sexta-feira, outubro 19, 2012

Mensalão saiu pela culatra - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 19/10


O ex-ministro Palocci voltou à cena nesta semana. Será que o jogo está tão nos finalmentes quanto parece?


AQUI QUEM fala é Carlos Henrique Gouveia de Mello. Sono­ro o meu nome, não? Não fo­ram meus pais que me deram, eu mesmo escolhi.

Você me conhece e me teme pelo meu nome real, José Dirceu de Oli­veira, que eu tive de esconder até da minha mulher. Muitos dizem que essa omissão é evidência de falta de caráter. Mas eu não queria ver mi­nha companheira exposta nem perseguida desnecessariamente.

É óbvio que não cheguei até aqui por ser temperado e minha maior qualidade não é a mansidão. Eu nunca cedi nas convicções. No PT, nós sabíamos que, chegando ao po­der, encontraríamos, na base alia­da, uma estrutura viciada de distri­buição de cargos e verbas e nomea­ções em estatais e gente querendo liberar verba do BNDES. Eles im­põem condições até para pedidos singelos como fotos posadas ao la­do do presidente, vê se pode? Nosso sistema é viciado demais e a Cons­tituição não ajuda.

Resolvemos, comigo à frente das operações na Casa Civil (a vida par­tidária ensina e renova a modéstia, sabe?), inovar na forma de tratar. Decidi que, em vez de distribuir es­tatais para um partido e secretarias para outro, cumprindo manjadas práticas de toma lá dá cá, fazer a coi­sa do meu jeito.

Achei mais interessante começar a trabalhar no atacado e a ir pagan­do os interessados ao mês. Ou seja, em vez de retribuir apoio político espedaçando a máquina, nós está­vamos dispostos a desembolsar di­nheiro. Achamos que sairia mais em conta. Em vez de administrar ganância, nós agilizaríamos a agen­da com valores prefixados para que cada aliado votasse ao nosso lado. E usaríamos os cargos à disposição para preencher com nossos pró­prios quadros. Chamam a isso de "aparelhagem", mas, ué? A popula­ção nos elegeu para governar ou pa­ra acomodar o PMDB em tudo que é empresa do governo?

Ocorre que meu pragmatismo foi de encontro aos interesses de cer­tos macacos velhos, não é mesmo, sr. Roberto Jefferson? Que garan­tia eles teriam de que a mesada pin­garia todo mês? Afinal de contas, emprego público é vitalício, poder de nomear, entrada nos Correios -que maravilha!- uma vez conquistada, ninguém reverte. Mesada, não, acabou o mandato, c'est fini!

Errei ao não calcular a infinitude do apetite da base aliada e sua men­talidade de capitania hereditária. Esqueci a lição deixada por Collor e PC Farias. Foi quando o presidente Collor se isolou e parou de ouvir a classe dominante, os partidos alia­dos e depois ainda inventou de de­mitir funcionário público que a coi­sa fedeu de vez para ele.

Acusam-me de corrupção ativa, mas eu queria saber onde está a di­ferença entre o que fomos acusados de sugar do Estado e o que foi leva­do pelos mensaleiros. Onde? Por acaso o Genoino fez um puxadinho na casa dele no Jardim Bonfiglioli?

Roberto Jefferson, sempre gulo­so, mesmo depois da cirurgia bárica (hoje vejo que, se não fosse ele, seria outro), queria mais.

Com o escândalo, acertos tiveram de ser feitos para manter a institu­cionalidade do país intacta. O tal "a­cordo de porteira fechada" saiu ca­ro. Muito mais do que qualquer mensalão ou segundo mandato. E ainda está custando. A substituição de oito ministros de Dilma é só um exemplo do preço da brincadeira.

E para quem acha que agora che­gou minha vez de pagar, vale lem­brar que o ex-ministro Palocci voltou à cena nesta semana. Pois é, o jogo está apenas começando.

Até breve,
Zé.

A voz das ruas - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 19/10


A sociedade precisa agora fazer sua parte! Se a ideia da oficialização da gazeta às segundas e sextas-feiras na Câmara dos Deputados é liberar o parlamentar para ouvir o cidadão nas ruas de seu domicílio eleitoral, todo brasileiro tem obrigação de dizer o que pensa quando esbarrar com seu representante no Congresso batendo perna longe de Brasília no primeiro ou no último dia útil da semana: "Vai trabalhar, vagabundo!"
Sem gritos, por favor, para não parecer mais um desses espasmos de indignação nacional. Esse papo de "basta!", como se sabe, não cola com políticos. Ou, depois de tantas exclamações contra tudo-isso-que-aí-está, eles não teriam a cara de pau de legitimar o que na prática já acontece: três sessões ordinárias por semana e não se fala mais nisso!
É o tipo de provocação que o eleitor não deve aceitar passivamente, mas muito cuidado para não ficar enchendo a paciência de amigos e parentes com sua reação instintiva a mais essa afronta.
Aproveita o tempo livre concedido aos deputados em suas bases para dizer-lhes ao pé do ouvido o que pensa a respeito: eles vão acabar abrindo mão dos dias de folga só para evitar te encontrar!

Pelo visto...Sair de Cuba ficou mais fácil do que entrar nos Estados Unidos. Só se fala disso em Havana!

Efeito colateralPode não ter sido exatamente uma infecção o que tirou de circulação o secretário-geral da Fifa, hospitalizado no Rio desde a noite de quarta-feira. Jérôme Valcke passou mal na véspera de uma reunião com o presidente da CBF José Maria Marin, o ex-jogador Bebeto e o ministro Aldo Rebelo. Tem coisa mais enjoada?

Que turma!Ao tomar posse dia desses no Senado, o suplente por Tocantins João Costa Ribeiro Filho (PPL) citou o Sagrado Coração de Jesus, o Imaculado Coração de Maria e um texto de Oswaldo Montenegro. Que Deus o perdoe!

Mal comparandoO encontro de Dilma Rousseff com Nicolas Sarkozy na próxima segunda-feira, em Brasília, terá em comum com o almoço entre Cristina Kirchner e Lula na quarta-feira passada, em Buenos Aires, a absoluta falta de importância de certos compromissos da agenda presidencial tanto no Brasil quanto na Argentina.

Vida que segueJosé Dirceu tem dito a aliados que está "preparado" para a prisão. Resta saber que tipo de consultoria o ex-ministro vai prestar na cadeia.

Cabeça feitaO futebol brasileiro viveu uma quarta-feira histórica na Vila Belmiro: Neymar desistiu do corte de cabelo moicano!

Pé-frio eleitoralACM Neto está apavorado! Caetano Veloso não vota na Bahia, mas anda dizendo por aí que confirmaria o nome do candidato do DEM na urna eletrônica se tivesse domicílio eleitoral em Salvador! O artista, como se sabe, não elege ninguém que apoia desde FHC em 1998!

Fundo soberano: o fiasco - GUILHERME ABDALLA

BRASIL ECONÔMICO - 19/10


Quem não se lembra dos anúncios e propagandas pirotécnicos (marketing mesmo) quando da criação do Fundo Soberano do Brasil-FSB, em 2008? Pois bem, passados quase quatro anos da promulgação da Lei nº 11.887/08, que o cunhou, o resultado formalmente apresentado semana passada pelo Ministro de Estado da Fazenda Guido Mantega ao Senado Federal é indigesto, para não dizer risível. Parece mais um manual de como não devem ser gerenciados recursos públicos ou, no raciocínio inverso, um roteiro de como queimar o dinheiro do povo brasileiro.
Na teoria, o FSB foi pomposamente instituído como um “fundo especial de natureza contábil e financeira, vinculado ao Ministério da Fazenda, com as finalidades de promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior, formar poupança pública, mitigar os efeitos dos ciclos econômicos e fomentar projetos de interesse estratégico do país localizados no exterior”. Na prática, no entanto, o FSB gastou quase todo seu capital na compra de ações de companhias comandadas—igualmente na prática—pelo próprio governo, quer dizer, Petrobras e Banco do Brasil.
Vamos aos tristes números: o FSB teve como aporte inicial a emissão de 10.201.373 títulos do Tesouro Nacional, em dezembro de 2008, totalizando R$ 14,2 bilhões a preço de mercado. Na mesma data do aporte, o FSB promoveu a respectiva integralização de cotas do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização( FFIE), um fundo multimercado, exclusivo e especialmente criado. Já em 2010, a União houve por bem adquirir, por meio do FFIE, substancial posição no BBAS3, PETR3 e PETR4 (praticamente todo o seu capital foi endereçado a essas empresas à época). O resto foi direcionado a operações prefixadas.
Resultado? Ao fim do segundo trimestre de 2012, a parcela de ativos com renda variável do FFIE caiu para 76,91%, em razão da redução dos preços de mercado de ações no período, enquanto a parcela então ínfima de ativos de renda fixa aumentou para 22,94%. Quanto ao valor dos ativos do FFIE, quer dizer, nosso dinheiro, tem os um total de R$ 13,8 bilhões em junho de 2012, representando uma rentabilidade negativa de -16,84% no trimestre e -17,91% nos últimos 12 meses. Note-se: aportou-se R$ 14,2 bilhões em 2008 e temos hoje, após quatro anos, R$ 13,8 bilhões.
Ora, a lei que criou o FSB e seu decreto regulamentador não obrigam—nem de longe e nem de perto — que seus aportes devam ser destinados somente a estatais ou sociedades de economia mista. Muito pelo contrário, poder-se-ia entender que o privilégio dedicado à Petrobras e ao Banco do Brasil deturpa a essência do próprio FSB, que deve necessariamente ter uma visão mais ampla dos interesses estratégicos do país. A mitigação de “ciclos econômicos” objetivada pelo FSB — a bem da verdade, não é um objetivo, mas um dever — não pode se resumir a essas duas empreitadas. Como está, o povo perde nas duas pontas: na captação, pois os recursos são remunerados pela taxa aplicável ao título do Tesouro Nacional; no investimento, pois nitidamente destinados exclusivamente a empresas de interesse político-particular.

Dois motores europeus em ritmos diferentes - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 19/10


A reunião do Conselho Europeu, que se encerra hoje em Bruxelas, prenunciava-se tranquila. O que seria inusitado. Em geral, esses encontros se desenrolam num clima de tempestade. A Grécia se lamenta. A Espanha está indignada. A Itália chora. A certa altura, Angela Merkel costuma tomar a palavra e algumas decisões. Então, todos se acalmam. A única coisa que não se acalma, são os ventos que continuam soprando como num furacão, à espera da "próxima reunião de cúpula como último recurso".

Este ano, o céu está mais calmo. Há algumas semanas, a crise parece menos violenta. O euro volta a se valorizar frente ao dólar. Aliás, o francês, François Hollande, anunciou na quarta-feira com ênfase que "estamos muito próximos da saída da crise".

Será que a população grega não leu a entrevista de Hollande? Essa multidão parece acreditar que a crise desobedece a Hollande e continua fazendo das suas. De fato, multidões de gregos desesperados tomaram ontem as ruas afirmando que não conseguem mais suportar o impiedoso regime imposto por Merkel.

Além disso, há outra "pedra no sapato do euro": na época de Sarkozy, as coisas eram simples. O francês era a sombra da alemã. Nada disso existe hoje. Com Hollande, os dois motores da Europa não batem mais no mesmo ritmo. Merkel continua sendo a mesma virtuosa ortodoxa, talentosa e rígida que sempre foi. Por sua vez, Hollande se diz preocupado com as pessoas, recusa-se a estrangulá-las, segundo ele, crescimento e austeridade são igualmente importantes.

Nessas condições, é difícil tomar decisões, por mais urgentes que elas sejam. Por exemplo, Hollande pede uma "mutualização da dívida" mediante obrigações em euros, o que corresponderia a dividir entre todos os países e, particularmente, os países melhor administrados como a Alemanha, o risco financeiro decorrente da desordem e da leviandade das nações endividadas. Mas Merkel não quer ouvir falar desse mecanismo, a não ser que seja abrandado.

E há uma pergunta que já se coloca: o que aconteceu com as relações entre Merkel e Hollande? Com Sarkozy, não havia nenhum problema: os dois países caminhavam de mãos dadas, ao passo que Hollande cria dificuldades. Pior ainda, ele está convencido de que é um homem poderoso diante de um país poderoso. Em seu longo texto de quarta-feira, ele assumiu a posição de um líder: "Quero fazer aqui... Isto deve ser resolvido em tal data ... Quero que a França ajude rapidamente a Espanha", e assim por diante.

Ouviremos atentamente em Bruxelas Merkel e Hollande. Será que a chanceler alemã se mostrará bem-humorada, diante desse francês indócil? Sem dúvida, ela não perderá o controle porque é uma diplomata refinada e já fez frente a vários interlocutores (a começar, na Alemanha, pelo seu mentor, Helmut Kohl). Portanto, podemos imaginar que ela tentará bloquear a ofensiva Hollande, mas por meios sutis, pouco visíveis, e sem levantar a voz.

Finalmente, há um elemento psicológico que torna difícil decifrar as relações entre Merkel e Hollande: ocorre que estes dois personagens têm um grande respeito recíproco. Eles têm o mesmo estilo sóbrio: nada de familiaridades, hábitos de vida austeros, sem estardalhaço; O paradoxo é exatamente este: Merkel tinha dificuldade em suportar as familiaridades, as vulgaridades de Sarkozy, mas os dois adotavam uma política comum. Ao contrário, ela parece apreciar o discreto Hollande, sem brilho, invisível, entretanto, suas visões políticas são muitas vezes antagônicas.

Colômbia e Farc têm a chance da paz - EDITORIAL O GLOBO


O Globo - 19/10


É auspicioso o governo da Colômbia e as Farc terem concordado em discutir um acordo de paz e que, após o encontro inicial, em Oslo, tenham firmado uma declaração conjunta em que confirmam o início das negociações para 15 de novembro, em Havana, adiantando que o "desenvolvimento agrário integral" será o primeiro tema da agenda.

O momento é propício. O presidente Juan Manuel Santos tem credibilidade porque, como ministro da Defesa, foi o executor da política de tolerância zero com a guerrilha do presidente Alvaro Uribe, com forte apoio dos EUA. As Farc sofreram duros golpes militares e forte desgaste político. Vários de seus mais importantes líderes morreram nos últimos anos e o efetivo, que chegou a 18 mil homens, caiu à metade. Este ano, as Farc anunciaram o abandono dos sequestros para extorsão e libertaram os últimos dez militares em seu poder, embora conservem centenas de civis nesta condição.

As Farc foram fundadas em 1964 por Pedro Antonio Marín, codinomes Manuel Marulanda ou Tiro Certeiro, com o objetivo de implantar um estado marxista-leninista na Colômbia. Não ia longe a vitória dos guerrilheiros de Fidel Castro sobre uma ditadura corrupta em Cuba e, em plena Guerra Fria, a URSS superpotência servia de inspiração para ideólogos, intelectuais e militantes de esquerda, que sonhavam com o fim do capitalismo.

A organização cresceu muito com dinheiro de sequestros, mineração e narcotráfico. Adepta do mote de que os "fins justificam os meios", precipitou a Colômbia numa guerra civil, com ações terroristas de todo tipo. Os quase 50 anos de embates com o Exército e ataques à população, somados à violência de grupos paramilitares de direita, fizeram, segundo o governo, mais de cinco milhões de vítimas, entre deslocados internos e pessoas assassinadas (600 mil). O país esteve à beira do caos, principalmente quando o presidente Pastrana (1998-2002) cedeu à guerrilha um território com o tamanho aproximado da Suíça.

Há questões muito difíceis para os negociadores, entre elas a entrega dos reféns, o desarme da guerrilha, a punição para autores de crimes de sangue, a reinserção dos militantes na sociedade, a indenização de milhares de vítimas de deslocamento forçado, sequestro, violência sexual e minas espalhadas pelo país.

O início do diálogo e a perspectiva de paz são bons para a Colômbia, para a América Latina e para o mundo. Pesquisa do jornal "El Tiempo", de Bogotá, indicou que 74,2% dos colombianos apoiam as negociações. É muito importante que chegue ao fim esse conflito, que ainda é referência para setores da esquerda latino-americana, inclusive em Brasília. Se as Farc têm um projeto para o país, que saiam da clandestinidade e vençam eleições. É preciso ficar no passado o projeto de tomada do poder a qualquer custo.

Repercussão geral - ANTONIO DE PASSO CABRAL


O Globo - 19/10


O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal tem se revelado importante em certas matérias comuns a milhares de outros processos nas cortes federais e estaduais em todo o país.

Ao indeferir o desmembramento do processo, o STF afirmou a preclusão da reapreciação de questões já decididas. Em termos simples, entendeu que, quando a defesa alega diversas vezes uma mesma questão já decidida pelo juízo, não cabe ao Judiciário julgar novamente o tema, pois a discussão já foi exaurida naquele ponto. Aplicada a premissa a outros processos, reduzemse custos e tempo de tramitação, pondo fim à insistência da defesa em repetir argumentos já rejeitados pelo juiz.

No campo da valoração da prova, as decisões tomadas pelo Supremo elevaram a um alto nível as discussões sobre o tema no direito processual brasileiro. Ressaltou-se que a prova não deve ser concebida numa visão ultrarracionalista (e até certo ponto ingênua) a respeito da cognição humana. Se exigirmos certeza de verdades apodíticas, uma condenação só seria possível se o agente público fosse filmado recebendo propina do corruptor ou se o criminoso tivesse conversa telefônica interceptada confessando o cometimento do delito.

Como salientaram os ministros. Fux, Barbosa, Weber, Peluso, entre outros, a prova deve ser compreendida em sua função persuasiva, há muito sustentada na literatura especializada: o juiz deve formar seu convencimento sopesando as provas e alegações de cada parte. A função persuasiva da prova reforça para o juiz o dever de fundamentar, tornando o resultado do processo mais racional e controlável, e reafirma a pacífica jurisprudência do STF, que há décadas considera suficiente, inclusive para condenação criminal, um conjunto de indícios que conduzam à conclusão segura de que o crime ocorreu. Isso é importante em contextos associativos complexos (organizações criminosas), e em casos de formação de cartéis, crimes e infrações no mercado de capitais, em que a prova indiciária predomina, pois é raro que se obtenham documentos e gravações dos fatos criminosos.

Não surpreende que, contraposto a estas premissas fixadas pelo Supremo, observemos um desconforto de setores aos quais interessa um processo caótico em que o Judiciário é posto numa relação de vassalagem à defesa, como se os réus pudessem proceder como bem entendessem e o magistrado devesse valorar os fatos e as provas sempre a seu favor; como se o juiz fosse compelido a tolerar qualquer conduta e tivesse que afastar sucessivas vezes a mesma alegação, por mais inverossímil que fosse. A previsão da ampla defesa — um valioso direito constitucional de todos nós — não significa que a defesa possa tudo. Cabe aos juízes conduzir o debate sem tolerar excessos ou admitir abuso dos mecanismos processuais.

Taxa Selic deve ficar estável em 2013 - CLAUDIA SAFATLE

VALOR ECONÔMICO - 19/10


A leitura que fontes qualificadas do governo fazem do prazo que o Banco Central está considerando - quando menciona a estabilidade das condições monetárias "por um período de tempo suficientemente prolongado" - é que, em princípio e na ausência de choques de oferta, não deve haver alteração na taxa Selic ao longo de 2013.

A política de controle da inflação para 2013 ainda está sendo formulada. O governo pretende auxiliar o BC nessa tarefa, atuando mais na área dos preços administrados e monitorados.

Depois de reduzir as tarifas de energia elétrica e de ter segurado o reajuste dos preços dos combustíveis para o consumidor, ele pode buscar um aumento dos combustíveis que afete o mínimo possível os preços finais. Pode, ainda, trabalhar para que as tarifas públicas, como as de transportes urbanos, por exemplo, não sejam reajustadas todas ao mesmo tempo, diluindo o impacto dos aumentos no tempo.

Dilma quer normalizar a política monetária brasileira

Há, portanto, algumas intenções que estão sendo discutidas e que ajudariam o BC na convergência do IPCA para algo mais próximo ao centro da meta, de 4,5%. O último relatório de inflação projetou um IPCA de 4,5% no terceiro trimestre de 2013, mas indicou que o índice descola para 4,9% no fim do ano. O BC não se comprometeu com um prazo determinado para que se processe a convergência.

Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, está dito apenas que ela ocorrerá de forma "não linear". Tombini tem ressaltado que os ciclos econômicos não acabaram e a política monetária deve ser adequada aos ciclos (de crescimento ou desaceleração).

Coerente com o comunicado da última reunião do Copom, a ata diz que está encerrado o processo de corte da Selic. Não faz qualquer referência ao que entende como prazo "suficientemente prolongado" nem esclarece a contento por que houve o último corte de 0,25 ponto percentual que dividiu os votos do comitê.

Para o BC, a explicação para a redução adicional da Selic de 7,5% para 7,25% ao ano está no item 33 da ata, que diz que "a maioria dos membros do Copom argumentou, em especial, que restavam incertezas quanto à velocidade de recuperação da atividade, em grande parte, decorrência das perspectivas de que o período de fragilidade da economia global seja mais prolongado do que se antecipava, com repercussões desinflacionárias sobre a economia doméstica".

Essa é uma dúvida que persiste. A economia reagiu bem no terceiro trimestre, deve crescer um pouco menos no quarto trimestre e não há muita segurança de como serão os trimestres seguintes.

Entre a reunião do Copom de agosto e a de outubro, explicaram fontes da área econômica, ficou mais nítido que a economia mundial andará de lado por um longo tempo. Nesse período o presidente do Fed, Ben Bernanke anunciou que os juros vão ficar próximos de zero até 2015 e os relatórios do Bank for International Settlements (BIS, o banco central dos bancos centrais), não foram nada animadores. A economia global pode crescer muito pouco nos próximos cinco anos ou mais, o que torna a situação de importantes economias emergentes mais desafiadora do que se antecipava, conforme salientou a ata.

Embora a inflação tenha sido afetada por choques de oferta decorrentes de problemas climáticos, o BC espera que ela retorne aos trilhos e lembra que em junho, antes da "seca bíblica" nos Estados Unidos, o IPCA projetado para o ano era de 4,7% - nível muito próximo do centro da meta - e que as pesquisas de mercado apontavam para um arrefecimento até o fim do ano.

O impacto do aumento dos preços internacionais dos grãos (soja, milho e trigo) levou o Banco Central a refazer a projeção para 5,2% de inflação este ano, acomodando o choque. Combatê-lo custaria mais perda de produto. Um índice elevado, mas em 13 anos de vigência do regime de metas para a inflação (desde junho de 1999), argumenta o BC, em apenas três anos o IPCA esteve abaixo de 5,5%. Foi de 3,14% em 2006, de 4,46% em 2007 e de 4,31% em 2009. Este seria o quarto ano, se o IPCA ficar mesmo em 5,2%.

Dúvidas sobre o grau de autonomia do BC para perseguir a meta de inflação são recorrentes desde o primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Em geral, a visão que se tem é de que ou a autoridade monetária está capturada pelos interesses do mercado ou está de braços dados com o Ministério da Fazenda e/ou com o Palácio do Planalto, numa relação de subserviência.

Essa percepção encontra terreno na falta de autonomia definida em lei. Muito provavelmente a realidade não encontra eco nos extremos.

Assessores da presidente Dilma Rousseff explicam que em seu governo o Banco Central, se não goza de ampla autonomia, também não tem as mãos amarradas. Ou, como comparou uma fonte próxima à presidente: o BC do Brasil não tem a independência que foi conferida ao Bundesbank, o banco central alemão, mas tem um grau de autonomia semelhante ao do Federal Reserve, o BC americano. "Ou alguém acredita que o Ben Bernanke decidiu anunciar o "quantitative easing" sem acertar isso com o Departamento do Tesouro e com o presidente Obama?", indagou. Diante disso, é claro que se a inflação ameaçar recrudescer, o Copom aumentará os juros, avaliam essas fontes.

"O que a presidente quer é normalizar a política monetária no Brasil", atestou o assessor. Ela quer que a administração da taxa de juros no país seja como nas economias maduras, onde os resultados sobre o controle da inflação são obtidos com ciclos de aperto monetário de menor intensidade.

Avalia-se que o poder de tração da política monetária no país aumentou sensivelmente nos últimos anos e que pequenas alterações na taxa de juros, de agora em diante, seriam suficientes para conter a demanda agregada da economia quando esta comprometer a estabilidade de preços.

Isso significa que dificilmente a Selic no Brasil voltará à casa dos dois dígitos.

As explicações do Copom - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 19/10


Bem que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, em entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo, no dia 15, avisara que o Copom terá de dar explicações convincentes para o último corte dos juros, de 0,25 ponto porcentual, para 7,25% ao ano. Foi um jeito de dizer que não entendeu a lógica do Banco Central presidido por Alexandre Tombini.

Como Armínio, muita gente, há tempos, procura, mas não encontra rima entre o que faz o Banco Central e as justificativas apresentadas depois. Tudo se passa como se as coisas tivessem mesmo mudado por lá, mas os dirigentes não tivessem coragem de ajustar o discurso antigo aos novos tempos.

Ontem, saiu a Ata do Copom, cuja função é apresentar as razões das decisões tomadas na política monetária (política de juros). Uma leitura atenta aponta para certas inconsistências, que deixam dúvidas.

Uma delas é que os juros podiam cair, como caíram, porque "restavam incertezas quanto à velocidade da recuperação da atividade" (parágrafo 33). Ou seja, a opinião prevalecente dentro do Copom é de que o PIB do Brasil pode não crescer os tais 4,0% em 2013 com que conta o governo Dilma, especialmente o ministro da Fazenda, Guido Mantega. É razão tão forte que serviu para justificar novo corte.

Mas, em outros trechos (sobretudo no parágrafo 26), o Copom diz que "são favoráveis às perspectivas para a atividade econômica neste e nos próximos semestres". Em seguida, repisa essa mesma expectativa otimista: "a atividade econômica continua a ser favorecida pelas transferências públicas, bem como pelo vigor do mercado de trabalho...".

Também é questionável a avaliação que faz da política fiscal do governo Dilma e seus efeitos sobre a expansão dos preços na economia. De um lado, acredita em que a geração de superávits primários (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) ajuda a controlar a inflação (parágrafo 28). De outro, lamenta que a atual política fiscal, não mais neutra, mas "expansionista", jogue contra a estabilidade dos preços (parágrafo 35).

A questão central é a de que, depois de derrubar o juro real para abaixo dos 2% ao ano, o Copom avisa - como já o fizera na comunicação liberada logo depois da reunião do dia 10 - que o ciclo de afrouxamento da política monetária chegou ao fim. Por isso, a expectativa agora é de "estabilidade das condições monetárias (juros básicos parados nos 7,25% ao ano) por um período de tempo suficientemente prolongado" - seja lá o que isso signifique...

A aposta é de que as atuais pressões sobre os preços (choque na área dos alimentos) desaparecerão (parágrafo 24) e que novas não deverão aparecer. Falta saber de onde vem tanta certeza. Se aparecer, faltará molejo para enfrentá-las e o Banco Central poderá vir a ser obrigado a dar meia volta volver.

O maior risco que corre a política do governo Dilma e do próprio Banco Central é que persista também durante todo o ano de 2013 o quadro atual de baixo crescimento e de inflação acima do desejável. Motivos para isso existem de sobra. O investimento se mantém pífio em consequência do alto custo Brasil e conspira contra o crescimento sustentável. E o consumo forte, puxado pelo mercado de trabalho aquecido e pelos estímulos fiscais e creditícios distribuídos pelo governo, e a perspectiva de aumento dos preços dos combustíveis não garantem, em princípio, a inflação na meta.

À milanesa - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 19/10



RIO DE JANEIRO - Nesta semana, sempre a horas mortas, uma moça tomou banho nua na praia do Flamengo e dois casais foram vistos fazendo sexo nas areias de Ipanema e do Leme. Um dos casais e a moça foram fotografados e, sabe-se lá por que, ganharam o noticiário. É verdade que nosso liberalismo ainda não contempla o ato sexual em público, mas a diferença entre a nudez da garota e a de algumas estrelas do Carnaval estava em que ela -por sinal, nada má- não usava salto alto. E desde quando sexo na praia é novidade no Rio?

Ao contrário. Ele era a solução no tempo em que ainda não existiam os motéis, e muitos casais não queriam submeter-se aos hotéis sórdidos, que só trocavam os lençóis em último caso. A praia, como a do então distante Leblon, à noite, era segura, deserta, deliciosamente mal iluminada e, exceto por algum guarda enxerido, com privacidade garantida. Os problemas eram o desconforto e a areia, donde a expressão -ponha aí anos 50, 60- sexo à milanesa.

A alternativa, para os poucos que tinham carro, era assistir às "corridas de submarino" -uma modalidade esportiva noturna, praticada por casais na orla do Arpoador ou do Castelinho, com os vidros fechados e embaçados. Nunca se viu um submarino ao largo, mas a prática era tão aceita que uma Kombi do Geneal ficava de plantão nas proximidades, com seu insuperável cachorro-quente.

Em 1969 ou 70, o romantismo da praia à noite e da "corrida de submarino" foi substituído pelo profissionalismo dos motéis, com seus tetos espelhados, camas redondas e risco zero. Os nativos se habituaram, e assim é até hoje. Donde os protagonistas do recente açodamento nas areias devem ser turistas (e só uma turista desinformada entraria nua nas águas de uma praia de baía, como a do Flamengo).

Desinformados, mas, quero crer, estouvadamente românticos.

Morar bem - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 19/10


Está à venda por R$ 23 milhões a última casa da Avenida Atlântica, na esquina com Rua Santa Clara, cartão postal da Praia de Copacabana.
Com terreno de 850m2, deve ser demolida para dar lugar a um prédio comercial.

Bolão do Gois I
A ministra Cármen Lúcia, do STF, a "Carminha do bem” condenaria pela morte de Max, em "Avenida Brasil’!..
— Em direito, meu voto se chamaria "jus chutande” ou seja, só chutando, porque não assisto à novela. As sessões do TSE, à noite, não deixam.
Só conheço a Carminha...

Aeroporto português
O governo português deu até dia 24 agora para o recebimento de propostas para a privatização da ANA, a Infraero de lá, dona, entre outros, do aeroporto de Lisboa.
Segundo o jornal "Público” estão no páreo as brasileiras CCR (concessionária da Ponte Rio-Niterói) e Odebrecht.

Já...
A privatização da TAP ficou para o ano que vem.
O “Público” aposta que o vencedor será... "o milionário colombiano-brasi-leiro German Efromovich”

Bolão do Gois II
Para Galvão Bueno, quem matou o Max de "Avenida Brasil” foi... Santiago:
— Só pode. Ele apareceu pouco na novela para ser o grande vilão no fim.

Laços de família
O STJ julga terça que vem o valor da pensão que o senador Fernando Collor paga à ex-mulher Rosane.
Ela quer mais que os atuais R$ 18 mil mensais, além de dois imóveis.

Bolão do Gois III
Para Camila Pitanga, foi... Tufão.

O RIO FERIDOHá dois anos, lembra?, o movimento Rio Eu Amo Eu Cuido convocou surfistas e banhistas para um mutirão de limpeza da Pedra do Arpoador. Muita gente se alistou na batalha, e o cartão postal carioca recuperou sua beleza. Agora, veja aí, uns vândalos, de novo, emporcalharam o monumento natural, um dos cenários mais bonitos do Rio. É pena. Esta faixa foi estendida ontem •

Caipirinha de vodca
Martelo batido. Dilma vai a Moscou dias 13 e 14 de dezembro em visita oficial ao Kremlin.

A gueixa e o panda
Fernanda Takai, a vocalista da banda Pato Fu, vai lançar um livro infantil, o seu primeiro, pela editora Cobogó.
Vai se chamar "A gueixa e o panda vermelho”! As ilustrações são de Thereza Rowe. Chega às livrarias em dezembro.

Bolão do Gois IV
Para Sérgio Cabral, quem matou Max foi... Carminha.

Biquíni financiado

A banda Biquíni Cavadão foi autorizada pelo MinC a captar R$ 1.274.840 pela Lei Rouanet para financiar uma turnê pelo país e a gravação de um DVD.

Bolão do Gois V
Marília Pêra diz que "torce” para que o assassino de Max seja Leleco, por que é fã do ator Marcos Caruso.

Escola Altamiro
Sérgio Cabral vai inaugurar, em abril de 2013, um colégio de ensino médio para 3.500 alunos, em Bonsucesso, ao lado do Complexo de Manguinhos.
Vai se chamar Escola Estadual Altamiro Carrilho, justa homenagem ao grande flautista brasileiro.

Bolão do Gois VI
Para Eduardo Paes, quem matou Max foi... Carminha.

Lá vão os noivos
O Rio Sem Homofobia e o TJ-RJ vão promover, dia 9 de dezembro, mais uma cerimônia coletiva, a terceira, de casamentos gays.
O TJ vai incentivar seus servidores homossexuais a participarem com seus parceiros.

Manguinhos
O que se diz por aí é que, com um só tiro da desapropriação da refinaria, Cabral pegou o maior fora da lei de Manguinhos.

Bolão do Gois VII
Para o presidente do TJ do Rio, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, o assassino de Max é... Santiago.

Casa Cor
Sobre a nota da vovó que caiu numa escada do Casa Cor, no Rio, e quebrou o braço, a direção do evento diz que um vigilante e uma funcionária acudiram a idosa "imediatamente’,’ mas "o oferecimento foi recusado”!

Oi, oi, oi
De Diogo Nogueira ao saber que acabaram os ingressos para seu show, hoje, em Porto Alegre, na mesma hora de "Avenida Brasil”: "Carminha sambou”
É. Pode ser.

No mais...
Tchau, tchau, tchau.

Quem tem medo da inflação? - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADÃO - 19/10


Estimulada pela presidente Dilma Rousseff, aplaudida por muitos empresários e criticada por outros como insuficiente, a redução dos juros básicos parece ter chegado a um limite, pelo menos por enquanto. A economia brasileira funcionará por longo tempo com taxa básica de7,25% ao ano, a julgar pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem. Cinco dos oito membros do comitê votaram pelo corte. Segundo eles, “o cenário prospectivo para a inflação ainda comportava um último ajuste nas condições monetárias”. A palavra “último” é uma indicação preciosa, de um tipo muito raramente incluído nos comunicados do Copom ou nos pronunciamentos de qualquer diretor do Banco Central (BC). O texto menciona, ainda, a intenção de manter as atuais condições por um período “suficientemente prolongado” para garantir a convergência da inflação para a meta, isto é, para 4,5%.

Predominou, portanto, uma opinião um tanto otimista. Segundo essa opinião, os aumentos de preços nos últimos meses foram causados basicamente por um choque de oferta de alimentos, decorrente da seca nos Estados Unidos e de problemas em algumas áreas produtoras do Brasil. Essas condições serão superadas e, além disso, a maior parte das economias desenvolvidas ainda crescerá muito lentamente por um bom tempo. A crise prolongada terá efeitos desinflacionários no mercado global. Como complemento, a taxa neutra de juros, em queda há alguns anos, deverá continuar caindo no Brasil. A taxa neutra é aquela compatível com um crescimento econômico razoável sem geração de pressões inflacionárias.

Para alguns analistas, no entanto, é um erro perigoso atribuir a inflação dos últimos meses unicamente, ou quase, a um choque de oferta no mercado de alimentos. Esses analistas apontam a demanda como um fator importante, sustentado pelo alto nível de emprego, pela massa de rendimentos ainda bem maior que a de um ano antes e pela ampla oferta de crédito. Mais de 60% dos itens cobertos pelas pesquisas de inflação têm subido e isso confirma claramente uma ampla contaminação de preços. Além do mais, o encarecimento dos serviços é normalmente um indício de pressão de demanda.

Esse tipo de risco foi levado em conta, segundo a ata, pelos três diretores contrários ao novo corte de juros. Além disso, estímulos monetários e fiscais já em vigor seriam suficientes, segundo argumentaram, para movimentar a economia. Esses efeitos, como se observa na ata, são defasados e cumulativos.

A ata resume as informações discutidas nos dois dias de reunião do Copom e tomadas como referências para a decisão sobre os juros. Várias dessas informações justificariam uma atitude mais prudente. O texto menciona a oferta apertada de mão de obra, o alto nível de utilização da capacidade instalada e a considerável expansão do comércio acumulada em 12 meses, até julho – de 7,5% para o varejo “simples” e de 5,9% para o varejo ampliado, isto é, com inclusão de veículos e componentes.
De modo geral, o Copom parece dar pouca importância ao evidente descompasso entre o crescimento da demanda interna – principalmente de consumo – e a expansão da oferta industrial. A diferença se traduz no aumento da importação, um claro amortecedor das pressões inflacionárias. Por enquanto, os incentivos concedidos tiveram efeito muito limitado sobre a produção industrial.

É necessária uma dose considerável de otimismo para apostar num reequilíbrio do mercado interno dentro de um prazo razoável. Para este ano, pelo menos, as projeções de comércio exterior divulgadas pelo BC estão longe desse otimismo. Até agora, nada justifica, nos cenários do próprio Copom, um otimismo maior em relação ao comércio no próximo ano.
A atitude da presidente e de seus ministros econômicos em relação a incentivos, preços, proteção comercial e juros tem sido claramente voluntarista. Haveria menos motivos para preocupação se pelo menos os dirigentes do BC se mostrassem imunes a esse voluntarismo. Mas tem sido e continua sendo muito difícil acreditar nessa imunidade.

Virgindades em leilão - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 19/10


Espero que os preços baixem, haja liquidações pelo Natal e que a oferta seja mais abundante



Faz tempo, em 1997, escrevi uma crônica sobre um caso que agora se repete em escala mundial.
"Tinha de acabar assim: Em Minas, uma virgem ofereceu-se por R$ 350 -preço até exagerado, pois em Minas e em outras paragens, há virgens que se dão de graça, por amor à arte.
Afinal, há discreto comércio de rins, fígados, olhos, pâncreas, piloro (não tenho certeza se vendem piloros no mercado, mas um dia chegaremos lá). Nada de admirar que uma donzela mineira, e idônea ainda por cima, ofereça sua intacta membrana a potenciais consumidores de um artigo que tradicionalmente tem estoques regularizados.
Trata-se, pois de uma virgem idônea, de um hímen idôneo, o que leva à suposição de que existam virgens e himens não idôneos. Apresentado o produto, analisemos o preço. A moça não fez qualquer tipo de pesquisa mercadológica nem consultou o Procon, o Banco Central, o Ministério da Fazenda ou Receita Federal. Chegou ao preço por conta e necessidades próprias.
Sabe-se, em sã doutrina, que o preço é formado pelos custos da matéria-prima, da mão de obra, dos transportes e embalagens, dos impostos e da taxa de lucro que compense o investimento global. A moça de Minas esnobou esta cadeia de fatores e se fixou naquilo que os economistas de boa cepa denominam de 'cifra final'. Evidente que se trata de artigo não tabelado, isento de taxas e impostos. E -o que é mais importante- ainda não faz parte da cesta básica -o que garante que o preço do seu hímen não terá influência no cálculo da inflação do mês em curso.
Há gosto para tudo, diria Machado de Assis. Inclusive para cobrar dos jornais mais detalhes sobre a transação: a moça aceita cheque pré-datado, facilita em duas ou três suaves prestações mensais, aceita cartão de crédito? Enfim, falando em nome dos interessados, não no hímen da moça, mas na integridade da informação, exige-se que esses dados sejam honestamente apurados e depois serenamente analisados pelos formadores de opinião.
Que se ouçam as classes dirigentes, ouça-se o clero, as lideranças do Congresso e sindicalistas. Que o governo, sem mais tardança, congele o preço do produto antes que os açambarcadores, os tubarões da economia popular, ganhem novo e surpreendente pretexto para suas ganâncias e seus desenfreados apetites."
O tempo passou e temos agora uma virgem de Santa Catarina oferecendo sua virgindade (ela não garante um hímen idôneo, mas foi examinada por um ginecologista). Na internet se chama Catarina, na realidade, seu nome é Ingrid e seu preço está em aberto: no fundo, é um leilão para ver quem dá mais.
Os últimos lances já chegam a US$ 255 mil e há interessados até na Indonésia. Há um corretor nisso tudo que pensou até num detalhe importante. Para evitar processos de prostituição existentes em diversos países, o bem só poderá ser consumido dentro de um avião, em espaço aéreo internacional.
Uma boa dica para bicheiros e para o pessoal da Ação Penal 470 fazerem suas operações sem infringir qualquer legislação terrestre -embora o douto ministro Joaquim Barbosa possa invocar precedentes e jurisprudência que certamente serão negados pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Resta saber quais os clientes-alvo de tão precioso produto -seja ele idôneo ou não. Em apressada análise de marketing, podemos descartar dos consumidores de hímen as crianças de até dez anos e os idosos de mais de 90 -admitidas as nobilíssimas exceções tanto numa como noutra ponta da corda etária.
Para diversificar: o russo Alexander Stepanov, de 23 anos, também resolveu vender sua virgindade. Já tem um lance de US$ 1.300, ainda é pouco. Detalhe: o consumidor é obrigado a usar camisinha, é proibido de realizar fetiches agressivos ou usar brinquedos sexuais. Beijar na boca nem pensar.
O rapaz garante que não é homossexual nem homofóbico. Pessoalmente, não estou interessado em nenhum dos dois casos.
Como em outras ocasiões, espero que os preços baixem, haja liquidações pela proximidade do Natal e que a oferta seja mais abundante e próxima.

Para Brasil! Feriado Nacional! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 19/10


E o Kassab devia ter ganho o Prêmio Nobel de Química: conseguiu transformar a cidade num cocô! Rarará!



Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Para tudo! É hoje! Feriado Nacional! Se você sair com uma metralhadora às 21h atirando pra tudo quanto é lado, não vai acertar ninguém! Nem carro! Hoje você pode atravessar a rua de olho fechado! Se for atropelado, é azar! Tudo culpa da Rita!
E diz que a minha ídala Suelen tá grávida do Cadinho. Deu um cadinho pra um, um cadinho pra outro. E acabou grávida da humanidade. Do Universo. Gravidez cósmica! E o triângulo Roni-Suelen-Leandro? O povo diz que casal tem que ser de dois. Pois eu conheço um casal de três que goza por quatro!
E diz que o Santiago abusou sexualmente da Carminha na infância. Credo, então é PAIDÓFILO! E o castigo pra Carminha seria a trancarem numa sala ouvindo as musiquinhas de confronto entre Serra e Haddad!
Eu já disse que o Max se matou. Não aguentava mais ouvir OiOiOi! Mas como disse aquele cara do
Twitter: "quem matou o Max foi: Gusttavo Lima e você!". Rarará!
E o Kibeloco revela o que matou o Max. 1) A fila de espera do SUS. 2) Jogar altinho na beira da praia de Ipanema. 3) Torcer pelo Palmeiras. 4) Bala perdida na Linha Vermelha. 5) A estagiária de enfermagem que injetou Nescau na veia dele! OiOiOi. Ops, FOiFOiFOi!
E como diz uma amiga: "se hoje, às 21h, eu ficar presa no trânsito e ouvir aquela musiquinha, OiOiOi, eu mato um". Ops, mais um!
TELÃO NAS MARGINAIS! Kassab, coloca telão nas marginais. Aliás, o Kassab devia ter ganho o Prêmio Nobel de Química: conseguiu transformar a cidade num cocô! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Direto de Salvador: "PT vai instalar telão pra exibir 'Avenida Brasil' no comício de Dilma". A Bahia sempre em festa! Já tô imaginando os gritos: "Quem matou a porra desse branquelo?". "Quem matou o Max foi a Cláudia Leitte." "Não precisa contar hoje, calma! Ô povo estressado esse da Globo." Rarará!
Quem tentou matar o Max foi o ACMeio Neto, mas como ele não alcança, só chutou o saco! E uma vez o Alckmin foi fazer comício na Bahia, quando uma mulher gritou: "Quem é essa garça de lagoa?". Rarará! E este seria um grande segundo turno: Dilma X Carminha!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O já famoso Estoura Brasil!

Buscando respaldo - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 19/10


Não há dúvida de que o ministro relator Ricardo Lewandowski, alterando seu voto para absolver vários réus que já havia condenado por formação de quadrilha, deu coerência à sua decisão, anunciada ontem, de não considerar que houve formação de quadrilha em relação também aos núcleos político, empresarial e financeiro do mensalão.

E ele, ao valer-se dos votos das ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia para basear o seu, também se respaldou na posição de colegas que não seguem a maioria de seus votos, dando assim um toque de isenção à sua atuação de ontem. Na verdade, tanto essa questão quanto a de lavagem de dinheiro são acusações acessórias que estão muito discutidas neste julgamento do Supremo Tribunal Federal, e uma definição do plenário da Corte deve balizar as decisões de outras instâncias.

São mais importantes nesse sentido, de ditar caminhos futuros, do que especificamente neste julgamento, que já teve seus principais objetos — corrupção ativa e passiva, peculato — definidos.

É claro que uma condenação por um crime a mais sempre é prejudicial a um réu, e exatamente por isso o revisor insinuou no seu voto que o procurador- geral da República havia imputado a réus o crime de formação de quadrilha com o intuito único de agravar as penas. Caso sejam condenados por "formação de quadrilha", eles só terão as penas acrescidas se a condenação for pela pena máxima de três anos. Se a condenação for pela pena mínima, de um a dois anos, o crime já estará prescrito. A condenação teria assim sentido apenas simbólico.

"No campo criminal não se admite generalizações para enquadrar determinado comportamento, como também não se aceita analogia", advertiu o revisor. Ele se baseou na tese de Rosa Weber, que havia defendido anteriormente que o delito de formação de quadrilha "tem a perturbação da paz pública, a quebra do sentimento geral de tranquilidade e sossego como fins".

Para ela, o que a lei procura é "evitar a conduta que viabiliza sociedades montadas para o crime — grupos montados para roubar, falsificar, extorquir...". As duas juízas bateram-se no mesmo ponto: as quadrilhas devem sobreviver dos produtos de seus crimes, o que não era o caso. Cármen Lúcia e Rosa Weber alegaram em seus votos que a formação de quadrilha ou bando se define pela associação permanente para a prática de crimes. Segundo Rosa Weber, o que caracteriza esse tipo de crime "não é a perturbação da paz pública em si", mas a decisão "de sobreviver à base dos produtos auferidos em ações criminosas indistintas".

Acompanhando a divergência, a ministra Cármen Lúcia disse que o que caracteriza o crime de quadrilha é a prática de "crimes em geral, o que não vislumbrei". Para ela, a acusação do Ministério Público de que o esquema previa "pequenas quadrilhas com outras quadrilhas" não convence, e o que houve foi "reunião de pessoas para práticas criminosas, mas para atender a vantagens especificas de alguns réus, e não para atingir a paz social".

Essa definição restrita à letra da lei dificulta muito a definição do que seja a formação de quadrilha, pois há entre os ministros quem veja nessa associação criminosa ameaça à paz pública, sim, pois o projeto tinha por meta superar a separação de poderes que caracteriza uma sociedade democrática, tornando o Legislativo subordinado ao Executivo.

O próprio ministro Ayres Britto, presidente do Supremo, retificou uma definição que dera anteriormente. Ao se referir ao que aconteceu no mensalão como um golpe no sistema democrático, ele parecia ter dado uma dimensão institucional ao seu voto, mas esclareceu que usou o termo no sentido de "atingir" a democracia.

O ministro Luiz Fux, que seguiu o relator na primeira votação sobre quadrilha, declarou em seu voto que via a reunião permanente dos membros dos diversos núcleos como característica de uma quadrilha.

O caso do chamado núcleo político do PT é diferente do anterior, no qual os políticos da base aliada, de diversas legendas, apanharam dinheiro na boca do caixa. Não seria uma incongruência, portanto, se ministros que não classificaram de quadrilha a formação anterior identificassem neste item a existência desse crime.

Mas o que o revisor Ricardo Lewandowski tentou ontem foi amarrar definitivamente os votos das ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia.

A culpa é nossa - NELSON MOTTA

O GLOBO - 19/10


Nossos representantes no Congresso não querem uma reforma eleitoral de verdade porque se beneficiam do atual sistema: os elegemos, pagamos a conta e eles racham o butim.


Todo político flagrado com a mão na massa de dinheiro sujo tem sempre a mesma resposta: a culpa é do sistema eleitoral. É como se eles fossem obrigados a agir contra seus princípios para não ficar em desvantagem com os adversários. Porque os políticos dependem das empresas que financiam as campanhas e, naturalmente, esperam retorno para seus investimentos. Agora eles se apresentam, como fez o incrível José Roberto Arruda, como vítimas de um sistema eleitoral perverso.

A única solução para acabar com a corrupção eleitoral e o caixa dois, eles clamam, é o financiamento público das campanhas. Não contentes em já abocanharem fundos partidários milionários bancados com dinheiro público e de desfrutarem do valioso tempo do horário eleitoral “gratuito”, mas pago pelo contribuinte às emissoras de rádio e TV, ainda acham pouco. Sob o pretexto de democratizar a disputa, querem que todas as despesas das campanhas sejam pagas por nós — e distribuídas pelos critérios deles.

Nossos representantes no Congresso não querem uma reforma eleitoral de verdade porque se beneficiam do atual sistema. Ninguém quer perder nada do que já tem e todos querem ganhar em cima dos outros. Como a culpa é nossa, porque os elegemos, pagamos a conta e eles racham o butim.

Basta ver o que eles fazem com as verbas de gabinete na Câmara e no Senado, com suas manadas de assessores e cupinchas, seus gastos em publicidade, suas viagens, suas lambanças na vida pública e na privada.

Quem vai acreditar que esse pessoal não vai mais usar dinheiro ilegal em suas campanhas? Só o medo do Supremo Tribunal Federal não vai desencorajá-los.

O insuspeito ministro Dias Toffoli, que durante anos atuou no PT e em campanhas eleitorais, apresentou uma boa solução, com sólidos argumentos: simplesmente proibir doações de pessoas juridicas para campanhas eleitorais. Porque empresa não vota ! Os eleitores são os cidadãos, as pessoas fisicas, os individuos, que tem seus candidatos, partidos e interesses, então cabe a eles contribuir para as campanhas, dentro de rigidos limites individuais que impeçam abusos do poder economico.

Sem Carminha, viva as mil e uma noites - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


O Estado de S.Paulo - 19/10



Isolo-me em uma mesa do bar Vianna, vizinho à minha casa, e ali ninguém me incomoda, fico o tempo que quiser, indiferente às conversas, gritos, falas, barulhos, tomando um chope black de espuma densa. Leio jornais, levo livros, escrevo. As pessoas ficam assombradas ao me ver escrevendo à mão em cadernos. Semana passada, terminado parte do julgamento do mensalão, sentei-me e mergulhei na tristeza. Porque, à medida que os juízes desfilavam a enorme patranha organizada pelo PT, fui pensando que Dirceu, Genoino e Delúbio venderam um de nossos sonhos mais caros, o da mudança do Brasil, da ética, de um Brasil melhor. É grave quando as pessoas têm seus sonhos estilhaçados e suas esperanças e utopias vendidas, desfeitas. Um bando de Carminhas e Max sem escrúpulos e sem pudor. E o ex-presidente em quem votei duas vezes dizendo: nada existe, é farsa. Nessa hora lembrei-me daquele personagem do Jô Soares que repetia o bordão, tornado célebre: "Tem pai que é cego". Diz o provérbio: pior cego é o que não quer ver. Mais triste fiquei ao pensar que tantos jovens que seguiram Dirceu e Genoino, numa época mais honrosa e idealista, ficaram à beira do caminho, morreram nas prisões, desapareceram, foram torturados, exilados.

Salto para coisas mais agradáveis. Mergulho na fantasia. Ainda que o mensalão nos pareça uma impressionante fantasia criada por mentes sórdidas. Salto para dentro do quarto e último volume do Livro das Mil e Uma Noites, na tradução digna, honesta, poética e gigantesca de Mamede Mustafa Jarouche. Há sete anos saiu o primeiro volume. Do segundo, tive a honra de participar (sem medo do clichê), porque escrevi o texto da quarta capa. Os outros textos foram escritos por Milton Hatoum, Ferreira Gullar e Alberto Mussa; um privilégio tal companhia.

O Livro das Mil e Uma Noites faz parte da minha história de vida e formação. Desde os 6 anos, quando aprendi a ler, meu pai e minhas professoras Lourdes e Ruth me davam pequenos livros da editora Melhoramentos que traziam as histórias de Aladim, Ali Babá, o Mercador e o Gênio, Simbad, o Marujo e outras. Um dia, meu pai apareceu com uma edição das Mil e Uma Noites, na tradução de Galante, se não me engano. Um deslumbramento. Ali estava reunido tudo: califas, sultões, belas princesas, grutas tenebrosas, bruxas, feiticeiras, duendes, gênios, lâmpadas, vizires, tapetes voadores, fadas, anões, aventureiros, salteadores, ladrões, mágicos, gigantes, castelos, portas falsas, quartos onde era proibido entrar, tesouros escondidos, baús repletos de ouro e joias.

Aquele livro desencadeou um imaginário avassalador. A vida nunca mais foi a mesma. Por trás da realidade havia um mundo oculto e encantado onde tudo era possível. Nele eu podia me refugiar das dores e mazelas da vida real, da pobreza, das notas baixas na escola. O cotidiano era um conjunto de momentos pobres, prosaicos, pífios. Daqueles livros mergulhei em outros que me conduziram aos saltos para a realidade, o palpável, ao meu entorno concreto.

Quando nos anos 70 todos tomavam drogas, LSD e outras pílulas, eu dizia: "Já vivi tudo isso. Já li as mil e uma noites". Eram sensações idênticas, porque tanto as histórias como as químicas nos levavam para fora deste mundo rotineiro e insensato. Nesta mesa do Vianna penso em Jarouche traduzindo, viajando, buscando manuscritos, compêndios, num trabalho fanático, porque somente um fanático obsessivo faria o que ele fez, para nos devolver a riqueza do Livro das Mil e Uma Noites, destroçado por traduções censuradas, castradas, hipócritas, moralistas. Tive uma surpresa. Até dom Pedro II foi um dos tradutores desta Avenida Brasil milenar e oriental em suas idas e vindas, voltas e reviravoltas, surpresas e safadezas.

Pensar que nenhuma tradução jamais falou no "manjericão das pontes", que toda mulher tem, e todo homem cobiça. Ou o sésamo descascado. Ou a pensão de Abu Masrur. Jarouche nos desvendou um mundo de fascínio, desejo, aventuras, loucuras, medo, terror, mortes, festas, mistérios, banquetes opíparos (sempre quis usar esse termo). Há no livro apenas mil noites. Ou a última nós é que a escrevemos, descrevemos, sem Sherazade, ou na verdade Sahrazad? Este livro chega na hora exata para preenchermos o vácuo que virá com as noites sem gente esplêndida como Adriana Esteves, Marcos Caruso, Murilo Benício, Eliane Giardini, Heloisa Perissé. Chega de novelas, dediquemo-nos à boa leitura.

NOVA PINTURA - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 19/10

A equipe de Dilma Rousseff já fala abertamente em reforma ministerial depois das eleições. É quase um consenso que a presidente deve aumentar a presença de mineiros no governo, seguindo a política de fortalecer os adversários de Aécio Neves (PSDB-MG) em seu Estado. Com a eventual derrota de José Serra em SP, ele despontará como um dos principais presidenciáveis para 2014, contra a reeleição de Dilma.

NOVO AMIGO

É certo também que o PSD, partido de Gilberto Kassab, ganhará um ministério. Embora tenha apoiado Serra em São Paulo, o prefeito é aliado do governo Dilma no Congresso Nacional.

GRUDADOS

Se em São Paulo, por sinal, o PT critica Kassab sem tréguas, em Campinas (SP) se alia ao PSD em torno da candidatura petista de Márcio Pochmann.

O adversário comum dos dois partidos, na cidade paulista, é Jonas Donizette, do PSB, que conta com apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

EM CASA

Já o PMDB de Gabriel Chalita, que anunciou apoio a Fernando Haddad (PT) para prefeito no segundo turno em SP, deve ganhar bons espaços na administração municipal, caso Haddad vença a disputa com Serra.

LU PATINADORA
J.R. Duran

Nathalia Dill, a Débora de "Avenida Brasil" (TV Globo), é capa da próxima edição da revista "Bodytech". No ensaio, ela posou de patins. Por causa da novela, Nathalia conta que parou a malhação e se dedicou somente ao tecido acrobático, esporte de sua personagem.

BONITÃO DO BAILE

O deputado e presidente do PTB paulista, Campos Machado, que passou a apoiar José Serra (PSDB-SP) após a derrota do aliado Celso Russomanno (PRB-SP), agendou encontro entre o tucano e as "misses da terceira idade" durante concurso de beleza promovido pela Associação Brasileira dos Clubes da Terceira Idade. Ao ver a agenda, Campos brincou: "Será que vão beijá-lo na boca?".

FORÇA, TOMIE

A artista plástica Tomie Ohtake, 98, foi internada com princípio de pneumonia no começo da semana. Médicos dizem que ela já está melhor e deve ter alta hoje.

WAGNER COM PIPOCA

Wagner Moura estará hoje à noite na Cinemateca Brasileira de São Paulo. O ator apresentará ao público o filme "A Busca", de Luciano Moura. Será a primeira exibição do longa protagonizado por ele e Mariana Lima na Mostra de Cinema de SP.

MULHERES DE NELSON

Deborah Secco voltará aos palcos paulistanos com a peça "O Casamento", de Nelson Rodrigues, em 2013. Viverá Glorinha no espetáculo com direção de Johana Albuquerque. Os ensaios começam em novembro.

AVENIDA BORGES

O pesquisador da USP Lucius de Mello escreveu um artigo sobre "a incrível intertextualidade" entre "Avenida Brasil" e um conto de Jorge Luis Borges chamado "Emma Zunz". Diz que as obras têm similaridades. Por exemplo: a personagem do conto, como Nina, vive entre Argentina e Brasil. Os pais das duas morrem de maneira misteriosa e elas buscam vingá-los.

O FIM DA AVENIDA

No final do conto, Emma mata o vilão com três tiros. "Vamos ver se a novela termina assim. Seria uma bela homenagem", diz Mello. João Emanuel Carneiro, autor da novela, não comenta.

MUITA PAZ

A atriz Gabriela Duarte e o arquiteto Isay Weinfeld foram ao aniversário de Bárbara Paz anteontem. A atriz e mulher do diretor Hector Babenco celebrou seus 38 anos ao lado de amigos como Jô Soares e Antonio Fagundes, na Vila Nova Conceição.

TERNURINHA

A cantora Wanderléa se apresentou em evento de uma relojoaria no shopping JK Iguatemi, na terça. O ator Lázaro Ramos estava lá.

CURTO-CIRCUITO

Georgiana de Moraes, Quarteto em Cy e Wanda Sá tocam no lançamento do centenário de Vinicius de Moraes, no Memorial da América Latina. Livre.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, foi eleito pela Câmara de Comércio Brasil-França "Personalidade do Ano 2012". Recebe o título no dia 6, em Paris.

"Kátia, o Filme", sobre a primeira transexual vereadora do país, será exibido hoje, às 21h, no MIS. Livre.

Dois alunos do projeto Guri estão em Nova York fazendo aulas de música na Juilliard School.

Os atores da vida - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 19/10


Assim como na tevê, a política tem lá seus personagens e seus enredos em que, a cada momento, uns atores caem outros ascendem. Nesses últimos capítulos da eleição municipal e do julgamento do mensalão, todos usam as pesquisas para fazer as suas apostas de quem sobe e quem desce da mesma forma que os noveleiros palpitarão hoje durante todo o dia sobre quem matou Max, na trama de Avenida Brasil.

E, nesse sobe e desce eleitoral, vários atores ganham ares de novidade para o futuro, para fazer parceria ou ser adversário daqueles que já estão por aí. No Paraná, surge Gustavo Fruet (PDT), que ontem apareceu à frente de Ratinho Júnior (PSC) nas pesquisas. E, por incrível que pareça, daqui a dois anos, tudo indica que ele apoiará um nome do PT ao governo do estado, seja a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ou o marido dela, o titular das Comunicações, Paulo Bernardo. Em Campinas, Márcio Pochmann, do PT, e Jonas Donizete, do PSB, surgem como apostas para reforçar a oposição a Geraldo Alckmin, do PSDB. Em Fortaleza, PT e PSB também têm um embate que indica uma briga futura entre os dois partidos no estado.

Quanto aos antigos, se as pesquisas estiverem corretas, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB) voltará com ares de quem derrotou não apenas a adversária, Vanessa Grazziotin (PCdoB), como a presidente Dilma Rousseff, que pisará na cidade para apoiar a aliada. Ou seja, os tucanos, depois de perderem feio por lá na última eleição, ganham um ponto de apoio.

Mas, se Arthur Virgílio é considerado quem se sai melhor em Manaus, não dá para deixar de lembrar que um ator renovado nesse enredo eleitoral — a se confirmarem os resultados das pesquisas de São Paulo — será o ex-presidente Lula. Nos bastidores, até mesmo aliados de José Serra citam que os debates serão cruciais para Serra tentar evitar que Lula leve o troféu de vencedor, exatamente por abrir espaço ao novo, como Fernando Haddad. Esses mesmos aliados de Serra consideram muito difícil que o tucano consiga, porque acreditam que, em solo paulistano, o desgaste de material hoje é mais do PSDB, que comanda o terreno há tempos, do que do PT.

Por falar em PT…

A ascensão de Haddad nas pesquisas paulistanas tem servido ainda para fazer com que vários atores mantenham a cautela em relação a movimentos mais ousados neste momento. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, embora hoje mais afastado do PT do que nunca, faz questão de se referir a esse distanciamento como uma temporada passageira, mantendo as disputas de 2012 restritas ao campo municipal. Faz isso porque sabe que, se houver uma vitória de Haddad em São Paulo, os petistas terão aí uma espécie de seguro eleitoral rumo a 2014.

Se o afastamento definitivo vier, dependerá mais dos próximos capítulos. Não é possível, do ponto de vista dos aliados, que o PT não saiba ser “grande na vitória”, em vez de se organizar para administrar as cidades que vencer — e também o país que já governa — perder tempo com vendetas por conta do processo eleitoral ou mesmo do julgamento do mensalão.

Aliás, do ponto de vista dos aliados — inclui-se aí o PMDB —, é hora de o PT saber reaproximar e reaglutinar forças. E, em busca dessa base sólida para 2014, dia 29 deste mês caberá aos petistas começar a buscar essa recomposição. Afinal, vinganças e jogos rasteiros pegam bem em novelas. Na vida real, a batida é outra.

Por falar em base…

O PP tem razão em ficar preocupado com o Ministério das Cidades. O PMDB, que sempre quis um espaço maior no governo, olha com ares de desejo para a pasta, embora a presidente Dilma Rousseff continue fechada em copas sobre as mudanças que pretende fazer no governo. Os peemedebistas, por sinal, têm eleições internas a partir de novembro e, em março, cuidarão da nova comissão Executiva Nacional. Bem… Nem tão nova assim. A tendência é reeleger Michel Temer presidente, mantendo o senador Valdir Raupp no posto de primeiro vice. Assim, Temer se licencia e Raupp segue no comando. No PMDB, os atores continuam os mesmos.

Não é quadrilha? - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 19/10



Crime um tanto estranho, o de formação dequadrilha. No Código Penal, inclui-se entre os "crimes contra a paz pública" e é definido de modo muito breve.

"Associarem-se mais de três pessoas, emquadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes." A pena é de reclusão, de um a três anos.

Revisor inocenta 13 réus de formação de quadrilhaRelator diz que Dirceu comandava mensalão e indica condenação por quadrilha
Relator do mensalão condena Dirceu e mais 10 por formação de quadrilha
'Eu já fui julgado', diz Lula sobre mensalão na Argentina

Marcos Valério e seus sócios, José Dirceu e outros petistas, Kátia Rabello e outros membros do Banco Rural foram acusados de formação de quadrilha pelo Ministério Público, e este item começou a ser analisado nas duas últimas sessões do julgamento do mensalão.

Para Joaquim Barbosa, não havia muito segredo. Seu voto foi longuíssimo, mas na verdade consistiu em rememorar todas as atividades, obviamente feitas em conjunto, dos vários acusados.

O revisor Ricardo Lewandowski tinha então de cumprir o seu papel, o de oferecer uma perspectiva diferente do processo.

Fez mais do que isso, entretanto, e tornou-se revisor, não apenas de Barbosa, mas de si mesmo. É que ele já tinha condenado por formação de quadrilha alguns réus do mensalão, como Valdemar Costa Neto, Jacinto Lamas e Pedro Corrêa.

Tinha até sido bastante severo com alguns dos réus, admitindo que, mesmo com apenas três acusados no processo em julgamento, e não quatro, como prevê a lei, cabia falar em "quadrilha". É que naquele caso específico o "quarto elemento", por assim dizer, respondia a processo em outra instância.

Ontem, Lewandowski mudou de opinião. É que resolveu levar em conta dois votos pronunciados depois do seu, quando se analisou o caso dos deputados do PL e do PP.

As ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia consideraram que o termo "quadrilha" estava sendo mal aplicado.

Quadrilha, disse Rosa Weber, é uma associação permanente com o propósito de cometer crimes. Seus membros vivem dessa atividade. Outra coisa é um grupo de pessoas associar-se para cometer um crime específico. Vá lá, mais de um, eventualmente.

Nesse caso, teríamos co-autoria, mas não quadrilha. É, para usar o latim, uma "societas in crimine", e não uma "societas delinquentium", uma "societas sceleris".

Lewandowski observou, como sempre "com todo o respeito", que o Ministério Público adquiriu o hábito de invocar o crime de "formação de quadrilha" a todo momento, talvez como forma de aumentar as penas dos acusados.

No caso dos políticos da base aliada, a tese de que eram inocentes do crime de quadrilhaterminou minoritária no STF. Pedro Corrêa e Jacinto Lamas foram condenados por 7 a 3 (6 a 4, agora, com a mudança de Lewandowski). O caso de Valdemar Costa Neto passa a marcar empate de 5 a 5.

A questão é saber se Marcos Valério, Delúbio ou Dirceu se associaram apenas para cometer crimes específicos, ou se tinham um propósito estável e permanente em sua atuação, tornando-a quase um modo de vida.

Vale dizer, mas é sempre subjetiva a resposta a esta pergunta: iriam contentar-se com a obtenção de apoio parlamentar na reforma tributária ou previdenciária? Ou continuariam atuando indefinidamente?

Segunda-feira, o tribunal dará sua resposta.

Elétricas no escuro - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 19/10

Na ponta do lápis, foram 33 dias. Mas, excluindo os finais de semana e um feriado, as empresas de energia elétrica tiveram 22 dias úteis para dizer ao governo se aceitam as novas regras do setor. São contratos de 20 anos e 30 anos de duração. Detalhe: o novo modelo não está definido porque a Medida Provisória 579 precisa ser aprovada pelo Congresso e recebeu mais de 400 emendas.

As empresas estão sendo obrigadas a decidir no escuro. Elas não sabem qual o valor da tarifa que poderão cobrar a partir de janeiro de 2013 e não sabem por quanto serão indenizadas por investimentos feitos. Isso está sendo decidido pela Aneel, a portas fechadas. O normal seria realizar audiências públicas, com a divulgação da metodologia e prazo para questionamentos. O processo que poderia levar um ano está sendo conduzido a toque de caixa e vai durar dois meses.

O governo comemorou a alta adesão das empresas. A participação foi de mais de 90%. Elas tinham até segunda-feira para encaminhar uma carta de intenção à agência reguladora sobre se desejam ou não antecipar a renovação dos contratos. Mas o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, explica que não é bem assim.

- Elas encaminharam as cartas mas com condicionantes. Enviaram com medo porque não sabem o valor das tarifas nem das indenizações. Esses valores serão divulgados em novembro e elas terão até dezembro para assinar ou não os contratos. É isso que vai valer, de fato. Até agora, é só intenção - disse Sales.

João Carlos Mello, presidente da consultoria Andrade & Canellas, especializada em energia, diz que o setor está receoso pela rapidez com que o processo está sendo conduzido mas também pela abrangência. Alguns contratos de concessão venceriam em 2013 mas o governo antecipou contratos que só venceriam em 2015, independentemente de ser de geração, distribuição ou transmissão:

- Algumas concessões de distribuição vencem em janeiro de 2013, mas isso todo mundo sabe há 20 anos. O governo juntou tudo em um pacote, antecipando o que venceria em 2015. Então 2015 passou a ser 2013 para todos.

Quem não quiser aderir ao novo modelo seguirá com o contrato atual até 2015. Quando ele vencer, o governo fará um novo leilão. Até aí, tudo bem. O problema é que em entrevista ao "Valor", no início do mês, o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, disse que essa empresa pode ser impedida de participar da licitação.

"Podemos colocar uma regra sobre isso no edital. Se a empresa não aceitou aquela proposta, pode-se entender que ela a considera inviável", disse Hubner na entrevista do dia 3 de outubro.

Esta semana, o advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, afirmou que o leilão será para todos. É nesse ambiente de incerteza regulatória que as empresas estão tendo que decidir se aderem ou não ao novo modelo.

Esse é só um dos motivos da queda forte das ações na bolsa. Os investidores também fazem projeções sobre a redução da receita das companhias.

- A instabilidade é grande. Investidores internacionais dizem que gostam muito do Brasil mas que não vão mais colocar dinheiro em infraestrutura. Se aconteceu com a energia, o que garante que não acontecerá com outros setores? - disse Sales.

A decisão de atacar custos empresariais e das famílias com a conta de luz é muito boa. O governo tem que evitar estragar uma boa ideia ao executá-la de forma apressada, com o risco de rasgar contratos ou criar insegurança. Os apagões que aconteceram recentemente servem para nos lembrar que energia cobra a conta se não houver manutenção e investimento adequados.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 19/10


Novas farmacêuticas acirram busca por CEOs
A criação de novas empresas farmacêuticas neste ano, como as gigantes BioNovis e Orygem Biotecnologia, acirrou a busca por executivos especializados para comandarem os laboratórios.

Na consultoria de recursos humanos Michael Page, o setor de cuidados com a saúde, que reúne farmacêuticas, planos de saúde, hospitais e equipamentos, recrutou 50% a mais de profissionais neste ano, ante 2011.

Na Fesa, também especializada em recrutamento, a procura por esses executivos começou a aumentar há dois anos, segundo André Pasternak, sócio da companhia.

Por a indústria farmacêutica ser muito especializada, as empresas focam em profissionais vindos do próprio setor para assumirem os cargos de presidência.

"É uma área altamente regulamentada e que demanda um conhecimento técnico para definir a estratégia de posicionamento perante a Anvisa. A alta incidência de farmacêuticos vem se fortalecendo", diz Pasternak.

Segundo Alfredo Assumpção, CEO da Fesa, a indústria "não é tão grande, mas precisa de especialistas com formação, de preferência, em farmácia ou medicina e especializados em gestão".

"A formação técnica é grande um diferencial, mas quase não se encontram profissionais com esse perfil. O que sempre se procura é alguém acostumado com um mercado que tem tantas regras específicas. Caso contrário, a demanda da curva de aprendizado é muito grande", afirma Raphael Revert, da Michael Page.

EMPRESÁRIO PENALIZADO
O ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr. vai anunciar na semana que vem uma parceria de seu escritório com a banca CAZ Advogados, de Helena Lobo da Costa e Marina Pinhão Coelho Araújo.

Para o professor da USP, códigos de conduta, que são importantes e devem ser rigorosos, têm se voltado contra a direção das empresas.

"Esses códigos e o 'compliance' [área que zela pelo cumprimento de normas internas e legislação] se transformaram em coqueluche nas empresas", diz.

"Em caso de delito, se há 'compliance', considera-se que o empresário é que não controlou devidamente. Ele passa a ser coautor do crime", acrescenta Reale Jr.

Essa penalização já ocorre na área ambiental, destaca. O novo Código Penal, como está atualmente, e em cuja aprovação o professor não acredita, vai nessa linha, considera ele.

O direito penal vira tábua de salvação.

"A primeira solução que surge é: 'vamos estabelecer responsabilidade penal', que é o último recurso."

Antes, há penas administrativas, lembra ele, como suspensão das atividades da empresa e proibição de contratação pelo poder público.

BIONEGÓCIO
Três anos após sua formação, a Fibria, empresa de fabricação de celulose de eucalipto, inaugurou ontem o Centro de Tecnologia (CT), em Jacareí, no Vale do Paraíba.

Além de investir US$ 20 milhões (R$ 40 milhões) no capital da norte-americana Ensyn para ter acesso a uma tecnologia que transforma biomassa em combustíveis renováveis, a empresa aportou R$ 8 milhões na construção dos laboratórios e na compra de equipamentos.

No CT serão feitos estudos em biotecnologia e biorrefinaria, incluindo pesquisas para identificar técnicas de manejo florestal e desenvolvimento de novos produtos.

Presidente... 
O presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, estará no Brasil na próxima semana para o Salão Internacional do Automóvel, que começa na segunda-feira.

...automotivo 
Essa será a primeira vez que o principal executivo da empresa participará do evento. Ele fará a abertura do estande da companhia na feira.

Pagamento 
A irlandesa Fexco, provedora de serviços de processamento de transações financeiras, inaugurou em São Paulo seu primeiro escritório da América Latina.

Ginástica 
A academia Reebok Sports Club, de São Paulo, está investindo R$ 10 milhões na expansão de suas unidades do shopping Cidade Jardim e da Vila Olímpia.

Moda... 
A fabricante de bonés americana New Era, em parceria com a Marc4, abriu nesta semana seu primeiro escritório e showroom no Brasil, na cidade de São Paulo. A empresa possui o licenciamento para produtos do UFC e de equipes brasileiras de futebol.

...na cabeça 
A empresa está presente em 1.200 pontos de venda no país, onde comercializa cerca de um milhão de bonés por ano. A expectativa é um crescimento de cerca de 70% neste e no próximo ano, segundo Christopher H. Koch, CEO mundial da New Era.

FUTURO NEGATIVO
O pessimismo dos consumidores alemães em relação ao futuro econômico do país chegou ao seu nível mais baixo desde o início de 2011.

É o que mostra um levantamento realizado pela GfK que mediu as expectativas econômicas de doze países da Europa.

O indicador elaborado pela empresa vai de -100 a 100 pontos, sendo que valores negativos indicam que a avaliação do consumidor está abaixo da média no longo prazo.

A Alemanha, que marcou três pontos positivos na última aferição, caiu para -17,3. Os índices mais baixos foram registrados em Portugal e na Espanha, com -57 e -52 pontos, respectivamente.