sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Parabéns pra você - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 22/02

Para celebrar os 70 anos do economista carioca Pedro Malan, completados terça, dia 19, a Casa das Garças, no Rio, reúne hoje em um seminário algumas das maiores estrelas do pensamento econômico mundial. Da prata da casa estarão, entre outros, Fernando Henrique Cardoso, André Lara Resende, Edmar Bacha, Ilan Goldfajn, Regis Bonelli, além do próprio Malan.

De fora...
Entre os supereconomistas estrangeiros estarão presentes Albert Fishlow, orientador da tese de doutorado de Malan na Universidade de Berkeley, John Williamson, o economista inglês que cunhou o termo “consenso de Washington”, Larry Summers, ex-secretário de Tesouro dos EUA, e Stanley Fischer, presidente do Banco Central de Israel. Malan merece.

Procura-se
Em decisão unânime, a Quinta Turma do STJ negou mais um habeas corpus ao médico Roger Abdelmassih, de 69 anos, que está foragido. Ele, como se sabe, foi condenado a mais de 200 anos de prisão, acusado der ter estuprado dezenas de pacientes em sua clínica de fertilização, em São Paulo.

No mais
Gosto não se discute. Mas a blogueira Yoani Sánchez bem que podia aproveitar sua passagem pelo Brasil para dar um trato nesta vasta cabeleira. Com todo o respeito.

O MARACA VISTO DE CIMA
Foram tiradas ontem fotos da nova cobertura do Maracanã. Repare só como avança a instalação da lona de fibra de vidro. A colocação, apesar de contar com alta tecnologia, também é feita artesanalmente por operários e alpinistas industriais, que chegam a ficar a 120 metros de altura.

Caso Sean
A Suprema Corte de Nova Jersey julgou procedente o pedido de Silvana Bianchi, avó do menino Sean Goldman, de visitar o neto nos EUA. Em setembro do ano passado, o pai de Sean, David Goldman, interrompeu bruscamente o encontro da avó com o neto porque a tradutora convocada, condição imposta pelo pai, era funcionária do consulado brasileiro.

Money, money...
A Justiça americana também reviu as determinações de David Goldman para a visitação de Silvana Bianchi ao menino. Entre elas, encontros guiados pelo terapeuta de Sean, a não divulgação na imprensa do processo e dos encontros com o menino, além de interromper o processo no Brasil referente ao retorno de Sean.

— A Justiça entendeu que isso acarretaria um prejuízo à convivência familiar de Sean com a avó — afirma o advogado Carlos Nicodemos.

E mais...
David ainda havia imposto que Silvana o indenizasse em US$ 200 mil para que ele pagasse custos advocatícios. Mas a Justiça americana entendeu que a solicitação não procedia como condição de visita. 

Vale coxinha
O show “Tributo a Tim Maia”, que seria realizado amanhã, no Bar do Tom, na Plataforma, no Leblon, foi cancelado ontem por falta de autorização da família do homenageado. Carmelo, filho de Tim, diz que os produtores tentaram dar um jeitinho: ofereceram uma mesa para a família com “coxinhas e cerveja à vontade”.

O crime do frango
A juíza Marta de Oliveira Marins, da 23ª Vara Criminal do Rio, vai interrogar, terça, Cláudio Charles Pereira, Diogo Cardoso de Jesus e Marcos Paulo Barbosa. Eles, lembra?, trabalhavam no restaurante do Centro de Pesquisas da Petrobras, no Fundão, e, em junho, foram presos, acusados de roubar frango congelado, barras de cereal e iogurte.

Mas...
O trio alega que pegou apenas a comida que seria jogada no lixo.

Miliciano no xadrez
O desembargador José Muifios Pifieiro Filho negou pedido de liberdade feito pelo ex-vereador Jerominho, acusado de um homicídio em 2005 e de chefiar, junto com seu irmão, o ex-deputado Natalino, milícias na Zona Oeste. Estão no presídio federal de Rondônia.

O outro lado
Em relação à polêmica sobre a propriedade da área na Barra onde se pretende construir o campo de golfe, o advogado Sérgio Antunes Lima Júnior diz que o STJ não tomou nenhuma decisão “que tenha anulada a aquisição da área pela Elmway”.

Só faltou o esperanto!
O comandante do voo 5351 da Trip impressionou, ontem pela manhã, os passageiros. Depois de falar em português e em inglês, repetiu os dados em espanhol e em francês. Era apenas um voo entre Vitória e Rio.

BELEZA COBIÇADA NA FRANÇA 
Adenízia, 26 anos, a linda campeã olímpica de vôlei em Londres 2012 que joga no Sollys/Osasco, de São Paulo, assinou contrato com a agência de modelos francesa L’Equipe. Sua beleza brasileira chamou atenção dos gringos.

Ponto Final
Uma comissão mista de psiquiatras franceses e brasileiros deveriam analisar porque o francês Jean-Charles Naouri e o brasileiro Abilio Diniz não param de brigar, mesmo depois que ficou claro que o Casino é dono do Pão de Açúcar. Em Frei Paulo, esta questão seria resolvida na porrinha. Com todo o respeito.

Comida e poder - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 22/02

RIO DE JANEIRO - Nos anos 70, ao ouvir que o McDonald's acabara de inaugurar sua primeira loja em Tóquio, o linguista nipo-americano S. I. Hayakawa comentou: "Que terrível vingança por Pearl Harbor!". Queria dizer que a delicada dieta japonesa sofreria muito mais com a penetração da "junk food" do que a base americana no Havaí com o ataque dos aviões e navios do Japão em 1941. Afinal, o bombardeio de Pearl Harbor só durou uma manhã. O do McDonald's seria para sempre.

O uso de comida ou bebida para fins de dominação é conhecido. Vide a visita do presidente Richard Nixon à China de Mao Tse-tung, em 1972. Os EUA passaram a vender Pepsi-Cola aos chineses, e o que aconteceu? Assim que começaram a tomar a gororoba pelo canudinho, os jovens chineses nunca mais quiseram saber da Revolução Cultural.

A comida pode ser também uma arma secreta, e não é de hoje. No século 16, os soldados espanhóis no México foram amistosamente recebidos pelos astecas e comeram do bom e do melhor. Em troca, mataram o imperador Montezuma e tomaram conta do pedaço. Mas pagaram caro. A comida dos astecas provocou-lhes uma tal diarreia que, até hoje, qualquer infecção intestinal em viagem, não importa onde, tornou-se "a vingança de Montezuma".

Pois, durante séculos, o Brasil viveu de vender açúcar e café no mercado externo, leia-se EUA. O fato de a economia nacional depender de produtos tão singelos, feitos para o café da manhã ou para a sobremesa, era até simbólico. Significava que o Brasil não participava do grande banquete internacional.

Bem, as coisas mudaram. Hoje, esse banquete consiste justamente na "junk food": hambúrguer, batata frita, mostarda, ketchup, cerveja. Bilhões de pessoas passam a isso todos os dias. E são empresários brasileiros que estão abocanhando, engolindo e tomando esse mercado.

Sou uma mistura de antigo e novo - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 22/02

Não creio que Ruy Castro se irrite ao ver que entro de carona no seu barco. Esta semana, em sua crônica na Folha, ele se referiu à invasão tecnológica do mundo, concluindo: me incluam fora. Não tem medo de ser chamado de jurássico, assim como não tenho medo de ser considerado anacrônico, por compartilhar ideias. A verdade é que todo esse aparato não me tem feito mais feliz. Assim como não tem acrescentado tanto à vida dos que têm mil aplicativos no celular, os que possuem Instagram, os que acessam internet no meio da rua, no metrô, no táxi, no estádio. Falando em estádio, dia desses, estava no Pacaembu e vi um sujeito com um smartphone (ou o que seja) assistindo a um jogo. Quando percebi, ele estava vendo pela televisão o jogo que se desenrolava ao vivo à sua frente. Fiquei perplexo!

Aliás, este é um tempo de perplexidades. Até o papa deixou o mundo perplexo e os católicos assustados. Ruy disse que o fax foi uma das invenções que mais o encantaram quando surgiu. Depois, veio a decepção, o fax era capaz de tudo, menos de enviar uma pizza. E naquela época os deliverys não faziam parte de nossos hábitos como hoje. Para mim, o encanto veio com o teletipo, ou telex, aparelho que toda redação tinha. Por ele chegavam notícias internacionais, muitas em inglês, porque estavam sendo redigidas no exterior, naquele momento. Um espanto. Nunca me esqueço da tarde de 22 de novembro de 1963, quando o teletipo anunciou que John Kennedy tinha acabado de ser fuzilado em Dallas, Texas. Acho que eram 2 da tarde aqui. Em torno do aparelho juntou um grupo de jornalistas ansiosos, emocionados, assustados. Vivíamos a história enquanto ela acontecia. Aquilo foi espantoso para nós, jovens. Fomos seguindo passo a passo o trabalho da polícia e a tentativa de recuperação de Kennedy no hospital. Finalmente, o anúncio: o presidente foi declarado morto. Aquele momento foi o nosso encontro com a modernidade na imprensa.

Minha filha diz que sou bobo ao me orgulhar de não ter celular. "Pensa que é bonito?" Não, penso que não preciso atender telemarketings, não preciso atender quem não quero. Encontro quem eu desejo, preciso. O celular nos torna prisioneiros. Há empresas que proíbem funcionários de desligarem o celular nos finais de semana. Você é empregado 24 horas por dia, sete dias por semana, 30 dias por mês. Computador? Tenho. E dos bons. Um Mac que chamei de Big Mac (ainda que eu odeie o sanduíche), porque me serve à perfeição. Tenho laptop. Uso o CD, ainda que tenha descoberto que muitas vezes a mesma música que tenho em vinil tem melhor reprodução e intensidade do que no CD. Mais, descubro que algumas músicas no CD são "editadas", cortadas, faltam trechos. Agora MP-3, iPod, Instagram não tenho. Observo a vida em torno. Ninguém mais vive contente de estar onde está, seja bar, restaurante, cinema. Todos postam fotos e mensagens do que comem, bebem, que filme vão ver, querendo saber do outro onde está, o que come, bebe e se está melhor lá. Há uma imensa solidão nessa rede social. E quanta inveja, quanto ressentimento. Dia desses, ouvi de um garoto: "Filho da p..., ele se saiu melhor indo lá. E nós aqui neste mico!" Dali em diante pareceu infeliz. Outro não se conformava por não ter ido à praia.

Não sei, pode ser que eu seja anacrônico tentando diminuir a velocidade do ritmo em que vivemos. Não preciso de tantas notícias, tantas informações, tantas frases tolas dos Twitters. O tempo que as pessoas passam tuitando. Usamos a palavra inglesa para o aparelho, porém, o verbo aportuguesou. Como entender a língua? Um amigo comeu um belo prato, bebeu um bom vinho, viu um belo filé como essa obra-prima Amor? Me ligue, me mande um e-mail. Bem, quanto a e-mails, despacho vários por dia, ainda que adore escrever cartas, colocar no envelope e pôr no correio. Exige paciência, exercício (uma caminhada até a agência). Nas filas, converso com as pessoas, encontro temas para crônicas.

Assim como vou à estante buscar um livro, gosto de ir à prateleira (no interior, dizem parteleira) e escolher um disco (CD ou vinil), colocar no aparelho, escolher a música. Levanto, ando, penso, decido. Porque tudo hoje se faz sentado e com toques em teclas e mouses. Sou uma mistura do antigo e novo. O bom do novo, aceito, incorporo. As neuras, obsessões, desvios, não. Tento ser feliz assim, ainda que felicidade seja algo indefinível, intermitente, ocasional.

Jane Eyre - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 22/02

A igualdade nas relações entre senhor e escravo, entre homem e mulher, sustenta o duelo verbal


Trabalho em um roteiro de terror. A conselho materno, aluguei uma adaptação de 2001 do romance de Charlotte Brönte, "Jane Eyre", que poderia vir a servir de referência.

O filme tem direção segura de Cary Fukunaga, uma baita fotografia do brasileiro Adriano Goldman e traz Michael Fassbender e Judi Dench no elenco. Não li o livro, mas percebe-se, na dubiedade, na crueza e no desamparo dos personagens, a boa literatura.

Seduzida pelo ameaçador patrão e aprisionada à posição de serva, Eyre diz se dirigir não à pessoa do poderoso Rochester, mas ao seu espírito. "É o meu espírito que fala ao seu", diz ela, eliminando, entre os dois, as barreiras sociais, os impedimentos formais e a cerimônia entre gêneros.

A igualdade nas relações entre senhor e escravo, entre homem e mulher, sustenta o ferino duelo verbal. Para alcançá-lo, é preciso falar ao espírito.

Michael Fassbender é um ator vertical. Seu Rochester é vil e apavorante, e não menos violento quando apaixonado. Ataca baixo e pausadamente a longa fala em que confessa sentir-se atado a Eyre por um fio ligado ao plexo, e teme que a distância arrebente o fio, deixando aberta uma ferida incurável.

Ninguém diz isso a passeio. É preciso estar imbuído de alguma grandeza, ser capaz de delinear a vastidão da dependência amorosa sem cair em choros fúteis. Cabe ao intérprete investir no caráter trágico, viril do romantismo.

Orson Welles, em 1943, foi o Rochester de Joan Fontaine. William Hurt o encarnou em 1996, sob a direção de Franco Zeffirelli, ao lado de Charlotte Gainsbourg. Fui atrás de Welles, mas só encontrei trechos na internet -na falta, me contentei com Hurt.

Vale o exercício. Assista Fassbender, Welles e, depois, Hurt.

Welles é louco, tem a coragem do canastrão, a voz de um cantor de ópera e a esperteza do gênio. É dele o melhor beijo final, um primor de voracidade, que Fassbender, contrário a todas as expectativas, executa reservado e cortês.

Hurt age como se estranhasse o próprio castelo. Nota-se que não é nobre e muito menos inglês. Faz de Rochester um homem amuado, ranzinza e abatido.

De cócoras, abraçado aos joelhos em posição fetal, dá as costas para Eyre, enquanto declama indefeso a jura de amor sobre o fio que o liga à jovem preceptora.

Gainsbourg tem mais pena do que desejo por Hurt. Falta ao ator a vilania do aristocrata e sobra autopiedade burguesa.

Minha mãe costuma dizer que, com raras exceções, os americanos tendem a ser cronísticos. Não há transcendência, diz ela, se chamar um psicanalista acaba o problema dramático. A melancolia do Rochester de Hurt seria aliviada com um antidepressivo. A fúria de Welles, exceção à regra, e Fassbender, não.

Essa divisão entre o que é crônica, trama, e o que é pathos, drama, norteia o julgamento crítico de dona Fernanda. E com ela fui assistir "A Hora mais Escura", de Kathryn Bigelow.

O filme busca a neutralidade dos fatos. É jornalístico. Faz a retrospectiva dos dez anos que levaram até a captura de Osama bin Laden, encena torturas e atentados realistas, além de uma impressionante reconstituição da emboscada ao esconderijo do terrorista. Mas os cabelos anelados da protagonista, alisados na chapinha na passagem de tempo, denunciam a frieza da obra.

Existe um quê de "24 Horas", de "Supremacia Bourne", de 007 em "A Hora Mais Escura". Sua eficiência narrativa satisfaz, e muito, o meu apreço por filmes de ação, mas carece de uma visão humana da Guerra Santa.

Falta o Romantismo.

O que Rochester diz a Eyre bem caberia na boca do torturador. "Você não é naturalmente austera, não mais do que eu naturalmente vil." Ou do torturado. "Você é capaz de se dirigir a mim como a um igual?"

Talvez por isso, a cena em que a agente olha o cadáver do homem que procura há uma década, que ordenou a morte de milhares de pessoas e acabou com a vida de muitos de seus amigos, surge protocolar. Ela está certa no lugar em que está, é bem enquadrada, sóbria, econômica, mas não há catarse.

Falta a doença do Romantismo.

Não se governa de um palanque - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 22/02
Uma das críticas recorrentes e mais contundentes que até notórios simpatizantes como Frei Betto fazem ao Partido dos Trabalhadores é a de que, após chegar ao Palácio do Planalto, em 2003, o partido passou a priorizar seu ambicioso projeto de perpetuação no poder, a ele condicionando o projeto de governo. Na última quarta-feira, na festa promovida para comemorar "o decênio que mudou o Brasil", Luiz Inácio Lula da Silva - o que é natural - e Dilma Rousseff - o que é lamentável - demonstraram acima de qualquer dúvida que estão mais preocupados com as urnas do que com a solução dos crescentes problemas do País. A festa, minuciosamente planejada pelo marqueteiro oficial dos petistas, João Santana, serviu de palanque para o lançamento, por Lula, da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, daqui a um ano e oito meses. E a presidente da República cumpriu disciplinadamente o papel que o roteiro da festa lhe reservava. Com um discurso populista e sectário, inadequado para quem não deixa de ser chefe de governo e de Estado nem mesmo num evento partidário, Dilma Rousseff sinalizou que daqui para a frente, até outubro de 2014, será sempre mais candidata do que presidente.

Ao antecipar o calendário eleitoral e comunicar ao País que sua pupila vai disputar a reeleição, Lula demonstrou que, ao contrário do que seu tom triunfal sugere, sabe que a vitória em 2014 não são favas contadas, principalmente por conta das incertezas de uma conjuntura econômica que, se até recentemente era favorável, agora é uma grande incógnita no médio prazo. Por essa razão tentará o Partido dos Trabalhadores, o mais cedo possível, "tomar conta" da cena eleitoral e consolidar a imagem da presidente Dilma Rousseff com, mais uma vez, a irrecusável indicação do Grande Chefe. Em circunstâncias normais, esse seria um problema do Partido dos Trabalhadores, que os eleitores resolveriam nas urnas.

Ocorre que quem está genuinamente preocupado com o futuro do País não pode deixar de constatar que o partido hegemônico no âmbito federal opta claramente por se aproveitar das dificuldades nacionais - que se acumularam nos últimos dois anos -, em vez de superá-las em benefício de todos os brasileiros.

Pois é isso que ocorre quando os programas governamentais passam a ser subordinados aos interesses eleitorais, sempre imediatos. Não se governa de cima do palanque. Buscar soluções para questões fundamentais no âmbito da educação, saúde, infraestrutura, segurança, etc., implica frequentemente a prescrição e a aplicação de remédios amargos que só rendem dividendos políticos a longo prazo, provavelmente muito depois da próxima eleição. A presidente Dilma faria muito melhor, portanto, se, em vez de vestir vermelho e recitar num palanque as frases de efeito que lhe são ditadas por seu marqueteiro, se dedicasse a governar bem, que é o que dela se espera.

Mas na festança petista, realizada nas instalações de um hotel de São Paulo, os militantes em geral tinham mesmo muito o que comemorar, depois de 10 anos no poder, numa máquina estatal aparelhada como nunca antes na história deste país. Um aparelhamento, justiça seja feita, compartilhado com um enorme arco heterogêneo de alianças, devidamente representado no palanque por caciques partidários que iam desde os "faxinados" ex-ministros Carlos Lupi (PDT) e Alfredo Nascimento (PR) até o neodilmista Gilberto Kassab (PSD), saudado pela plateia com sonora vaia. Companhias, até para alguns petistas, um tanto indigestas. Mas, como explicou Lula, "ora, não é para casar!".

A cereja do bolo servido na festa petista foi a participação de mensaleiros condenados pelos mais variados crimes: José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha. Foi-lhes estritamente recomendada uma participação discreta, o que os manteve fora do palanque, mas não os privou de efusivas manifestações de apreço e consideração.

Enquanto isso, a oposição continua em obsequioso silêncio, quebrado pelo solitário discurso de críticas ao governo feito pelo senador Aécio Neves na tarde de quarta-feira. Foi pouco, muito pouco.

Uma ferramenta de política econômica - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 22/02

Um dos hábitos que impedem a compreensão do que acontece com a economia brasileira é a mania de olhar o mercado assim como se compra carne de boi no açougue.

Quem quer o contrafilé nem olha para a picanha - e ponto final. Com a economia, os fenômenos são observados mais ou menos da mesma forma, sem que se perceba a relação que existe entre um e outro.

Anteontem, por exemplo, o Banco Central divulgou sua previsão para os números finais do PIB de 2012. Segundo o BC, a economia cresceu cerca de 1,64% no ano passado.

Por diferença metodológica, o número será um pouco maior do que os dados oficiais do PIB, que o IBGE divulgará nas próximas semanas e que deverão ficar entre 0,9% e 1,1%. Onde está o esquartejamento?

Bem, a questão é que pouca gente se lembrou do PIB ao comentar, ontem, o lucro recorde do Banco do Brasil no ano passado. O BB, como se sabe, foi o principal agente do esforço governamental de estimular a economia por meio da redução das taxas de juros. Seu lucro, em 2012, foi de R$ 12,2 bilhões, um número ligeiramente maior do que o de 2011. O que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo.

Em primeiro lugar, o lucro do BB teve uma alta discreta em relação ao ano anterior num exercício em que todos os outros grandes bancos brasileiros tiveram ganhos menores do que os de 2011. E a principal explicação para esse aumento foi a expansão do crédito, de acordo com a orientação do governo.

Em outras palavras, se o Banco do Brasil tivesse feito exatamente o que os outros fizeram, teria lucrado menos e seus acionistas (não apenas o governo, mas também os acionistas minoritários) poderiam ter saído perdendo.

Além disso, o PIB medido pelo BC (que só cresceu 1,64% porque o consumo expandiu) teria sido menor. Isso se não andasse para trás, como aconteceu pelo mundo afora em 2012. Em outras palavras, o lucro do BB tem uma ligação umbilical com o PIB medido pelo BC. E vice-versa.

O movimento do governo foi correto, sob o ponto de vista político, e perfeitamente dentro do que estabelecem os manuais de economia. A prova disso foi que o BB não perdeu dinheiro. Ao contrário, ganhou.

O ministro Guido Mantega utilizou a posição de liderança de um banco sob seu controle com instrumento de política econômica. Errado seria se visse a economia andar para trás sem tomar uma providência para evitar o pior.

Na medida em que, no ano passado, emprestou mais dinheiro do que em 2012, o banco oficial deu uma orientação clara ao mercado. O remédio foi eficaz. O problema é que essa ferramenta não é capaz de produzir um efeito duradouro.

Quem compra um carro este ano dificilmente comprará outro no ano que vem. O mesmo vale para TV, fogão e geladeira. A solução para um crescimento mais robusto e continuado do PIB é estrutural. Mas para isso, infelizmente, o governo não tem demonstrado a mesmo eficiência que mostra diante das questões pontuais.

Notícias de 2014! - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 22/02

Fatos irrelevantes que marcaram o início da campanha presidencial:

1) A volta de Aécio Neves à tribuna do Senado dividiu opiniões no PSDB! Tem tucano achando que, em vez de cirurgia plástica facial, o partido deveria ter investido no implante de cabelo em seu candidato.
2) Lula relacionou os opositores aos "timbres do atraso"! Com aquela voz, francamente, o ex-presidente não é a melhor pessoa no momento para criticar o timbre alheio. 
3) A ausência de Geraldo Alckmin no debate foi muito elogiada!
4) O ex-prefeito Gilberto Kassab vai aos poucos pegando o jeito de agradecer às vaias nos eventos promovidos por seus aliados do PT!
5) O fato de José de Abreu ter assumido recentemente sua bissexualidade no Twitter não tem nada a ver com o apoio que ele voltou a dar em público ao ex-ministro José Dirceu. "Amigo é amigo, ele é o meu guru!" - explicou o ator.
6) Ronaldo Caiado se entregou de corpo e alma à luta em defesa da liberdade de expressão!
7) "E as mancadas de Dilma Rousseff, hein?" O pé imobilizado da presidente deu panos pra manga na festa do PT!
8) Se a corrida eleitoral já começou desse jeito, imagina na Copa!

Puro preconceitoEstá explicado por que Eike Batista tem feito o que pode para sair da lista de bilionários da revista Forbes: Silvio Santos entrou para o clube!

Peralá!Tá certo que a edição latina da revista Time exagerou ao botar Neymar na capa com o título O próximo Pelé. Mas o Rei também não precisava ficar na bronca daquele jeito com o jovem craque do Santos! A culpa não é dele!

De bom tamanhoO brasileiro precisa, de uma vez por todas, se acostumar com o PIB pequeno! Não pode se deprimir desse jeito toda vez que alguém mede seu Produto Interno Bruto!

Fama recuperadaA torcida organizada do Corinthians estava com todos aqueles elogios que recebeu por seu bom comportamento no Japão entalados na garganta desde a conquista do Mundial. Deu no que deu na Bolívia!

Teoria conspiratóriaO papa Bento XVI quer mudar as leis da Santa Sé para antecipar o conclave que elegerá seu sucessor, mas a possibilidade de golpe de estado está totalmente afastada no Vaticano! Relaxa aí, vai

Será o Benedito?Corre nas redes sociais o boato de que Hugo Chávez teria sido visto dia desses no SPA Kurotel, em Gramado, o mesmo em que Renan Calheiros tomou banho de lodo no carnaval!

Aquilo grandeO prestígio de Silvio Berlusconi voltou a crescer na Itália! Só se fala disso nos bunga-bungas da Sardenha!

Sotaque inconfundívelEntreouvido noite dessas em queixa a um garçom de bistrô em Paris: "Que bife filho de uma égua é esse, meu rei?!" 

Socuerro! A Dilma tá de Crocs! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 22/02

Uma petista levantou e gritou: "Se a Dilma continuar a usar Crocs, eu mudo de partido"


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Festival de Piadas Prontas! Direto de Curitiba: "Ladrão de picanha tem carne até no nome". Um cara roubou cinco peças de picanha e duas de filé-mignon num supermercado, como é o nome dele? Augusto Malacarne Siqueira!

E esta: "Harrison Ford se perde em trilha na Floresta da Tijuca". Chama o MacGyver! Indiana Jones em busca da trilha perdida!

E mais esta: "Cientistas concluem que soltar gases durante viagem de avião faz bem". Então não é turbulência, é flatulência. Já imaginou a comissária: "Senhores passageiros, favor apertar os narizes que estamos atravessando uma zona de flatulência". "Senhores passageiros, em caso de flatulência, máscaras cairão automaticamente."

E outra ainda: "Parlamentar brasileiro é o segundo mais caro do mundo". Claro, já vem todo equipado: ficha-suja e uns cem parentes empregados! E a festa de dez anos do PT no poder? Faltou um convidado importantísssimo: a cueca! Rarará!

E adorei a charge do Pelicano com o Lula perguntando pro organizador da festa: "Já reservou lugar pro pessoal do mensalão?". "Já, todos debaixo da mesa." Rarará!

E a Dilma de Crocs? Diz que uma petista levantou e gritou: "Se a Dilma continuar a usar Crocs, eu mudo de partido". Eu vou levantar um cartaz de protesto: "Cuba sí. Crocs no!". E como disse uma amiga no Twitter: "Deixa a Dilma arejar o pé, eu já comprei um igual pra minha formatura". Rarará!

E a oposição não tinha que levar a blogueira cubana pro Congresso. Tinha que levar pro shopping. Pra tirar aquela saiona maria mijona! E ela no Congresso parecia um fantasma. Vagando pelo Congresso. De mão em mão!

E a charge do Lailson com novos protestos dos esquerdistas cavernistas: "Abaixo o fogo!". "A roda é uma invenção imperialista." Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

A blogueira foi recebida pelo Bolsonaro. O Bolsonaro defendeu a liberdade de expressão da blogueira cubana e elogiou a ditadura militar no Brasil. Na mesma fala! Na mesma frase! Tenho o maior respeito por quem condena uma ditadura defendendo outra ditadura. Rarará!

E manchete do Sensacionalista: "À procura de adversário para Dilma, PSDB exuma restos de dom Pedro 1º". Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Atacar Yoani Sánchez é golpear a liberdade - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 22/02

A vinda ao Brasil da blogueira e ativista cubana Yoani Sánchez, lutadora pela abertura política em seu país, tinha tudo para se transformar em uma grande festa da democracia.

Depois de ter o visto de saída de Cuba negado 20 vezes nos últimos seis anos, Yoani finalmente conseguiu ultrapassar as fronteiras cubanas, mas desde o desembarque em território brasileiro vem sendo alvo de covardes manifestações que ultrapassaram o direito legítimo ao protesto e apelaram à violência.

Um fato insólito: quando Cuba, mesmo que timidamente, avança na abertura, o Brasil regride na intolerância. Tanto no Recife quanto em Salvador, por onde passou inicialmente, a blogueira foi hostilizada e teve notas falsas de dólar esfregadas em seu rosto por agressores que atuam como em verdadeiras hordas fascistas.

Em Feira de Santana, na Bahia, manifestantes ocuparam o auditório onde ocorreria a exibição de um documentário que contou com a participação de Yoani e não permitiram que a cubana falasse por mais de 15 minutos. O grupo obrigou os organizadores a cancelarem a exibição do filme, atentando contra a democracia e a liberdade de expressão.

Para quem, como eu, ingressou no Partido Comunista Brasileiro acreditando na construção de uma sociedade mais justa e inspirado pelos ideais da Revolução Cubana, que embalaram os sonhos de toda uma geração, é doloroso constatar que a esperança tenha sido derrotada pelo obscurantismo que tenta calar a liberdade.

Naquele momento, lutávamos por um mundo igualitário. Hoje, infelizmente, alguns jovens se unem para impedir a livre manifestação de uma blogueira.

Para agravar a situação, a ação intolerante desses grupos contou com a conivência do governo brasileiro, na medida em que um de seus funcionários, Ricardo Augusto Poppi Martins, assessor direto do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, participou de reunião com o embaixador de Cuba no Brasil, conforme revelou a revista "Veja".

No encontro, o embaixador informou que Yoani seria vigiada por agentes cubanos durante sua passagem pelo país e entregou ao subordinado do ministro um dossiê secreto com informações sobre a blogueira.

O pior é que se trata de um comportamento recorrente do governo Dilma, que já havia ignorado solenemente a participação indevida do embaixador da Venezuela em um ato organizado pelo PT em defesa do ex-ministro José Dirceu, condenado pelo STF no mensalão.

Ambos os episódios ferem os princípios da não interferência em assuntos internos de outras nações e da autodeterminação dos povos, historicamente respeitados pelo Brasil em fóruns internacionais.

Ao contrário daqueles que intimidaram a blogueira, a verdadeira esquerda democrática brasileira tem um compromisso histórico com a pluralidade, a tolerância e o respeito à divergência e aos direitos fundamentais.

Os ataques não se limitam à cubana e dizem muito sobre o período histórico em que vivemos, sob o comando de forças políticas que representam o atraso, vilipendiam as instituições e afrontam a liberdade. Atacar Yoani é golpear a democracia que construímos com tanto sacrifício.

Escolha sua Yoani - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 22/02

Fala-se demais na blogueira por motivos dos mais variados. Qual o subtexto que mais lhe convém?


Impossível não se deixar cativar pela figura da blogueira Yoa­ni Sánchez. Não me lembro de latino-americana tão multiface­tada desde que minha tresloucada amiga Buci, digo, Cleide apresen­tou-me à Mercedes Sosa e ela can­tou choramingando na minha ore­lha: "Ai, la libertaaaaaad!". Isso foi, se bem me recordo, em um almoço na casa da Ruth Escobar, lá pelos idos de 1807, com a Independência do Brasil batendo à porta.

Já que estamos nisso, como podem tratar o que restou do imperador como arqueologia? Queria ver se fosse o avô da museóloga. O homem nem bem esfriou no túmulo e já vai sendo exposto como se fosse um velociraptor. País jovem é isso: qualquer palmeira imperial de 20 anos de idade ganha status de árvore secular.

Mas eu dizia sobre Yoani, que tanto para alegria dela quanto dos irmãos Castro, dos anticastristas em Cuba e de todo mundo que lucra enquanto o regime cubano não mudar e o embargo norte-americano não for retirado, que festas como a desta semana no Brasil continuarão a ser plenamente exitosas. Especialmente levando em conta que Yoani não é nenhum Élian Gonzáles, o garotinho náufrago, mas praticamente desconhecida em seu próprio país. Se até o Eduardo Suplicy conseguiu chamar atenção, é porque o evento foi sacudido.

Não sei se é verdade, mas dizem que Suplicy já estava pre­sente no riacho do Ipiranga tentan­do empurrar seu livro sobre renda mínima a d. Pedro 1º, para ver se cavava uma foto nos jornais do dia seguinte.

O que sabemos ao certo é que, nes­ta semana, o petista não desgrudou da blogueira cubana e aproveitou cada momento sob os holofotes pa­ra exercitar seu dom, o marketing de si mesmo.

Pois eu vou imitar o Suplicy e colar na Yoani. A motivação será um pouco diversa, mas vejo nela muita legitimidade. Em apenas uma semana, a que passou, eu fui de comentarista de "t-shirt", rodeada de chapinhas em um canal de espor­tes, para uma perua assumidíssi­ma, de batom e seda pura, em um canal bacanérrimo de enfoque fe­minino. Iluminada como que por um clarão, eu pude entender por­ que existem no mundo tantos chi­cos langs e só uma Marília Gabriela. E porque é tão difícil, afinal, fazer o que ela faz. Alô, Gabi! Retiro todas as críticas a você e peço desculpas encarecidas.

Yoani está na minha barca, a dois palitos de se deixar seduzir pelo brilho do objeto de consumo. Em 2009, para a mais alta patente nor­te-americana a visitar Cuba em dé­cadas, sabe qual foi o pedido feito pela dissidente de prestígio inter­nacional sem que ninguém as ou­visse? Que a subsecretária Bisa Williams ajudasse a liberar com­pras via internet.

Escrevo poucas horas antes de ir ter com Yoani -vou mediar um debate seu na Livraria Cultura- e já es­tou pensando em convidá-la para bater perna comigo na Oscar Freire. Olha só: ninguém aqui está dizendo que ela não sofreu nas mãos do regime ou que Cuba não seja um estado totalitarista, ultrapassado e infame. Torrar dinheiro também não é crime e receber salário do "El País" é tão legítimo quanto respirar ou ter seu próprio tour de popstar patrocinado pela Liga das Senhoras Católicas ou os Anticastristas de Miami, por mais sebosos que eles sejam.

Mas sempre convém entender que yoanis vêm com subtextos. Fala-se tanto na blogueira porque ela critica Cuba e isso serve aos "im­perialistas". OK. Mas serve tam­bém para desviar atenção de fatos como: 1) estamos esquecendo da li­ção de que o Brasil nunca mais ia ser leviano com a ameaça da inflação; 2) já não encaramos mais a independência do Banco Central como uma grande conquista; e 3) maquiar contabilidade é gravíssimo.

Mudou a candidata, é outra a campanha - MARIA CRISTINA FERNANDES

Valor Econômico - 22/02

É outra a candidata que se apresentou à reeleição nesta quarta-feira. Sai a ministra aplicada e tecnocrática e entra a presidente de vermelho, do-povo-pelo-povo-para-o- povo.

Ao disputar pela primeira vez a Presidência da República em 2010, Dilma foi talhada para se mostrar uma herdeira do lulismo com raia própria.

Precisava manter o eleitorado do seu antecessor e agregar setores da classe média com pitadas de meritocracia, apego à gestão e tolerância com a crítica.

Quando o ex-presidente subiu o tom contra adversários e imprensa no final da campanha, manteve seu discurso em outro termostato.

Ao assumir o governo fez acenos à oposição, elogiou o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cativou a classe média com desoneração de IPI de automóveis e ampliou a popularidade para além de sua votação.

A despeito de ter conquistado uma base maior, fez, nesses dois primeiros anos de governo, uma gestão mais petista que a de Lula. Empurrada pela crise econômica, baixou os juros e a tarifa de energia e, com idas e voltas com a presença do Estado na economia, aumentou a regulação.

O que se viu na quarta-feira foi uma presidente ciosa da necessidade de prestigiar seu antecessor, mas dedicada a lustrar o potencial eleitoral de seus próprios feitos.

Mudou a candidata porque é outra campanha. Por mais que continue na boca do povo e seja o principal articulador da reeleição da sucessora, o ex-presidente deixou de ser o principal avalista da disputa. Dilma agora é a candidata do que fez, fizer e deixar de fazer.

E é como candidata dela mesma, que tem que ser menos Dilma. É porque está menos dependente de Lula que precisa trocar a ênfase. Apela menos à tecnocracia e cede mais ao discurso nacional-popular da tradição petista.

Nada garante que chegue em primeiro, mas já não corre o risco de, nesta raia, ficar à sombra de Lula.

A presidente foi ao evento vestida de petista, do figurino ao discurso. O antecessor se vestiu de Brasil. Da gravata listrada de azul e amarelo a um discurso em que resgatou sua posse.

Dilma cuida de arrumar carisma porque a oferta desta mercadoria tende a aumentar em 2014.

Ainda não se sabe se vai vingar, mas, se a rede de Marina vier embalada como pretende, seu potencial de redentora tende a crescer.

Mesmo que faça muitas concessões para entrar no jogo, Marina tem verbo suficiente para vender um passaporte eleitoral como utopia.

Dilma agora é a candidata do que fez, fizer e deixar de fazer

No Roda Viva da última segunda-feira, esmerou-se na eloquência que tanto serve a púlpitos quanto a redes sociais: "Sábio é quem aprende com os erros dos outros e estúpido quem não aprende com os próprios erros", "o movimento tem ideias cujo tempo chegou", "a justiça que não se faz com amor é vingança", "não somos resultado do passado, mas daquilo que fizemos do passado".

É com esse discurso que quer ampliar a cesta dos 20 milhões dos eleitores religiosos, ambientalistas, cansados da polaridade e sonháticos em geral.

Marina pouco bate em Dilma. Parece mais à vontade ao falar da cláusula de autodissolução do partido do que do investimento em inovação como motor do crescimento econômico.

Com o verniz mais popular, a presidente parece querer reconquistar o eleitor lulista que, em 2010, viu em Marina a reencarnação da liderança popular representada pelo presidente que partia.

A movimentação de Dilma para evitar sangria de votos em direção à candidata da utopia se mostra mais clara do que a estratégia com a qual pretende enfrentar os postulantes do choque de gestão.

Nesse campo há dois, um mais candidato do que o outro, Aécio Neves e Eduardo Campos. Juntos ou separados têm mais carisma que José Serra mas, a exemplo deste, são bons candidatos em busca de um discurso.

O pronunciamento com que Aécio se contrapôs, no Senado, às celebrações petistas, pode ser um diagnóstico pertinente da conjuntura mas ainda está longe de se transformar num discurso político.

Quantos votos Aécio vai ganhar com o sucateamento da indústria, a crise da federação e a constatação de que o PT faz as privatizações que um dia criticou no PSDB?

Sim, os indicadores sociais e econômicos que bombaram na última década petista podem não se repetir nos próximos dez anos se o país não voltar a crescer.

Aécio tenta denunciar o que estaria por vir mas esbarra na economia de pleno emprego. O governador de Pernambuco tem encontrado o mesmo freio para não dar sua candidatura por consumada.

Ambos investem suas fichas nas bases partidárias e empresariais da candidatura Dilma. A inflação de emendas às medidas provisórias do setor elétrico e dos portos são a demonstração de como a base aliada busca ser sócia da tentativa da presidente em reaver o investimento.

É dos excluídos desse consórcio que podem surgir os parceiros do PSB e do PSDB em 2014. Por enquanto, não há sobras. Dirigentes de oito partidos, entre os quais o de Eduardo Campos, estavam na pajelança petista.

No meio empresarial, o PT já identificou claros acenos à oposição. O presidente do PT, Rui Falcão, inconformado com a infidelidade de setores empresariais que avalia serem amplamente beneficiados pelo governo, foi claro sobre os propósitos do partido na relação com o empresariado: "Temos que identificar quem está do nosso lado e quem não está" (Valor, 13/02/2013).

A cartilha preparada pelo PT para os 10 anos no poder mostra que é nos ganhos do presente que Dilma embala sua promessa de futuro. Contra adversários que planejam se contrapor com um discurso de economia sob ameaça, a dona da bola adota um figurino menos tecnocrata e se prepara para sua primeira campanha solo.

Novela cubana - NELSON MOTTA

O Estado de S.Paulo - 22/02

Se os eficientíssimos serviços de repressão cubanos, que há anos espionam Yoani Sanchez dia e noite, tivessem descoberto a menor prova de suborno, a "agente milionária da CIA" já estaria presa. É sintomático que, para eles, alguém só discorde do governo se levar dinheiro. Freud diria que estão falando deles mesmos.

Antigamente eles queriam ser mais realistas que o rei, hoje tentam ser mais tirânicos que os tiranos, como mostraram os protestos contra Yoani em Recife, Salvador e Feira de Santana, não só com gritos e faixas, mas esfregando dólares falsos no seu rosto e puxando os seus cabelos.

Mas Yoani até gostou dos protestos, como um sopro de democracia para quem vive numa ditadura sufocante, e se divertiu ouvindo velhas palavras de ordem "que nem em Cuba se ouvem mais". O resultado foi uma repercussão muito maior - maciçamente a favor da blogueira - do que teria a sua viagem ao Brasil.

No sertão baiano, uma milícia de talibãs tropicais impediu a exibição do filme Conexão Cuba-Honduras, porque não queriam discutir nada, mas calar o opositor no grito. Quando conseguiu falar, Yoani disse que vive numa sociedade "onde opinião é traição" e eles vaiaram. Mas deveriam aplaudir, porque no Brasil que eles sonham também será assim. A maior fragilidade da democracia é poder ser usada livremente pelos que querem destruí-la, a começar pela liberdade de expressão.

Yoani escreve, descreve e analisa muito bem o cotidiano de Cuba, mas suas criticas não são violentas, debochadas ou incendiárias. Muitas vezes são crônicas sobre as dificuldades para comprar um ovo, o elevador quebrado há oito anos, a escassez de quase tudo, os roubos e malandragens sistêmicos, a internet lenta e censurada, os privilégios da elite.

Como quase todos num país ainda na idade do byte lascado, Yoani não tem conexão em casa. É obrigada a postar em hotéis a preços absurdos porque as poucas lan houses são só para estrangeiros e seu blog não pode ser acessado na ilha.

Agora Yoani quer usar o dinheiro dos seus prêmios culturais ganhos no exterior para fundar um jornal independente. Ley de Medios em Cuba já!

Fim do gigantismo - RENAN CALHEIROS

O GLOBO - 22/02

Durante o processo eleitoral para Presidência do Congresso Nacional, apresentamos uma proposta de trabalho com quatro vetores: austeridade, transparência, uma agenda micrcoeconômica e a defesa intransigente da liberdade de expressão.

Na primeira semana de trabalho, a direção do Senado anunciou medidas administrativas que representam uma economia de R$ 262 milhões. Medidas que vão ao encontro dos desejos da sociedade: um parlamento mais enxuto, eficiente e absolutamente transparente.

Foi aprovado um conjunto de medidas visando à racionalização administrativa, à eficiência, à austeridade e ao fim de redundâncias e desperdícios. Um aprofundamento das reformas que já vinham sendo implementadas pelo presidente José Sarney.

O Senado extinguiu mais de 500 funções de chefia e assessoramento em todas as suas unidades. Isso representa 25% do total e implicará em economia de 26 milhões de reais.

Nas terceirizações não serão renovados contratos que vencem no meio do ano e outros serão reduzidos drasticamente. A economia é de 66 milhões de reais. Não haverá prejuízo da prestação do serviço, uma vez que serão feitos ajustes no horário de trabalho dos servidores. Os contratos com vigilância serão reduzidos em 20%.

Também foi extinto o atendimento ambulatorial gratuito para servidores do Senado no Serviço Médico. A economia será de 6 milhões de reais. O Senado oferece um plano de saúde compatível com o mercado privado de assistência médica e também proporcionava uma estrutura médica custeada pelos cofres públicos. Isso acabou.

Três grandes institutos com competências afins foram fundidos em uma estrutura mais racional: O ILB, o Interlegis e o Unilegis. Na mesma linha secretarias e serviços foram extintas e incorporadas por outras unidades de serviço do Senado Federal. Neste item, envolvendo as fusões e incorporações serão economizados mais 3 milhões de reais.

A jornada de trabalho, na modalidade corrida, foi ampliada para sete horas. Isso representa 14 horas de funcionamento ininterrupto e um aumento de 50 mil horas úteis de trabalho por mês. A economia anual evitando-se nomeações e contratações é de cerca de R$ 160 milhões.

Estão vedadas as nomeações para as carreiras de polícia legislativa e também foi instituído, sem custo algum, o Conselho de Transparência e Controle Social, diretamente vinculado à Presidência do Senado. Ele contará com a sociedade civil, e terá por obrigação fiscalizar o atendimento das demandas por acesso à informação.

Ainda na linha de busca da excelência em transparência foi determinada a publicação no Portal de Transparência dos dados referentes a proventos e pensões de ex-parlamentares, servidores inativos e pensionistas.

Estas primeiras providências se inserem dentro de um planejamento estratégico com metas de curto, médio e longo prazos. Como frisei no Senado: "Não se trata de fazer menos com menos, tampouco de fazer menos com mais. Trata-se, sim, de fazermos mais com menos."

Guerra retórica - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 22/02

No pronunciamento do senador petista Lindbergh Farias para rebater o discurso do senador Aécio Neves na quarta-feira, encontra-se uma pista muito nítida do que será a disputa retórica nas próximas campanhas eleitorais, nas estaduais e, sobretudo, na de presidente da República. O petista chegou ao plenário em meio ao discurso do tucano, mas tinha assessores designados para contar quantas vezes Aécio pronunciara palavras-símbolo como "povo", "gente", "miséria".

Não encontrando menção alguma, Lindbergh sentiu-se em condições de determinar, com um sorriso irônico, que o provável candidato oposicionista não estava montando "um discurso competitivo" contra o PT. Ontem, o rescaldo do debate por parte da ampla rede social que os petistas montaram tentou restringir a repercussão à suposta vitória de Lindbergh sobre Aécio.

Lembram-se do servidor da Secretaria Geral da Presidência Ricardo Augusto Poppi Martins, coordenador de Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação, que participou da reunião na embaixada de Cuba onde foram armadas as manifestações contra a blogueira cubana Yoani Sánchez e depois foi para Havana participar de um seminário sobre "ciberguerra"? Pois deve ser essa a sua função, coordenar as reações nas novas mídias, para tentar comandar o noticiário. Reclamar que a palavra "povo" não foi pronunciada no discurso oposicionista é tentar ressaltar uma característica supostamente elitista dos tucanos, o adversário que o PT identifica como aquele a ser batido desde já. Nesse episódio, a resposta foi relativamente fácil e não foi possível aos petistas alardear uma vitória política, a não ser nos blogs a serviço do governo.

Mesmo assim, trata-se de uma "vitória" inócua, pois esses blogs só alcançam mesmo os já convertidos, pela própria característica de serem chapas-brancas. Afinal, no plenário do Senado, ainda é possível tratar de temas importantes sem fazer proselitismo ou demagogia, e aquele plenário deveria ser usado para um amplo debate sobre os temas nacionais. Falar sobre o perigo da inflação, que corrói mais depressa a renda dos menos favorecidos, é falar de "povo", de "gente".

Mas a oposição, se quiser ter chance nos embates públicos na campanha presidencial, terá de usar uma linguagem mais popular para levar sua mensagem ao cidadão que decide a eleição. A democracia de massas exige do político comunicação mais direta, e nisso Lula sempre foi um craque, mesmo quando derrotado por Collor ou por Fernando Henrique.

Em 1989, ele foi vencido com suas próprias armas por um político populista, que usou e abusou da mistificação e de golpes baixos para superar aquele líder operário que começava a surgir na cena nacional. Mesmo assim, Lula ainda foi para o segundo turno e quase ganhou a eleição. Contra o PSDB, tanto em 1994 como em 1998, o PT foi amplamente derrotado no primeiro turno por FH, que trazia, para contrabalançar a demagogia lulista, uma realidade que fez bem ao país e, sobretudo, ao bolso dos mais necessitados: o Plano Real, que acabou com a hiperinflação.

Na eleição de 2002, Lula venceu porque a economia ia mal no segundo governo tucano, e o candidato petista vendeu ilusões ao eleitor que não teve condições de entregar. Eleito, manteve pelos primeiros anos não apenas a política econômica tucana, mas uma equipe toda comandada por economistas e burocratas ligados ao PSDB. Ironicamente, boa parte, portanto, destes dez anos petistas no poder teria por justiça que ser dividida com o PSDB e seus "neoliberais".

Cabe à oposição encontrar a melhor linguagem para se contrapor a um governo que tem uma ampla máquina de poder montada e uma tradição de luta política que não tem escrúpulos, nem políticos e muito menos retóricos, para manter o poder conquistado. A campanha contra as privatizações é apenas um exemplo óbvio de manipulação de sentimentos nacionalistas do cidadão comum, mesmo quando os benefícios são evidentes e o próprio PT privatiza quando precisa. A presidente Dilma Rousseff não tem o dom da palavra fácil, mas terá Lula em seu palanque. Os tucanos precisarão encontrar sua linguagem de aproximação com o dia a dia do eleitor.

SILÊNCIO OFICIAL - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 22/02

Uma entrevista concedida pela blogueira cubana Yoani Sánchez ontem à TV Senado por pouco não foi censurada. Avisado de que a matéria, da qual participou, não iria ao ar, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) contou ao senador Wellington Dias (PT-PI). Os dois avisaram o presidente da Casa, Renan Calheiros. E a exibição foi liberada.

QUEM SERÁ?
Ainda não está claro de quem foi a determinação para o veto, que não vingou.

É VOCÊ
E o presidente do PT, Rui Falcão, disse a Suplicy que, caso ele queira ser candidato à reeleição uma vez mais, o partido aceitará seu nome, sem prévias. A informação é do próprio senador.

RETALHO
Há alguns meses, Falcão disse numa entrevista que o cargo poderia ser negociado com outros partidos. É o que Lula gostaria que ocorresse.

RETALHO 2
Com a certeza de que o governador Eduardo Campos (PSB-PE) quer ser mesmo candidato à Presidência, a vaga de Suplicy não seria mais necessária para o "acordão" imaginado por Lula em SP, em que três partidos seriam abrigados na chapa para disputar governo e Senado: PSB, PSD e PMDB.

TUDO IGUAL
O movimento Viva Rio protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) ontem manifestação em que defende a descriminalização das drogas, em discussão na corte. Assinada pelo advogado Pierpaolo Bottini, ela diz que em países como Argentina, Portugal, Espanha, Colômbia, Itália e Alemanha, em que a droga é proibida mas o usuário não é considerado criminoso, o consumo e o tráfico não aumentaram.

CUIDADO ESPECIAL
A manifestação cita também declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), que defende a descriminalização da maconha: "Pessoas que usam drogas mas não causam dano a outros não são criminosos a encarcerar, mas pacientes a tratar".

NEGRA DIVA
O fotógrafo J.R. Duran se uniu a Negra Li para criar a identidade visual do novo álbum da cantora, "Tudo de Novo"; o repertório poderá ser ouvido hoje em show no auditório Ibirapuera, às 21h. "Busquei inspiração em divas de todos os tempos, como Diana Ross", diz ela

À MESA
O ator Harrison Ford foi ao jantar que a ONG Conservação Internacional promoveu anteontem no hotel Grand Hyatt para arrecadar dinheiro e lançar o Centro de Sustentabilidade das Américas. André Esteves, do BTG Pactual, foi um dos anfitriões. Os empresários Meyer Nigri e Alfredo de Goeye e o cantor Gilberto Gil compareceram.

SARAU NA PRAIA
O Bourbon Festival Paraty anuncia as datas de sua quinta edição: 24 e 26 de maio. Já estão confirmadas as apresentações do jazzista americano Stanley Clarke, da banda Big Sam's Funky Nation, de Hermeto Pascoal e da cantora Céu.

XADREZ
Roberto Klabin deixa a presidência da SOS Mata Atlântica em maio, após 22 anos no cargo. Ele vai continuar na entidade, como vice.

Em seu lugar assume Pedro Passos -o atual vice.

CHÃO DE FÁBRICA
A Unilever comprou terreno em Aguaí (SP), a 193 km da capital, para construir sua décima fábrica no Brasil.

A unidade é uma das 30 que a companhia planeja implantar no mundo nos próximos três anos.

MALAFAIA EXPLICA
O pastor Silas Malafaia, que pode ter seu registro de psicólogo cassado pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio, foi o orador de sua turma na universidade carioca Gama Filho, em 2006. Dizia em aula que Freud, ao falar sobre "impulso de morte", deveria ser "preso por plagiar a Bíblia, que fala da lei do pecado da morte".

PESO PESADO
O piso do musical "Rei Leão" pesa mais de 10 toneladas. O espetáculo, orçado em R$ 50 milhões, terá 53 atores, mais de 40 cenários e 200 esculturas animadas de bichos. O palco inclina meio metro.

CURTO-CIRCUITO
O Studio SP recebe show de Lucas Santtana, Cascadura e Curumin, às 22h. 18.

O DJ Gui Boratto toca hoje na Disco. 18 anos.

O Hospital Adventista Silvestre, no Rio, e a Unifesp assinaram convênio para enviar médicos para treinamento em centros mundiais especializados em transplantes pediátricos.

Alexandre Hohagen, vice-presidente do Facebook na América Latina, dará a aula inaugural do curso de mídias sociais, amanhã, na Etec Parque da Juventude.

A peça "Adultérios" estreia no Tuca hoje. 12 anos.

Geraldo Rocha Azevedo lança o livro "A História da Passarinha", na Livraria da Vila do Cidade Jardim.


Cruzada pelo meio ambiente - SONIA RACY

O ESTADÃO - 22/02

Ele é Indiana Jones e Han Solo juntos. E ainda defende o meio ambiente. Como não se encantar? Foi nesse clima que Harrison Ford participou – quarta, no Hyatt, em São Paulo – de jantar promovido pela Conservação Internacional, ONG cuja arrecadação anual chega a US$ 140 milhões.

Há 20 anos no conselho diretor internacional da entidade, e responsável por divulgar campanhas de alerta e combate às mudanças climáticas, Ford pregou: “A natureza não precisa das pessoas, mas as pessoas precisam da natureza”, disse, após elogiar o desempenho do Brasil no assunto e pedir mais liderança do País nas discussões internacionais.

Capitaneado por André Esteves, do BTG Pactual e integrante do board internacional da CI, o evento para arrecadação de fundos foi o primeiro do tipo promovido pela ONG fora dos EUA. Cada mesa custava algo como R$10 mil. Na reunião do conselho, durante o dia, Ford conheceu Izabella Teixeira – e se disse impressionado com a ministra do Meio Ambiente: “É uma mulher de presença marcante”, revelou. “O Brasil é um exemplo a ser seguido, principalmente por sua relação com os povos indígenas”, disse à coluna.

No encontro, foi lançado o Centro para a Sustentabilidade das Américas, que, em linhas gerais, deve funcionar como facilitador para que os países da região troquem experiências.

Durante o jantar, a CI entregou o prêmio Herói da Conservação Global – concedido pela ONG em casos especiais – ao senador Eduardo Braga e a Camilo Capiberibe, governador do Amapá. Eles foram reconhecidos por aliar o capital natural ao desenvolvimento humano.

A Conservação Internacional é uma organização de presença mundial, baseada na produção científica e que atua, principalmente, na proteção dos oceanos, de espécies ameaçadas e no desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis. No Brasil, tem trabalho em Abrolhos e foi fundamental nos estudos sobre o maior primata das Américas, o ameaçado muriqui. /GIOVANA GIRARDI

Organização
Seguindo protocolo parecido ao adotado na tragédia das Torres Gêmeas, em NY, Alexandre Padilha assina hoje, in loco, acordo com a Universidade de Santa Maria.

Para esquematizar o acompanhamento de vítimas e familiares – algo como 700 pessoas.

Organização 2
São três os focos do Ministério da Saúde. Primeiro: vítimas com problemas pulmonares – e também as que tiveram alta. Segundo: quem não desenvolveu problemas graves. Terceiro: familiares. “Estes terão suporte psicológico 24 horas,” diz o ministro.

Esta parte do trabalho, ressalta, é delicada e tem como missão evitar ações dramáticas dos atingidos.

PT saudações
Oscar Maroni circulava, no papel de ‘blogueiro progressista’, na festa pelos dez anos do PT no poder – anteontem, em SP. Seu crachá dava acesso a uma área restrita. Mas ele convenceu os seguranças de que era “petista das antigas” e ultrapassou a barreira.

O empresário se prepara para reabrir o Bahamas. “Em um ou dois meses”, garantiu. “É uma atividade lícita, só está fechado por ranço do Kassab”.

Saudações 2
“Com Haddad, não serei mais perseguido”, afirmou, fazendo pose para que um militante o fotografasse. “Sou da época em que a gente dizia ‘PT saudações’.” Para provar, tirou do bolso carteirinha de militante. Quebrada em 4 partes.

Saudações 3
Antes do discurso, Dilma lamentou que parte da militância tenha ficado de fora e agradeceu aos que assistiam ao ato pelos telões. “Mas é assim, a gente cresceu.”

Saudações 4
Petistas foram divididos em três categorias. Quem tinha pulseira vermelha ou amarela podia ocupar lugar no auditório; a verde só dava acesso ao espaço do telão. Lá estava Ângela Guadagnin, da dança da pizza.

Reeleita vereadora em São José dos Campos, deu pulinhos de alegria ao ver Clara Charf. Pediu até para tirar foto com a viúva de Carlos Marighella.

Significa?
No salão da Câmara – ontem, fazendo as unhas –,Tiririca disse que sentirá falta das “partidas de futebol com os colegas”. Ele conclui o mandato em 2014. Para não voltar.

Para depois do amor
A Cia das Letras prepara para junho livro com os pratos preferidos de Vinicius de Moraes. A irmã do escritor, Leta, ajudou a recuperar os segredos da culinária da família do poeta.

As receitas estarão no menu da festa que a editora fará, na Flip, pelo centenário de Vinicius.

De Cuba
As longas madeixas de Yoani Sánchez renderam telefonema da Igreja Cristã do Brasil ao documentarista Dado Galvão: “Queriam marcar encontro com quem acreditavam ser uma de suas ‘filhas’”.

De Cuba 2
O sucesso do livro de Yoani foi tamanho que a blogueira já acertou com Jaime Pinsky, da editora Contexto, a publicação de um segundo volume.

Pedra…
A Igreja Universal importou, de Hebron, 40 mil m² de pedras para revestir seu Templo de Salomão, em construção no Brás. É o equivalente a quatro campos de futebol.

…sobre pedra
O local – com 55 metros de altura – abrigará até 10 mil pessoas sentadas. Já foram investidos cerca de R$ 235 milhões no projeto.

Oh, Minas Gerais - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 22/02

Em conversa anteontem, Dilma Rousseff e Lula bateram o martelo sobre a necessidade de contemplar o PMDB de Minas Gerais com um ministério. A decisão foi tomada no dia em que Aécio Neves (PSDB-MG) fez seu primeiro discurso como potencial presidenciável. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) discutiu com Michel Temer lista de nomes e a encaminhará ao Planalto. As pastas cobiçadas pela bancada mineira são Transportes, Agricultura e Aviação Civil.

Vem comigo Presidente do PMDB mineiro, Antônio Andrade se aproximava da administração de Antonio Anastasia (PSDB), o que levou à reação petista. Pimentel tem interesse em atender a sigla, pois postula a candidatura ao governo em 2014.

Compensação Peemedebistas foram avisados de que a diretoria internacional da Petrobras, da cota mineira, deve ser extinta. Os anúncios serão feitos após a convenção do partido de Temer, prevista para 2 de março.

Com que roupa? Ainda no espírito de Carnaval, um peemedebista faz troça com a dualidade do partido de Eduardo Campos, que ensaia voo presidencial: "O PSB está como naquela marchinha da Maria Sapatão: de dia é governo; de noite é oposição''

Tréplica De Aécio ontem, depois do discurso de Dilma na festa do PT: "Onde estava a presidente da República quando a candidata Dilma Rousseff, ignorando o trabalho de várias gerações, diz que o PT não herdou nada e construiu tudo no Brasil?".

Prospecção Dos 13 pontos elencados pelo tucano na tribuna do Senado como "fracassos" do governo do PT, o primeiro a ser esmiuçado será o que chamou de sucateamento da Petrobras.

Sem gás O PSDB vai questionar a capacidade da empresa estatal de participar de todos os blocos concedidos no sistema de partilha de exploração do pré-sal.

Realidade... Marina Silva está otimista com a coleta das 500 mil assinaturas para fundação de seu novo partido. Nos primeiros dias de funcionamento do site da sua "Rede" foram feitos 20 mil downloads de fichas de adesão e 2.500 multiplicadores voluntários se cadastraram.

... virtual O desafio dos marineiros agora é estruturar sedes regionais para a remessa dos impressos, já que a validação dos documentos é feita em cada zona eleitoral. Por ora, a ex-ministra tem bases instaladas em 12 Estados.

Estratégia Quem acompanha os bastidores do Judiciário diz que Eugênio Aragão entrou na disputa por vaga no STF para se credenciar à sucessão de Roberto Gurgel na Procuradoria-Geral da República. Com o favoritismo de Heleno Torres e Humberto Ávila, o subprocurador é visto como azarão ao posto.

Nota de corte Aferição encerrada ontem pelo Ministério do Trabalho garante a cinco das 12 centrais com registro legal acesso aos recursos da Contribuição Sindical: CUT, Força Sindical, UGT, CTB e Nova Central. Sem atingir os 7% do total de sindicalizados, a CGTB recorre para reverter a exclusão.

Coordenado As críticas de Fernando Haddad à herança de Gilberto Kassab, acentuadas com as panes nos semáforos e o atraso nas creches, coincidem com o progressivo esvaziamento de poder do PSD nas subprefeituras. Vereadores puxadores de votos da sigla se queixam da perda de espaço no governo.

Visita à Folha Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de José Roberto Ferreira e Simone Santana Franco, assessores.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

Os 13 pontos que Aécio tentou explicar em seu discurso precisam de tradução simultânea. Faltou a tecla SAP na TV Senado.

DO PRESIDENTE DO PT, RUI FALCÃO, sobre o pronunciamento em que o senador do PSDB mineiro buscava enumerar os fracassos da gestão petista.

contraponto

Eu aumento, mas não invento

Durante ato em que o PT comemorava 10 anos à frente do governo federal, anteontem, em São Paulo, Lula reclamou da confusão de números da gestão petista.

-Precisa padronizar, unificar isso. A gente confunde.

Dilma Rousseff tentou explicar e referiu-se ao Minha Casa, Minha Vida e a Jorge Hereda, presidente da Caixa:

-Se você perguntar ao Hereda, que está aqui, a cada semana temos um número novo. O programa aumenta.

Antes que o ex-presidente interviesse no discurso, Dilma completou, em tom irônico:

-E ai dele se o número não for outro!

Queda de braço - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 22/02

O ex-presidente Lula e a presidente Dilma vão para cima do governador Eduardo Campos (PSB-PE), aspirante ao Planalto. Por isso, a peregrinação de Lula pelo Brasil começará na próxima quinta-feira por Fortaleza (CE). O objetivo é dividir os socialistas e garantir no palanque de Dilma o governador Cid Gomes (CE). O embate com o PSDB fica para o segundo tempo.

Socialistas foram surpreendidos
O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), reagiu ao discurso petista dizendo: "É um equívoco o PT lançar Dilma com tanta antecedência. Isso tumultua as relações com a base aliada". A despeito do queixume, o próprio Rollemberg desembarcou do governo Agnelo Queiroz (PT-DF), pois pretende concorrer a governador em 2014. O socialista acrescentou: "Daqui para frente, tudo vai virar campanha". De fato. O partido já havia lançado Júlio Delgado à presidência da Câmara. E aliados do governador Eduardo Campos (PE) atuam para desmoralizar o ministro Leônidas Cristino (Portos), simpático ao apoio à reeleição da presidente Dilma.

“O nosso partido vai ficar mais escuro, mais jovem e mais feminino”
Paulo Ferreira

Deputado federal (PT-RS) e ex-integrante da Executiva petista, sobre a nova composição do Diretório Nacional que terá, obrigatoriamente, 50% de mulheres, 20% de pessoas com menos de 30 anos e 20% de negros

Muito papo e pouca ação
A ala do PMDB que está insatisfeita com o governo Dilma ironiza a interlocução privilegiada entre o vice Michel Temer e a presidente. Um deles disse: "É justamente este o problema, ele conversa muito com a Dilma, mas resolve pouco".

Palocciana
O ex-ministro Antonio Palocci assumiu a consultoria do grupo Caoa, que controla a Hyundai no Brasil. O presidente da empresa, Carlos Alberto Caoa, enfrenta problemas com a matriz, na Coreia do Sul. Ela está instalando fábricas no Brasil e pretendia tirar Caoa das operações. Palocci foi chamado para apagar o incêndio.

Dinheiro para os inovadores
A presidente Dilma vai anunciar nos próximos dias um pacote de R$ 5 bilhões para empresas que apresentarem projetos de inovação tecnológica. Parte dos recursos será do Tesouro, e outra parte financiamento via BNDES.

Lula sem papas na língua
Chamou a atenção dos petistas o tratamento do ex-presidente Lula à presidente Dilma ao lançá-la para a reeleição. Lá pelas tantas, diz: "A primeira vez que votei para presidente foi em mim mesmo, de tanto que gostava de mim (risos); na segunda votação, também foi em mim (mais risos); na terceira, por azar, foi num poste (silêncio) que está iluminando o Brasil (novos aplausos)."

Agora vai?
Considerados dirigentes de partidos problemas, o que mais agradou ao Planalto, na festa do PT, foi o tom e o conteúdo dos discursos dos presidentes do PR, Alfredo Nascimento, do PDT, Carlos Lupi, e do vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

Não ao queremismo
O lançamento da presidente Dilma à reeleição, quarta-feira, em festa do PT, pelo ex-presidente Lula serviu a uma estratégia: ele quer evitar a deflagração de um movimento "Volta, Lula" no road show que fará pelo país a partir do dia 28.

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), visita hoje o ex-presidente Lula. Na agenda: eleições presidenciais e palanques regionais. 

As cartas que faltam - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 22/02

Ainda vai rolar muita água sob a ponte eleitoral, mas o cenário está praticamente posto e com uma antecedência que só tem precedente no período em que Lula lançou Dilma Rousseff. Para se ter uma ideia da demora que os partidos levam para apresentar seus candidatos, basta voltar sete anos, quando o PT atravessou o mensalão e nem sabia se teria condições de lançar Lula no ano seguinte.

Da parte dos tucanos, Geraldo Alckmin só disse ser candidato em janeiro de 2006. O mesmo ocorreu com Serra em 2010, que esperou passar o período de chuvas em São Paulo para anunciar com todas as letras que seria candidato. Na última eleição presidencial, entretanto, o PT largou na frente, com Lula construindo a candidatura de Dilma desde 2009, quando a apresentou como a mãe do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento.

Desta vez, tudo está antecipado. O PT tem Dilma. O PSDB, Aécio Neves. O PSB vai de Eduardo Campos, que não disse oficialmente ser candidato, mas caminha para isso se não conseguir a vice de Dilma. Resta ainda a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que tem prazos exíguos para fazer dela candidata. No mais, é ver o que fará o hoje tucano José Serra, ainda fechado em copas, desfilando pelos eventos do partido. Ou seja, mantidas as atuais condições atmosféricas, sem que nenhum imprevisto venha alterar a rota, é esse o menu eleitoral do ano que vem.

Da parte do governo, não tem muito mistério: é segurar a economia e mostrar serviço ao povo (olha a palavrinha aí, gente!) para, assim, transformar uma alta popularidade em votos. Da parte da oposição, entretanto, as dificuldades são infinitas. Não basta Aécio Neves se apresentar como candidato com o diagnóstico claro dos problemas governamentais. Ele precisa ir além de propostas e da unidade interna. Tem que encontrar algum meio de quebrar a grande aliança que gravita em torno do PT e hoje nada indica que terá muito sucesso nessa empreitada.

A candidatura de Eduardo Campos, embora ajude a oposição a levar a eleição ao segundo turno, não garante a vitória. Mantido um segundo turno entre Dilma e Aécio, uma vez que PT e PSDB têm hoje estrutura maior do que a dos socialistas, a tendência de Eduardo é apoiar Dilma. Assim, investe um pouco mais no desgaste de material petista e se prepara no sentido de, em 2018, se apresentar novamente candidato num patamar eleitoral melhor.

Dentro do PT, existe hoje até quem sonhe com uma chapa Eduardo-Haddad, com a perspectiva de incluir o prefeito de São Paulo como candidato a vice numa construção futura. Mas essa aposta ainda é tão “sonhática” quanto a economia totalmente verde. Afinal, dependerá das circunstâncias.

Ao levantar essa hipótese de apresentar a vice em 2018, o PT busca manter Eduardo na sua órbita. A realidade indica que o governador de Pernambuco não tem um discurso que lhe permita se afastar totalmente do governo petista e apoiar Aécio num segundo turno. A não ser que construa esse afastamento daqui para frente. No entanto, o máximo que o comandante do PSB se propôs foi marcar diferenças. A levar em conta o que disse o vice-presidente do partido, Roberto Amaral, porta-voz de Eduardo na festa do PT em São Paulo, nesse momento, o caminho do PSB num eventual segundo turno entre PT e PSDB será o governo Dilma. Isso fica muito claro no momento em Amaral afirma não servir de “viagra” da oposição. Portanto, conforme avaliação de muitos, não será aí que Aécio terá condições de organizar o seu jogo, embora o sonho do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) seja uma parceria entre Eduardo e Aécio.

Esse movimento de Eduardo — de se colocar como pré-candidato e, ao mesmo tempo, não se afastar do PT de Lula, tentando desfrutar de parte da popularidade do ex-presidente — coloca o PSB longe do palanque de Aécio, obrigando os tucanos a organizar a perspectiva de reforço para um potencial segundo turno junto à Rede de Marina. Em 2010, ela não ficou nem com Serra, nem com Dilma e terminou fora do PV.

Desta vez, se Marina não conseguir montar a sua Rede Sustentabilidade em tempo de participar das eleições, ela pode perfeitamente optar pelo PPS de Roberto Freire, que já lhe abriu as portas. Freire fez o mesmo a José Serra. Até o momento, são essas as duas grandes incógnitas de 2014, além, é claro, da economia, essa moça que constrói e destrói projetos eleitorais. Ao que indicam os discursos de Aécio, levantando os temas econômicos, e de Dilma, defendendo as medidas de seu governo, esse tema estará novamente em pauta junto ao “povo”. Vamos aguardar.