sexta-feira, novembro 25, 2011

Coisa de louco, bebê! - TUTTY VASQUES


O ESTADÃO - 25/11/11


 É grande a torcida entre os fãs de Christiane Torloni para que a personagem da atriz em Fina Estampa acabe a novela de Aguinaldo Silva no hospício. As outras opções do autor seriam matar ou prender a serial killer do horário nobre.
Preparando-se para cometer seu segundo assassinato em dois meses, Tereza Cristina é a típica mulher da alta sociedade na teledramaturgia brasileira: uma histérica que trata o mordomo gay a pontapés, guarda segredos horrorosos de seu passado, se entope de remédio para dormir, expulsa de casa a filha que se recusa a interromper gravidez indesejada, sempre prestes a trair o marido ou a sair no tapa com a mocinha da história.
Não por nada disso em especial, o Ministério da Justiça advertiu formalmente a TV Globo dia desses, reprovando “cenas de prostituição, estigma, preconceito e violência familiar” no núcleo pobre da novela liberada para maiores de 12 anos.
No mais, tem a tia velha meio lésbica, o ex-marido golpista, a garota de programa vidente, o ladrãozinho de motocicleta, o ex-miliciano freelancer, a periguete safada, a médica-monstro, a jornalista mau-caráter, enfim, a maldade de sempre que a gente liga a TV.

FominhaE o Vasco, hein?! Tem cinco titulares comendo a bola para garantir vaga na seleção do campeonato, além de um reserva (Victor Ramos) namorando a Nicole Bahls

Focado nas enchentesO prefeito do Rio, Eduardo Paes, pediu ao carioca para “torcer pra não chover”. Já que vai dar Corinthians mesmo no Brasileirão, né?

Ô, raça!Quando a gente pensa que a torpeza do ser humano passou dos limites nas novelas de TV, o noticiário exibe uma quadrilha que usava dados de vítimas de acidentes aéreos em fraudes do INSS.

EmpreendedorismoCom a aprovação no Senado da proibição em todo o País de áreas para fumantes em locais públicos, os fumódromos clandestinos devem proliferar por aí assim que a lei for sancionada pela presidente Dilma

Um recordeA torcida do Grêmio tem bons motivos para ficar esperançosa. Nas primeiras 24 horas em Porto Alegre, o atacante Kléber não arrumou confusão com ninguém.

Mina de ouro
Rio quer cobrar royalties por sinal de fumaça, incêndio ou explosão de bueiros em todas as grandes cidades do País. Só em São Paulo, nesta semana, foram uns quatro pelos ares.

Reação espetacularMario Negromonte é o ministro da virada! Capaz até de cair antes do Carlos Lupi. Só se fala disso no Palácio do Planalto

Dúvida cruel

Que diabos, afinal, Gerald Thomas anda fazendo que não me dá assunto para piadas? Será que virou um artista sério e reservado?

NOVOS GLADIADORES - ANCELMO GOIS



O GLOBO - 25/11/11

Eike Sempre Ele Batista recebeu esta semana Minotouro e Minotauro, os dois lutadores de MMA, esporte que cresce por aqui na velocidade de um soco destes irmãos gêmeos.O empresário decidiu apoiar um projeto da dupla para treinar jovens carentes.

PLANO DE SAÚDE
Será publicada hoje no DO resolução que garante a quem deixar o emprego o direito de manter o plano de saúde da empresa, desde que assuma a mensalidade integral. Entra em vigor em fevereiro.

À MESA COM SERRA
Jarbas Vasconcelos reuniu num jantar, quarta, uma dúzia de colegas de Senado, de vários partidos, em torno do ex-governador José Serra.

VISITA DE AMIGO
Quem visitou Lula ontem foi o ex-ministro Orlando Silva.

ATENÇÃO, ABL
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, está escrevendo um livro sobre sua carreira.

NOIVADO NA CORTE
A princesa Paola de Orleans e Bragança Sapieha, 28 anos, aquela que posou nua para a revista Trip, em 2003, e causou rebuliço na realeza, ficou noiva do príncipe Constantin Czetwrtynski, belga de nascimento, mas com título de nobreza tcheco.

LAMPIÃO PROIBIDO
A família de Lampião conseguiu na Justiça sergipana impedir, ontem à noite, o lançamento do livro Lampião, o mata sete, de Pedro de Morais, que sustenta que o cangaceiro era gay. Em Aracaju, vivem uma filha de Lampião, Expedita, e netos.

ALIÁS...
O assunto causou uma polêmica arretada. O cineasta Zoroastro Sant’Anna, que faz um filme sobre Lampião, diz que o valentão já foi tema de pelo menos 186 livros, muitos de pesquisadores renomados, e nenhum questionou sua sexualidade. É. Pode ser.

CAETANO ET GADÚ
O jornalão francês Le Figaro cobriu de elogios o CD/DVD ao vivo de Caetano e Maria Gadú. Disse que Caetano, “monstro sagrado, aos 69 anos, poderia descansar sobre os louros, mas continua a avançar”, e fez um belo trabalho “com uma cantora 44 anos mais jovem”.

AQUELE ABRAÇO
Veja como é bom o momento do turismo no país. A equipe de Dilma que chegou quarta ao Rio para preparar a vinda da presidente, hoje, não conseguiu hospedagem em nenhum hotel da capital. Teve de ficar em Petrópolis.

AEROTARTARUGA
Segunda agora, trabalhadores da aviação civil, em campanha salarial, devem iniciar uma operação tartaruga nos aeroportos. O Sindicato Nacional dos Aeroviários promoverá, nesse dia, assembleias itinerantes em todos os terminais Brasil afora. Um prospecto distribuído à categoria já dá instruções como esta: “Operadores de equipamentos, trafeguem com seus tratores na pista, no máximo, a 20km/h.”

Força relativa - ALON FEUERWERKER



CORREIO BRAZILIENSE - 25/11/11


Quando um país decide se meter na vida de outro, sua voz será ouvida na medida dos meios à disposição para fazer valer o que acha.

Representantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China) emitiram ontem em Moscou um comunicado conjunto sobre a situação no Oriente Médio e no Norte da África. 
É movimento com significado político claro: buscar algum protagonismo em cenário até agora dominado pelos Estados Unidos e aliados mais orgânicos. 
O documento reafirma alguns posicionamentos conhecidos, como a oposição a ingerências externas na crise síria e a novas sanções unilaterais ao Irã. 
As posições não são novas mas a reafirmação vem num momento delicado. 
Pois na Síria as condições amadurecem para um desfecho à Líbia. 
E Estados Unidos e Europa escalam pressões contra Teerã, após a Agência Internacional de Energia Atômica ter atestado o que já se sabia: que o “caráter pacífico” do programa nuclear iraniano é para inglês ver. 
Os Brics têm lá seu poder de fogo no terreno diplomático, mas enfrentam uma dificuldade prática. Não parecem contar com as cartas decisivas na manga. 
Se Estados Unidos e Otan mostram disposição crescente para ações militares, é impensável forças russas, chinesas, indianas ou brasileiras em combate na defesa da tirania cleptocrática de Bashar Assad ou do condomínio nuclear entre Mahmoud Ahmadinejad e os aiatolás. 
No limite, é disso que se trata. Quando um país decide se meter na vida de outro, sua voz será ouvida na medida dos meios à disposição para fazer valer o que acha. 
Fora isso, é a diplomacia pela diplomacia. Sujeita à ameaça permanente de atropelamento pela vida real. 
O clima entre Brics e Estados Unidos/Otan já esteve melhor. 
Aqueles consideram que estes usaram a resolução do Conselho de Segurança da ONU para impor pela força a mudança de regime na Líbia. Quando a ideia era só impedir que Muamar Gadafi massacrasse a oposição. 
A Rússia anda inquieta com o escudo antimísseis projetado pelos Estados Unidos na Europa Oriental. Washington diz que é para conter o Irã, mas Moscou enxerga como ameaça a si. 
E ameaça apontar mísseis para o sistema antimísseis. Bem ali ao lado da Polônia. 
E a China não deve ter ficado especialmente feliz com explícita intenção americana de reforçar posições no Extremo Oriente. 
Barack Obama não poderia ter sido mais claro a respeito quando anunciou o estacionamento de marines na Austrália. 

NovoMas pelo menos num aspecto a posição divulgada ontem pelos Brics aproximou-se do que defende Washington. 
Tomar as fronteiras pré-1967 apenas como referência para o desenho dos limites de um eventual Estado Palestino, e não como linhas pétreas. 
O texto é claro. “Os Estados dos Brics apoiam a retomada nas negociações israelense-palestinas para o estabelecimento de um Estado Palestino independente, viável e territorialmente contíguo, com plena soberania no interior das fronteiras de 1967, com trocas territoriais mutuamente acordadas e com Jerusalém Oriental como sua capital.” 
“Trocas territoriais mutuamente acordadas” foi precisamente a carta nova que Barack Obama colocou na mesa quando discursou meses atrás para relançar a estratégia americana para o conflito. 
Uma novidade que nunca constara das posições oficiais brasileiras. Ainda que o Brasil sempre tenha enfatizado, como lembra o Itamaraty, a necessidade de negociações para solucionar os impasses centrais entre israelenses e palestinos. 
O Itamaraty argumenta que comunicados conjuntos não definem políticas nacionais, mas o texto de ontem dos Brics tem originalidade quando analisado à luz do que o Brasil vem dizendo desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu a Palestina nos limites pré-1967. 
A posição brasileira estrita é inaplicável. Um exemplo: pelas linhas pré-1967 o Muro das Lamentações, referência sagrada para os judeus, ficaria sob controle árabe-palestino. E é só um exemplo. Há também novas realidades demográficas a considerar.

GOSTOSA


Tão down - ARTHUR DAPIEVE


O GLOBO - 25/11/11


 lcione Araújo escreveu uma peça ambientada na última noite do Real Astória, leio em “Gente Boa”, a coluna.

“Deixa que eu te ame” estreará em 2012 e terá direção de Aderbal Freire e composições de Edu Lobo. Música sempre foi um prato quente no cardápio do restaurante-bar, que tinha um piano. Por suas mesas circulavam - e circular não é figura de linguagem - Cazuza, Angela Ro Ro, Lobão, Alceu Valença. Atualmente, há uma casa homônima à beira da Enseada de Botafogo. O Real Astória da peça, porém, ficava no Leblon. Na esquina de Ataulfo de Paiva com Aristides Espínola.
Do outro lado do sinal da Pizzaria Guanabara.
Na diagonal do velho Diagonal, hoje Diagonal Grill. Localizou? Vinte passos trôpegos Ataulfo abaixo ainda está o Jobi. Esses eram os limites históricos - ou lendários - do Baixo Leblon.
A festa rolava na área desde os anos 1970, mas só cheguei de Copacabana nos anos 80. Para os mais novos pode ser difícil entender a euforia que tomava o pedaço. A ditadura militar agonizava, o sexo era tecnicamente livre, a droga também. Ninguém imaginava que Tancredo Neves morreria antes da posse, cedendo lugar a José Sarney. Ninguém imaginava que a Aids já desembarcara aqui, “a última moda que chegou de Nova York”, na letra sarcástica de Leo Jaime. Ninguém imaginava que o tráfico “romântico” - retratado em “Meu nome não é Johnny”, livro de Guilherme Fiuza que virou filme de Mauro Lima - assumiria a dimensão de calamidade pública e ameaçaria a própria liberdade que celebrávamos em mesas, calçadas e banheiros do Baixo Leblon.
Nós éramos uns iludidos.
Nunca fui um grande frequentador do Real Astória. Nunca fui íntimo o bastante para chamá-lo de “Rá”. Na época, eu me sentia em casa mesmo era no Luna, meio à parte do Baixo, mais adiante, na Ataulfo de Paiva. Outro bar desaparecido, no qual invariavelmente eu traçava o picadinho à Edu Pinto. Ainda assim, talvez tenha uma história típica do Real Astória para contar. Espero que você não esteja tomando café.
O meu causo ocorreu em 1987. Se tenho tanta certeza do ano é porque ela está associada ao lançamento de “La bamba”, de Luis Valdez. O filme era bem mais ou menos. Contava a história de Ritchie Valens, que pegara uma canção tradicional mexicana e a transformara num dos primeiros hits da história do rocknroll, em 1958.
Chicano do Vale de San Fernando, Los Angeles, Valens não viveria muito para aproveitar o sucesso. Morreria em 3 de fevereiro de 1959, aos 17 anos, no mesmo acidente de avião que vitimou o grande Buddy Holly e Big Bopper Richardson.
A data do desastre em Clear Lake, Iowa, passaria a ser conhecida como “o dia em que a música morreu” a partir de 1971, graças a um verso de “American Pie”, de Don McLean.
No Rio, no final dos anos 1970, começo dos 80, o DJ Eládio Sandoval a tocava quase todas as noites no seu programa na antiga Rádio Cidade, a primeira FM moderna do Brasil. Digressiono, digressiono. “La bamba” era estrelado por Lou Diamond Philips, e o seu ponto forte, claro, era a trilha, na qual o grupo Los Lobos reinterpretava a canção-tema, “Donna” e mais meia-dúzia de músicas da curta carreira de Valens (Brian Setzer e Bo Diddley ajudavam a encher o disco).
Para celebrar a estreia do filme e o lançamento do LP, distribuidora e gravadora se associaram na promoção de uma sessão para a imprensa, seguida de farta boca livre, num dos salões do hotel do Posto 6 que então atendia por Rio Palace.
Eu tinha acabado de tomar um baita pé na bunda. Bebi todo o uísque que os garçons me ofereceram. E garçom de coquetel fareja quem está consumindo mais, de modo ou a acabar logo com o estoque de bebida, e poder ir para casa, ou a pendurar uma conta mais pesada nos organizadores. Lembro-me de um colega dizendo para si mesmo “um homem deve saber a hora de parar”, girar nos calcanhares e ir embora sem se despedir de ninguém.
Eu não soube a hora de parar. Naquela noite, eu era um rato.
Dali do coquetel de “La bamba”, eu e alguns amigos do velho “Jornal do Brasil”, Jamari França, Luiz Carlos Mansur, Marcia Fortes, fomos beber no Real Astória. Já cheguei torto ao restaurante-bar, mas, por isso mesmo e por causa da pérfida criatura da ocasião, continuei entornando. Não me lembro o que comemos. Coisa leve não foi. Gosto de acepipes light, tipo provolone à milanesa. Claro que comecei a passar mal, muito mal. Bateu a vontade de chamar o Raul. Na ausência dele, fui de Cazuza, do verso em “Down em mim”, aquele do “banheiro é a igreja de todos os bêbados”.
Dividi o recinto com um sujeito que cheirava pó na pia. Vendo meu estado, ele ficou condoído e me ofereceu uma cafungada “para cortar o porre” ou coisa parecida. Um resquício de lucidez me fez perceber que aquilo não daria certo. Agradeci, declinei a oferta e voltei para a minha mesa com a dignidade possível. O sujeito veio atrás, realmente preocupado, e avisou aos meus amigos que eu precisava de cuidados.
Mansur me botou num táxi. Eu botei os bofes janela afora da Ataulfo até a Miguel Lemos.
No decorrer da vida, o vômito se fez presente em noites quentes de verão, em que eu andava tão down e não conseguia dizer o que desejava para as moças. Qualquer psicanalista de porta de inconsciente mataria essa interpretação dos pesadelos. Desprezado, eu virava um Wittgenstein emético, alterando sua famosa frase contra a tentação metafísica para “sobre o que não se pode falar, deve-se vomitar”.

Sem partir do zero - MARCIA PELTIER



JORNAL DO COMMÉRCIO - 25/11/11
O presidente do PT, Rui Falcão, convidou representantes da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Aner (Associação Nacional dos Editores de Revista) para conhecer nesta sexta, em São Paulo, o posicionamento dessas entidades sobre o marco regulatório da comunicação. Ele irá ouvir que as associações não consideram necessário criar uma nova legislação no setor, mas apenas atualizar alguns pontos. E fazer valer o que garante a Constituição: Abert e ANJ estão bastante incomodadas com o desrespeito ao teto máximo de 30% da participação de capital estrangeiro no país.

Ressalvas 


As três entidades se apressam em reconhecer que há necessidade de novas regras no que se refere à internet, porém estritamente ligadas à atividade empresarial de comunicação nessa nova mídia. Ninguém quer criar normas para reprimir blogueiros.

Eixo econômico 

São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília estão entre as dez melhores cidades da América Latina para se fazer negócios. Os dados são do ranking de Competitividade Urbana, elaborado anualmente pela AméricaEconomía Intelligence. O primeiro lugar ficou com Miami, que entra no levantamento por ser o principal destino para a realização de negócios dos executivos latino-americanos.

Para solteiros 

Segunda mais bem colocada da lista, São Paulo obteve 89,4 pontos entre os 100 possíveis, com nota máxima na categoria marco e dinamismo econômico. O Rio manteve a 5ª colocação, com 79,1 pontos. A cidade também foi apontada como a melhor para se viver entre os executivos solteiros e a segunda opção para jovens entre 26 e 35 anos.

Gay e trash 

Além do frisson provocado pela presença na cidade do ícone pornô François Sagat – que está hospedado no Arpoador Inn e foi visto, nesta quinta, já totalmente integrado ao clima da Farme de Amoedo – o Festival Mix Brasil promete boas risadas na segunda-feira. Ainda há tempo de inscrever no Estação Sesc Botafogo filmes caseiros e amadores, de preferência de curta duração, para o Show do Gongo, a partir das 20h na Sala Baden Powell. Marisa Orth é quem vai comandar a reação da galera e eleger o menos pior.

Samba com piadas 

A atriz Antonia Fontenelle promete revolucionar seu reinado à frente da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel já a partir da festa de coroação, dia 10 de dezembro. Além da tradicional feijoada, Antonia, que queria ter uma atração a mais na quadra, escalou seu amigo, o comediante Leandro Hassum, para fazer um pocket-show. Leandro desfilou ano passado na escola no papel de Baco.

Em alta 
O empresário autraliano Simon Baker, um dos maiores especialistas mundiais no campo da publicidade online no mercado imobiliário, vai desembarcar no Rio. Ele virá para o lançamento do site VivaReal, que está investindo pesado no Brasil com serviço de compra, venda e aluguel de imóveis residenciais, comerciais e para temporada. A empresa de Simon, a iProperty, faturou em um único ano US$ 1,5 bilhão. Na próxima terça-feira, ele dará palestra na Bolsa de Valores do Rio. Os ingressos custam R$ 85.

Produção hermana 


Entra hoje em cartaz no Rio o filme Dawson Ilha 10, primeira co-produção entre Brasil, Chile e Venezuela. O longa conta a história do maior campo de concentração da ditadura chilena no governo Pinochet e foi necessária a intervenção da então presidente Michelle Bachelet para que a Marinha autorizasse as filmagens nas locações reais. O filme foi visto por mais de 500 mil chilenos, apesar dos protestos da direita. A película concorreu ao Oscar de 2010 de melhor filme estrangeiro, mas perdeu para O Segredo dos seus olhos.

Controlado 


O ex-senador e ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara, 68 anos, fez valer seu direito à gratuidade nos transportes públicos cariocas. Ele foi visto embarcando no ônibus da linha 1 do Metrô Rio, no Leblon. Após ter pago o bilhete, deu-se conta de que poderia, pela idade, economizar os R$ 3,10 da passagem. Abordou a cobradora, que prontamente lhe devolveu o dinheiro. 

Nova geração 
Quem passa o fim de semana no Rio é o japonês Yohei Sasakawa, embaixador da OMS para a Eliminação da Hanseníase. Ele virá para promover um momento histórico na garantia dos direitos humanos dos leprosos no país. Sábado, no Hospital Estadual Tavares de Macedo (Itaboraí), ele participará de um encontro com filhos que foram separados de seus pais doentes nos antigos hospitais-colônia e entregues à adoção. O Brasil foi o segundo país a indenizar as pessoas segregadas durante o isolamento compulsório de pacientes e poderá ser o primeiro a estender a medida aos filhos que foram separados de seus pais durante essa fase. Elke Maravilha, voluntária da causa, estará no encontro.

Livre Acesso

Vencedor na categoria Crônica, Marcos Eduardo Neves recebe o prêmio literário do concurso Abrames (Academia Brasileira de Médicos Escritores) 2011 nesta sexta-feira, às 16h, no Cremerj, na Praia de Botafogo. O concurso deste ano abriu premiação especial para não-médicos.

A festa LUV comemora seus três anos no circuito carioca, nesta sexta, em novo local, no Vidigal. A Luvidigal terá Marcelo D2 como DJ e Akira Presidente como o MC da festa.

O encerramento do XI Petrópolis Gourmet será neste sábado, no Palácio de Cristal, onde será realizado o desfile de moda Petrópolis Fashion View Senac Rio que homenageia Milão, inspiração gastronômica do evento. Depois da passagem das modelos, os 24 chefs vão subir à passarela e fechar o desfile.

O cantor Márcio Ivens, que fez carreira em Portugal, se apresenta neste sábado no Palácio São Clemente, às 18h, com o recital Como antigamente. Na segunda-feira, lança o CD Márcio Ivens – 40 anos de Portugal, no Instituto Cultural Cravo Albin, na Urca.

O chef e fotógrafo Alex Herzog, do IN HOUSE Café-Bistrô, homenageia a Catalunha com Festival de Tapas e exposição fotográfica De Barcelona à Provence, um olhar gastronômico. A exposição e o menu ficam na casa até o dia 11 de dezembro.

Coordenador do departamento de prótese da UERJ, William Frossard fala sobre reabilitação oral nesta sexta-feira, em congresso em Porto Alegre.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia promove neste sábado sua Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele. Em 2010, 63% das pessoas disseram se expor ao sol sem nenhum tipo de proteção. O câncer da pele é ainda o mais incidente no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores malignos.

Tiro ao alvo - CAROLINA BAHIA



ZERO HORA - 25/11/11
Os ministros Mário Negromonte (Cidades) e Carlos Lupi (Trabalho) estão marcados na testa. Sem desempenhos brilhantes, fecharão 2011 sob uma enxurrada de denúncias. Os dois já estão arrumando as gavetas porque sabem que serão defenestrados na reforma ministerial. Nem as bancadas no Congresso estão unidas para salvá-los. No PDT, as articulações são tímidas. No caso de Negromonte, o fogo amigo é escancarado. Dentro do PP, não há dúvida de que as acusações partiram de progressistas em campanha para derrubá-lo. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) já está monitorando a bancada. A legenda continuará governista, mas deve perder o Ministério das Cidades, filé que será oferecido ao PSD.

Míngua
Líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) articulava a possibilidade de votar a Emenda 29 para facilitar o trâmite da DRU no Senado, quando recebeu ordens para cessar as negociações. A presidente Dilma enviou este recado: "DRU em primeiro lugar e nada mais". Revoltado, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS, foto) pretende reunir 5 mil pessoas rumo ao Congresso na próxima quarta pedindo mais verba para a saúde.

Magoei
José Serra está extremamente magoado com o PSDB gaúcho. Ele não gostou da recepção de luxo oferecida ao Senador Aécio Neves e mandou recado às lideranças tucanas.

Torcida organizada
A família Covatti está em campanha a favor de Ana Amélia Lemos para o Piratini. No Congresso, o deputado Vilson anda empolgadíssimo. A Senadora, aliás, vestiu mesmo a camisa de candidata. Em encontro com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), fez críticas ao governador Tarso Genro pela falta de repasses para a saúde.

JOGO RÁPIDO
Ministério do Desenvolvimento Agrário perde poder e corre o risco de ser engolido pela pasta da Agricultura na reforma ministerial. Jair Bolsonaro (PP-RJ) passou de todos os limites. É impossível que o eleitorado conservador continue afiançando a ignorância.

Emprego: por fora, bela viola - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 25/11/11


Taxa de desemprego ainda está na baixa histórica, mas outros dados sobre trabalho pioram com muita rapidez


FOI BAIXO, "foi recorde de baixa" e foi bom enquanto durou, mas o desemprego deve subir, daqui em diante. Por fora, quando se leva em conta apenas a taxa de desemprego da pesquisa do IBGE, divulgada ontem, o número de 5,8% ainda é um espanto. Por dentro da pesquisa, os dados já parecem algo bolorentos.

Desde agosto, pelo menos, há um mergulho muito rápido, para o zero, do ritmo de aumento da ocupação, da renda média do trabalho e da massa salarial. O tombo ficou mais evidente em outubro.
O mais notável foi a queda do rendimento do trabalhador.

Em outubro, foi 0,3% inferior a outubro de 2010. Comparados mês ante mês deste ano em relação ao ano anterior, é a primeira queda desde janeiro de 2010. A massa salarial, a soma dos salários, cresceu 0,9%, na mesma comparação.

O crescimento da população ocupada foi o menor do ano, de 1,5% (ainda sobre outubro de 2010). Até agora, o ritmo médio do ano era de 2,2%. Os dados dos últimos três meses sobre a ocupação, quando descontadas as influências típicas do período e extrapoladas para um ano inteiro, indicam que o crescimento da ocupação está perto de zero.

No resultado efetivo do ano, o desempenho da ocupação ainda será bem decente, com crescimento provavelmente em torno de 2,2%. No ano excepcional e insustentável de 2010, a ocupação subiu 3,5%.
O desempenho por grandes setores da economia é bem diferente. A ocupação no setor de serviços cresce ao triplo da velocidade registrada na indústria, por exemplo.

Mas note-se que:

1) A indústria não apanha apenas devido às pressões domésticas que abafam o crescimento, mas também por causa do câmbio, do real forte, que encarece seus produtos e barateia os importados;

2) O setor de serviços em geral demora mais para reagir ao esfriamento da atividade econômica. Mas já começou a reagir, desaquecendo.

Os dados do IBGE vêm confirmar o desaquecimento verificado nos números do Caged, o registro das contratações e demissões em postos de trabalho com carteira assinada. O outubro de 2011 do emprego formal foi, em termos relativos, tão ruim quanto o 2003, um ano de estagnação da economia.

É um cenário de desastre? Não, mas de deterioração rápida de um quadro em geral bom, dado o histórico do emprego no Brasil nas últimas três décadas. Além do mais, os ventos contrários para o barco do emprego serão atenuados pelos aumentos do salário mínimo e dos benefícios sociais, em janeiro.
Além do mais, o Banco Central vem afrouxando o crédito.

A dúvida maior está no tamanho da frente fria que virá da Europa e, talvez, do resto do mundo em desaceleração. Os primeiros ventos gelados estão chegando apenas agora ao Brasil. E a Europa ainda vai piorar durante o ano que vem.

Enfim, cabe um registro histórico, digamos, a respeito das análises sobre a "explosão" de salários que a gente ouviu muito até setembro.

Haveria tantos aumentos salariais que a inflação sairia do controle, se dizia. Pode até ter havido aumentos reais fortes para alguns sindicatos. Mas o número de pessoas que os recebe tende a ser cada vez menor. Na verdade, o desemprego está para aumentar. Houve certa histeria com emprego e inflação.

Exame do exame - SONIA RACY



 O Estado de S.Paulo - 25/11/2011


O caso de Gil Rugai pode ter uma reviravolta e ainda adiar seu julgamento, marcado para o dia 12. Advogados do jovem acusado de matar pai e madrasta, em 2004, questionam na Justiça possível “crime de falsa perícia” do Instituto de Criminalística.

A defesa afirma que o confronto entre o sangue de Gil com o encontrado no local do crime pode “nunca ter sido feito”. Mesmo o IC tendo emitido laudo – incluído nos autos – afirmando sua realização e também o resultado.

Exame 2
Marcelo Feller, advogado, sustenta que a suspeita de falsidade se baseou nos lacres que vedam as amostras colhidas na cena do assassinato.

“Se o material tivesse sido analisado, seu lacre inicial deveria ter sido rompido e, depois de manipulado, lacrado novamente com outra numeração. Mas o número que vimos semana passada é o mesmo de antes da referida perícia.”

Via juiz, Feller pede esclarecimentos ao Instituto.

Tipo exportação
Com a arte brasileira bombando aqui e no exterior, 16 galerias nacionais participarão da Art Basel Miami, que começa dia 1º. Número recorde, segundo dados do Projeto Brasil Arte Contemporânea, criado pela Apex.

Consta que o setor exportou, até setembro, nada menos que US$ 35 milhões – o equivalente ao total do ano passado.

Fôlego, Netinho
Apesar da troca de elogios, Haddad ouviu de Renato Rabelo, em jantar anteontem, que o PC do B terá candidatura própria à Prefeitura de SP – assim como muitos partidos da base aliada.

Nem tão verde
Marina Silva estava visivelmente abatida, quarta-feira à noite em Brasília.

Entre amigos, a ex-senadora desabafou: “Ver ruralista comemorando um relatório do nosso companheiro Jorge Viana. que decepção!”

Figurinhas
Depois de reunião, anteontem na Esplanada, Mendes Ribeiro e seu par argentino, Julián Domínguez, trocaram impressões sobre as capitais dos dois países.

Mais precisamente, o entorno empobrecido de Buenos Aires, cada vez mais parecido com o de Brasília.

Neymar es nuestro
Além de deter o uso exclusivo da imagem de Neymar no mundo, o Banco Santander ajudará o craque a montar a Fundação Neymar. Voltada a crianças carentes. O contrato com o jogador vai até 2014, mas o banco garantirá a fundação até 2017.

Governança nuestra
Antes de anunciar apoio ao Santos, para manter Neymar no Brasil (conforme antecipado, ontem de manhã, pelo blog da coluna), D. Emilio Botín visitou Brasília.

Foi encontrar Dilma e Alexandre Tombini, do BC, no fim da tarde de terça. Durante a conversa, além de versar sobre a crise na Europa, o banqueiro reafirmou sua total confiança no Brasil.

Governança 2
Botín fez questão de explicar o modelo de governança do Grupo. A instituição trabalha com subsidiárias, não por meio de filiais. Isso permite, segundo ele, um modelo de negócios diversificado e menos vulnerável. A grande diferença estaria na independência de cada unidade espalhada pelo planeta.

Consta que ambos os brasileiros gostaram do que ouviram.

De peso
Itamaraty e Faap fazem seminário fechado, em Sampa, dia 6. José Vicente Pimentel, do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, conduzirá os debates. Rubens Ricuperoe Sergio Amaraltirarão as conclusões.

Sinal dos tempos: agora, a Casa de Rio Branco discute sua agenda com a sociedade.

Dólar pode frustar meta de inflação - FERNANDO TRAVAGLINI



 Valor Econômico - 25/11/2011

O dólar fechou novamente em alta ontem, de quase 2%, cotado a R$ 1,892. No mês, a moeda acumula valorização de 11% e já devolveu toda perda de outubro, ficando bem próxima da máxima do ano (no dia 22 de setembro fechou a R$ 1,895). A permanecer nesse patamar por um período mais longo, como parece ser o caso, dada a interminável crise europeia e a queda nos preços das commodities, a inflação dificilmente permanecerá dentro da meta estipulada pelo governo neste ano, segundo especialistas.

Como se sabe, o objetivo do Banco Central é entregar a inflação em 4,5%, com uma tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo - podendo chegar, portanto, a 6,5%. O mercado acreditava, até sexta-feira, que o IPCA encerraria dezembro em 6,48%. Mas a atual puxada do dólar, que já poderia até ser chamada de "overshooting" - o segundo em um intervalo de apenas três meses -, certamente terá impacto nos preços domésticos.

"A elevação do câmbio nos últimos dias não chega a assustar, mas a persistência de um patamar mínimo de R$ 1,80 próximo do Natal poderá ser o determinante para a inflação estourar o limite superior de 6,5% do regime de metas de inflação", diz Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora.

Segundo ele, a contaminação do câmbio na inflação brasileira gira em torno de 3%, em um período de pelo menos seis meses. Se a cotação média ficar em torno de R$ 1,75, por exemplo, o IPCA ganharia algo na casa de 0,09 ponto percentual - considerando as previsões anteriores para a moeda americana. O nível é pequeno, mas suficiente para levar o indicador a estourar o teto.

E a cotação de fato caminha para esse nível médio. O câmbio dos primeiros oito meses do ano, até agosto, foi de R$ 1,62, em média. A partir daí, houve a alta acentuada de setembro, agora seguida por outra valorização rápida da moeda americana. A média dos últimos três meses já está ao redor de R$ 1,77.

Ontem foi um dia de pouca liquidez no mercado de câmbio, devido ao feriado americano de Ação de Graças, e qualquer movimentação mais expressiva tem o poder de mexer fortemente com a cotação. E foi o que ocorreu, segundo operadores.

A procura por proteção cambial de empresas e bancos aumentou nos últimos dias, à medida que a tendência de alta se mostra mais persistente. Houve ainda certa saída de recursos por parte de investidores, em meio ao aumento da aversão ao risco mundial.

O resultado foi uma demanda relativamente elevada, em dia de fraca oferta, o que puxa o preço da moeda para cima, diz José Carlos Amado, operador de câmbio da Renascença Corretora. Ele lembra que quando a divisa chegou a cotação semelhante em setembro, o BC deu as caras no mercado, oferecendo liquidez para quem precisava de hedge no mercado futuro. "A crise na Europa, os juros em queda, tudo favorece a apreciação do dólar", diz. "Não dá para apostar no real."

O dólar em alta é mais um componente do complicado cenário para a reunião do Copom da próxima semana. As especulações em torno do encontro estão bastante elevadas. Ao contrário do encontro anterior, voltou a ocorrer a famosa divisão entre economistas e tesoureiros. Os primeiros continuam apostando em queda de 0,5 ponto percentual, enquanto os operadores só têm uma dúvida: redução de 0,75 ou de 1 ponto.

Na dúvida, apostam nas duas chances. A movimentação no mercado de opções de juros reflete essa tendência. Nesse tipo de operação, o aplicador paga um prêmio pequeno acreditando em corte de juros superior a 0,5 ponto. Caso o corte seja de 0,75 ganha um pouco. Se for de 1 ponto, ganha ainda mais. Se o BC mantiver o "ajuste moderado", perde apenas o prêmio.

Com inflação ou sem inflação, com discurso ou sem discurso da autoridade monetária (teoricamente em período de silêncio pré-Copom), o mercado está mesmo preocupado é com o PIB. Os operadores acreditam que é isso que move a política monetária do governo Dilma Rousseff. E a piora na Europa, com reflexos na China, deu a receita para uma desaceleração mais forte da atividade, já em andamento. E a reação, como a própria presidente afirmou ontem, em Brasília, passa pela política monetária.

A consequência foi uma queda ainda mais acentuada ontem dos contratos de juros futuros negociados na BM&F - que sinalizam a expectativa dos agentes para os próximos passos do BC, onde o corte de pelo menos 0,75 é dado como certo.

Via juros ou via opção, fica clara a euforia do mercado. Ninguém quer ficar para trás, como ocorreu em agosto, quando apenas alguns apostaram em corte mais acentuado. Isso, evidentemente, tem acelerado as apostas em uma atuação mais "dovish" do BC. A senha definitiva pode vir dos discursos do presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini.

GOSTOSA


É o emprego crescendo - CELSO MING




O Estado de S.Paulo - 25/11/2011


Os números macroeconômicos apontam para algumas divergências quanto ao rumo da economia brasileira em meio a esta crise global.

Há, por exemplo, indicações de que a atividade econômica se encontra em desaceleração, como demonstraram os últimos levantamentos do Índice de Atividade Econômica do Banco Central e o estoque do crédito – que já não cresce com a mesma força de há alguns meses, embora isso também tenha tido a ver com a greve dos bancários, que reduziu o fluxo dos financiamentos.

Em geral, os números da indústria também capengam. A produção automobilística, por exemplo, diminuiu 19,7% no mês de setembro. Além disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quinta-feira os últimos dados de sua Sondagem Industrial. Em outubro, ficou nos 48,8 pontos. Esse índice varia entre 0 e 100 pontos e, quando está abaixo dos 50, aponta atividade negativa. A mesma metodologia mostrou queda na utilização de capacidade instalada no Brasil dos já baixos 45,0 pontos, em setembro, para 43,9, em outubro.

Em compensação, a Balança Comercial vai dando show em plena crise global. Em 12 meses terminados em outubro, as exportações avançaram 20,5% e as importações, 19,5%. No início do ano, o Banco Central projetava para 2011 um saldo comercial de US$ 11 bilhões. O resultado deve ficar acima do dobro, entre US$ 24 bilhões e US$ 25 bilhões. O mesmo se pode dizer do Investimento Estrangeiro Direto (IED), para o qual o Banco Central previa entrada líquida de apenas US$ 45,0 bilhões. O volume final ficará ao redor dos US$ 65 bilhões.

E nesta quinta saiu o raio X do desemprego do País em outubro, exposto no gráfico. Anunciou-se desocupação de 5,8% da População Economicamente Ativa (PEA), melhor índice desde dezembro de 2010.

Esse número explica muita coisa da atual trajetória da inflação. Os especialistas têm lá suas divergências, mas geralmente concordam em que, no Brasil, um índice de desemprego abaixo de 6,5% deixa de ser neutro em relação à inflação.

O IBGE apontou nesta quinta-feira que o rendimento real dos trabalhadores com carteira assinada subiu 11% em 12 meses. Como o salário mínimo terá reajuste de nada menos que 14% em janeiro, a massa salarial tende a crescer e a ajudar a sustentar a demanda interna, grande responsável pelo salto de 9,34%, em 12 meses, dos preços dos serviços (até outubro).

Por falar nisso, a novidade no arranjo da economia brasileira é o forte avanço desse setor: 49% do IED em 2011 vieram para serviços (telecomunicações, comércio, produção e distribuição de energia, serviços financeiros, etc.). Crescem com vigor a construção civil, áreas de assistência técnica, call centers e transportes.

Isso cobra seu preço especialmente para a indústria, que vai perdendo participação relativa no produto nacional. Mas, para o bem e para o mal, esta é uma tendência clara deste momento da economia brasileira. Em outubro, a indústria (mais as atividades de extração) utilizava 16,3% da população ocupada. Enquanto isso, todo o setor de serviços ficou com 83,3%.

Confira
Não e não. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, segue intransigente na rejeição sumária das propostas de instituição do Eurobônus – título que, em princípio, agrada ao mercado financeiro. Serviria para financiar despesas públicas de todos os países do bloco do euro em forma solidária. E teria o mérito de criar mecanismos institucionais de controle das dívidas. Merkel insiste em que o Eurobônus enfraqueceria todos.

Reformas. Ela está agora dando prioridade à reforma dos tratados da área do euro, cuja espinha dorsal implica controles dos orçamentos nacionais por um poder central.

Comprido demais. O problema é que esses tratados supõem longa negociação e, provavelmente, terão de ser submetidos ainda a referendos em cada um dos países-sócios do bloco, cujos resultados são uma incógnita. É um processo demorado demais diante da urgência de soluções rápidas que a crise está exigindo.

Recuo - ILIMAR FRANCO



O GLOBO - 25/11/11

O governo Dilma desistiu de apensar a proposta de prorrogação da DRU aprovada na Câmara à que está em tramitação no Senado. O objetivo era ganhar tempo, mas o Palácio do Planalto está com medo de um imbróglio jurídico. A oposição ameaçava entrar com um mandado de segurança no STF questionando a manobra. Com isso, o segundo turno de votação, em plenário, deve ocorrer no dia 20, dois dias antes do recesso legislativo.

Paranoia e constrangimento
No último dia 15, o assessor do vice Michel Temer, o jornalista Márcio Freitas, embarcou a trabalho para Beirute (Líbano), via Frankfurt (Alemanha). Ao desembarcar no aeroporto alemão, ao passar pelo raio-X, foi parado. A área foi isolada, não o deixaram abrir a mochila, e um especialista do esquadrão anti-bombas foi acionado. O expert chegou, abriu cuidadosamente a mochila e constatou que aquilo que suspeitavam ser explosivos eram simplesmente três carregadores de celular e iPad. Freitas perdeu a conexão e só conseguiu embarcar nove horas depois para o Líbano, onde o vice Michel Temer tinha agenda oficial a cumprir.

"Não podemos fazer acordo, porque a oposição pode não querer um acordo. Não tem dinheiro para dar 10% para a Saúde” — Romero Jucá, líder do governo no Senado (PMDB-RR), sobre a votação da DRU

QUEM DIRIA. Relator do Código Florestal, o senador Jorge Viana (PT-AC) virou um forte concorrente ao prêmio Motosserra de Ouro, do Greenpeace, depois de fazer concessões aos produtores rurais em seu parecer. “A primeira versão do relatório do Aldo Rebelo era melhor do que o do Jorge Viana, porque pelo menos proibia novos desmatamentos nos próximos dez anos”, disse o coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, Nilo D´Ávila.

Torneira fechada
A tendência do governo é conceder apenas um reajuste de 5,2% para ministros dos tribunais superiores, desembargadores e juízes. Os servidores do Judiciário pedem um aumento salarial de 56%, enquanto os juízes reivindicam 15%.

PT x Haddad
Se depender do ministro Fernando Haddad (Educação), seu sucessor será seu secretário-executivo, Henrique Paim. O comando do PT, no entanto, tem outros planos para a pasta e vai tentar emplacar a senadora Marta Suplicy (PT-SP).

Michel Temer teve de entrar em campo
No meio da apresentação da candidatura de São Paulo para sediar a Expo Mundial em 2018, quarta-feira, em Paris, o vice Michel Temer recebeu um telefonema do Palácio do Planalto. Pediram que ele interviesse porque os senadores do PMDB decidiram retaliar o STF por este estar impedindo a posse de Jader Barbalho. Eles não queriam aprovar o nome da nova ministra, Rosa Maria Weber. Depois de conversar com vários deles, a rebelião foi contornada, e a sabatina, marcada para quarta-feira.

Na gaveta
O governo brasileiro só vai licitar novas áreas de exploração de petróleo no país depois que o Congresso aprovar a lei de redistribuição de royalties e a criação da nova empresa estatal do setor, que vai operar na área do pré-sal.

Tucano preso
Subchefe da Casa Civil no governo José Serra, em São Paulo, e integrante da direção nacional do PSDB, João Faustino foi preso ontem, em Natal (RN), pela operação Sinal Fechado da Polícia Federal, que investiga fraudes no Detran local.

INVESTIGAÇÕES da CGU estão comprovando a maioria das denúncias no Dnit e na Valec que derrubaram o ex-ministro Alfredo Nascimento e o ex-diretor Luiz Antonio Pagot.

PETISTAS da Câmara trabalham pela reaproximação do líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Dizem que está “bem encaminhada”.

O SENADOR Luiz Henrique (PMDB-SC) está em alta no Planalto. Relator na CCJ do Código Florestal, ele costurou com os ruralistas a aprovação de mudanças de interesse do Ministério do Meio Ambiente.

O mar é nosso - BARBARA GANCIA


FOLHA DE SP - 25/11/11

É bom lembrar da agonia em que se encontra a indústria do tabaco depois de décadas mentindo ao público


É preciso Texaco para aguentar a malandragem da Chevron.

O muy amado leitor deve lembrar, durante o vazamento cau­sado pela BP no Golfo do México, de ter sido submetido diariamente às imagens de gringo obeso tentando limpar ora a garça, ora o ganso, ora o pato recobertos de petróleo e de ter pensado na época: "Imagine se isso acontece com a gente, teremos de importar gringo forte e bem-dis­posto para dar conta de limpar tan­ta ave".

Quando a Chevron-Texaco nos informa de que foram disponibili­zados vários navios para ir até o va­zamento e nos damos conta de que, na verdade, zero navios foram en­viados, ou quando percebemos que eles falam em xis barris e nós vemos que são xis barris vezes mil que va­zaram e que o tamanho da mentira também é proporcional, quando is­so acontece, automaticamente duas palavrinhas vêm à tona: Bho­pal e Seveso.

Em 1984, extraordinárias 40 to­neladas de gases tóxicos vazaram de uma unidade de produção de fertilizantes da Union Carbide em Bhopal, na Índia. Foram 27 mil mortes e 150 mil sequelados. Até hoje, a Dow Chemical, que com­prou a Union Carbide, não se mani­festa sobre o assunto. Aliás, eles não só não falam, como tentaram enco­brir a verdade inventando que ti­nha sido ataque terrorista, depois, na outra semana, acidente, depois que um funcionário tinha sentado sem querer em um botão de "on-off", esse tipo de coisa.

O desastre de Seveso, na Itália, em 1976, foi nos mesmos moldes, me­nos o drama da perda de vidas.

Ninguém sabe de que forma a contami­nação afetou a cadeia alimentar. Ao todo, contaram 10 mil animais sacrificados e a certeza de que a Ic­mesa, a petroquímica suíça res­ponsável, estava fazendo em solo estrangeiro experimentos que não queria conduzir em seu país por medo de contaminar rios, solo e tu­do mais que nos é tão caro a ponto de, no nosso caso, termos esses símbolos registrados na bandeira.

Representantes do setor petrolei­ro criticaram o que chamaram de "maneira passional" com que o go­verno está lidando com o vazamen­to. Bem, que eu saiba, todos somos particularmente passionais quan­do se trata de petróleo. No meu caso específico, esta é a semana do ano mais lambuzada de petróleo.
Explico: petróleo lembra posto de gasolina, que lembra carro, que lembra carro de corrida, que lem­bra GP Brasil de F-1, que lembra Piero Gancia, que a mim lembra tu­do de bom que existe na vida. Está vendo só como carro faz a gente ser passional? Todo brasileiro gosta, já dizia aquele anúncio.

O desenvolvimento do país foi im­pulsionado pela indústria automo­bilística. Está aí a trajetória do ope­rário Luiz Inácio Lula da Silva para provar. Não podemos cometer o pecado de desprestigiar o automó­vel, desconhecer a história do país, de desconsiderar todas as ou­tras coisas para as quais o petróleo é usado além de fazer gente egoísta fechar pedestres e ciclistas no trân­sito. Não podemos não levar em conta a riqueza e o emprego que ele vai gerar. Mas que não venham nos tratar com a irresponsabilidade posta em prática pela Chevron-Texaco.

É bom ter em mente o poço de agonia em que se encontra agora a indústria do tabaco depois de déca­das de mentiras deslavadas ao pú­blico, não é mesmo, dona Che­vron-Texaco?

A multa deve ser multimilionária para que tenha efeito profilático. E vamos logo tratando de criar um prêmio igualmente cheio de ci­frões para dar a quem desenvolver a tecnologia que acabe com esse ti­po de desastre.

Longa jornada - MIRIAM LEITÃO



O GLOBO - 25/11/11

A Bélgica, cuja capital é Bruxelas, sede administrativa da União Europeia, não tem governo há 18 meses e pode se desfazer. Isso não afeta os outros países, mas é emblemático do que se passa na região. A crise esta semana deu um passo assustador: aproximou-se do país mais forte ao fracassar um leilão de títulos lançados pela Alemanha. Já fazem cenários de implosão da Zona do Euro.

O economista Márcio Garcia, da PUC-RJ, diz que há discussões no mercado sobre como deverá ser a “redenominação” dos títulos soberanos. Em outras palavras, começa-se a pensar no impensável: o que fazer com os títulos dos países mais fracos, na hipótese do fim da Zona do Euro? Se acabar a união monetária, ou alguns países saírem, em que moeda vão se transformar os títulos emitidos em euro? E nesse caso de “divida soberana” quem é o “soberano”: a União Europeia ou o país que sair do padrão monetário?

Franklin Trein, coordenador do Programa de Estudos Europeus da UFRJ, acha que é trágica a hipótese de fim da União Europeia e pensa que não existe recuo estratégico nesse caso; se houver retrocesso na união monetária é o próprio projeto europeu que será desfeito:

— A Europa teve três guerras em 70 anos. No final do século XIX e as duas mundiais. Nesses conflitos, França e Alemanha se enfrentaram nos campos de batalha. Foi por isso que desde o pós-guerra começou a ser construído o projeto.

Entrevistei Trein e Garcia no Espaço Aberto, da Globonews. O economista mostrou os sinais no mercado de que a hipótese de saída de países da Zona do Euro começa a ser cada vez mais considerada; Trein falou sobre os riscos desse cenário. Política e economia tentam se equilibrar mas na verdade entraram num círculo vicioso, em que quanto mais piora a economia mais surgem problemas políticos, e impasses políticos aprofundam a crise. Oito governos já mudaram, sem contar a Bélgica.

O tema que sintetiza o dilema europeu foi colocado esta semana na mesa: emitir ou não bônus europeus que substituiriam títulos de países endividados. O grande opositor dessa ideia é a Alemanha e ontem os parlamentares do CDU, o partido da democracia cristã, de Angela Merkel, o porta-voz do partido e o ministro da Economia repetiram que são absolutamente contra esse caminho.

No eurobônus está o dilema de aprofundar ou não a união monetária. A região criou uma moeda única para 17 países, mas não criou um orçamento fiscal único, regras obrigatórias de austeridade. Estabeleceu parâmetros que não foram seguidos, de 3% de déficit e 60% de dívida/PIB como tetos. A União facilitou o endividamento e alimentou a ilusão de igualdade entre desiguais.

A proposta do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, de criar títulos públicos unificados, encontra forte resistência também de holandeses e finlandeses. Emitir eurobônus significa dividir o risco entre todos. Como no início da criação do bloco, novamente o governo grego pagaria a mesma taxa de juros do governo alemão. E agora o temor é que, em vez de reduzir o custo dos gregos, eleve o preço a ser pago pelos alemães.

Os alemães acham que esse título só pode ser criado se houver instrumentos de intervenção nas contas dos países. Isso significa mais poder para os países mais fortes e perda de soberania dos 17 Estados que compõem a Zona do Euro.

O português Manuel Barroso argumenta que o simples anúncio da criação dos títulos acalmaria o mercado e inverteria a tendência de alta dos juros de Espanha, Itália e França, países grandes demais para serem socorridos.

Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC, a criação de eurobônus não aconteceria em tempo de conter a crise.

— A criação de um bônus em comum é mais compatível com um bloco que possui moeda única. Mas estes títulos unificados exigiriam um orçamento fiscal único. É um processo mais longo de implementação e o problema na Europa é emergencial.

Thadeu enxerga como única saída rápida o anúncio oficial do Banco Central Europeu de que vai comprar ilimitadamente títulos públicos de Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, para que eles rolem suas dívidas a taxas de juros menores.

Mais uma vez, há oposição alemã, que exige, antes, que os países coloquem as contas em ordem e alerta que o BCE não é o emprestador de última instância. O economista Alexandre Schwartsman explica que a medida seria rápida, porque não exigiria mudança nos tratados da Zona do Euro, mas também significaria um retrocesso:

— Já vimos isso no Brasil. Aqui, durante muito tempo houve um orçamento monetário (uma espécie de orçamento paralelo); os limites entre Tesouro e Banco Central eram pouco definidos. Tivemos a conta-movimento (conta conjunta entre BC e BB). Institucionalmente seria um retrocesso, porém, essa é uma saída rápida.

Schwartsman lembra que apagar o incêndio resolve apenas parte do problema. Será inevitável enfrentar os problemas estruturais.

Há vários cenários pela frente; todos eles, no entanto, indicam que a Europa está numa longa jornada noite adentro. Um período prolongo de recessão.

GOSTOSA


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO



FOLHA DE SP - 25/11/11


Pedido para importação de máquinas começa a declinar, afirma entidade

A crise da Europa começa a contaminar os planos de alguns empresários, que já reavaliam as encomendas de equipamento produtivo.

Os resultados de outubro apontaram uma diminuição no ritmo de colocação de pedidos de importações, segundo Ennio Crispino, presidente da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais).

Algumas empresas decidiram postergar investimentos, segundo Otto Nogami, professor do Insper e assessor econômico da Abimei.

"A cautela começa a imperar. As oscilações cambiais não são o único responsável pela queda. Outros fatores imperam", diz Nogami.

Os importadores de bens de capital devem registrar aumento de cerca de 10% no volume de negócios neste ano.

O resultado é inferior à previsão da entidade, que projetava crescimento de 15% a 20% para o setor.

"Os empresários estão em compasso de espera, aguardando para ver os impactos da crise na Europa. Mas o nosso tom ainda é otimista", afirma Crispino.

O volume de negócios fechados deve ficar em cerca de US$ 2,4 bilhões neste ano. O número supera os US$ 2,2 bilhões registrados no ano passado, mas ainda não alcança o patamar pré-crise.

"Só a partir do ano que vem, com um aumento da ordem de 10% também, é que devemos conseguir recuperar os níveis anteriores a 2008", diz Crispino.

MONTANHA SUÍÇA
A previsão de crescimento do PIB da Suíça em 2012 caiu de 2,0% para 0,5%. Mesmo fora da União Europeia, a queda é resultado da crise do euro, diz o Credit Suisse.

Entre as razões para a redução da estimativa estão a desaceleração das exportações e a queda dos aportes em maquinário industrial. Em 2012, o crescimento do país será sustentado pela construção e pelo consumo interno, que terão alta de 1,5% e 1,1%, respectivamente.

VENTOS DO BNDES
A Galvão Energia obteve R$ 282 milhões de financiamento aprovado pelo BNDES para construir quatro usinas de energia eólica em São Bento do Norte (RN). O valor representa 70% do investimento previsto de R$ 401,4 milhões. Foi a primeira, entre as vencedoras do leilão de 2010, a ter financiamento. Em 2011, o banco desembolsou R$ 1,5 bi para eólicas e prevê aprovar R$ 3 bilhões para o setor.

QUARTOS A MAIS
Com investimentos de R$ 48 milhões, a rede hoteleira Mercure terá um novo hotel em Salvador, a partir do próximo ano.

O empreendimento, com 325 leitos, faz parte de um projeto de expansão da rede no Nordeste.

A bandeira investiu, nos últimos três anos, mais de R$ 89 milhões na região, que atualmente representa cerca de 11% do faturamento da rede no Brasil.

"Salvador é uma localização estratégica por causa do crescimento da renda no Brasil. Estamos pensando no mercado local, não só na atração de turistas que virão com os grandes eventos esportivos", diz Patrick Vaysse, diretor da Mercure.

A rede também tem em andamento no país um projeto de reforma que começou em 2010 e deve terminar em 2013, com investimento de cerca de R$ 112 milhões.

"Hoje temos 56% da rede no Brasil com renovação de quartos", diz.

CASA CARA
Os valores dos contratos novos de aluguel entraram em tendência de alta em todas as regiões da capital paulista. Alguns bairros que antes eram considerados baratos tiveram valorização maior, segundo análise do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).

"O Butantã, por exemplo, que era considerado distante, integrou-se mais com o desenvolvimento imobiliário", diz Francisco Crestana, vice-presidente da entidade.

Entre outros exemplos estão bairros como Casa Verde, Mooca e Tatuapé.

As regiões dos Jardins, da Bela Vista, de Perdizes e do centro, no entanto, continuam sendo as mais caras.

"Entre as grandes cidades do mundo, São Paulo não chega a ser a que cobra aluguéis mais altos. Nova York e Paris cobram mais. Mas existe uma proporcionalidade. Aqui a renda não é tão elevada", afirma Crestana.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

Humanas e Exatas - FERNANA TORRES



FOLHA DE SP - 25/11/11

A pura contrariedade é inútil diante da violência do pragmatismo científico de mercado

Não sei se existe ligação direta entre os baseados queimados na USP e a tragédia de Felipe Ramos Paiva, assassinado no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.

A presença ostensiva da PM no campus levou à detenção de dois rapazes que fumavam maconha. Houve enfrentamento, e o episódio culminou com a invasão da reitoria por um grupo minoritário de estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

Segundo manifesto de apoio ao ato, a morte de Paiva e a prisão dos jovens estariam sendo usadas para desviar a atenção do real objetivo da ocupação policial: a censura às manifestações contrárias à privatização do ensino.

O Estado é repressor por natureza, as leis do comércio também. Frases que sobreviveram ao tempo, como "abaixo a repressão", e a definição de luta política ao ocorrido desafinam no atual contexto.

Vivemos em uma democracia; o PT está na Presidência, e o PSDB, composto de ex-formandos das melhores faculdades paulistas, à frente do Estado. Em última instância, quem convocou a tropa foram os próprios alunos, seus familiares e educadores.

O texto dos estudantes fala de revistas nas salas de aula e perseguição aos centros acadêmicos; aborda o direito dos negros, a crise sistêmica do capitalismo e a truculência das Forças Armadas. É uma metralhadora giratória de repúdio à política educacional da atual administração, à ganância econômica e aos rumos do planeta.

O morto é citado como uma fatalidade manipulada pelo poder.

João Ubaldo Ribeiro me enviou uma entrevista da historiadora e psicanalista Elisabeth Roudinesco.
Nela, a cientista francesa afirma que o fim da utopia comunista, cujo eco ainda se escuta nas reivindicações de São Paulo, desembocou no triunfo da economia e da ciência.

As ciências humanas, esclarece o escritor baiano, passaram a ser rejeitadas porque é impossível aplicar sobre elas o método científico a contento. Na sua subjetividade, o observador é também sujeito do experimento, o que destrói a imparcialidade de qualquer pesquisa.

Paiva estudava atuária, disciplina que trata dos riscos das operações financeiras, especialmente no setor de seguros e pensões. O rapaz aprendia a buscar padrões de normalidade em sistemas imprevisíveis e exemplifica a nova ideologia à qual Roudinesco se refere.

Não há como adivinhar o futuro de um centavo poupado, o destino de um homem ou o instante de uma hecatombe. Mas se trocarmos uma pessoa por 1 milhão, ou 1.000 moedas por bilhões delas, e pensarmos no longo prazo, curvas intermediárias de comportamento oscilarão dentro de uma norma legível.
Seguindo-as, é possível antecipar revoluções sociais, chuvas torrenciais e desastres súbitos. A média comanda.

Práticas poéticas e individualizantes, como a psicanálise, estão perdendo o terreno para as estatísticas irrefutáveis, e manipuláveis, dos reguladores de humor.

O teatro recrudesceu, os livros de autoajuda proliferaram, e a cultura de massa dominou o cinema e a música. A arte perdeu o papel de agente transformador e virou consumo, capricho pessoal mensurável gerador de riqueza.

E foi justamente das cadeiras marginais, no sentido de à margem da ordem vigente, de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, que eclodiu o levante.

A pura contrariedade é inútil diante da violência do pragmatismo científico de mercado. Os amotinados esperneiam, espelhando a crise que sua área atravessa, e carecem do que é abundante nas ditas ciências duras: a lógica.

Paiva foi vítima da miséria urbana, do tráfico de armas, de drogas, da falta de policiamento, de iluminação e, sobretudo, de uma força indiferente às planilhas para se proteger do amanhã: a irracionalidade. A atuária também não dá conta de cruzar a esquina.

O juiz devia obrigar todo mundo a ler, ou reler, "Crime e Castigo".

Quem é a oposição a Obama e Chávez? - MOISÉS NAÍM



FOLHA DE SP - 25/11/11


Os republicanos dos EUA poderiam aprender muito com os venezuelanos que se atrevem a enfrentar Chávez

APESAR DO desencanto com os políticos e a política, dois acontecimentos motivam até os mais cínicos. Um é votar no dia das eleições. A porcentagem real de abstenções costuma ser menor que a de pessoas que, antes do pleito, afirmam que não vão participar. Mas, chegado o dia, alguma coisa lhes acontece e muitos desses relutantes vão para a fila e votam. O outro evento que motiva até os menos interessados é o debate entre candidatos.
Nos últimos dias, houve dois debates que não tiveram repercussão internacional ampla. Um foi entre os pré-candidatos presidenciais do Partido Republicano dos EUA. O outro, entre os candidatos a representar um dos grupos políticos mais frágeis e ameaçados do planeta: a oposição a Hugo Chávez. Ambos têm implicações além do que se passa nos EUA ou na Venezuela.
Os republicanos sentem que podem derrotar Barack Obama. Mas têm um problema com os oito candidatos à indicação presidencial. Debates entre eles têm servido para que se conheçam os candidatos.
E o que eles vêm mostrando é preocupante: obscurantismo ("a homossexualidade é uma doença que se cura rezando"), o desprezo pela ciência ("as teorias de Darwin não são comprovadas"), propostas econômicas inverossímeis ("é possível reduzir o deficit fiscal sem elevar impostos"), populismo ("vou abolir dois -não, três!- ministérios"), hipocrisia ("o casamento e a fidelidade são valores sagrados"), ignorância ("os talebans estão na Líbia") ou mentiras ("Obama é muçulmano"). O fato de esse grande partido não ter candidatos melhores a oferecer dá muito o que pensar.
Enquanto isso, na Venezuela... uma oposição com fama de inepta e golpista se transformou em um dos movimentos políticos mais democráticos e inspiradores da América Latina. Planeja eleições primárias abertas a todos os venezuelanos para escolher o candidato que enfrentará Hugo Chávez no pleito de 2012.
Pouco tempo atrás, os pré-candidatos encenaram um evento que a grande maioria do país, a população com menos de 30 anos, nunca tinha visto: um debate televisionado entre políticos rivais (o último foi em 1983). Tampouco tinha visto políticos que não tratam seus competidores como inimigos mortais, nem os viu trocar os piores insultos.
As pessoas descobriram que a disputa política não exige o uso das táticas brutais às quais o presidente Chávez recorre comumente. Comparados com os pré-candidatos republicanos, os opositores venezuelanos se mostraram mais sérios e preparados. E, em um duro contraste com os americanos, quem ganhar as primárias não terá que enfrentar o presidente dentro de um contexto institucional democrático -terá que enfrentar Hugo Chávez no contexto institucional que convier a este e que ele definirá de modo unilateral.
Muitos acharão impossível acreditar nisso, mas os candidatos republicanos poderiam aprender muito com os líderes venezuelanos que se atrevem a enfrentar Chávez.
As crises mundiais não deixam muito espaço noticioso para a crise venezuelana. Mas o que aconteceu na Venezuela há pouco é uma notícia que merece mais atenção. E o que não acontece entre os republicanos também.

Politicagens - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 25/11/11

O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, utilizando-se, sem dar o devido crédito, de uma definição do deputado Miro Teixeira, do PDT do Rio, avisou publicamente que estamos em um regime presidencialista, e, portanto, quem nomeia e demite ministros é a presidente Dilma Rousseff.
Com isso, ele quis avisar aos partidos políticos que fazem parte da base aliada que, na reforma ministerial que vem por aí, não há lugar reservado para qualquer um deles, podendo a presidente decidir até mesmo encurtar o tamanho de seu Ministério, que, como já avisou publicamente o empresário Jorge Gerdau, é inadministrável com 40 cargos de nível de primeiro escalão.
Não quer dizer que a presidente terá condições políticas de enxugar seu Ministério, mas há uma tentativa nesse sentido em curso.
Mas o que Carvalho visava mesmo era avisar ao PDT que não adianta querer se adiantar à presidente e substituir o ministro atual, Carlos Lupi, por alguém da legenda a fim de escapar da reforma ministerial, garantindo o Ministério do Trabalho para o partido, com outro nome.
Tudo indica que essa capitania hereditária que o PDT herdou desde o segundo governo Lula não continuará sob o domínio dos pedetistas, assim como o PP pode perder o Ministério das Cidades depois de mais um escândalo envolvendo o ministro Mário Negromonte.
A presidente Dilma mudou de tática no tratamento que dá ao combate à corrupção, deixando os dois ministros da nova safra de condenados pela opinião pública a apodrecer em plena praça, sem remover o entulho político para longe.
Parece ser um passo a mais no processo de desmoralização dos partidos políticos, que vem dando à presidente um prestígio popular alto.
Pesquisas indicam que a população se convenceu de que qualquer presidente, de qualquer corrente ideológica, só consegue governar se atender às demandas dos congressistas.
A saída que a presidente Dilma teria encontrado seria expor as entranhas da classe política, e por isso é bem avaliada pela população.
Nessa mudança de maneira de agir - anteriormente ela demitira nada menos que cinco ministros envolvidos em corrupção, mas deixou que os partidos permanecessem em seus feudos, indicando um substituto -, há um risco, diante da constatação de que a maneira anterior estava sendo bem recebida pela população.
A limpeza ética torna Dilma uma presidente popular, sobretudo na classe média, cerca de cem milhões de pessoas que representam mais de 50% da população e o maior poder de compra, mais que A e B juntas, e que, em geral, dão importância a questões como valores morais.
Ao mesmo tempo, a oposição também tem pesquisas que indicam que toda essa discussão de controle da corrupção acabará por atingir a própria presidente, à medida que ficar claro para a população que ela é a verdadeira responsável por ter políticos corruptos em seu Ministério.
A corrupção teria chegado mais perto do PT, que perdeu a fama de ser um partido puro e estaria fragilizado nessa área.
A boa vontade com a presidente pode desaparecer com o tempo se a oposição conseguir marcar junto ao eleitorado que Dilma é seletiva nessa limpeza, por interesse partidário.
Ao mesmo tempo, o PSDB pretende manter uma posição moderada, fiscalizadora, sem radicalismos, que é a mais bem sintonizada com a expectativa da opinião pública.
O estudo demonstra que há grande relação entre as eleições intermediárias para prefeitos e vereadores e as das bancadas de deputados estaduais e federais subsequentes, o que dá às eleições municipais do próximo ano uma importância vital para a tentativa de soerguimento oposicionista, especialmente em relação ao DEM, que vive um período de baixa e vai ter como adversário direto o novo PSD, nascido basicamente de suas entranhas e que quer dominar o mesmo nicho eleitoral que um dia já foi do PFL e do próprio DEM.
Há uma grande expectativa, por isso, quanto às medidas que o governo venha a tomar para enfrentar a crise econômica internacional, que só faz piorar, principalmente na Europa.
Os efeitos da crise na economia brasileira, se semelhantes aos de 2008, podem trazer problemas para o governo justamente num ano eleitoral.
A queda da desigualdade sofreu um retrocesso em decorrência da crise, ficando praticamente estagnada em 2009, e os mais pobres foram atingidos mais diretamente.
Esse mesmo fenômeno pode voltar a acontecer se a crise deste ano vier com a mesma intensidade da anterior, possibilidade que já aparece nos cenários mais realistas dentro do governo.
O governo vinha sendo beneficiado nos últimos anos pelo crescimento econômico, o que permitiu ao ex-presidente Lula montar um esquema político amplamente majoritário em torno de sua candidata, a hoje presidente Dilma.
A crise econômica internacional só eclodiu em setembro de 2008, de modo que as eleições municipais daquele ano não foram afetadas por suas consequências.
Embora o ano de 2009 tenha sido de estagnação econômica, houve tempo para uma forte recuperação no ano passado, com um crescimento de 7,5% do Produto Interno Bruto.
Desta vez, porém, o timing da crise parece ser contrário ao governo, que está tendo que enfrentar este ano os efeitos da gastança governamental do ano da eleição presidencial, ao mesmo tempo em que começa a ser afetado também pela crise internacional.
O ano que vem promete ser menos propício a gastos, o que sempre é ruim em anos eleitorais e provoca em alianças políticas que vivem na base da fisiologia ambiente de instabilidade propício a traições.