terça-feira, fevereiro 26, 2013

A arte de ser "ex" - ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

A renúncia de Bento XVI trará a novidade da figura de um ex-papa em nosso mundo. Até a expressão soa estranha. Fazem parte da vida contemporânea ex-presidentes, ex-primeiros-ministros e até ex-reis (como tantos destronados ao redor do planeta ou como Edward VIII, que abdicou do trono britânico para se casar com a plebeia Wallis Simpson). A partir de 30 de abril, data para a qual a rainha Beatrix da Holanda programou sua abdicação em favor do filho, teremos mais um caso. Para encontrar um ex-papa, no entanto, só retrocedendo aos confins da Antiguidade ou da Idade Média. Ex-papas não fazem parte do repertório dos nascidos nos últimos muitos séculos.

Perguntas que se impõem: que faz um ex-papa? Conseguirá ele "desencarnar" do cargo? Sentirá saudade do tempo em que reinou? Quererá influenciar o governo do sucessor? Abrigará o secreto (ou nem tão secreto) desejo de voltar ao posto?

Bento XVI de início se encaminhará, como prometeu, a uma vida de recolhimento. Os "ex", mesmo os mais poderosos, sempre começam a nova etapa com a determinação de afastar-se o mais possível dos encargos, pompas e atributos da antiga função. Imaginemos, no entanto, como exercício de ficção, que, não tarde muito, ele se entedie da nova vida. Resolve então fundar um instituto. Dá-lhe o nome de Instituto Bento XVI e nele montará um escritório, no qual se ocupará de uma densa agenda: audiências a bispos e cardeais, bem como a leigos de diversa extração (até mesmo chefes de estado); publicação de folhetos sobre as excelências de sua administração; organização de seminários sobre os rumos da Igreja e a sorte dos povos.

As audiências por vezes serão a pessoas com interesses em favores da burocracia vaticana, o que alimentará o rumor de que o "ex" continua a exercer direta influência nos rumos da instituição. Outras vezes, serão a ocupantes de altas funções no novo pontificado, os equivalentes a ministros num governo nacional, e aí será pior: dará a impressão de que a fidelidade professada por tais auxiliares ao "ex" é maior do que a devida ao atual ocupante do cargo. Bento XVI não se abalará. Suas atividades tomarão ritmo cada vez mais intenso, e às audiências ele acrescentará as conferências, as aparições públicas, o comparecimento a cerimônias oficiais. Situação mais equívoca ocorrerá se o conclave consagrar um candidato de currículo pobre e pouco peso político, eleito graças ao aberto empenho do antecessor. Dirão que Bento XVI foi capaz de eleger "um poste", o que não desagradará ao renunciante — muito pelo contrário — e aumentará seu prestígio sobre uma cada vez mais extensa base aliada de cardeais, bispos e párocos.

A certa altura o ex-papa sentirá saudade das viagens do período do pontificado, e quererá realizar "caravanas" ao redor do mundo para manter a chama de seu legado e a continuidade da luta em favor da Igreja e da felicidade dos povos. Percorrerá então as diversas dioceses, da Europa à Oceania, da Ásia às Américas, reunindo-se nas diferentes escalas com autoridades religiosas e civis e, em cada local, rezando missas campais e falando à massa de povo. Mais do que nunca, vai-se falar de governo paralelo. O sucessor se sentirá secretamente constrangido, mas afinal é o poste, e jurará sempre que Bento XVI só ajuda, com sua experiência e sua sabedoria.

Estará sempre na pauta a possibilidade de o ex-papa voltar ao cargo. Não se trata de especulação sem sentido, dada a desenvoltura com que se lança, seja a negociações de bastidores, seja a atividades públicas. Pode um renunciante aspirar a uma reeleição? Os doutos escarafuncham o direito canônico e concluem que nada o impede. Bento XVI insiste e repete que seu exclusivo propósito é garantir um bom governo ao sucessor, isso e nada mais, mas nunca afasta com todas as letras a possibilidade de voltar. Ela fica no ar, o que muito o satisfaz; é um modo de conservá-lo no jogo, e conservar-se no jogo é o objetivo que a cada dia, desde a primeira missa, na madrugada, até a última oração da noite, dá sentido e alento a seus dias.

O leitor sabe que a ficção aqui apresentada não tem nada a ver com o que se conhece e o que se espera de Bento XVI. Ele se retirará do mundo e será um ex-papa tão inativo quanto um papa morto. Mas tem tudo a ver com a arte de ser "ex". Alguns conseguem, outros não.


O futuro traidor - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 26/02

Economicamente, Cuba falhou como falharam todas as experiências coletivistas da história


ANOS ATRÁS, quando Ingrid Betancourt foi resgatada da selva colombiana, o Partido Comunista Português recusou-se a saudar o feito. Motivo?

A sra. Betancourt tinha sido salva pelo presidente Álvaro Uribe das mãos das FARC. E entre Uribe e o "comandante" Enrique, os comunistas lusos não escondiam as suas simpatias.

Na altura, no jornal "Expresso", ainda perguntei aos camaradas se a sra. Betancourt deveria ser jogada de volta à selva. Sobretudo se se provasse que o resgate tinha sido feito com o intolerável apoio americano. O PCP, essa deliciosa relíquia stalinista que persiste na Europa Ocidental, não chegou a responder.

Felizmente, vejo com bons olhos que Portugal não é caso único em matéria de atraso político e até intelectual. Era Eça de Queirós quem dizia, com piada, que os brasileiros eram portugueses inchados pelo calor. O que significa que os vícios portugueses, no Brasil, também incham com a temperatura.

Assim foi com a blogueira cubana que, em visita ao Brasil, foi acusada de mil torpezas por uma parte da esquerda local. Mas, entre todos os insultos, um deles dominou a minha atenção: a sra. Yoani Sánchez denuncia os abusos da ditadura castrista porque existe dinheiro americano por detrás. Ela é, resumindo, uma traidora do seu próprio país.

A acusação é interessante porque existem vários equívocos nela.

A primeira, evidente, é imaginar o que diria essa esquerda fanática e pró-castrista se a sra. Yoani Sánchez, sem dinheiro americano (como, aliás, parece ser o caso), continuasse as suas críticas ao regime de Havana. Será que assim, descontaminada de qualquer corrupção "imperialista", os críticos que a insultaram perdoariam a traição à pátria?

Obviamente que não. E "obviamente" porque existe um segundo equívoco na acusação, próprio do pensamento totalitário: a ideia funesta de que um país se confunde com um regime que fala em nome do povo.

Da União Soviética comunista à Alemanha nazista, sem esquecer as atrocidades cometidas por Mao (na China) ou pelo pequeno Fidel (em Cuba), não houve ditador que não tenha cometido esse abuso, digamos, epistemológico: "O Estado sou eu", para citar a famosa frase do absolutista Luís 14. Ou, em alternativa, Cuba são os Castro.

Acontece que não são. Cuba pertence aos cubanos, atraiçoados por Fidel em 1959. E o mais irônico é que as promessas do ditador eram outras: acabar com o "bordel" de Fulgencio Batista, realizar eleições livres no curto prazo e até, pasme-se, abrir a ilha ao mundo.

Todos sabemos o resto da história, feito de fuzilamentos no "paredón", presos políticos, restrição das mais básicas liberdades (como a de sair do país) e uma miséria material que os turistas ocidentais, em viagens quase zoológicas, tomam por exótica. De fato, não há nada mais exótico do que visitar seres humanos em cativeiro.

E quem acredita que essa miséria material se explica com o "embargo americano", das duas, uma: ou é ignorante, ou é simplesmente um fanático. O "embargo americano" existe, sem dúvida, e deve ser condenado pelo seu óbvio anacronismo (como a própria blogueira o faz). Mas é preciso acrescentar a segunda parte da frase: só existe o embargo americano.

Que o mesmo é dizer: todo mundo que é mundo mantém relações com Cuba e nem assim a ilha se converteu numa espécie de Suécia do Caribe. Economicamente, Cuba falhou como falharam todas as experiências coletivistas da história. Com ou sem embargos.

Yoani Sánchez é uma traidora dos fabulosos irmãos Castro? Brindo a ela. Como brindo a todos os traidores que lutaram contra todas as ditaduras. E aqui incluo o velhinho PC português, que lutou (e bem) contra a ditadura de Salazar. Mesmo que o tenha feito em nome de uma ditadura moscovita de sentido inverso.

Porque este é o ponto: no dia em que o meu país for tomado de assalto por um torcionário qualquer, seja ele de esquerda ou de direita, e a democracia deixar de existir em Portugal, agradeço antecipadamente todo o apoio estrangeiro para derrubar esse regime.

E publicamente declaro: aceito dinheiro brasileiro, armas americanas e até espionagem israelense.

Nesse dia, eu serei um "traidor da pátria". E com todo o prazer.

A magia do futebol - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 26/02

SÃO PAULO - O futebol é mágico. Tem o dom de fazer pessoas inteligentes defenderem posições que, dificilmente, sustentariam em outros campos de atividade. Refiro-me à decisão da Conmebol de punir o Corinthians, excluindo sua torcida de todas as partidas da Libertadores.

À primeira leitura, essa pode parecer uma sanção razoável, diante da enormidade que foi a morte do garoto boliviano atingido por um sinalizador disparado pelas hostes corintianas na última quarta-feira, em Oruro. A esmagadora maioria dos comentaristas que li aprovou a medida.

Pessoalmente, tenho medo da lógica que sustenta o código de punições da Conmebol e de outras confederações -que se apoiam numa ética puramente consequencialista, na qual só o que importa são os resultados das ações. Tudo o que produza mais bem do que mal fica inapelavelmente autorizado. Para evitar novas mortes e disciplinar o mau comportamento das torcidas organizadas, torna-se lícito fechar os portões do estádio para corintianos, mesmo que isso prejudique os jogadores e milhares de simpatizantes do time, que não fizeram nada de errado.

Não sou um inimigo do consequencialismo. Ao contrário, tenho grande simpatia por ele, notadamente na bioética. Mas não podemos perder de vista que, em estado puro, ele leva a paradoxos. Numa visão estritamente consequencialista, o Estado pode deter um criminoso, ameaçando matar sua família, e o médico pode sacrificar um paciente saudável para, com seus órgãos, salvar a vida de cinco pessoas na fila do transplante.

Para não se divorciar inteiramente de nossas intuições de justiça, o consequencialismo precisa ser temperado por princípios deontológicos ou regras que preservem garantias individuais. É nisso que fracassam os novos códigos futebolísticos.

Para muitos, o esporte deve servir de exemplo. A pergunta é: exemplo de quê? De como agir com justiça ou de como resolver problemas?

Sobre as chuvas que caíram na Serra do Mar - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 26/02

É impressionante como, no Brasil, os responsáveis pela explicação de problemas apelam para argumentos incapazes de convencer a sociedade de que estão certos.

Um dos casos mais recentes é o dos dirigentes da Ecovias, empresa que administra o sistema Anchieta-Imigrantes, o caminho mais curto entre a cidade de São Paulo e o litoral.

Apenas para efeito de registro, ali se cobra o pedágio mais caro do país: RS 21,20. Na noite da última sexta-feira, a Rodovia dos Imigrantes, um conjunto de pontes e viadutos que não oferece um caminho alternativo para o usuário que desce ou sobe a Serra do Mar, foi inundada por um lamaçal que invadiu o asfalto e paralisou o trânsito.

Tragédias acontecem e ninguém pode responsabilizar a Ecovias pela tromba d'água. O problema, no entanto, é que não havia nenhum plano de emergência traçado para enfrentar uma situação daquela natureza.

E a partir do momento em que as chuvas desabaram e a estrada ficou intransitável, os usuários foram abandonados ao deus-dará - sem que aparecesse um funcionário da Ecovias para prestar socorro ou oferecer esclarecimentos.

A explicação oficial é que a empresa foi pega de surpresa. Em apenas duas horas choveu o previsto para um dia inteiro - e isso gerou uma situação de anormalidade completamente fora do padrão.

Por causa dos 150 mm³ de chuvas, um grande deslizamento teve início a mais de meio quilômetro da pista e causou todo o transtorno. Por mais razoável que tenha sido isso mesmo que aconteceu, nada justifica o fato de nenhum plano de emergência ter sido posto em prática. Esse é o problema.

Como o próprio nome indica, planos de emergência existem para lidar com situações inesperadas. Se for para trabalhar dentro dos níveis de normalidade, não é necessário plano algum.

A conclusão que se pode tirar diante das cenas tenebrosas assistidas na Serra do Mar e da morte de pelo menos uma pessoa é que, apesar de ser exigido em contrato, a rodovia mais cara do país simplesmente não tem um plano de emergência. Ou, se tem, não se mostrou competente para colocá-lo em prática diante da necessidade.

O mais absurdo de tudo é alguém ainda dizer que chuvas em excesso nesta época do ano é um fenômeno anormal na região da Serra do Mar. Ninguém no Brasil desconhece o fato de que os litorais dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre novembro e março, sempre estão sujeitos a tempestades - e que, de tanto haver situações anormais, elas acabaram se tornando mais do que esperadas.

Mesmo assim, embora aconteçam todo ano, as tragédias na região sempre pegam de surpresa as pessoas que têm a obrigação de lidar com elas. O Brasil precisa se acostumar à ideia de que nem só de terremotos, vulcões e tsunamis são feitas as catástrofes naturais e que as chuvas de verão também causam tragédias para as quais é sempre preciso estar preparado.

Brasil sem bloco: falta empenho nos acordos comerciais - MARCOS TROYJO

BRASIL ECONÔMICO - 26/02

No momento em que dezenas de chefes de Estado da União Europeia e da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) se reuniam em Santiago em janeiro último, também voltavam os olhos para a capital chilena os estrategistas de Washington.

Dali a poucas semanas o Presidente Barack Obama revelaria, em seu discurso ‘State of the Union', que os EUA e a Europa estão em conversações para constituírem uma área de livre comércio até 2015.

Para os EUA, interessa a consolidação da UE como bloco. Washington atribui grande importância à manutenção da configuração comunitária - incluindo o Reino Unido.

Um eventual desmantelamento precipitado pela crise de dívidas soberanas nos países na franja mediterrânea como Grécia e Portugal atrapalha seus objetivos geoestratégicos, sobretudo neste instante em que sua economia parece recuperar-se e a área de livre comércio em que estão inseridos, a NAFTA, é dos poucos arranjos regionais que opera sem problemas.

Os EUA acompanham de perto a movimentação da América Latina como "Comunidade", já que seus membros encontram-se em diferentes velocidades - Colômbia, Peru, Chile e México decolam e se reorganizam em nova área de livre comércio entre si, com diálogo aberto com os EUA. Argentina, Brasil e Venezuela se isolam e patinam.

O Brasil tem dedicado pouco empenho a acordos comerciais bilaterais, e na geometria bloco-a-bloco, é igualmente difícil ressuscitar o diálogo concreto UE-Mercosul.

De um lado, temos a União Europeia ainda atolada em sua própria areia movediça fiscal e o crescimento estagnado. De outro, hoje o Mercosul está mais mais para um "clube de empatias ideológicas" do que um bloco que se movimenta de acordo com objetivos pragmáticos de comércio e investimento.

É claro também que no comércio agrícola, onde os europeus continuam campeões mundiais de protecionismo, mais acesso a mercados seria bem-vindo. No entanto, com a voracidade da demanda chinesa por exportações latino-americanas de commodities agrícolas e minerais, este tema não tem a mesma premência de 10 anos atrás.

Hoje, num nível mais amplo há uma "deseuropeização" dos focos prioritários da América Latina. A boa saúde recente dos fundamentos econômicos latino-americanos e o magnetismo exercido pela China têm contribuído a essa fase mais deseuropeizada.

Da ótica específica do Brasil, temos a maior economia da região, mas isso não se deve por sermos um paradigma de competitividade. Praticamos elevadas barreiras tarifárias a importações, fortalecimento das megacorporações de economia mista que atuam em commodities agrícolas e minerais, política industrial defensiva.

Temos recebido fluxos volumosos de IEDs sobretudo porque o mercado brasileiro, bastante protegido, acena a empresas globais com margens de retorno muito superiores à média dos mercados da OCDE.

Se o Brasil flexibilizasse suas exigências de conteúdo local, sobretudo em áreas relacionadas a infraestrutura, transportes e logística, inauguraria uma fase "qualitativamente nova" como destino de investimentos europeus - e esta poderia ser a plataforma para um novo diálogo comercial com Europa e também EUA.

Hasta la vista - SONIA RACY


O ESTADÃO - 26/02

Entre 2001 e 2010, o mundo viu “sumir” US$ 5,8 trilhões – transacionados ilicitamente, segundo pesquisa da ONG Global Financial Integrity (fundada pelo ex-economista do FMI Dev Kar) reproduzida, no fim de semana, pelo El Pais.

Hasta 2
Liderança no ranking da corrupção? China, que apresentou evasão, em dez anos, de US$ 2,7 trilhões, seguida pelo México, com US$ 476 bilhões. Em terceiro lugar… a pequena Malásia (US$ 284 bilhões).

A Rússia, sem esforços, está listada em quinto lugar (US$ 152 bilhões). A Índia vem em oitavo (US$ 123 bilhões). O Brasil? Na 21ª posição, com US$ 35 bilhões.

E a Argentina, tradicional “exportadora” ? Em 36º lugar. Deve ter faltado dinheiro…

Vem coisa aí
O governo Dilma está de olho no comportamento de alguns preços que tiveram aumento do imposto de importação por causa da resolução 39/11, da Camex.

Na mira, uma lista com cerca de cem produtos.

Hora certa
Aécio negocia nova data para participar do Congresso do PSDB de SP. Está praticamente certo que o mineiro falará no dia 12 de março. Só depende da agenda de FHC.

A presença de seu principal cabo eleitoral é imprescindível para o senador.

Menu tucano
Depois de o PT promover, ontem, jantar com convites a R$ 10 mil, o PSDB paulista organiza evento de arrecadação.

Com convites a R$ 1 mil, celebrará os 25 anos do partido. Dia 22 de abril, no Buffet Baiuca.

Escapamento
Argumento central de Kassab à Justiça, no caso Controlar: a anulação do contrato de inspeção veicular seria ilegal – o que daria à empresa direito a pedir indenização.

A defesa foi encaminhada à 7ª Vara Criminal de São Paulo – que decidirá sobre a continuidade do processo.

Na rede
Arnaldo Antunes entrou no hall de artistas que apoiam o novo partido de Marina Silva.

O músico gravou vídeo em que convoca as pessoas a assinarem fichas de apoio à criação da legenda. Entra no ar hoje.

Direto do Oscar
Comemorando seus 86 anos, completados no domingo, a atriz francesa Emmanuelle Riva, do filme Amor, foi à festa pós-premiação da Academia.

Quem conversou durante a noitada com ela notou zero de deslumbre. “Na minha idade, o que me interessa é a surpresa.”

Direto do Oscar 2
Já Jennifer Lawrence foi surpreendida por Jack Nicholson. “Adorei seu tombo e sua rápida recuperação”, brincou ele. Jennifer tropeçou na escada quando subia para receber sua estatueta de Melhor Atriz.

A atriz, aliás, declarou que adorou a canção entoada por Seth MacFarlane sobre os peitos exibidos pelas atrizes em vários filmes: “Foi sensacional”.

Direto do Oscar 3
Enquanto isso, sem parecer que tem apenas 9 anos, a pequena Quvenzhane Wallis arrasava na pista de dança do festão.

Causando muita inveja.

Sem pressa
Revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski parece não ter se sentido nem um pouco pressionado pelo relator, Joaquim Barbosa– que anunciou ter finalizado sua parte para a publicação do acórdão do caso.

“Vou usar rigorosamente o prazo regimental, de 60 dias”, disse o ministro à coluna.

Profissional
Em ritmo de implantação de novo modelo de gestão e governança esportiva – que pode se tornar vitrine para outras entidades –, a Confederação Brasileira de Rugby anuncia novidades.

Na presidência, Eduardo Mufarej. No conselho de administração estão Jean-Marc Etlin, do Itaú BBA, Luis Terepins, da Bienal, e a eterna Magic Paula.

BOLA NO CHÃO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 26/02

O Tribunal de Justiça de SP decide hoje se derruba multa milionária que a CBF e a Federação Paulista de Futebol teriam que pagar por causa do escândalo da máfia do apito. As duas entidades foram condenadas em R$ 220 milhões por danos morais difusos. Em 2005, uma investigação revelou manipulação de resultados envolvendo árbitros dos jogos.

CHÃO 2
Dois dos três desembargadores que analisam o caso decidiram anular as multas. O terceiro vota hoje. Se julgar contra as entidades e convencer ao menos um dos outros dois colegas a mudar de opinião, a condenação será mantida. Caso contrário, elas se livram do pagamento.

CADA UM POR SI
Na defesa, a CBF e a federação alegam que tomaram todos os "cuidados" na escalação dos juízes. "Mas elas não podem responder pela pretensa desonestidade de alguns cidadãos", diz o advogado Carlos Miguel Aydar.

TURMA DE LÁ
E novas demissões se somaram às 400 efetivadas na Prefeitura de SP por Fernando Haddad no Carnaval. No sábado foram oficializadas 27 exonerações do gabinete do prefeito e das secretarias da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Serviços, Educação e Habitação.

TURMA DE CÁ
Por outro lado, foram contratados 42 novos funcionários em pastas como Relações Internacionais e Federativas, Comunicação, Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Educação e Serviços.

BYE, BYE, BRASÍLIA
Sergio Mamberti decidiu pedir demissão do Ministério da Cultura, onde ficou por dez anos. Secretário de políticas culturais, o ator diz que precisa "retomar" a carreira. Ele já comunicou a decisão à ministra Marta Suplicy. "Ela compreendeu." Mamberti foi escalado para a nova novela das seis da TV Globo, "Flor do Caribe". E quer voltar ao teatro ainda neste ano.

NOVATO
Moacyr Franco entrou para o elenco de "Aprendiz de Samurai", filme que começa a ser gravado em março e conta a história do judoca Max Trombini. Vai interpretar o avô do protagonista. É o segundo trabalho no cinema de Franco, que estreou em "O Palhaço" (2011).

ESTATUETA
Vencedor do Oscar de documentário, "Searching for Sugar Man" será exibido em maio no 5º In-Edit Brasil, em SP. O festival recebe inscrições de produções nacionais até 18 de março.

ESTICADINHA
O Museu Brasileiro da Escultura prorrogou a segunda Bienal Internacional Graffiti Fine Art até 21 de abril. Com trabalhos de artistas como Kongo e Speto, ela já foi vista por 36 mil pessoas.

GLOBO ESTUDA QUEDA DE AUDIÊNCIA
O novo diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, 54, conversou com a coluna na festa da novela das seis, "Flor do Caribe", em São Paulo. O executivo revelou que a emissora, depois de fechar 2012 com a pior audiência de todos os tempos, não tem meta para este ano.

Qual é a meta do senhor na direção-geral da Globo?
Carlos Henrique Schroder - Fazer produtos com cada vez mais qualidade. Mais atraentes e que levem o telespectador a ficar na Globo.

A que o senhor atribui a queda de audiência da emissora, que fechou 2012 com a pior média de todos os tempos, 14,7 pontos na Grande São Paulo?
Estamos fazendo um longo estudo. Tem uma série de fatores extra-TV. Um dia de calor no Rio e em São Paulo hoje impacta a audiência. Um feriado, um dia de pagamento de salário... Isso tudo afeta o número de TVs ligadas. Não [atinge] só a Globo, mas a TV aberta como um todo.

Há uma meta de audiência?
Não. Temos que tirar da frente a obrigação de entregar pontuação. Temos que entregar o produto. A audiência virá como consequência.

Após a contratação de Marcelo Adnet, novas atrações podem ser anunciadas?
Toda vez que o mercado oferecer talentos que interessarem à Globo, sim. Não há motivo para não buscar fora da Globo, seja no teatro, em emissoras concorrentes ou na TV fechada. O nosso olhar deve estar no Brasil inteiro, não só no eixo Rio-São Paulo.

O senhor é o primeiro diretor de jornalismo a assumir a direção-geral da Globo.
Eu já fazia parte do comitê artístico e já havia uma disputa de espaço para o jornalismo, que hoje ocupa um lugar razoável na programação. Ter mais ou menos espaço na grade vai depender do produto que temos a oferecer.

Outras diretorias da emissora vão mudar?
Não há previsão a curto prazo. Mudamos companheiros que já haviam pedido para sair, que tinham tempo de casa muito longo. Teremos Copa do Mundo, eleições, Copa das Confederações, Olimpíada. Ou mexia agora, ou só daqui a dois anos.

A Globo tem se aproximado dos evangélicos. Na próxima novela das nove, uma personagem vai encontrar a felicidade depois de se converter.
Eu não li a sinopse.

Mas o segmento evangélico interessa à Globo?
Como qualquer outro, evangélicos, católicos. Nós temos um cuidado com todos. É uma preocupação geral, não específica, como com as classes A, B, C, D e E.

CURTO-CIRCUITO
A Galeria Vermelho abre três exposições: de Carla Zaccagnini, de João Loureiro e de Kevin Mancera.

A University of Southern California inaugura escritório em São Paulo, o primeiro na América do Sul.

João Caldas, fotógrafo de artes cênicas, lança o livro "Teatros", no Espaço Cultural Porto Seguro, às 19h.

A Bo.Bô recebe a atriz Olivia Wilde para lançar a campanha de inverno 2013, na loja da Oscar Freire.

Isaurinha Garcia, que faria 90 anos hoje, ganhará homenagens do governo do Estado neste ano, preparadas por Lulu Librandi.

A grife de moda praia Adriana Degreas inaugura loja, às 17h, nos Jardins.

Quanto custa o Congresso Nacional? - GIL CASTELO BRANCO

O GLOBO - 26/02

A democracia não tem preço, mas o Legislativo brasileiro tem custo elevado. No ano passado, as despesas da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU) atingiram R$ 9 bilhões, montante equivalente aos dispêndios integrais de seis ministérios: Cultura, Pesca, Esporte, Turismo, Meio Ambiente e Relações Exteriores.
Neste ano, somente os gastos das duas Casas Legislativas, excluindo o TCU, deverão alcançar 8,5 bilhões. Assim sendo, chova ou faça sol, trabalhem ou não suas Excelências, cada dia do parlamento brasileiro custará R$ 23 milhões, ou seja, quase um milhão por hora!
Estudo realizado no ano passado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a União Interparlamentar revelou que o congressista brasileiro é um dos mais caros do mundo. No campeonato de 110 países, o Brasil ganhou a medalha de prata no ranking dos custos por parlamentar, atrás apenas dos Estados Unidos. Na classificação dos custos por habitante, ocupamos a 21ª posição.
Dentre as Casas, a vilã do momento é a Câmara que custou aos contribuintes R$ 4,3 bilhões em 2012, montante superior em R$ 400 milhões à média de R$ 3,8 bilhões dos últimos dez anos. Já no Senado, em função dos escândalos de 2009, as despesas vêm caindo e, no ano passado, foram as menores desde 2010, totalizando R$ 3,4 bilhões.
Considerando os 15.647 servidores da Câmara e os 6.345 do Senado, o Congresso é uma "cidade" com quase 22.000 funcionários efetivos e comissionados. A título de comparação, dentre os 5.570 municípios do País, apenas 27% possuem mais habitantes. Em 2012, o custo de "pessoal e encargos sociais" no Congresso Nacional foi de R$ 6,4 bilhões, o que correspondeu a 84% da despesa global. A conta inclui salários, gratificações, adicionais, férias, 13º salário e outras vantagens. Só pelo trabalho noturno, Câmara e Senado pagaram R$ 4,5 milhões em 2012.
Comparativamente, o Legislativo é o campeão de salários médios entre os Poderes. Em dezembro de 2012, segundo o Ministério do Planejamento, a média salarial do Legislativo foi de R$ 16,3 mil, mais do que o dobro dos R$ 6,7 mil que ganham os servidores do Executivo. No Judiciário, a média é de R$ 13,5 mil.
Por vezes, as despesas do Parlamento são extravagantes e curiosas. No ano passado, somente com horas extras foram pagos R$ 52 milhões. A Câmara dos Deputados foi responsável por R$ 44,4 milhões desse montante. O Senado comemorou a economia de R$ 35 milhões que obteve após implementar o "banco de horas". A ideia poderia ser adotada pelos vizinhos. Outro absurdo é a existência de 132 apartamentos funcionais vazios, aguardando uma reforma que não tem data para começar, enquanto são gastos R$ 8,3 milhões/ano com os pagamentos de auxílio-moradia a parlamentares.
Na semana passada, pressionado por manifesto popular com 1,6 milhão de assinaturas, o presidente do Senado anunciou corte de R$ 262 milhões nas despesas da Casa, a começar por 500 funções de chefia e assessoramento. Já era tempo. A gastança é tal que no último ano as gratificações por exercício de cargos e funções totalizaram R$ 683,1 milhões, quase três vezes o montante dos salários, que alcançou R$ 249,2 milhões. Ao que parece, o Senado, além de muitos índios, tem centenas de caciques.
Além disso, o novo presidente afirmou que reduzirá gastos com serviços médicos e terceirizados. Apesar das boas intenções, até o momento a contenção de despesas limitou-se à demissão de duas estagiárias. A intenção de Renan Calheiros é, por meio da transparência, reaproximar o Senado da sociedade brasileira. É bom que comece pelo próprio gabinete, informando, por exemplo, quais os serviços que lhe presta escritório de advocacia em Alagoas que recebe há mais de um ano R$ 8 mil mensais da chamada "verba indenizatória".
Enfim, há muito o que melhorar no Congresso Nacional. A redução das despesas é necessária, mas não é o mais importante. Urgente é que os princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência sejam aplicados tanto pelas Casas quanto pelos deputados e senadores. O Judiciário pode auxiliar julgando os quase 200 parlamentares que respondem a inquéritos ou ações penais no Supremo Tribunal Federal. Na pauta, crimes contra a administração pública, homicídio, sequestro e tráfico. O saneamento do Legislativo é essencial para conter o desgaste progressivo de sua imagem. Afinal, a democracia não tem preço. Pior do que o atual Congresso Nacional só a sua ausência.

Águas de março - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 26/02

A virada do mês marca um passo atrás na pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, contra Dilma Rousseff. E não é nada que tenha a ver com a frase dita pelo ex-deputado, ex-ministro da Fazenda, ex-governador e ex-prefeito de Fortaleza Ciro Gomes. Tem a ver com a necessidade de os governadores do partido respirarem com alguma tranquilidade. Pelo menos, enquanto 2014 do calendário gregoriano não chega.

O PSB tem seis governadores, dos quais pelos menos quatro têm sérias dúvidas sobre a pré-campanha do partido, e pedem calma bem ao estilo devagar com andor, porque (por enquanto) a candidatura é de barro. São eles: Cid Gomes, do Ceará, e os três que sonham em concorrer a um segundo mandato de governador — Ricardo Coutinho, da Paraíba, Renato Casagrande, do Espírito Santo, e, ainda, Camilo Capiberibe, do Amapá.

Dos três governadores que têm o direito de disputar mais quatro anos de comando, Capiberibe e Casagrande têm vices petistas e fizeram a campanha em parceria com os aliados. Ou seja, no momento em que Eduardo Campos colocar o bloco na rua, bagunça o coreto de seus principais palanques. Na Paraíba, diante do anúncio antecipado de Gilberto Kassab de que a tendência é apoiar Dilma Rousseff, Ricardo Coutinho, também terá dificuldades com o vice do PSD, Rômulo Gouveia.

Obviamente, o fato de os governadores estarem mais preocupados hoje com a própria sorte no ano que vem não é o único ponto que deixa Eduardo Campos sem muito oxigênio para tocar a campanha. Afinal, como já foi dito e repetido pelos petistas — inclusive por Lula —, o governador de Pernambuco tem o direito de pleitear uma candidatura presidencial. Mas, nesse caso, deve saber de antemão que contará apenas com as próprias forças, e olhe lá. Lula já lançou Dilma Rousseff, é padrinho da candidatura dela desde 2008, quando ainda era presidente e ela ministra da Casa Civil, e moverá tudo o que puder para segurar a candidatura de Campos. A primeira atitude será via governadores, manifestando apoio a eles no que vem.

Enquanto isso, no Congresso…

A lógica da bancada de deputados e senadores do PSB é bem diferente daquela dos governadores. Na Câmara, há uma empolgação geral entre os parlamentares, e todos têm motivos pessoais para apostar nessa novidade. A principal razão é o trator petista. Em muitos estados, os socialistas penam nas campanhas para deputado contra o PT. Ainda que estejam coligados, os petistas se saem melhor porque têm a candidatura presidencial. Basta ver que o PT tem 88 deputados e o PSB, 26. Nesse quadro, é natural que os socialistas demonstrem um certo cansaço em carregar o piano petista Brasil afora para, na hora do vamos ver, o PT sempre levar a melhor.

Tentando se equilibrar entre o desejo da bancada e o “muita calma nessa hora” que vem dos governadores, a cúpula do PSB trata de ter um comportamento mais sóbrio. Em seu artigo mais recente, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, que faz tudo combinado com Eduardo Campos, repete que “discutir sucessão agora é um desserviço à democracia”. Lembra ainda que o partido sempre esteve ao lado das campanhas de Lula. Desde a Frente Brasil Popular, de 1989, contra o então governador de Alagoas, Fernando Collor.

Mas ao mesmo tempo que cita os aniversários do longo casamento com o PT, Amaral faz questão de deixar claro que o patrimônio construído nesse período e o projeto de governo — distribuição de riquezas, defesa da soberania nacional, desenvolvimento econômico e por aí vai — não pertencem nem ao PSB nem ao PT. Diz, com todas as letras, que é da sociedade brasileira. Àqueles que leram o artigo, peço licença para repetir a frase que soa como um alerta ao PT, que trata de colocar Eduardo Campos no terreno da oposição e trata 2013 como se fosse ano eleitoral: “Encurtar o mandato da presidente, como o faz o debate sobre sua sucessão, só pode render frutos a uma oposição anêmica, sem vigor (…)”. O recado de Amaral vale não apenas para a oposição, como também para o PT, que aproveitou o embalo dos 10 anos de governo para colocar Dilma no palanque.

Bem… Ao que tudo indica, parece que os governantes, seja em que nível for, vão parar de discutir 2014 e se agarrar no serviço de cuidar da inflação, do Fundo de Participação dos Estados (FPE), das obras contra enchentes, do preenchimento das comissões técnicas da Câmara e do Senado, dos vetos, do Orçamento, das medidas provisórias, dos portos e dos aeroportos. Trabalho não falta, e parece que eles perceberam. Finalmente!

Governadores do PSB candidatos à reeleição puxam o freio da pré-candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República. Muitos são aliados do PT em seus estados e não querem bagunçar o coreto desde já. Esse é o tom da virada pós-carnaval

Oscar! O Lado Tombo da Vida! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 26/02

Se, em 3032, os arqueólogos forem estudar as ruínas do red carpet, só vão encontrar prótese de silicone


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E a predestinada do dia! Apareceu no "Jornal Nacional" a técnica do Inmetro responsável por testes com palitos de fósforos! Qual o nome dela? Roberta CHAMUSCA! Esse palito de fósforo não chamusca. E esse outro palito de fósforo? Chamusca!

E socuerro! Acabei de receber o informe de Imposto de Renda. Informo que não vou pagar nada! Nem me recuperei do Carnaval ainda. Declaração com ressaca de Carnaval.

Declaro dez lanças, cinco abadás e um mamãe, sacode! E o que mais eu declaro? Declaro que os Crocs da Dilma são cafonas! "O senhor tem algo a declarar?" "Tenho sim. Declaro que os Crocs da Dilma são cafonas." E pronto!

E o Oscar? E quem ganhou o Oscar de melhor pipoca? O Valdivia! Rarará! E, no teatro da premiação do Oscar, o bar do segundo andar fechou porque o banheiro inundou. Imagina na Copa! E "Os Miseráveis" somos nós depois de pagar as contas! Rarará!

E adorei mesmo foi o tombo da Jennifer Lawrence. "Jennifer Lawrence ganha Oscar de melhor atriz por 'O Lado Bom da Vida' e cai na escada." O Lado Tombo da Vida! Tropeçou no vestido! Só que o vestido era Dior. Esse é o Lado Bom da Vida: tropeçar num Dior! Tropeçar num Dior indo receber o Oscar!

Essa TOMBOU mesmo! Ou então esqueceu de tomar o Rivotril. Ela não se entupia de Rivotril no filme? E a Kristen Stewart apareceu de muletas. De tanto pular cerca! Durante as filmagens de "Crepúsculo", ops, Cornúsculo! E o brega carpet tava mais brega do que nunca! Festival de botox, silicone e pancake!

E as bocas do red carpet? Todas com boca de bico de tênis Conga. E haja silicone. Se, em 3032, os arqueólogos forem estudar as ruínas do red carpet, só vão encontrar prótese de silicone. Silicone não é biodegradável! E o chargista Lailson: "O Oscar de efeitos especiais vai para a equipe do presidente Chávez pela refilmagem de 'O Homem Invisível'!". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! A propaganda é a alma do negócio; olha a placa na lagoa de Jacumã, em Natal: "Barraca Zé de Tota! Xuxa esteve aqui em março de 2008! Detonautas e Malhação esteve aqui! Temos ula-ula e galinha caipira!".

E olha esta ameaça de pixo num muro em São Paulo: "Se apagar, eu volto". Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Segunda de Cinzas - TUTTY VASQUES

O Estado de S.Paulo - 26/02

É mesmo uma espécie de carnaval do cinema! Para os cinéfilos brasileiros - ô, raça! -, ontem foi Segunda-Feira de Cinzas, dava pra ver a ressaca do Oscar nas olheiras da turma que entrou pela madrugada assistindo ao desfile de astros de Hollywood na TV.

Não terminou tão tarde quanto as escolas de samba, mas há de se levar em conta o desgaste emocional de quem apostava em tudo, menos que As Aventuras de Pi seria o filme mais premiado da noite.

Tem gente que vinha se preparando para a ocasião desde antes do carnaval, conferindo um a um nos cinemas os concorrentes à estatueta para eleger seus favoritos e torcer por eles como nem no samba - talvez só no futebol - se vê fanatismo igual.

O bando de loucos por Tarantino ainda teve o prêmio consolação de melhor roteiro original para o diretor, mas ficou visível a decepção da fiel torcida por Spielberg, apontado de véspera como o grande favorito da noite.

No final, "ganha quem erra menos", como se convencionou entre os sambistas. Como diria o Zeca Pagodinho de Hollywood desiludido com os rumos da festa, "o Oscar acabou!". Igualzinho ao carnaval! Vamos trabalhar, gente!


Bunga-bunga contra

As ativistas do Femen precisam mudar sua estratégia de luta na Itália! Mulher pelada gritando não parece ser coisa que incomode Silvio Berlusconi.

Nem aí!

Paulo Maluf está tranquilo! A hipótese de o G-20 barrar a entrada de corruptos nos seus países membros não restringiria em nada o direito de ir e vir do ex-prefeito, que já não pode mesmo sair do Brasil faz tempo!

Sobrevivente

O atleta amputado brasileiro Alan Fonteles só agora se deu conta da sorte que deu ao vencer Oscar Pistorius na prova dos 200 metros nos Jogos Paraolímpicos de Londres. Por muito menos, o adversário sul-africano matou a namorada!

Domicílio eleitoral

Comovido com as recentes manifestações pró-Cuba na Bahia, Fidel Castro já fala em terminar a vida em Feira de Santana.

Fora da rede

Bento XVI renunciou também ao Twitter, mas teme que seus mais de 2 milhões de seguidores virtuais cismem de acompanhá-lo pessoalmente no retiro em Castel Gandolfo.

Bolsa cinema

Dilma Rousseff não gostou do resultado do Oscar de melhor filme. Estava torcendo pela premiação de Os Miseráveis!

Presidenciáveis

"Careca é o Eduardo Campos!"

Aécio Neves, dando 
prosseguimento ao debate eleitoral inaugurado na semana passada em Brasília

Pior franja

Cereja do bolo na noite do Oscar que a destacou para o anúncio de melhor filme, a primeira-dama Michelle Obama só não levou o prêmio de 'pior franja' da cerimônia porque não existe essa categoria em disputa.

O Brasil fora das cadeias produtivas globais - RUBENS BARBOSA

O ESTADO DE S. PAULO - 26/02

Nem o governo nem o setor privado parecem perceber as transformações que ocorrem no comércio internacional, com profundas repercussões no Brasil. E os novos desafios são, em geral, minimizados pelos formuladores de decisão nos ministérios da área econômica e no Itamaraty.

O governo declara ter uma "política comercial cautelosa" por não querer abrir mão de seu projeto nacional de desenvolvimento e por julgar que, tendo uma indústria diversificada, o Brasil não se deve engajar nos acordos de cadeias produtivas, que levariam a alguma especialização no contexto produtivo.

O processo de globalização vem sofrendo modificações aceleradas, com a tendência de concentração da produção de manufaturas em poucos países e a fragmentação da produção de bens industriais. Nos últimos 20 anos, o comércio das cadeias produtivas (supply chain trade) vem crescendo gradualmente. Trata-se do intercâmbio de bens, investimentos, serviços e tecnologia associado às redes internacionais de produção; que combinam a inovação dos países desenvolvidos com salários baixos dos países em desenvolvimento.

No comércio das cadeias de suprimento, o investimento produtivo dos países desenvolvidos só vai ocorrer desde que certas regras e reformas que garantem a proteção dos bens tangíveis e intangíveis das empresas sejam adotadas pelos países emergentes e em desenvolvimento e caso haja integração da cadeia produtiva no intercâmbio global.

As redes de inovação-produção-comercialização encontram-se dispersas em empresas e países. A ampliação das cadeias produtivas globais e o crescente intercâmbio de partes e componentes está mudando a forma de tratar as trocas tradicionais de bens e serviços. A industrialização e a produção de manufaturas dependerá da participação dos países em desenvolvimento nessas cadeias produtivas de maior valor agregado. Ao ficar de fora do circuito das cadeias produtivas globais, a maioria dos países em desenvolvimento, o Brasil incluído, passa a concentrar suas exportações em commodities e suas exportações de manufaturados tornam-se cada vez mais reduzidas.

A incorporação das cadeias de produção global nos mega-acordos de livre-comércio, como o eventual acordo EUA- União Européia, representa um desafio adicional, pois traz de volta preocupações geopolíticas para o comércio internacional. Considerações de política externa levam as duas regiões a tentar superar diferenças comerciais em função de interesses comuns para a prevalência de normas internacionais e valores e para a contenção da China.

O mundo está se multipolarizando rapidamente e a produção e as cadeias produtivas estão se multilateralizando. A crescente aceitação desse novo modelo de desenvolvimento pelos países asiáticos e alguns latino-americanos representa um grande desafio para os países emergentes como a China, a índia, o Brasil e a Rússia, que relutam em aceitar a lógica dos atuais fluxos de investimento e do comércio.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) procura regular e facilitar o intercâmbio tradicional - que diz respeito a bens produzidos num determinado país e vendidos em outro - com regras que dificultem ou eliminem as barreiras na fronteira (tarifas) e visem a penalizar a competição desleal (subsídios e dumping) com medidas compensatórias. As novas regras do comércio das cadeias produtivas começam a ser definidas de forma ad hoc nos acordos de comércio regional (como os dos EUA com países da Ásia e com a Europa), tratados bilaterais de comércio e de investimento (como os dos EUA e da Europa com a Coréia do Sul e com o países da América Latina) e por meio de reformas unilaterais dos países em desenvolvimento.

Os acordos regionais de livre- comércio (10 acordos dos EUA, 11 do Japão e 58 da União Européia, segundo a OMC) registram 52 regras, das quais 38 não estão incorporadas à OMC; 14 tocam em disciplinas cobertas pelas regras da OMC, mas vão além delas (OMC plus); 12 das 52 regras estão presentes em 80% dos acordos firmados pelos EUA. A maioria das disposições legalmente obrigatórias são uma ampliação das regras existentes na OMC sobre propriedade intelectual (Trips), garantia de investimento (Trim), serviços, movimentos de capital e cooperação aduaneira.

A nova governança global, portanto, está sendo formada à margem das discussões multilaterais da OMC, com profundas conseqüências para os países em desenvolvimento.

O Brasil, sem estratégia de negociação comercial e com dificuldades para criar um mercado regional para seus produtos, integrados numa cadeia produtiva regional com os demais países, a exemplo do que ocorre na Ásia e na Europa, está cada vez mais isolado e dificilmente poderá beneficiar-se dessas novas tendências do comércio internacional. Os países que integram a Aliança do Pacífico - México, Chile, Colômbia e Peru - firmaram acordos com os EUA, com a Europa e com a China e estão inseridos no contexto dinâmico dos acordos regionais de livre-comércio. A fragmentação da produção e a exclusão das negociações externas começam a afetar o comércio externo brasileiro de manufaturas pela perda de sua competitividade e pela concorrência da China.

Se a política do governo Dilma Rousseff visando ao fortalecimento da indústria nacional der certo, sem o Brasil estar integrado ao dinâmico intercâmbio da cadeia produtiva global, o máximo que o País pode almejar no longo prazo é manter a produção industrial para o mercado interno com medidas protecionistas, para compensar a maior competitividade dos produtos importados.

O mundo não vai esperar o Brasil. Ou o Brasil recupera o tempo perdido e reformula a sua estratégia de negociação comercial externa, ou vai tornar- se cada vez mais isolado no mundo real do comércio global e de investimentos.

Questão de método - VLADIMIR SAFATLE

FOLHA DE SP - 26/02

A filosofia moral, vez por outra, se vê confrontada com problemas mal formulados que gostariam de se passar por paradoxos astutos. Desmontá-los seria apenas um peculiar passatempo acadêmico, se eles não aparecessem periodicamente como premissas de raciocínios tortuosos na grande imprensa.

Tal astúcia constrói o que poderíamos chamar de "paradoxos morais de laboratório". Trata-se de pequenos paradoxos do tipo "podemos torturar alguém cuja confissão nos permitirá desativar uma bomba que matará dezenas de inocentes?", com todas as suas variantes possíveis.

Do ponto de vista da filosofia moral, não há exercício mais pueril do que procurar responder a tais inventivas. Pois elas pressupõem condições de laboratório, como "sei que o sujeito torturado sabe algo sobre a bomba", "sei que não há hipótese alguma de ter pego a pessoa errada", "sei que ele falará antes de morrer", "sei que a razão de sua ação é injustificável". Como ninguém mora em um laboratório, mas depende, no mais das vezes, da sabedoria da polícia ou desta "inteligência militar" na qual Groucho Marx viu a expressão mais bem-acabada de uma contradição em termos, tais condições nunca são completamente asseguradas.

Mas paradoxos dessa natureza têm como verdadeira finalidade fracionar a ação a fim de retirá-la de todo contexto possível. Boa maneira de não começarmos por perguntar como chegamos a essa situação.

Longe de ser uma enunciação neutra, essa é uma enunciação profundamente interessada. Ninguém coloca uma questão dessas de maneira inocente, como ninguém pergunta inocentemente se negros são, realmente, tão inteligentes quanto brancos ou se o Holocausto, de fato, existiu na dimensão normalmente descrita. Perguntar as reais motivações do enunciador é uma boa maneira de começar a desmontar o paradoxo.

Pode ser, porém, que o enunciador queira apenas insistir que, em situações excepcionais, a tortura aparece como o último recurso dotado de certa eficácia. De fato, se tortura fosse eficaz, as favelas brasileiras seriam um paraíso da paz. Melhor lembrar que a única eficácia realmente comprovada da tortura é sua força de corroer completamente o que restou das bases normativas do Estado. Pois se usamos a tortura contra o inimigo n° 1 da democracia, por que não usá-la contra o n° 2, o n° 3... o n° 54.327?

Ninguém pratica a tortura sem se transformar no verdadeiro inimigo da democracia. Por isso, seria o caso de perguntar: "Um Estado que recorre sistematicamente à tortura merece ser salvo? No que ele se transformou? Ele merece ser justificado diante de situações que, muitas vezes, ele próprio ajudou a criar?".

Guerra interna - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 26/02

A antecipação da campanha presidencial trouxe consigo questões políticas regionais fundamentais para a consolidação das alianças que sustentarão as candidaturas em 2014. O intuito do governo ao antecipar tanto o início da campanha é justamente pressionar os aliados a assumir o apoio à reeleição da presidente Dilma sem que tenham mais informações do que acontecerá no governo em 2013. Estrategistas do governo estão convencidos de que a reeleição de Dilma só está ameaçada por uma divisão interna dos aliados.

O trabalho do governo, sob a orientação do ex-presidente Lula, será tentar agrupar antecipadamente sua tropa política, fechando o apoio à reeleição de Dilma, para com isso dificultar a situação dos eventuais candidatos que só terão viabilidade se conseguirem apoios dentro da própria área governista. O PSB, por exemplo, faz parte da base governista, mas se prepara para lançar seu presidente, o governador Eduardo Campos (PE), à Presidência da República. Não quer, no entanto, antecipar uma decisão que ainda não está sedimentada, e, a depender do que acontecer este ano na economia e nas relações internas dos partidos aliados, poderá nem mesmo ser concretizada. Mas o Planalto já está atuando para incentivar as divergências internas do PSB, reforçando a posição do governador do Ceará, Cid Gomes. A declaração de seu irmão Ciro, de que Eduardo Campos não está preparado para presidir o país, deve ser entendida dentro dessa negociação com os Gomes.

No mesmo caso estão alguns partidos como o PDT, que quer permanecer na base governista, mas não se sente representado pelo ministro do Trabalho, Brizola Neto. Quem comanda realmente o partido é o ex-ministro Carlos Lupi, que pode vir a ter papel importante tanto na candidatura de Marina Silva quanto na de Eduardo Campos.

Também o PMDB está inquieto, tanto com o "namoro" de ala do governo com o PSB, mas também por questões regionais. A direção do Rio de Janeiro exige em nota oficial nada menos que uma intervenção da direção nacional do PT para cortar a candidatura do senador Lindbergh Farias à sucessão do governador Sérgio Cabral. A ameaça velada de romper com a unidade do apoio do PMDB ao governo Dilma caso a candidatura do vice Pezão não seja a oficial da base governista traz embutida a ideia de uma possível dissidência para apoiar uma candidatura alternativa, que tanto pode ser a de Aécio Neves como a de Campos.

Também em Minas o PMDB pressiona para ganhar um ministério em troca de não aderir à candidatura Aécio. Outros partidos da base governista estão na mesma situação. Para o governo, diante do futuro incerto especialmente na economia, tirar um compromisso agora é o melhor cenário, pois garantiria o tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV que inviabilizaria outras candidaturas. Quanto mais candidatos, menos tempo de TV para o PT e mais chance de a disputa ir a segundo turno.

Muitos leitores ficaram curiosos sobre a relação dos 30 presidentes, de 1890 até 2014, que o economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, listou em seu trabalho sobre os dez anos de governo petista, sobre o qual escrevi no fim de semana. Aí vai a lista, com a média anual de crescimento do PIB.

A verdadeira mulher alfa - JOSÉ PASTORE

O ESTADÃO - 26/02

Com a aproximação do dia da mulher (8 de março), sou provocado a escrever sobre um novo modismo que reserva o termo de "mulher alfa" para se referir à profissional independente, obstinada, combativa, realizadora, assertiva, que exerce profissões liberais, é empreendedora e ocupa posições de mando. Com isso, parece que todas as demais mulheres são destituídas dessas virtudes. Não concordo. As mulheres têm avançado no mercado de trabalho, mas os problemas também.

Nos últimos dez anos, a proporção de mulheres que trabalham fora de casa passou de 35% para 45%. O rendimento do contingente feminino também cresceu, tendo chegado a 14% no período considerado (em termos reais), enquanto o dos homens ficou em apenas 4%. No campo educacional, as mulheres já são mais instruídas do que os homens. Entre as que trabalham, elas têm, em média, 11 anos de estudo, ante 9 anos dos homens. O porcentual das mulheres que têm curso superior é de 19%, enquanto o dos homens é de 11%. Elas já são a maioria nos programas de mestrado e doutorado. Entre 2000 e 2010, as mulheres dobraram sua participação em cargos de chefia, gerencia, diretoria e presidência.

Mas nem tudo são rosas. As mulheres enfrentam dificuldades crescentes. A grande maioria das que trabalham é forçada a combinar os papéis de funcionárias, mães, esposas e donas de casa. Elas gastam no trabalho, em média, 50 horas por semana (contando o tempo de deslocamento) e despendem, em média, 22 horas adicionais nos serviços domésticos, enquanto os homens gastam só 10 horas. Na maioria dos casos, as trabalhadoras se levantam às 5 horas da manhã e dormem à meia-noite. A necessidade de harmonizar as responsabilidades profissionais com as familiares as leva a praticar a "jornada dobrada". Isso tudo não é novidade. Ocorre, porém, que essa sobrecarga tem se agravado em decorrência da crescente dificuldade para contar com o apoio das empregadas domésticas e do esvaziamento da família extensa, na qual os avós ajudavam a criar os filhos e a administrar a casa.

Sem desmerecer o talento e a criatividade das empreendedoras e executivas que estão no topo da pirâmide profissional, penso que a verdadeira mulher alfa é esta que, além de obstinação, garra e competência, vive um ritmo de trabalho alucinante e que desfruta de baixos salários.

A intensificação do trabalho tem afetado o comportamento das mulheres, a estrutura da família e a própria população. As mulheres de hoje não querem e não podem ter muitos filhos. Em 1990 nasciam 3 filhos por mulher. Hoje, 1,8, com tendência cadente. Isso já tem reflexo na oferta de trabalho: há menos jovens em idade de trabalhar. A pressão salarial cresce. O custo do trabalho sobe mais depressa do que a produtividade. A competitividade das empresas e da economia diminui. A tão decantada era do bônus demográfico está passando mais depressa do que se pensava. A redução da prole é uma imposição da nova realidade do trabalho. O que será do futuro?

Para chegar a um equilíbrio entre trabalho e família, duas transformações parecem imperativas. Os homens terão de colaborar muito mais nas tarefas do lar, como fazem nas nações mais avançadas. Além disso, as instituições que cuidam das crianças e adolescentes terão de se expandir de forma considerável para acomodar os menores em creches e escolas em períodos prolongados.

São dois grandes desafios. O primeiro cai no colo dos homens. O segundo, no do Estado. É isso o que explica, em grande parte, a alta participação das mulheres no mercado de trabalho na Irlanda (64%), na Nova Zelândia (72%), na Finlândia (74%), na Noruega (76%), na Suécia (77%) e na Islândia (81%). O Brasil terá de se preparar desde já para essas mudanças. Ou vamos fazer como Groucho Marx, que dizia: "Por que vou me preocupar com o futuro, se ele não fez nada de bom para mim?".

Fogo amigo - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 26/02

O ex-presidente Lula disse aos presidentes da CUT, Wagner Freitas, e da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) está com problemas na condução da MP dos Portos e que conhece pouco do assunto. Na reunião, em São Paulo, Lula afirmou conhecer de perto as dificuldades dos estivadores e que não se pode permitir que o governo retire direitos.

Voo solo expõe briga no PSB
A relação ruim entre o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos (PE), e os irmãos Ciro e Cid Gomes é o principal problema que o PSB enfrenta para disputar a sucessão presidencial. Campos e Cid acertaram espécie de armistício, mas nos bastidores, a briga é frenética. Cid trabalha pela reaproximação com o PT do Ceará. Nomeou dois deputados para o seu secretariado, abrindo vaga na Câmara para Ilário Marques, ligado à ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins. Ciro está trabalhando para concorrer ao Senado, em chapa com Eunício Oliveira (PMDB) ao governo, o que afastaria o PSB do Ceará da candidatura de Campos a presidente.

“Quem não trabalha com a hipótese de uma candidatura competitiva de Eduardo Campos a presidente é politicamente míope”
Vital do Rêgo
Senador PMDB-PB

Calado! 
O Palácio do Planalto enquadrou o ministro Guido Mantega (Fazenda). Determinou que comente o mínimo necessário sobre alta inflacionária e pediu que deixe todos os assuntos relacionados a juros para o Banco Central.

Prévias tucanas 
A turma do PSDB que está fechada com a candidatura do senador Aécio Neves (MG) a presidente não quer ouvir falar de prévias, defendidas por José Serra e Geraldo Alckmin. O senador Alvaro Dias (PR), foto, insinuou apresentar seu nome à disputa. Mas os aecistas avaliam que campanha interna desgasta o escolhido e o partido, por expor fragilidades.

Vida longa 
Paulo Ferreira, João Vaccari Neto e Francisco Rocha coordenam a indicação de integrantes da CNB, corrente majoritária do PT, ao novo diretório nacional. É certeza que o ex-ministro José Dirceu estará na lista de dirigentes até 2018.

Reforma da reforma 
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai ter que aprovar em plenário a reforma administrativa que anunciou semana passada. Decidiu fazer todas as alterações por ato da mesa, mas só pode mexer em servidores e extinguir serviços por meio de projeto de resolução. Começaram a pipocar ações contra a medida, principalmente dos médicos do Senado.

Agora vai 
O PT planeja coletar um milhão de assinaturas para aprovar a reforma política. O partido propõe a adoção de cotas para mulheres. Desde 1988, só duas leis se viabilizaram desta forma: o Fundo de Habitação Social e a Ficha Limpa.

Pronto atendimento 
A superintendência da Polícia Federal no Rio tem apenas dois psicólogos para atender agentes vulneráveis e seus familiares. Um acabou de se aposentar. O outro foi desalojado de sua sala e dá a consulta em um corredor do prédio.

W.o.
Apesar dos 70 mil seguidores no Twitter, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) não o atualiza desde janeiro de 2011.

Volta, Lula - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 26/02

Prestes a retomar o protagonismo no meio sindical e reiniciar suas caravanas pelo país, Lula prometeu ontem a dirigentes da Força e da CUT intermediar acordo que evite perdas aos trabalhadores na medida provisória dos portos. Disse ainda que negociará com Dilma Rousseff atenção à pauta da marcha a Brasília, programada para o dia 6. Apesar da movimentação, o ex-presidente cortou apelo de Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) para se candidatar novamente à Presidência em 2014.

Velha guarda Com abertura do ex-presidente, o evento comemorativo dos 30 anos da CUT, amanhã, reunirá lulistas históricos, como Vicentinho, Luiz Marinho, Jair Meneguelli e Jacó Bittar, além do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).

Fica, Dilma Do presidente da CUT, Vágner Freitas, sobre a eleição de 2014. "Estamos fechados com Dilma. Achamos que a presidente terá um segundo mandato."

Assim não A beligerância entre Brizola Neto e seu antecessor no Ministério do Trabalho, Carlos Lupi, incomoda Dilma. A gota d'água foi a manifestação organizada pela irmã de Brizola, Juliana, que resultou na pichação de muros em Porto Alegre acusando o ex-ministro de criar "mensalão" no PDT.

De fininho Como pedetistas têm convenção em março, a expectativa é que Brizola Neto deixe a pasta com o discurso de que precisa disputar o controle do partido.

Recuo Em derradeira tentativa de afagar as centrais, o ministro anuncia hoje portaria que veta a chamada "fábrica de sindicatos", projeto apresentado por ele como bandeira na posse, em maio.

Festança Michel Temer promoverá amanhã, no Palácio do Jaburu, jantar em homenagem a José Sarney (PMDB-AP). O evento para o ex-presidente do Senado terá participação de ministros e governadores do partido.

Atemporal Eduardo Campos (PSB) evita usar números de 2011 e 2012 quando apresenta estudos críticos sobre desequilíbrio na relação entre União, Estados e municípios, uma de suas bandeiras. "Isso é para que não digam que estou falando mal da presidente Dilma", diz.

Bipolar Foi "notada e anotada", nas palavras de um ministro, a ausência da cúpula do PP na festa do PT na semana passada. Auxiliares de Dilma dizem que a presidente cobrará do partido definição sobre 2014. O presidente da sigla, senador Francisco Dornelles (RJ), é primo de Aécio Neves (PSDB-MG).

Alerta geral Petistas próximos de Dilma veem com preocupação o ultimato dado ontem pelo PMDB-RJ. Lindbergh Farias obteve garantias de que será candidato ao governo, e o diagnóstico no PT é que não há margem para intervenção nacional.

SOS 100 dias Pressionado a tirar do papel suas promessas de campanha, o prefeito Fernando Haddad enviou circular para todos os secretários cobrando o envio, até amanhã, de planilhas com projetos nos quais é possível pleitear verba federal para São Paulo.

Porta... Preocupado em melhorar sua imagem, Renan Calheiros (PMDB-AL) copiou quadro dominical no qual Silvio Santos anunciava na TV as atividades dos presidentes nos anos 70 e 80.

... da esperança Sua versão da "Semana do Presidente" é um boletim eletrônico produzido pela assessoria da presidência do Senado com fotos, discursos e encontros do peemedebista.

Visita à Folha Thomas Traumann, porta-voz da Presidência da República, visitou ontem a Folha.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Querem condicionar a aliança nacional a uma chantagem no Rio. Impor candidato sem pensar nos eleitores é inaceitável."
DO DEPUTADO ALESSANDRO MOLON (PT-RJ), sobre o PMDB fluminense ameaçar boicote a Dilma Rousseff caso o PT não apoie Luiz Fernando Pezão.

contraponto


Só pensa naquilo


Um grupo de ministros se reuniu no mesmo helicóptero no fim do aniversário do PT, na zona norte de São Paulo, na semana passada. De lá, iriam ao aeroporto de Congonhas, pegar carona no avião presidencial. Alguém notou a ausência do presidente do PMDB, Valdir Raupp.

-O Raupp vai sair da base -, respondeu um assessor.

Até então distraída, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) teve um sobressalto:

-O Raupp vai sair da base? Como assim?

Aos risos, os colegas explicaram que se referiam à Base Aérea, de onde sairia o avião, e ela se acalmou.

Rumo ao pior ano da logística agrícola - MARCOS SAWAYA JANK

O ESTADO DE S. PAULO - 26/02

Este ano o Brasil está colhendo a maior safra da sua História. Serão 185 milhões de toneladas (MT) de grãos e oleaginosas, 11% mais do que na safra anterior. Viramos o primeiro produtor (84 MT) e exportador (41 MT) mundial de soja. Também tomamos dos americanos a posição de primeiro exportador mundial de milho (25 MT, ante 23 MT dos EUA), um fato inédito e surpreendente que decorre da terrível seca que atingiu aquele país em meados do ano passado e provocou uma quebra de safra superior a 110 milhões de toneladas de grãos.

Em recente evento de que participei nos EUA, a principal questão não era saber a estimativa de quanto o Brasil vai produzir nesta safra, mas sim os volumes de soja e milho que serão efetivamente escoados através de nossos portos até o início da próxima safra americana. Ninguém mais tem dúvida de que o Brasil consegue responder rapidamente na produção. Basta dizer que só na soja ampliamos a área plantada em quase 3 milhões de hectares em apenas um ano. A segunda safra de milho - erroneamente chamada de "safrinha" e plantada após a colheita de soja no mesmo ano agrícola - superou a safra de verão em mais de 6 MT nos dois últimos anos. Trata-se de uma notável vantagem competitiva da agricultura tropical, que jamais vai ocorrer em países de clima temperado.

Acontece que em apenas um ano aumentamos a nossa exportação "potencial" de milho e soja em 18 milhões de toneladas, 36% mais do que na safra passada. Vale notar que o grosso da expansão de soja e milho se dá nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Bahia, em áreas que se situam entre 1.000 e 2.300 km de distância dos portos. Se somarmos ainda as exportações de 25 MT de açúcar e a importação de 18 MT de matérias-primas para fertilizantes, não é de espantar que este ano assistiremos, passivos e apavorados, à maior asfixia na logística de granéis da nossa História!

Neste momento, as filas de navios para atracar nos Portos de Santos e de Paranaguá estão duas a três vezes maiores do que há um ano. Na última quinta-feira havia 82 navios esperando para carregar grãos no Porto de Paranaguá, ante 31 nesta mesma época do ano passado. Em Santos havia 59 navios, ante 29 há um ano. O custo médio de demurrage de um navio parado esperando carga é de US$ 30 mil por dia. Em seminário do Banco Itaú-BBA realizado na semana passada, operadores relataram que para evitar 45 dias de fila de espera em Paranaguá eles decidiram mandar os caminhões para o Porto de Rio Grande, onde as filas duram menos de dez dias. Ou seja, depois de rodar 2.300 km do norte de Mato Grosso até Paranaguá, a soja ainda tem de rodar outros 1.100 km para pegar uma "fila mais rápida" no Rio Grande do Sul.

Uma verdadeira insanidade!

Para complicar ainda mais, a Lei 12.619, que restringe a jornada de trabalho dos caminhoneiros e o tempo de condução dos veículos, teve o efeito prático de "retirar" mais de 500 mil carretas das estradas. Os fretes de cargas já subiram entre 25% e 50% este ano. Além disso, o processo de votação da Medida Provisória n.° 595 - a chamada MP dos Portos, que propõe novas regras para a modernização destes - tem produzido uma sucessão de greves em escala nacional, que só tende a piorar com o avanço das negociações.

Essa situação calamitosa nos leva a pelo menos três reflexões importantes. A primeira delas, e mais óbvia, é a necessidade urgente de votar os novos marcos regulatórios que modernizariam a logística brasileira, particularmente a MP dos Portos. Apesar da calamidade nas estradas, da insuficiência histórica de ferrovias e hidrovias e da falta de armazéns (nossa capacidade de armazenagem equivale a 72% da safra de soja e milho, ante 133% nos EUA), o pior gargalo do País neste momento, de longe, são os portos. É hora de vencer a reserva de mercado, a burocracia e o corporativismo de um dos setores mais atrasados da economia brasileira.

A segunda é a necessidade urgente de viabilização sistêmica da nova logística do Norte do País, traduzida no escoamento pelos Portos de Itacoatiara (Rio Madeira), Santarém (Amazonas), Marabá (Tocantins), Miritituba (Teles Pires/Tapajós) e Vila do Conde (confluência do Amazonas e do Tocantins, no Pará), na conclusão da pavimentação das rodovias BR -163 e BR -158 e das Ferrovias de Integração Norte-Sul (FNS), Centro-Oeste (Fico), Oeste-Leste (Fiol) e Transnordestina. Basta dizer que 60% da produção de grãos se concentra nos cerrados, que serão beneficiados pela nova logística, mas só 14% dela é hoje escoada pelos portos do Norte e Nordeste. A viabilização dos novos corredores permitiria exportarmos com navios Capesize, que transportam 120 mil toneladas de grãos, o dobro da capacidade dos navios Panamax, hoje utilizados. Com a futura passagem desses navios pelo Canal do Panamá, em 2014, será possível reduzir em pelo menos 20% o frete marítimo para a China, que já responde por 40% da nossa exportação de grãos, além da redução potencial dos fretes terrestres, pelo uso de ferrovias e hidrovias.

A terceira reflexão tem que ver com o longo prazo. Precisamos estudar qual seria o melhor modelo de inserção do Brasil no agronegócio global do futuro. Hoje estamos engargalados num sistema ineficiente de transporte de soja e milho por caminhões, portos velhos e caros e navios pequenos. Milho e soja servem basicamente para produzir ração para bovinos, suínos e aves, que vão produzir a proteína animal consumida por países que estão do outro lado do planeta.

Num momento em que vários países constroem políticas comerciais mais agressivas - vide o anúncio do novo acordo EUA-União Européia e a miríade de acordos asiáticos -, não seria a hora de repensar as nossas cadeias de suprimento, buscando explorar a combinação de maior eficiência e valor dos grãos, carnes e lácteos que serão demandados no futuro?

Entre propaganda e crítica - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 26/02

BRASÍLIA - Qual a diferença decisiva entre o vencedor "Argo" e o derrotado "Lincoln", que concorreu a 12 prêmios do Oscar e só levou dois?

"Argo" tem todos os componentes hollywoodianos da alma norte-americana: um herói bonitão e corajoso, o "bem" contra o "mal", uma trama de conteúdo épico e o velho oba-oba de como eles são mais justos e mais espertos do que todo mundo.

"Lincoln", ao contrário, é mais realista, menos ufanista. A emenda que aboliu a escravatura foi aprovada por um triz, por dois votos, e graças aos truques sujos de ontem, hoje e sempre: chantagens, ameaças, compra de votos. Os republicanos eram a favor; os democratas, contra.

Não foi por acaso que Michelle Obama foi escolhida e aceitou estrelar o grande momento: "E o Oscar vai para...". Democrata, chique e mulher do primeiro presidente negro do país, estava perfeita no papel ao anunciar o propagandístico "Argo". Já se fosse o crítico "Lincoln"...

E não é sem razão que o Irã reclama do resultado. Quanto mais espertos são os americanos em "Argo", mais os iranianos parecem idiotas, como jogadores que deixam a bola passar entre as pernas. O regime tem culpa no cartório, mas estou doida para ver a versão -ou réplica- deles.

No mais, não é preciso ser nenhum gênio em cinema para aplaudir a estatueta de melhor ator para Daniel Day-Lewis, mas é preciso se render à psicologia de Hollywood e do próprio país para entender como Jennifer Lawrence bate Emmanuelle Riva como melhor atriz.

Jennifer é talentosa, jovem e bonita, mas, convenhamos, sua adversária era imbatível. Hollywood, conservadora até na solenidade de premiação -todo ano antecedida de promessas de renovação e sempre mais do mesmo-, vive de sangue fresco. Riva é uma velha francesa. Lawrence, a cara nova dos EUA para o mundo.

Modestamente, pois conheço um pouquinho de política, mas cinema não é minha praia, preferia "Lincoln" e Riva. Se o critério fosse justiça.

Indecentes úteis - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 26/02

Aqueles que não conseguem convencer, quando fanáticos agridem, constrangem e, se lhes for dada a oportunidade, prendem e arrebentam.

Foi a nítida impressão deixada pela ação orquestrada a partir da Embaixada de Cuba com pequenos, barulhentos e virulentos grupos defensores da ditadura Castro, contra a presença da jornalista Yoani Sanchez por uma semana no Brasil.

Tirante a violência, nada de mais grave haveria no patrulhamento não fossem dois fatos: a presença de um assessor com assento no Palácio do Planalto na reunião em que a representação de Havana distribuiu a missão aos chefes dos tarefeiros e o mutismo do PT diante dos atentados à liberdade de uma pessoa dizer o que quer a quem estiver disposto a ouvir.

De onde fica plenamente autorizada a constatação de que esse tipo de intolerância não é episódio isolado nem nascido por geração espontânea. Foi apenas a manifestação mais histérica e malsucedida do modo petista (e área de influência) de lidar com as diferenças de ação e pensamento.

Numa expressão já meio gasta: o exercício do contraditório. Este enlouquece o PT. E aqui se fala do partido como um todo não na intenção maldosa de generalizar, mas porque a direção deixou o senador Eduardo Suplicy literalmente falando sozinho no enfrentamento da barbárie. Do partido como um todo não se ouviu palavra, nenhum reparo, apenas ressalvas aqui e ali à "deselegância" dos indecentes úteis.

A falta de cerimônia com que se dedicaram à selvageria é fruto do exemplo. Isso se vê quando o governo desqualifica de maneira desonesta (para não dizer mentirosa) as ações de seus antecessores - até mesmo os que hoje são seus aliados -, quando autoridades confundem crítica com falta de apreço à pátria, quando o dever de informar é classificado com desejo de conspirar, quando o exercício da oposição é "vendido" à população como uma atividade quase criminosa.

No caso da cubana ocorreu um monumental tiro no pé: o que seria uma visita tratada com destaque, mas sem maiores consequências nem celebrações - até porque Yoani Sanchez não diz nada que já não seja de conhecimento público sobre as agruras da vida em Cuba -, no lugar da visita de uma jornalista que reclama pela adaptação de seu país à contemporaneidade, o que se teve foi uma repercussão monumental.

Ao se tornar alvo (fácil) da rebeldia sem causa, virou capa da revista de maior circulação no Brasil, falou no Congresso Nacional e foi convidada de honra em programas de entrevistas no rádio e na televisão. Bom para ela, melhor ainda para a exposição das patrulhas ao ridículo. E tem gente que ainda apoia o direito da Embaixada de Cuba de pôr os patrulheiros na rua argumentando que o fez em legítima defesa.

Imagine o prezado leitor e a cara leitora se a Embaixada dos Estados Unidos resolvesse organizar manifestações no mesmo tom para revidar, a pretexto de proteger a moça dos ataques. O mundo viria abaixo e certamente o governo brasileiro protestaria contra a indevida intromissão.

Expurgo. A exposição de fotos no Senado, organizada pelo PT em comemoração aos 33 anos de vida e 10 do partido no poder, simplesmente suprimiu o ano de 2005. O período em que veio a público o esquema do mensalão também desapareceu das festividades partidárias.

Uma incoerência em relação aos protestos de injustiça e acusações de farsa que o PT faz sobre o julgamento. Acreditasse mesmo em suas alegações, o natural seria o partido aproveitar a passagem dos aniversários para ressaltar o que, na sua versão, seria algo nunca antes ocorrido no País em matéria de atentado à Justiça, aos direitos individuais e, sobretudo, à verdade.

Preferiu nada falar. De onde, se conclui, consentiu.