quinta-feira, março 07, 2013

A partilha - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 07/03

Semana passada, o cantor Chorão, encontrado morto ontem, doou 25 skates, duas televisões de LED, 40 pares de tênis e eletrodomésticos aos amigos mais próximos.

A eles, Chorão dizia que sentia saudades do pai, morto há 10 anos.

A terra treme
Quando Eduardo Eugênio assumiu a vice-presidência de Eike Batista, um grupo de amigos do presidente da Firjan, que conhece bem os dois, fez um bolão sobre o tempo que este namoro iria durar.

A aposta média era de 6 meses. Durou 46 dias.

Em tempo...
Um maldoso teme que o acordo entre Eike Batista e André Esteves, duas águias, seja igual ao da galinha e do porco, que se uniram para produzir bacon com ovos.

Na fábula, a galinha, esperta, sai ciscando depois de botar o ovo, e o porco, coitado, morre para produzir o bacon. Resta saber quem é quem nesta história.

De saída
Depois de dez anos, José Nascimento Jr. deixa, nos próximos dias, a presidência do Instituto Brasileiro de Museus.

O laptop de Chávez
Uma fonte ligada a Cuba conta que Chávez estava lúcido quando deixou Havana no dia 18, embora devastado por uma pneumonia.

Por conta da traqueostomia, o venezuelano aprendeu a usar o laptop no hospital para poder se comunicar com as pessoas.

Boletim médico
Zé Ramalho, o cantor, operou o coração terça no Hospital Samaritano, no Rio.

Passa bem. 


Novo ginásio do Fla
Sabe o terreno daquele antigo posto de gasolina ao lado da sede do clube do Flamengo, na Gávea, que está vazio há anos?

Pois bem, será erguido lá um ginásio de basquete para seis mil pessoas, com ar-condicionado e telão. Os custos serão arcados pelo McDonald’s, que terá o direito de construir um restaurante.

Cena carioca
Durante o temporal de terça, um senhorzinho, no supermercado Mundial, na Tijuca, danou-se a pregar:

— Esse é o princípio das dores. É um sinal de que o fim está próximo.

E como se diz em Frei Paulo: Vira essa boca pra lá!

Pernas de fora
O Jockey, clube que preza pelas tradições do high society, cedeu. Há quatro dias, permite que pessoas usando bermuda frequentem a tribuna social da sede da Gávea para assistir às corridas de cavalo.

A bermuda só pode ter até dez centímetros acima do joelho.

Ah, bom!

Hablas español?
Lembra o espanhol Joseba Gotzón Vizán, acusado de pertencer ao ETA, o grupo terrorista basco, preso no Rio há algumas semanas?

Além de ter dado aulas para o pessoal da Shell, também ensinou espanhol, acredite, para promotores do Rio, juízes do TJ e filhos de magistrados.

Diário de Justiça
Renata Almeida Senna, filha de Renné Senna, assassinado dois anos após ganhar R$ 52 milhões na mega-sena, rejeitou o acordo proposto por Adriana Ferreira Almeida, viúva do ganhador. Elas brigam pela herança.

Renné, como se sabe, foi morto a tiros em 2007, e Adriana é acusada de ser a mandante do crime.

PIB do temporal
O temporal de terça à noite no Rio afetou diretamente os restaurantes.

No Roberta Sudbrack, das 45 reservas, 30 foram canceladas.

Depois do Tiririca
Belo, o pagodeiro, vai disputar uma vaga de deputado federal, ano que vem, pelo PP do senador Dornelles.

Guerra total
Sérgio Cabral prepara um tiro de canhão, caso o STF não suspenda essa lei que garfa os royalties do Rio.

Vai acabar com todos os incentivos fiscais das petroleiras.

Já...
O deputado Rodrigo Bethlem lidera um grupo de 28 deputados do Rio, que, em caso de derrota, vai sugerir a suspensão das licenças ambientais da Petrobras no estado.

Dilemas e cartilhas - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 07/03

Nada mais pueril do que a certeza moral. A maturidade deveria ser o tempo da incerteza


Na coluna da semana retrasada, "Para que serve a tortura?" (www.migre.me/dwB4Y), propus um dilema moral. Uma criança sequestrada está num lugar onde ela tem ar para pouco tempo. O sequestrador não diz onde está a criança. A tortura poderia levá-lo a falar. Você faz o quê?

Entre os muitos leitores que me escreveram, menos de 10% entenderam que eu estaria promovendo o uso da tortura; mesmo esses, em sua maioria, usaram o dilema para pensar (com seus botões) no que eles fariam.

Na semana passada, na Folha, Vladimir Safatle e Marcelo Coelho entenderam que meu dilema favorecia a tortura. No domingo, Hélio Schwartsman tentou colocar alguma ordem nessa cacofonia.

Pena que nem Safatle nem Coelho fizeram o único exercício que um dilema moral pede: o de pensar nos termos que ele propõe. Muito pior: ambos declararam que não gostam de dilemas. Caramba!

Tentando não ser chato para quem não seguiu a controvérsia, aqui vai:

1) Dizer que você é contra a tortura porque ela não funciona é como dizer que a gente não deve assaltar o vizinho porque ele não tem dinheiro no bolso.

2) Duvidar que a tortura funcione é um pouco covarde para com os milhares de sujeitos, mundo afora, que foram forçados a entregar um nome ou a assinar uma confissão e carregam, por isso, cicatrizes mais profundas das que ficaram em seu corpo -sobre isso, leia-se "Exílio e Tortura", de Marcelo e Maren Viñar (ed. Escuta).

3) Para nos induzir a pensar, um dilema moral deve nos empurrar para uma posição diferente da de nossos princípios. Exemplo: o primeiro dilema de Kohlberg é sobre alguém que precisa de remédios para o filho e só pode consegui-los assaltando a farmácia. Esse dilema vale apenas para quem considere que assaltar é errado.

4) Nota: Lawrence Kohlberg é o piagetiano que pesquisou a formação e as estruturas do pensamento moral. Ele inventou e experimentou uma educação moral pela prática dos dilemas (que eu saiba, é o único projeto de educação moral que não se pareça com uma doutrinação). Sugestão: antes de falar de dilemas, ler as obras principais de Lawrence Kohlberg -no mínimo, os "Essays on Moral Development".

5) Um dilema nunca é um modelo para situações parecidas, pois a vida real é sempre mais complexa. Mas o dilema é o formato padrão da experiência moral moderna, na qual o que é justo é decidido não por conformidade a uma regra, mas por nós, incertamente.

6) A infância é a idade tentada pelas cartilhas e pelos catequismos, até porque é a época em que os representantes das certezas mais tentam arregimentar as crianças -nos Balilla, na Hitler-Jugend, na Unión de Jóvenes Comunistas etc. Não tem nada mais pueril do que uma certeza moral. A maturidade é (ou deveria ser) a época da incerteza e dos dilemas.

7) O dilema estimula a moralidade porque nos encoraja a não escolher por respeito a supostos princípios ou por medo de uma punição. Para Kohlberg (e para mim), seja qual for a escolha, escolher pelo foro íntimo é sempre mais moral do que escolher por obediência a uma cartilha.

8) A modernidade se pergunta quem é o homúnculo que pilota nosso foro íntimo. Alguns, de Kant a John Rawls, apostam num homúnculo formal, parecido em todos nós, de maneira que seja garantida a existência de uma cartilha moral universal.

Outros (com os quais me dou melhor) acham que quem escolhe são os indivíduos concretos, em toda sua miséria. Há, aliás, uma certa grandeza humana na desproporção entre o caráter "indigno" do que nos motiva e o caráter eventualmente grandioso e generoso de nossos atos.

Explico: um sujeito concreto não tem os direitos humanos cravados no peito pelo dedo divino; se ele for contra a tortura, será porque seu pai foi torturado ou porque seu pai foi um torturador, porque seu colega do primário arrancava as asas das moscas ou porque ele mesmo fazia isso, porque os pais lhe disseram que não é para torturar, ou porque ele foi torturado pelos pais. Etc. Etc.

10) Safatle chamou sua coluna "Questão de Método". Li "Questões de Método", de Sartre, 47 anos atrás. E ainda me lembro da lição: o recurso aos princípios esconde as particularidades concretas.

11) Em qualquer momento histórico, entre os homens de bem, que resistem ao totalitarismo do momento, pode haver homens atormentados por dilemas e também portadores de cartilhas opostas às dos opressores.

Mas, em qualquer momento histórico, entre os opressores e os torturadores, só há portadores de cartilhas.

Entre o pum e o papa - PAULO GHIRALDELLI JR.

FOLHA DE SP - 07/03

O papa, ao menos em tese, é a pessoa mais apta a controlar seus impulsos fisiológicos. No Brasil, parece que estamos a anos-luz dele


Há dois elementos centrais na educação ocidental: o pum e o papa.

Agostinho foi o pensador que lidou com o que o filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk chamou de "a semântica do peido". Agostinho era encantado com as proezas de controle fisiológico. Sua interpretação do pecado original atravessa esse assunto.

Adão e Eva desobedeceram a Deus ao comerem do fruto da árvore do conhecimento. Como membros do paraíso, se tornaram independentes de Deus. A punição imediata foi que eles próprios, em seus paraísos pessoais -seus corpos- viram como é triste não possuir controle. Tornaram-se vítimas da ereção involuntária e outros descontroles corporais. O homem e a mulher sentem vergonha quando agem como um tipo de fantoche maluco.

A luta contra essa sina foi uma meta de Agostinho. Ele se fez herdeiro do "conhece-te a ti mesmo" e da busca do "governo de si" socráticos tanto quanto esse projeto esteve ligado aos estoicos, epicuristas e, por meio de Paulo, aos cristãos. Sua ideia básica: mais que um exército que possa peidar junto, temos de ter uma humanidade com autolimites claros.

O papa é o chefe da igreja e o representante da divindade na Terra, dizem os católicos. Sendo assim, é aquele que, ao menos em tese, seria o homem mais apto a controlar seu pum. Com efeito, dificilmente, os papas se desviam de uma vontade férrea e um autocontrole fenomenal. Bento 16 não fugiu à regra. Falou que renunciaria caso não pudesse seguir sua missão e levou a cabo seu dito.

Foi usando dessa força filosófica de seus membros que a igreja contribuiu -não sem dor e sangue- para o caminho civilizatório, especialmente percorrido pelo Ocidente. Em muitos lugares, nos tornamos de tal modo donos de nós mesmos que pudemos deixar nossas juventudes pichar nos muros "É proibido proibir". Por que ousamos fazer isso?

O sociólogo Norbert Elias explicou mais ou menos assim: chegamos a tal ponto de sofisticação no autocontrole que pudemos criar zonas temporais e espaciais de "relaxamento dos instintos". A praia é um lugar que mostra bem isso. Até o menos educado já não tem qualquer ereção no meio de outros humanos quase inteiramente nus.

Todavia, se Agostinho e Elias vissem o Brasil, diriam o seguinte: as coisas não estão completas. Muito do que já é dispensado no Primeiro Mundo, aqui ainda é necessário! Tanto isso é verdade que o Estado fez uma esdrúxula campanha nesse Carnaval: "urine no banheiro". Creio que gastamos mais levando o pipi das pessoas ao lugar certo do que dizendo que essa parte do corpo precisa ser protegida para não pegar o HIV.

Eis aí esse problema todo traduzido politicamente: queremos que todos sejam livres e responsáveis, de modo a termos uma sociedade liberal, com as regras coercitivas mais brandas possíveis, mas, ao mesmo tempo, não nos responsabilizamos pelos animais, não cuidamos do espaço público, não ensinamos a nossos filhos os chamados "bons hábitos" e não cedemos lugar para os mais velhos em ônibus.

E mais: bebemos e logo em seguida saímos de carro. Isso sem falar o quanto desejamos todos usar da "carteirada". No Brasil, parece que estamos a anos-luz do papa. Ainda não somos donos de nosso próprio pum.

A fome e a memória - FERNANDO REINACH

O Estado de S.Paulo - 07/03

Armazenar memórias exige do cérebro um grande gasto de energia. Um mecanismo recém-descoberto ajuda o cérebro a economizar energia. Quando falta energia porque o animal passa fome, o cérebro deixa de armazenar memórias desagradáveis. Faz muitos anos que os cientistas estudam a formação de memórias de longa duração, aquelas que persistem por anos a fio.

A formação desse tipo de memória exige a produção de novas moléculas e o rearranjo dos circuitos que interligam neurônios, o que consome muita energia. Geralmente isso não é um problema, pois o cérebro não somente regula o gasto de energia das diferentes partes do corpo, mas também garante que, na falta de alimentos, o suprimento energético do próprio cérebro seja priorizado.

Em 1983, estudando a formação de memórias em drosófilas (a famosa mosca de fruta), os cientistas descobriram que era mais fácil "ensinar" uma mosca a associar um odor a um alimento apetitoso se a mosca estivesse passando fome. O experimento é simples. As moscas são deixadas sem alimento por 20 horas e depois, submetidas a um odor típico ao mesmo tempo em que recebem um pouco de açúcar para comer.

Nesse caso, basta um ciclo de treinamento para as moscas aprenderem a associar o odor ao açúcar. E essa memória dura dias (o que é bastante na vida de uma mosca). Se as moscas não estiverem com fome, elas também aprendem a associar o cheiro ao açúcar, mas necessitam de vários ciclos de treinamento. O aprendizado acelerado em situações de fome faz sentido, afinal saber que um cheiro está presente porque existe açúcar por perto aumenta as chances de sobreviver.

Foi nessa época que os cientistas descobriram que a formação de outros tipos de memórias não eram estimuladas pela fome. Por exemplo, se você quer "ensinar" uma mosca que um odor é desagradável, basta submetê-las à presença do odor e, ao mesmo tempo, dar um pequeno choque na mosca. Ela logo aprende a fugir do odor.

Agora a novidade: os cientistas resolveram investigar o que ocorria quando se tentava "ensinar" moscas famintas a ter aversão a um odor. O método é o mesmo: você submete a mosca a choques elétricos e libera o odor.

A primeira observação foi que tanto as moscas famintas quanto as bem alimentadas são capazes de aprender a ter medo de um odor associado ao choque elétrico, mas nas moscas famintas esta memória durava pouco. Os cientistas suspeitaram que as moscas famintas não estavam formando memórias de longo prazo (aquelas que exigem gasto de energia). Para confirmar essa hipótese, foram realizados diversos experimentos engenhosos. Os cientistas usaram moscas mutantes, incapazes de formar memórias de curto prazo, e observaram que, quando famintas, elas não aprendem a associar o cheiro ao choque elétrico. Depois demonstraram que os neurônios envolvidos na formação de memórias de longo prazo associadas a sensações desagradáveis são inativados quando a mosca passa fome.

Por fim, os cientistas utilizaram um truque genético que força esses neurônios a permanecerem ativos mesmo nas moscas famintas. Repetindo o experimento, comprovaram que nessa situação totalmente artificial, a memória de longo prazo de experiências desagradáveis é formada, mas, como essa formação provoca um alto gasto de energia, a sobrevida dessas moscas era menor.

Os cientistas concluíram que, nas drosófilas, a falta de alimento bloqueia a formação de memórias de longo prazo de experiências desagradáveis e estimula a formação de memórias de longo prazo associadas a sensações positivas, como a presença de alimento. Em outras palavras, as memórias armazenadas dependem do estado nutricional das moscas.

É claro que o experimento precisa ser repetido em mamíferos e em outras espécies de animais para podermos afirmar que essa é uma característica do cérebro de animais. Mas esse estudo abre uma nova perspectiva no estudo da formação de memórias: a possibilidade de que o tipo de memória formado em nossos cérebros depende de nosso estado nutricional.

Imagine se isso for verdade para seres humanos. Pense que você tenha de comunicar uma notícia traumática, por telefone, a um ente querido. Em vez de perguntar se ele está sentado antes de dar a notícia, o melhor é garantir que ele vai receber a notícia com fome. O trauma não será registrado na memória de longo prazo e ele logo se recuperará do trauma.

Manchester vs. Real Madrid - KENNETH MAXWELL

FOLHA DE S. PAULO - 07/03

Foi uma escolha difícil. Torcer para quem? Eu era torcedor entusiástico do Real Madrid quando vivi na Espanha (1963).

Estava hospedado em uma pensão perto da Puerta del Sol. Cinco estudantes espanhóis de outras partes do país também viviam lá. Todos íamos ao estádio do Real Madrid para assistir às partidas do "nosso" time. A equipe geralmente vencia, como fez nesta terça-feira. O técnico do Real Madrid é o português José Mourinho. O maior astro do time é o português Cristiano Ronaldo. Os dois são bons motivos para torcer pelo Real Madrid.

Mas o Manchester United também é um time de futebol lendário. O técnico escocês do United, sir Alex Ferguson, comanda a equipe desde 1986. Cristiano Ronaldo defendia o time antes de se transferir ao Real Madrid, em 2009, pelo valor recorde de 80 milhões de libras. Ele voltou ao estádio Old Trafford, onde continua muito popular, pela primeira vez nesta semana, para a partida entre os dois times de futebol mais ricos da Europa.

No mês passado, os clubes de futebol da Premier League inglesa concordaram em limitar os prejuízos que um time está autorizado a incorrer e quanto a um teto para a folha de salários. Os 20 clubes da Premier League inglesa faturam 2,52 bilhões de libras ao ano, com público médio de 34,6 mil pessoas por partida. Eles gastam 1,77 bilhão de libras ao ano em salários. Os 20 times da Primera Liga espanhola faturam 1,72 bilhão de libras, com média de público de 28,5 mil espectadores por partida, e gastam 1,01 bilhão de libras ao ano em salários.

Richard Scudamore, presidente-executivo da Premier League, declarou, em entrevista ao "Financial Times", que "o jogo deixou de ser uma disputa financeira frenética envolvendo transferências astronômicas, salários inflacionados e clubes cronicamente endividados". Veremos.

Os últimos anos foram caracterizados pela aquisição de clubes ingleses de futebol por proprietários estrangeiros ricos, como o bilionário russo Roman Abramovich, do Chelsea, ou o xeque Mansour bin Zayed al Nahyan, de Abu Dhabi, dono do Manchester City. O Manchester United é controlado pela família Glazer, dos EUA. Todos esses proprietários investiram centenas de milhões de libras para atrair os melhores jogadores do mundo. Mas os clubes agora estão, em teoria, restritos pelas novas regras salariais da Uefa.

A partida entre o Manchester United e o Real Madrid foi brilhante e controversa. A expulsão de Nani deixou o United com um homem a menos. O jogo estava um a um, mas Cristiano Ronaldo logo marcou o gol da vitória dos espanhóis. José Mourinho disse, depois do jogo, que "o melhor time perdeu". O que não é grande consolo para sir Alex e o United.

Elefante na sala - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

O Estado de S.Paulo - 07/03

A única maneira de conviver com um elefante na sala é fingir que ele não está ali. Ignorá-lo. Se algum visitante desavisado perguntar o que um elefante está fazendo na sua sala, a resposta padrão deve ser "Que elefante?". No Brasil nos acostumamos a conviver com elefantes na sala. Exemplo: só quase 30 anos depois do fim do período de exceção inaugurado em 1964 uma comissão começa a procurar a verdade sobre o que realmente aconteceu durante o período. Por quase 30 anos este elefante específico não mereceu atenção e viveu entre nós como um parente apenas vagamente incômodo. A tal comissão não vai punir, antes tarde do que nunca, os desmandos da época. Os criminosos de então estão anistiados, mesmo identificados não sofrerão castigo ou sequer reprimendas da sua própria corporação. Mas pelo menos o elefante está sendo reconhecido. E citado.

Outros elefantes continuam ignorados, e continuam na sala. Hoje não há nenhuma dúvida de que o cigarro mata e o fumo é a principal causa do câncer no Brasil e no mundo. No caso do Brasil só o volume de impostos que a indústria do fumo paga ao governo explica que não haja um combate mais aberto e decisivo ao vício assassino. Em alguns casos a indústria tem até vantagens fiscais. Já o volume de impostos não pagos pelas religiões organizadas explica a proliferação de Igrejas e seitas no País e a presença de pastores evangélicos brasileiros nas listas dos mais ricos do mundo. Mas a isenção dada ao negócio da religião é um dos assuntos intocáveis do País, um elefante enorme cuja presença na sala nem a imprensa nem ninguém se anima a reconhecer.

Potência. Contam que o Stalin, avisado de que determinada decisão iria desagradar ao Vaticano, teria perguntado "E quantas divisões tem o papa?". Descontando-se a Guarda Suíça, que só existe para fins decorativos, o papa, como se sabe, não tem tropas. Mas o Stalin se espantaria com a demonstração de poder do Vaticano dada pela cobertura da renúncia do papa e das especulações sobre o seu sucessor. Páginas e páginas de jornal, horas e horas de televisão - um triunfo de potência desarmada. A União Soviética tinha as divisões. Não tinha as relações públicas da Igreja.

Chavezuela! Agora tá Maduro! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 07/03

Eu sempre disse que o Chávez não queria ganhar eleição, queria ganhar a escritura da Venezuela!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Chavezuela Urgente! O morto morreu! O Morto Muito Louco morreu! Mataram tantas vezes o Chávez que desta vez ele morreu mesmo! E já deve estar infernizando alguém no céu ou no inferno, depende da ideologia: "Iankes de mierda, al carajo, mil veces al carajo!". Te callas! No me callo.

E a melhor manchete é a manchete do jornal "Meia Hora": "Chávez morre sem querer querendo". E a melhor charge é a charge do Zédassilva revelando o epitáfio do Chávez: "Enfim, me callo". Duvido!

E a melhor análise política é a do Datena: "A cuíca vai roncar na Venezuela". Ah, vai! Vai roncar a cuíca, o pandeiro e o reco-reco! E o Maduro? Ele é a cara do Professor Girafales! E eu sempre disse que o Chávez não queria ganhar eleição, queria ganhar a escritura da Venezuela! E eu sempre achei o Chávez mais engraçado que o Chaves do SBT!

E eu não vou sentir saudades do Chávez, vou sentir saudades do Twitter do Chávez. Só tinha a palavra "Viva". "Viva la Patria." "Viva los soldados." "Viva lo Exercito Bolivariano." "Viva los niños."

Enfim, o morto morreu! Quando eu contei para uns amigos que o Chávez tinha morrido, eles falaram: "De verdade?". "É mesmo?" "Onde você leu isso?" E agora vamos zoar um pouco com o Timão! Corre na internet uma fotomontagem com o Professor Girafales perguntando: "Nhonho, um corintiano saiu de casa e não voltou, onde está o sujeito da frase?". "Preso na Bolívia, professor." Rarará!

E um amigo no Twitter disse que o goleiro Bruno com aquele uniforme de detento laranja tá parecendo uma Fanta! Rarará! E um amigo meu desceu no aeroporto de Congonhas e o comandante anunciou: "Não tem vaga para parar, o desembarque vai demorar". E o povo gritou: "Deixa com o flanelinha". Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!

Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! Professora de acupuntura: Ana Maria AGULHON! Rarará! E o presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte: Ronaldo CANÇADO! Com esse título de cargo eu também ficaria cansado! Presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte! UFA! CANÇADO! Aliás, exausto! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Importação cresce e expõe a perda de competitividade - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo 07/03

Em 2012, a participação dos produtos importados no mercado brasileiro atingiu o recorde de 21,6% - ou 2,1 pontos porcentuais acima de 2011, segundo a publicação Coeficientes de Abertura Comercial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas o maior problema não está na importação, e, sim, na fragilidade das exportações de manufaturados, dada a baixa competitividade da indústria brasileira.

A CNI não ignora o problema, mas destaca a queda de participação do produto brasileiro no mercado local. Em 1996, quando as estatísticas da entidade sobre o tema começaram a ser feitas, o coeficiente de penetração das importações era de 15,1%. Foi a 19,7%, em 2001, e depois oscilou entre 16% e 19%, chegando a 16,6%, em 2009. Nos últimos três anos, subiu 5 pontos porcentuais.

O maior crescimento da importação ocorreu na indústria de transformação, com destaque para itens de informática, eletrônicos e ópticos (+6,4 pontos porcentuais), máquinas e materiais elétricos (+4,8 pontos), farmoquímicos e farmacêuticos (+4,6 pontos) e máquinas e equipamentos (+4,6 pontos). A importação é maior em itens que exigem mais tecnologia e mais capital. Mas a participação dos importados também aumentou muito em vestuário, veículos automotores e têxteis.

O Brasil tem capacidade para produzir esses itens, mas não pode concorrer com estrangeiros que pagam menos tributos, têm menor custo financeiro e política cambial mais clara, sem tantas idas e vindas - e, portanto, mais incertezas e custos. "O Brasil tem uma ineficiência sistêmica que precisa ser combatida, como tributação dos investimentos, carga tributária elevada e complexa, custos trabalhistas altos e educação básica ruim", enfatizou um gerente da CNI, Renato da Fonseca.

A indústria brasileira ainda consegue competir no exterior, tanto que a parcela da produção exportada passou de 19,4%, em 2011, para 20,6%, em 2012. Mas o crescimento foi menor que o das importações.

A parcela exportada aumentou mais em indústrias como fumo, têxteis e outros equipamentos de transporte (como motos). Ainda não há dados de 2013, mas é provável que eles revelem uma participação ainda maior dos importados.

A melhor política contra esses desequilíbrios não é proteger a indústria nacional, mas ampliar a abertura do mercado. A corrente de comércio brasileira (soma de importações e exportações) poderia dobrar em relação aos 21,5% do PIB calculada para 2012, após chegar a 25%, em 2008.

Tudo acaba no STF - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 07/03
A derrubada dos vetos da legislação dos royalties do petróleo, da maneira como foi encaminhada pela maioria dos estados, todos consumidores, vai oferecer aos estados produtores - Rio, Espírito Santo e São Paulo - dois caminhos de atuação no Supremo Tribunal Federal. Um, de contestação do próprio processo de votação, pois a matéria teria que retornar à Comissão de Constituição e Justiça para ser novamente avaliada, diante da republicação dos vetos pela Presidência da República para retificar erros da primeira mensagem enviada ao Congresso.

Superada essa discussão que diz respeito aos ritos internos do Congresso, e o Supremo pode decidir não interferir nessa questão, o STF terá que necessariamente analisar aspectos considerados inconstitucionais tanto pela presidente Dilma Rousseff quanto pelos parlamentares dos estados produtores. Inevitavelmente, teremos a "judicialização da política".

O primeiro "vício de constitucionalidade" é o relacionado com o artigo 20, § 1º da Constituição que assegura aos estados, municípios e órgãos da administração direta da União o recebimento de royalties decorrentes da exploração do petróleo "no seu território, plataforma continental e mar territorial".

Os fundos de participação beneficiários dos royalties do petróleo pelo projeto Vital do Rêgo não são de estados ou municípios produtores, nem de órgãos da administração direta da União, não podendo, pois, receber royalties de petróleo, ressalta o senador Francisco Dornelles. A União, que é dona do petróleo, pode distribuir os seus lucros e a sua participação na exploração de petróleo como desejar, diz Dornelles, mas o royalty "é uma compensação de natureza indenizatória devida aos estados e municípios onde o petróleo é explorado ou que sofrem os danos da sua exploração".

O próprio Supremo Tribunal Federal já decidiu, em julgamento anterior, que a participação ou compensação aos estados, Distrito Federal e municípios no resultado da exploração de petróleo é receita originária destes últimos entes federativos. A própria presidente Dilma, nas razões de seus vetos, lembrou que "devido à sua natureza indenizatória, os royalties incorporam-se às receitas originárias destes mesmos entes (os estados produtores), inclusive para efeitos de disponibilidade futura. Trata-se, portanto, de uma receita certa, que, em vários casos, foi objeto de securitização ou operações de antecipação de recebíveis."

Outro ponto que será levantado pelos estados produtores será o "desrespeito a contratos já firmados". Em seu artigo 5º, a Constituição diz que "a lei não prejudicará o direito adquirido e o ato jurídico perfeito", e a presidente Dilma alerta que uma mudança pode provocar "enorme insegurança jurídica para todos aqueles que atuam no segmento do petróleo".

O Projeto Vital do Rêgo viola, ainda, o princípio do equilíbrio orçamentário de que trata o artigo 167 da Constituição, avalia o senador Dornelles, apoiado pela análise jurídica do Palácio do Planalto. O projeto, que entrará em vigor em 2013, modifica as regras de distribuição dos royalties do petróleo do ano de 2012 e do exercício de 2013, que figuram no orçamento já aprovado em 2012 que já estão comprometidos no orçamento, inclusive com o pagamento da dívida dos estados e com a Previdência.

A aprovação coloca os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo na insolvência, visto que não poderiam cumprir obrigações já assumidas com base nos royalties de petróleo decorrentes de contratos já assinados. Com a derrubada do veto, estados perderão aproximadamente ¼ de suas receitas, e municípios produtores e afetados perderão, respectivamente, 44% e 65% de suas receitas. No total, a perda estimada supera R$ 5 bilhões.

O PT não está de todo errado - EUGÊNIO BUCCI

O ESTADO DE S. PAULO - 07/03

O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza durante o final de semana (dias 1 e 2 de março), divulgou uma nota oficial para "conclamar o governo a reconsiderar a atitude do Ministério das Comunicações, dando início à reforma do marco regulatório das comunicações". O partido do governo explicita a sua divergência com o governo. Ou, mais precisamente, com o Ministério das Comunicações, que preferiu deixar o assunto para depois.

Com sotaque portenho, o Diretório Nacional proclama: "O oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil é um dos mais fortes obstáculos à transformação da realidade do nosso país". O Brasil não é a Argentina, Dilma Rousseff não é Cristina Kirchner, mas talvez a turma que redigiu o comunicado quisesse mudar também esses detalhes da "realidade do nosso país". O texto promete convocar uma "Conferência Nacional Extraordinária de Comunicação do PT, a ser realizada ainda em 2013, com o tema Democratizar a Mídia e ampliar a liberdade de expressão, para Democratizar o Brasil".

Até aí não há novidade nenhuma no flamejante palavreado do PT. Desde 2005, pelo menos, dirigentes da sigla fustigam empresas jornalísticas, numa escalada que não cessa. Afirmam que o julgamento do mensalão resultou de um complô urdido pelos donos de jornal em conluio com ministros do STF. Agora, a ameaça de convocar manifestações e forçar o governo a enquadrar órgãos de imprensa parece ser mais um capítulo de uma novela já conhecida, um tanto gasta, cujo objetivo é radicalizar o debate eleitoral que se avizinha. Num ambiente polarizado, será mais fácil jogar a culpa de todos os males do PT nas costas dos repórteres - e transformar "o oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil" no vilão do continente. A campanha de 2014 seria, então, uma campanha contra a "mídia oligopolizada", o dragão da maldade. O PT entraria na sua própria novela como o santo guerreiro. Salve, Jorge.

Mas a história não acaba aí. A questão é menos óbvia e mais complexa do que parece. Fora o panfletarismo e o tom inflamado, quase raivoso, há um ponto no qual o PT está com a razão. Ao menos em parte, está certo: o marco regulatório está na ordem do dia. Com ou sem disputa eleitoral, com ou sem maniqueís- mos melodramáticos, o Brasil precisa de um novo marco regulatório da radiodifusão (e dos mercados conexos). Isso não tem nada que ver com cercear o conteúdo ou censurar o noticiário (como talvez queiram uns ou outros, petistas ou não), mas o contrário: a boa regulamentação só aumenta o grau de liberdade, como vemos hoje nos Estados Unidos, no Canadá e em vários países da Europa. Ela não é sinônimo de censura. Amá regulamentação, ou a ausência dela, é que traz prejuízos maiores, inclusive para a liberdade.

Como afirmou o Estado em editorial de dois dias atrás, "um novo marco regulatório das comunicações é necessário e urgente, principalmente porque o marco em vigor, anterior ao advento da internet, está há muito tempo defasado". A nova legislação, sem ideologismos, deveria organizar a matéria (hoje dispersa um espinheiro normativo confuso e obsoleto), promover as atualizações que as tecnologias digitais exigem, destravar o crescimento do mercado (aprimorando as condições de concorrência) e arejar ainda mais a democracia (assegurando mais diversidade ao debate público e acena cultural).

O PT fala de oligopólios e monopólios. Sem dúvida, precisamos de uma lei que dê os critérios (numéricos, de preferência) pelos quais se possa definir o que é monopólio ou oligopólio numa dada região (critérios que hoje não existem), mas esse está longe de ser nosso único entrave. Mais sério, hoje, é o problema da fusão indiscriminada de igrejas, partidos políticos e emissoras (ou redes inteiras) de rádio e televisão, o que tende a ferir a laicidade do Estado (e a radiodifusão, sendo serviço público, deve primar pela observância da mesma laicidade que vale para o Estado), o fisco e a concorrência leal entre as empresas (pois as igrejas gozam de benefícios tributários que as emissoras não têm e, se a separação entre as duas esferas não for rígida, as emissoras podem encontrar reforços financeiros impróprios quando se associam a igrejas). Sobre esse assunto anota do PT não fala nada.

A influência crescente de políticos sobre empresas de comunicação é outro vício grave. Há parlamentares que são acionistas, parentes de acionistas ou mesmo dirigentes de emissoras, o que gera um flagrante conflito de interesses: como o Congresso Nacional é chamado a falar na concessão de canais de rádio e TV, seus integrantes não deveriam ter parte com esses negócios. Também por isso um novo marco regulatório é urgentemente necessário.

Há mais. O uso abusivo da propaganda de governo tem permitido ao poder uma interferência crescente sobre os meios de comunicação. Embora o governo federal mantenha esses gastos em patamares relativamente estáveis há anos, os governos de Estados e municípios vêm expandindo sem limites a sua publicidade. A ocasião de rever o marco regulatório seria uma oportunidade para disciplinar também essa matéria. Sem restrições, a verba de publicidade governamental concorre para desequilibrar e desvirtuar o mercado, arranhando o ambiente de liberdade de imprensa. Lembremos que na Argentina, onde há uma conflagração entre órgãos de imprensa e governo, o kirchnerismo elevou os gastos de publicidade oficial de 46 milhões de pesos em 2003 para 1,5 bilhão em 2011 (cerca de US$ 300 milhões).

Recusar o debate sobre um novo marco regulatório só porque a idéia foi abraçada pelo PT é um erro primário. Estamos falando aqui de uma necessidade estrutural do mercado e da democracia, não de uma bandeira de esquerda. Se alguns se aproveitam dessa necessidade para pedir censura, cabe aos democratas de qualquer partido esclarecer, limpar o terreno e propor a modernização necessária. Que já tarda.

A guerra das versões - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 07/03

O PT acredita ter encontrado a fórmula para tentar convencer o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a não se lançar candidato a presidente da República: passar ao país a ideia de que não há um projeto alternativo entre PT e o PSDB, e o que Eduardo classifica de “rinha entre os dois partidos dominantes”, na verdade, diz respeito a dois grandes blocos políticos que têm projetos de governo diferentes e, por isso, esses dois atores dominam a cena eleitoral hoje, sem chance de nuances alternativas entre eles.

A tese foi lançada há duas semanas, de viva-voz pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em entrevista ao Correio Braziliense. Agora, dissemina-se em reportagens e avaliações feitas pelo PT nos quatro cantos do Brasil. A essa afirmação, os petistas acrescentam que o espaço que havia entre um e outro programa já está ocupado por Marina Silva e sua Rede Sustentabilidade.

Feita essa premissa, petistas amigos do governador pernambucano, mas fiéis ao projeto de reeleição de Dilma Rousseff trabalham no sentido de convencer o PSB e Campos dessa tese, no sentido de manter a aliança com os socialistas para 2014.

A estratégia do convencimento do PSB, entretanto, é mais difícil do que os petistas pensavam. O governador tem sido assediado por empresários, políticos, e sindicalistas interessados em conhecer o que ele teria a oferecer como alternativa à atual inquilina do Planalto. Quem passa pelo Palácio das Princesas, sede do governo pernambucano, sai encantado. Que o diga o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical. Ele se empolgou a ponto de dizer que estará com Eduardo em 2014, antes mesmo de o governador se apresentar oficialmente à disputa ao Planalto.

Entre os partidos, o PPS do deputado Roberto Freire (SP) é direto: “Se Eduardo Campos for candidato, evidentemente, não será do governo (que tem Dilma). Pode até não ser de posição, mas é alternativa ao bloco dominante. A partir disso, estaremos abertos a analisar a sua candidatura. Precisamos construir um bloco democrático para derrotar um governo que não é nem democrático, nem respeita as instituições republicanas”, diz Freire, que considera o processo de 2014 deflagrado por Lula ao anunciar a candidatura de Dilma Rousseff. O DEM vai na mesma linha, conforme relatei aqui há alguns dias. E, diante disso, avalia Freire, é igual creme dental: depois de fora do tubo, não volta mais. Falaremos de eleição daqui até outubro de 2014.

O que Freire diz de público a respeito da construção de um bloco democrático para derrotar o atual governo, os petistas dizem ao PSB em conversas reservadas. O PT está convencido de que a oposição tradicional pretende usar os socialistas no sentido de enfraquecer a aliança petista e, assim, ejetar o partido de Dilma e de Lula do poder. Completam ainda dizendo que, na hora H, essas forças hoje empolgadas com Eduardo Campos vão retornar ao seio do PSDB.

O raciocínio dos petistas é o de que entre entregar o governo federal ao PSB ou a Aécio Neves, do PSDB, os tucanos de São Paulo, por exemplo, na última hora vão preferir ficar com Aécio do que seguir a um projeto alternativo onde eles não terão voz ativa. Dentro do PSDB, por mais que haja uma briga interna, a discussão é caseira e algo em casa, geralmente é mais fácil de resolver e perdoar do que os entreveros com estranhos.

Enquanto isso, no PSB…

A versão de como o PT vê aqueles que se aproximam de Campos, ou os movimentos do governador, é parte de um enredo que tem outras leituras por outros personagens. O PSB, da sua parte, vê seu presidente, Eduardo, como uma opção, alguém com um projeto de redistribuição de recursos entre os estados e municípios, além das mesmas preocupações sociais que marcaram o projeto de Lula e seus aliados (no qual Eduardo está incluído). A diferença, dizem os socialistas, é a de que Eduardo tem ainda muito mais compreensão e capacidade de diálogo com classe política do que a presidente Dilma, ou mesmo Lula que só dividiu o poder para valer com os partidos aliados quando precisou de maior lastro por conta do mensalão. Mal o susto passou, os cargos importantes, leia-se Comunicações e Saúde, voltaram para o PT. Ou seja, o PSB desconfia que a visão do PT sobre o momento atual não passa de uma forma de tentar manter o status quo. Resta saber qual versão está mais vinculada à realidade. Isso, só o tempo dirá.

E no PSDB…

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, convidou o senador Aécio Neves e Eduardo Campos para assistir ao festival do Boi de Parintins no último fim de semana de junho. “Vou convidar também a presidente Dilma Rousseff. Serei o único a ter 100% de 2014”, brinca ele para, em seguida, completar: “Estou sendo tão bem tratado pelo governo que acho que eles estão querendo me cooptar.”

BAILE CHATO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 07/03

Uma empresa de logística que presta serviços para a AmBev foi condenada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) a pagar indenização a um motorista que se sentiu humilhado. Motivo: ele era cobrado por metas não cumpridas na frente de colegas -e foi obrigado a participar de festa com drag queens da empresa no fim do ano.

BAILE CHATO 2
O trabalhador afirmou que as drags não apenas circulavam na festa, mas também se sentaram em seu colo. A empresa alegou que tentava apenas divertir os funcionários. Mas o TST considerou que, ainda que "aceitável em outras circunstâncias sociais", a presença delas não era adequada ao ambiente de trabalho. A condenação é de R$ 20 mil.

VIZINHA
A embaixadora da Colômbia no Brasil, María Elvira Holguín, foi uma das primeiras a assinar livro de condolências na Embaixada da Venezuela, em Brasília, por causa da morte de Hugo Chávez. Nos últimos 14 anos, foram vários os conflitos entre os governos dos dois países, amenizados com a eleição de Juan Manuel Santos à presidência da Colômbia.

BEM PERTO
O embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arveláiz, estava com a presidente Dilma Rousseff e com Marco Aurélio Garcia (Relações Internacionais) quando a notícia da morte chegou ao Brasil. Ele era um dos mais próximos amigos de Chávez. Foi seu secretário particular por alguns anos.

BEM PERTO 2
Uma das primeiras pessoas com quem Arveláiz falou foi José Dirceu. Os dois se comunicaram dezenas de vezes ontem.

ESTEIRA
E amigos brasileiros de Chávez diziam ontem que a morte do líder venezuelano choca especialmente por seu estilo de vida saudável. Ele não bebia, não fumava e adotava rotina rigorosa de exercícios físicos.

YOANI, PARTE 2
Os anfitriões brasileiros de Yoani Sánchez negociam retorno da blogueira cubana ao país em abril ou maio para atividades em Brasília e no Paraná.

DIVIDENDOS
A produtora Porta dos Fundos, sucesso na web com vídeos de humor que já alcançaram mais de 140 milhões de visualizações em sete meses, vai lançar chaveiros, camisetas e bonés com frases de seus filmes.

DIVIDENDOS 2
A trupe tem convites para migrar para a TV. "Estamos estruturando um programa em outro formato, não o de esquetes. Queremos TV, rádio, cinema e, claro, continuar na internet", diz o humorista Fábio Porchat.

PELÍCULA REAL
O documentarista americano Alan Berliner é o convidado especial do festival É Tudo Verdade, que começa em abril. Ele exibirá "First Cousin Once Removed", vencedor do festival de Amsterdã em 2012.

REDE HEBE
A Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer, que será lançada amanhã pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), receberá investimento de R$ 143,5 milhões. Ela faria 84 anos no mesmo dia.

NA BOLSA DELAS
As mulheres são as titulares de 93% dos cartões do Bolsa Família, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social. O governo destina para elas
R$ 1,9 bilhão por mês.

COLEGUINHAS NO PALÁCIO
O longa "Colegas", de Marcelo Galvão, ganhou sessão no Palácio dos Bandeirantes, anteontem. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e a primeira-dama, Lu, receberam o elenco formado por Ariel Goldenberg, Breno Viola e Rita Pokk. O ex-prefeito José Serra estava na plateia.

GASPARZINHO
A Banda Mirim, que tem entre seus integrantes Claudia Missura, estreou o musical "O Fantasma do Som". A atriz Ana Sharp levou o filho Joaquim ao CCSP para assistir à peça.

Curto-circuito
A Lew'Lara\TBWA celebra seus 20 anos com festa às 21h, no Leopolldo.

Flavia Liz Di Paolo inaugura em sua casa exposição do italiano Giuseppe Antonello Leone, às 20h.

A grife Bébé Sucré lança coleção de inverno às 14h, nos Jardins.

A Cufa faz encontro nacional de amanhã a domingo, no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena.

A culpa é de quem? - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 07/03

Faltam 19 meses, mas a sucessão presidencial já está na rua. Os tucanos dizem que a campanha foi antecipada pelo governo. Argumentam que o lançamento público da candidatura de Dilma à reeleição pelo ex-presidente Lula deflagrou o processo. Sustentam que isso foi feito para esvaziar o movimento volta Lula dentro do PT. Os petistas afirmam que quem atropelou o calendário foi a oposição. Explicam que os tucanos resolveram colocar a campanha na rua apostando no caos, a partir de um raciocínio, que seria equivocado, de que o país estava na iminência de um apagão energético, de uma explosão inflacionária e de uma pane no PAC.

A fotografia da derrota
Os candidatos ao governo, senador Lindbergh Farias (PT), deputado Anthony Garotinho (PR) e o vice Luiz Fernando Pezão (PMDB), estiveram no gabinete da ministra Ideli Salvatti para impedir a votação do royalties. Não deu certo.

Lula não está só
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também vai sair em caravana pelo país. Diz que vai andar pelo Brasil real para criar um contraponto ao Brasil virtual e da propaganda. A turnê também servirá para ampliar seu conhecimento pelos eleitores.

Trajetória de Pezão na Justiça
O vice Luiz Fernando Pezão criou o site www.quemepezao.com.br , com sua trajetória política, "seus sonhos, suas realizações." O site e as inserções do PMDB que estão indo ao ar na TV, com foco em Pezão, motivaram o deputado Anthony Garotinho (PR) a entrar com ação no TSE por campanha eleitoral antecipada.

Sem chance
A candidatura presidencial do governador Eduardo Campos (PSB-PE) sepultou a possibilidade de o PSDB mineiro apoiar eventual candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), ao governo.

Nas mãos de Carlos Lupi
O ex-marido da presidente Dilma, Carlos Araújo, assinou ficha de refiliação ao PDT, abonada pelo ex-governador Alceu Collares (RS).A volta não é tão simples. Depende de aval do presidente, Carlos Lupi, que não tem prazo para decidir.

Xeque-mate
O PMDB desistiu de tirar o PR da pasta dos Transportes. O líder Anthony Garotinho (RJ), em jantar com o vice Michel Temer, disse que o partido apoia a reeleição da presidente Dilma, mas desde que retome o ministério. O nome do PR é o deputado Luciano Castro (RR), que tem amigos no PMDB, e que aceita na secretaria-executiva o atual ministro, Paulo Passos. Temer informou à presidente.

Hora do recreio
Na reunião da presidente Dilma com governadores, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) fez relato dos repasses de verbas para todos os estados. Quando terminou, o governador Siqueira Campos (TO) ergueu sua placa de identificação e berrou: "E eu? E eu?". A presidente Dilma entrou na onda e perguntou: "E ele, Miriam? E ele, Miriam?". Risos.

Todos os governadores acompanharam a presidente Dilma, ontem no Planalto, quando ela cantou "Parabéns a Você" para o gaúcho Tarso Genro.

Sem trégua - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 07/03

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhará hoje ao Supremo Tribunal Federal documento em que diz ser contrário à liberação dos bens de Duda Mendonça, requerida por seus advogados. Absolvido pela corte no julgamento do mensalão, o marqueteiro está com seu patrimônio -carros, imóveis e dinheiro- bloqueado há sete anos. Ao receber o pedido da defesa de Duda para liberação dos bens, em janeiro, Joaquim Barbosa pediu parecer do Ministério Público.

Tensão No mês passado, o presidente do Supremo Tribunal Federal foi avisado por sua segurança que um carro preto com quatro homens em seu interior havia rondado sua residência em Brasília.

Tô fora Presidente da CUT e crítico do julgamento do mensalão, Vágner Freitas driblou o encontro de dirigentes de centrais sindicais ontem com Joaquim Barbosa durante a Marcha dos Trabalhadores.

Tutu... Dilma Rousseff deve ir à edição mineira da caravana de Lula e do PT. Nascida em Belo Horizonte, a presidente é esperada no seminário de 15 de abril, que tratará de educação.

... à mineira O PSDB fez festa ontem para a divulgação do crescimento do PIB de Minas em 2012, calculado por uma fundação local em 2,3%. Aliados de Aécio Neves enfatizaram a comparação com o resultado nacional, de 0,9%.

Plano Piloto Em Brasília por pouco mais de 24 horas, Eduardo Campos (PSB) teve nove conversas políticas, com expoentes da base e da oposição. Em todas, falou como candidato a presidente e deixou claro que o Senado não está em seus planos para 2014.

Picuinha Para fustigar Gleisi Hoffmann (Casa Civil), a Força Sindical buscará aproximação com Beto Richa (PSDB), potencial adversário da petista na disputa pelo governo paranaense em 2014. O tema será a MP dos Portos e os reflexos em Paranaguá.

Carona Dilma levará Lula em seu avião para Caracas, onde acompanhará hoje o velório de Hugo Chávez.

Entrelinhas Para o Planalto, a presença maciça de líderes sul-americanos demonstra respaldo à transição na Venezuela. A mensagem que os presidentes pretendem transmitir é a de que o continente apoia o novo governo e o processo eleitoral.

Estrada O PR fez chegar ao Planalto que quer de volta o controle de Dnit e Valec para manter Paulo Passos como "indicação técnica" da sigla no Ministério dos Transportes, cobiçado por PMDB e PSD.

Guerra santa O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), avisou o PT que não aceitará veto à escolha de Marco Feliciano (PSC-SP) para a Comissão de Direitos Humanos. Diante da resistência interna, o líder petista José Guimarães (CE) lembra que a sigla abriu mão da comissão.

Treino Em longo discurso a secretários de Saúde de São Paulo, anteontem, o ministro Alexandre Padilha se disse integrante do "time de Lula" e crítico "radical" do reajuste linear da tabela SUS para hospitais filantrópicos, bandeira de Geraldo Alckmin.

Teste Fernando Haddad contratou a Universidade Federal de Juiz de Fora para fazer três simulados na rede municipal de ensino para a Prova Brasil, que ocorre em setembro. A prova é um dos componentes do cálculo do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Descida A Assembleia paulista aprovou ontem a convocação do diretor-superintendente da Ecovias, José Carlos Cassaniga, para explicar o deslizamento de terra na rodovia Imigrantes, que resultou em uma morte.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Será que o Vaticano viverá a dualidade de poder que há no Brasil, onde o ex virou presidente-adjunto e interfere em tudo?"
DO DEPUTADO FEDERAL MARCUS PESTANA (PSDB-MG), comparando a situação da Igreja após a saída de Bento 16 com a relação entre Lula e Dilma Rousseff.

contraponto


Pelé ou Maradona?


Lado a lado no lançamento do projeto da Expo 2020, nesta semana, os prefeitos de São Paulo, Fernando Haddad, e de Buenos Aires, Mauricio Macri, exercitaram, em tom de brincadeira, a rivalidade entre brasileiros e argentinos. Em entrevista antes do evento, Macri disparou:

-A única coisa que pode abalar a relação de nossos países é que a Argentina vai vencer a Copa no Brasil.

Em seu discurso, foi a vez de Haddad provocar:

-O Macri se gabou de ter me feito pagar um jantar para ele. Avisei que vou a Buenos Aires e vou cobrar. Nesse caso, a vingança será um prato que vou comer quente.

O escolhido - SONIA RACY

O ESTADÃO - 07/03

Jorge Gerdau passou boa parte do dia, ontem, debruçado sobre o documento de consenso com propostas de mudanças na MP dos Portos – sem alterar a ideia de maior competência, competitividade e concorrência. Tudo na busca de investimentos. Hoje, entrega a papelada, pessoalmente, a Gleisi Hoffmann.

Mas por que chamar o empresário do aço, coordenador da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade criada por Dilma, para a missão? “Fui eu que, 20 anos atrás, fiz a Lei dos Portos. Passei um ano no Congresso brigando por isso”, explica.

China…
A Anvisa estuda abrir consulta pública para regular o uso da… Medicina Tradicional Chinesa. A ideia é saber que produtos são utilizados pelos adeptos da técnica no Brasil.

…in box
E os fitoterápicos entram em pauta na reunião da diretoria do órgão, hoje. Se a proposta de considerar a “tradicionalidade” para registro dos produtos for aprovada, a matéria será levada à opinião da sociedade.

Dica firme
Aos que se perguntam sobre o pensamento econômico de Eduardo Campos, vai a informação: ele gosta das ideias de Pérsio Arida e Armínio Fraga.

Quatro patas
Clima ruim. Sócios do Jockey se reúnem para exigir transparência do presidente Eduardo da Rocha Azevedo. Particularmente, no processo de escolha da empresa que será parceira na gestão do turfe e do contrato que deu à XYZ o direito de construir anfiteatro para shows no campo de futebol.

As negociações estão sendo mantidas a sete chaves.

Quatro patas 2
Rocha Azevedo foi eleito pelos turfistas contrários a Marcio Toledo com a certeza de gestão clara e compartilhada. Justamente os que cobram hoje.

Do bem
Anna Schvartzman e Ana Feffer se unem em prol das entidades Ciam e Acredite, para ação beneficente – com concerto do pianista Arnaldo Cohen. Dia 21, no Teatro Municipal de SP.

Hermanos
Fábio Porchat e Gregório Duvivier filmarão longa na Argentina. Mote? Brasileiros em busca de porteñas: “Os argentinos é que costumam vir pegar as brasileiras, né? A gente vai mostrar o outro lado”, contou o comediante à coluna.

Dada a largada
Márcio França, presidente do PSB paulista, deve voltar ao governo Alckmin na reforma do secretariado – para reassumir o Turismo. Ele deixou a pasta em 2012, quando seu partido anunciou apoio a Haddad.

O PR quer esperar a dança das cadeiras no governo Dilma para bater o martelo sobre o cargo que ocupará em SP. Já o PSC, que apoiou Chalita em 2012, recebeu garantia de ser alocado em importante órgão do governo.

Largada 2
E Alckmin fará dois grandes eventos na próxima semana. Na segunda, reúne empresários e líderes sindicais no Bandeirantes para lançar o Conselho Paulista de Incentivo à Competitividade.

Na quinta, promove encontro com 645 prefeitos paulistas no Memorial da América Latina. Seu staff preparou cartilhas com dicas e orientações de como administrar uma cidade.

Sinergia
Francisco Costa ataca de performer. O estilista da Calvin Klein apresenta, sexta, o happening Kalos, na piscina do Sesc Belenzinho. A concepção é assinada por Vik Muniz.

Sinergia 2
No mesmo evento, Pedro Lourenço usará tecido “grafitado” por um coletivo e desenhará roupas para o público presente. Os participantes poderão, com auxílio de professores de costura, fazer seus próprios modelitos usando as criações do estilista.

Na frente
Meyer Nigri, da Tecnisa, e Marcos Lopes, da Lopes, lançam hoje o empreendimento imobiliário Jardim das Perdizes.

Edmar Bacha e Monica de Bolle lançam O Futuro da Indústria no Brasil. Dia 14, na Cultura da Paulista. No mesmo dia e local, Raí autografa seu Como Gostar de Esporte.

Ainda no dia 14, Edo Rocha inaugura exposição na Ricardo Camargo Galeria.

Acontece, dia 11, o lançamento da revista Âyné, sobre assuntos do mundo islâmico.

Costanza Pascolato terá um site para chamar de seu. A consultora de moda inaugura, dia 13, plataforma online – desenvolvida pela shop2gether.

Joaquim da Silva Quadros - ROGÉRIO GENTILE

FOLHA DE SP - 07/03

SÃO PAULO - Aplaudido nas ruas por sua atuação no caso do mensalão, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, comporta-se cada vez mais como se fosse uma espécie de Jânio Quadros do Judiciário: temperamental, autoritário e agressivo.

Durante o julgamento, a despeito do mérito das suas posições, foi frequentemente deselegante com seus colegas, interrompendo suas falas, utilizando-se de ironias e sorrisos mal disfarçados para tentar desqualificar seus argumentos ou simplesmente agredindo-os quando nada disso funcionava. Em uma das sessões, em pé, disse ao ministro Lewandowski que ele deveria "votar de maneira sóbria". Em outra, perguntou se o colega "advogava para os réus".

Anteontem, Barbosa se superou. Ao ser abordado por jornalistas, antes que um deles conseguisse completar sua pergunta, respondeu, descontrolado: "Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo, como você faz sempre". Ao entrar no elevador, ainda teve tempo de dizer: "Palhaço".

Os jornalistas pretendiam repercutir com Barbosa nota divulgada por associações de juízes na qual criticavam o ministro por ele ter dito em entrevista que a magistratura tem mentalidade "pró-impunidade". No documento, as entidades disseram que Barbosa "parte do pressuposto de ser o único detentor da verdade".

Jânio, em seu tempo, também abusava da agressividade. Na campanha de 1985 para prefeito de São Paulo, por exemplo, disse que Fernando Henrique Cardoso só faltava recomendar maconha para a merenda escolar. Em outra ocasião, ao reclamar da imprensa, perguntou: "Quando vem um repórter quadrúpede me entrevistar, como quer que eu o trate? Como bípede?".

Ao assumir a presidência do STF, Barbosa fez um importante discurso no qual disse ser preciso reconhecer que existe um grande deficit de Justiça no país. E defendeu um Judiciário sem firulas, floreios ou rapapés. Poderia ter acrescentado, também, sem destemperos e personalismos.

O preço da inclusão - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 07/03

A julgar pelas palavras do vice, Nicolás Maduro, ao anunciar oficialmente a morte do presidente Hugo Chávez, uma das indagações que se faz a respeito do futuro da Venezuela já pode ser respondida: sim, o chavismo vai sobreviver à ausência física daquele que lhe deu o nome.

Não se sabe por quanto tempo, mas a sobrevida por ora é buscada, e em princípio parece garantida, no culto ao líder feito mártir de um câncer cuja existência Maduro atribui aos "inimigos da revolução" - vale dizer qualquer adversário, sempre sob a capitania dos Estados Unidos - a "inoculação" do câncer em Chávez.

Por mais absurda, fruto óbvio da manipulação de sentimentos e necessidades que possa soar a declaração, é evidente o seu objetivo de manter viva a chama da tensão popular como combustível à defesa do regime ameaçado de desintegração com a morte da versão local do guia genial dos povos.

A fórmula é conhecida, aplicada com maior ou menor competência - no caso de Chávez, com extrema: garante-se o pão de cada dia, anima-se o circo e se mantém a massa distraída das mazelas pelas quais mais adiante pagará a conta.

Enquanto estiverem ocupados em cultuar o mito e combater fantasmas ao meio-dia, os venezuelanos compreensível e justamente satisfeitos com as melhorias na educação, alimentação, habitação e efeitos outros dos programas sociais executados nos 14 anos da era Chávez, deixam em segundo plano a inflação alta, o desabastecimentos de energia e alimentos, a violência crescente, os investimentos decrescentes, a explosão dos gastos públicos.

Com a mão esquerda, por assim dizer, Hugo Chávez reduziu significativamente a quantidade de reféns da pobreza extrema, mas com a direita retirou um patrimônio que é direito humano universal.

Ao mesmo tempo em que executou programas sociais eficazes, capturou as instituições da Venezuela e fez delas instrumentos de trabalho de um projeto autoritário.

Dentro da lógica torta de que é necessário aniquilar a democracia para poder proporcionar uma vida melhor a quem precisa.

Chávez mudou a Constituição para adaptá-la à sua conveniência de governar sem prestar contas a ninguém. Alterou a composição da Corte Suprema para ter o Judiciário não como Poder da República, mas como um avalista de seus atos. Mudou normas eleitorais para facilitar a ocupação do Legislativo por seus aliados.

Fechou a maior rede de televisão do país e impôs cerco político e econômico à imprensa independente, enquanto financiava a formação de meios de comunicação a serviço do governo.

Desestruturou a economia, jogou o país nas trevas do atraso institucional, tudo nos últimos 14 anos e até agora ancorado na figura de um populista que deixa herdeiros, deixa um cidadãos presos da sensação de orfandade, mas deixa também uma escolha à Venezuela.

Prosseguir com o chavismo numa trilha de destino desconhecido ou enfrentar o desafio de reconstruir a democracia em seu sentido pleno e reorganizar a economia sem que os mais pobres voltem à situação de exclusão que levou Hugo Chávez ao poder que, de seu ponto de vista, tão bem soube manusear.

Das bermudas. Última forma (até agora) no PMDB: em São Paulo não fará questão de candidato ao governo porque não tem nomes competitivos; em Minas está calado à espera do Ministério dos Transportes, mas espicha o olho para o grupo de Aécio Neves; no Rio fecha com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, mas nem pensa em fazer disso razão para abrir mão do lugar na chapa de Dilma Rousseff em 2014.

O partido trabalha com a ideia de dois palanques -acha que o PT não desiste de Lindberg Farias - e com a hipótese de Pezão assumir o governo mediante licença de Sérgio Cabral para concorrer ao Senado.

Os riscos no dilúvio pós-Chávez - LUIZ FELIPE LAMPREIA

O GLOBO - 07/03
A sucessão de Chávez não obedece à velha regra das monarquias hereditárias: rei morto, rei posto. Nicolás Maduro foi ungido pelo próprio Chávez e será quase certamente eleito no pleito que se realizará em trinta dias. Porém falta-lhe carisma e peso na mente do povo venezuelano. Por isso, mesmo que confortavelmente eleito, ainda terá que construir sua imagem e consolidar seu poder em face de outros importantes personagens do chavismo.

A médio prazo, o perigo para Maduro está em que, se não forem bem dosadas as dificeis medidas econômicas que a economia venezuelana requer, urgentemente, ventos fortes se levantarão contra ele. O pai do povo tudo podia, mas agora ele se foi. Seus sucessores não têm o mesmo poder nem sua intransferível estatura. Maduro poderá protelar estas ações, mas os problemas só podem agravar-se. Poderá radicalizar, como já começou a fazer, falando em complô americano para matar Chávez e aprofundando a marcha para o "socialismo bolivariano", o que quer que isto signifique. De todo modo, ele não tem a voz forte de Chávez, porque isto não se herda. É na inevitável turbulência que seu poder será testado e a janela de oportunidade pode se abrir para seus concorrentes, como Diosdado Cabello, Rafael Ramírez (ministro do Petróleo), Jorge Giordani (ministro das Finanças) ou mesmo Adam Chávez, irmão do falecido.

Enfim, a morte de um presidente autoritário e centralizador como Chavez deixa um grande vácuo e a política não aceita vácuos. Ele passou o seu tempo no poder impedindo o surgimento de rivais e equilibrando as diversas correntes de sua base, mas reservando para si próprio a arbitragem final. Os herdeiros de Chávez calcularam toda a coreografia da sucessão, mas há imponderáveis que não podem ser manipulados e a essência do poder foi-se com Chávez. A coesão do chavismo será agora duramente posta à prova.

Talvez agora eles venham a socorrer-se dos irmãos Castro, malgrado o fracasso patente da medicina cubana. Estes teriam tudo a perder se a Venezuela mudasse de rumo e farão o possível para teleguiar Nicolás Maduro, seu preferido, no sentido revolucionário. Os cubanos já mostraram sua influência e agora vão tentar multiplicá-la.

Em todo caso, pode-se dizer que a sociedade venezuela, em sua maioria, acreditava em Chávez por efeito, em parte, do realismo mágico latino-americano. Acreditará na infalibilidade dos herdeiros? Não é a mesma coisa, diria o Barão de Itararé, impedioso e jocoso analista político de nossa terra. Mas, em conclusão, eu diria que só os videntes talvez pudessem decifrar o futuro do chavismo, e que a história ensina que, depois de reis-sol, como dizia Luiz XIV, resta o dilúvio.

O chavismo sem Chávez - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 07/03

BRASÍLIA - O espectro da perenização do chavismo ronda a Venezuela, mas não tanto a América do Sul.

Golpista em 1992 e vítima de golpe dez anos depois, o tenente-coronel Hugo Chávez tinha duas obsessões: igualdade social e América Latina. Custasse o que custasse.

Em 14 anos de poder, reduziu a miséria do país de 49,4% para 29,5%, segundo a Cepal. E os pobres venezuelanos não ganharam só recursos, mas também autoestima. Isso, ou esse chavismo, não tem retorno.

O apoio popular -potencializado pela morte e aliado à submissão do Executivo, do Legislativo, do Judiciário e dos militares- é mais do que suficiente para eleger o ex-chanceler Nicolás Maduro em 30 dias. Mas dificilmente para eternizá-lo, como eternizou o próprio Chávez.

Maduro terá dificuldade para manter a coesão do poder chavista. Sem a liderança inquestionável do "comandante", as disputas intestinas devem explodir assim que passar o luto. Como ocorreu com o peronismo na Argentina e com o Partido Colorado no Paraguai, os herdeiros do chavismo tendem a se multiplicar -e a guerrear entre si.

Com sobrevida na Venezuela, o chavismo tem menos chances na América do Sul, onde o lulismo prevalece. Chávez e Lula personificam as maiorias de seus países, mas Chávez centralizou, Lula negociou; Chávez estatizou, Lula abriu.

Falta gás (não literalmente) ao Equador, à Bolívia e à curiosa Argentina para conduzir adiante e disseminar o chavismo, ou "socialismo do século 21" ou mesmo a Alba (aliança bolivariana). Especialmente tendo Brasil, Chile, Colômbia, Peru, Paraguai e o peculiar Uruguai aderido ao pragmatismo desenvolvimentista.

A grande vitória de Chávez foi na área social, a derrota foi na economia. A Venezuela cresce, mas com inflação, desabastecimento e violência. E sem eliminar a excessiva -e nociva- dependência do petróleo.

Em tempo: sem Chávez, a região perde metade da graça.

Qual socialismo cabe em Caracas? - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 07/03

Novo presidente está condenado a refazer as pontes com o setor privado, ainda majoritário


O socialismo do século 21 de Hugo Chávez é menos socialista que o do século 20, se por socialismo se entender a estatização dos meios de produção.

É o que mostra o Banco Central da Venezuela: o reinado de Chávez aumentou, sim, a participação do Estado na economia, mas o setor privado ainda responde por 58,2% do Produto Interno Bruto. O Estado avançou de 35%, quando Chávez assumiu, em 1999, para 41,8% em 2012.

A pergunta seguinte é óbvia: se, como parece mais provável hoje, Nicolás Maduro se eleger presidente, haverá mais avanço do Estado ou alguma recuperação do setor privado?

A boa lógica manda cravar a segunda hipótese. Simples de explicar: o vice-presidente é tido como homem de confiança da liderança cubana, uma das razões, talvez a principal, para que tenha sido ungido por Chávez como seu sucessor.

Se Cuba está abrindo espaço para o setor privado, não faria sentido recomendar o contrário a Maduro.

Até porque a liderança cubana tem interesse vital em que a Venezuela dê certo: de 20% a 22% da economia cubana é gerado pela estreita associação com a Venezuela.

E, para a Venezuela dar certo, é indispensável refazer as pontes com o setor privado. Não bastam os programas sociais que fizeram a glória eleitoral de Chávez e serão parte fixa da agenda política venezuelana pelo futuro previsível.

Para manter tais programas, o setor privado terá que ser chamado a cooperar porque o papel do Estado como locomotiva econômica aproxima-se da exaustão.

A ineficiência da economia venezuelana reflete-se em dois fenômenos que minam a popularidade de qualquer governo: inflação exagerada (20,1% em 2012, o mais alto índice da América Latina) e desabastecimento (20,4% dos produtos que os consumidores pedem na rede comercial não estavam disponíveis em janeiro).

Para não falar no deficit público, que, em 2012, situou-se na altura de 11,9% do PIB, patamar insustentável no médio prazo e que, obviamente, dificulta a expansão do gasto público, principal motor do crescimento de 45% que a economia da Venezuela conheceu nos anos Chávez.

Há, portanto, razões de sobra para supor que Maduro, se de fato se eleger, olhará menos para o socialismo cubano do século 20 e mais para o "lulismo", cujo líder "também fez do 'povo' e do alívio da pobreza uma prioridade, e, com melhor gerenciamento e sem a polarização no confronto com o 'império', teve impressionante sucesso", como escreve Jon Lee Anderson para a "New Yorker".

Até porque rótulos como "socialismo do século 21" contam pouco ou nada para as massas, como depõe para "El País" Beatriz Lecumberri, ex-chefe do escritório da agência France Presse em Caracas: "O socialismo e a luta contra o capitalismo não impregnaram um povo consumista, individualista e convencido de que o petróleo resolverá seus problemas".

Ou, como dizia o então líder chinês Deng Xiaoping, "não importa a cor do gato, desde que ele pegue o rato".

Maduro terá, pois, que decidir com que socialismo pegar o rato da prosperidade venezuelana.