sexta-feira, dezembro 06, 2013

O apelo à bola gelada - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 06/12

RIO DE JANEIRO - Habituada a meter a mão em cumbucas, a Fifa pode se ver em apuros hoje no sorteio dos grupos do Mundial de 2014, e por sua própria culpa. Seus especialistas inventaram um confuso sistema de potes, cada qual contendo os nomes de determinados países. Esses nomes serão tirados dos potes, transferidos e retransferidos para outros potes e estes, combinados e recombinados em potes outros e vice-versa, até formar os potes definitivos.

Simples? A TV transmitirá, mas temo que o telespectador tenha de fazer um pós em teoria das probabilidades no Massachussets Institute of Technology para entender a mecânica do sorteio. Tudo porque, para espanto delas próprias, a Fifa escalou Suíça, Bélgica e Colômbia como cabeças de chave, criando a possibilidade de clássicos imperdíveis como Austrália x Equador ou Camarões x Irã.

Ao mesmo tempo, empilhou bambambãs e campeões do mundo como Holanda, Rússia, Itália, Inglaterra e França de forma que, dependendo dos potes, eles irão gerar "grupos da morte" em que se comerão uns aos outros e ainda terão de enfrentar o Brasil ou a Argentina na primeira fase. Donde metade deles poderá pegar o boné mais cedo, deixando a Copa para os perebas.

Para evitar a catástrofe, a Fifa conduzirá o sorteio obrigando a, de saída, um país europeu sair do pote 4, fazer uma escala no pote 2 e migrar sem perda de tempo para o pote X, o qual já abrigará os quatro sul-americanos cabeças de chave --Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia. Isso feito, o pote X deixará de existir e os sul-americanos voltarão instantaneamente para o pote 1. Entendeu?

Eu também não. Só sei que, se a Fifa quiser se safar, deveria apelar para um macete das velhas raposas do nosso futebol: a bola gelada. Antes do sorteio, põem-se para gelar as bolas que precisam ser tiradas e, ao enfiar a mão no pote...

Patrulhas sexuais - NELSON MOTTA

O GLOBO - 06/12

Em alguns estados mais puritanos chegam a expor em outdoors os nomes e fotos imensas de homens, a maioria casados, que foram flagrados com prostitutas


Anova lei é dura e as multas são pesadas. Cerca de 70% da população desaprovam, mas a Assembleia Nacional decidiu que trocar sexo por dinheiro vai ser ilegal na França e o Estado vai punir o que as mulheres e os homens fazem com seu corpo. Como o flagrante tem que ser com o ato consumado, e pago, agora falta uma Polícia Sexual.

As feministas se dividiram entre a liberdade e a dignidade: umas acreditam que as mulheres só se prostituem à força, que são escravas sexuais exploradas e degradadas por traficantes de pessoas, o que é verdade, mas não para todas; outras fazem por livre vontade, porque gostam, e se consideram benfeitoras dos homens, e mulheres, por lhes vender prazer e felicidade, o que também é verdade desde que o mundo é mundo.

Mas não é novidade. Nos Estados Unidos, à exceção do estado de Nevada, onde fica Las Vegas, a prostituição é criminalizada em todo o país, com multas e cadeia para quem compra ou vende sexo. Na repressão, usam até policiais gatonas que se fingem de prostitutas para abordar um cidadão na rua e lhe oferecer um programa, e assim que ele aceita, lhe exibem a carteira da policia e dão voz de prisão. Sim, a cilada moral é vista como uma ação legal pela Justiça, mas o resultado não é o aumento da proteção às mulheres, mas do índice nacional de hipocrisia.

Em alguns estados mais puritanos chegam a expor em outdoors os nomes e fotos imensas de homens, a maioria casados, que foram flagrados com prostitutas. Enquanto isso, milhares de sites oferecem mulheres, homens e transexuais para qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer preço, e profissionais ironizam a concorrência de amadoras, que trocam sexo por viagens, carros e joias ou por casa, comida e cartão de crédito, ou um emprego público. Seja no varejo ou no atacado, julgamentos são inúteis: cada um dá o que tem.

Além das piadas e da inviabilidade de sua aplicação, tornar ilegal a prostituição na França é um atentado contra o imaginário coletivo nacional. O que seria da cultura francesa sem os dramas e comédias, as óperas e os romances, os filmes, peças e quadros que elas inspiraram?

Sacode, Darwin! - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 06/12

A ideia de doenças mentais dependerem só de interação entre predisposição genética e ambiente já era?


Coisa mais fascinante essas pes­quisas de DNA que os caras fazem hoje, e o sequencia­mento de genoma que é desvenda­do a partir de fragmentos de ossos encontrados em sítios arqueológi­cos que eu nunca entendo como são identificados ou escolhidos.

Por que ir procurar um esqueleto de dinossauro justamente naquela dobrinha de cotovelo do morrote do Piauí? Ou, como revelaram nes­ta semana, no caso do grupo do Ins­tituto Max Planck de Antropologia Evolucionista de Munique, na Ale­manha, que se mandou para um lu­garzinho ermo na Espanha, agora conhecido por Sima de Los Huesos, escavou e escavou e desenterrou um hominídeo de 400 mil anos, um tal de Homo heidelbergensis, mais velho ainda do que o Homem de Neandertal, nosso amantíssimo homo sapiens. Como sabia que o fóssil estaria ali e não soterrado sob o McDonalds da Times Square?

Por acaso, Nossa Senhora de Fáti­ma faz aparições com hora marca­da para arqueólogos e diz: "Vá até Neuquén, na Argentina, e cavoque um buraco até que encontre um Argentinosaurus huinculensis, o maior dinossauro herbívoro que já caminhou sobre a terra"? Ou "A­corde amanhã, tome um avião até a Sibéria, procure uma geleira assim e assado e mande ver com uma fu­radeira Black & Decker até topar com a tromba congelada de um ma­mute de 40 mil anos"? Imagino que o anúncio feito nesta semana, de que uma equipe de pesquisadores está destrinchando o DNA de um hominídeo com traços "pré-nean­dertais" deve causar "frisson" em muito evolucionista --sai, Mala­chias! Afinal, isso indica que esta­mos cada dia mais próximos de dar de cara com Elo Perdido em alguma planície do Kansas ou montanha da Floresta Negra ou quebrada do rio Yang-Tse, yes?

A mim, porém, impactou muito mais outra notícia vinda do Institu­to Max Planck nestes dias do que essa sobre os homnídeos de Sima de Los Huesos. A pesquisadora do instituto, Elisabeth Biunder exa­minou o DNA de dois mil afro-ame­ricanos que haviam sido repetida e severamente traumatizados na in­fância por adultos. E constatou que o gene FKBP5 de um terço deles fo­ra danificado, e que elas apresenta­vam alta probabilidade de desen­volver desordem pós-traumática. O FKBP5 vem a ser o gene que re­gula o sistema de estresse do corpo.

"O sangue que corre nas minhas veias é o mesmo que corria nas veias dos meus antepassados há 2.000 anos". Não lembro se li isso em uma folhinha de Seicho-no-iê que ganhei na feira ou se o ensina­mento me foi passado por um mes­tre do budismo. Dá na mesma.

Se aceitarmos como verdadeiras as conclusões da dra. Elisabeth, po­demos usar de criatividade para di­zer que, sim, o mal encarnado de fa­to dá as caras. Que a maldade quan­do praticada em esfera terrena e, ainda por cima, repetidas vezes em crianças, pode trazer consequên­cias mensuráveis em laboratório. E que o resultado palpável da violên­cia, da ignorância, da corrupção, do desamparo e da irresponsabilidade não só fará estragos diretos, como a extensão do dano recairá sobre fu­turas gerações.

As células nervosas de crianças atingidas por violência e traumas sofrem mutações genéticas. Ou se­ja, a idéia de que doenças mentais dependem apenas da interação en­tre predisposição genética e am­biente fica ultrapassada. Os trau­mas sofridos entram na equação.

É Darwin revirando para um lado do túmulo e minha professora de catequismo para o outro.

Em contrapartida, devemos acre­ditar que o bem praticado também deixe sequelas. Puxa, como serão afetados os filhos dos filhos de crianças tratadas a beijos, afagos, muitos mimos, passeios ao museu, à Fnac, ao zoológico, à livraria Cultura, muita risadas e o maldito desgraçado do "Fifa 14"?

O país das torres medonhas - MILTON HATOUM

O Estado de S.Paulo - 06/12

Há pouco tempo, quando passei por Natal, mal pude reconhecer a Baixa Ribeira, que eu havia visitado nos anos 1970. Nas duas últimas décadas, construíram-se torres em volta desse bairro antigo, um dos mais belos de Natal. Isso aconteceu em outras cidades litorâneas: Maceió, Recife, Salvador, Rio, Fortaleza, Vitória... Santos é mais um exemplo de total desfiguração arquitetônica, mas há torres e fortalezas por toda a parte, até em pacatas cidades do interior.

Hoje mesmo, na capital paulista, a paisagem do entorno das casas modernistas projetadas por Gregori Warchavchik está ameaçada pela construção de um edifício-torre.

Há menos de vinte anos, um arquiteto teve a ideia luminosa de construir uma torre de 125 metros perto do Masp. O colosso arquitetônico - uma ideia felizmente abandonada - foi apelidado de "pirocão", mas esse lindo apelido nada tem a ver com a metáfora de um ato inventivo, como sugeriu o poeta Gottfried Benn ao dizer que a "palavra é o falo do espírito". O "pirocão" apenas traduz o péssimo gosto verbal (e gestual) de certos arquitetos megalômanos.

Na verdade, sentimos horror à memória urbana. Casas e edifícios históricos de municípios e capitais brasileiros foram e estão sendo desfigurados ou destruídos; somos impotentes diante da avidez de algumas construtoras, que demolem a arquitetura histórica e erguem torres de 40 andares. Mas essas barbaridades não seriam praticadas sem a cumplicidade (às vezes secreta) de funcionários públicos e políticos. Alguns bairros de São Paulo, se forem adensados com a construção de novos edifícios-torres, vão parar de vez.

Mas há também pequenas barbáries, de grande alcance simbólico. Cinemas que faziam parte da história cultural das cidades brasileiras foram demolidos. Vários tornaram-se sedes de bancos, e outros, horrorosos templos religiosos, que nem mesmo o diabo ousaria visitar.

Casas onde viveram poetas, artistas e escritores também foram destruídas. A casa do poeta Thiago de Mello - um dos raros projetos de Lucio Costa na Amazônia - está ameaçada pela ampliação de um porto. Na cidade alagoana de Viçosa, a casa onde morou Graciliano Ramos foi demolida e deu lugar a um condomínio, cuja fachada dispensa comentários. Agora só falta derrubar a igreja Matriz da cidade, onde Graciliano escreveu boa parte de uma obra-prima da literatura brasileira: S. Bernardo.

O escritor e crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes assinalou que o descaso em relação à nossa História mais antiga está ligado a um profundo e inconsciente horror ao passado: ódio à miséria social do nosso passado e à opressão colonial. Ele usou uma expressão certeira ao dizer que "as decadências prematuras são doenças do subdesenvolvimento". Hoje, a opressão é de outra ordem, mas essas doenças persistem: basta ver os projetos de habitação popular, onde os pobres são arrebanhados em abrigos vergonhosos. No Brasil, a moradia popular é o avesso de uma vida digna.

Na crônica Os Arranha-Céus no Rio Não Fazem Bela Figura", Manuel Bandeira escreveu: "O arranha-céu é uma fatalidade econômica, não é criação artística. Tudo o que se pode fazer é meter a ridículo os snobes que inscrevem o arranha-céu como cláusula de modernidade Quem manda construir arranha-céus está se ninando para as artes, modernistas ou não. Quer é dinheiro".

O grande poeta publicou essa crônica em 1928, quando a natureza do Rio ainda era soberana e estava longe de ser ameaçada pela proliferação de edifícios-torre ou pirocões pós-modernos, que nada têm de artístico. Dane-se a história das nossas cidades: na sanha devastadora do urbanismo bárbaro, só o céu é o limite.

Caminhos fechados no Mercosul - WALTER SOTO

O GLOBO - 06/12

Pela ideia inicial, o livre comércio deveria simplificar o transporte, gerando oportunidades



Livre circulação de mercadorias entre os países-membros era o principal objetivo do Mercosul quando Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram o Tratado de Assunção, em 1991. No entanto, o cenário atual enfrentado pelos países do bloco é composto por entraves econômicos, políticos e cambiais. Tal situação diminui a atividade setorial, refletindo especificamente em logística e transporte internacional.

Pela ideia inicial, o livre comércio deveria simplificar o transporte, gerando oportunidades, ampliando o campo de trabalho e dando mais perspectivas desenvolvimento para as empresas. Mas os controles nos diferentes setores das economias dos membros com a finalidade de protegê-las do próprio bloco é uma situação que contradiz a origem desta criação.

Antes da vigência total haveria um período de ajuste buscando uma redução gradual de tarifas alfandegárias, permitindo uma adaptação competitiva. Esta etapa deveria ter-se encerrado em 1995, mas foi prorrogada, já que começou a surgir na Argentina pressão contra a entrada em massa de produtos brasileiros. E esse protecionismo perdura até hoje — de maneira mais agressiva, inclusive — causando impacto direto nos volumes comercializados e, claro, não é um bom negócio para o setor de logística.

Outro importante desafio a ser superado está nos controles alfandegários, hoje um dos maiores — se não o maior — empecilhos à produtividade das transportadoras atuantes na região. A demora nas autorizações de importação LI (Licença de Importação) e Dajai (Declaração Jurada Antecipada de Importação) têm afetado diretamente o custo.

O tempo de operação do transporte, que era de sete dias, leva agora 14. Ou seja, a unidade que fazia duas viagens completas no mês agora faz uma. E nesse mercado a eficiência é um diferencial e o timing um fator de impacto imediato.

Outro obstáculo é enfrentado quando as cargas chegam aos portos, em situação precária devido à falta de investimento, em toda a região. É importante ressaltar que, para que um acordo de livre comércio funcione, além das questões econômicas, políticas e cambiais, é preciso haver infraestrutura.

A saída para que o Mercosul cumpra seu papel é superar as diferenças comerciais e também políticas, visto que os próprios governos geram travas gradativamente. Sua concepção original é servir de solução para potencializar a região, fortalecer o comércio entre os países-membros e defender nosso produto para ascender a outros mercados.

O Mercosul, em seu atual modelo, é útil para o país, mas não nos basta. É necessário estarmos atentos à reorganização das forças produtivas que está acontecendo pelo mundo. Sem novos acordos comerciais, o Brasil corre o risco de ficar de fora das cadeias internacionais. Agora, além de resolver os problemas que já existem, está mais que na hora de pensar na integração da indústria nacional às cadeias produtivas globais.

O drama africano e a França - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 06/12

O Conselho de Segurança da ONU autorizou ontem uma intervenção militar na República Centro-Africana, país entregue ao caos e à carnificina. Todos os tipos de armas estão sendo usados nos confrontos, desde as Kalashnikovs e os canhões até o facão, o arco e as flechas. O número de vítimas já é muito grande, principalmente crianças - na capital, Banqui, mais de 100 foram mortos ontem, segundo a agência Reuters.

Que governo ordenará aos seus militares que intervenham nesse lugar onde existe todo tipo de perigo? Um contingente africano, a Missão Internacional de Apoio à República Centro-Africana e, evidentemente, a França, encarregada de apoiá-la.

Paris terá reuniões entre a França e alguns países africanos. Anuncia-se a presença de 40 nações africanas, o que representa uma verdadeira conquista. Entretanto, trata-se de uma conquista que pode ser definida como uma faca de dois gumes: de fato, sua necessidade e seu sucesso permitem crer que o fantasma que assombra os africanos desde o fim da colonização continua vagando nos antigos feudos franceses.

Esse fantasma tem um nome, é a política adotada por Charles De Gaulle na África desde 1960, que consistia na substituição da colonização brutal do século 19 por uma neocolonização, fundada sobre as redes ocultas, as amizades, o comércio, os "negócios", a corrupção, as pressões exercidas por Paris sobre seus antigos vassalos.

Há muitos anos, todos os presidentes franceses juram que a política adotada pela França na África acabou, está morta e enterrada. E depois, com o tempo, logo é possível perceber que os homens de negócios e os políticos franceses continuam pululando nas capitais africanas e, em caso de necessidade, os soldados franceses também são sempre eficazes, e a França está sempre alerta. Será preciso lembrar, entre outros, o drama de Ruanda em 1994? François Hollande faz portanto um jogo sutil. Quando ele parece ser o primeiro presidente francês decidido a romper de fato as inúmeras amarras que prendem as ex-colônias à França, as circunstâncias o levam, por duas vezes em menos de um ano, a enviar soldados para a África: na primeira vez, no Mali, em janeiro, porque os jihadistas estavam a ponto de instalar uma base terrorista no Sahel. E hoje, nas florestas da RCA para pôr fim à matança.

Paris multiplica as precauções para desarmar críticas e invejas. O governo lembra que todas as redes pouco claras e sinistras herdadas do passado foram desmanteladas pelos socialistas. E reitera que a operação é desinteressada. Essa é a palavra de ordem da cúpula de Paris: o objetivo único da intervenção é formar soldados da RCA e fortalecer a capacitação militar do pequeno país.

A mesma ladainha que devemos ouvir toda vez que o Ocidente envia soldados a algum lugar: a finalidade exclusiva é a "formação" de exércitos locais. Talvez seja verdade na intenção ou segundo a "consciência tranquila" dos líderes ocidentais, mas, na realidade, não passa de uma mentira.

Entretanto, observando a situação na República Centro-Africana, é preciso reconhecer que nos encontramos indubitavelmente às vésperas do horror. Neste país de estruturas carcomidas, assistimos a um drama recorrente na África: o enfrentamento entre as comunidades cristãs e as muçulmanas.

Não se trata, pelo menos por enquanto, de muçulmanos pertencentes à "nebulosa" islamista da Al-Qaeda, mas de camponeses que pertencem a essa ou àquela religião, e, na África, essas duas religiões se odeiam.

Portanto, somos ameaçados por um duplo perigo: de imediato, um banho de sangue nas lutas intertribais e principalmente inter-religiosas (muçulmanos contra cristãos). Mais em longo prazo, e se o caos perdurar, não há dúvida de que as milícias jihadistas, que existem nos países vizinhos, poderão tentar pôr as mãos nesse país extenuado. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Ueba! Fifa, vá tomar no Fuleco! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 06/12

Petistas são Petralhas. E os tucanos, com o escândalo do metrô, são metralhas! Petralhas x Metralhas!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Bafo dos infernos! Ontem dormi no freezer ligado no modo neve. E anteontem dormi deitado no chão com a porta do frigobar aberta!

E a Cristina Kirchner fica brigando com o Clarín e se esquece de mandar frente fria! Rarará!

E o Twitteiro: "Dilma usa aplicativo Lulu para avaliar o desempenho do PIB do Mantega e causa constrangimento no Planalto". Ela avaliou o PIB do Mantega como #mindinho no Lulu! Rarará.

E o sorteio da Copa no Sauípe? Apresentadores do sorteio: os Blanquelezas Rodrigo Hilbert e Fernanda Lima. São uns fofos. Mas o mundo vai pensar que o Brasil foi colonizado pelos vikings! Que é um país nórdico onde uns negros dão show!

E os cartolas: o Blablablatter e o Marin, o Medalhim, o Zé das Medalhas. Idade mínima pra ser presidente da CBF: 80 anos!

E o currículo do Marin: Tenho 80 anos e já bafei uma medalha. Já ganhei uma medalha: roubei e enfiei no bolso! Rarará! E o Marin tá muito bem lá na Bahia, com aquele bronzeado defunto!

E no sorteio serão quatro potes. Quatros potes de ouro com um arco-íris no final! E eu vou até o Sauípe, rompo a barreira de 300 mil seguranças e estendo a faixa: "FIFA, VÁ TOMAR NO FULECO!". Rarará.

Eu já disse que FIFA quer dizer "Faça Isso, Faça Aquilo". "Faça Isso, Faça Assim." "Faça Isso, Faça AGORA!" Agora não vai dar! Porque PA quer dizer Programa de Atrasos da Copa!

E Padrão Fifa quer dizer: Faturamos Imensamente Fabricando Arenas! Rarará!

E atenção! Os petistas são Petralhas. E os tucanos, com o escândalo do metrô, são metralhas! Petralhas x Metralhas! Rarará! É o Grupo da Morte! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

O Brasileiro é Cordial! Placa num restaurante em João Pessoa: "Inhame ou macaxeira com guisado ou galinha: 5,00! Inhame ou macaxeira com bode ou bife: 6,00. Não vendo e não dou pedaço de porra nenhuma". Rarará.

E essa faixa num posto de gasolina em Paraty: "Não tenho dinheiro. Não faço fiado. Não dou informação. NÃO VI! NÃO FUI! E NÃO VOU!". Ôxa, é o cúmulo do mau humor. Rarará.

Hoje, só amanhã.

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Meu canudo de papel - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 06/12

Em 2022, os mais jovens dessa geração nem estarão com 23 anos, os mais velhos, com 38. Farão parte de um enorme contingente de mão de obra que busca um lugar ao sol numa economia cujo futuro está sendo desenhado agora

Com o estilo que o caracteriza, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resumiu o que vem sendo a sua maior preocupação com as próximas eleições. Foi durante a solenidade na qual receber o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do ABC, que ele criou. Num dado momento do discurso, virou-se para a presidente Dilma Rousseff e tascou essa: “O maior legado que um pobre quer deixar para o filho é que ele tenha escolaridade e uma profissão. E, se essa profissão for a de doutor, minha presidenta, você não sabe o que é uma família feliz. Depois que ele se forma doutor, não espere que ele ficará agradecido. Ele vai para a rua fazer manifestação contra você. Nós precisamos continuar nos matando para garantir que ele tenha o emprego do sonho. Aí ele não vai mais sair para passeata.”

Lula captou o descolamento de uma fatia do eleitorado que sempre o acompanhou e que escapuliu da base do governo, conforme ficou demonstrado nas manifestações de junho passado. São números que impressionam pela grandeza: o Brasil tem 50 milhões de jovens de 15 a 29 anos, muitos dos quais analfabetos funcionais. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), não estudam nem trabalham 9,6 milhões de jovens. No Nordeste, são 23,9%; no Norte, 21,9%; no Centro-Oeste, 17,4%. Mas é nos centros mais dinâmicos da economia que o problema político com os “nem-nem” se complica mais: no Rio de Janeiro, são 21,5%; em São Paulo, 17,5%; em Minas Gerais, 17,1%; no Paraná, 16,2% ; e no Rio Grande do Sul, 15,1%.

O ex-presidente da República montou uma espécie de governo paralelo no instituto que leva o seu nome, no Bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde uma equipe de 10 ex-integrantes do governo prepara uma proposta de agenda para a comemoração do bicentenário da independência: “Eu já estou pensando no Brasil de 2022, quando a gente completar 200 anos de independência e fizer uma comparação do que era esse Brasil. Aí vai ser duro, Dilminha”. Ou seja, projeta um ciclo longo de poder, de uma geração pelo menos, no qual deixa no ar qual será o seu papel. Alimenta o “Volta, Lula” como uma espécie de dom Sebastião, “O Desejado”, o rei português que sumiu na batalha de Alcácer-Quibir (Marrocos, 1578) e cuja morte deu origem ao nosso messianismo popular, que inspirou os fanáticos das guerras de Canudos (BA) e do Contestado (SC). Os grandes arautos desse sebastianismo são os petistas e aliados insatisfeitos com Dilma e que gostariam de vê-lo de volta à Presidência.

Fazendo as contas, em 2022, os mais jovens dessa geração nem-nem estarão com 23 anos, e os mais velhos, com 38, ou seja, farão parte de um enorme contingente de mão de obra que busca um lugar ao sol numa economia cujo futuro está sendo desenhado agora. O que somos como país? Em primeiro lugar, o maior produtor de commodities agrícolas e minerais do mundo. Esse é o lugar que ainda temos reservado na nova divisão internacional do trabalho, enquanto a África não resolve seus conflitos étnicos e religiosos. Isso não é condição suficiente para garantir uma perspectiva de futuro para essa garotada, principalmente nas cidades. E aí que o problema do crescimento econômico ganha contornos dramáticos, ainda mais se forem mantidas as características atuais da nossa economia. Somos prisioneiros de um modelo macroeconômica saturado, no qual a produção de automóveis e o mercado imobiliário pontificam, enquanto nossa indústria de bens de consumo definha em razão da baixa produtividade e da má qualidade de seus produtos frente aos concorrentes, sobretudo os chineses. Dirá a presidente Dilma Rousseff: “isso é complexo de vira-latas”. Será?

Desde a campanha de sua eleição, a presidente Dilma Rousseff vem prometendo taxas de crescimento do PIB superiores a 5% ao ano, com inflação na meta de 4,5%. No seu terceiro ano de governo, o crescimento médio é de 2%, com inflação de 6%. Bem que tentou uma estratégia de retomada do crescimento, reduzindo a taxa de juros a fórceps, mas a inflação cresceu. Vamos fechar o ano com a Selic de volta aos dois dígitos, ou seja, uma taxa de juros de 10% a.a. e que deve subir mais um pouquinho em janeiro. A grande aposta do governo é que a economia cresça pelo menos 3,5% no ano que vem, com inflação girando em torno de 5,5%, mas a expectativa do mercado é de um crescimento da ordem de 2,1% e uma taxa de inflação de quase 6%, segundo o boletim Focus de ontem. Qualquer turbulência pode levar a vaca pro brejo, segundo nove entre 10 analistas econômicos. Como estimular o “instinto animal” dos empresários e manter o apoio deles ao governo num cenário como esse? Ora, com o sebastianismo à la Lula, que acena com sua volta ao poder nas eleições do próximo ano ou, se tudo correr bem, em 2018. O problema é a garotada. Ao contrário do que acontece com os beneficiários diretos do Bolsa Família, que estão com o governo e não abrem, nossos jovens querem mais do que um canudo de papel. E ameaçam estragar a festa.

FORÇA ESTRANHA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 06/12

O programa de internações compulsórias do governo do Estado, iniciado em janeiro, chegou a novembro com apenas um dependente químico levado à força para tratamento.

FORÇA PRÓPRIA
No mesmo período, o Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas), que gerencia as internações, registrou 1.970 voluntárias (por vontade do paciente) e 220 involuntárias (a pedido da família).

VONTADE
"Havia carência de atendimento. Por isso o número de internações por vontade própria predomina", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Programa Recomeço. Não há dados sobre a taxa de recuperação, segundo ele. Um sistema para monitorar a rede de atendimento que deve estar funcionando até o fim do ano vai permitir conhecer o índice.

BRAÇOS ABERTOS
A CUT também ofereceu emprego a José Dirceu, para que ele pudesse sair da prisão por um período do dia, como prevê o regime semiaberto. O ex-ministro declinou. Achava que, como a entidade recebe imposto sindical, a repercussão da iniciativa seria negativa.

CHANCE ÚNICA
Além da central, um grande empresário, ligado ao setor de educação, concordou em conversar sobre a possibilidade de empregar o petista. Desistiu.
Vingou então a proposta de empregá-lo no hotel Saint Peter, do empresário Paulo Abreu, em Brasília.

TAPETE VERMELHO
Beth Carvalho, que encerrou a "roda de samba" organizada na segunda pela Prefeitura de SP no Theatro Municipal, deixou o palco emocionada. "Ainda há muito preconceito [com o ritmo]", disse a cantora, lembrando iniciativa parecida que tomou no Rio, em 2005, quando gravou DVD no principal teatro carioca. "Muita gente [da plateia] nunca tinha pisado no Municipal. Mas eu botei meus nego' lá."

PRIMEIRA CLASSE
O dono da rede Habib's, Alberto Saraiva, alugou um navio da MSC para 4.200 pessoas e levou 200 convidados VIPs, além de milhares de funcionários, para uma viagem dos sonhos pelo litoral. Motivo: ele e a mulher, Claudia, comemoram 25 anos de casados. Dois artistas deram shows para animar a festa: Latino e Michel Teló.

SUAVE RETORNO
Entre os convidados hospedados em 60 suítes exclusivas estão os empresários Benjamin Steinbruch, da CSN, Flávio Rocha, da Riachuelo, Amilcare Dallevo, da RedeTV!, Sebastião Bonfim, da Centauro, e o apresentador Otávio Mesquita. Os funcionários também participaram de uma convenção. O navio retorna hoje a Santos, depois de passar por Búzios (RJ) e Ilhabela (SP).

VALE A PENA
Entre os convidados de Saraiva circulava a informação de que a "diária" do navio da MSC não sai por menos que US$ 500 mil.

PATRÃO
A pedido de Silvio Santos, a banda que vai animar a festa de casamento de Silvia Abravanel, filha do apresentador, preparou uma sequência de músicas "mais clássicas" para o show, hoje, em SP. "Vamos ter Julio Iglesias, Luis Miguel, canções tipo bolerão", explica Flávio Romeu, do grupo Saint Paul, que se apresenta pela terceira vez em um evento da família. O conjunto cobra cachê de R$ 15 mil, em média.

TRIO ELÉTRICO
A modelo Schynaider Moura está grávida. É o terceiro bebê dela e do empresário Mario Bernardo Garnero. Casados desde 2008, eles já têm duas meninas.

LUZ NA PASSARELA
A atriz Mariana Ximenes apresentou a 10ª edição do Concurso Faap Moda, anteontem, no teatro da faculdade. Os estilistas Oskar Metsavaht, Lino Villaventura e Pedro Lourenço, com a mãe, Gloria Coelho, foram ao evento, que também contou com a presença do diretor de marketing Nelson Camargo.

LIVROS DE OURO
O escritor José Luiz Passos, autor do romance "O Sonâmbulo Amador", venceu o 11º Prêmio Portugal Telecom de Literatura, entregue anteontem no Auditório Ibirapuera. Os atores Matheus Nachtergaele e Camila Morgado foram mestres de cerimônias. Estiveram na plateia o presidente da Oi e da PT Portugal, que patrocina o concurso, Zeinal Bava, e sua mulher, Fátima.

CURTO-CIRCUITO
Jota Erre lança o livro "Estrambólico", hoje, na Livraria da Vila da alameda Lorena, às 18h30.

Adriano Diogo e José Carlos Dias participam de debate sobre a ditadura, hoje, às 18h, no CCBB, na Sé.

Bia Duarte leva obras de Carmem Gusmão, David Dalmau e Federico Guerreros para mostra em Miami.

A festa Tô Q Tô tem mais uma edição no Cine Joia, amanhã, às 23h. 18 anos.

O ministro Luis Felipe Salomão, do STJ, toma posse na segunda como associado honorário do Instituto dos Advogados de SP.

Os tucanos querem saber - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 06/12

Os estrategistas do PSDB estão inquietos. A pesquisa Datafolha fez ressurgir o temor dà desistência de Eduardo Campos (PSB). Eles previam que Marina Silva não o faria decolar. Mas esperavam mais. Hoje, sem a promessa de apoio do PPS, o socialista ficaria isolado. No quadro atual, Eduardo não tem caminho de volta, mas sempre será possível abrir uma porta ou atirar uma boia para os socialistas.

Em busca do palanque ideal
Não é à toa que a presidente Dilma e os candidatos da oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) fazem a corte em busca do apoio da candidata do PP ao governo gaúcho, a senadora Ana Amélia. Em recente pesquisa, do Instituto Methodus, ela aparece com 38,2% das intenções de voto, enquanto o governador Tarso Genro (PT) tem 31,8%. Com a saída de Marina Silva (Rede), a presidente Dilma chegou aos 44,4% nos estados. Seus adversários dependem ainda mais de uma aliança local com Ana Amélia. Aécio Neves chegou aos 21,3%, e Eduardo Campos, aos 12%. A pesquisa fechou na segunda-feira. Foram ouvidos 1,5 mil eleitores.


"A ampla maioria do partido defende apoiar Eduardo Campos. Não cheguei a dizer que era a maioria. Não podia ser grosseiro."

 Roberto Freire - Presidente do PPS e deputado federal (SP), sobre o encontro com o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves

O alvo oculto
A CUT, presidida por Vagner Freitas de Moraes, fará protesto hoje, no Recife, durante o sorteio dos grupos da Copa de 2014. Vão denunciar a Fifa pela "violação de direitos de trabalhadores". Será um protesto velado contra o ex-presidente Lula. Foi seu governo que assinou, e aprovou, lei com legislação trabalhista excepcional para a Copa.

A romaria
O ministro Aloizio Mercadante (Educação) foi esta semana, discretamente, até a casa da filha de José Genoino, onde o ex-deputado cumpre prisão domiciliar. Saiu da visita impressionado com o estado emocional e a frágil saúde do companheiro.

A aposta de Kassab
A despeito da ampla vantagem do governador Geraldo Alckmin (PSDB) nas pesquisas, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) diz que somente o petista Alexandre Padilha está no segundo turno. "Ele concorre só no seu campo. No nosso, o Alckmin vai disputar a vaga com o Paulo Skaf (PMDB) e comigo" resume o pessedista.

Cadeira cativa
O ex-deputado Valdemar Costa Neto entrou com pedido de autorização para trabalhar tão logo teve a prisão decretada. Ele tem promessa de emprego do próprio PR, para atuar como assessor administrativo na sede, que fica em um shopping.

A fila anda
Eleito com 174 mil votos, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) renunciou, ao ser decretada sua prisão. O PCdoB vai aumentar sua bancada na Câmara. O ex-presidente da UNE Gustavo Petta, que obteve 60 mil votos, é o suplente.

Serviço pela metade
Na noite de anteontem, o vice Michel Temer recebeu para jantar 10 deputados estaduais do PMDB do Paraná. Não os demoveu de abandonar o governador Beto Richa (PSDB). Mas garantiu apoio na convenção para a chapa "Temer-Dilma´.


O candidato do PSOL ao Planalto, senador Randolfe Rodrigues (AP), trabalha para que a ex-deputada Luciana Genro (RS) seja a vice de sua chapa.

Polivalente - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 06/12

Valdemar Costa Neto desistiu de pedir autorização ao STF para trabalhar como assessor do PR enquanto estiver preso em regime semiaberto. O ex-deputado, que renunciou ontem após ter a prisão decretada, acreditava que o pleito seria recusado, pois o partido esteve no centro dos crimes pelos quais foi condenado no mensalão. Valdemar vai apresentar novas opções de emprego à Justiça nas áreas administrativas de um escritório de advocacia, uma imobiliária e um restaurante.

Dinâmica... Dirigentes do PR dizem que Valdemar "aprendeu com os erros" de José Dirceu, que desistiu de trabalhar no hotel Saint Peter, em Brasília, por um salário de R$ 20 mil, após a repercussão negativa do fato.

... de grupo Advogados do ex-deputado estão verificando o histórico e a composição acionária das empresas nas quais ele tem propostas para trabalhar, a fim de evitar escândalos e devassas.

Fila andou Paulo Maluf se antecipou à provável intervenção da Executiva Nacional do PP para destitui-lo do comando da seção paulista da sigla e pediu afastamento. O controle em São Paulo será dividido pelos deputados federais José Olímpio, Aline Correa e Guilherme Mussi.

De cima Também foi decidido que ficará a cargo da Executiva Nacional a decisão sobre que candidato o PP vai apoiar ao governo de São Paulo. Os deputados querem se coligar com Geraldo Alckmin (PSDB), mas o acordo com Dilma Rousseff, se sair, pode incluir uma aliança com Alexandre Padilha (PT).

Rebelião 1 Um grupo de vereadores comandado por Milton Leite (DEM), Roberto Trípoli (PV) e Adilson Amadeu (PTB) tenta impingir dupla derrota ao prefeito Fernando Haddad: na escolha do novo conselheiro do Tribunal de Contas do Município e na eleição para presidente da Câmara, dia 15.

Rebelião 2 A articulação em curso é para que Trípoli seja escolhido pela Câmara para a vaga no TCM. O candidato de Haddad é João Antonio (PT), seu secretário de Relações Governamentais. Milton Leite lançaria sua candidatura contra a do atual presidente da Câmara, José Américo (PT), que pode se reeleger.

Nome aos bois O PPS decidiu que vai citar nominalmente Eduardo Campos (PSB) no documento que será apresentado em seu congresso nacional, na noite de sábado. Parte da sigla defendia que o texto tivesse apenas uma indicação genérica de apoio, sem mencionar o governador pernambucano.

Concertação Numa tentativa de acordo para superar a disputa interna, o presidente reeleito do PT, Rui Falcão, pretende oferecer a vice-presidência da sigla à Mensagem ao Partido, de Paulo Teixeira. Falcão não aceita que o grupo fique na secretaria-geral, que deve ir para Geraldo Magela (DF), do Movimento PT.

Marca Além de definir os integrantes da coordenação da campanha de Dilma Rousseff, o PT também quer acelerar a escolha da cúpula do comitê de Alexandre Padilha em São Paulo. Paulo Frateschi deve ser um dos nomes.

Veja bem Cotado para integrar o QG dilmista, Eliseu Padilha (PMDB-RS) lembra que ficou neutro na eleição de 2010, depois de apoiar o PSDB nas eleições presidenciais de 2002 e 2006.

Pacheco Escalado pela Fifa para fazer a mensagem de boas vindas na abertura do sorteio da Copa ao lado de Dilma, hoje, o governador Jaques Wagner (PT) gravou um vídeo em que narra a emoção vivida na primeira Copa que assistiu, a de 1970, no México. Conta da festa que viu nas ruas da cidade.

tiroteio
"A noiva e o noivo são as seleções. O estádio equivale à igreja. A única que vi não ficar pronta foi a Sagrada Família, em Barcelona."
DO DEPUTADO JULIO DELGADO (PSB-MG), sobre o ministro Aldo Rebelo (Esporte) ter comparado atrasos nas obras da Copa aos das noivas.

contraponto


Dis-cur-so
No dia de seu aniversário, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu a palavra na tribuna para relatar uma visita da presidente Dilma Rousseff à Venezuela. Depois de diversos apartes de colegas que queriam lhe desejar parabéns, o petista viu que havia ultrapassado o tempo.

--Eu até peço desculpas pelo pronunciamento longo, mas vou continuar um pouco mais.

O também petista Paulo Paim, que ocupava a presidência, respondeu:

-Se, no dia do seu aniversário, você não puder falar um pouco mais, tem que me tirar da presidência.

Café com leite - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 06/12

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) está convicto de que o candidato a vice-presidente na futura chapa de Aécio Neves (PSDB-MG) tem que sair de São Paulo. “Lula, de origem política paulista, optou por um mineiro, José Alencar. Dilma, que é mineira e fazia política no Sul, teve Michel Temer, um paulista. Portanto, com Aécio forte em Minas, o melhor caminho é buscar o vice de São Paulo. Há um mito errado sobre a história de vice ter que ser do Nordeste. O que dá certo é o feijão com arroz ou o café com leite”, diz o senador.

Cunha Lima não avança o sinal sobre nomes, mas os deputados acreditam que Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o senador que supreendeu em 2010, é o mais cotado. Detalhe: Aloysio é ligado ao ex-governador José Serra, que não teria outra saída senão se engajar na campanha.

Numerologia
A demora dos parlamentares em votar o projeto de adequação do Plano Plurianual de Investimentos (PPA) deixa a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, exposta a um processo por improbidade administrativa. O número da proposta é simbólico: PLN13/13.

Peso dois
A decisão de José Dirceu de desistir do emprego no Hotel Saint Peter veio depois que Lula, furioso, reclamou a respeito do desgaste sofrido pelo partido com o episódio. Agora, com Dirceu desempregado e expoentes de outros partidos (como Valdemar Costa Neto) na cadeia, a expectativa do ex-presidente é que cesse o desgaste sobre o PT.

O malabarista…
O empresário Paulo de Abreu, quase empregador do mensaleiro José Dirceu, é um exímio especialista na arte de fazer malabarismos no Ministério das Comunicações. Sua mais recente façanha foi transferir um canal gerador de televisão (canal 35) da pacata Francisco Morato, na Grande São Paulo, para a Avenida Paulista. O ministério, por meio de Genildo Lins, secretário executivo interino, alega que houve consulta pública. Só que nela consta a localização da antena na cidadezinha da concessão.

…Rompe a serra
Na publicação do canal no Diário Oficial, foi autorizada a instalação na Avenida Paulista. Com isso, Abreu multiplicou por 100 o seu negócio. Mas como existe a Serra da Cantareira entre a Avenida Paulista e Francisco Morato, as transmissões da tevê não chegarão à cidade que deveria ter seu canal local.

Prioridade
O PCdoB não desistiu de ter o apoio do PT a Flávio Dino, no Maranhão. Dino é, hoje, na avaliação dos comunistas, a maior aposta do partido para emplacar um governo estadual. Por isso, deve ser o único pedido que o PCdoB fará em termos de palanques estaduais.

CURTIDAS 
Me dê motivo…/… A bancada ruralista reclama que Henrique Alves (foto) não cumpriu os acordos feitos com o grupo. Ameaça obstruir as votações da Casa. Outro que segue o mesmo caminho, Sebastião Bala Rocha (SDD-AP) vai obstruir as votações porque brigou com o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A Câmara está praticamente em férias.

Abalou/ O deputado Luciano Castro estava visivelmente constrangido ao ler a carta de renúncia de Valdemar Costa Neto. “Quis o destino que eu estivesse em Brasília na tarde de quinta-feira. Chegamos aqui juntos em 1990. É constrangedor ler a renúncia dele por essa razão, e não porque vai ocupar um cargo executivo”, contou.

Simbologia/ O ex-presidente Lula cogitava ontem ir à África do Sul para o funeral de Nelson Mandela, o ícone da luta contra a segregação racial.

Déda e Mandela/ O governador de Sergipe, Marcelo Déda, e o ex-presidente Nelson Mandela serão homenageados no Congresso do PT, na semana que vem. Nessa parte, a presidente Dilma deve estar presente. Já no ato em defesa dos réus do mensalão, a previsão é que Dilma não participe.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 06/12

DF terá PPP de R$ 6,1 bi para novos hospitais
O governo do Distrito Federal buscará na iniciativa privada investimentos para a construção de dois hospitais com um total de 668 leitos.

A PPP (parceria público-privada), cujas propostas serão abertas em janeiro, prevê um contrato de R$ 6,1 bilhões.

A empresa vencedora terá de construir e equipar as unidades, além de operá-las em um regime de concessão pelo período de 20 anos.

Um dos prédios será erguido em Brasília para a área de traumatologia. O outro, para atendimento geral, ficará na cidade-satélite de Gama.

"O grupo terá até 24 meses para as obras. Como receberá pelos serviços [por 20 anos], terá todo o interesse em concluir com agilidade", diz Pedro Cardoso de Santana Filho, da Secretaria da Saúde da administração distrital.

Na gestão dos hospitais, caberá à empresa tarefas como limpeza, lavanderia e alimentação dos pacientes.

"Toda a logística interna, da administração até a chegada no balcão da enfermaria, será feita pelo parceiro", afirma Santana Filho.

O poder público manterá o controle sobre questões médicas, o que inclui o corpo clínico e o transporte.

A remuneração virá de contraprestações que serão pagas pelo governo com base em indicadores de eficiência.

Além dos dois hospitais que serão construídos, o pacote da PPP compreende a implantação de novas centrais de exames médicos e a modernização da atual rede de tecnologia de informação usada pela área de saúde.

NORDESTE ACELERADO
A rede de hotéis gaúcha Intercity vai instalar dois novos hotéis no Nordeste --em Campina Grande (PB) e Maceió. Juntos, os empreendimentos demandarão cerca de R$ 65 milhões.

A empresa tem hoje outras cinco unidades em funcionamento na região.

"O Revpar [sigla em inglês para receita por quarto disponível] dos hotéis do Nordeste cresceu entre 20% e 25% neste ano", afirma o presidente do grupo, Alexandre Gehlen.

A média nacional de expansão da rede ficou em 6% entre janeiro e outubro, na comparação com o mesmo período de 2012.

A alta do dólar favoreceu os negócios da companhia na região: "Alguns deixaram de viajar para o exterior e foram para o Nordeste."

As novas unidades, voltadas para o turismo de negócios, começarão a ser construídas em 2014 e entregues dois anos e meio depois.

CERÂMICA EM ALTA DEFINIÇÃO
A Lanzi, fabricante paulista de revestimentos cerâmicos, pretende aumentar sua participação no mercado de pisos porcelanatos.

A empresa vai investir R$ 25 milhões na compra de equipamentos para impressão em alta definição e no desenvolvimento de produtos.

"Esperamos um incremento no preço médio de 25% a 30% com novas linhas", afirma Luiz Antônio Lanzi, presidente da companhia.

Hoje, o preço dos produtos varia entre R$ 30 e R$ 40 o metro quadrado.

Além da modernização do parque fabril, localizado em Mogi Guaçu (SP), o montante também será aplicado em pontos de venda.

A empresa exporta para os Estados Unidos e países da América do Sul como Bolívia, Paraguai e Argentina. Agora, prospecta clientes também na Europa.

"Devemos crescer 20% neste ano", projeta Lanzi.

O faturamento está estimado em R$ 130 milhões.

VIAGEM EM SHOPPING
A Agaxtur, operadora de turismo, projeta sua expansão por meio de franquias.

Há potencial para abrir 20 lojas no ano que vem, no interior de São Paulo, Paraná, sul de Minas e Goiânia, segundo Aldo Leone Filho, presidente da agência.

"Em Brasília e no Rio, possivelmente no Leblon, além da unidade que já temos na cidade, também há espaço. Se inaugurarmos dez, já estará ótimo", diz Leone.

"Já temos oito lojas, contando a recente abertura em Sorocaba, a maioria em shoppings", acrescenta.

Com pontos de venda próprios, a operadora deverá chegar no início de 2014 em Campinas e em abril em São José do Rio Preto. A loja em São José dos Campos está em operação desde agosto.

Para o empresário, não basta oferecer os serviços pela internet.

"Precisa estar em lojas físicas também, além de vender por telefone e pelo site", diz.

"O turismo vende garantia de viagem. Pontos de venda físicos dão confiança, que é o que o cliente busca. O grande problema da internet é quando você não sabe de quem compra."

CONCRETADO
A indústria de pré-moldados de concreto deve fechar 2013 com uma expansão de 10% --número um pouco menor que os 15% de crescimento médio anual registrados desde 2007.

Dados da Abcic (associação da construção industrializada de concreto) mostram que o segmento avança impulsionado por obras de galpões industriais, centros de distribuição, redes varejistas e shopping centers, além de arenas esportivas.

Neste ano, 55% das empresas do setor investiram mais do que em 2012, segundo dados de pesquisa feita pela FGV a pedido da entidade.

Equipamentos e área de produção foram os principais destinos dos recursos.

Sinal A American Tower, de torres de telecomunicações, comprou da Z-Sites centenas de antenas de compartilhamento de sinal para telefonia celular. O escritório de direito Azevedo Sette foi responsável pela transação.

Dentro da lei O escritório Siqueira Castro terá um setor especializado em direito do entretenimento. Compõem o novo segmento advogados especialistas em propriedade intelectual, direito digital, entre outras áreas.

A economia mal, o povo "bem" - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 06/12

Críticos do governo não dizem, na maioria, que o país vai quebrar, mas que se asfixia lentamente


AS CRÍTICAS azedas, amargas ou mesmo vitriólicas (sulfúricas) ao governo podem sugerir a quem acompanha mais à distância o debate econômico que o Brasil está à beira de quebrar de modo operístico.

Pode ser que um ou outro crítico queira sugerir isso mesmo. No mais, há no máximo enorme irritação com o desperdício amadorístico de tempo, os cinco ou seis anos em que o Brasil crescerá algo em torno de 2,5%, por aí, devido em grande parte a uma política econômica ruim. Ou com o fato de que o país não tem se preparado para crescer mais rápido mais adiante. Mudanças importantes, seja o freguês "desenvolvimentista", de "esquerda" ou "liberal", "de direita", demoram para ser feitas e fazer efeito: anos, meia década, uma década.

Uma década e meia de catástrofes e desastres, hiperinflações e quebras de fato, com mendigagens no FMI, talvez nos tenham deixado viciados em emoções fortes, insensíveis a tons de cinza (e cinza a coisa está, bem nublada).

A polarização política emburrecida entre PT e PSDB reforçou a tendência ao claro-escuro desinteligente (nada contra polarizações inteligentes, note-se de passagem).

Reconheça-se que os contrastes não terminam aí. Ao fim do governo de Dilma Rousseff, o Brasil terá passado por quatro anos de crescimento abaixo do medíocre, mas com uma das menores taxas de desemprego da história, consumo crescendo a pelo menos o dobro do crescimento do PIB (mas em ritmo cadente) e renda em alta (cada vez menor), em especial a dos mais pobres.

Como diz o lugar-comum recente, "a economia vai mal, mas o povo vai bem".

Como isso é possível? Não é possível. Há uma ou outra extravagância ainda não inteiramente explicada. Por exemplo, o desemprego muito baixo; o aumento veloz da renda das famílias, não muito coerente com a alta do PIB, da economia.

Ainda assim, não é possível que o povo continue "bem", e a economia, "mal". A recíproca também não é verdadeira: que o crescimento econômico dependa do esfolamento do couro de trabalhadores ou pobres em geral.

Os sinais de que esse descasamento não é duradouro (não é "sustentável") estão ficando evidentes. No "agregado", no conjunto, tudo somado, endividamo-nos cada vez mais. A dívida do governo cresce, a dívida das famílias cresce, nosso passivo com o exterior cresce (cada vez mais, desde 2007, compramos mais do que vendemos lá fora: nosso deficit externo cresce).

A inflação é um sintoma desses excessos, sintoma que de resto deixa sequelas, que podem redundar numa combinação de juros mais altos (dívida mais cara e crescendo mais rápido pelo menos em termos absolutos) e produtos mais caros (com o que nosso deficit externo cresce ou cai pouco), entre outros muitos problemas.

Juros e dólar mais caros, no fim das contas, são um sinal de que os credores do governo e os do país estão menos dispostos a financiar nossos desequilíbrios, um deles sendo a economia que vai mal com o povo "bem" (e que "bem" é esse, afinal?).

O crescimento baixo, persistente, vai esgotar as possibilidades de financiar melhorias sociais, por meio do mercado ou de transferências do governo. O resto é ilusão, mágica politiqueira.

Incertezas cobram seu preço na dívida pública - CLAUDIA SAFATLE

Valor Econômico - 06/12

Receio do mercado é que, se reeleita, Dilma dobre a aposta


Importantes interlocutores que estiveram com a presidente Dilma Rousseff na semana passada saíram das conversas convencidos de que ela estaria ciente da importância de o governo dar um sinal mais claro da política fiscal para 2014.

Esse sinal deveria, inclusive, ser antecipado para este ano na forma de um compromisso amplamente anunciado com uma meta de superávit primário de até 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o último ano do mandato de Dilma. Esse patamar seria um esforço suficiente para manter praticamente estável a dívida bruta como proporção do PIB.

Com a divulgação da pesquisa Datafolha no domingo, que mostrou o favoritismo da presidente na disputa pela reeleição e a difícil decolagem dos candidatos da oposição, o entusiasmo desses interlocutores transformou-se em dúvida.

É a incerteza que está na cabeça dos empresários do setor produtivo e da área financeira, dos economistas, dos formadores de preços, do mercado em geral, que corrói os ânimos dos investidores e compromete o crescimento econômico no futuro. Vai aos poucos se firmando a percepção de que, se reeleita, a presidente não vai mudar. Ao contrário, vai dobrar a aposta na forma e no conteúdo que marcou sua primeira gestão. Isso significa, para o mercado, que a presidente continuaria intervencionista, centralizadora e em permanente flerte com a heterodoxia.

Dúvidas, incertezas, custam caro. Nas últimas semanas isso está se refletindo no aumento dos prêmios de risco cobrados pelos investidores para financiar a dívida do Tesouro Nacional. O preço da incerteza acaba sendo pago por todos os contribuintes na forma de maior remuneração dos títulos públicos

É certo que a falta de segurança não deriva apenas das idas e vindas do governo brasileiro. Há toda uma expectativa em relação à redução dos estímulos monetários e como a política do Federal Reserve (Fed), quando começar a ser implementada, vai impactar os preços dos ativos nos mercados emergentes. Mas não é prudente minimizar o fator interno.

Em leilão primário, ontem, o Tesouro Nacional vendeu NTN-F/ 2023 pagando 13,18%. Há um ano atrás, esse mesmo título era negociado a 9,20%. Pela primeira vez desde março de 2012 o prêmio desse papel em relação ao DI foi de 0,40 ponto-base acima do interbancário, indicando pouca demanda pelo título que mais atrai os investidores estrangeiros. No fim de outubro, quando o governo anunciou o péssimo resultado fiscal de setembro, esse prêmio equivalia a 28 pontos-base abaixo do DI.

É importante que se diga que o quadro não é dramático, não há uma fuga em massa dos estrangeiros, mas há diminuição do apetite por títulos da dívida pública.

Incertezas também pautam o trabalho do Comitê de Política Monetária (Copom). A ata da última reunião, que elevou para 10% ao ano a taxa Selic, divulgada ontem, deixa clara a visão do comitê de que "o jogo, agora, está em aberto", como disse uma fonte qualificada. "Tudo pode acontecer, exceto nada", completou uma autoridade do governo.

Para reduzir o leque de possibilidades na condução da política monetária, de agora em diante, seria de grande utilidade um sinal do governo quanto às suas pretensões fiscais para 2014. Principalmente por se tratar de um ano de eleições onde, rezam os hábitos e costumes, o gasto público tende a crescer substancialmente.

O compromisso com uma meta de superávit primário de 2% do PIB nas contas consolidadas do setor público, ou de algo em torno desse percentual, seria muito bem recebido pelos mercados, pela diretoria do Banco Central e funcionaria como um antídoto para desinflar os prêmios de risco dos títulos públicos.

O que os agentes econômicos demandam da presidente Dilma Rousseff, na macroeconomia, são alguns compromissos que, quando foram cumpridos, o governo teve resultados melhores do que os que apresenta hoje. Isso se traduziria, por exemplo, em ter uma meta fiscal clara, factível e produzida de forma transparente; e em retomar a meta de inflação de 4,5% como a essência da política monetária, ou, pelo menos apontar um prazo para fazer a inflação convergir para a meta.

Outro sinal que se esperava da presidente era do seu governo abdicar de políticas de congelamento de preços, como fez com a Petrobras e como sugeriu que os prefeitos das capitais fizessem com as tarifas de ônibus. Ou abdicasse do uso da discricionariedade para reajustar os preços da gasolina e do diesel, independentemente das cotações internacionais do petróleo ou da fragilidade financeira da Petrobras frente a seu programa de investimentos, como pretende fazer de agora em diante com a estatal.

Das múltiplas experiências tentadas nos últimos dois anos, da nova matriz econômica ao corte no preço da energia, da redução dos juros à desvalorização da taxa de câmbio, o governo não atingiu seu objetivo maior, de gerar crescimento econômico, nem colocou a inflação na meta. Pior: os prognósticos que o mercado começa a fazer para 2014 indicam que a variação do PIB pode ficar aquém de 2% no último ano do atual mandato de Dilma.

A inflação caiu do teto da meta, mas ainda prossegue resistente. O IPCA de novembro, que será divulgado hoje, não deve ser muito menor do que o de novembro do ano passado (0,60%). As estimativas do BC não mostram a inflação convergindo para a meta pelo menos até meados de 2015.

"O problema das consequências é que elas vêm depois", costuma citar o experiente político pernambucano Marco Maciel, parodiando o sábio Conselheiro Acácio, da obra de Eça de Queiroz, "O Primo Basílio".

Incerteza - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 06/12

Nunca, como agora, os oráculos do Banco Central tiveram tantos intérpretes e disseram tão pouca coisa.

A Ata do Copom ontem divulgada deveria repassar para os fazedores de preços sua percepção a respeito da inflação futura e do que o Banco Central pretende fazer para contê-la. Não se trata de liturgia vazia; trata-se de informar adequadamente os agentes econômicos sobre o que acontece e sobre os passos seguintes da política monetária (política de juros), a fim de melhor administrar as expectativas e, assim, dar mais eficácia à política.

Explicando melhor: se o Banco Central consegue convencer as pessoas de que a inflação vai cair, mais facilmente conseguirá derrubá-la, na medida em que os remarcadores de preços temerão o encalhe de mercadoria se forçarem demais os preços.

Quem leu atentamente os 71 parágrafos da Ata do Copom, não conseguiu indicações claras sobre o que virá agora. Ainda que a inflação continue renitente - está dito lá -, que o avanço do consumo siga mais forte do que a capacidade de oferta da economia, que o impacto sobre os preços promovido pela alta do dólar (desvalorização do real) tenha de ser compensado com aperto monetário (alta dos juros) e que persista o risco criado pelo aumento dos salários acima da produtividade do trabalho - ainda assim, não há certeza sobre o que virá em 2014.

O Banco Central menciona outras fontes crônicas de inflação, como "os mecanismos formais e informações de indexação" (correções automáticas de preços de acordo com a inflação passada), e deixa subentendido que os preços controlados pelo governo (tarifas) podem ter reajustes mais altos e, nesse caso, ajudarão a empurrar a inflação.

Há umas tantas frases repetidas em atas anteriores agora suprimidas no novo texto e alguma expressão nova acrescentada. Mas não é nada que pudesse ser identificado como novo oráculo relevante dos deuses do Olimpo.

Fica a impressão de que o Banco Central opera no meio de brumas e tem dúvidas sobre o comportamento futuro dos preços. Não consegue adiantar o que pretende e, por isso, vai esperar para ver. Se a inflação voltar a levantar voo, cortará mais algumas penas de suas asas e tal, mas fica a sensação de que o Banco Central gostaria de dar por findo o atual ciclo de alta de juros. Tanto isso é verdade que, no comunicado emitido logo após a reunião do Copom, mencionou que a retomada da alta dos juros começou em abril, como a lembrar que a maior parte do aperto já aconteceu. E, mais uma vez, repisa que a alta dos juros leva um tempo (seis a nove meses) para produzir efeito.

Não dá sinais mais evidentes de que pode parar por aí, por duas razões: porque não vem tendo a colaboração esperada da turma da gastança - circunstância que continua omitida no texto; e porque teme os efeitos sobre o câmbio da superanunciada operação de reversão das megaemissões de dólares por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). São as duas principais fontes de risco de inflação para o Brasil que obrigam o Banco Central a permanecer "especialmente vigilante".

Brasil, mostra tua cara - PEDRO LUIZ PASSOS

FOLHA DE SP - 06/12

Na globalização, mercado interno forte é consequência das economias capazes de competir em toda parte


A discussão sobre mercado interno versus mercado externo, outra vez em voga como subproduto de nosso atraso em relação a acordos de livre-comércio, assume o vício de origem de tomar a parte pelo todo. As fronteiras econômicas estão cada vez mais porosas devido às relações globalizadas e aos mercados integrados. A produção sem escala para servir ao todo global está ameaçada de não atender nem à parte nacional.

Apreciemos o Brasil, cuja produção manufatureira representa só 1,7% da indústria global e muito menos, 0,7%, das exportações. Embora o mercado interno seja preponderante para a indústria, sua produção não representa senão uma ínfima parcela do consumo mundial de manufaturas. Visto de outro ângulo, isso significa que há um gigantesco espaço a ser conquistado por produtos industriais brasileiros no exterior.

Dedicar a produção de todo o país a uma fração tão pequena do mercado mundial põe em risco a própria "reserva de mercado" local. Os conceitos de proteção de mercado e segurança econômica são outros num mundo integrado.

A produção local protegida é a que tem escala, preço e qualidade capazes de atender a qualquer mercado. Nem todos os países podem ter tal aspiração. Mas a 7ª maior economia do mundo e 4º principal destino dos investimentos estrangeiros tem razões para se preocupar com o modesto 22º lugar no fluxo de comércio global. Se não disputamos as primeiras posições nesse ranking, outros o fazem, servindo-se do mercado brasileiro como arena de competição. Algo como a seleção estar fora da Copa justamente quando o país sedia a competição.

Na economia globalizada, o jogo é travado em toda parte, não só nos campeonatos locais. EUA e China dividem os primeiros lugares em tamanho econômico e atração de investimentos e são também campeões no comércio global. Já o Brasil mantém diminuta relevância nesse campo, apesar do exuberante desempenho do agronegócio e da mineração, que elevaram a fatia do país nas exportações mundiais de 1,1%, em 2005, para 1,3%, em 2012, segundo a OMC.

Nem assim nossas exportações totais ganharam destaque no cenário internacional. E por quê? As vendas externas industriais não acompanharam a expansão do comércio global nos anos 2000 até a crise de 2008. No ranking do comércio de manufaturas, estamos na 30ª posição, regredindo do 27ª lugar que ocupávamos em 2005. Mesmo na lista de maiores importadores, em que passamos do 30º para o 20º lugar, nossa participação é apenas marginal.

O porte do mercado interno e a abundância de recursos naturais não explicam a distância em relação aos demais países. Na verdade, fizemos escolhas erradas no passado e agora pagamos o preço pelo atraso causado na estrutura industrial e nos padrões de inovação e produtividade.

Não será fácil mudar esse quadro, sobretudo devido à ociosidade nas economias avançadas. O esforço para sermos competitivos terá que ser maior. Não poderemos ter apenas laços tênues com outros países e blocos devido ao Mercosul, cujo dinamismo se esgotou. Precisamos de novos acordos. E abandonar a posição passiva diante do desenvolvimento das cadeias globais de valor (CGV).

Segundo a Unctad, agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento mundial, países com maior crescimento do PIB per capita apresentam também maior aumento da taxa de participação nas cadeias produtivas. Pesquisa feita em 40 países mostra que a presença do Brasil nas CGV é das mais acanhadas.

Na contribuição estrangeira ao valor agregado das exportações, o índice brasileiro está abaixo de 10%. Na China, supera 30% e na média da OCDE alcança 24%. Quanto à proporção de insumos importados que é reexportada, o índice para o Brasil é de 14%, enquanto para a China e a Coreia do Sul supera 50%.

Para participar das CGV e usufruir seus benefícios, a vontade dos governantes é um primeiro e decisivo passo. Outros passos devem vir do avanço tecnológico de nossas empresas, da melhoria na infraestrutura e na educação, de sistema tributário descomplicado, de procedimentos alfandegários ágeis e de tarifas de importação em linha com padrões internacionais. O dado positivo é que as principais empresas internacionais estão no país, embora mais voltadas ao mercado interno que preocupadas em fazer da operação local uma plataforma de exportação. Isso deve e pode ser mudado.

A economia do povo - ARMANDO CASTELAR PINHEIRO

VALOR ECONÔMICO - 06/12

Em caso de reeleição, o governo deve dobrar a aposta na economia do povo, sacrificando os fundamentos econômicos


Há no ar uma crescente preocupação com o caminho por que enveredou a economia brasileira. Não faltam motivos para isso. A economia mundial move-se devagar, mas consistentemente, em uma direção que nos é menos favorável. Enquanto isso, nossos fundamentos econômicos se deterioram, com alta nos déficits externo e fiscal, expectativas de inflação desancoradas e forte queda do crescimento potencial do Produto Interno Bruto. Ainda mais preocupante, as autoridades não parecem suficientemente preocupadas com isso.

Para os analistas econômicos, o país vai precisar de um forte ajuste econômico em 2015, não só para corrigir os desequilíbrios criados pela atual política econômica, mas também para acelerar o crescimento e reagir ao quadro externo menos benigno.

Não é isso que o "povo" vê. A "economia do povo" é regida pela sensação de bem estar do cidadão, que depende, com alguma simplificação, do seu padrão de consumo. Influem no consumo o nível de emprego, o rendimento real, e o acesso ao crédito.

O emprego está em nível recorde: não só as pessoas têm onde trabalhar, como se preocupam pouco em deixar o trabalho atual, pois sabem que podem encontrar outro com relativa facilidade.

O rendimento real também vai bem. Não apenas a baixa taxa de desemprego eleva os salários, como as transferências governamentais, via previdência e assistência social, abrangem um universo crescente de beneficiários e canalizam benefícios cada vez maiores. Nunca tantos receberam tanto do governo. O rendimento real também vai bem porque o governo mantém baixos os preços de itens importantes da cesta de consumo, como a energia elétrica, a gasolina e as tarifas de ônibus e metrô, além de baixar outros, via desonerações tributárias, aí incluídos móveis, eletrodomésticos, carros etc.

Os bancos públicos têm se encarregado de expandir o crédito ao consumo. A melhor expressão disso é o programa Minha Casa Melhor, que subsidia a compra de eletrodomésticos pelos mutuários do Minha Casa Minha Vida, também este um programa que distribui subsídios creditícios.

Vê-se, portanto, que a economia do povo vai bem, bastante bem, aliás. Basta ver que nos últimos três anos as vendas varejistas de automóveis aumentaram 7% ao ano; as de itens de escritório, computação e comunicação, 12% ao ano; e o consumo aparente de gasolina, 13% ao ano. Nesse mesmo período, o PIB teve expansão média anual de 2,3%.

Por isso, apesar de todas as críticas de economistas e alguns empresários à política econômica, as pesquisas mostram que, se as eleições fossem hoje, o governo seria reeleito.

Mas será que essas duas economias, a dos economistas e a do povo, podem continuar divergindo assim por muito tempo? A maioria dos analistas acredita que não, apostando em um ajuste amplo e profundo depois das eleições. Eu acredito que isso está longe de ser uma certeza.

Em caso de reeleição, um ajuste forte é improvável. Afinal de contas, o povo terá votado pela manutenção da atual política econômica. Além disso, a presidente já deixou claro que acredita nessa política. Some-se a isso que um ajuste efetivo, que afaste o risco de que a dívida pública entre em uma dinâmica arriscada, traga a inflação para a meta de 4,5% e ajuste as contas externas, teria um custo alto, em termos de queda do nível de atividade, do emprego e dos rendimentos. Não vejo que a situação de financiamento externo, nem a de financiamento do setor público, se compliquem até 2015 a ponto de forçar um ajuste involuntário dessa natureza.

O mais provável, portanto, é que, em caso de reeleição, o governo dobre a aposta em promover a economia do povo, mesmo que sacrificando mais os fundamentos econômicos. Essa é a lógica da política eleitoral.

O sacrifício dos fundamentos em prol da economia do povo é a marca do modelo bolivariano. Na sua forma mais branda, leva à piora das contas fiscais e externas, na mais avançada, à expropriação de ativos. Nada ilustra isso melhor que o corte forçado, à metade, do preço dos eletrodomésticos na Venezuela, semanas antes das eleições municipais: é cortar ou ir para a cadeia. Felizmente ainda estamos distantes da situação venezuelana, ou mesmo argentina.

Caso a oposição vença as eleições, é mais provável que haja um ajuste. Primeiro, porque o novo governo poderá colocar a culpa naquele que saiu. Segundo, pois o comprometimento ideológico será menor. E, por fim, mas não menos importante, porque se a oposição ganhar é porque o povo não estava mais satisfeito com a atual política econômica e quis mudanças. Mesmo nesse caso, porém, é importante considerar que um ajuste forte terá um custo considerável, econômico e político. Não é claro que o novo governo queira se arriscar a sofrer uma grande queda de popularidade que o alije das eleições municipais de 2016.

Os riscos e incertezas são, portanto, não triviais. Resta esperar que a política surpreenda, aproximando mais o povo da percepção dos economistas, antes que uma crise o faça à força. Vamos torcer por isso.

Desfecho melancólico - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK

O GLOBO - 05/12

Um processo inflacionário cada vez mais assimétrico, em que preços livres têm aumentado a taxas anuais da ordem de 7% a 8%



Aespalhafatosa mobilização do governo com a concepção de uma nova política de preços para a Petrobras acabou tendo desfecho melancólico. Depois de ter dado alento a expectativas de grandes mudanças, a montanha, mais uma vez, pariu um rato.

O que afinal se anunciou foram aumentos de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, que implicaram reajustes da ordem de metade dessas taxas nos preços cobrados na bomba. Mais do que isso não foi possível. Para poder alardear que “a inflação está em queda”, o governo tem feito o que pode e o que não pode para manter a taxa de variação do IPCA abaixo dos 5,84% observados em 2012. E, nesse empenho, pouco importa se a queda, além de insignificante, tiver de ser obtida com repressão de preços. O que hoje se vê é um processo inflacionário cada vez mais assimétrico, em que preços livres têm aumentado a taxas anuais da ordem de 7% a 8% e preços administrados, a pouco mais de 1%.

A expectativa de que a nova política daria início à reversão da fragilização financeira da Petrobras revelou-se completamente infundada. As prioridades da campanha eleitoral falaram mais alto. Tal desfecho já seria deplorável, mesmo que se tratasse somente de mais uma evidência do imediatismo inconsequente que tem pautado a condução da política econômica. Mas, infelizmente, tem explicações ainda mais preocupantes.

O que se notícia é que, nas negociações entre a Petrobras e o governo sobre a questão, teria ficado claro que o Planalto nem mesmo está convencido de que é, de fato, desejável que preços internos de combustíveis estejam alinhados aos preços externos. Aparentemente, viceja na Presidência da República resistência doutrinária à busca desse alinhamento, calcada no argumento de que o combustível produzido no Brasil não tem nada a ver com o preço do petróleo fora do país (conforme escreveu Claudia Safatle, em 29 de novembro, no “Valor Econômico”). E de que o petróleo é extraído e refinado no Brasil por trabalhadores que ganham em reais (“Valor Econômico”, de 2 de dezembro).

São argumentos estapafúrdios, que denotam retrocesso preocupante no entendimento da cúpula do governo sobre questões básicas envolvidas na política de preços de combustíveis. Já há muitos anos parecia ter sido clara e definitivamente entendido, tendo em conta a lógica de formação de preços de bens transacionados internacionalmente, que os preços internos de derivados deveriam ser de alguma forma vinculados aos preços externos desses produtos. Exatamente como ocorre com outras commodities — como trigo, soja, alumínio ou celulose — em decorrência do livre funcionamento dos mercados.

É importante notar que, embora a política de alinhamento de preços internos de derivados aos preços externos tenha sido abandonada há anos, o abandono decorreu de improvisações e tentações imediatistas e populistas, e não de qualquer resistência doutrinária explícita à ideia de que, em princípio, o alinhamento era desejável.

A vinculação dos preços internos aos externos tem a virtude de dar, a consumidores e produtores, noção clara do que de fato custa à economia tornar disponível uma unidade adicional do produto. Ao tomar decisões sobre quanto consumir de um determinado bem, cada consumidor deve estar exposto a um preço que reflita corretamente o custo para a sociedade de sua decisão de consumo. É esse custo de oportunidade que cada consumidor deveria ter em conta ao decidir quanto consumir.

Como petróleo e seus derivados são bens transacionados internacionalmente, o custo para a economia de se tornar um barril o mais disponível é dado pelo seu preço externo. Se o barril tiver que ser importado, por razões óbvias. Se for produzido internamente, porque poderia ser exportado ou permitir importar um barril a menos, caso não fosse consumido.

É lamentável que, a esta altura, exatamente quando o país está em vias de se tornar um grande exportador de petróleo, tenha prosperado no Planalto visão tão equivocada da política de preços de combustíveis.

Vai parar? - RENATO ANDRADE

FOLHA DE SP - 06/12

BRASÍLIA - Ao que parece, o Banco Central vai dar mais uma pancada nos juros em janeiro e depois deve entrar numa espécie de hibernação, para meditar sobre o efeito das elevações feitas desde abril sobre a economia e a inflação.

Os preços no Brasil avançam num ritmo bem superior ao que o próprio governo definiu como razoável.

A inflação anual está longe da meta de 4,5% desde 2009. E as projeções para o ano que vem e o início de 2015 indicam que pouca coisa vai mudar.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, insiste que o objetivo do banco é colocar a inflação na meta. Mas o que ninguém ainda respondeu é quando isso vai acontecer?

Pelas explicações dadas ontem sobre as razões que levaram o BC a elevar, na semana passada, pela sexta vez consecutiva a taxa de juros, não será no ano que vem que voltaremos a conviver com inflação de 4,5%.

A razão é simples. A receita clássica para domar preços galopantes é uma só: subir juros.

O dinheiro fica mais caro, as pessoas reduzem o consumo e os empresários acabam diminuindo os preços de produtos e serviços, para ver se a turma volta às compras.

Difícil imaginar que em pleno ano eleitoral, Tombini vá apertar ainda mais os juros e afundar de vez o ritmo de crescimento do país.

O BC reconhece que a inflação não dá trégua. Por isso mesmo, considera apropriado elevar os juros em janeiro no mesmo ritmo aplicado neste ano.

Mas o avanço deve parar por aí, ainda que as contas oficiais e do mercado financeiro indiquem mais um ano de preços salgados.

Como existe uma defasagem entre o aumento dos juros e o efeito prático dessa medida na vida das pessoas --algo entre seis e nove meses--, o BC indicou que deve fazer uma parada técnica para avaliar o cenário.

Se as contas do pessoal que cuida de dinheiro estão certas, a paisagem de 2014 não será muito diferente do que temos visto nos últimos anos.