sábado, junho 18, 2011

IVAN ANGELO - Discos voadores


Discos voadores
IVAN  ANGELO
REVISTA VEJA - SP






Faz tempo que não se ouve falar de aparecimento de novos discos voadores. Passou a moda? Os ETs não nos querem mais? Enjoaram-se de nós? Cansaram-se da paisagem NatGeo do planeta e foram rodopiar em outras galáxias? Ficaram aborrecidos com alguma coisa? Terão achado que os pintamos feios demais? Ou nós é que simplesmente desistimos deles?

Cresci no auge da boataria. Começou com um piloto norte-americano de caças contando que havia visto nove estranhos discos voadores brilhantes evoluindo perto de um monte, no estado de Washington. Era 24 de junho de 1947, Guerra Fria, e a onda começou: seria coisa dos russos ou de outro planeta. Venceu a hipótese de naves vindas do espaço sideral, bem mais sensacional e perturbadora.

+ Dez brinquedos que marcaram a década de 80
+ Convivências excêntricas: como lidar?

Outras formas de objetos voadores não identificados foram engrossando a onda: pratos, charutos, triângulos, esferas... Dois repórteres da revista O Cruzeiro forjaram fotos de discos voadores: um lançou pratos girando no ar na Barra da Tijuca, o outro fotografou, a revista publicou e o Brasil entrou na rota dos tais discos. Eu lá, menino, no meio da boataria. Antes, não se via. Cronistas de reinos passados, gênios das navegações, Leonardos, historiadores, cientistas, malucosbeleza, folhetinistas, jornais, cronistas dos primeiros 400 anos da imprensa não falam de discos, pratos ou charutos voadores, nem de pessoas que os tivessem avistado. Ninguém foi abduzido de 1950 para trás.

As religiões não nos deixavam sequer pensar em outros mundos, quanto mais em outros seres. Pois, se Deus houvesse criado outros seres em outros mundos, teria contado para os profetas. Portanto, não havia. Minto. O profeta Ezequiel, de 600 anos antes de Cristo, relata que viu grandes rodas luminosas girando no ar, subindo e descendo, e havia seres lá dentro. Melhor pensar que eram anjos. Antes da boataria, só deuses e anjos desciam até a superfície da Terra; e diabos subiam.

Pouco antes dos discos voadores, éramos nós, terráqueos, que nos aventurávamos pelo espaço, nas histórias em quadrinhos e no cinema dos anos de 1930/40: Buck Rogers, Flash Gordon (desenhado pelo grande Alex Raymond), Brick Bradford. Tão cedo quanto 1902, o cineasta francês Georges Meliès deu um tiro de foguete tripulado no olho da Lua. Mais tarde vieram planetas proibidos, guerras nas estrelas, humanos perdidos no espaço. Nós nos enturmamos na galáxia.

+ Confira: todas as crônicas de Walcyr Carrasco publicadas em 2010

Em obras de ficção, sim, havia ETs na Terra. Raros, na verdade. Voltaire criou um no século XVIII, Micromegas, para dar lições de humildade aos homens. Famosos mesmo ficaram os marcianos do escritor inglês H.G. Wells, de 'A Guerra dos Mundos' (1898), que invadem a Terra em busca de sobrevivência, após exaurir seu planeta. Foi adaptada para o rádio (numa versão assustadora feita por Orson Welles) e para o cinema.

Depois que aquele piloto relatou ter visto discos voando sobre o estado de Washington, pessoas começaram a ver ETs pelo planeta. Diz-se que assombração sabe para quem aparece: extraterrestres também sabem.

O cinema se habituou a representá-los como monstros apavorantes interessados em destruir a humanidade. Que eu me lembre, só recebemos um visitante bonzinho, o Klaatu de 'O Dia em que a Terra Parou', e o tratamos mal. Até que Steven Spielberg nos deu o seu frágil ET queridinho.

O Super-Homem, na minha opinião, é o mais queridinho dos ETs. Tão gente boa que nem é visto como extraterrestre, e sim como um de nós. Profissional sério, namorado fiel, bom filho, discreto, bem-arrumado, incorruptível, da paz... — e pronto para resolver qualquer parada duríssima. Quem nos dera se, no próximo dia mundial dos discos voadores, uma revoada deles deixasse por aqui uma brigada desses ETs do bem. Estamos precisados.

FERNANDA TORRES - Combustão



Combustão
FERNANDA TORRES
REVISTA VEJA - RIO


Sou leitora de orelha dos livros de ciência para milhões: física quântica, teoria do caos, do barbante, da relatividade… diz aí. Sou capaz de formular infinitas bobagens com o apanhado de informações truncadas que mal compreendo.

Já li e reli diversas vezes, por exemplo, os fundamentos da termodinâmica — ciência que estuda a relação entre a energia e o movimento —, mas me parece impossível fixá-los a contento.

A segunda lei da termodinâmica trata da reversibilidade dos fenômenos físicos. Suas implicações são amplas, envolvem conceitos tão poéticos quanto o da entropia e o do sentido único do tempo. É possível observá-las no resfriamento de uma xícara de café, no inexorável envelhecimento da carne ou no descontrole de uma crise social.

A insatisfação dos bombeiros cariocas com as suas condições de trabalho e o próprio soldo foi mantida sob a pressão crescente da falta de interlocução com os seus superiores. Dificilmente um sistema se manterá em equilíbrio debaixo de tamanho stress. A tensão explodiu na desastrosa invasão do quartel central da corporação.

Eu me sinto tão ignorante diante da física quanto perante a política de segurança pública. Não sei até que ponto a revolta foi insuflada por interesses eleitoreiros, não sei quanto os bombeiros deixaram de ser ouvidos, provavelmente tudo isso ocorreu simultaneamente.

A insurreição é uma ameaça imperdoável à ordem, quanto mais em uma cidade como o Rio de Janeiro, que enfrenta o drama dos conflitos armados nas ruas. Tal comportamento, vindo de uma das poucas instituições vistas com traços de heroísmo pela população, causa estupefação e abre precedente para que futuras negociações aconteçam na base da paulada.

Imagine um motim dessa natureza em um setor da polícia…

O estado reagiu duramente. Naquela altura, não havia como ser diferente.

O fato levou um pai de família, como o cabo bombeiro Denílson Fábio da Silva Oliveira, de 36 anos, à prisão. Denílson salvou pessoas e resgatou corpos nas tragédias da Região Serrana e do Morro do Bumba. O que levaria alguém como Denílson a se transformar em um dos chamados vândalos da rebelião? Ingenuidade? Camaradagem? Falta de saída? De dinheiro? Perfil violento?

Como é possível pular da posição de mocinho para a de vilão de maneira tão abrupta?

Existe um monstrengo matemático com a esquisita alcunha de Calabi-Yau. Ele me foi apresentado em um livro sobre a teoria das supercordas. Não entendi nem um centésimo do conceito, mas isso não me impediu de me impressionar com o ser errante.

O Calabi-Yau, entre outras aplicações, lida com a irreversibilidade dos fenômenos e dos acontecimentos.

A geometria algébrica o apresenta como um espaço emaranhado que se dobra sobre si mesmo em incontáveis nós. Lembra uma gravura de Escher elevada à enésima potência.

Quando atiçado por alguma variante numérica, o Calabi-Yau se transmuta em outro novelo, e depois em outro, e em outro, outro, outro… até que interrompe a progressão esperada e, como que rasgando o tecido do qual é feito, salta de um estado para outro, inteiramente desconectado de sua origem. Se fizéssemos o caminho contrário ao do experimento, seríamos incapazes de deduzir a sua configuração primeira devido a esses hiatos de comportamento.

Não se adivinharia o vândalo no Denílson das enchentes. Tachá-lo de marginal é apertar o nó até arrebentá-lo. A única saída é a distensão.

A libertação dos amotinados reverteu o quadro de endurecimento para o qual parecía­mos caminhar. Apoiar os bombeiros não implica concordar com atos de vandalismo. É preciso enquadrar o pelotão, mas a sua punição deve levar em conta as possíveis intransigências ocorridas e a dureza do serviço.

É isso, ou assistir a um desdobrar sem fim de Denílsons. Talvez, até, fardados.

Todos nós merecemos uma polícia menos desesperada e uma sociedade menos vulnerável à terrível indiferença das leis da física.

RUTH DE AQUINO - A calcinha da Luluzinha


A calcinha da Luluzinha
RUTH DE AQUINO
REVISTA ÉPOCA



República do salto alto, da saia justa, do gineceu. Bobagem! Homem ou mulher, quem comanda precisa é ser competente e honesto

RUTH DE AQUINO
Época
RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA
raquino@edglobo.com.br
O foco malicioso na calcinha branca de Gleisi foi o clímax de uma semana de besteirol político. O frenesi pró e contra as mulheres no poder empobreceu o debate de ideias do regoverno Dilma. Nunca li tanta bobagem sobre a decisão de um(a) presidente. República da Luluzinha. Do salto alto. Da saia justa. No Planalto do gineceu, agora, só se contrata quem usa saia. Dilma voltou a usar terninho. Gleisi é normalista com nariz arrebitado. Ideli gosta de cantar e ama sargento triatleta 12 anos mais novo. São duras, mas são mães.
Elas gostam de mandar (é mesmo?). São tratores (é ruim?). Briguentas mas doces. E por aí vai. Gastou-se o verbo para analisar algo que não é substantivo. Não tem a menor importância se quem comanda é homem ou mulher. Precisa ser competente e honesto. Duas qualidades raras em Brasília. Qualquer que seja o sexo.
Uma jornalista escreveu que, “como mulher”, se orgulha de ver três mulheres no poder – mas desconfia que não vai dar certo porque nenhuma delas tem experiência. Elas não passam de “umas coadjuvantes”. Normal, não? Nos jornais diários e nas empresas, mulheres costumam ser coadjuvantes.
Os homens fizeram gozações de botequim sobre o triunvirato feminino. E pontificaram: o matriarcado é alto risco. Como se o patriarcado tivesse resolvido nossas mazelas de corrupção e falta de compromisso com o bem público e o futuro do país.
Abomino cotas sexuais ou raciais. Não acredito que Dilma tenha chamado Gleisi e Ideli por serem mulheres. Lula não chamou Zé Dirceu, Gushiken e Palocci por serem homens. Foram atrás de confiança. Torpedeada, Dilma nomeou fiéis escudeiras. Lula também, mas precisou se livrar dos amigões do peito. Dilma, antes mesmo de assumir, abriu mão de Erenice. Todos os companheiros foram derrubados por acusações de desvio de verba pública e abuso de poder.
Não consigo engolir Ideli. Exatamente por representar a política de sempre no Brasil, o fisiologismo que é coisa nossa no Congresso. Não confio em Ideli por ter defendido Renan Calheiros e Sarney. Por prometer cargos e fundos para aplacar a oposição (o PT e o PMDB). O fato de ser vaidosa não influencia em nada meu julgamento. É mau sinal que a própria Ideli, acusada de arrogante, caia na esparrela de prometer “uma operação limpa prateleira, coisa de mulher” e afirmar que nenhuma das três perderá “o lado mãezona”. Vamos trabalhar, minha gente varonil.
Não tem importância se quem comanda é homem ou mulher – precisa é ser competente e honesto
Há uns 15 anos, uma juíza rigorosa e irônica, minha amiga, comentou que só poderíamos comemorar a igualdade entre os sexos “quando as mulheres incompetentes também fossem promovidas, e não apenas as mulheres três vezes mais competentes”. Espero que não seja o caso porque torço pelo Brasil, pelas reformas, pela estabilidade. E acho um nojo essas disputas palacianas que visam apenas ao bem-estar dos políticos. Não passam de chantagens. Ideli já foi avisada. Se os pedidos de grana não forem atendidos, o governo vai sofrer novas derrotas em votações no Congresso. É o bolso, e não a consciência, que está em jogo.
Criticar as três por não serem políticas profissionais demonstra certa condescendência com o estado de coisas. Estamos todos satisfeitos com o exercício convencional da política em Brasília? O toma lá dá cá. As conspirações, os desmandos e as infidelidades partidárias. A República das gravatas listradas ou vermelhas. Dos mocassins. Dos ternos apertados nas barrigas estufadas. Do suor. Dos cabelos precocemente acajus. Das amantes e filhos bastardos. Dos casados com moças que poderiam ser suas netas. Mas, pensando bem, seria ridículo criticar o vice-presidente e os congressistas apenas por serem homens.
Me cansa esse discurso viciado de que a presidente e as ministras, “apesar de mulheres, têm fogo nas ventas”. É clichê demais. Não me orgulho porque temos três mulheres no poder. Minha torcida é pelo Brasil. Nomear uma ministra só por ser mulher é muita tolice. Menosprezá-la só por ser mulher é mais tolice ainda. É fraqueza. Não faz jus a machos e fêmeas minimamente inteligentes.

ANTONIO ARNONI PRADO - Diálogos e atritos em torno do Brasil


Diálogos e atritos em torno do Brasil
ANTONIO ARNONI PRADO
O ESTADÃO - 18/06/11

As relações entre Oliveira Lima, Nabuco e Sérgio Buarque


Quando se iniciou na crítica, ainda adolescente, à frente do Correio do Brasil - revista que fundou em Lisboa com apenas 15 anos de idade -, Oliveira Lima talvez pensasse em fazer dessa modesta incursão editorial uma afirmação acadêmica do aluno aplicado que ele sempre foi. Ou, mesmo, em amenizar a distância da pátria com uma razão de trabalho que o reintegrasse à cultura do país de origem, de que tanto se ressentia.

Como é natural, não escapou - nesses esboços precoces - à indefinição de critérios e ao arroubo dos juízos críticos, que nem sempre correspondiam à verdade dos fatos e dos temas analisados. É um desses arroubos que o aproxima de Joaquim Nabuco no dia 14 de outubro de 1882, quando este último, então correspondente do Jornal do Commercio na Inglaterra, decide enviar ao jovem diretor do Correio uma carta de agradecimento por haver recebido da revista uma singela nota biográfica.

Na carta, depois de agradecer a simpática deferência e em particular o privilégio do retrato que a encimava, Nabuco nos dá bem a medida do que foram aqueles escritos arrebatados do rapazinho Lima em Portugal. Num primeiro momento, por registrar a surpresa de haver sido biografado por um menino ainda em botão, que desabrochava "encantado pelo sol da pátria". E em seguida por tentar desfazer o tom excessivamente idealizado do artigo, fazendo ver ao rapaz que - bem ao contrário do que o seu texto sugeria - nada havia de desterro em sua recente expatriação para Londres. "O meu desterro em Londres não é voluntário" - escreve Nabuco, por certo aludindo ao fato de que, mesmo depois de haver lançado com André Rebouças a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, não conseguira eleger-se para o primeiro distrito da Corte. "Se se pode chamar de desterro, acrescenta, ele me foi imposto por circunstâncias inteiramente alheias à minha vontade", o que nem de longe permitia afirmar, como fazia o Correio, que ele estivesse na Europa representando para a escravidão "o papel de Victor Hugo para o Segundo Império nem o de Luiz Zorilla para com a monarquia dos Bourbons". Muito ao contrário, Nabuco explica, estava ali simplesmente tratando de ganhar a vida como "um emigrado que deixara o Brasil por discordar da escravidão que o infestava".

Mais tarde, já na carreira diplomática como primeiro secretário da Legação Brasileira em Washington, sob as ordens de Salvador de Mendonça, e tendo acabado de publicar, além dos Aspectos da Literatura Colonial Brasileira, uma série de artigos que apareceram na Nouvelle Revue sob o título de Sept Ans de Republique au Brésil, Lima discordará de Nabuco em relação aos acontecimentos que se seguiram à deposição de Pedro II.

É do próprio Nabuco, em carta de 28 de novembro de 1896, a impressão de um Oliveira Lima cheio de esperanças no regime que se instalara no Brasil em novembro de 1889. "Infelizmente - escreve então ao ex-crítico do Correio do Brasil -, o seu espírito sofre do mal oposto ao que me atacou, o seu otimismo é tão doentio como o meu pessimismo, ainda que a sua doença seja mais alegre e divertida do que a minha." É que, naquela altura, a República significava para Nabuco uma espécie de anuência nacional prestes a precipitar o Brasil na irremediável decadência das repúblicas hispano-americanas, coisa contra a qual - a seu ver - só a Monarquia, de que era então um dos paladinos ilustres, poderia evitar.

Ardor ideológico. O reparo de Nabuco vinha também como resposta tardia ao tom restritivo com que, anos antes, Oliveira Lima comentara pelas páginas do Correio do Brasil o livro O Abolicionismo, que o autor de Minha Formação publicara em Londres, em 1883. Naquele texto, apesar de reconhecer em Nabuco o estilo simples e enérgico que o consagrou, Lima considerava que o ardor ideológico o impedia de perceber a verdade, levando-o a alguns exageros incontornáveis, como por exemplo o de afirmar que a Igreja brasileira nada fizera em favor da Abolição e o de dizer que a lei Rio Branco revelara defeitos e pouco espírito humanitário, quando de fato - contra-argumenta - se tratava de um diplomata sincero e verdadeiramente abolicionista, na real significação da palavra.

A verdade é que essa controvérsia isolada entre o então editor do Correio do Brasil e o célebre monarquista exilado na Europa representou, na trajetória de Oliveira Lima, uma espécie de revelação premonitória que a resposta retardada de Nabuco vinha agora confirmar. De um lado, pela transformação das convicções políticas em jogo, que acabarão depois se invertendo: Nabuco passando-se para as hostes republicanas, cujo regime defenderá com brilho na esfera internacional e em particular nos Estados Unidos, onde seria inclusive nosso primeiro embaixador; Oliveira Lima convertendo-se aos quadros da Monarquia, em razão da qual acabaria se indispondo com o governo republicano, que passará por cima de sua inestimável contribuição diplomática e o abandonará à própria sorte, até a decisão de exilar-se nos Estados Unidos, onde passará o resto da vida e acabará sepultado. E, de outro, pelo percurso intelectual voltado para o cosmopolitismo da belle époque (os salões, os espetáculos, as salas de conferência) e o fascínio pela oratória institucional, temperado pela nota inventiva da historiografia de Oliveira Martins, que o estimulava a ver na história dos homens e de sua cultura um exercício de "ressurreição artisticamente construída".

Compreende-se, assim, que, ao imaginar, na base de sua crítica madura, a construção hermenêutica de um panteão nacional inspirado nos modelos consagrados pela tradição lusitana, o método de Oliveira Lima, mais do que descrever, analisar e avaliar a produção dos escritores brasileiros dentro do seu próprio sistema literário, o que fará é convertê-los num segmento secundário do sistema de origem, suprimindo na própria fonte não apenas a autenticidade dos temas e dos processos não codificados, como também a representatividade da comunicação efetiva dos autores com o seu público, para não falar da representatividade da própria língua, cuja expressão e pesquisa quase nunca mereceram dele um registro que se livrasse da mera notação de exotismo ou do excessivo pendor nativista, como o demonstram, por exemplo, as suas análises sobre Gregório de Matos e José de Alencar.

Referências. Isso sem falar que o Machado de Assis, visto por ele, só é grande quando transformado num discípulo dos clássicos da língua - um Vieira, um Almeida Garrett, a quem Machado teria o mérito de nivelar-se pela "simplicidade do estilo" e pela "perspectiva inteiramente nova e original". É justamente essa a referência hermenêutica do panteão concebido por Oliveira Lima, pois é dele que irradiam as virtudes estético-literárias hauridas nos "espíritos superiores da imaginação e do pensamento", tomados como verdadeira tábua de princípios a fundamentar o universo de sua crítica. Além de Machado de Assis, lá estão - alinhados num mesmo patamar - Rui Barbosa, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, Coelho Neto, Salvador de Mendonça - todos eles, para o autor do D. João VI no Brasil, espíritos em que de algum modo reverbera a vocação do primeiro Joaquim Nabuco, cujo "sentimento brasileiro" se destacava por haver sido polido na imaginação europeia.

Um bom modo de avaliar o seu legado é compreender como se amplia a distância entre as tarefas dos "espíritos construtores" - que Oliveira Lima foi buscar em Oliveira Martins para traduzir a grandeza moral dos nossos "homens representativos" (um João Ribeiro, um Euclides da Cunha, um José Veríssimo) - e a ação antipassadista dos modernistas fora da ordem, inspirado na qual um crítico como Sérgio Buarque de Holanda, por exemplo, romperia em 1926 com o tradicionalismo da falsa vanguarda. Se aos primeiros, valorizados na crítica de Oliveira Lima pela aliança entre "grandeza moral e a imaginação cintilante", cabia zelar pela "expansão dinâmica da inteligência brasileira e pela integridade clássica do vernáculo", aos segundos tocava desviar aquele dinamismo para a pesquisa da expressão original da língua rústica e das nossas falas populares em estado puro.

Sabemos hoje até onde a crítica de Sérgio nos levou a duvidar de que mesmo antes da nossa independência política - como queria Oliveira Lima - já dispúnhamos de uma expressão literária nacional, por mais civilizadora que aparentasse ser. Hoje é possível dizer que, à medida que veio ampliando, a partir de Raízes do Brasil, o alcance de suas análises, mais se aprofundaram as convicções com que, na evolução de seu método, Sérgio descartou do nosso horizonte as tarefas "do crítico restaurador" que projetava nos acontecimentos do passado uma espécie de sentimento cultural de nostalgia, interessado em rastrear no tempo a figuração dos mitos da nossa identidade literária. Daí o empenho, na crítica de Sérgio, não apenas pelas assimetrias culturais que se expandiam com o novo século, mas sobretudo pelo espírito de resistência e ruptura frente aos fatores responsáveis pelo atraso que nos submetiam desde a colônia.

ANTONIO ARNONI PRADO, PROFESSOR DE LITERATURA NA UNICAMP, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DE ITINERÁRIO DE UMA FALSA VANGUARDA (EDITORA 34, 2010) E DOIS LETRADOS E O BRASIL NAÇÃO - A CRÍTICA DE OLIVEIRA LIMA E SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA, A SAIR NO SEGUNDO SEMESTRE

JOSÉ ÁLVARO MOISÉS - A serviço de quem?


A serviço de quem?
JOSÉ ÁLVARO MOISÉS
O ESTADÃO - 18/06/11

No segredo dos custos de obras da Copa e da Olimpíada mora o risco de desvio de dinheiro público


As prerrogativas do Estado de Direito autorizam os governos democráticos a impor o sigilo de suas ações à sociedade que representam? Admitindo-se, como quer o governo da presidente Dilma Rousseff, que algum sigilo possa se justificar, quais são seus limites? A segurança do Estado (e das suas autoridades) pode contrariar os direitos fundamentais de informação e de transparência que a democracia assegura aos seus cidadãos? E, em caso de sigilo de matérias que envolvam o uso de recursos públicos, a quem cabem as tarefas de fiscalização e de controle para se evitar os riscos conhecidos de corrupção e fraude?



A controvérsia não é nova, já tinha aparecido nas tentativas do ex-presidente Lula de limitar as competências do Tribunal de Contas da União na avaliação e julgamento das ações do governo federal. Ela reapareceu agora com mais força diante do reconhecimento do governo Dilma de que está atrasado no que se refere às obras e serviços da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Para enfrentar o que os críticos consideram ser um atestado de sua incompetência, o governo enviou ao Congresso Nacional uma medida provisória que institui regras especiais para a realização de obras e serviços relacionados com os dois eventos internacionais.

Embora não haja notícia de que a MP aprovada pela Câmara tenha sido submetida ao exame de urgência e relevância exigido pela Constituição, o texto flexibiliza as exigências da Lei de Licitações para as obras da Copa e dos Jogos. Tentativas anteriores do governo do PT para mudar a lei esbarraram na resistência da oposição, mas com a esmagadora maioria conquistada em 2010, a situação mudou e a proposta foi aprovada por 272 deputados contra 76. O texto ainda pode ser alterado quando da votação de destaques ou quando for examinado pelo Senado, mas a realidade da coalizão governista majoritária não sugere que isso seja possível.

O novo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) autoriza o governo a manter em segredo os orçamentos de órgãos da União, Estados e municípios para as obras da Copa e da Olimpíada – e aqui está o risco de desvio do dinheiro público. Antes dessa alteração, a lei exigia que a administração pública divulgasse no edital de concorrência sua estimativa de custos da obra ou serviço. O cálculo era feito com base em tabelas oficiais de preços ou em pesquisas de mercado e o valor balizava o julgamento das propostas, mas o governo alegou que a divulgação estimulava a formação de cartéis e a manipulação de preços e o propôs o sigilo para enfrentar o problema, sem examinar alternativas.

O RDC contém outros pontos polêmicos, como a possibilidade de se aumentar o valor de um contrato de obras sem limite em uma mesma licitação. Pela regra atual, esses aditivos estavam limitados a 25% em caso de obras novas e a 50% em caso de reformas. A MP ainda estabeleceu que os orçamentos prévios só serão disponibilizados aos órgãos de controle a critério do governo, e suspendeu a garantia de acesso regular às informações por esses órgãos. Na prática, o governo está autorizado a revelar os valores das obras da Copa e das Olimpíadas apenas após sua conclusão, sem compromisso de manter a sociedade informada a respeito dos seus custos.

A iniciativa levanta várias questões sobre a natureza republicana do sistema político brasileiro. A ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, tentou justificar o sigilo em nome do “interesse do Estado e da sociedade”, mas omitiu o fato de que o Artigo 5º. da Constituição estabelece os direitos dos cidadãos à informação sem margem a dúvida, apenas ressalvando os casos imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado. A questão aqui consiste em saber em que a segurança da sociedade pode estar ameaçada pelas obras previstas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou “absurda, escandalosamente absurda”, a MP aprovada e sinalizou com a possibilidade de a decisão ser barrada pela interposição de uma ação direta de inconstitucionalidade.

O episódio mostra que talvez tenha chegada a hora de o País reexaminar as condições em que está funcionando o presidencialismo de coalizão. A governabilidade é importante, sem duvida, mas não pode operar ao custo da autonomia do Legislativo e dos partidos políticos. Queiram ou não, os líderes democratas terão de enfrentar questões espinhosas se quiserem resolver o dilema. Primeiro, as exigências de governabilidade podem impor limites ao direito da sociedade de saber o que o governo está fazendo em seu nome? Segundo, o Congresso Nacional pode se submeter sempre tão docemente à coalizão majoritária, abrindo mãos de suas funções de fiscalização e de controle do Executivo, sem se dar ao cuidado de examinar os riscos de corrupção e fraude? E, finalmente, diante de sua condição de força minoritária, a oposição pode limitar seu protesto ao âmbito do Congresso?

Para resgatar a política dos desvios a que ela foi submetida nos últimos anos, talvez tenha chegado a hora de os políticos democratas levarem o debate para as ruas, as organizações profissionais e as universidades. A experiência internacional mostra que, quando os problemas chegam ao ponto a que chegaram no Brasil, a pressão da sociedade é uma saída benéfica.

JOSÉ ÁLVARO MOISÉS É PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA DA USP E AUTOR DO E-BOOK O PAPEL DO CONGRESSO NACIONAL NO PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO

BRAZIU: O PUTEIRO

TUTTY VASQUES - Jornalismo de mutirão


Jornalismo de mutirão

TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 18/06/11
O caso do estudante americano residente na Escócia que comoveu as redes sociais na semana passada se fazendo passar por uma jovem blogueira lésbica sequestrada pelo governo na Síria é, enfim, uma novidade na banalidade da falsidade ideológica no mundo virtual.
O blog do cara - como é comum na blogosfera - não pegava carona no nome de alguém famoso para fazer sucesso na rede mundial de computadores. Garota Gay em Damasco foi criado a reboque do web ativismo das revoluções sociais.
Desmascarado no papel da homossexual Amina Abdallah, personagem que inventou para dar visibilidade às minorias no levante contra Bashar al-Assad, o tal Tom MacMaster é um simpatizante dos direitos humanos. Criou a farsa em nome dos fracos e oprimidos.
A rigor, ele não fez mal a ninguém, a não ser ao avanço indiscriminado do chamado "jornalismo-cidadão", que transforma todo internauta em repórter potencial dos fatos tradicionalmente cobertos por profissionais da imprensa.
Que sirva de alerta ao tsunami de colaborações que invade as redações de todo o mundo. Jornalismo não é mutirão da notícia. Não dê ouvidos a qualquer um!
Negócio da China
A TV Record vai pagar à Band cerca de R$ 20 milhões pelo passe do Datena. É mais ou menos o mesmo que o São Paulo gastou para ter Luís Fabiano de volta. Com a vantagem de que o apresentador não se machuca com tanta frequência.
Jargão do ramo
"COMO PODE UM PEIXE VIVO VIVER FORA DA ÁGUA FRIA!"
Luiz Sérgio, ministro da Pesca, no banho.
Geografia esportiva
A Copa do Mundo de 2014 começou nesta semana com Belize 5 x 2 Montserrat, pelo grupo das eliminatórias que tem ainda a participação das seleções de Turcos e Caicos, Anguilla e Santa Lúcia. Isso quer dizer o seguinte: sem um atlas à mão, fica muito difícil acompanhar essa fase da competição.
Mal comparando
Fidel Castro vai sentir saudades desses dias de convalescença de Hugo Chávez em Cuba! Há tempos o comandante não convivia com alguém com mais problemas de saúde que ele.
Dor de cabeça
A Anvisa liberou o uso de botox para tratamento de enxaqueca. Pode ser a desculpa que faltava para muita gente que tem vergonha de recorrer à toxina botulínica para se livrar das rugas de expressão! Já que está com a mão na massa, né?
Gato escaldado
Ainda traumatizado com a reação da sociedade carioca à sua sugestão de participação de PMs homoafetivos na Parada Gay do Rio, o governador Sérgio Cabral não vai estimular a adesão de policiais maconheiros à marcha da maconha. E não se fala mais nisso, ok?
Você sabia?
Ainda que uma coisa não tenha nada a ver com a outra, há 65 anos nasciam o biquíni e a Maria Bethânia. 

JOSÉ SIMÃO - Marcha da Maconha! EU FUI?


Marcha da Maconha! EU FUI?
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/06/11 

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E a Grécia? Sabe por que a Grécia quebrou? De tanto quebrarem pratos! E sabe por que eles não se entendem? Porque só falam grego.
E manchete do "Piauí Herald": "Eike Batista compra a Grécia". E muda o nome do filho de Thor pra Zeus!
E o site Futurinhas tá vendendo uma camiseta de futebol: "Virgindade não é pênalti! Pode perder!". Rarará!
Vulcão e Marcha da Maconha. A Semana da Fumaça! E o Eramos6: "STF agora analisa liberação da Marcha do Luan Santana". Decisão: "Se não fizerem apologia dos CDs e nem cantarem as músicas dele na Marcha, a gente libera". E a camiseta: "Marcha da Maconha! EU FUI?". E eu tenho um amigo careca que fumou maconha e nasceu uma peruca rasta! Rarará!
A Marcha das Marchas: Marcha pra Jesus, Marcha das Vadias, Marcha da Maconha. E Rubinho também vai criar uma Marcha: a Marcha Lenta.
E a única Marcha que eu detesto é aquele filme "A Marcha dos Pinguins". Só andam e são monogâmicos. Se monogamia fosse natural não ia ter tanto motel no Brasil. E uma amiga minha é monogâmica preguiçosa: tem preguiça de pegar o segundo. Rarará!
E o Edmundo? Foi prisão de ventre. Teve um HABEAS MIOJO: habeas corpus instantâneo. Mas eu não gosto de ver ninguém sendo preso. Nem quando merece. Me sinto mal. Mas, se ele continuasse preso, o Animal ia virar vegetal. Rarará!
E o Neymar tem novo apelido: Neymar Cai Cai! E um leitor me mandou uma foto do verdadeiro Neymar. Não é mascarado nem usa moicano. É um senhor simpático e careca chamado dr. NEIMAR DOS SANTOS! Rarará!
E o Periquitério da Dilma? Homem no governo Dilma é cota. Um dos homens elas mandaram pescar. Virou ministro da Pesca. E o chargista Frank apelidou a Dilma, Gleisi e Ideli de AS PANTERAS! A nova versão das Panteras. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E mais uma série Os Predestinados! Direto do Rio, um fiscal de rendas chamado Bernardo Bemfeito. Rarará! Caiu na malha fina? Bem-feito!
E, direto do interior de Minas, um dentista chamado Ricardo Tortura. Mas não rola nem uma anestesia? Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.

ANCELMO GÓIS - Isto é João


Isto é João
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 18/06/11

João Gilberto, 80 anos, ficou duas horas, na madrugada de ontem, cantando “Parabéns pra você” para Sérgio Ricardo, que fazia 79.
Os dois artistas se conheceram nos anos 1950, apresentados por outro João (Donato).

Não se entendem
Ontem, como se sabe, pela segunda vez, o Conselho da Petrobras, sob o comando de Guido Mantega, rejeitou o Plano de Negócios da estatal para o período de 2011 a 2015. Definitivamente, as relações do ministro da Fazenda com o presidente da Petrobras, Sérgio
Gabrielli, não são boas.

Americanas.livre
A desembargadora Helda Lima Meireles, da 15a- Câmara Cível do Rio, autorizou as Americanas.com a retomarem as vendas pela internet. A Justiça tinha suspendido as vendas no Rio até que as entregas atrasadas fossem feitas.

Fora de combate
José Luiz Runco, o ortopedista da seleção e do Flamengo, que já operou joelhos de craques como Kaká, virou paciente ontem. Teve de se submeter a uma operação no... joelho, no Hospital Pasteur, no Rio, com lesão no menisco esquerdo. O cirurgião foi o colega Diolino Siqueira Jr.

Cheio de amigos
Acredite. Quinta, segundo dia de sua passagem pelo Rio, o traficante Lambari, transferido de Catanduvas, PR, para Bangu 1, recebeu... 37 pedidos de visita! Mas, como se sabe, a Justiça o mandou de volta ao Paraná, e os “amigos” continuarão saudosos.

FH não esta só
Ontem, no jornalão americano “New York Times”, outro ex-presidente, além de FH, defendeu um novo tratamento para a questão da maconha. Foi Jimmy Carter, que também falou para o filme brasileiro “Quebrando o tabu”.

O sigilo eterno
Em relação à posição do governo de manter em sigilo eterno documentos públicos, a socióloga Celina Vargas do Amaral Peixoto, que dirigiu o Arquivo Nacional de 1980 à 1990, lembra que, já em sua época, de transição política, era difícil explicar lá fora a razão de o país não abrir a sua história, como fazem as principais democracias:
— Fico revoltada ao ver que, no século XXI, o Brasil democrático esteja retrocedendo e mantenha o sigilo de documentos públicos para a sociedade.

Para ela...
O acesso livre a documentos públicos é um dos pontos mais importantes para se garantir, manter e sustentar uma democracia, diz Celina.

No mais...

Eu apoio.

Dia extra
Katy Perry, a cantora pop americana, será a segunda atração do dia a mais do Rock in Rio (29 de setembro), criado por falta de ingressos. A primeira, como se sabe, é Stevie Wonder.

‘Down no society’
Dias atrás, num condomínio de luxo da Barra, um oficial de Justiça fazia busca e apreensão do BMW de um oficial das Forças Armadas quando o militar inadimplente, enfezado, engatou a ré no carro para dificultar. Não deu certo. O carro foi penhorado.

Caso Joanna
O juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, do TJ do Rio, decidiu que a médica Sarita Fernandes Pereira e o estudante Alex Sandro, envolvidos na morte da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, de 5 anos, vão a juri popular.

Revolução dos bichos

Protetores de animais do Rio preparam um ato em frente à prefeitura, segunda, ao gatos no Campo de Santana. Dizem que, dia 14, um filhote foi decapitado, e um outro, meu Deus, violentado com um pedaço de madeira.

Bebel e os gays
Bebel Gilberto será a estrela da festa do I Prêmio Rio Sem Preconceito, dia 28, no Teatro Oi Casa Grande. A cantora vem de Nova
York, onde vive, só para fazer o show do evento realizado pela Coordenadoria da Diversidade Sexual, da prefeitura carioca.

GOSTOSA

ILIMAR FRANCO - O PMDB do contra


O PMDB do contra
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 18/06/11

Primeiro, o partido desagradou ao governo na Câmara, na votação do Código Florestal. Agora, um grupo de 30 deputados do PMDB ameaça se unir à oposição para tentar derrubar o sigilo dos orçamentos das obras da Copa e das Olimpíadas, na medida provisória que flexibilizou as regras para as licitações nos eventos esportivos. Esses 30 deputados são novos na bancada e já comunicaram sua disposição ao líder Henrique Alves (RN).

Porta de saída
Em rota de colisão com o presidente do PV, José Luiz Penna, e sem tempo hábil para fundar um novo partido até as eleições municipais do ano que vem, Marina Silva articula um movimento suprapartidário que se chamaria Verdes e Cidadania. O grupo reuniria cerca de 30 deputados federais e serviria para mobilizar a militância até que a nova sigla fosse viabilizada. Penna estica a corda para forçar a saída de
Marina e seus aliados do PV. A direção do PV diz que os 20 milhões de votos que Marina obteve nas eleições presidenciais não acrescentaram nada ao partido, já que a bancada na Câmara continuou do mesmo tamanho.

"Esse patrimonialismo documental liderado por Collor, Sarney, Forças Armadas e Itamaraty, mesmo com o recuo da presidente Dilma, não vai passar fácil”
 — Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ)

ARBITRARIEDADE. O governo brasileiro analisa a adoção de mecanismo de reciprocidade em relação a turistas espanhóis caso persistam “humilhações” a brasileiros naquele país, de acordo com o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores). Seriam exigidos documentos como extrato bancário e garantia de hospedagem. Em audiência pública na Câmara, Patriota afirmou que o número de brasileiros barrados na Espanha é elevado, mesmo tendo caído de 250 por mês, em 2007, para 140 hoje.

À queima-roupa
Em Ribeirão Preto, ontem, a prefeita da cidade, Dárcy Veras (DEM), perguntou: “Chalita, por que você foi para o PMDB?” O deputado Gabriel Chalita (SP) respondeu: “Foi o Edinho Silva (presidente do PT paulista) quem mandou!”

Mulheres
A ampliação da representação feminina é o mais novo argumento dos defensores do voto em lista. Na Turquia, graças a campanha de ONGs e à posição que ocupavam nas listas, as deputadas eleitas pularam de 50 para 78.

Em São Paulo, o DEM namora o PMDB
Estão adiantadas as conversas entre o DEM e o PMDB para um projeto comum nas eleições municipais da capital paulista no ano que vem. O entendimento envolve dirigentes regionais e nacionais dos partidos e tem como objetivo fortalecer a candidatura à prefeitura do deputado Gabriel Chalita (PMDBSP). Essa articulação desagrada aos tucanos e aos petistas. E está tirando o sono do prefeito Gilberto Kassab (PSD).

O Código

Os ruralistas fizeram um levantamento no Senado. Se a votação fosse hoje, eles aprovariam o texto da Câmara do Código Florestal.
Eles contam 16 votos no PSDB e no DEM , 11 no PMDB, seis no PT e 16 somando PP, PTB, PDT e PR.

Sem status
O governo Dilma pretende nomear o ex-presidente do BC Henrique Meirelles para a presidência da Autoridade Pública Olímpica. O cargo não terá status de ministério. Ele poderá acumular a presidência com a presença no Conselho da APO.

 BAIXA. Presidente do PSDB do Rio e prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito deixou o partido e vai para o PP.
 AFAGO. Depois de o então ministro Antonio Palocci ameaçar demitir os ministros do PMDB, especialmente o da Agricultura, a presidente Dilma disse ontem que Wagner Rossi foi um “gigante” na elaboração do Plano Safra 2011-2012.
● A PRESIDENTE Dilma sentou-se à mesa ontem, em almoço na casa do ministro Wagner Rossi, em Ribeirão Preto, com os maiores empresários do país dos ramos do açúcar, da laranja, do café e da carne.

CHARLES MADY - Instituto do Coração, que caminho tomar?


Instituto do Coração, que caminho tomar?
CHARLES MADY
O Estado de S.Paulo - 18/06/11

O Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP é um órgão de saúde único no País, pois agrega equipes multiprofissionais de elevado nível acadêmico em atividades assistenciais, didáticas e científicas num mesmo espaço físico, em elevado grau de sintonia. Uma instituição com essas vocações exige recursos humanos e materiais dimensionados com suas responsabilidades sociais. Uma pergunta deve ser feita: esse equilíbrio tem ocorrido?

O Incor nasceu de um projeto dos professores Euryclides de Jesus Zerbini e Luiz Décourt, de quem com orgulho fui aluno e assistente, realizado em conjunto com docentes que os rodeavam. Na ocasião, em razão do gigantismo do projeto, foi chamado por alguns de elefante branco e, de forma pejorativa, de "instituto do pericárdio", pois só teríamos condições de tratar essa membrana que reveste o coração. Para levantar fundos que nos dessem a possibilidade de tratar o coração como um todo se criou, de forma original, a fundação que hoje leva o nome de um dos mestres, com a finalidade de fazer esse assim chamado elefante branco andar.

O sucesso surgiu rapidamente, com índices qualitativos e quantitativos de atendimento muito elevados, além de se tornar um centro de excelência em pesquisa reconhecido internacionalmente. Isso foi possível com a injeção de verba que a fundação gerou, tanto complementando salários de recursos humanos para mantê-los trabalhando em tempo integral, como reaparelhando a infraestrutura do hospital. Passamos a formar, em graduação e pós-graduação, profissionais que fazem parte da elite intelectual deste e de outros países. Produzimos trabalhos científicos que ocupam espaços nobres em congressos e revistas do mundo todo. Portanto, servimos à sociedade e dela recebemos o devido reconhecimento pelos serviços prestados.

Porém em determinado momento problemas muito sérios abalaram a confiança da sociedade. Houve erros, alguns muito graves, e os reconhecemos como consequentes de nossas gestões, muitas vezes com visões pouco claras e anestesiadas pelo sucesso de momento. Entramos num período de enormes dificuldades, que se não tivessem sido administrados devidamente teriam levado o Incor ao sucateamento.

Nossos problemas ainda são grandes, basta observar o que a imprensa tem divulgado. Sabemos, e não temos por que esconder, que nosso arquivo, além de outros setores de nossa burocracia, está precisando de reformas urgentes. Sabemos que algumas de nossas instalações precisam ser redesenhadas para comportar o fluxo cada vez maior de pacientes. Sabemos que atendemos pacientes particulares e de convênios privados e não devemos ser hipócritas nesse assunto, pois é situação presente desde a instalação de nossa fundação. Essa foi e é a forma que tivemos e temos de arrecadar fundos para manter essa instituição, que é patrimônio da Nação, em pé.

Concordo com as críticas de certos órgãos da imprensa, que filosoficamente defendem, como nós defendemos, a tese de que pacientes previdenciários devem ter o melhor possível. Mas o que fazer quando o poder público tem grande dificuldade nesse setor e, apesar dos esforços de recolocar o sistema em bom nível, sabemos que isso só ocorrerá de médio a longo prazo? Então, como manter essa estrutura funcionando, sem prejuízo dos mais necessitados?

Para adquirir uma visão realista do problema basta visitar certos serviços médicos públicos e se terá noção da dificuldade enfrentada por eles. Estivemos em vários, alguns com leitos ociosos, outros transformados em verdadeiros aglomerados de seres humanos, na mais absoluta indignidade, comprovando que os poderes públicos têm um problema de enorme dimensão a ser resolvido para dar à sociedade um atendimento minimamente decente.

Transportando-nos para o complexo HC, o problema que nossos institutos irmãos enfrentam é o mesmo, com críticas exacerbadas da imprensa às determinações da Fundação Faculdade de Medicina, por empregar métodos semelhantes aos nossos. Temos consciência de que fundações podem gerar corrupção, como qualquer órgão que une o público ao privado, podendo tornar-se locais que abram as portas a interesses corporativos que desvirtuam suas reais finalidades. Para combater esse mal devemos nomear conselhos curadores heterogêneos, formados por nomes insuspeitos, independentes, sem traços de fisiologismo ou nepotismo, não relacionados à entidade em questão ou mesmo a outras que tenham interesses semelhantes. É onde o poder público se deve impor.

Sendo redundante, não podemos permitir que esse centro de excelência se sucateie, causando enorme prejuízo à nossa sociedade. Não nos conformamos com isso. Portanto, o que é "menos pior", atender 20% de pacientes privados, que mantêm parte dos pacientes previdenciários, ou atender apenas parte desses 80%, com má qualidade? Essa situação pode ofender muito daquilo em que filosoficamente acreditamos. Estar perante um paciente necessitado e não ter condições de dar o que ele precisa fere o âmago do nosso juramento e, consequentemente, da nossa alma.

Somos membros de um hospital público de excelência. Devemos aceitar a decadência, por fatores ideológicos? Somos absolutamente a favor de que saúde seja um dever do Estado e um bem a que todos deveriam ter acesso. Mas o que fazer? Se estamos cometendo um erro, apontem-nos uma solução em curto espaço de tempo que impeça o sucateamento dessa instituição, que continua sendo um orgulho nacional.

Enquanto não tivermos recursos públicos para manter a excelência e preencher as necessidades sociais, temos de buscar meios para sobreviver. A função desta gestão é recolocar esse patrimônio assistencial, didático, científico, enfim, acadêmico, que é o Incor, de volta nos corações de nossa sociedade.

PROFESSOR ASSOCIADO DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP, É MEMBRO DO CONSELHO DIRETOR DO INCOR

WALTER CENEVIVA - Judiciário: pró e contra


Judiciário: pró e contra
WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/06/11

O desequilíbrio entre os que podem e os que não é um mal; mesmo assim, a defesa é um direito do brasileiro


A COBERTURA do Poder Judiciário nos meios de comunicação, em comparação com a dos outros dois Poderes, tem poucos assuntos capazes de gerar discussão animada. Ela surge quando crimes e escândalos envolvem nomes conhecidos do público. Brilham os heróis do Ministério Público, dos organismos policiais, até juízes com boa acolhida na mídia e criminalistas, todos em palavras acessíveis à maior parte da comunidade.
Acabamos de viver esses momentos no caso que envolveu Cesare Battisti no STF (Supremo Tribunal Federal) e no de Daniel Dantas no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Logo desaparecerão das manchetes.
Antes que isso aconteça, merecem reexame por certos aspectos constitucionais do Poder Judiciário. São horas em que a população, como um todo, chega a ver a magistratura integrada a um poder constitucional com as responsabilidades consequentes, o que é bom.
É bem verdade que, ao libertar Battisti, o STF saiu diminuído, no dizer do ministro Gilmar Mendes, ex-presidente da corte. Criticou a decisão da maioria, ao libertar o terrorista italiano.
A rendição ao caminho aberto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até negar a extradição pedida pela Justiça italiana explica a crítica de Mendes, mas predominou o critério democrático da maioria no STF, enquanto órgão coletivo.
A Constituição diz no artigo 102 que compete ao STF "precipuamente, a guarda da Constituição".
Vale a pena repetir que, no advérbio "precipuamente" e nos substantivos "guarda" e "Constituição", estão contidos os modos de avaliar o dispositivo mencionado.
Precípuo é principal, essencial. Indica a função básica do STF. Por isso mesmo, escrevi na 4ª edição de meu livro "Direito Constitucional Brasileiro" (Ed. Saraiva): "O papel fundamental que a Carta Magna reserva ao Supremo Tribunal Federal é o de ser seu intérprete definitivo". Pois bem: a Constituição inclui, no elenco das responsabilidades do STF, o dever exclusivo de julgar e processar "a extradição solicitada por Estado estrangeiro" (letra "g" do mesmo artigo).
Gilmar Mendes, ao votar contra a maioria, mostrou firmeza ao demonstrar que a razão estava com ele, com o ministro Ricardo Lewandowski e com o presidente da Corte, ministro Antonio Cezar Peluso. Mas maioria é maioria e assim deve ser.
Durante outro processo, da famosa e estranha Operação Satiagraha, julgado pelo STJ , sendo relator o desembargador Adilson Macabu, o delegado Protógenes Queiroz construiu com grande competência seu "cartaz" político. Ele passou a ser presença obrigatória na mídia e, com isso, abandonou o rigor das formas processuais, no levantamento das provas, para terminar gerando a nulidade, afirmada pela maioria do STJ, por placar apertado.
Protógenes não foi exceção. Também é inevitável, embora injusto em toda parte, aqui e no exterior, que os mais afortunados tenham maior possibilidade de sucesso em sua defesa.
O desequilíbrio entre os que podem e os que não podem é um mal. Mesmo assim, o exercício pleno da defesa está no rol dos direitos fundamentais de todo brasileiro.
Na alternativa considerada, os dois julgamentos incluíram prós e contras do Judiciário ao agir como Poder que pode. Isso é bom, seja qual for a opinião do povo sobre o resultado.

ALI MAZLOUM - A ineficácia da prisão no Brasil


A ineficácia da prisão no Brasil
ALI MAZLOUM
O Estado de S.Paulo - 18/06/11

Começam a pulular acerbas críticas à nova sistemática de prisão cautelar (em flagrante e preventiva). A partir do dia 4 de julho, data da entrada em vigor da Lei n.º 12.403/2011, o processo criminal poderá mudar a cara do Judiciário. Avaliações preliminares indicam que cerca de 100 mil presos serão imediatamente postos em liberdade.

Para alguns, a lei tornará inviável a decretação da prisão preventiva, permitindo que autores de delitos graves permaneçam soltos durante o processo. Além disso - o que já não é pouco -, praguejam contra as inovadoras medidas cautelares, que despontam como alternativas ao cárcere antes da condenação definitiva. O Estado - argumentam esses críticos - não terá condições de fiscalizá-las. Enfim, proclama-se a coroação da impunidade no Brasil!

Os dotes da nova lei, porém, não podem ficar obnubilados pelo pessimismo incauto. As mudanças são boas e vêm de encontro ao degradante e crescente "populismo judicial", que fez da fama ou fortuna do acusado requisito de prisão cautelar. É alvissareira a lei. Obrigará o juiz a estudar autos de flagrante e decidir, desde logo, pelo relaxamento da prisão, quando ilegal; pela conversão do flagrante em prisão preventiva, na hipótese de ineficácia da medida cautelar; ou, pela concessão da liberdade provisória, com ou sem fiança.

O conteúdo misto das normas estabelecidas pela lei acarretará a aplicação imediata dos dispositivos de natureza processual, sem prejuízo dos atos anteriores, ao mesmo tempo que retroagirá quanto aos normativos penais benéficos. Portanto, com a vigência das novas regras, juízes e tribunais deverão imediatamente chamar à conclusão todos os feitos envolvendo prisão provisória para a indeclinável confrontação com o nascituro modelo.

Perceba-se a sutileza da mudança: os presos que deixarão imediatamente o cárcere, ao contrário do que pregam os antagonistas da lei, são justamente os que nele não deveriam estar. Rompe-se com o modelo perverso pelo qual novatos aprendem com veteranos do crime.

Por outro lado, a nova sistemática confere ao Estado maior controle sobre o agente. Se entre a liberdade e a prisão nada mais havia, doravante o juiz terá à sua disposição nada menos que nove medidas cautelares de alto impacto pessoal e social. Perceba-se: as medidas cautelares funcionarão como uma espécie de "período de prova preventivo" durante o processo. O descumprimento de obrigações impostas renderá ensejo ao decreto prisional.

A sociedade poderá ficar mais tranquila sabendo que um possível culpado, solto, estará sendo monitorado durante o processo, ao mesmo tempo que um presumido inocente não será levado à prisão injustificadamente. Esse é o paradigma constitucional. Desde 1988, nossa Carta Política impõe ao Estado que ninguém seja levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade (inciso LXVI do artigo 5.º). A prisão é a ultima ratio.

Enfatize-se, por conseguinte, que a lei não acaba com a prisão preventiva, como apregoam os mais afoitos. Será ela de três tipos: inicial, derivada e substitutiva. Inicial quando decretada durante a investigação ou o processo, derivada se resultar da conversão do flagrante e substitutiva em lugar de medidas cautelares descumpridas pelo agente.

Os pressupostos, como antecedente indispensável à aplicação da medida extrema, passam a ser de três ordens cumulativas: prova da existência do crime, indícios sérios de autoria (artigo 312, in fine) e ineficácia - inadequação ou insuficiência - das medidas cautelares (artigo 282, parágrafos 4.º e 6.º, c.c. artigo 312, parágrafo único). Os requisitos da prisão preventiva, como exigência de validade do ato, continuam os mesmos (artigo 312, primeira parte) e são alternativos: garantir a ordem pública ou econômica, assegurar a aplicação da lei penal, ou necessidade da instrução criminal.

Presentes as citadas hipóteses, alguma das seguintes condições haverá de estar presente, alternativamente: prática de crime doloso punido com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos; ou prática de crime doloso punido com pena privativa de liberdade, tendo o agente condenação definitiva anterior por crime doloso; ou para garantir a execução de medida protetiva aplicada em crimes envolvendo violência doméstica e/ou familiar; ou, por último, em face de dúvida séria e fundada sobre a identidade civil do autor do crime, que se recusa a solvê-la.

Em situações excepcionais, a prisão preventiva poderá ser substituída pela prisão domiciliar. E questões humanitárias, que vão muito além do clamor da turba e seus desejos de vingança, justificam esse abrandamento. Será a hipótese do agente maior de 80 anos ou extremamente debilitado por motivo de doença grave. Também a gestante a partir do sétimo mês de gravidez, ou sendo esta de alto risco, poderá ser beneficiada com a medida. Caberá ao juiz deferir a prisão domiciliar diante de prova idônea dos requisitos legais.

A liberdade, com ou sem fiança, repita-se, é a regra. O instituto da fiança ganha status de medida cautelar e prestigia sobremaneira a vítima, que nela poderá buscar a reparação dos danos sofridos. O valor da fiança é expressivo e alcançará, em algumas situações, a considerável cifra de R$ 106 milhões. A prudência, as circunstâncias do fato e as condições do agente nortearão a sua fixação.

A Lei n.º 12.403/2011 constitui, sem dúvida alguma, avanço e importante instrumento de justiça. Caberá ao Poder Judiciário traçar estratégias e aplicá-la com vontade e criatividade, para dela extrair o máximo de efetividade. A nova lei, enfim, poderá mudar a cara e a imagem da Justiça Criminal, que ainda deve à sociedade presença mais marcante com o fito de desestimular a crescente criminalidade e acabar com o sentimento de impunidade que grassa no País.

JUIZ FEDERAL EM SÃO PAULO. É PROFESSOR DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EDITORIAL - O ESTADÃO - Quem pagará esse estádio


Quem pagará esse estádio
EDITORIAL
O ESTADÃO - 18/06/11
O terreno utilizado pelo clube particular é um bem público, pertencente à Prefeitura, foi cedido sob a condição de ali se construir um estádio de futebol e já deveria ter sido devolvido, pois a condição não foi cumprida, mas, assim mesmo, sua proprietária decidiu prorrogar a cessão. Até agora, o clube não comprovou dispor do dinheiro necessário para a obra, mas nem por isso o estádio deixará de ser construído. Dinheiro do contribuinte será utilizado para isso.


A Prefeitura anunciou, além da prorrogação da cessão do terreno, a concessão de benefícios fiscais, que podem chegar a R$ 420 milhões nos próximos dez anos, para a execução da obra. Como já era conhecida a promessa de financiamento do BNDES de cerca de R$ 400 milhões, agora há dinheiro sobrando - não do clube, ressalve-se -, pois já são R$ 820 milhões, bem mais do que os R$ 600 milhões ou R$ 650 milhões que a obra custará, pelas contas dos responsáveis pelo projeto. Tudo isso em benefício de uma entidade privada.


Em resumo, dinheiro público será aplicado numa obra a ser executada em terreno público, mas o resultado não será um patrimônio público, e, sim, um estádio de propriedade privada e de uso privado. Será o novo estádio do Sport Club Corinthians Paulista, no bairro de Itaquera, já chamado de "Itaquerão".


É nesse estádio que deverá ser disputada a partida de abertura da Copa do Mundo de 2014.


Para evitar o risco de fracasso de eventos de grande repercussão, como os que são acompanhados com atenção no exterior, os governantes costumam desengavetar projetos de melhoria dos serviços públicos há muito reclamados.


A construção do estádio e a realização da Copa do Mundo, por exemplo, deverão mudar o bairro de Itaquera, na zona leste da capital. O governo do Estado e a Prefeitura investirão cerca de R$ 480 milhões na região nos próximos três anos, para a criação de um Polo Institucional, que terá fórum, escolas técnicas de nível médio e superior, unidade do Senai, quartel da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, centro de convenções e um parque, além de uma estação rodoviária, o que beneficiará a zona leste, com 4 milhões de pessoas.


No plano federal, os eventos programados para os próximos anos estão obrigando o governo a acelerar os projetos de ampliação, modernização e adequação do sistema aeroportuário.


São obras urgentes, não por causa dos grandes eventos, mas porque os gargalos que afetam gravemente as operações dos principais aeroportos ameaçam gerar novos caos no sistema, como os de há pouco.


No caso do estádio de Itaquera, porém, o que está sendo anunciado é uma farra esportivo- financeira para beneficiar diretamente um clube particular, sendo a conta transferida para o contribuinte. Haverá outros ganhadores, além do próprio clube. A obra ajudará a melhorar a imagem de alguns dirigentes esportivos e será utilizada por muito tempo por políticos para se apresentar perante o eleitorado.


Não há justificação para o emprego de dinheiro público em obras privadas. A esse respeito, até recentemente o prefeito Gilberto Kassab se dizia disposto a "fazer o que estiver a nosso alcance" para que São Paulo tenha partidas da Copa do Mundo, mas sob a condição de que não fosse colocado dinheiro público na construção de estádios.


Por algum motivo, o prefeito - que tem dedicado muito tempo às conversas para a formação de seu novo partido - mudou de ideia. Ele enviou à Câmara Municipal projeto de lei que dá ao Corinthians o direito de abater o Imposto sobre Serviços (ISS) e o IPTU por dez anos, até o total de R$ 420 milhões. Se isso não é uso de dinheiro público para a construção de estádio, não se sabe o que seja.


A população, que carece de melhor atuação do setor público em áreas essenciais como infraestrutura urbana, sistemas viário e de transporte de massa, saúde, educação e outras, tem o direito de perguntar se não havia melhor aplicação para os escassos recursos da Prefeitura.

EDITORIAL O GLOBO - Evitar derrota na Copa e Olimpíadas


Evitar derrota na Copa e Olimpíadas
EDITORIAL
O GLOBO - 18/06/11

O Brasil pode ter começado a perder a Copa de 2014 e a ser derrotado nas Olimpíadas de 2016 na quarta-feira, com a aprovação da medida provisória do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), instituído para evitar que o cipoal burocrático da lei de licitações impeça a execução a tempo das obras necessárias aos dois eventos.

Não seria uma derrota esportiva, mas ética, e contra os interesses dos contribuintes. Na verdade, o risco do fracasso vem sendo construído há mais tempo, desde que, escolhido o país (Copa) e o Rio (Olimpíadas) para sede das competições, em 2009, nada foi feito para se modernizar as normas intrincadas das licitações públicas. A lerdeza do poder público parece de encomenda, com o objetivo de criar um fato consumado: diante do estreitamento dos prazos, nada a fazer a não ser "flexibilizar" as regras, para não haver o risco do supremo vexame da suspensão das competições, ou de uma delas, com sérios danos à imagem do país.

Não causam surpresas prerrogativas tributárias e de outra ordem que as confederações internacionais (Fifa e COI) conseguem dos países sócios na organização das competições. É de praxe. O problema está no que foi aprovado sob pretexto de dar velocidade à aprovação dos projetos de investimento - de fato necessário.

Chama a atenção que possa ser possível escolher vencedores das licitações sem a apresentação dos projetos básicos dos empreendimentos. Ora, dessa forma é impossível estimar custos efetivos, definidos apenas à medida que a empreitada for sendo executada, e sem qualquer limite para aditivos aos contratos. Os limites existem na lei de licitações. Sem ela, campo aberto para multiplicar o preço das obras.

Pode ser que a necessidade de se ganhar tempo imponha aos cofres públicos - leia-se, aos contribuintes - o risco de arcar com superfaturamentos. Mas é preciso cuidado com brechas que possam jogar valores para as nuvens. Assim como não há justificativa plausível para os orçamentos serem sigilosos, como se interpretou inicialmente.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff tachou de "má interpretação" as críticas ao RDC neste aspecto. A Presidência divulgou nota em defesa do "sigilo de preços", inspirado "nas melhores práticas" de outros países, a fim de evitar a formação de cartéis. Foi explicado que será mantido em sigilo o preço de referência da obra a ser licitada, para não facilitar a cartelização. Declarado o vencedor, os valores serão divulgados e, garante-se, haverá fiscalização e transparência. Que assim seja.

Pelo menos um contrabando foi colocado na medida provisória, de autoria do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), para estender a todos os aeroportos num raio de 350 quilômetros de cada cidade-sede da Copa as facilidades na execução de obras nos terminais de fato utilizados durante o torneio.

Este é bem o espírito da farra com dinheiro do contribuinte em fase de organização no Congresso. Ainda há emendas à MP a serem votadas na Câmara. Depois, o assunto irá ao Senado.

O RDC não pode avançar no Congresso sem uma discussão mais aprofundada, até para a melhor compreensão das mudanças, a tempo de se corrigirem as imperfeições.

JORGE BASTOS MORENO - Prêt-à-porter


Prêt-à-porter
JORGE BASTOS MORENO
O GLOBO - 18/06/11
 
A Dilma, depois da crise, tem dado preferência ao uso de saias e vestidos. E com cores vivas. Tudo isso para, como diria Ancelmo, ...não sei!

É só o começo
Em menos de uma semana no cargo, a minha amiga Ideli Salvatti trouxe à tona a discussão sobre documentos secretos, brigou com os governadores do Nordeste e se indispôs com as lideranças do governo no Congresso. Calma, Ideli. No início é assim. Depois, piora.

Rômulo e Remo 
Parece que toda a confusão sobre documentos secretos deve-se à Guerra do Paraguai. Parece que o Acre não é mesmo nosso. E o problema seria o que fazer com os irmãos Viana. Um, o Jorge, é filho de Lula, criado por FH. Já o Tião é filho de FH, criado por Lula.

Dente quebrado
Michelzinho, que estava brincando no parquinho do Jaburu, na terça, é trazido pela babá com o rosto todo ensanguentado para dentro do Palácio. Mamãe Marcela liga para a Vice-Presidência, e o pai chega esbaforido, já para levar o menino ao hospital. Temer já está com a pulga atrás da orelha, já que acabou de ouvir da Dilma, durante um despacho, que Gabrielzinho está de castigo, por causa de peraltices. Por pouco a República não desaba, não fosse o imediato diagnóstico médico: Michelzinho se machucou sozinho, vítima de um tombo.

Guerra dos Meninos
Não, na política ninguém está podendo se descuidar. Dia desses, não fosse o ministro do STF Marco Aurélio, Chalita teria se envolvido em luta corporal com o prefeito Kassab, numa palestra sobre bullying. A briga nada tinha a ver com o tema.

Dilma e Ellen, a harmonia entre os poderes

Por pouco, mas por muito pouco mesmo, o ti-ti-ti entre duas amigas não compromete o protocolo do cerimonioso jantar da presidente da República com os ministros do STF. Afastadas pelos afazeres domésticos e profissionais, Dilma Rousseff e Ellen Gracie se reencontraram no jantar e aproveitaram para colocar a conversa em dia. Dia seguinte, os jornais destacaram o tête-à-tête entre a presidente da República e a ex-presidente do STF, e até especularam que as duas discutiram a aposentadoria de Ellen. Realmente, as duas exageraram e não pararam de conversar nem na hora dos discursos. A coluna apurou e descobriu os nobres motivos que levaram
duas autoridades muito ciosas da liturgia do poder a se comportarem daquela forma não muito convencional. Avós de Gabriel e Helena, nascidos praticamente na mesma data, vovó Dilma e vovó Ellen trocavam informações sobre como cuidar dos netos.
— Gabriel já te reconhece na TV?
— Dá pulinhos quando vovó aparece!
— E a Helena, mama quantas vezes por dia?
— Você sabe, menino mama mais que menina!
— Vamos acabar logo com este jantar? Quero ver Gabriel.

Na sopa da Dilma
O Palácio do Planalto, essa figura abstrata que esconde os offs do seu inquilino, já detectou que o governador Eduardo Campos não foi apenas picado pela mosca azul da Presidência da República, mas totalmente contaminado pela doença. Seu dengo hemorrágico com a Ideli, dizendo não precisar dela para falar com a Dilma, foi visto como sintoma de que essa alma quer se desencarnar do governo.

Meia verdade inteira
Sobre a nota de Zé Dirceu dizendo que Caetano Veloso, por não gostar dele, vira a cara quando o vê, o cantor de “Podres poderes”, às voltas com a produção do CD da Gal, aproveita o intervalo das gravações para esclarecer: — Só a primeira parte é verdadeira. Realmente, não gosto dele nem da postura assumida quando a Dilma foi eleita, dizendo que, agora, sim, o PT tinha chegado ao poder. Não gostei!

Festa
A coluna dá a palavra a este incansável brasileiro Carlos Tufvesson: “O teatro Oi Casa Grande, palco de manifestações históricas, voltará a ser cenário de um grande momento que representa a liberdade de expressão. Dia 28 de junho, será entregue o 1o- Prêmio Rio Sem Preconceito, oferecido pela Prefeitura do Rio. Quanto aos premiados, guardados a sete chaves nos cofres da Coordenadoria
Especial da Diversidade Sexual.” Eu não sou aquele deputado que vive enfurnado nos cofres públicos, mas também tenho meu pé de cabra: um dos agraciados é ministro plus do STF.

Dia de Chico
● Hoje é 80 de FH e dia também de Sérgio Ricardo (1932) , Paul Mc Cartney (1942) e Maria Bethânia (1946). E amanhã, domingo, é dia de descanso, de não fazer nada. É dia de Chico (1944).

BRAZIU: O PUTEIRO

ANNA RAMALHO - Volta ao batente


Volta ao batente
ANNA RAMALHO
JORNAL DO BRASIL - 18/06/11

Finalmente, o ex-ministro Antonio Palocci vai ocupar aquele conjunto milionário de escritórios que comprou nos Jardins, em São Paulo: ali funcionará sua empresa Projeto, que tanta dor de cabeça (e grana) lhe deu.

Daqui a alguns dias, passado o período de luto, ele volta ao ramo das consultorias.

E...
Não precisa temer pela falta de clientela. O povo do PT nunca deixa um companheiro na mão.

No embalo de São João

As amigas Raquel Gusmão, Roberta Niemeyer e Nina Kauffmann se divertem durante a abertura do Roça in Rio, nesta quinta-feira, no Jockey Club, que, além de muita animação, comidas típicas e brincadeiras, contou com show da banda Exalta Rei!, conhecida por tocar apenas sucessos de Roberto Carlos, que prometeu aparecer, mas ficou só na promessa mesmo. O evento é beneficente e tem toda a renda arrecadada destinada para o Banco da Providência.

Vai dar bolo

Não será desta vez que o Rei Roberto Carlos vem dar pinta no Arraial do Jockey. Gisella Amaral convidou, estava esperançosa, mas pode tirar o cavalinho da chuva: Sua Majestade já está no Rio, trancado no estúdio da Urca.

Espaço revitalizado

O Espaço Tom Jobim, que reabriu ontem com a exposição do acervo de Chico Buarque, ganhará mais um: o de Gilberto Gil, que já está sendo todo digitalizado.

Outra novidade


Em julho, o Espaço ganha o restaurante Sete no Tom, onde funcionava a antiga cafeteria. Especializado em comidinhas brasileiras, o local ganhou um simpático alpendre que avança pelo pátio em frente ao teatro.

Marcha lenta

Depois dos bombeiros, os PMs. Os policiais militares anunciam uma operação tartaruga para o dia 5 de julho. Querem pressionar a Câmara dos Deputados a votar piso salarial de R$ 3 mil.

Os meliantes já fazem a festa. E o povo que se dane.

Chamou a atenção

Os principais nomes da arquitetura e decoração do Rio se encontraram na abertura da Decora Lider, quinta, na Lider Interiores, no CasaShoppings. A Itália é o tema do evento deste ano, que reunirá 29 profissionais que transformaram os 1 mil m² da loja em 23 ambientes facinantes. Mas o que chamou mesmo a atenção foram os vestidos de Napoleão Lacerda. Era impossível não notar as peças do designer, que recheavam os armários do quarto A Escolha de Sophia, criado por Junior Grego e Ronald Goulart, inspirados em Sophia Loren. O espaço, aliás, foi um dos mais comentados da mostra que reuniu 500 convidados.

No colinho da mamãe
Aniversariante de hoje, Maria Bethânia – que acaba de chegar de retumbante turnê pela Europa – passa a data em Santo Amaro da Purificação, ao lado de Dona Canô. Nossa diva se prepara para o megatour que fará no segundo semestre pelos Estados Unidos, conforme já contamos aqui.

Para compensar

O vereador Paulo Messina (PV), presidente da Comissão dos Megaeventos na Orla, sugeriu que seja criada uma taxa compensatória como medida mitigatória dos impactos ambientais. A comissão também vai estudar a possibilidade de se estabelecer um calendário oficial de eventos. Semana que vem, os vereadores preparam uma agenda de atividades, entre as quais, estão previstas reuniões com as diversas associações de moradores que reclamam dos excessos que ocorrem nesses eventos.

Crise
Comenta-se no meio jurídico que o ex-jogador Edmundo pode ficar brevemente sem apoio de um bom advogado, porque, embora continue morando num condomínio de luxo, passa por dificuldades financeiras.
Valéria Valenssa e Hans Donner - Foto Geraldo ValadaresValéria Valenssa e Hans Donner - Foto Geraldo Valadares

Da Globeleza aos móveis


O criativo e versátil Hans Donner, que posa com sua mulher, Valéria Valenssa, surpreendeu mais uma vez. Lançou uma linha de móveis, que era só elogios por parte dos que prestigiaram o coquetel de lançamento, nesta quinta-feira, 16, na loja Domme, do Casa Shopping. Na ocasião foram lançadas também as louças da grife Missioni, da Itália. A organização do evento foi assinada por Patrícia Hall.

No estaleiro

Ricardo Boechat foi obrigado a cancelar sua participação no VII Conbrascom – que este ano terá como tema principal Direitos fundamentais da comunicação. A cerimônia reúne segunda-feira, no auditório do Ministério Público, no Rio, os principais nomes da Justiça e da comunicação do país. Boechat se recupera, em casa, de mal súbito que o levou ao Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. 

MÔNICA BERGAMO - NA MARCHA DA MODA


NA MARCHA DA MODA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/06/11

Em meio à maratona de moda da SPFW, a modelo Cintia Dicker diz que sofreu "bullying" na infância por ser ruiva. "Me chamavam de tocha e de fósforo." Nesta semana, a revista de moda "Nylon" elegeu seu tom de cabelo o mais desejado do mundo. Também foram aos desfiles os cantores Mallu Magalhães e Carlinhos Brown, a atriz Giselle Itié e a modelo Gianne Albertoni. O evento acaba hoje.

TIRIRICA NA ESCOLA

Depois de quase ter sido impedido de assumir o mandato por dúvidas sobre sua alfabetização, o deputado Tiririca (PR-SP) deve estrelar campanha contra a evasão escolar nas inserções reservadas a seu partido, o PR (Partido da República). Em um dos comerciais, ele se dirigirá às crianças: "Menino, educação é coisa muito séria. Quem não estuda não aprende".

NA LATA
E, acusado de empregar amigos em seu gabinete na Câmara dos Deputados, Tiririca falará também sobre o nepotismo. Ele aparecerá com o casal vestido de palhaço que, na campanha eleitoral, apresentava como seus pais. Dirá que já sabe o que faz um parlamentar: "Não pode contratar parente. Por isso, painho continua catando lata e mainha continua costurando pra fora".

ANDANDO

O superintendente do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), Gilberto Campos, visitou ontem o Itaquerão. Disse que, do ponto de vista técnico, há tempo de o estádio ficar pronto para a Copa 2014. "O que precisam resolver é a questão dos custos." O conselho começou a recolher o registro de profissionais envolvidos no empreendimento para fiscalização.

RAIOS EM LONDRES

Depois de ter "abandonado" seu site desde que não se reelegeu deputado, o ex-tucano Walter Feldman, que está em Londres acompanhando os preparativos da Olimpíada para a Prefeitura de SP, vai reativar a página amanhã. Promete falar sobre sua saída do PSDB e "o que raios ando fazendo aqui em Londres?". O primeiro texto narra uma visita à Vila Olímpica britânica.

ORDEM NA CASA
O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura) está elaborando emendas para a medida provisória aprovada pela Câmara que muda as regras das obras da Copa. Seu presidente, Marcos Túlio de Melo, entregará aos senadores propostas que alteram três pontos da MP: a contratação simultânea da empresa que elabora o projeto e de outra que o executa, o pregão eletrônico e o que prevê sigilo sobre orçamento.

LIXEIRA

A Prefeitura de SP criou slogans para incentivar os participantes da Parada Gay, no domingo, 26, a deixar as ruas limpas. "Homofobia e lixo, só no lixo" e "Vamos mostrar que essa parada é limpa", dizem as frases de cartazes que serão colados em lixeiras extras instaladas nas avenidas Paulista e Consolação. Na Virada Cultural, iniciativa semelhante recolheu dez toneladas de lixo nos pontos de coleta.

RIMA PARA DILMA
O ator Juca Chaves enviou uma poesia à presidente Dilma Rousseff pedindo audiência. Ele quer promover o programa de "adoção sem preconceito", que estimula pais a escolherem crianças negras. "Bom dia amiga Dilma, minha Presidente!/ Que é gente como a gente numa só mulher/ Encontrá-la preciso o mais urgente/ Quando me der alguns minutos. E eu irei voando...".

CURTO-CIRCUITO

A galeria Transversal abre exposição coletiva hoje a partir das 11h.

André Tarantino faz arraial para comemorar seu aniversário na fazenda Base 84 hoje às 14h.

O evento de moda infantil Ópera Fashion Kids acontece hoje no Expo Barra Funda, a partir das 11h.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI