segunda-feira, junho 17, 2013

Herói pelo que não fez - ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA


Wanderlei Paulo Vignoli. soldado da PM paulista de 42 anos, é um brasileiro honrado. No meio dos tumultos da última terça-feira em São Paulo, promovidos por bandos selvagens que protestavam contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, destacou-se pelo equilíbrio, sensatez e humanidade. Merece do colunista o galardão de personagem da semana. Quando é um PM que se destaca por tais qualidades, em meio a uma situação de conflito como aquela, já se tem ideia de como andaram as coisas do outro lado. Manifestantes depredaram ônibus, agências bancárias, vitrines de lojas e estações de metrô. Provocaram monstruosos congestionamentos na cidade. Deixaram muita gente que supostamente pretendem proteger — os usuários do transporte coletivo – atrasada para ir ao trabalho ou voltar para casa, desorientada e com medo.

Os protestos são promovidos por um certo Movimento Passe Livre. Seu fim último é zerar o custo das passagens de ônibus, metrô e trem. O objetivo e louvável. Melhor ainda se incluísse supermercado livre, farmácia livre e shopping center livre, sem esquecer da tarife aérea livre e do hotel livre. Esses últimos itens vão em homenagem ao jeitão da massa manifestante. O ar geral é de estudantada. E não a nova estudantada. em que ressalta o pessoal das cotas e do ProUni. É a estudantada tradicional, oriunda da mais pura e característica ""elite branca", na memorável expressão do ex-governador paulista Cláudio Lembo. (Confira-se nas fotos e filmes do site do Movimento Passe Livre, saopaulo.mpl.org.br.) Tem jeito de massa a quem tarifas aéreas dizem mais respeito do que tarifas de ônibus.

O soldado Vignoli não fazia parte do destacamento encarregado de conter os manifestantes. Ele trabalha na segurança do Palácio da Justiça, sede principal do Poder Judiciário de São Paulo, situada junto à Praça da Sé. Sua função é guardar a entrada, protegendo o entra e sai de desembargadores, funcionários e público, e a incolumidade do edifício. Quando viu um jovem pichando um dos muros do palácio, correu e agarrou-o. O jovem tentava desvencilhar-se, o soldado tentava mantê-lo imobilizado. Os dois caíram no chão, um agarrado ao outro. O repórter Giba Bergamim Jr. da Folha de S. Paulo, estava bem próximo, e é graças a ele que se tem o relato detalhado da cena. Com o PM e o pichador no chão, outros manifestantes os cercaram. Passaram a agredir o soldado com pedradas, chutes e socos. "Eram cerca de dez contra um", relatou o repórter. Uma pedrada atingiu o soldado bem no alto da cabeça, coberta por ampla calva. O sangue começou a escorrer-lhe pelo rosto. Vignoli ouvia gritos de "lincha, mata. tira a arma dele". Foi então que. com uma mão ainda a imobilizar o pichador, com a outra sacou do revólver e, erguendo-se a meia altura do solo, apontou-o para os agressores.

Eis o momento que define uma vida. Eram 8 e meia da noite de terça-feira. 11 de junho de 2013, no ponto mais central da cidade de São Paulo, e a sorte cochichava a Vignoli. numa infame provocação: "E agora? Sai dessa". Atirasse, e o esperava o opróbrio devido a mais um PM assassino, o julgamento, o afastamento das fileiras da corporação, o fim do ganha-pão. o colapso do sossego e do futuro, a ruína. Não atirasse. e o que seria dele diante dos agressores ensandecidos, ainda mais que a sangueira lhe inundava o rosto e escorria pela farda, cegava-o e o fazia suspeitar que estivesse seriamente ferido? Os objetos continuavam a ser lançados contra ele. "Pensei que fosse morrer", diria depois.

Não atirou.

Um outro grupo de manifestantes ajudou a conter os agressores e proteger o soldado. "O PM ia ser linchado", comentou um estudante de ciências sociais ao repórter da Folha. O próprio repórter ajudou a proteger Vignoli, que enfim encontrou uma brecha para escapar e sair em marcha acelerada, intercalada por corridinhas, até o portão dos fundos do Palácio da Justiça, por onde penetrou escoltado pelos colegas da segurança do local. Pouco depois era levado a um hospital, onde recebeu cinco pontos na cabeça e ganhou folga de cinco dias para repousar e fazer novos exames. O soldado Vignoli foi submetido ao grande teste que não apenas sua profissão, mas a vida em geral reserva contra certas pessoas, o supremo momento do vamos-ver-afinal-quem-é-você, e passou. Há heróis que se notabilizam pelo que fizeram. Ele se notabilizou pelo que não fez.

Mudar o mundo - LYA LUFT

REVISTA VEJA


Quando jovens, cultivávamos a utopia de um mundo melhor. Tenho refletido sobre isso. Tenho lido e pesquisado sobre a história do nosso comportamento através dos séculos. Parece que, apesar de toda a violência atual, fomos ficando menos violentos. Difícil acreditar, eu sei. mas basta pensar nos antigos povos escravizados. mulheres brutalizadas e crianças maltratadas sem nenhuma defesa, impérios cruéis e perseguições terríveis aplaudidas, como Cruzadas e Inquisição, para ver que melhoramos.

Talvez em nosso DNA não sejamos predadores ferozes. Quem sabe compaixão e solidariedade tenham nascido com essa nossa estranha espécie. os humanos que andam eretos e, para complicar tudo. pensam. Quem sabe esse ídolo de dupla face, prazer e poder, com a economia como lema primeiro, não seja inato em nós. mas invenção de uma humanidade que pode ser mais sofisticada, mas ainda é destrutiva demais.

Seria possível mudar o mundo, mudando por pouco que seja os princípios e valores de cada um de nós? Ou é um velho ideal ultrapassado, e juvenil? Talvez haja um modo de transformar nossa louca futilidade e desvairada busca de poder, estimulando o que em nós já existe: o desejo do bem do outro, e uma convivência menos truculenta?

Se o primeiro objetivo de todos os governos fosse o bem das pessoas, a deusa Economia e seu parceiro, o Poder, perderiam um pouco da força. E teríamos outros ideais, modelos, ambições. Haveríamos de nos respeitar mais. também. Reavaliar nossos desejos, consumir menos ou melhor. se fosse preciso trocar a manicure e o cabeleireiro por comida decente para as crianças e quem sabe, a prestação de uma casinha própria. Mudar o sonho do carrão importado or mais harmonia, mudar o conceito do que é "moderno", que não é inconsequente e delirante. Recuperar a compostura perdida quando fazemos proselitismo com cartazes e material de televisão dizendo que alguém é uma prostituta feliz, ou "sou feliz porque sou prostituta". O material foi recolhido pela insanidade, mas alguém, num cargo importante em um dos muitos ministérios, teve essa genial ideia. Respeitar não significa elogiar, nem apresentar como modelo.

Quem sabe começamos tendo um pouco mais de bom-senso e pudor. Quem sabe começamos querendo ser úteis, produtivos e compassivos dentro do nosso círculo de família, trabalho. comunidade. O ideal não seria criar nossos filhos para ser milionários ou as meninas para ser modelos de beleza e sensualidade, mas para ser pessoas decentes, que acreditam em algum tipo de felicidade tranquila, que vão construir sua vida, produzir no seu trabalho, conviver bem com sua família, enfim, ser transformadores do mundo, dessa maneira mínima que pode parecer tola. mas é essencial.

Abrir o jornal e ver o noticioso, todos nós sabemos, é entrar numa série policial violenta, receber uma bofetada de falta de ética, roubalheira, indignidades várias e muitos absurdos consagrados. 

Médicos ganhando pouco e exaustos pelo excesso de trabalho atendendo dezenas de pacientes nas emergências às vezes mal aparelhadas pelo país afora. Professores recebendo salários vergonhosos, submetidos à violência por parte de alunos e às vezes de pais de alunos, jovens que dentro da sala de aula e no pátio se engalfinham como bandidos, gente inocente que morre queimada porque não tinha mais que alguns reais no bolso ou no banco, acidentes de trânsito totalmente evitáveis, obras públicas ruindo quando mal ficam prontas, falta de bons engenheiros, de seriedade no uso de material. de se levar em conta as vidas humanas que ali hão de correr riscos sérios. Isso tudo sem falar nas guerras fora de nosso alcance, mas dentro de/ nossa casa pelos meios de comunicação.

A gente podia mudar: se cada um mudasse um pouquinho, exigisse muito mais dos líderes em todos os setores, e aspirasse a algo muito melhor. Talvez digam que é apenas utopia minha. resquícios de um idealismo juvenil: mas amadurecer não precisa ser renunciar a todas as nossas crenças.

Afinal, a verdade existe? - GUSTAVO IOSCHPE

REVISTA VEJA

Há muitos anos, dei uma palestra a professores de uma rede estadual de ensino. Muita gente, ginásio grande. Apresentei a saraivada de dados em que me baseio para estabelecer um diagnóstico da educação brasileira. Depois da fala, abriu-se espaço para perguntas. Lembro-me da primeira delas como se fosse hoje: "O palestrante que esteve aqui ontem nos advertiu de que números são como palavras: são criações humanas. E que por trás de toda criação humana existe a intencionalidade da pessoa que a criou. Qual é a sua?".

É uma visão de mundo preocupante. Fruto do pensamento pós-modernista de viés marxista, postula que não existe uma verdade objetiva, depreendida do estudo de fatos através das ferramentas da ciência. O resultado dessa investigação científica seria apenas uma verdade, a versão inventada pelo homem branco ocidental para ajudá-lo a subjugar os povos subdesenvolvidos e as minorias dos países ricos. Existem, para os pós-modernistas, "verdades", no plural, ditadas pelas características históricas, culturais e econômicas de cada pessoa ou grupo. A crença de um aborígine de que um trovão é uma manifestação do descontentamento de uma deidade qualquer tem, portanto, o mesmo grau de verdade da descoberta de que o trovão é causado pela ionização e pelo aquecimento do ar que envolve um raio, gerando sua rápida expansão e a consequente onda de som.

Para que seja possível pensar assim, é preciso ignorar que existem fatos e que números, estatísticas, são apenas descrições quantitativas desses fatos. Se eu digo que a população brasileira em julho de 2012 era de 193 milhões de pessoas, segundo o IBGE, não se pode dizer que eu (ou os conspiradores do IBGE) estou "criando" esse dado como se criasse um soneto. Não, as pessoas existem e estão lá! O número é apenas a maneira mais simples de comunicar esse fato, sem precisar mostrar fotos de todos os cidadãos nem repetir a contagem a cada instante. Se entendemos que fatos existem, e se notamos que os fatos corriqueiros do mundo que nos cerca já apresentam uma variedade e uma complexidade inenarráveis - da estrutura atômica e subatômica das partículas ao movimento das marés ou de planetas -, então necessitamos de um método impessoal e objetivo para perceber e compreender esses fatos. Esse método precisa ser peculiar: deve ser feito por seres humanos imperfeitos - com paixões e vilezas, sem visão de raio X nem audição perfeita - para superar as próprias limitações e chegar o mais próximo possível de observar o fato real, sem distorções ou falhas de interpretação. A criatura precisa superar o criador. Como fazê-lo? Perseguindo os fatos de maneira objetiva e técnica, gerando hipóteses sobre o mundo que só podem ser confirmadas através da medição. Porque, confiando em um método objetivo e em dados oriundos de medições, os resultados podem ser reproduzidos por diferentes pessoas em diferentes épocas, e as conclusões espúrias ou os métodos defeituosos podem ser expostos, corrigidos ou descartados. Sim, esse método a que me refiro é a ciência.

Os pós-modernistas empenham-se em destruir o edifício da ciência. Não mostrando os erros metodológicos ou quantitativos dos estudos científicos, porque a maioria dos adeptos da causa não tem competência técnica para isso ("Errar é humanas"), mas simplesmente atacando a credibilidade dos "especialistas". E isso se faz necessário não apenas porque, sem os guardiães do conhecimento embasado em fatos, qualquer Quixote pode descrever moinhos inexistentes que devem ser derrubados, mas também porque as investigações mais recentes de várias ciências, especialmente a biologia, desconstroem muitas ideias que são caras aos pós-modernistas e marxistas em geral. Entre elas, especialmente aquela de que o ser humano é um bicho fraterno e igualitário por natureza, e não o ser competitivo e movido pela busca de status e hierarquia em seu grupo social que a psicologia evolutiva não se cansa de demonstrar em estudos e experimentos (sugestões de leitura em twitter.com/gioschpe). Claro, se o fato não existe, o cientista ou especialista só pode ser um impostor, que inventa dados para justificar algum viés inconfessável. Para os ideólogos, toda neutralidade é uma farsa. Quem aponta um erro de um pós-modernista não pode estar certo: necessariamente, deve ser um tarado neoliberal. O marxismo e seus derivativos formam um sistema fechado. Para os crentes, quem aponta seus erros o faz por algum interesse de classe, etnia ou nação e, portanto, pode ser imediatamente descartado. Só poderá apontar os erros quem for confrade. Mas, obviamente, quem é confrade não percebe os erros.

As pessoas dessa inclinação acreditam que a ciência é uma religião, uma fé cega. Que os racionalistas apenas trocaram um deus crucificado por outro abstrato: o método científico. Mas esse é um engano fundamental e dantesco. Porque a marca da religião (e da ideologia) é justamente o dogma, a ideia inquestionável e infalsificável, porque revelada por uma entidade superior. A ciência se move por dúvidas, não por certezas: tudo é questionável e precisa ser demonstrado e reproduzido. Não há crença em entidades superiores. Pelo contrário: a ciência moderna se faz pela sobreposição de vários e pequenos esforços. Até que uma teoria ganhe respeitabilidade e passe a ser aceita como uma boa descrição dos fatos, precisa ser replicada por muitos pesquisadores, que podem estar espalhados por todo o planeta. É sempre assim que funciona? Claro que não. Quem conhece a história das ideias sabe que cientistas e pesquisadores sofrem dos mesmos vícios da humanidade em geral. São seduzidos pelo poder político e econômico, sucumbem a ideologias, aferram-se a teorias patentemente equivocadas por questões pessoais ou até mesmo estéticas. Mas, por mais que ideias tortas tenham vida longa, algum dia elas não resistem ao acúmulo de evidências contrárias e morrem, vão para o lixo da história, substituídas por formulações mais corretas.

Algumas pessoas acham que não se pode confiar na ciência porque "uma hora eles dizem uma coisa, outra hora dizem outra". Mas isso é causado mais por um viés da publicação dos resultados do que pelos resultados em si. É mais culpa da imprensa (leiga e acadêmica) do que de pesquisadores: é a velha história de que quando um homem morde um cachorro é notícia, mas não vice-versa. Os resultados mais divulgados são frequentemente os mais destoantes do senso comum e da pesquisa anterior. É bom que sejam publicados, porque arejam o debate, mas na maioria dos casos acabam sendo a exceção que comprova a regra. Não é verdade que o processo científico é um eterno pingue-pongue de versões antagônicas. O conhecimento avança, chegamos a consensos. Dificilmente se verá algum estudo sério sugerindo que fumar faz bem à saúde. É verdade que os consensos não são perenes e que talvez vamos propor ações equivocadas por baseá-las em pesquisas que depois se descobrirão equivocadas. Mas no mundo real sabemos que a perfeição é inatingível. A questão, portanto, não é acabar com o erro, pois isso é impossível, mas minimizá-lo. E certamente uma ação baseada em evidências sólidas vai errar menos do que aquela inspirada em intuições e inclinações pessoais.

Que pessoas ignorantes repitam essa linha do "cada um com a sua verdade" é até compreensível, saturados que estamos, aqui nos tristes trópicos, de gente que compartilha essa cosmovisão. Na terra da cordialidade, pega mal defender a existência de uma verdade e o consequente erro daqueles que defendem seu oposto. Parece até arrogância. Que professores pensem assim já é mais triste e preocupante, pois uma tarefa fundamental do sistema escolar é transmitir ao alunado o conhecimento acumulado ao longo de séculos de trabalho árduo de pesquisadores e pensadores, que muitas vezes perderam a vida defendendo suas ideias "hereges". Também são os professores que deveriam propagar o método científico, para que seus alunos possam empreender o mesmo caminho da busca da verdade trilhado pelos gigantes intelectuais que nos precederam.

Mas que líderes públicos pensem assim, e ajam ao arrepio daquilo que a pesquisa já estabeleceu, aí não é apenas triste ou lamentável: é criminoso. Na área da educação posso dizer com tranquilidade: a maioria dos nossos gestores públicos despreza totalmente os milhares de estudos objetivos sobre o que funciona em educação. Insistem em gastar fortunas com ideias que a experiência, documentada em estudos rigorosos, já se encarregou de demonstrar serem inócuas. O Ministério da Educação agora cria um "Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa" que quer alfabetizar na idade errada (8 anos, em vez de 6) e defende um aumento radical do financiamento em educação que não terá nenhum impacto na melhora da qualidade do ensino (em breve escreverei artigo a respeito). Prefeituras insistem em alfabetizar com o método construtivista, quando o fônico tem se mostrado mais eficaz. Em diminuir o número de alunos em sala de aula ou colocar dois mestres por turma, o que não dá resultado. Em carregar nas ferramentas tecnológicas que não têm comprovação alguma, sem nem ao menos fazer uma escolha criteriosa do livro didático ou prescrever o bom e velho dever de casa, ambos com custo perto de zero e eficácia comprovada.

Muitos o fazem por desconhecimento e preguiça, outros por conveniências políticas, outros ainda por motivos inconfessáveis (não há fornecedor de dever de casa para dar uma mãozinha no financiamento da próxima campanha...). Mas, no frigir dos ovos, eles só podem se safar de sua irresponsabilidade porque sabem que grande parte dos eleitores está convencida de que fatos são criados de acordo com a intencionalidade de cada um e que, portanto, vontades são mais importantes do que resultados e que as boas intenções dos inventores de factoides compensam o divórcio entre seus objetivos e suas realizações. Mas os dados existem. A verdade existe. E até os pós-modernistas mostram saber disso. Cada vez que tomam um remédio ou visitam um médico para tratar de uma doença, em vez de consumir uma beberagem prescrita por um pajé, estão dando às próprias ideias a credibilidade que merecem. Ignoramos esses dados, e os muitos recados que nos mandam, por nossa conta e risco. Países não morrem nem vão à falência por teimar em ignorar a realidade. Mas podem estagnar ou retroceder, como mostra a história recente de alguns de nossos vizinhos. Se não acordarmos para a realidade, em breve haveremos de fazer-lhes companhia.

P.S.: Thomas Jefferson, um dos founding fathers dos EUA, escreveu que "onde a imprensa é livre, e todo homem capaz de ler, tudo está seguro". Roberto Civita lutou para que cumpríssemos essas duas missões por toda a sua vida adulta. O Brasil perdeu um grande homem, mas o legado fica. Em boas mãos: a existência desta coluna, que irrita a tantos há anos, só é possível em uma organização que preza a verdade antes de agradar a leitores ou poderosos

Quando Dilma beijará a cruz? - EDITORIAL REVISTA ÉPOCA

REVISTA ÉPOCA

Já passou da hora de ela reavaliar os erros de sua gestão na economia

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu recentemente que já passou a hora de o petismo beijar a cruz. Era uma referência irônica à relutância dos governos do PT de fazer as concessões de aeroportos, ferrovias e estradas e portos à iniciativa privada. Na prática, apesar de abjurar a palavra, eles já adotaram a demonizada "privatização”. Mas o fazem com tantas reticências que o programa anda aos solavancos — com os de- correntes prejuízos para a modernização da precária infraestrutura nacional.

Da mesma forma, pode-se dizer que chegará uma hora em que a presidente Dilma Rousseff terá de beijar a cruz em relação aos erros de seu governo na gestão da economia. No discurso, ela ainda é reticente em admiti-los, como fez, na semana passada, ao comparar seus críticos ao Velho do Restelo. Era uma referência ao personagem de Os Lusíadas, de Luís de Camões, que agourava os navegadores portugueses de partida da costa lusitana para desbravar mares. Na prática, o governo Dilma já tem dado, ainda que relutantemente, passos atrás na política que adotou em seus dois primeiros anos. É uma política que desajustou a economia brasileira, elevou a inflação, sem aumentara taxa média de crescimento anual do PIB, a menor desde o governo Collor.

Ao respaldar a decisão do Banco Central (BC) de elevar a taxa de juros e deixar a taxa de câmbio flutuar mais livremente, o Palácio do Planalto reconhe tacitamente, a necessidade de uma correção de rumos. As duas medidas representam um recuo na intervenção política do governo no BC, para forçar os juros para baixo e o câmbio para o alto. Os economistas desenvolvimentistas instalados no Ministério da Fazenda acreditavam que tais medidas acelerariam o crescimento brasileiro, ao lado da abertura das comportas dos gastos públicos, por meio de estímulos para certos setores. Tal objetivo foi frustrado. A meia-volta do BC foi ditada pelo crescimento da insatisfação popular com a renitência da inflação (registrada na pesquisa Datafolha que mostrou uma queda de 8 pontos na aprovação à presidente Dilma) e pelas mudanças nas expectativas dos investidores internacionais que valorizam o dólar. Agora, o governo precisa conter seus gastos. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa tentativa de recuperar a credibilidade perdida da política fiscal, anunciou uma meta de 2,3% do PIB de superavit nas contas públicas. Disse que, se necessário, fará cortes para cumpri-la.

Será crível? Mesmo os amigos do Planalto, como o ex-ministro Delfim Netto, não hesitam em criticar os economistas oficiais. Inspirados, segundo ele, num "keynesianismo de pé quebrado", eles acreditam que os financiamentos do Tesouro farão o PIB crescer. O discurso da austeridade fiscal também não é condizente com as medidas em série tomadas pela presidente Dilma para estimular o consumo. Na semana passada, ela lançou mais um programa de crédito subsidiado pelo Tesouro — destinado às famílias beneficiadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida comprarem móveis e eletrodomésticos. Enquanto a reeleição estiver na mira prioritária do Planalto, o mais provável é que Dilma continue a se negar a beijar a cruz de um ajuste fiscal firme, a cada dia mais necessário para reequilibrar a economia brasileira.

Nos ônibus, o gado amontoado - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O ESTADÃO - 17/06

Nem o governador nem o prefeito entenderam é que os protestos não são políticos coisa nenhuma. São contra as condições gerais de vida, de qualidade medíocre de vida e, essencialmente, da indigência dos transportes numa cidade enorme como a nossa. Os protestos não são contra os 20 centavos. São contra a vida miserável, expressam o saco cheio. E este é apenas um rastilho, o bicho ainda vai pegar.

O governador, o prefeito, e todos os governadores, secretários, prefeitos, vereadores, ministros, senadores, deputados, nunca entraram em um ônibus. Nunca viajaram em um, não sabem o que significa a batalha diária da condução. Porque todos que nos governam, todos os vereadores, todos os secretários têm veículos oficiais que os levam a toda parte. Não vou duvidar que sejam blindados. O governador e o prefeito se deslocam com batedores à frente. Ou pelos ares, em helicóptero.

Dia desses, Alzeni, doméstica que trabalha em casa há 16 anos, chegou tarde e nervosíssima. Ela subiu no ônibus no Taboão da Serra às 5 h 30, como faz todos os dias. O ônibus veio, veio, veio e quando chegou na entrada da cidade, mudou de rumo, para espanto geral. Foi sair lá na Praça Panamericana, quando, antes, subia direto a Teodoro Sampaio. Reclamações, protestos. O motorista explicou: "Agora mudou o itinerário". Ou seja, voltas e mais voltas por ruas congestionadas.

Perguntei:

- Mas Alzeni, devem ter avisado antes, preparado, informado, não?

- Que nada, foi de repente. O motorista disse que foi avisado ao chegar de madrugada na garagem.

- Os ônibus têm horário?

- Nunca tiveram. Demoram muito e então um passa lotado. Aí chega o outro, vazio, mas que não para, ninguém sabe por quê. A gente corre atrás, ele para, cheio de má vontade, berrando e explicando: "Tinha lá uns elementos suspeitos, preferimos não parar."

- Os suspeitos deviam ser vocês (risos).

- Todo pobre e negro é suspeito (raiva). Não sabe como a gente é tratado. Estamos subindo no ônibus e o motorista arranca. Quando chega no meu ponto ali no Taboão, já está cheio. Nesses anos todos eu me sentei umas cinco vezes. Os que estão em pé vão sendo espremidos. No calor as janelas não abrem, fica um suadouro danado. Todo pobre sabe o que é sauna...

- Sem nunca ter entrado numa.

- Assim, você tem um cara te apertando por trás, uma pessoa com uma mochila te apertando pela frente, um malandro se aproveitando e passando a mão. Dia desses, uma moça desmaiou. Falta de ar. Janelas lacradas. Ou então são janelas quebradas e entra vento, chuva. Os motoristas correm quando a rua está livre. De repente, brecam. Todo mundo é socado para a frente. Só não caem porque não tem espaço para cair, uns se agarram nos outros.

Ela sai cinco e meia da manhã, porque se sair às seis ou seis e meia, vai pegar duas horas de trânsito, quando não mais. Claro que vai embora no começo da tarde, é o justo, o acordo.

- E quando dá a louca no motorista e ele não para no ponto? Ouve a campainha, finge que não é como ele. Todo mundo xinga, grita. Sofrem tanto quanto a gente. Isso tudo é desumano, seu Ignácio. Parece gado, a gente é tratado como gado.

Como caminho muito, paro às vezes diante de um ponto, na Cardeal ou na Rebouças, ou no centro. Aquela gente se aperta, se empurra, se espreme. Faço analogia com aqueles equipamentos que reduzem carros a um quadradinho de ferro, em terrenos de sucata. Esse é o povo espremidos no ônibus, meus caros governador e prefeito. Vocês têm cultura, conheceram os trens que levavam judeus para os campos, amontoados em vagões sem ar, sem luz. São nossos ônibus. O metrô? Está igual em numero, gênero e grau.

Aulas de Renan - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 17/06

Numa roda, ainda concentrado em Brasília, capital política do país, o goleiro Júlio César quis saber como funciona o governo.
Foi socorrido por um amigo que lhe emprestou um livro sobre a divisão dos três poderes.

Só que...
Como qualquer normal, é mais fácil Júlio César defender um pênalti do Messi do que entender o jogo da política.

Pra não dizer que não...
Nas redes sociais, a galera que está protestando contra o aumento das passagens de ônibus anda usando o jingle da Fiat para a Copa das Confederações, na voz do Falcão, do Rappa, que diz: “Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil.”
Faz sentido.

Dilma vaiada
A LabPop Content mediu, até meia-noite de sábado, quantas menções a tag “Dilma vaiada” teve só no Twitter: 21 mil.
A agência estima que o monitoramento global pode elevar o número a mais de 100 mil.

Ainda a rede
Quem também ganhou as redes sociais foi o novelista Aguinaldo Silva. Tem mais gente criticando do que elogiando por ele ter escrito no Twitter: “A nova classe média comprou carro, TV de 500 polegadas, tudo que tinha direito, e agora protesta por causa da merreca de aumento de ônibus?”
É. Pode ser.

Ducha fria
Não tinha água quente nos banheiros do Estádio Mané Garrincha. Tem jogador japonês espirrando até agora.

Rosiska imortal
Na bela posse de Rosiska Darcy, na ABL, na sexta-feira, foi muito elogiada entre os acadêmicos a maneira como ela enalteceu seu antecessor, o poeta Lêdo Ivo. Afinal, tinha imortal, como se sabe, que não gostou da escolha de Eduardo Portella, inimigo declarado de Lêdo Ivo, para fazer o discurso de saudação de Rosiska.

Festa que segue...
Sobraram comentários para a ministra da Cultura, Marta Suplicy, que caprichou na indumentária — um longo azul, vaporoso, com um decote que não escondia quase nada.

E ainda...
O ex-presidente FH, ao lado da namorada Patrícia Kundrát, irradiava a felicidade de quem deve ser eleito, dia 27, para a cadeira ainda vaga.

A emboscada de Gleisi
A ministra Gleisi Hoffmann usava na abertura da Copa das Confederações, evento patrocinado pelo Itaú, uma camisa com a marca do Banco do Brasil.
Em Frei Paulo isto se chama marketing de emboscada.

Um sábado diferente
Por causa do jogo inaugural da Copa das Confederações, nunca o aeroporto de Brasília viu tanta gente num sábado, numa cidade onde tem autoridade — e não somente político — que chega de seus estados numa terça-feira, para trabalhar, e retorna na quinta. A única atendente que trabalhava numa lanchonete no Terminal 2 explicou assim a fila em forma de caracol à sua frente:
— Normalmente nós não abrimos aos sábados. Hoje fizemos um plantão, mas nem todos vieram trabalhar.
Ah bom.

Depois...
Na hora da decolar, um piloto pediu desculpas aos passageiros por causa da fila de seis aeronaves posicionadas à sua frente.

A partilha
Um cantor sertanejo e sua ex-mulher, separados há quase um ano, chegaram a um acordo sobre a partilha do patrimônio de uns R$ 50 milhões.
Ela ficará com seis imóveis em São Paulo, um apartamento em Miami e, que maravilha, R$ 10 milhões na conta.

De costas para o Rio
A chilena-brasileira TAM está terminando com o voo do Rio para Paris e deve, em breve, acabar com a primeira classe nos voos do Rio para Nova York .

No mais
Que venha o México.

DEBAIXO D'ÁGUA - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 17/08

A Prefeitura de São Paulo pagou neste mês indenização de R$ 43 mil a uma dona de casa que teve o carro invadido por uma enchente no túnel do vale do Anhangabaú. Mais de cem veículos estavam na inundação, em março de 1999. A condenação por danos morais foi fixada pelo Tribunal de Justiça (TJ-SP) em 2007.

CULPA DE SÃO PEDRO
A motorista, sua mãe, uma filha pequena e outra grávida de oito meses saíram do carro nadando, com a ajuda de outras pessoas. O TJ-SP concluiu que as galerias pluviais eram insuficientes para dar vazão à água e que o trânsito deveria ter sido fechado. Em recurso, a prefeitura disse que as causas eram múltiplas. Mas o juiz do caso rejeitou o argumento, afirmando que "a responsabilidade terminaria em São Pedro".

PORTA ABERTA
Para Regina Manssur, advogada que defendeu voluntariamente a autora, o episódio é um precedente para que quem se sentir lesado por incompetência ou omissão do Estado entre na Justiça. "É uma porta que se abre. O cidadão tem que ser respeitado", diz ela.

CHAMA O PROCON
De Celso Russomanno (PRB-SP), candidato a prefeito de SP em 2012, sobre a ação da PM contra manifestantes que protestavam por causa do aumento de ônibus: "Vi abusos de ambos os lados. Eu teria trazido o diálogo para o Procon".

NA PONTA DA LÍNGUA
A biografia da banda Kiss será lançada no Brasil em novembro pela editora Saraiva. "Kiss - Nothin' to Lose" foi escrito pelo jornalista Ken Sharp com a colaboração de Genne Simmons e Paul Stanley, dois integrantes do grupo.

NO RANCHO FUNDO
Embora a receita das 400 maiores empresas de agronegócios do país tenha se mantido no patamar dos US$ 219 bilhões de 2011 para 2012, o lucro delas caiu 27%, para US$ 3,1 bilhões. Os dados estão em levantamento da edição de 40 anos de melhores e maiores da revista "Exame", que sairá em julho.

NO RANCHO 2
O mesmo estudo aponta a construtora Odebrecht como a empresa com maior número de funcionários em 2012: 127 mil. Ela também desbancou a ECT no posto de segunda companhia que mais paga salários do país, cerca de US$ 3,4 bilhões. A primeira é a Petrobras, que gastou US$ 7,9 bilhões no ano passado em remunerações.

EXECUTIVAS E ATLETAS
Sete entre dez mulheres que formam o primeiro time de empresas praticam ou já praticaram esportes na idade economicamente ativa. É o que aponta pesquisa da Ernst & Young com 821 dirigentes e executivos de companhias que faturam mais de US$ 250 milhões por ano. O estudo servirá de base para o programa Women Athletes Global Leadership Network.

LADY LARISSA MANOELA
A atriz Larissa Manoela, 12, intérprete da vilã Maria Joaquina na novela "Carrossel" (SBT), está gravando seu primeiro disco pela gravadora Deck. O álbum tem previsão de lançamento para setembro.

O repertório inclui nova versão de "Beijo, Beijinho, Beijão", hit da trama do canal de Silvio Santos, "Pra Ver se Cola", do Trem da Alegria, e a inédita "Love Love", do Tianastácia.

"Eu estou gostando muito [de virar cantora], adorando fazer show pelo Brasil e ver a repercussão", afirma a garota, que se diz fã dos cantores Lady Gaga, Selena Gomez, Justin Bieber, Demi Lovato, Katy Perry, Miley Cyrus e Madonna.

MESTRE CHICO
Os atores Francisco Cuoco e Ângelo Paes Leme estrearam a peça "Uma Vida no Teatro", na quinta-feira. Os atores Danton Mello e Rosanne Mulholland foram à pré-estreia, no Teatro Vivo.

A DAMA E O OPERÁRIO
Ana Estela Haddad, primeira-dama da cidade de São Paulo, ganhou quadro com uma foto do ex-presidente Lula tirada em 1979 por João Bittar (1951-2011).

O presente foi dado durante a visita da mulher do prefeito Fernando Haddad (PT), na sexta, à exposição com trabalhos do fotógrafo paulistano que está em cartaz na Ímã Foto Galeria. A mostra, na Vila Madalena, fica aberta até 4 de julho.

Na imagem, o então líder sindical mostra o umbigo em uma convenção de metalúrgicos.

ÁRVORE DA VIDA
A diretora Lu Brites apresentou o espetáculo de dança-teatro "Origem Animal de Deus", no Sesc Pompeia. Os atores Gustavo Machado, Paula Cohen, André Fusko e Claudia Missura e o escritor Lourenço Mutarelli estiveram na plateia da montagem.

CURTO-CIRCUITO
Sérgio Vaia lança o livro "Armênio Guedes, Sereno Guerreiro da Liberdade", hoje, às 19h, na Livraria da Vila da alameda Lorena.

Adriana e Romeu Trussardi apresentam a linha Trousseau Casual, hoje, no restaurante Mozza.

O Women's Forum no Brasil será aberto hoje, às 19h30, com jantar para convidados no hotel Grand Hyatt, na Vila Cordeiro.

O jantar beneficente dos 15 anos da Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), com show de Tiago Abravanel, será na sexta.

Naldo faz show de gravação de seu novo DVD no próximo dia 3, no Credicard Hall. 14 anos.

No banco - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 17/06

A despeito de sua busca por protagonismo na crise de segurança e na reação aos protestos em São Paulo, membros do Planalto ainda não enxergam em José Eduardo Cardozo (Justiça) o "plano A" do PT para a sucessão paulista em 2014. Nas palavras de um auxiliar, o ministro é um "reserva de luxo". A candidatura de Cardozo dependerá de pesquisas sobre se segurança pública figurará como o principal tema eleitoral. E do aval de Lula, que nutre antipatia histórica pelo petista.

Pressa Há duas visões no PT sobre o timing da candidatura paulista. O presidente estadual da sigla, Edinho Silva, puxa o bloco dos que querem decisão já, em favor de Alexandre Padilha. Advoga que não se pode deixar Geraldo Alckmin fidelizar todos os partidos sem contraponto.

Calma Já Lula pondera que a situação é diferente da de Dilma, em 2010, e Fernando Haddad, em 2012. Ambos precisavam de tempo para se tornar conhecidos, mas não tinham um adversário forte como Alckmin. Para o ex-presidente, um candidato lançado agora pode se queimar.

Empurrão O PSB-SP pretende apresentar em 2 de agosto declaração formal de apoio à candidatura presidencial de Eduardo Campos. O partido abriu consulta aos líderes no Estado, mas o presidente da sigla, Márcio França, dá como certo o aval.

Regional Depois da maratona de São João que fará no Nordeste, o presidenciável tucano Aécio Neves deve acompanhar o prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio, na tradicional Festa do Boi, em Parintins, que neste ano celebra seu centenário nos dias 28, 29 e 30.

Chão da fábrica A Força Sindical comemorou a queda da avaliação de Dilma na última pesquisa Datafolha. O grupo acha que o solavanco no índice de aprovação da presidente pode obrigá-la a abrir diálogo com as centrais.

Melhor não A possibilidade de vaias à presidente assombrava o governo desde semana passada. Assessores relatam que o roteiro sugerido pela Fifa para a abertura da Copa das Confederações, que previa que Dilma e Joseph Blatter descessem até o campo para cumprimentar os jogadores, foi vetado.

RH O Planalto ofereceu a Alessandro Teixeira o comando da agência de cooperação para a África, a ser criada. O número dois do Ministério do Desenvolvimento e Indústria vai deixar o posto após crise com o titular da pasta, Fernando Pimentel. Ele também negocia propostas com o setor privado.

Homenagem Michel Temer participa nesta quarta-feira, em Jerusalém, de evento para Bill Clinton por seu trabalho pela paz quando foi presidente dos EUA. Além do vice-presidente brasileiro, devem estar presentes Tony Blair e Shimon Peres.

Ou vai... Tadeu Filippelli tem dito a interlocutores que poderá sair candidato já em 2014, contra o governador Agnelo Queiroz, no Distrito Federal. Filippelli é vice-governador, mas o PT deve lançar candidatura ao Senado, isolando o peemedebista.

...ou racha A eventual candidatura do PMDB poderá abrir palanque para Aécio, com apoio do DEM, na capital federal no ano que vem.

Reprise 1 Os 95 funcionários da emissora de TV da Assembleia Legislativa paulista fizeram um apelo aos deputados da Casa para tentar manter seus empregos.

Reprise 2 Contratados pela Fundac, responsável pelo canal, os profissionais temem ser demitidos caso outra empresa vença a licitação para controlar a emissora.

TIROTEIO
"Vamos combinar o seguinte: a oposição pode ficar com a manifestação dos estádios de futebol e o PT fica com a das urnas em 2014."
DO EX-PRESIDENTE DO PT JOSÉ EDUARDO DUTRA, sobre as vaias à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa das Confederações, em Brasília.

CONTRAPONTO


Imagina na Copa
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) conversava na semana passada com jornalistas sobre a expectativa do governo em relação à votação dos novos critérios do FPE (Fundo de Participação dos Estados).

O projeto, que foi derrubado na Câmara, precisa ser aprovado até 23 de junho, antes que vença o prazo determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Questionada se o Palácio do Planalto temia o prazo apertado para votação, a ministra disparou:

--Sabemos que será aos 45 do segundo tempo. Mas já ganhamos alguns campeonatos nos últimos minutos!

Crise global nos últimos capítulos (2) - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Valor Econômico - 17/06

No mês passado, neste encontro com os leitores do Valor, escrevi que via a crise econômica internacional entrando em seu capítulo final. Nas semanas seguintes a este meu comentário uma nova onda de nervosismo tomou conta dos mercados financeiros ao redor do mundo. Alguns leitores devem ter pensado com seus botões: "que gafe cometeu o Luiz Carlos, vítima de seu eterno otimismo com o funcionamento das economias de mercado".

Por isso quero reafirmar minha convicção de que o mundo deve voltar a crescer e um novo período de otimismo voltará a ser o padrão na maior parte dos países. Com isto será colocada no ostracismo toda uma geração de pessimistas que pulula hoje nas mesas de operações de instituições financeiras. Os negócios e os investimentos voltarão então a ser orientados por analistas que olham com maior profundidade o funcionamento da economia real.

Entretanto, confesso que, no calor dos dias de tumultos que vivemos nas últimas semanas, senti certo frio na barriga ao ser varrido pelo sentimento de que poderia estar errado em meu diagnóstico. Afinal o índice Footsie da Bolsa de Londres caiu quase 9%, o S&P da Bolsa de Nova York quase 4% e o nosso coitado Bovespa mais de 20%. Também nos mercados de câmbio as moedas dos principais países emergentes sofreram fortes desvalorizações em relação ao dólar americano. O dólar australiano - uma das moedas mais importantes - perdeu quase 10% de seu valor em poucas sessões de negociações.

Apenas a leitura de comentários e análises de alguns economistas que respeito muito me devolveu a segurança de continuar a pensar como antes. Ajudou-me muito também a leitura retrospectiva de outros momentos de pânico que aconteceram entre 2010 e agora. O gráfico abaixo, tomando as cotações da Bolsa de Londres como referência, mostra o padrão de comportamento de outros mercados neste mesmo período. Nele o leitor pode encontrar pelo menos quatro momentos críticos em que os catastrofistas pareciam ter o domínio da situação.

O primeiro deles, em março de 2011, quando da ocorrência do tsunami no Japão houve um terremoto nos mercados de risco com o Footsie caindo 7% em poucos dias, mas voltando rapidamente ao nível inicial, descrevendo assim um V especulativo clássico. Em julho desse mesmo ano, com a divulgação de um crescimento do PIB americano muito abaixo das previsões, o Footsie despencou mais de 17%, voltando ao nível anterior nos primeiros meses de 2012. Um movimento em V clássico também, embora mais longo e distribuído em um período de tempo maior. O terceiro movimento deu-se em março de 2012, a partir do resultado inesperado nas eleições na Grécia. O Footsie caiu em poucas semanas quase 12% e o euro chegou a € 1,20 em relação ao dólar americano, com alguns radicais apostando que a moeda europeia atingiria a paridade com a moeda americana. A corajosa ação do Banco Central Europeu na defesa do euro devolveu progressivamente a calma aos mercados que, mais uma vez, recuperaram-se das perdas anteriores. Essa dinâmica foi reforçada pela decisiva ação do Fed nos Estados Unidos, e por mais um fantasma - o chamado Abismo Fiscal - enterrado pelos mercados no que já chamei de cemitério de fantasmas que não existiram.

Mas esse clima foi interrompido agora por outra ameaça de fim de mundo que, segundo uma parte majoritária dos mercados, deve ocorrer com a normalização dos juros nos Estados Unidos. Mais uma vez a racionalidade foi abandonada e os negócios passaram a serem comandados pelas mesas de operações. Segundo o mercado, a normalização dos juros americanos que se tornará necessária em função da retomada do crescimento sustentado, fará com que todo o dinheiro que existe no mundo seja direcionado para aplicações em títulos de Tesouro americano. Nesse movimento de manada, os mercados de ações, principalmente nos chamados países emergentes, ficarão à míngua e os preços das ações vão despencar.

No raciocínio do mercado o Fed, apesar de todo seu sucesso e competência na administração da crise até agora, será incapaz de fazer com que esse processo ocorra de forma organizada. Esquecem os que defendem esse caminho que, além da hipótese de que a normalização dos juros poderá ser administrada com êxito pelo Fed, ela virá associada a um bom motivo: a volta do crescimento econômico na maior economia do mundo. E sabemos que esse movimento irá atingir também outras economias via demanda americana por bens e serviços produzidos nesses países. A China, que vem encontrando alguma dificuldade em administrar um novo modelo de crescimento, receberá um apoio adicional via exportações para os Estados Unidos. O mesmo vai ocorrer em outros países emergentes, como o Brasil. Também a Europa, que vive um processo doloroso e lento de recuperação, sairá fortalecida.

Mas, acima de tudo, meu otimismo nasce da confiança que tenho na competência do Fed em gerir esse processo de normalização de juros. Depois de anos mostrando uma incrível capacidade de navegar em águas desconhecidas e perigosas, não vai ser agora que Ben Bernanke e sua equipe vão afundar o barco do Fed.

Mestre Eckhart, o herege - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 17/06

Eckhart pagou um preço alto por sua ousadia; o mundo não mudou muito desde então


Mestre Eckhart, alemão morto em 1328, foi um grande filósofo, místico e herege, condenado em 1329 pela Inquisição.

Na época, a norma era pregar e ensinar em latim, apesar de as pessoas comuns não entenderem latim. Eckhart pregou e ensinou em alemão, e essa foi uma das acusações contra ele, porque, segundo os inquisidores, as pessoas comuns não entendiam sutilezas teológicas ou filosóficas.

Essas ideias sofisticadas versavam sobre a experiência direta de Deus, mais conhecida na literatura especializada como mística, além de ele defender uma forma de teologia que entendia o homem como "parte de Deus".

Antes professor de grande sucesso de teologia sacra na Sorbonne, na cátedra de teologia para professores de fora do reino de França (Tomás de Aquino ocupara a mesma cátedra antes), mais tarde veio a ser transferido para uma atividade mais "paroquial" e menos intelectual em Estrasburgo.

O intelectual Eckhart foi transferido para Estrasburgo a fim de cuidar das almas ("cura das almas") dos grupos de espirituais, homens e mulheres, chamados "bégards" e "béguines", que viviam ao redor da cidade.

Seu sucesso nas pregações serviu como argumento para seus invejosos inimigos políticos o acusarem de herege, acusação que acabou por destruir sua carreira e sua vida (ele morreu no ostracismo, quando era a maior promessa da ordem dominicana depois de Tomás de Aquino) --e condenou sua obra a séculos de desconhecimento pela filosofia e pela teologia.

Eckhart era um mestre do intelecto, um "mestre da vida", como o caracterizou o medievalista Alain de Libera em seu clássico "Pensar na Idade Média". Nesse livro, De Libera descreve o perigo que era pensar fora dos muros da academia (ser um "mestre da vida") e como isso gerava perseguição pela Inquisição.

Eckhart pagou um preço alto por sua ousadia; teria sido queimado se não tivesse morrido antes.

Nessa sua atividade com o "povo", Eckhart ficou conhecido em especial pela sua aproximação com as mulheres espirituais, as "béguines". Existe até um romance, que recomendo para quem lê francês, de Jean Bédard, que se chama "Maître Eckhart" (mestre Eckhart) e narra o lendário relacionamento que ele teria tido com uma dessas mulheres, Kaltrei, que muito provavelmente foi queimada.

Um método comum da Inquisição era retirar argumentos escritos ou falados pelo réu do contexto original a fim "fazê-lo dizer o que ele não disse".

E qual era a "psicologia" de um inquisidor? Normalmente bem formado, ele se via como alguém chamado a assegurar a pureza dogmática do cristianismo e a impedir a contaminação dos costumes por ideias indesejáveis.

Essas ideias se difundiam rapidamente pelo "povo" (mesmo antes da "maior" invenção do século, o Facebook...), e, por isso, era importante cuidar para que elas não fossem postas em circulação. Como ele se via como um defensor da pureza da verdade e dos costumes no mundo (logo, do "bem"), julgava-se autorizado a perseguir, calar e queimar quem discordasse dele.

O mundo não mudou muito desde então.

P.S.: Outras inquisições. Na semana passada, nesta coluna, critiquei os excessos de certos grupos que querem se meter nos brinquedos das crianças e nas posições sexuais dos casais. Aparentemente, um link enviado por um leitor, que constituiu uma referência entre várias, cita uma entrevista que nunca existiu.

Mas o festival de curtas sobre diversidade sexual narrado na coluna nada tem a ver com essa "armadilha da internet": aconteceu em São Paulo, e eu estava presente. Nesse, sim, criticava-se a "posição de quatro" como sendo machista. Portanto, a crítica independe da falsa entrevista.

A condenação do sexo oral por motivos ideológicos também é fato.

Basta lembrarmos a campanha de anos atrás fora do país, quando uma foto de publicidade antitabagista mostrava uma mulher de joelhos, diante de um homem, com um cigarro na boca, condenando as duas formas de submissão: o sexo oral e o cigarro.

Chute no traseiro - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 17/06

A construção de estádios belíssimos, modernos e caríssimos, sendo que alguns deles se transformarão em elefantes brancos, como o de Brasília, com custo de R$ 1,2 bilhão, me lembram dos enormes estádios, maiores que os atuais, feitos pela ditadura. Eram também bonitos e caros, para a época. Atuei na inauguração do estádio de Erechim, no Rio Grande do Sul, onde havia mais lugares no estádio do que moradores na cidade.

Felizmente, vivemos na democracia. Mas a megalomania e a politicagem são as mesmas. Não há razão para 12 novos estádios. Empresários perceberam que vários dos muitos hotéis que estão sendo construídos em Belo Horizonte podem se tornar também elefantes brancos.

O secretário da Fifa, Jérôme Valcke, disse, na semana passada, que, se falhasse a venda de ingressos, mereceria um chute no traseiro. Já pode levar.

As manifestações contra os gastos da Copa e contra a falta de soluções para os graves problemas sociais são bem- -vindas e legítimas, desde que sejam sem violência, dos dois lados. Tiro de bala de borracha pode matar.

Para entender melhor alguns detalhes, vi, novamente, parte do jogo contra o Japão. Houve mais lançamentos longos e chutões do que tinha notado. Os zagueiros fizeram isso por falta de opção no passe. A saída de bola continua ruim. Luiz Gustavo joga muito atrás, e Paulinho muito à frente. Um longe do outro. Falta um volante, que toca, avança, recebe, toca e comanda o jogo. Não temos esse craque. O ataque depende muito de estocadas isoladas.

Após ver novamente a partida, mudei minha nota para Neymar. Em vez de sete, passo para oito, pelo golaço e pela atuação durante o jogo.

Ontem, a Itália foi muito melhor que o México. Dominou a partida, perdeu gols e teve um claro pênalti, a seu favor, não marcado. O time italiano mostrou suas virtudes, Balotelli, De Rossi e, especialmente, Pirlo, e suas deficiências, falta de melhores laterais e de um companheiro para Balotelli. A Itália cansou no segundo tempo. O calor será um forte aliado do Brasil, na Copa das Confederações e no Mundial.

O México atuou mal, como nas eliminatórias. Será que jogará bem contra o Brasil?

Hoje, no Mineirão, teremos o clássico entre Nigéria e Taiti. As escolas e as repartições públicas não funcionarão. As pessoas que precisam se locomover ficarão em casa, como medo de engarrafamentos e da burocracia da Fifa. A Copa das Confederações existe para teste e para a Fifa faturar duas vezes.

A violência faz a diferença - RENATO JANINE RIBEIRO

Valor Econômico - 17/06

Antes da violência policial da quinta-feira, li no Facebook posts sustentando que, para fazer mudanças sociais reais, é preciso usar da violência. Manifestações pacíficas, ao gosto da classe média, não levariam a nada. No mesmo dia, à noite, os autores dessa análise, a meu ver totalmente errada, foram desmentidos pelos fatos. Porque a simpatia da opinião pública tem seguido, em boa medida, a linha de repúdio à violência. Os manifestantes que destruíram ônibus ou vidraças só fizeram sua causa perder apoio. Mas tudo mudou na quinta-feira, quando e porque a violência mudou de autor. Dessa vez a polícia agrediu sem provocação, como li nos depoimentos dos jornalistas Ivan Marsiglia, Armando Antenore e Elio Gaspari, ou da escritora Angela Lago.

Na vida social, há fatos importantes que decorrem de uma longa série causal - e outros, que surgem de uma causa fortuita, repentina, que poderia muito bem não ter existido. O Brasil é um país unificado, em vez de ter-se retalhado em várias repúblicas, por quê? Porque a família real veio para cá, num caso único de metrópole que muda para a colônia. Mas, se dom João atrasasse um só dia, os franceses o prenderiam e não teríamos unidade nacional. Ou: o PT governa o Brasil e o PSDB, São Paulo, por quê? Nos dois casos uma série longa de ações e reações lentamente foi construindo a hegemonia política de um partido no país e de outro no Estado mais populoso. Mesmo as manifestações, decorrem do quê? De uma lenta e determinada degradação do transporte público, apesar de sua tarifa subir em valores reais (considerados os últimos vinte anos). Reportagem do "Estado de S. Paulo" mostra que o número de ônibus não cresce desde 2004, mesmo com um aumento de 80% na quantidade de viagens efetuadas por dia pelos passageiros. Já as viagens de ônibus se reduziram em 3,5%, o que praticamente dobra a lotação por veículo. O desconforto dos usuários só aumentou - e notem que o levantamento cobre um período de prosperidade no país, quando a vida do cidadão "da porta da rua para fora" poderia ter melhorado. Ante essa constante degradação do transporte público, era inevitável que os cidadãos se indignassem, exigindo melhoras na condução. (Eu, pessoalmente, embora defenda uma tarifa de transporte subsidiada, a exemplo do que sucede nas capitais importantes do mundo, inclusive para desestimular o uso do veículo privado no deslocamento para o trabalho, considero que as prioridades absolutas no assunto deveriam ser maior rapidez e conforto nas viagens de ônibus). O problema vem de longe, a resposta só demorou a surgir, e deve continuar até que o tema se resolva.

Mas a violência... Eis o tema em que a causa pode ser fortuita, imediata, o tipo de coisa que poderia não ter ocorrido. Até quinta-feira, a acusação de violência era dirigida sobretudo contra os manifestantes. Obviamente não eram violentos todos os manifestantes, mas entre eles havia quem usasse da violência - e a sociedade não simpatiza com quem desrespeita a integridade física dos demais. Ouvi afirmações irresponsáveis, como a famosa frase, atribuída a Lênin, sobre a omelete que não se faz sem quebrar ovos (o problema é que, se a omelete não sair, os ovos foram quebrados à toa; a violência, sem bons resultados, é apenas violência - gratuita, inútil). E tudo mudou quando mudou de lado a violência. O que aconteceu, aparentemente, porque um pelotão da tropa de choque de repente - após o próprio comandante da PM ter dado parabéns aos manifestantes - atacou um grupo de pessoas nos entornos da rua Maria Antônia. Isso poderia perfeitamente não ter acontecido (como, por outro lado, poderiam não ter acontecido as destruições de ônibus ou de vidraças).

Ou será que isso tinha que acontecer? Se as manifestações não têm liderança clara e distinta, é natural que possam ser transbordadas por criminosos infiltrados nelas. Se a PM não tem um treinamento impecável para manter o sangue frio e lidar democraticamente com manifestantes, é lógico que possa agredir, atuando muito além do que lhe facultam a lei e a decência. É mais fácil resolver o segundo problema do que o primeiro. Manifestações sem líderes são uma conquista - democrática - dos últimos anos. A Primavera Árabe assim foi. A praça Tahrir, no Cairo, e a praça Taksim, em Istambul, são dois emblemas desses movimentos altamente capilares que, para cada vez mais de nós, são a cara de um espirito democrático que desconfia da manipulação por líderes. Já as polícias militarizadas são organismos hierarquizados. Temos assim duas formas de sociabilidade totalmente opostas. Uma é fluida e livre, outra é organizada e rígida. Uma é a vida da sociedade buscando a liberdade, outra é ação do Estado para manter a ordem. As duas são necessárias, mas a segunda tem de levar em conta a primeira, porque Estado e polícia só existem para a sociedade.

Tudo agora depende do que vai acontecer esta segunda-feira. É bem provável que quem for mais violento perca a luta pela opinião pública. Se a polícia for novamente brutal, a manifestação terá vencido. Se manifestantes, ainda que minoritários, depredarem, e a polícia conseguir controlar a situação sem espancamentos e tiros, será outro o desfecho. Isso podem parecer detalhes, e de fato não afetam o mérito das visões sobre o transporte público que hoje temos. Mas detalhes significam muito na vida política. O regime democrático é a forma mais inteligente até hoje inventada para excluir, do enfrentamento político, a violência. Quem reintroduz a violência acima do estritamente necessário peca contra a democracia.

Viva a vaia - MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

FOLHA DE SP - 17/08

'Não é só a tarifa, estúpido', pensei comigo enquanto acompanhava a manifestação na quinta no centro da cidade


No começo pareceu-me mais um fato estético. Uma espécie de performance que procurava mimetizar a coreografia dos movimentos jovens no mundo islâmico e das manifestações anticapitalistas dos anos 2000. Tinha dúvida se um aumento de R$ 0,20 nas tarifas seria forte o bastante para justificar passeatas e o ânimo radical dos manifestantes. Pensei que tudo se resumiria a um simulacro ruidoso, fadado a evaporar no asfalto da cidade.

Outras marchas vieram e eis que na quinta-feira fui ver ao vivo. Acompanhei a manifestação da praça da República à rua Maria Antonia. Jovens de classe média misturados com gente das ruas, manos, punks, rastas e alguns pichadores da perifa, na bronca.

Chamou-me a atenção o tom bem-humorado (ufa!) de alguns manifestantes e seus cartazes.: "Ô burguesia, não se assuste não, é só um protesto contra o aumento do busão"... Uma amiga contou que colegas da escola da filha dela mandaram essa: "Que vergonha, busão mais caro que maconha". "Como é bom ser jovem", teria comentado a avó prafrentex ao saber da história.;)

E a marcha seguia, transpirando vitalidade. Vontade de manifestação. E bombas de gás sexy no ar.

Não é só a tarifa, estúpido, pensei comigo. É uma "manifestação-ônibus", que carrega muitas causas (talvez nem por inteiro formuladas) e catalisa a insatisfação difusa que se sente no ar.

A vaia, baby. Viva a vaia.

Sim, tinha gente a fim de barbarizar, tacar fogo e mandar spray em agências bancárias. O "vandalismo", afinal, existe no dia a dia da cidade. Não é novidade. Quem acompanha futebol, por exemplo, sabe que o pau quebra quase que semanalmente. Vi manifestantes tentando conter os mais afoitos. E um dos coros que se repetia era "sem violência, sem violência".

Mas no meio do caminho estava a tropa. E começou a batalha campal. O jornalista Elio Gaspari relatou nesta Folha o que eu vi. Bloqueio sem nenhum sentido na Maria Antonia, a fim de deflagrar o confronto --o que, aliás, faz parte do enredo de manifestações desse tipo desde sempre.

O que me parecia um fato estético, já se tornou um fato político, com repercussões --e adesões-- mais amplas do que se poderia inicialmente supor. O anestesiamento dos protestos por parte do PT, que virou o PRI brasuca, está rompido. Vazou.

Tentou-se, como de costume, enfiar a novidade no debate ideológico sem imaginação que se trava na blogosfera e na mídia. As mentes binárias que explicam tudo com meia dúzia de certezas de direita ou de esquerda.

Os "progressistas" tentaram livrar a cara do prefeito e por toda a culpa na imprensa e na PM tucana. E os neocons começaram a repetir, nervosinhos, suas aborrecidas aulas de moral e cívica. As manifestações seriam atos de vândalos esquerdistas equivocados que só serviam para quebrar vidraças e atrapalhar a fluidez do trânsito. Lembrei-me de "Construção": "Morreu na contramão atrapalhando o tráfego".

Bem, se há alguma coisa de estrutural que atrapalha o "direito de ir e vir" em São Paulo é a precariedade do transporte público e o incentivo de sucessivos governantes ao uso do automóvel. Ou será que a solução é construir um "Manifestódromo" fechado com patrocínio de uma marca de cerveja?

PS-- Nos vemos hoje no largo da Batata, baby?

Coronelismo do século 21 - KÁTIA ABREU

CORREIO BRAZILIENSE - 17/06

Parto do princípio de que não se pode conceder ao homem o hábito do erro, porque danifica a sua faculdade de raciocínio. E isso, certamente, o leva a derivações nem sempre benéficas ao seu crescimento e, por vezes, prejudiciais ao desenvolvimento da própria sociedade.

Há pensamentos contrários, mas defendo a ideia iluminista de fazer da razão instrumento para retirar as pessoas da "tutelagem presumida" em que se encontram. E não há ferramenta melhor que a educação.

É fazendo uso do bom senso e da razão que julgo necessário mudar o paradigma vigente no país, pelo qual determinadas ações governamentais são fundadas na troca de proveitos entre o poder público e os "chefes" locais.

Trata-se de uma espécie de privatismo de cargos públicos que, paradoxalmente, dá oxigênio ao modelo vigente de representação popular. Uma contradição do sistema, dado que a política é uma atividade meio e não uma finalidade em si mesma.

As variações desse coronelismo — que se modernizou na substância, mas continua preso na essência discriminatória que fez dele uma espécie de classe social do atraso — ainda interferem no dia a dia das pessoas. Basta ver o caso emblemático da escolha de diretores de escolas públicas, cargos fartamente usados como moeda de troca, seja nas grandes metrópoles ou em pequenas vilas.

Essa prática danosa transforma a educação — e o futuro do país — em refém desse coronelismo do século 21. No Brasil, esse caciquismo ainda é responsável pela indicação de 70% dos diretores de 200 mil escolas, segundo o próprio MEC.
Percentual tão expressivo é sinal de que o status quo força a adesão à prática. Diante disso, faço aqui meu mea culpa e conclamo todos a uma aliança em favor da meritocracia, uma aliança pela educação brasileira.

Propus recentemente ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, duas medidas que avalio fundamentais: a adoção do critério do mérito para a escolha dos diretores de escolas públicas e a obrigatoriedade das escolas de expor, em local visível ao público, os indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do estabelecimento.

São propostas que, de um lado, obrigam diretores a se aperfeiçoarem no processo meritório, com impacto direto na qualidade do ensino. De outro, estimulam a comunidade a fiscalizar o que se ensina a seus filhos, participação que sempre resulta em avanço do aprendizado.

As pessoas de boa-fé podem mudar para melhor uma escola. E os agentes públicos têm que se render a isso, abrindo caminho a novas práticas que vão contribuir com a qualificação dos professores e a aplicação de instrumentos modernos na educação.

O próprio MEC, no Plano de Desenvolvimento da Educação, já prevê 28 diretrizes para melhorar a educação no Brasil. Dentre elas, determina que os gestores públicos devem "fixar regras claras, considerados mérito e desempenho, para nomeação e exoneração de diretor de escola". Falta regulamentar esta determinação.

É claro que há dificuldades. Mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal, delegando essas nomeações a Estados e municípios, endossa a necessidade de a classe política abrir mão de uma prerrogativa que, em essência, dela não seria.
Os que dela se utilizam o fazem, certamente, pela importância política do cargo nas pequenas cidades, ou mesmo pela falácia da deficiência dos currículos dos profissionais disponíveis. Deve-se ter como horizonte, no entanto, o destino das próximas gerações.

Bem ao contrário do que perpetua o coronelismo ainda presente, focado, como sempre, nas próximas eleições. Como se nota, um princípio anula o outro, ou o realça. Fazendo do mérito o instrumento político da escolha, estaremos contribuindo para melhorar a qualidade do ensino das nossas escolas.

Urge, portanto, que implementemos a medida e façamos a diferença. Mandatos, diferentemente da vida das pessoas, têm curta duração. E vida sem conhecimento é vida sem sentido.

Bancos quebrados - PAULO GUEDES

O GLOBO - 17/06
O economista Aloisio Araújo é membro da National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, membro honorário da American Economic Association e vai assumir em julho a presidência da Society for the Advancement of Economic Theory, uma organização internacional de economistas e matemáticos de estabelecida reputação acadêmica. Em seu discurso de posse, o brasileiro vai abordar os fundamentos teóricos para o redesenho institucional dos sistemas bancários após a grande crise contemporânea.
O uso maciço de recursos públicos para salvar os bancos foi adotado sem quaisquer limites pelos americanos e com alguma moderação pelos europeus, apenas pela influência dos alemães.

Os estudos de Araújo tratam desse tema crítico e atual: a criação de um novo marco legal para liquidação de instituições financeiras.

A busca de um equilíbrio entre uso de recursos públicos (bail out) e recursos de grandes credores e acionistas (bail in) nas operações de liquidação financeira de bancos quebrados.

Como um dos autores de nossa bem-sucedida Lei de Falências, Aloisio defende uma legislação específica para lidar também com os problemas de bancos insolventes. "Sistemas bancários são essencialmente frágeis. O seguro de depósitos evita corridas bancárias ao proteger os pequenos depositantes. O debate agora é sobre os grandes credores e depositantes. O bail out leva o banco a riscos excessivos, pelo auxílio das autoridades em resposta ao risco sistêmico. Já o bail in usa primeiro os recursos do próprio banco, dos acionistas e dos grandes depositantes, e só em último caso recorre a dinheiro público", disse o economista em excelente entrevista ao jornal "Valor" há uma semana.

Alerta Niall Ferguson, em "A grande degeneração: como decaem as instituições e morrem as economias" (2012): "A regulamentação deveria reduzir o número e o tamanho dos incêndios financeiros. Mas pode ter o efeito oposto, quando os órgãos reguladores são capturados por aqueles a quem devem regular. Os marcos regulatórios atuais e a própria atuação dos bancos centrais encorajaram muitos bancos aos riscos excessivos." Para o historiador britânico, a verdadeira causa do declínio econômico das modernas democracias ocidentais é a decadência de nossas próprias instituições.

Enrascada macroeconômica - CLAUDIO ADILSON GONÇALEZ

O ESTADÃO - 17/06

O que mais me chamou a atenção no comentado artigo em que a revista britânica The Economist (edição de 9/6) fez ácida crítica à política econômica brasileira não foram as ironias dirigidas ao ministro Mantega, e sim o sugestivo subtítulo da matéria: Como desperdiçar uma herança - e como ela pode ser facilmente recuperada, em tradução livre. Concordo com a primeira parte desse enunciado (o desperdício da herança), mas não creio que seja tarefa fácil a sua recuperação.

O presidente Lula, ao assumir seu primeiro mandato, em 2003, recebeu um país com reformas econômicas profundas, a maior parte implantada no governo FHC. A hiperinflação havia sido banida pelo Plano Real, a economia estava mais aberta e competitiva e estatais ineficientes haviam sido privatizadas. O Banco Central contava com ampla autonomia e operava, desde 1999, sob o então moderno regime de metas inflacionárias e com taxas flutuantes de câmbio. O chamado tripé macroeconômico completava-se com metas fiscais claras, regidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Apesar desses fatores favoráveis, Lula assumiu a Presidência tendo que enfrentar dois sérios problemas: dada a sua origem política, necessitava conquistar a confiança dos agentes econômicos e urgia debelar um surto inflacionário que se instaurou exatamente pelo receio de que o governo petista cumprisse o ideário historicamente defendido pelo partido. Houve fuga para ativos reais e megadepreciação do real, com inevitável impacto inflacionário.

Mas Lula surpreendeu positivamente, não só por manter todos os pilares macroeconômicos estabelecidos no governo FHC, mas também por prosseguir com reformas microeconômicas, com destaque às que propiciaram o crescimento do mercado de crédito doméstico e a reorganização do Sistema Financeiro de Habitação. O setor imobiliário, então semiparalisado, ganhou significativo impulso. O surto inflacionário foi debelado graças à redução de gastos públicos, em 2003, e à ampla liberdade dada ao Banco Central para gerir a política monetária.

Em decorrência do forte crescimento global, especialmente da China, as commodities valorizaram-se, o que provocou expressiva melhora da nossa relação de trocas. Em outras palavras, cada unidade de produto exportado pelo Brasil podia comprar cada vez mais bens produzidos no exterior.

Mas foi exatamente nesse ponto que a herança começou a ser desperdiçada. A maior capacidade para importar bens e serviços e o forte influxo de capitais externos serviram principalmente para financiar o crescimento acelerado do consumo e dos gastos públicos, não para expandir investimentos, melhorar a infraestrutura, a qualidade do ensino e outras ações para elevar a produtividade.

Em resposta à crise financeira global iniciada em 2008, o governo empreendeu um bem-sucedido programa contracíclico de expansão monetária e fiscal, mas a rápida retomada do crescimento chinês que voltou a jogar para cima os preços das commodities, a queda espetacular das taxas internacionais de juros e a continuidade dos estímulos internos quando os mesmos já não eram mais necessários fizeram com que a demanda doméstica voltasse a crescer fortemente, em claro descompasso com a capacidade de expansão da oferta.

A miopia econômica do governo, especialmente na gestão Dilma Rousseff, impediu-o de ver que o declínio do crescimento se devia a restrições de oferta, especialmente pela superocupação da força de trabalho e pelo caos da infraestrutura. Abusaram dos estímulos à demanda e elevou-se fortemente o comprometimento de renda das famílias com dívidas, daí o crescimento da inadimplência.

As metas de superávit primário foram virtualmente abandonadas sob a alegação de que o importante era controlar a relação dívida líquida/PIB. Discordo. O conceito de dívida líquida não é um bom indicador da qualidade da política fiscal. Mas, mesmo que fosse, é fácil mostrar que, dados o pífio crescimento econômico, o alto custo implícito de financiamento dessa dívida líquida (14% ao ano) e a forte queda do superávit primário (o verdadeiro, não o contábil), mesmo esse indicador possui tendência ascendente.

A pressa em elevar o crescimento e conter a inflação sem custo político levou o governo a reintroduzir o controle de preços, a restringir a autonomia do Banco Central, a retomar políticas protecionistas e a distribuir benesses a setores escolhidos à custa do erário. Apesar disso, a inflação galopa e o déficit externo explode.

A credibilidade da atual política econômica cai perigosamente. Artigos como o da revista The Economist aqui citado proliferam na imprensa internacional especializada. Após a perspectiva negativa dada pela Standard & Poor's (S&P) para o risco soberano, não se pode descartar uma sequência de rebaixamentos dessas classificações. E as condições favoráveis da economia mundial estão se invertendo: a era de commodities supervalorizadas e de juros norte-americanos baixos começa a ficar para trás.

O pessimismo doméstico é ainda maior. Não é por pouco. As margens operacionais das empresas, de quase todos os setores, estão deprimidas, principalmente pelos custos salariais e pela ineficiência da infraestrutura. As expectativas inflacionárias deterioram-se significativamente e só agora parece que foi devolvida ao Banco Central alguma autonomia para agir.

Por exemplo, mesmo o necessário e inadiável aumento do juro básico, dado o atraso com que foi iniciado e as distorções introduzidas pelos equívocos da política econômica, pode resultar em efeitos colaterais indesejados. O governo forçou a redução dos spreads bancários, apesar do crescimento da inadimplência. Agora os bancos começam a elevar os juros do crédito para recuperar margens. Se a isso se somar o repasse do aumento do custo de capitação imposto pelo aperto monetário, pode ocorrer um novo - e perigoso - surto de inadimplência.

Enfim, o Brasil está metido em uma enorme enrascada macroeconômica. Ao contrário do que pensa a revista The Economist, não será fácil recuperar a herança desperdiçada.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 17/06

Setor de construção civil crescerá 2,9% em 2013, projeta consultoria
Alavancada pelo segmento de infraestrutura, a indústria da construção civil deve ter alta de 2,9% neste ano e de 3,9% em 2014, segundo projeções da consultoria LCA.

"A construção pesada deve ser impulsionada pelos estímulos para investimentos que os Estados do país receberam", afirma o economista Fernando Sampaio, sócio da empresa.

"Com o relaxamento do teto de endividamento que o governo federal concedeu, os Estados não vão desperdiçar a oportunidade [de realizar novas obras], inclusive porque temos eleições no próximo ano", acrescenta.

As linhas de financiamento do BNDES também devem estimular o segmento, de acordo com Sampaio.

Para a área imobiliária, no entanto, a expectativa é de expansão moderada.

"A euforia de 2010 não vai voltar. O crédito está desacelerando", diz.

Com o desaquecimento da construção no último ano (alta de 1,4% ante 3,6% em 2011 e 11,6% em 2010), os preços dos produtos ligados ao setor também estão crescendo em ritmo menor.

A consultoria prevê que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) fique em 6,5% em 2013. No ano passado, ele registrou 7,1%.

Ainda em 2013, o preço da mão de obra deve subir (6,6%) um pouco mais que o dos materiais (6,3%).

Em 2014, a tendência é que a situação se inverta e que os salários aumentem 4,8%, enquanto os materiais alcancem os 7%.

Para 2015, as projeções são desanimadoras: crescimento de 0,9% no PIB da construção: "Aí teremos um período de ressaca eleitoral."

Mãos à obra A ampliação do aeroporto de Goiânia, paralisada pelo Tribunal de Contas da União em 2007, deve recomeçar nos próximos dias, segundo o governo de Goiás. O assunto foi discutido na semana passada com a Infraero.

Acesso... Em meio à Copa das Confederações, o Estado de Minas Gerais lançou um passaporte para turistas. Com um único documento, visitantes brasileiros ou estrangeiros têm acesso a atrativos turísticos e alguns descontos.

...livre O MinasPass custa R$ 50 e pode ser usado em localidades situadas a um raio de 150 quilômetros da capital, como Ouro Preto, Mariana e Rio Acima. Com conexão para o aeroporto de Confins (ida e volta), o valor é de R$ 92.

AS LEIS...
Dois escritórios de direito recém-formados, compostos apenas por mulheres.

Sylvia Urquiza, ex-sócia da área criminal no Trench, Rossi e Watanabe Advogados, Débora Pimentel e Carolina Fonti, egressas da mesma banca, acabaram de fundar o Urquiza, Pimentel e Fonti Advogados.

As criminalistas observaram que os clientes corporativos começaram a procurar escritórios com qualidade, mas a um custo menor que o de um escritório grande.

"Nossa ideia foi criar algo único", diz Sylvia Urquiza.

"Não somos uma boutique de penal, que pensa só como criminalistas, nem somos um escritório grande, que acarreta mais custos, uma estrutura engessada, que é menos flexível na cobrança de honorários."

...SOB CRIVO FEMININO
As advogadas Maria Stella Costa, Sabrina Canedo, Isadora Dias Munhoz e Carla Rizek Munhoz vieram de grandes bancas ou de empresas destacadas.

Queriam mais flexibilidade para conciliar o trabalho com a vida familiar. Em uma estrutura mais enxuta, no Dias Munhoz, pretendem atender empresas menores com uma "clínica geral".

"O nosso mote é um serviço de excelência, em escritório pequeno. Damos o primeiro atendimento multifacetado", diz Costa.

"Atendemos na área corporativa, mas, se o cliente for se separar, podemos ajudá-lo nessa área também. Se ele quiser fazer uma fusão, indicaremos para colegas."

APOSENTADORIA ANTES DO 60
Uma pesquisa feita com um simulador da Icatu Seguros apontou que mais da metade dos usuários do serviço (53%) quer se aposentar antes dos 60 anos. Apenas 5% declararam pensar na aposentadoria após os 70 anos.

O levantamento foi feito com 31 mil pessoas no período de um ano.

Os homens demonstraram mais interesse pela simulação, representando 83% das respostas. A maioria disse ter entre 20 e 40 anos. Entre as mulheres, 48% tinham entre 40 e 60 anos.

Do total de respostas, 57,6% dos homens e 67,3% das mulheres afirmaram ainda não ter nenhum tipo de investimento financeiro.

"As pessoas querem se aposentar cedo, mas demoram para começar a investir. Desse jeito, a conta não bate", diz Humberto Sardenberg, superintendente de marketing da empresa.