segunda-feira, fevereiro 14, 2011

PAULO RABELLO DE CASTRO

Como Dilma pode ganhar os governadores
PAULO RABELLO DE CASTRO 
Revista Época 



A presidenta Dilma encara dois grandes adversários no momento: o tempo e a base governista. Dilma tem pela frente uma agenda recheada das expectativas que ela criou nos eleitores em sua campanha – transformar o Brasil, conferindo-lhe uma cara política e fiscal de país avançado. E, se o tempo é curto para propor, votar e implantar as mudanças, pior se os congressistas aliados não entenderem suas reais intenções, empacando as decisões. O ano de votar as mudanças é 2011.
Em seguida, vêm as eleições municipais de 2012, com sua malha de interesses paroquiais, isso se não ocorrer algo mais grave no cenário econômico mundial, como a quebra de países endividados, o que poderia desviar a atenção do governo e destruir os planos reformistas.
A base governista pode até trabalhar a favor se os governadores se puserem em campo, jogando na mesma cartilha de Dilma, de acelerar as transformações do Brasil. Trata-se de um ótimo time de governadores, safra de gente mais jovem e que vê no próprio futuro a legítima ambição de sucesso político. Dilma pode amparar essas expectativas se estiver disposta a encarar um dos monstrengos financeiros dos primórdios do Plano Real. Em meados dos anos 1990, os Estados estavam, em sua grande maioria, quebrados. O governo Fernando Henrique Cardoso propôs a eles uma repactuação de dívidas estaduais, incluindo os maiores municípios, como as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Essa renegociação custou caro ao governo federal por estar, ele também, meio quebrado. As cruéis cláusulas nos contratos de renegociação assinados pelos entes federados nunca foram alteradas.
Hoje, o governo federal teria caixa e crédito para rever as cláusulas leoninas. Os Estados continuam pagando com o indexador de inflação errado – o IGP-M –, cuja variação é sempre mais gravosa na hora do aperto geral. Neste ano vai acumulando 11,5% de aumento, um absurdo pago com o dinheiro dos contribuintes na boca dos supermercados e das fábricas, pois incide, pelos aumentos do ICMS, arrecadados de ricos e pobres, na cesta de consumo.
O governo federal poderia cobrar juros menores dos Estados e deixar que investissem mais
Quando somado o juro que é cobrado por cima do IGP-M, de pelo menos 6% ao ano, um governo estadual pode começar 2011 enfrentando uma carga de juros da ordem de 18%, um total despautério quando cotejado aos meros 3% a 4% de juros de longo prazo dos títulos públicos americanos. Uma repactuação equilibrada deveria atrelar o serviço da dívida a juro fixo ou, quando menos, à taxa de juros de longo prazo (TJLP) usada pelo BNDES, mais 1 ou 2 pontos porcentuais. Se Dilma conseguir uma arquitetura financeira para promover tal repactuação – e ela pode perfeitamente fazê-lo, pois tem a competência técnica para entender do que estamos falando, – matará dois coelhos num só golpe. Terá 27 governadores e os principais prefeitos do país dispostos a influir em suas bancadas federais para aprovar uma reformulação tributária com que sonham os contribuintes brasileiros, que seja corajosa, honesta, simplificadora e impulsionadora dos investimentos. Poderá também constituir um Programa de Aceleração de Investimentos (PAI) com os recursos que antes iriam ociosamente parar no Tesouro sob a forma de juros escorchantes. Cada governador acessaria esse PAI com projetos a serem aprovados conforme um critério sério de rentabilidade econômica até o limite da diferença de juros anuais economizados nas dívidas repactuadas. Óbvio que esse novo volume de investimentos, em todos os Estados, daria um empurrão fantástico ao crescimento das economias regionais.
Um Estado como Mato Grosso, por exemplo, que tem quase 4.000 quilômetros de ferrovias para construir, daria uma resposta extraordinária a seus gargalos logísticos. Conversei com o governador Silval Barbosa (PMDB-MT), cujo Estado já vinha tentando sensibilizar o governo federal desde a gestão anterior, do senador Blairo Maggi. O novo chefe de governo estadual já tenta retomar a proposta da repactuação em novas bases. Cada brasileiro que paga imposto deveria estar torcendo para Dilma encampar a iniciativa de Mato Grosso.

J. R. GUZZO

Volta ao trabalho
J. R. GUZZO
Revista Veja

  Desde que o Brasil voltou a ser presidido por um ser humano comum, a partir de janeiro de 2011, uma porção de coisas começou a mudar no mundo que gira em torno do governo. É pouco tempo, ainda, para saber melhor o que vem por aí, mas já existe um clima diferente - a começar pela sensação de pausa na neurastenia permanente produzida pelo ex-presidente da República durante os oito anos em que ocupou o cargo. É um alívio: desde que Dilma Rousseff assumiu, não é mais preciso ouvir, todo santo dia, quanto o Brasil deve a seu presidente etc. A mudança que parece chamar mais atenção, porém, é que o país voltou a ter na Presidência uma pessoa que trabalha. Dilma comparece ao serviço todos os dias. Tem uma agenda de atividades a executar. Não passa seu tempo dentro do Aerolula, ou fazendo discurso, ou comandando homenagens a si própria. Despacha com os ministros. Faz cobranças; não vai logo engolindo a primeira desculpa que lhe dão. Marca reuniões nas sextas-feiras, para os auxiliares não engordarem o fim de semana com um dia a mais.
É verdade que, com vários dos ministros que a nova presidente escolheu para o seu governo, tanto faz - não há reunião, com esses ai que possa resultar em algo de bom para o serviço público. Mas é certo que, depois de oito anos seguidos, voltou-se a trabalhar no Planalto. Já é uma boa coisa.
Para todos os que se preocupam com as ameaças que a privatização pode trazer para o patrimônio público deste país: solicitam-se alguns momentos de sua atenção para uma curta história que pode resultar, caso seu desfecho seja o desejado por dinâmicos ases do mercado imobiliário paulistano e alguns altos funcionários da prefeitura de São Paulo, numa verdadeira pérola na coleção de parcerias através das quais, ao fim de muito passe de mágica e outros esforços, bens que pertencem a todos acabam aparecendo no Registro de Imóveis, um belo dia, como propriedade particular de meia dúzia de cidadãos. No caso, trata-se de um terreno de 20 000 metros quadrados que o município possui num dos pontos mais caros do Itaim, bairro classe A “plus” de São Paulo, e que se transformou no objeto de uma possível troca com incorporadores de imóveis da capital. Que troca poderia ser essa? Uma troca do tipo clássico, quando se cruzam homens de negócios e agentes do poder público. A prefeitura entrega um terreno que já existe, e que todo mundo pode ver no aqui e no agora, com localização precisa, dimensão exata e valor conhecido no mercado. Seus verdadeiros proprietários, a população da cidade, ficam com uma promessa para o futuro.
A área em questão não é um terreno baldio, um desses espaços que as prefeituras chamam de “praça” e que servem para juntar mato e entulho: já funcionam ali, hoje, duas escolas, uma creche, um posto de saúde, uma biblioteca e um centro de atendimento para crianças excepcionais, conjunto a ser demolido, segundo os planos, para a construção de prédios de escritórios e apartamentos. Os recursos obtidos pela prefeitura na transação seriam utilizados na construção de até “200 creches”, segundo as esperanças da autoridade municipal. Resumo da história, se o negócio for fechado: é 100% certo que tanto os escritórios como os apartamentos serão construídos e vendidos; quanto às “200 creches”, infelizmente, não dá para garantir nada.
A situação poderia ficar bem mais clara. Naturalmente, se a prefeitura, antes de transferir essa propriedade de primeiríssima classe para os incorporadores, fornecesse aos paulistanos algumas informações que qualquer cidadão teria direito de receber num negócio desse tipo. Onde estão as escrituras dos 200 terrenos, um a um, nos quais serão construídas as creches? Em que lugares do município, exatamente, eles ficam? Quando será entregue a primeira creche do lote? Quando será entregue a última? Quais as dimensões precisas de cada uma delas? O que vai constar do memorial descritivo de cada construção? Onde está o plano de contratação e treinamento dos funcionários que esse mundo de creches vai exigir? Quem está pensando nos recursos necessários para o seu funcionamento? Não é pedir muito, claro. Também é claro que ninguém, dentro ou fora da prefeitura, tem a menor ideia a respeito disso tudo.
É uma pena, realmente, que a área em questão não faça parte daquele pedaço do patrimônio público que tem um bras no nome - o mundo encantado onde há funcionários, diretorias, conselhos de administração, fornecedores, clientes e tantos outros atrativos. Para este nunca faltam defensores.

LYA LUFT

A maior ironia
LYA LUFT

Revista Veja

Com o ensino cada vez pior - e ainda por cima sendo mais difícil conseguir uma reprovação -, temos gente saindo das universidades quase sem saber coordenar pensamentos e expressá-las por escrito, ou melhor: sem saber o que pensar das coisas, desinformados e desinteressados de quase tudo. Fico imaginando como será em algumas décadas. A ignorância alastrando-se pelas casas, escolas, universidades, escritórios, congressos, senados... Multidões consumistas ululando nas portas e corredores de gigantescos shoppings, países inteiros saindo da obscuridade - não pela democracia, mas para participar da orgia de aquisições, e entrar na modernidade. 
Em algumas coisas sou pessimista: essa é uma delas. Mas acredito que os que ainda quiserem pensar, estudar, descobrir, inventar, pintar, dançar, cantar ou escrever vão viver numa espécie de ilha. Talvez em universidades tradicionais ou ultra-adiantadas, ou no aconchego de bibliotecas em casa, praticamente todas de e-books ou recursos com que nem sonhamos, exigindo pouco espaço.
Já existem em países adiantados intelectuais, pensadores, pesquisadores, cientistas pagos simplesmente para pensar. Criar, inventar, descobrir. Um deles, meu conhecido, cujo hobby é tocar piano, conseguiu, sem ter de pedir, uma sala enorme à prova de som, para tocar altas horas ou de dia, sem incomodar vizinhos.
As atuais agitações em países do Oriente me fizeram pensar que a filosofia (os gregos) foi substituída pela religião, a religião pelas ideologias, e as ideologias, atualmente, pelo consumismo. Não sou contra consumir, gosto do meu celular eficiente e relativamente moderno, embora saiba que em poucas semanas, ou dias, ele estará ultrapassado. Isso não me incomoda. Não me deixa ansiosa por trocar este por outro, que em pouco tempo também deverá ser substituído, numa compulsão idiota. Não gosto é dessa compulsão idiota. Meu computador e meu notebook são atualizados e eficientes, mas não me importa que em algumas semanas estejam superados, desde que funcionem bem.
Gosto de poder trocar de carro quando o outro bate biela (não sei o que é biela mas ouvi falar). Porém, nem posso nem desejo estar sempre com o último modelo, ou o mais luxuoso. Diante da miséria de meu país, acho que isso me envergonharia, como caríssimas joias e bolsas ou roupas de grife. Vivo uma busca de simplicidade, que ajuda bastante a viver curtindo mais e melhor as coisas boas que existem no meio do horror. Podem ser simplíssimas, como um livro interessante, um Mozart profundo, as crianças que correm no jardim de uma casinha que temos na montanha. Um casal de guaxinins fez seu ninho embaixo da varanda, nosso novo encantamento. Se a gente não consegue coisas desse tipo, a vida fica pesada demais. 
Corrida demais. Relógios demais, compromissos demais, bebida, comida, contas demais, e de repente a velha prostituta que chamamos Morte revira seus olhos sinistros de gato, limpa os bigodes e prepara o bote.
E nós, onde estamos? Em casa, na cama, na loja, no bar, na praia, na multidão enlouquecida, na solidão do hospital - ou rodeados de alguns afetos essenciais? Ou sozinhos, mas apaziguados? Ou em alguma ilha, que pode ser de artistas ou pensadores dignamente valorizados, ou no minúsculo escritório, ou quarto, em casa, sentindo o contentamento de alguns momentos bons, ou simplesmente refletindo, contemplando?
Vamos ter "aproveitado" a vida, coisa que se aconselha aos jovens desde o tempo de minhas avós - aos rapazes naturalmente, naqueles tempos de moças recatadíssimas -, vamos continuar infantilizados, ou vamos melhorar um pouco como seres humanos? Ou isso tudo não nos interessa nadinha (o que é mais provável)?
O que vai ser, o que vamos sentir, alegria ou tormento, ansiedade inútil ou trabalho de crescimento pessoal, e como vamos enfrentar as unhas afiadas daquela velha dama de gélidos olhos? Quase sempre depende de nós, que giramos feito baratas tontas em busca da última novidade, do mais moderno acessório, da mais louca diversão. E essa é a maior ironia.

EDITORIAL REVISTA VEJA

Um dragão como herança
CARTA AO LEITOR
Revista Veja 

O governo passado comprou com dinheiro público gasto sem restrições cada ponto da aprovação recorde nas pesquisas de opinião. A boa vontade dos mais pobres foi obtida principalmente com a distribuição a fundo perdido de 13 bilhões de reais por ano, sem a exigência da contrapartida de aprender a caminhar com as próprias pernas. As classes médias obnubilaram-se com o crédito fano e os prazos para pagar suas compras em até 84 meses, ou sete anos. As empresas não tiveram razões para queixas com a oferta de 170 bilhões de reais em recursos subsidiados oferecidos pelo BNDES. A gastança, como sempre, foi ainda maior em 2010, ano eleitoral, quando as despesas do governo federal cresceram 15% acima da inflação, chegando a 700 bilhões de reais. A presidente Dilma Rousseff foi beneficiada eleitoralmente pelo clima de festa na economia, mas pode alegar que já estava fora do governo quando as decisões mais irresponsáveis foram tomadas.
Uma reportagem desta edição de VEJA mostra que a festa acabou, e a conta amarga acaba de chegar na forma de bombas inflacionárias de efeito retardado. Janeiro de 2011 registrou o mais alto pico de carestia dos últimos seis anos. Na semana passada, esses petardos começaram a ser desativados. O primeiro passo foi o anúncio do corte de 50 bilhões de reais no orçamento da União - uma tesourada nada trivial que supera em valor tudo o que o governo federal investiu em 2010. Mais ajustes terão de ser feitos no decorrer do ano para reconduzir as finanças públicas aos padrões mínimos de governabilidade que vinham apresentando até 2009.
Os mais óbvios desses ajustes são o aumento da taxa de juros e as medidas restritivas ao crédito, ambos com efeito inibidor da atividade econômica. Os custos para os brasileiros serão amargos, e esse sentimento se revelará nas eventuais pesquisas de aprovação da administração Dilma que vierem a ser feitas. Receber como herança um dragão inflacionário tratado a pão de ló pelo governo precedente é algo que Dilma não pôde escolher. Decidir atacá-lo mesmo ao custo de sua popularidade é elogiável.

RUY CASTRO

Acervo de trilhões
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/02/11

RIO DE JANEIRO - Na sexta-feira, os jornais deram com alarde que a quantidade de informação hoje acumulada no mundo é de 295 trilhões de megabytes -algo assim como 21 zeros e quebrados. E que, se essa informação fosse gravada em CD-Roms de 730 megabytes cada, seriam necessários 404 bilhões de discos. Os quais, uns sobre os outros, com 1,2 mm de espessura cada, formariam uma pilha que iria da Terra à Lua e talvez ainda mais longe, à Barra ou ao Recreio.
Apesar de até há pouco não saber o que significava um byte -se nele cabia apenas uma humilde piada de papagaio ou a Encyclopaedia Britannica inteira- , vibrei ao ler isto. Eu próprio sempre gostei de acumular informação, relevante ou não. Já soube de cor a ficha técnica de incontáveis filmes do passado, as letras de inúmeras marchinhas de Carnaval e a escalação dos times mais improváveis, como o Bonsucesso e o Canto do Rio.
Desde então, tenho vivido desse estoque de informações. Aliás, conservo mais informação do que preciso para viver ou trabalhar. Por exemplo, nunca me prevaleci do fato de saber que a defesa do Canto do Rio, em 1955, era Celso, Charuto e Arnóbio; Roberto 2º., Moreno e Dico, e que a linha do Bonsucesso, naquele mesmo ano, era Barbosinha, Soca, Alemão, Décio e Benê. Durante décadas, essas informações se limitaram a acumular poeira em algum sótão da minha memória.
Mas, a partir deste momento, tais informações, das quais ninguém até então sentira falta, estão sendo publicadas na Folha, um jornal de grande circulação. Com isso, as escalações da linha do Bonsucesso e da defesa do Canto do Rio foram automaticamente incorporadas ao acervo de trilhões de megabytes no ciberespaço.
Fico me perguntando se, entre esses trilhões ou quatrilhões de informações, haverá muitas outras tão irrelevantes quanto as que acabo de fornecer.

LUIZ FELIPE PONDÉ

No osso
LUIZ FELIPE PONDÉ 
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/02/11

A vida é um drama sem solução. Atualmente, são os homens que esperam pelo príncipe encantando


ESTOU FELIZ. Dirão meus detratores que minto porque um niilista nunca está feliz. Mentira. A felicidade de um niilista apenas custa mais caro porque não é "made in China". Está mais para BMW do que para Chery.
Estou feliz porque vi um filme que me deu esperança no cinema dos próximos anos: "Inverno da Alma" , de Debra Granik.
Com os 80 anos do grande Clint Eastwood, temo por sua herança. Encontrei em Debra Granik uma esperança. Quem achar estranho que uma mulher seja a herdeira de um cineasta que fala de virilidade engana-se.
Num cenário como o atual no qual os homens, quase todos, falam fino e pedem permissão às mulheres para dizer o que pensam, só podíamos mesmo ter esperança que as cineastas mulheres se tornassem as possíveis herdeiras daquilo que os homens estão a perder: a coragem de dizer que a vida é um drama sem solução. Hoje, são os homens que esperam o príncipe encantando.
"Inverno da Alma" é filme de gente grande, coisa rara na medida em que a democracia de mercado avança (e tem que avançar mesmo, senão todo mundo morre de fome, como na África) e faz do cinema coisa para retardados.
A luta no capitalismo avançado e na democracia de massa é pela defesa da inteligência, que sofre o risco constante de atolar num pântano de bobagens para fazer a classe média se sentir segura.
Nada contra filmes divertidos, de ação, de terror e coisas assim. Mas quando o cinema resolve salvar o mundo, mudar o mundo, mudar as pessoas, meu Deus, que tédio.
Parafraseando o grande Oscar Wilde (1854-1900), que disse algo como "toda poesia sincera é ruim", todo filme no qual o diretor quer salvar o mundo é ruim. Mas como a audiência costuma ter o mesmo nível mental do diretor, quase ninguém percebe que está diante de coisa do jardim da infância.
Em 2004, Debra Granik já fizera "Down to the Bone", filme sobre uma mulher que luta contra as drogas em meio à criação de seus filhos. Agora ela volta "ao osso" para falar de uma menina de 17 anos que luta para achar seu pai, que meteu sua família numa fria das sérias.
Sua mãe, imprestável, é uma deprimida apática. Em meio à pobreza, a garota cria seus dois irmãos mais novos e cuida de tudo mais. Sozinha diante da vida, sem frescuras, sem "mapa moral", sem a ladainha política de vítima social.
O filme se passa num desses Estados atrasados do sul americano, pobre e rural. Aquela América que o amador Obama não entende. Esperemos que passe logo a onda Obama de governar para a torcida, a fim de ganhar aplausos dos estudantes e das feministas.
Uma das coisas que pode tornar o filme "difícil" é exatamente o fato de ele não oferecer o "mapa moral" que todo mundo gosta de receber quando vai ao cinema ou quando pensa sobre a vida e os costumes.
O filme não oferece "mapa moral" porque todos os personagens estão atolados na vida, que é essencialmente um fenômeno amoral, sem os tais "valores" de que todo mentiroso gosta de falar.
Apesar de que ficou na moda todo mundo desfilar "princípios éticos" por aí, a semelhança da hipocrisia cristã do passado, no silêncio de nossas almas nós sabemos que fazemos tudo que for necessário para sobreviver. E quem é exceção, não faz marketing do bem, apenas morre cedo.
Sim, uma dose de "ilusão moral" constitui a vida em sociedade. A própria noção de amor familiar como fato óbvio é uma dessas ilusões (as famílias, às vezes, são máquinas de moer gente e nem toda mãe ama seus filhos, às vezes os odeia e às vezes, com razão).
A metáfora do "osso" aqui é essencial. Em inglês, chegar ao osso é chegar ao fundo das coisas, na sua estrutura mais elementar. É chegar ali onde a ilusão não habita.
A cena na qual a protagonista com a ajuda das mulheres que a tinham espancado, "resolve o enigma" é uma ode à genuína piedade.
Não consigo pensar em maior canto à sofrida dignidade humana (esta mesma que os marketeiros do bem maculam com seu papo-furado) do que a heroína Ree, ao final, tranquilizando seus irmãos pequenos, dizendo que não conseguiria viver "sem o peso deles nas costas". Eis um filme para se ver de joelhos.

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

Mal no começo
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/02/11

Cenário: maior inflação em 68 meses; produção industrial desacelerando, principalmente no Nordeste; problemas nas contas externas; blecautes em vários Estados. 
Ações: anúncio do mais profundo corte de gastos federais em oito anos; congelamento de concursos públicos; reajuste de salário mínimo menor do que o esperado; alta dos juros.
Dilma Rousseff está começando seu governo como Lula iniciou seu primeiro mandato: com um freio de arrumação. Que a freada é necessária, poucos discutem. A herança foi politicamente generosa, mas tem conflitos e pendências econômicas inadiáveis.
A presidente parece querer fazer o mal de uma vez só e logo. A fórmula deu certo com o antecessor, e é recomendada há mais de 500 anos por especialistas em marketing político. Inventor da profissão, Nicolau Maquiavel virou adjetivo colocando o conselho no papel.
A aplicação da dica, todavia, requer algum talento. Fernando Collor seguiu o manual ao pé da letra. Arrepiou o esqueleto do florentino ao confiscar, de cara, a conta corrente da população. Mas esqueceu da segunda parte, distribuir bondades a prestação. O resultado é conhecido.
Como há 20 anos, a reação atual dos analistas econômicos oscilou entre a perplexidade e a aprovação escancarada. Não que isso queira dizer muita coisa, mas o boletim do primeiro mês de Dilma na Presidência veio repleto de elogios dos mestres na matéria.
Os cortes também excitaram o faro da oposição. Por um instante, os candidatos a candidato tucano deixaram de trocar bicadas entre si e viraram seus discursos, piadas e entrevistas contra a rival estacionada no Palácio do Planalto.
Aécio Neves saiu do muro ao dizer, resumidamente, que cortes são necessários porque o Brasil não é cor-de-rosa como o PT pintou-o na campanha eleitoral. Mas gaguejou na mineirice e a frase saiu longa demais para virar uma manchete.
José Serra precisou de três tweets para criticar o pronunciamento de Dilma na TV. Ela tentou criar uma "agenda positiva" em meio aos cortes e anunciou um programa de bolsas para o ensino técnico. Serra ironizou, sem sucesso, e depois explicou a piada: "O governo do PT copiou uma ideia nossa. Não esperava que eles dessem o crédito da autoria. Mas é bom saber como funcionam: na campanha, execram, no governo copiam, em geral mal."
Geraldo Alckmin foi mais curto: anunciou salário mínimo de R$ 600 em São Paulo e prometeu contratar 25 mil professores para a rede pública de ensino. 
Que falta fazem uma caneta e um Diário Oficial, devem ter pensado os ex-governadores Aécio e Serra. E, assim, o menos cotado dos três tucanos faturou melhor a freada de Dilma, por enquanto.
A corrida, todavia, é uma maratona. Começar na frente ou atrás não faz tanta diferença assim. Fernando Henrique e Lula enfrentaram muitos obstáculos ao longo dos anos de caminho até a cadeira presidencial e conseguiram atropelar na reta final. Tiveram sorte também.
Se o retrospecto valer algo, a curva de popularidade de Dilma deverá baixar em comparação à expectativa antes da posse. Nenhum antecessor conseguiu sustentá-la depois de empossado. Nem Lula, que só foi equipará-la (e ultrapassá-la) depois de muitos anos.
A questão é o quanto vai baixar. O pacote de maldades foi apenas anunciado. Seu efeito ainda não aconteceu. Vai demorar uns meses até os eleitores sentirem no bolso.
Além disso, há o tradicional período de carência que a população concede a todo governante, um voto de boa vontade, que, no Brasil, coincide com as férias de verão e o pré-carnaval. Assim, será nas Cinzas o primeiro teste de popularidade de Dilma. Mas será necessário esperar passar a Quaresma e o acúmulo de algumas sondagens para poder avaliar se o mal no começo foi ou não um mau começo. 
A repetição da estratégia de Lula por Dilma vai botar à prova duas vertentes que tentam explicar a popularidade recorde do ex-presidente: o sucesso econômico versus o carisma pessoal. Os conselheiros maquiavélicos devem acreditar na primeira hipótese. 

LAURO SCHUCH

Quem paga o pacto?
LAURO SCHUCH
O Globo - 14/02/2011

A reforma não pode ser pretexto para enxugar gelo ou cassar conquistas 

Os acenos do presidente do Supremo Tribunal Federal pela edição de um novo pacto republicano, a partir de reformas nas leis processuais para maior agilidade do Judiciário, assanham algumas reflexões, ante a possibilidade de supressão de garantias que constituem a sustentação do próprio estado de direito.

Realmente o Judiciário brasileiro possui um débito histórico de lentidão, aí residindo a maior de todas as "injustiças" que atormentam o cidadão, sendo necessário, e possível, atenuar este problema mediante reformas que aprimorem o sistema, algumas já até implementadas.

O óbvio da questão, porém, parece ainda distante do foco dos reformistas, que se movimentam mais pelos efeitos do que pelas causas. O clamor punitivo e o recrudescimento do aparelho repressivo estatal são mais apelativos do que qualquer projeto de prevenção; e a aplicação da pena mais importante que a obtenção dos fins por ela almejados - a ressocialização.

Há muitos recursos porque há muitos processos, e quem mais afoga o Judiciário é o próprio poder público. Por aqui, o Estado é o primeiro a descumprir suas obrigações: milhões de aposentados têm que recorrer à Justiça para terem suas aposentadorias e pensões pagas corretamente; poupadores aos milhares precisam buscar os expurgos dos planos econômicos para recomposição das perdas sofridas; internações em hospitais públicos e acesso a medicamentos já não são mais questões de plantão médico, e sim de plantão judicial; enxurradas de ações decorrem da má qualidade dos serviços públicos concedidos, e as agências reguladoras nada fazem para sanar distorções gritantes; precatórios simbolizam que lentidão e ineficácia não decorrem da orgia recursal, mas do descaso do poder público com o cidadão e as decisões judiciais.

Há vários outros exemplos que denotam estar a raiz do problema fora do Judiciário, que apenas reflete os efeitos, e a reforma que nele se propõe como salvadora da República é mero paliativo, distante do verdadeiro pacto que precisa ser feito - que o Estado cumpra o seu papel e obrigações perante a nação. Talvez assim não fossem necessárias estruturas exclusivas só para tratar de ações de interesse de entes públicos, como a Justiça Federal e as varas da Fazenda Pública nos estados.

Se juízes forem menos absorvidos por fatos que decorrem do descaso do poder público, certamente julgarão mais rapidamente outros casos, e, melhor, sem prejuízo das garantias constitucionais ºfundadas na ampla defesa e no contraditório. Crimes não restariam sem resposta e a prescrição perderia sua função de agente da impunidade.

Além disso, é preciso considerar que o Brasil dispõe de cerca de um magistrado para cada 17 mil habitantes, enquanto em países desenvolvidos esta proporção se estabelece na ordem de um para cada 5 mil. O número de juízes em nosso país é insuficiente para atender à grande demanda gerada por distorções sociais gritantes.

A reforma e o pacto não podem servir apenas para enxugar gelo nem cassar conquistas republicanas que consolidam o estado de direito e suas garantias. E nós, os contribuintes e cidadãos, não queremos pagar novamente o pacto.

LAURO SCHUCH, advogado, foi vice-presidente da OAB-RJ.

MARCO ANTONIO ROCHA

A presidente Dilma não dá lide, nem explicações
MARCO ANTONIO ROCHA
O Estado de S. Paulo - 14/02/2011

Acho que até quem nunca foi jornalista entende o jargão, sabe o que é lide. Em todo caso, aqui vai: a palavra deriva do inglês, lead, e é a cabeça da notícia, da matéria, da reportagem, do artigo, do editorial, enfim, do que saia publicado. E destina-se a atrair a atenção do leitor para o tema.

Lula dava lides sobre os mais diversos temas nos seus dois ou três discursos diários, da permanente villegiatura pelo Brasil ou no exterior. Se não tivesse um assunto, criava-o.

Bom, pelo menos até agora, essa me parece a maior diferença entre os dois: Lula falava demais, Dilma fala de menos. Lula não gosta de que a gente aponte diferenças entre eles. Disse na festa do PT que isso é parte da tática da "desconstrução do governo Lula". Acho que não. Acho que é parte normal das análises que a imprensa, nacional ou estrangeira, sempre faz a respeito de governantes que se sucedem. Mas pouco importa o que ele diga. No que me concerne, como diria o ex-presidente Jânio Quadros - outro que falava muito, e muito bem, com rico vernáculo, mas também não fazia nada -, trabalho, sim, pela desconstrução total de Lula naquilo que posso. Nunca gostei dele, e gosto menos ainda depois de oito anos de Lulíadas.

A questão aqui não é a mera diferença de estilos parlatórios dos dois, mesmo porque, ambos falam muita besteira de improviso. Por exemplo, o slogan do primeiro pronunciamento de Dilma pela televisão: "Brasil, país rico é país sem pobreza". Bobagem. Além da tautologia rasgada, não existe nenhum país no mundo sem pobreza - até na Suécia existe pobreza -, portanto, não existiria nenhum país rico. Mas, deixemos, a lógica nunca foi o forte do PT e das suas lideranças.

O importante, na verdade, é a clareza de enunciados, propósitos e ações.

Nesse aspecto, o primeiro mês de mandato de Dilma não difere muito dos oito anos de ações de Lula, cujos enunciados, propósitos e ações eram propositalmente confusos.

A semana encerrou-se com um propósito enunciado, mas não definido, de cortes de R$ 50 bilhões no orçamento, como parte do programa fiscal para este ano. Deixemos, mais uma vez, de lado o fato de que a nova presidente, quando candidata, ironizou e repudiou a necessidade de ajuste fiscal, pois, na sua opinião, a economia ia bem e ajuste fiscal era conversa mole de economistas ortodoxos para prejudicar o povo e os pobres. Se agora o seu governo embarca num ajuste fiscal dessa magnitude, palmas para a oposição que alertava para essa necessidade nos últimos dois anos.

O problema é que, da maneira como foi anunciado, o corte orçamentário não granjeou nenhuma credibilidade, pois, para bons entendedores do mundo da economia e dos negócios, ao contrário do que se diz, meias palavras não bastam. É necessário tudo muito bem explicadinho. E praticamente nada foi explicado sobre onde serão feitos os cortes para se chegar àquela vultosa quantia, a não ser algumas dúbias referências a cortar verbas de emendas de parlamentares e algumas coisas no custeio do governo federal. Emendas parlamentares que propõem despesas, mas não criam receitas, podem ser cortadas à vontade, pois é o mesmo que cortar vento. Feitas algumas poucas contas, já se percebe que, isso tudo somado, não representaria quase nada do que se propõe.

Acresce que os mensageiros do pacote foram os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e a ministra Miriam Belchior, do Planejamento. A presidente não se fez presente. A credibilidade do primeiro, com quem comanda a economia - analistas, investidores, empresários - compete seriamente com a dos técnicos de futebol, para dizer o mínimo. Já a ministra Belchior disse que o corte "não vai ser sem dor", mas também não explicou direitinho como e onde seria feito, e na foto do jornal Valor parecia é estar arrancando os cabelos...

Talvez tenha algum motivo para isso.

O fato é que a inflação disparou para fora da meta, e os mais otimistas creem que será possível reconduzi-la para dentro da meta só no ano que vem. Talvez, se realmente for feito um corte significativo no custeio do governo, pois é essa despesa do dia a dia que alimenta a inflação, e se for feito um corte não desprezível nos investimentos do PAC. Fora essas duas coisas, ainda há o problema do excesso de crédito, dos financiamentos a juros subsidiados, dos déficits da previdência, do câmbio supervalorizado que estimula o consumo e, last but not least, do reajuste do salário mínimo. Esse é um assunto que, parece, terá solução nesta semana. E, segundo se diz, a presidente não quis definir a questão dos cortes sem ter definido, antes, a do salário mínimo, tal a importância desse para a preservação do equilíbrio do conjunto das contas públicas. Assim, caso não consiga o reajuste do salário mínimo em R$ 545, e tiver de aceitar algo maior, como os R$ 560 que teriam sido acordados com a oposição, o jeito será aumentar os cortes no custeio e nos investimentos.

Já o plantador desses abacaxis, que a sucessora colhe agora, aproveitou o aniversário do PT para já começar a sua campanha eleitoral, exortando os companheiros a correrem para, daqui a dois anos, abocanhar muitas prefeituras, e proclamando que o sucesso de Dilma será o dele.

GOSTOSA

GUSTAVO CERBASI

Celebrações mais econômicas
GUSTAVO CERBASI
Folha de S. Paulo - 14/02/2011

Para atender a expectativa dos lojistas, usamos mal o dinheiro em datas que não passam de simbolismo

EM MUITOS PAÍSES, principalmente os de cultura anglo-saxã, hoje é Dia de São Valentim, ou Dia dos Namorados.
Como aqui, muitos lá fora fazem dessa data o momento de demonstrar seu amor de maneira incondicional, pagando um jantar no melhor restaurante ou comprando o mais magnífico buquê de flores com bombons refinados -mesmo que isso arruine as contas do apaixonado por vários meses.
Outros, mais céticos ou com menos verba, apenas veem esse dia como uma jogada comercial para elevar preços e trazer às lojas consumidores mais preocupados com o efeito da compra do que com a justiça dos preços.
De fato, esse é o propósito de datas como Dia da Criança, Dia das Mães e Dia dos Namorados.
No Brasil, segundo a Wikipedia, a tradição de são Valentim foi criada através de uma campanha da Associação Comercial de São Paulo e levada para o dia 12 de junho, véspera do Dia de Santo Antônio.
Nesse período, o comércio e os serviços emolduram suas vitrines com corações e faturam alto com a paixão alheia. Os apaixonados, por sua vez, desembolsam o que jamais pagariam se não existisse um motivo forte como a obrigação do simbolismo da data.
Como consequência, os recursos que poderiam comprar dois ou três buquês de rosas ao longo do ano são gastos de uma só vez para atender à celebração.
É esse raciocínio que me leva a escrever sobre o tema em uma data que não é, de fato, o nosso Dia dos Namorados. Gastar bem é uma questão de planejamento.
No afã de atender a expectativas dos lojistas, usamos mal nosso dinheiro em celebrações que não passam de simbolismo. Em vez de comprar um buquê de três dúzias de rosas no Dia dos Namorados, não seria mais interessante para o relacionamento -e para o bolso- comprar meia dúzia de rosas todos os meses, exceto em junho?
Comprando fora do pico, fugimos da alta dos preços e driblamos parte da inflação no nosso orçamento. O mesmo vale para o bacalhau da Páscoa, as nozes do Natal e o vinho do Dia dos Pais.
Nos tempos das vacas magras, eu comemorava o Dia dos Namorados sempre um dia depois, para aproveitar os descontos das queimas de estoque. Atualmente, gosto de comemorar o Dia dos Namorados hoje, Dia de São Valentim. Em 12 de junho, vejo um filme romântico e como pipocas em casa, sob o edredom, só para não ficar de fora do clima.
No Dia da Criança, procuro celebrar com as crianças de maneira intensa e aproveitar os presentes comprados com grande antecedência. No Dia das Mães, uma experiência em família, como um passeio diferente, vale mais do que um lenço de seda que mamãe usaria apenas por obrigação. Essas estratégias simplificadoras ajudam a gastar menos, o que nos permite gastar mais vezes.
Está aí a grande vantagem.
Não quero levantar uma bandeira contra as estratégias do comércio, que são necessárias diante da incapacidade do brasileiro de lidar bem com suas finanças.
A típica família que vive endividada gasta muito com bancos e pouco com compras, o que obriga os lojistas a criar iscas para compras concentradas. São elas que salvam o ano de quem vende.
Porém, com um pouco de planejamento e estratégia de consumo, poderíamos consumir com mais frequência e diminuir a sazonalidade do comércio. Em outras palavras, comprar menos, mas todos os meses, em vez de comprar muito poucas vezes por ano. A sazonalidade é cara para qualquer empresa, exige contratações temporárias e espaços superdimensionados para estoques. Esse custo vai para os preços que pagamos. Por outro lado, clientes fiéis e frequentes são mais bem atendidos e conseguem melhores condições de negociação, compram mais por menos.
Minha sugestão: aproveite a deixa da data e as ideias que se multiplicam hoje na internet e nos jornais para planejar seu próximo Dia dos Namorados, que pode ser mesmo em 12 de junho.
Evitando a correria e antecipando as boas compras, a celebração poderá ser muito mais intensa.

GUSTAVO CERBASI é autor de "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (ed. Gente) e "Como Organizar Sua Vida Financeira" (Campus).

DENIS LERRER ROSENFIELD

Saúde e puritanismo
DENIS LERRER ROSENFIELD 
O Estado de S.Paulo - 14/02/11

Há uma nítida confusão no Brasil entre campanhas de esclarecimento da opinião pública no que diz respeito a certos produtos que podem afetar a saúde das pessoas e campanhas de imposição de comportamentos determinados, que seriam conduzidos pelo poder público, em suas distintas esferas. Se, por um lado, o cidadão deve ser informado sobre produtos que eventualmente possam afetar o seu comportamento, por outro, cabe a ele decidir se mudará ou não o seu comportamento.

O problema surge quando o poder público se arvora a saber o que é a saúde e, de posse dessa noção, passa a impor formas de conduta que contrariam o livre-arbítrio das pessoas. Considera que representa a virtude em sua cruzada contra o vício, procurando combatê-lo de todas as formas. Mesmo na cobertura jornalística já aparece a palavra blitz para caracterizar a fiscalização de bares e restaurantes em campanhas contra o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes. O termo é de linguagem militar, ganhando na transposição para o controle do comportamento um sentido claramente repressivo e policial.

A situação não deixa, aliás, de ser paradoxal, porque, ao mesmo tempo, há campanhas em curso contra a "criminalização" do uso da maconha, anteportas evidentes para sua liberalização, enquanto há processos, que se desenvolvem simultaneamente, de punição e de controle abusivo de outros produtos. Comida gordurosa não pode, agora, a maconha está liberada!

Observe-se a posição de entidades como a Anvisa, que se coloca como representante de um novo, porém velho, puritanismo, procurando cercear a livre-iniciativa, controlar a publicidade de vários produtos e, acima de tudo, impor códigos de comportamento. Isso se faz sob o signo do politicamente correto, embora não reduza seus malefícios, apesar de mascarar seus perigos.

É extremamente preocupante quando um órgão estatal passa a legislar por conta própria via atos administrativos dos mais diferentes tipos, em particular resoluções, ocupando posições do Poder Legislativo e exorbitando sobre artigos da Constituição. A Advocacia-Geral da União, recentemente, mediante parecer, impôs um limite a esse tipo de excesso, restringindo a função dessa agência na concessão de patentes de remédios. Há também quedas de braço entre essa agência e empresas produtoras de alimentos e bebidas com índices elevados de açúcar, gordura e sódio. A disputa continua com agências de publicidade, como se estas tivessem o condão de determinar o comportamento das pessoas, como se o ser humano não fosse dotado da capacidade de discernimento. Os cidadãos são tomados por idiotas. Parece que só a Anvisa detém o poder de saber o que é benéfico ou maléfico para as pessoas.

Consulta pública está também aberta para proibir a produção de determinado tipo de tabaco no País. A indústria paraguaia está cada vez mais alvoroçada com as vantagens que está usufruindo. Ainda há alguns dias um grande carregamento de cigarros foi aprendido em Osasco (SP), resultado de um mercado negro em franca expansão. Em nome do combate ao vício, há o desenvolvimento do mercado negro. Processo semelhante ocorreu durante a Lei Seca nos EUA, quando a proibição de consumo e produção de bebidas alcoólicas resultou no aumento do crime, da corrupção e da transgressão. Não se pode tampouco menosprezar, do ponto de vista do comportamento, o charme do proibido.

A humanidade sempre conviveu com o álcool, o fumo e a droga. Os relatos de viagens pelo Brasil nos primeiros séculos após o descobrimento sempre atestaram seu uso pelos indígenas. O mesmo ocorria na Grécia e em Roma, sem que daí se originasse uma cruzada pela virtude. As pessoas têm todo o direito de usufruir o que consideram ser melhor para si. O limite do poder público deveria residir no livre-arbítrio da pessoa. Os consumidores têm todo o direito de comprar ou não determinado produto, não cabendo ao Estado, sobretudo por resoluções, estabelecer tal ordem de restrições que termine por tornar inviáveis determinadas atividades. E pior ainda, fazendo-o em nome de uma noção puritana da saúde que atenta contra os direitos individuais.

O ser humano, por natureza, é um ser transgressor. O relato bíblico expõe tal característica humana na parábola da maçã que a cobra oferece a Adão e Eva. O fruto proibido atiça de tal forma que produz mesmo a transgressão de um mandamento divino, mais forte no nível da consciência do que um mandamento estatal. Isso significa que o Estado e a sociedade devem reconhecer que certos níveis de transgressão fazem parte do próprio comportamento humano. Não podem ser banidos. A tolerância é uma das maiores conquistas da civilização, ensinando as virtudes da convivência com a diferença. Se a intolerância se torna política de Estado, não é apenas a Constituição que é violada, mas também o que é mais caro aos direitos individuais, a própria liberdade de escolha.

Há uma célebre fábula, A Fábula das Abelhas, escrita por Bernard de Mandeville, no século 18, que já ensinava como "reformadores" sociais, "religiosos", partiram para uma cruzada contra os comportamentos libertinos, contra o vício, em nome de uma sociedade puritana, encarnação mesma do que consideravam como a virtude. Conseguiram, então, tomando o controle do poder do Estado, cercear progressivamente a liberdade de escolha, impondo normas que deveriam ser simplesmente obedecidas. Tudo se fazia, evidentemente, em nome de um bem maior, o bem encarnado por eles. O resultado foi que, com a progressiva extinção de determinados produtos, crescentes em número, pois o arbítrio virtuoso desconhece limites, a sociedade começou a empobrecer. Setores da economia foram proibidos, a arrecadação de impostos diminuiu, o desemprego aumentou, o ímpeto de progredir foi sendo extinto e a inovação, controlada. O Estado terminou por se arruinar, dando lugar à tirania dos virtuosos.

PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS.

BRAZIU: O PUTEIRO

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

A justa desconfiança
CARLOS ALBERTO SARDENBERG 
 O Estado de S.Paulo - 14/02/11

Não sei se repararam, mas convém registrar: o famoso tripé de política econômica está em pleno funcionamento neste início do governo Dilma.

O governo federal anuncia uma contenção de gastos para fazer um superávit primário (e assim reduzir a dívida pública líquida) e para ajudar no combate à inflação, cumprindo assim o espírito e a letra da Lei de Responsabilidade Fiscal e seus complementos.

O Banco Central, agindo com autonomia, está em um processo de alta da taxa básica de juros, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.

O Banco Central e o Tesouro compram dólares no mercado, a moeda excedente num sistema de flutuação da taxa de câmbio.

A primeira perna do tripé é de 1998. As outras duas, regime de metas de inflação e câmbio flutuante, são de 1999. Toda a construção, portanto, deu-se no governo de Fernando Henrique Cardoso, sob a liderança de Pedro Malan, ministro da Fazenda naqueles oito anos. Foi mantida e reforçada no primeiro governo Lula, meio avacalhada no final do segundo mandato e, agora, parece, está sendo reforçada nos seus fundamentos.

Por exemplo: o governo de Dilma Rousseff está comprometido com uma meta de superávit primária "cheia", sem descontos e sem artifícios contábeis. Ou seja, sem as manobras dos últimos dois anos, comandadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O Banco Central também vacilou no final do ano passado. Em pleno processo eleitoral, interrompeu um ciclo de alta de juros, em setembro, alterando abruptamente sua interpretação da realidade econômica. Depois de seguidas análises apontando a força da inflação, o Banco Central de Henrique Meirelles mudou, sem prévio aviso, para uma visão mais benigna - a alta de preços seria episódica, passageira - de modo que a dose de juros poderia ser suspensa. Surpreendeu o mercado e deixou no ar a suspeita de que a mudança se dera por razões políticas.

De todo modo, prevaleceu então a tese de Guido Mantega nos dois pontos. O Banco Central não precisaria mais elevar juros - nem o governo precisaria conter seus gastos, pois, tal o argumento central, não haveria excesso de demanda (consumo) na economia brasileira. Com juros parados, o governo acelerou seus gastos, roubou na contabilidade para adequar as contas aos requisitos da responsabilidade fiscal e... Lula fez a sucessora.

Começa o governo Dilma, e o que temos? O Banco Central, fazendo séria advertência sobre a virulência da alta de preços - demanda muito aquecida! -, começa a elevar juros e diz que um ajuste fiscal é peça essencial para colocar a inflação na meta. Passo seguinte: Guido Mantega e a ministra Miriam Belchior, da Pasta do Planejamento, anunciam um corte de gastos públicos "com dor".

No caso do Banco Central, a gente já está vendo para crer. O Comitê de Política Monetária, o Copom, elevou os juros na primeira reunião da era Dilma e, mais que isso, escreveu que outras altas se seguirão.

No caso do corte de gastos, anunciado na quarta passada, logo depois de um índice horroroso de inflação - o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, em 12 meses, chegou a 6%, só um pouquinho abaixo do teto de tolerância (6,5%) -, o pessoal desconfiou.

Espera para ver duas coisas. Primeira: onde serão os cortes, pois os ministros deram apenas o número total (menos R$ 50 bilhões) e indicações vagas de que reduzirão alguns itens, como despesas de viagem. É pouco.

Reparem: o mercado entende que há limites para o corte, aceita que o gasto total de 2011 seja maior que o do ano passado (a redução se dará sobre a previsão de despesas aprovada pelo Congresso) e afirma que essa política já será de boa ajuda, caso os gastos cresçam menos que o Produto Interno Bruto (PIB).

E daí vem a segunda desconfiança: será que o governo vai mesmo cumprir o corte prometido?

Muitos poderão dizer: é má vontade com o novo governo. Não é. A desconfiança faz sentido. Esse ajuste fiscal está sendo feito por autoridades (Mantega e Belchior) que já declararam, no passado, não acreditar nesse tipo de política. E Mantega, nos últimos dois anos, atropelou, na prática, essa proposta.

A credibilidade do Banco Central também está abalada. Menos, mas está. Tanto que os cenários do mercado têm sido mais pessimistas do que o da autoridade monetária. O Banco Central eleva juros, o governo federal promete austeridade, mas o mercado tem elevado a previsão de inflação e de juros.

Confiança é difícil de conquistar e fácil de perder. Ou, como se lê em Guimarães Rosa, "confiança - o senhor sabe - não vem das coisa feitas ou perfeitas: ela rodeia, é o quente das pessoas".

E quando há desconfiança na capacidade ou na disposição do governo de aplicar uma política econômica restritiva, esta tem de ser ainda mais restritiva. Ou seja, juros maiores, cortes maiores e sem vacilações. Por exemplo, a presidente Dilma não pode ceder nem que seja um real no salário mínimo.

A ver.

Ajuste espanhol. Na Espanha, o governo Zapatero (socialista) acaba de fazer um acordo com as duas centrais sindicais para uma nova reforma da previdência. Pesada: aumenta a idade mínima de aposentadoria (de 65 para 67 anos), eleva o tempo de contribuição e reduz o valor do benefício. Isso porque, se nada for feito, o sistema lá entra em déficit neste ano.

Aqui o déficit previdenciário já é elevado, aproxima-se dos R$ 100 bilhões, somando INSS e setor público, e continua-se a empurrar o problema para os nossos filhos e netos.

PAULO BROSSARD

 Um corte de R$ 50 bilhões
PAULO BROSSARD
ZERO HORA - 14/02/11
Passados apenas 40 dias do novo governo, consumou-se o que era anunciado desde o fim do governo passado, após as eleições, é claro. Dizia-se ser necessária disciplina nos gastos, mediante enxugamento (sic), ao mesmo tempo em que, sem rebuços, festejava-se o maior e melhor governo de todos os tempos e o que mais gastara. E aí residia indisfarçável e inafastável antinomia. Houve quem estimasse o enxugamento em R$ 40 a 50 bilhões, enquanto outros o situassem entre R$ 50 e 60 bilhões; fixado em R$ 50 bilhões, ambas as previsões foram contempladas. Chama a atenção que o enxugamento se desse depois do endeusamento da prodigalidade do governo findo, em meio a uma publicidade até então nunca vista. A antiguidade conheceu o século de Péricles, depois o século de Augusto, mais tarde o século das Luzes..., agora parecia ter chegado a vez do século Luiz Inácio! Fosse Serra o presidente e não faltaria quem jurasse tratar-se de uma mesquinharia ou coisa que o valha, mas vinda da própria costela do ex-presidente, para lembrar o precedente bíblico de Eva, tirada da costela de Adão, a medida só teria sentido se imperiosa a adoção, hipótese em que a explicação se chocava com as supostas e incomparáveis benemerências do governo passado. Afinal, a severidade de agora só se justificaria em face da leviandade imediatamente anterior. A própria cúpula do governo, que migrara do antigo para o atual, dizia-se preocupada com os sinais visíveis da inflação. Limito-me a registrar o fato. Aos doutos caberá solucionar o enigma. A minha preocupação é de outra ordem, impessoal e institucional, pois alguma coisa vem acontecendo e não me parece ser para melhor.
Enquanto o presidente da República é eleito com maioria absoluta em segundo turno, o seu partido não elegeu cem deputados, numa casa de 513 membros, nem a décima parte do Senado, o que não é modelo de funcionalidade. O chefe do Executivo, com seu pragmatismo, achou o caminho, entregar a vice-presidência ao seu maior concorrente. O resto foi por acréscimo, a maioria se fez numerosa, mas a um preço caro: desapareceu a oposição, tão necessária como o governo. Outrossim, um pedaço do governo foi dado em usufruto aos novos consortes, senão uma espécie de pecúlio castrense. Daí a "base aliada".
No entanto, está me parece mais justaposta do que orgânica. Basta ver o que se passa com a fixação do salário mínimo, que não é tranquila, a despeito da numerosa "base aliada". Outrossim, o critério para o corte dos R$ 50 bilhões pode suscitar outras surpresas. De resto, extremamente grave é o que pode ocorrer quando o governo expirante se empenha em eleger o sucessor e não consegue fazê-lo e se despe da moderação que deve conservar em seus dias derradeiros. Três ou quatro medidas simpáticas, mas onerosas, podem inviabilizar o governo a ser instalado. O sistema presidencial permite essas coisas. O que começa a ser praticado é diferente de que se fazia; tratar-se-á de deformação ou agravamento. Talvez de ambas. Mas esta é outra estória.
Outro dia, em elogiosa referência à excelência da Faculdade de Direito da Avenida João Pessoa e simpática menção à minha passagem por ela, foi publicado que, dias antes, eu voltara à Faculdade "para integrar banca da monografia do neto, Marcos Brossard Iolovitch, 24 anos". O equívoco é evidente, pois não sendo professor daquela Escola não poderia participar de um ato estritamente escolar e, especialmente, não poderia figurar como examinador de um neto e nem ele poderia ser examinado pelo avô. Realmente fui à Escola com o propósito de assistir a um exame, que é público, aliás, inexistia ao meu tempo de estudante, como assisti a de quatro formandos, um dos quais meu neto; dos quatro fui espectador. Examinadores foram os professores Luiz Carlos Buchain, Luis Felipe Spinelli e Carlos Klein Zanini, orientador. Também presente como espectador encontrava-se o professor Manoel André da Rocha, já aposentado.

GOSTOSA

ANCELMO GÓIS

Exemplo de resistência
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 14/02/11

O ex-vice-presidente José Alencar, sábado, na UTI do Hospital Sírio-Libanês, fez questão de cortar o cabelo e ainda engrenou uma conversa de umas três horas com um grupo de amigos. 

Amazon cabocla

O grupo Positivo, que tem faculdades e é o maior fabricante de computadores no país, está se preparando para lançar em março uma livraria virtual.É um modelo parecido com o da gigante Amazon.

Segue...
O grupo já lançou o Alfa, primeiro leitor de livros digitais projetado no Brasil, e se prepara para lançar seu tablet, um computador sem teclado e com tela sensível ao toque. 

Laços de amizade

Luiz Fux, que toma posse no STF dia 3, convidou para auxiliá-lo o juiz Gustavo Direito. Vem a ser filho do falecido ministro Carlos Alberto Direito.

Separação

Sem fazer ruído e na maior elegância, Christiane Torloni e Ignácio Coqueiro se separaram. 

No mais
Primeiro foi o governo suiço que congelou os fundos do ex-ditador Mubarak. Agora o ministro britânico das Finanças, Vince Cable, propõe fazer o mesmo.Ótimo. Mas por que só agora se o homem governava há décadas? Parece hipocrisia. E é.

O slogan de Dilma
O slogan adotado pela presidente Dilma — “País rico é um país sem pobreza” — gerou críticas no meio publicitário. É gente que acha o texto meio óbvio.

Veja a gozação que o publicitário Cillas Amaral, de Brasília, colocou no Facebook, ao sugerir slogans semelhantes: “País alegre é um país sem tristeza”; “País limpo é um país sem sujeira”; e “País organizado é um país sem desorganização”. É. Pode ser.

Pense no Haiti
O Brasil doará US$300 mil para o Haiti organizar o segundo turno das eleições presidenciais. O país, além de miserável, vive um impasse político de grandes proporções.

Conselho da Fiesp

O empresário Albano Franco, ex-presidente da CNI, toma posse hoje no Conselho Superior de Economia da Fiesp, presidido por Delfim Netto.

Amanhã, no CCC, nosso Marceu Vieira e Tuninho Galante recebem Pedro Paulo Malta na temporada de shows em homenagem às escolas de samba do Rio.

Denise Barreto, Angélica Coutinho e Patrícia de Abreu lançam “Malandragem Facinha”, quarta, no Espaço Multifoco.

O Cordão do Bola Preta e a Globo Rio assinam um termo de parceria.

Quarta é dia da aula inaugural do projeto Bem Receber o Turista da Melhor Idade do Rio, no Novo Mundo.

Daniela Fiszpan inicia promoção em sua rede de lojas.

A Área de Consumidores da BR Distribuidora acertou fornecimento de combustível renovável (B20) para ônibus de São Paulo.

Arara de Momo

Este ano, na sexta de carnaval, Eduardo Paes entrega duas chaves da cidade. Uma, de praxe, ao Rei Momo. A outra para Blue, a arara azul protagonista de “Rio”, animação ambientada no Brasil, que inclui cenas da Sapucaí, dos produtores da trilogia “A Era do Gelo”.

Sobrevivente

Eduardo Quental, mergulhador de 27 anos, sofreu acidente na Ilha das Palmas, altura do Leblon, na sexta. Ao emergir, bateu num barco e esmagou uma vértebra. Com braços e pernas imobilizados, foi levado pela correnteza por 17 horas, até ser resgatado em Piratininga, sábado. Foi operado pelo neurocirurgião Paulo Niemeyer na Clínica São Vicente e já recupera a força muscular dos membros.

Viação Tricolor

A respeito da nota sobre mudança de itinerário da integração Del Castilho-Alvorada, que deixou três passageiros no Engenhão, o Metrô Rio esclarece: os ônibus da linha fazem ponto, sim, no estádio, em dia de jogo.

Coreógrafo fofo
Carlinhos de Jesus, que estreia como coreógrafo da comissão de frente da Beija-Flor, teve uma surpresa dia desses. Um casal de beija-flores fez ninho num arbusto da varanda de sua cobertura, em Copacabana. Dois filhotinhos nasceram na quarta.
— Fiquei radiante. Em dez anos, nunca tinha acontecido. Não é fofo?

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Salas comerciais crescem em bairros distantes
MARIA CRISTINA FRIAS 
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/02/11

O esgotamento e a valorização dos terrenos nas áreas centrais de São Paulo estão provocando o surgimento de empreendimentos comerciais em municípios vizinhos ou em bairros mais distantes.
Um exemplo está no Sacomã. Até setembro de 2010, foram lançados 180 conjuntos comerciais, segundo levantamento da imobiliária Abyara. Nenhum prédio comercial havia sido erguido na região, pelo menos, desde 2005.
A construtora Cyrela fará 264 escritórios na Mooca, todos vendidos em quatro dias. O último lançamento no bairro, em 2006, foi de apenas 60 unidades.
Um estudo da imobiliária Lopes aponta que houve uma desaceleração na alta de preços do metro quadrado desses empreendimentos em SP, nos últimos anos.
O movimento resulta da construção de um maior número de empreendimentos em regiões onde o custo dos terrenos é menor.
Entre 2009 e 10 de dezembro de 2010, o valor mediano do m2 ficou em R$ 8.780, com alta de 13,9%, abaixo do aumento do período anterior que fora de 14,9%.
O preço mediano significa que metade dos imóveis tem metro quadrado acima desse valor e, metade, abaixo.
Entre as regiões que têm recebido salas comerciais destacam-se Osasco, Vila Guilherme e Vila Maria, segundo a Lopes.
Escritórios em regiões mais distantes dos centros comerciais tradicionais de São Paulo costumam ter metragem menor e atender a profissionais liberais como dentistas, médicos, advogados e contadores, de acordo com as imobiliárias.

B2W foi a empresa com mais queixas em SP em janeiroA B2W passou a Telefônica e foi a empresa que recebeu o maior número de reclamações em São Paulo, durante o mês de janeiro de 2011.
A companhia varejista, que inclui as lojas Submarino e Americanas.com, teve 192 queixas a mais que a Telefônica, que ficou na segunda posição, seguida da NET.
A principal causa de reclamações sobre a B2W foram os atrasos ou a não entrega de produtos, que representaram 484 das 668 queixas.
Até agosto passado, a empresa era responsável por menos de 200 atendimentos mensais no Procon-SP e não figurava entre as dez primeiras no ranking.
Em outubro passado, porém, a companhia já estava na 2ª posição, na qual permaneceu até dezembro.
A B2W relaciona o crescimento das queixas com problemas operacionais e disse que está comprometida em resolver os transtornos.
Apesar de a Telefônica manter a quantidade de reclamações no Procon-SP em torno de 450 ao mês, a companhia afirma considerar que começou bem 2011.
"Estamos muito satisfeitos com a nossa evolução", diz Raphael Duailibi, diretor-executivo de atenção ao cliente da companhia.
A Net disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que tem feito investimentos constantes em infraestrutura e atualização tecnológica.

DE MALAS PRONTAS

A alemã Rimowa fabricará no Brasil todas as suas linhas de malas de luxo.
A empresa, que abriu em Indaiatuba a sua primeira fábrica na América Latina, pretende começar a exportar a produção brasileira daqui a três meses.
"É o tempo que precisamos para abastecer o mercado do Brasil, pois iniciaremos produção em alta escala após o Carnaval", afirma o diretor-geral da marca no país, Andre von Ah.
Em janeiro, a fábrica passou por um período de testes com a produção de apenas uma linha da empresa.
Os resultados animaram os executivos alemães, que investirão 6 milhões (cerca de R$ 13,5 milhões) na fábrica até o final do ano, de acordo com von Ah.
A companhia abrirá sua primeira loja no Nordeste no segundo semestre.
"Estamos analisando mercados, mas provavelmente será em Recife."
Já no ano que vem, a intenção da empresa é inaugurar unidade em Curitiba ou Porto Alegre.
O valor médio dos produtos da marca é R$ 2.700 e seu faturamento mundial é cerca de R$ 225 milhões.

MENOS FALÊNCIAS
Foram decretadas 39 falências no Brasil durante o mês de janeiro, uma queda de 34% em relação a dezembro de 2010, de acordo com pesquisa da Equifax.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a diminuição foi de 26%.
Os pedidos de falência, 103 ao todo, permaneceram praticamente estáveis, com alta de 1% na comparação com ambos os períodos.
Os pedidos de recuperação judicial caíram 28% em relação a dezembro e 32%, se comparados ao volume de janeiro de 2010.
Os requerimentos deferidos diminuíram 5% e 25%, respectivamente.
Segundo a Equifax, a queda desses indicadores é resultado da melhoria do cenário econômico no país.

Verde
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, se reúne em São Paulo, na próxima quarta, com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. Na pauta, licenciamento ambiental e política de resíduos.

Dinheiro...
 
Para executivos de bancos em São Paulo, o salário não é a maior motivação profissional. Ao avaliar uma proposta de emprego, 60% disseram valorizar mais a chance de crescer na carreira e de atuar internacionalmente.

... para quê?
A remuneração e o pacote de benefícios foram apontados como prioridade por apenas 12,7% dos pesquisados. O levantamento foi feito no final de 2010 pela empresa de recrutamento Hays.

Relatório
 
A Anefac (associação nacional de executivos) deve lançar, em março, uma avaliação de desempenho dos países do G-8 e do G-20. A análise, com base em indicadores das Nações Unidas, será feita anualmente.


Petróleo 

Três grandes companhias do setor de óleo e gás da Índia, Bharat Petroleum, Hindustan Petroleum e Oil India, virão a SP para participar da feira The India Show. O evento, promovido pela Confederação das Indústrias Indianas, ocorrerá em março.

Sustentabilidade... 

Mais da metade das empresas brasileiras afirmam que as mudanças climáticas já influem em seus negócios, segundo pesquisa do Instituto Ilos. Apenas 20% dizem não ter criado uma área voltada para o ambiente.

...empresarial 
A maior parte das ações sustentáveis estão concentradas no setor das compras e não na produção, o que será discutido no 2º Fórum Global de Sustentabilidade no Suply Chain em São Paulo no mês de abril.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION, ANDRÉA MACIEL, MARIANA SCHREIBER e MARIANA SALLOWICZ