira, Ipanema e Leblon.

A Faber-Castell lançou borracha com capa de polietileno verde. É o plástico ecológico do etanol.

O Empório Farinha Pura não é revendedor exclusivo da Havanna, como informara. As lojas Cavist no Rio vendem produtos da marca.

Atrofia e inchaço no Mercosul - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 08/12


A crise internacional torna ainda mais importante a integração latino-americana, disse a presidente Dilma Rousseff, ao discursar em mais uma inútil reunião de cúpula do Mercosul. Essa retórica teria algum sentido se o bloco criado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e inchado com o ingresso recente da Venezuela bolivariana tivesse uma história de sucesso. Mas a história real é outra e dificilmente será melhorada com a participação do caudilho Hugo Chávez em suas decisões ou com o ingresso da Bolívia (o protocolo de adesão foi assinado na sexta-feira pelo presidente Evo Morales). Fundado há 21 anos, o Mercado Comum do Sul - este é seu nome completo - continua longe de cumprir as quatro condições necessárias à realização de seus objetivos, a começar pelo estabelecimento da "livre circulação de bens, serviços e fatores de produção entre os países do bloco". As palavras entre aspas constam de um material informativo do Itamaraty. Talvez impressionem pessoas pouco informadas sobre o assunto.

Apesar do falatório sobre integração, o comércio no interior do Mercosul continua prejudicado por barreiras protecionistas. Além de cotas, complicadas licenças de importação e pequenos truques para atrapalhar os negócios, o intercâmbio regional inclui uma aberração conhecida pelo nome de regime automotivo, renovado e alterado de tempos em tempos para atender aos interesses das montadoras e fábricas de autopeças instaladas na Argentina. Serão necessários mais 21 anos para se chegar à livre circulação de bens?

O estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC) e de uma política comercial conjunta é a segunda condição indicada no material informativo do Itamaraty. Cheia de furos, a TEC é em grande parte uma ficção. Esse tipo de tarifa é uma característica de uniões aduaneiras. Mas esse status é uma anomalia, porque nem as características de uma zona de livre comércio são encontradas no Mercosul.

A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, terceira condição, só é mencionável como piada, assim como o quarto item, o compromisso de "harmonizar a legislação nas áreas pertinentes" para "fortalecer o processo de integração".

O comércio entre os países-membros de fato cresceu, ao longo dos 21 anos. Mas teria crescido muito mais se os sócios do bloco tivessem constituído apenas uma área de livre comércio digna desse nome, sem a ambição de estabelecer uma união aduaneira. Essa união só tem servido para impedir os países-membros de negociar separadamente acordos comerciais de seu interesse com parceiros de fora. Um dos resultados tem sido a prioridade a acordos com mercados em desenvolvimento e pouco significativos, um reflexo da aliança terceiro-mundista do kirchnerismo com o petismo.

Do ponto de vista comercial, a adesão da Venezuela e da Bolívia pouco acrescentará a um bloco emperrado pelo protecionismo, pela incapacidade de criar cadeias produtivas e pela dificuldade de negociar acordos com países desenvolvidos. Essa dificuldade será agravada, se os novos sócios decidirem agir, provavelmente em conjunto, contra acordos com aqueles parceiros.

Além do mais, nem a TEC tem impedido a presença crescente, no Mercosul, de produtos da China e de outros países de fora do bloco. Para a indústria brasileira, a perda de mercado tem sido acelerada pelo protecionismo argentino. Esse protecionismo tem prejudicado os produtores brasileiros mais que os externos.

A presidente Dilma Rousseff deve conhecer esses fatos, mas prefere manter a diplomacia comercial definida por seu antecessor e pelos conselheiros por ele escolhidos. Continua presa a um mundo de fantasia, incapaz de fixar políticas com base nos interesses objetivos da economia brasileira. Também continua presa às ficções ideológicas da associação entre petismo e kirchnerismo. Entre outros maus resultados, essa aliança produziu, no Mercosul, a suspensão do Paraguai e a admissão da Venezuela. O Paraguai ficou fora da cúpula de Brasília, enquanto a presidente brasileira celebrava a democracia com representantes de governos defensores do controle da imprensa e conhecidos por sua vocação autoritária.

Comprometendo as empresas do setor - HEITOR SCALAMBRINI COSTA

FOLHA DE SP - 08/12


Sem transparência, sem debate, com a arrogância e prepotência que é a marca registrada de dirigentes do setor elétrico e, principalmente, sem um diagnóstico amplo sobre as reais razões da explosão tarifária ocorrida nos últimos anos.

Assim foi imposta uma estratégia para reduzir o custo da energia para o consumidor final, a partir das regras contidas na MP 579.

O uso da redução da tarifa como um instrumento de política pública para a renovação das concessões no setor elétrico foi o caminho encontrado pelos sábios. Os mesmos que levaram as tarifas elétricas a alcançarem patamares extorsivos para a economia brasileira.

Criticar a MP 579 e seus "filhotes" (portarias 578, 579, 580, 591 e o decreto 7.850) não é ter posição contra a redução das tarifas de energia elétrica, que é um clamor nacional.

Ao contrário, é denunciar que, mais uma vez, as nossas empresas públicas do setor elétrico serão usadas para objetivos fora de sua competência, como tem ocorrido tradicionalmente. Elas serão colocadas em risco em nome da política de redução de preço da energia.

O que se tenta evitar é chegar a uma situação indesejável para toda a sociedade: o comprometimento da qualidade na prestação do serviço elétrico, causado pela redução drástica do faturamento das empresas estatais, verdadeiro patrimônio do povo brasileiro, levando-as ao sucateamento. Sem dúvida a empresa mais afetada foi a Eletrobras, estatal federal, cuja diretoria não entrou em polêmicas públicas com sua controladora, a União.

Vários setores da sociedade criticaram o método, o conteúdo, e a oportunidade da edição da MP 579 (véspera da eleição municipal).

Determinar a fixação das tarifas de geração pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é preocupante. É exatamente ela que foi e é responsável por definir as tarifas de distribuição, que tanto têm onerado os consumidores.

A questão energética está sendo decidida de forma autoritária por um número reduzido de pessoas, levando a duvidar sobre a capacidade e isenção de se formular e executar uma política energética que vise os interesses do povo brasileiro.

A energia elétrica é estratégica para o país, não pode simplesmente ficar nas mãos de economistas e advogados. Os engenheiros e técnicos do setor, assim como a sociedade, têm de participar, opinar.

Eles apontariam os riscos das medida atual: o que está sendo imposto levará ao corte significativo de receitas das empresas, em alguns casos de até 80%, o que certamente acarretará na perda da qualidade do sistema elétrico e do conhecimento técnico adquirido por décadas -sem dúvida, haverá corte de pessoal para conter despesas.

E o pior é que a prorrogação das concessões não mudará em nada o custo da energia no Brasil. Os aumentos previstos nos próximos anos vão absorver toda a redução da tarifa obtida com a medida provisória.

Positivamente, alguns encargos serão extintos, mas isso não interferirá no ponto nevrálgico que tem garantido os elevados custos da energia: os contratos draconianos feitos desde os anos 1990, permitindo retornos e lucros exorbitantes para algumas empresas -em particular as distribuidoras.

Não adianta somente impor tarifas menores na geração sem mexer na distribuição, cujas empresas ano após ano, depois da privatização, têm apresentado nos seus balanços contábeis lucros extraordinários para a realidade brasileira.

É imperativo que prevaleça no setor elétrico um modelo participativo e regionalizado do planejamento. Que se democratize e torne transparentes as decisões dos gestores deste setor. E que seja extirpado de vez a interferência de grupos políticos que tornaram o Ministério das Minas e Energia um verdadeiro feudo.

Portos à espera de capitais privados - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 08/12


Programa prevê melhorias na gestão das estatais de docas. Mas, para isso, será fundamental o Planalto proteger as empresas de ingerências políticas



Mesmo que tenha passado por significativa transformação, o sistema portuário ainda carrega pesadas heranças. Nenhum outro elo do sistema de transportes sofre tantas interferências e intervenções governamentais como os portos, também sujeitos a regras trabalhistas peculiares.

Juntamente com a navegação, os portos parecem formar um mundo à parte nos negócios. Não são muitos os grupos de investidores que se aventuram no ramo, mas a presença do setor privado é cada vez mais importante, para tornar os portos eficientes e com custos competitivos. Numa comparação internacional, os portos nacionais só são mais eficientes que os russos.

Com o programa anunciado quinta-feira pela presidente Dilma, o governo espera atrair mais investidores. Com mais terminais, haverá mais competição entre eles, e será inevitável que o mercado encontre um ponto de equilíbrio minimamente compatível com os parâmetros internacionais. Neste sentido, tem importância a permissão para terminais privados atuarem no mercado de contêineres. Haverá saudável concorrência entre eles.

Diante da excessiva burocracia que envolve os portos, é intenção do governo reunir todos os organismos do setor no Conselho Nacional de Autoridades Portuárias (Conaportos), para azeitar a operação nos terminais. É uma iniciativa tão óbvia que fica difícil entender por que não fora tomada.

Outra obviedade é a ampliação do quadro de práticos, profissionais que auxiliam a tripulação dos navios na entrada e saída dos portos. Também é inaceitável que navios percam tempo precioso à espera desses profissionais quando se aproximam dos canais de acesso. A solução está, de fato, em se aumentar o número dos que podem exercer a atividade. Os investimentos previstos para o setor podem chegar a R$ 54 bilhões até 2017, dos quais cerca da metade no curto prazo (2014 e 2015). Com os maiores gargalos na região Sudeste, os portos de Santos, São Sebastião, Rio de Janeiro e Espírito Santo serão os principais alvos do programa.

O papel das companhias docas também será revisto. Elas são as responsáveis por zelar pelo patrimônio público nos portos, mas, como acontece com as estatais, viram um fim em si mesmo, com muitas ingerências de ordem política. É sintomático que Paulo Vieira, o apaniguado de Rosemary Noronha, considerado o chefe da “máfia dos pareceres”, fosse diretor do conselho da Companhia Docas de São Paulo. É possível que essas ingerências políticas tenham levado o governo a ser menos ousado na questão dessas estatais. Uma pena.

A intenção do programa é boa ao tentar atrair mais investimentos para um dos segmentos de infraestrutura que, se não funciona bem, reflete-se negativamente sobre todo o sistema de transportes. Ao se avaliar os avanços nos países que ganharam competitividade nas últimas décadas, a eficiência dos portos sempre aparece com destaque. Terá de ser assim também no Brasil.

Surpresas opostas - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 08/12


COM ALVARO GRIBEL E VALÉRIA MANIERO

Enquanto o crescimento desaponta para baixo, a inflação surpreende para cima. O ano terminará com PIB em torno de 1%, para um IPCA na faixa de 5,5%. Pelo quinto mês consecutivo, a inflação mensal deste ano foi maior do que a do mesmo período de 2011. As projeções indicam que o IPCA vai acelerar para 6% até março, mas depois voltará a cair.

Os alimentos subiram de preço de elevador e estão descendo de escada. As passagens aéreas aumentaram 11% em novembro. Inevitável lembrar como a desvalorização do real está batendo no custo das companhias. Os combustíveis são importados, e o dólar mais caro não ajuda.

Outros preços também surpreenderam no mês, como a energia elétrica, que subiu 1,28%, e os automóveis novos, que aumentaram mesmo com o IPI reduzido. Tudo isso fez com que a inflação viesse mais salgada do que o esperado. Os economistas previam 0,5% e deu 0,6%. Parece pouco, mas cada casa decimal conta muito quando o assunto é manter a inflação dentro da meta.

Há outro fator pressionando a alimentação: os serviços. Comer fora de casa está mais caro porque os restaurantes estão gastando mais com aluguéis e salários dos funcionários. Esse custo é repassado para o preço da refeição. No ano, a alta dos alimentos chega a 8,68%. Os serviços sobem 8,23% em 12 meses.

No acumulado do ano, os principais produtos que não pressionaram a inflação tiveram algum tipo de ajuda do governo. É o caso de automóveis e eletrodomésticos, que ficaram mais baratos pela queda do IPI; da gasolina, congelada pela Petrobras; e do etanol, que teve que cair de preço para competir com a gasolina. Sem essa mão amiga, o quadro para a inflação seria pior em 1 ponto percentual, pelas contas do professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

Em 2013, a tendência é que esses artifícios continuem sendo utilizados. As reduções no IPI devem ser renovadas, haverá desonerações para diminuir o custo da cesta básica e a programada queda do preço da energia. Por isso, Luiz Roberto Cunha prevê que mesmo que o PIB volte a crescer mais forte, para 3,5%, o IPCA cederá um pouco, fechando em 5,23%.

Embora a inflação ainda não tenha visto o centro da meta na atual gestão do Banco Central, também não está no radar um cenário de descontrole de preços. A expectativa dos economistas é de que os juros não voltarão a subir e há até quem aposte em novos cortes, com a Selic sendo reduzida para 6,25%.

Antecipação de consumo. Apesar de todos os estímulos, a Anfavea projeta queda de 1,5% na produção de veículos este ano. Primeira redução em 10 anos.

Melhora gradual. O desemprego nos EUA caiu para 7,7% em novembro, a menor taxa desde dezembro de 2008 e a mais baixa da administração Obama.

Risco maior. A Fitch reduziu a classificação de risco da Eletrobras, depois que a empresa aceitou as regras do governo nas concessões de energia.

Preço para baixa renda sobe mais
A inflação da baixa renda, medida pelo INPC, estourou o teto da meta em várias capitais do país. No Brasil, a taxa acumulada em 12 meses está em 5,96%, mas em Belém chega a 7,72%. No Rio de Janeiro, 7,18%, em Salvador, 6,89%. Já em Brasília registra a menor variação, de 4,39%. Esse indicador tem um peso maior dos alimentos.

Petróleo subiu 15% desde junho
Desde o último reajuste da gasolina, em 22 de junho, o preço do barril do petróleo subiu, em média, 15%, segundo a Austin Rating. Para esse reajuste não chegar às bombas, o governo reduziu a Cide, o imposto que incide sobre o combustível. No período, o real também se desvalorizou. Por aí fica mais evidente a pressão sobre o caixa da Petrobras, que importa gasolina a um preço mais alto do que vende aqui dentro. Se o governo autorizar um reajuste de 10%, o impacto sobre a inflação deve ser de 0,4 ponto, pelas contas da Austin. Mas o BC afirmou em ata que o seu cenário para definir os juros não leva em conta reajustes do combustível.

Transparência aproximada - CLÓVIS PANZARINI


O Estado de S.Paulo - 08/12


A Câmara dos Deputados aprovou, para delírio dos defensores da transparência, mas leigos em administração tributária, Projeto de Lei (PL) que obriga comerciantes e prestadores de serviços a explicitarem nos documentos fiscais o "valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na formação dos respectivos preços de venda".

Tal informação deve ser desdobrada nos valores de nove impostos e de contribuições que gravam a operação, além da contribuição previdenciária sobre as despesas de pessoal. O Imposto de Renda (IR) deve ser calculado sob a hipótese de opção, pelo comerciante ou prestador, do regime de lucro presumido, que obriga a incidência sobre o valor do faturamento.

Sancionada a lei, o cupom fiscal emitido no ato da venda de um pé de alface deverá estampar um tratado sobre o sistema tributário brasileiro. Os ideólogos dessa obrigação talvez imaginem que as mercadorias sejam isonomicamente tributadas nas diversas gôndolas País afora; que seja possível identificar o valor de cada tributo que grava, ao longo da cadeia produtiva, o seu preço final ou que as cadeias percorridas por elas sejam idênticas. Não consideram que produtos idênticos têm cargas tributárias diferentes, que dependem do Estado onde são fabricados, dos caminhos percorridos na cadeia produtiva, dos regimes de tributação, etc. Não consideram, por exemplo, que a mercadoria produzida em Manaus tem carga tributária diferente da de suas concorrentes feitas em outros Estados.

É difícil de imaginar como um varejista conseguirá calcular (ainda que aproximadamente) o valor do Imposto de Importação, do PIS/Pasep/importação e da Cofins/importação que incidiram sobre a importação de insumos que deram origem a cada um dos itens que comercializa - como exige o PL, sempre que tais insumos representem mais de 20% do preço de venda. Ou como descobrirá o DNA dessa informação depois de a mercadoria passar por cinco ou seis elos na cadeia produtiva. Qual a razão de exigir, para cálculo do IR, a hipótese de adoção do regime de lucro presumido, mesmo quando o contribuinte seja optante pelo regime de lucro real, cujo valor é errático, dependente do resultado apurado no final do exercício, podendo ser nulo no caso de prejuízo? E o ISS incidente sobre os serviços intermediários (auditoria e publicidade, por exemplo) incidente na cadeia produtiva da mercadoria, deverá ser considerado pelo varejista no cálculo da carga tributária? Quem calculará isso? Com qual metodologia? E qual a verdadeira carga de PIS/Cofins incidente sobre cada mercadoria, cuja magnitude depende do caminho que ela percorre na cadeia produtiva, passando por empresas do regime cumulativo (3,65%) e do não cumulativo (9,25%)? E a informação sobre o valor do ICMS retido, por substituição tributária, pela indústria, será dispensada ou deverá ser resgatada pelo varejista - que, na cadeia, pode estar vários elos adiante do ponto de retenção? Qual a tolerância de desvio entre o valor "aproximado", calculado pelo contribuinte, e o valor "aproximado" (o efetivo é insondável mistério) calculado pelo Fisco? Haverá parede suficiente no estabelecimento para que sejam afixados "em local visível" painéis com informações tributárias sobre cada uma das centenas de mercadorias que qualquer botequim de esquina comercializa? Não há software que responda a todas essas perguntas...

Mas a questão fundamental diz respeito ao custo, para o contribuinte e, por consequência, para a sociedade, dessa "transparência aproximada". Ainda que o contribuinte use valores "aproximados" fornecidos gratuitamente por terceiros idôneos, como autoriza o PL, terão de ser específicos em relação a cada mercadoria e serviço, a cada Estado e a cada município. Caso contrário, é transparência "faz de conta".

É surpreendente que os paladinos dessa custosa obrigação, de resultados falaciosos ainda que midiáticos, são também ardorosos defensores da simplificação tributária. Seria mais barato e sensato exigir que se estampasse no documento fiscal alguma frase do tipo "esta mercadoria contém aproximadamente 35% de carga tributária" ou "esta mercadoria contém tributos prejudiciais à sua saúde financeira".

Nhenhenhém - JORGE BASTOS MORENO

O GLOBO - 08/12


Dona Olga não sabe e nem pode saber que seu filho Zé Dirceu vai para a cadeia.
Quando Zé Dirceu sumiu na ditadura e todos achavam que ele estava morto, o coração de mãe sentia o contrário. Mas, de tanto esperar o filho na janela, chegou um momento em que dona Olga fraquejou: Zé não ficaria tanto tempo sem se comunicar com a família, se algo de tão grave não tivesse acontecido. Recolheu-se, então, ao quarto e não voltou à janela.

O dia em que o marido Castorino entrou no quarto para avisar que o filho estava vivo, a casa inteira ouviu um grito ou um gemido alto, melhor dizendo, algo como um uivo, um urro de leoa. Tão forte, intenso, único, que a filha mais nova, a Ana, que presenciou a cena, arrepia-se até hoje quando lembra o episódio.

Zé pretende passar os seus últimos dias de liberdade ao lado da mãe, inclusive as festas de fim de ano. Dirá à dona Olga que vai fazer uma longa viagem, e que talvez não chegue a tempo para a festa dos seus 93 anos, em maio.

Ficou difícil
Ainda que a decisão do STF a respeito da perda de mandato dos deputados mensaleiros tenha ficado para a próxima semana, Marco Maia vai ficar livre desse abacaxi.

É que seu mandato de presidente da Câmara acaba em janeiro.

E a publicação do acórdão do julgamento deve ficar para 2013.

Quem é que pega o abacaxi?

Henrique Alves, virtual sucessor de Maia.

Como liderado de Eduardo Cunha, é provável que, além de avocar a questão para o Legislativo, Alves defenda também a preservação dos mandatos dos condenados.

"Tudo eu"
Durante sua estada no Rio, esta semana, Zé Dirceu:

- É melhor que me prendam já!

Depois, explicou:

- Tudo que acontece de ruim atribuem a mim; na cadeia, não poderei mais ser acusado de nada.

Papo furado
Ainda sobre a disputa entre o Legislativo e o Judiciário, no velório de Niemeyer, Marco Maia e Joaquim Barbosa ficaram lado a lado.

E cochicharam o tempo todo.

Aos curiosos, Maia reproduziu a conversa. Disse que falaram sobre o clima de Brasília e reproduziu uma frase do Joca:

- Está quente hoje, não é? Se não estivesse tão calor eu poderia ter atravessado a Praça dos Três Poderes a pé.

Ninguém acreditou, obviamente.

Fofa
- Não fiz nada mais do que a minha obrigação! - respondeu Dilma aos Niemeyer.

Dilma destinou à família o seu gabinete de despacho, que fica colado ao gabinete presidencial. Providenciou lanches e a toda a hora queria saber se estavam sendo bem atendidos.

E agora?
Saia justa para Dilma! Ela convidou o senador ulyssista Luiz Henrique para a viagem a Paris e à Rússia bem antes de este ser lançado candidato da oposição à presidência do Senado, contra o candidato oficial Renan Calheiros.

Paris em festa
Bem feito para o Cabral. Fica paparicando a Dilma e o Lula, mas na hora do bem bom é escanteado.

Dilma e Lula marcaram um jantar agora em Paris.

Provoquei o Cabral e ele não deu o braço a torcer:

- Os dois em Paris e eu com Pezão inaugurando obras em São Fidélis, Italva e São José de Ubá. Existe coisa melhor? Viva o interior fluminense!!

Mulher do Ano
Na comitiva da Dilma, também, a minha amiga Graça Foster, presidente da Petrobras.

Graça Foster foi eleita pela MorenoNews a executiva do Ano 2012.

Parabéns, Sarney!
A volta de Sarney ao cargo de presidente da República é a prova definitiva de que um raio pode cair, sim, duas vezes no mesmo lugar.

No caso, no Palácio do Planalto.

A experiência será única: será a primeira vez que Sarney governará sem a tutela de Ulysses Guimarães.

Como diz Ancelmo, que seja feliz.

Enxerido
Aldo Rebelo convidou a Mariana Ximenes para viver o papel de Elisa Lynch, mulher de Solano Lopez, no filme que vai dirigir sobre a Guerra do Paraguai.

Se o ministro do Esporte cuidasse mais das suas obrigações e não se metesse em tentar tirar de mim a atriz escolhida para o papel de "Mora", talvez as obras da Copa andassem.

EMPRESA NOVA - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 08/12


A maioria dos brasileiros nascidos entre 1980 e 1995 quer ser seu próprio chefe: 65% disseram pretendem abrir uma empresa. A média em outros dez países é de 48%. A pesquisa ouviu 4.000 pessoas e foi feita pela Edelman.

OLHA AÍ, MEU GURI
Os concertos de encerramento da temporada 2012 da Osesp trazem a estreia de uma parte dedicada a canções de Chico Buarque orquestradas por Luiz Claudio Ramos. A presença de Chico é aguardada em alguma das apresentações.

DOBRADINHA
E a regente da Osesp, Marin Alsop, visitou os músicos do Instituto Baccarelli, que participam da Sinfônica Heliópolis, e prometeu reger um concerto com eles. Neste mês, o Baccarelli fará 60 apresentações na Sala São Paulo.

LIÇÃO ERRADA
Após acidente com o filho de quatro anos numa viagem da escola no ano passado, a promotora Tatiana Callé Helmann tirou o garoto do CEB (Centro Educacional Brandão). Ele quebrou a perna e foi levado a um hospital em Sorocaba (SP). A escola demorou a avisar a família. ele passou por três cirurgias.

DESENCONTRO
O CEB afirma em nota estar seguro de que adotou as medidas apropriadas para garantir a saúde do ex-aluno. "Embora não afaste a possibilidade de ter havido desencontros na comunicação com a família, a escola está segura de que, se esses ocorreram, foram involuntários." A escola foi palco no mês passado de uma tragédia, quando um aluno morreu afogado em sua piscina.

POLIGLOTA
O livro "A Queda - As Memórias de um Pai em 424 Passos", de Diogo Mainardi, será publicado na França, Dinamarca, Alemanha, Itália e no Reino Unido. No Brasil, a obra já passou dos 100 mil exemplares vendidos.

INVASÃO HOLANDESA
O príncipe holandês Maurits Van Orange-Nassau vem ao Brasil para o vernissage, na terça, 11, de "Mulher de Azul Lendo uma Carta", tela de Johannes Vermeer que será exposta no Masp.

REGINA CASÉ E A GARGALHADA DE DILMA ROUSSEFF
"Parece que foi tudo combinado", diz Regina Casé sobre a entrevista que fez com Dilma Rousseff para a estreia da nova temporada, amanhã, do "Esquenta!", programa que ela comandará até junho. A conversa vai ao ar por volta das 13h30.

Quase tudo o que a presidente falava sobre deficiência, o tema do primeiro programa, era abordado também por alguém da plateia. "Ela disse, por exemplo, que não adianta fazer um ônibus adaptado se o motorista não para. É preciso educação", diz Regina. "E no auditório alguém já tinha contado uma história parecida."

A apresentadora conseguiu o que até assessores próximos de Dilma consideram milagre: arrancar gargalhadas da presidente. "Eu estava morrendo de medo de ela ficar muito séria no programa", afirma. A gravação foi no hospital Sara Kubitschek, em Brasília, especializado em reabilitação.

O lema da atração é "O que o mundo separa, o 'Esquenta!' junta". Regina conta que a presidente elogiou e ela decidiu "dar de presente" o slogan ao governo: "O que o mundo separa, o Brasil junta". Mas Dilma fez uma mudança: ela quer dizer "ajunta", com sotaque mineiro -ela nasceu em BH.

Na conversa, a presidente disse que tem, sim, um brasileiro que manda nela: o neto, Gabriel, 2. Ele diz não "na cara" da avó poderosa e até pede que ela fique quieta quando acha necessário.

O CHEIRO DO DESENHO
O escritor e cartunista Lourenço Mutarelli, autor de "O Cheiro do Ralo", lançou anteontem a caixa de livros "Sketchbooks". A antropóloga Lilia Moritz Schwarcz e o designer Guto Lacaz foram ao Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, para o evento.

CURTO-CIRCUITO
Doris Salcedo inaugura hoje a exposição "Plegaria Muda", na Pinacoteca.

O Melograno completa quatro anos com show de Renato Teixeira, ao meio-dia, na Vila Madalena.

A ONG Sonhar Acordado faz amanhã festa de Natal.

A exposição fotográfica "Mundo Cão" será inaugurada, hoje, às 10h, na Bibliloteca Mario de Andrade, no centro.

O artista de performance e som Marssares inaugura, hoje, às 9h, a instalação "Repaisar" no Oi Futuro Flamengo do Rio.