sábado, julho 07, 2012

O segredo e a alma - RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA


O segredo é uma palavra que vem do latim secretu. O significado é claro. O segredo é algo que se oculta dos olhos do público. Por vergonha ou por medo das consequências. Os segredos pessoais costumam ser fonte de sofrimento. Os segredos oficiais costumam alimentar uma cultura da obscuridade. São protegidos por razões de Estado, ditaduras e organismos de segurança. Os políticos que têm medo de revelar como votam em questões éticas são, basicamente, covardes. Não merecem nosso voto.

De tanto que a sociedade e a mídia no Brasil morderam a canela do Congresso, o Senado tomou na semana passada uma decisão importante, apesar de limitada. Os senadores – por 55 votos a 1 – aprovaram a emenda que acaba com o voto secreto em processos de cassação de parlamentares. O único voto contra foi do maranhense Lobão Filho (PMDB), excluído da Comissão de Ética e conterrâneo de José Sarney.

O voto do Senado a favor da transparência nos processos de cassação é simbólico. Não vale para o julgamento, no dia 11, de Demóstenes Torres, que caiu em desgraça com o escândalo do bicheiro lobista Cachoeira e hoje está sem partido. O voto aberto é um projeto que emenda a Constituição. Para vigorar, precisa ser aprovado também na Câmara, que está sem pressa nenhuma.

Há quem culpe a massa por votar errado. Mas o Congresso impede o eleitor de saber quem é a favor ou contra. “Medo do que ou de quem?”, pergunta Paulo Cesar Philot Barradas, do Rio de Janeiro, na seção de cartas do jornal O Globo. “Quero saber em quem votei, agora, na hora da verdade. Vote na honestidade. Faça diferente do político sem honra. Não esqueça que seu mandato é curto e que estamos de olho em você.” Paulo Cesar exige que o Congresso o ajude a votar com consciência, e não na santa ignorância. Como tantos de nós.

O voto aberto, para os otimistas, pode ser o início de uma campanha pela moralização da forma de fazer política. Uma pena que os senadores só queiram abrir o voto nos processos de perda de mandato dos colegas. Nem pensam em abrir o voto na análise de vetos da presidente Dilma ou na indicação de ministros de Tribunais Superiores. O “segredo” é óbvio: os congressistas têm um medo profundo do Executivo e do Judiciário. Medo de retaliação, de vingança, medo de tufões e ariranhas.

“Se os parlamentares não podem assumir plenamente seus votos em relação a outros poderes, isso quer dizer que, do ponto de vista da dinâmica da sociedade, não temos uma democracia propriamente dita”, afirma o psicanalista Joel Birman. “Os poderes são desiguais. Há uma verticalidade. E quem está por cima são o Executivo e o Judiciário. Isso significa que estamos numa ordem política pré-moderna.”

O Brasil está num momento salutar na busca por sua história contemporânea. É a Lei de Acesso à Informação, a Comissão da Verdade. Estamos vasculhando os porões de nossa memória. Fotos e documentos da repressão, das vítimas e dos militantes emergem de arquivos secretos. Lemos depoimentos de pessoas que torturaram e que foram torturadas. São reveladoras algumas convicções dos militares envolvidos com o golpe. Como a ficha de Chico Buarque, em relatório do SNI. Chico era fichado como o “endeusado” representante da “esquerda festiva” que fazia shows com “cenas que feriam a moral das famílias”.

Todos nós temos nossos segredos. Alguns são pueris e inocentes. Outros provocam recalque e pânico. “Nos consultórios, fica claro como os pacientes tentam se livrar do segredo para sofrer menos. O que não é assumido pode virar fonte de mutilação psíquica. Quando se amplia do íntimo para a política, o que testemunhamos não é uma neurose, mas uma perversão”, afirma Birman. Numa sociedade fundada na mentira e na dissimulação, os valores éticos são subjugados a interesses particulares ou de grupos.

Um exemplo é a atitude de Demóstenes. Ele diz que Cachoeira era apenas “um amigo enrolado”. Ao pressionar abertamente na semana passada para que o bicheiro seja ouvido na CPI, o recado é claro. O senador quer apenas que Cachoeira “entregue a quem ele beneficiou”. Soa como chantagem. Ou alguém ainda acredita que não haja beneficiados entre os que vão julgar Demóstenes no Senado – por voto secreto?

O homem comum acha que os incomuns entram na vida pública para enriquecer ilicitamente, empregar parentes, ter imunidade, garantir aposentadoria e plano de saúde integrais. Para enfiar a consciência na bolsa, na meia ou na cueca, e transformar seu voto numa mercadoria do grande balcão onde o segredo é a alma do negócio. Não existe mais ideologia – como disse o guru Maluf para seu convidado Lula. E ainda se exige de mim e de você que saibamos eleger os melhores.

A lei de ferro - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 07/07


SÃO PAULO - É uma boa notícia a de que o Senado finalmente aprovou uma emenda constitucional que acaba com o voto secreto nas cassações de mandato parlamentar. A proposta, que ainda tem de passar pela Câmara, permanece, porém, tímida, já que preserva o sigilo em votações para derrubar vetos presidenciais e para entronizar ou exonerar determinadas autoridades.

Não discordo de quem afirma que, em certas situações, o voto velado é útil, ao conferir a legisladores a possibilidade de, por exemplo, opor-se ao presidente sem temer retaliação.

O problema com votações absconsas é que, mesmo que confiram uma ou outra vantagem no varejo, pervertem a ideia básica da democracia representativa. Deputados e senadores, antes de satisfações a suas consciências, as devem ao eleitor. O circuito democrático não fecha se o representado não tem como averiguar o desempenho de seu representante.

É possível ir mais longe e, no rastro de Robert Michels, afirmar que sistemas representativos já trazem em si a propensão a deteriorar-se em regimes nos quais a elite que está no poder tenta nele perpetuar-se. É a famosa "lei de ferro das oligarquias".

A melhor forma de contrapor-se a essa tendência é instituir mecanismos de controle que mantenham os representantes sob jugo dos representados. Democracias estáveis exigem fiscalização da sociedade. Daí a necessidade de que as autoridades prestem contas de seus atos no exercício do mandato, o que é incompatível com a existência do voto secreto.

Na verdade, precisaríamos aprofundar mais esses controles, criando institutos como o "recall" de mandato e quem sabe até adotando o voto distrital. É importante, porém, ter em mente que não existe golpe de caneta que resolva todos os nossos problemas. Democracias só escapam à lei de ferro quando existe uma opinião pública cobrando satisfações. Aliás, foi só por isso que o fim do voto secreto passou no Senado.

Culto à pancadaria! - TUTTY VASQUES


O Estado de S.Paulo - 07/07

Anderson Silva e Chael Sonnen não têm alternativa: se pelo menos um deles não sair do octógono todo arrebentado hoje à noite em Las Vegas, os fãs do MMA vão começar a desconfiar que o UFC está virando a mesma palhaçada do Telecatch na televisão dos anos 1960.

Provocação entre lutadores às vésperas de disputa de cinturão é uma tradição da época em que Muhammad Ali ainda era Cassius Clay, mas nunca antes na história da promoção de combates a pancadaria verbal deu tantos golpes baixos nas artes marciais.

"Vou passar a mão na sua mulher", "vagabundo", "vai morrer", "imbecil", "vou arrancar todos os seus dentes", "marginal", "vou socá-lo na cabeça por 25 minutos", "criminoso", "tá ferrado", daí pra baixo.

Nem no tempo de Verdugo e Rasputin, vilões caricatos da era da luta livre circense na TV Excelsior, os protagonistas do espetáculo se tratavam desse jeito para fazer o público acreditar na farsa.

Preocupa, no caso, a disposição de Anderson Silva e Chael Sonnen de mostrar no ringue que não estavam fazendo teatro quando ultrapassaram todos os limites da civilidade para promover o esporte que praticam. Tirem as crianças da sala! 


Rescaldo

O incêndio de ontem em loja de festas de Copacabana pode ter começado na velinha do bolo de aniversário do bairro, que completava 120 anos.

Querido editor....

O WikiLeaks vai publicar 2,4 milhões de e-mails de autoridades da Síria. Nessas horas é que a gente dá valor ao editor de noticiário internacional. Cabe a ele ver se tem alguma coisa que interesse ao leitor de jornal misturado ao lixo eletrônico de toda correspondência do gênero.

Partículas de Deus

Já tem camelô nas imediações da 25 de Março vendendo "o poderoso chá de bóson de Higgs" indicado para combater anemia, falta de apetite, gripe, indigestão, gorduras localizadas, ejaculação precoce, prisão de ventre e depressão. "Um santo remédio!"

Oportunidade

O Congresso escreve certo por linhas tortas: as relações com Carlinhos Cachoeira servem apenas de pretexto para a cassação Demóstenes Torres, que será consumada muito mais pelas brigas que o senador comprou com José Sarney e Renan Calheiros quando ainda era um homem sério.

Quem?

Responda rápido: Cavendish, Pagot e Raul Filho foram convocados nesta semana por Mano Menezes ou pela CPI do Cachoeira?

Que fase!

O inferno astral de Márcio Thomaz Bastos atingiu seu clímax nesta semana! Além de lhe negar outro pedido de habeas corpus para Carlinhos Cachoeira, a Justiça rejeitou recurso do advogado contra a suspensão da carteira de motorista de Thor Batista.

Por que não?

De alguém que dormiu com Pedro Bial estreando Na Moral e acordou com a TV ligada no Encontro com Fátima Bernardes de ontem: "Eles vão acabar
fazendo o mesmo programa!" É uma ideia!

O Resgate da Petrobrás - ADRIANO PIRES


O Estado de S.Paulo - 07/07


Nas últimas três campanhas para a Presidência da República, um dos temas principais foi a política do petróleo e a Petrobrás. De um lado, o PT acusando os candidatos do PSDB de entregar as reservas brasileiras de petróleo para empresas privadas estrangeiras e privatizar a Petrobrás. Essa tese se acentuou na última campanha presidencial, com a descoberta da camada do pré-sal. De outro lado, o PSDB refém dos argumentos populistas e nacionalistas petistas e fugindo do debate em torno do setor de petróleo e da Petrobrás.

O que chama a atenção é como o PSDB nunca teve coragem de defender a política que o seu governo elaborou e implantou para o setor de petróleo, bem como a gestão da Petrobrás. Isso porque, se houve uma política no governo do PSDB que só apresentou resultados positivos e diríamos até mesmo espetaculares, essa foi no setor de petróleo. Durante o governo Fernando Henrique assistimos à abertura do mercado de petróleo, que levou a um aumento nas reservas provadas de 82%, entre 1995 e 2002, e de 118%, na produção de petróleo. Em quatro anos, a ANP promoveu quatro leilões de concessão de áreas exploratórias de petróleo e gás. Isso proporcionou a entrada das principais empresas internacionais do setor, como BG, Shell, Statoil, Repsol, etc., e possibilitou a criação de empresas privadas nacionais como OGX, QGEP e HRT. A Petrobrás elevou seus lucros, modernizou-se e internacionalizou-se, atingindo um nível de governança que permitiu que suas ações passassem a ser negociadas na Bolsa de Nova York. Como resultado das práticas de mercado e da melhora da governança, as ações da empresa apresentaram valorização de 386% no governo FHC.

Nos oito anos de governo do presidente Lula, os resultados obtidos no setor de petróleo, bem como os da Petrobrás, foram decepcionantes. A ANP realizou apenas cinco leilões e a área exploratória, que alcançou um máximo de 341 mil km², em 2009, será reduzida para 114 mil km², no final de 2012, devido a não ocorrência de leilões desde 2008. Os preços dos combustíveis voltaram a ser administrados pelo governo e promoveu-se a política do "falta tudo". Hoje, importamos gasolina, diesel, querosene de aviação e até etanol. O uso e abuso da Petrobrás levou ao não cumprimento das metas de produção de petróleo e a atrasos no plano de investimentos. Após a descoberta das reservas do pré-sal, foi realizada uma operação de capitalização da estatal, que se mostrou desastrosa para o acionista minoritário, desvalorizando em 44% as ações da empresa desde então. Ante a má performance da Petrobrás nos últimos anos, chama novamente a atenção como os partidos de oposição, em particular o PSDB, não denunciaram o que estava ocorrendo na gestão da Petrobrás. Ao contrário, tiveram uma participação tímida quando o governo mudou, em 2010, o marco regulatório do setor de petróleo, mais uma vez, perdendo a oportunidade de mostrar para a sociedade os êxitos do governo FHC e fazer ver que o que estava atrás das alterações propostas eram questões mais de cunho político do que técnico.

Para a surpresa da maioria, é no governo da presidente Dilma, com a nomeação de Graça Foster para a presidência da Petrobrás, que se estão explicitando as mazelas da estatal e tentando reencontrar o caminho da excelência. A primeira boa notícia foi a nomeação da nova diretoria, sem qualquer interferência política. O anúncio do novo Plano de Negócios também mostrou metas mais realistas. A priorização dos investimentos em exploração e produção e o adiamento dos de refino demonstram que prevaleceu a racionalidade econômica.

Falta superar uma série de obstáculos para que a gestão da Petrobrás volte a olhar mais os interesses dos acionistas e menos os dos políticos. Os dois principais desafios seriam a empresa ter autonomia para propor e executar a sua política de preços de combustíveis e deixar de ser utilizada pelo governo como instrumento de política industrial no que se refere ao conteúdo local. É preciso voltar a cuidar e resgatar a Petrobrás.

Uma nova política agrícola - KÁTIA ABREU

FOLHA DE SP - 07/07


Após o enriquecimento no meio urbano, chegou a hora de o campo também colher os frutos do avanço do país


O Brasil transformou-se em um dos três maiores produtores e exportadores de produtos agropecuários do mundo em menos de 40 anos. Essa transformação foi resultado da combinação de empreendedorismo privado, apoio do Estado (por meio do crédito rural) e difusão da pesquisa agronômica. As políticas públicas de apoio à produção rural, contudo, permaneceram as mesmas da década de 1970.

O Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, lançado na semana passada, deve ser visto como um marco divisório. Reduziu juros, aumentou recursos para custeio e investimento e abriu novos e amplos caminhos que poderão fazer toda a diferença para o agronegócio brasileiro.

A primeira e mais profunda mudança de rumo na política agrícola do país é o aumento substancial do seguro rural. O volume era muito modesto e não cobria mais de 5% de nossa área plantada.

O governo agora eleva substancialmente as dotações, permitindo que o Brasil possa ter cerca de 20% da área plantada coberta por seguro. Até 2015, esperamos ter 50% da área coberta. Sem dúvida, uma mudança de paradigma.

Ainda precisaremos desenvolver modelos que assegurem não só a cobertura contra eventos climáticos, mas também contra as variações extremas de preço, que tanto punem a atividade rural.

A indústria pode regular a sua produção a qualquer momento. Na agricultura, se entre o plantio e a colheita mudam as condições de mercado, o produtor não tem como se proteger. Nos países onde o seguro agrícola está acima de 80% da área plantada, como nos Estados Unidos, o crédito público foi substituído pelo crédito privado, pois o risco de financiar um produtor com seguro agrícola é praticamente zero.

Nesse novo modelo, as operações de crédito ocorrerão com maior transparência. Uma central única de riscos permitirá aos agentes financeiros conhecer com mais segurança o nível de endividamento dos tomadores de crédito e, nesse ramo, mais conhecimento significa juros menores.

Outra iniciativa que merece destaque é a criação de uma instituição com a função de coordenar e de fomentar a extensão rural no país. Mais de 3,5 milhões de produtores rurais (cerca de 70% do setor) vivem praticamente da agricultura de subsistência, nos limites da situação de pobreza. Enquanto na economia urbana um número cada vez maior de brasileiros ascende à classe média, na zona rural o progresso não alcança a grande maioria. Ao contrário, a classe média do campo está sendo comprimida.

Sabemos que o ativo que determina o nível de renda no mundo moderno é o conhecimento. E esse conhecimento não pode continuar distribuído de modo desigual entre os brasileiros do campo. É preciso dar a todos condições iguais de acesso a insumos tecnológicos modernos, democratizando o conhecimento produzido por pesquisadores país afora, em especial na Embrapa, nas nossas excelentes universidades rurais e em um número cada vez maior de empresas privadas -que nos deram a agricultura de precisão, o etanol de segunda geração e as técnicas de baixa emissão de carbono, por exemplo.

Parece ter chegado a hora de recriar, de forma moderna, baseados em meritocracia, os sistemas de extensão rural no Brasil. O governo federal merece nosso aplauso por essa iniciativa de longo alcance.
A participação do custo da alimentação na renda do trabalhador da cidade caiu de mais de 40% para 17%, nas últimas décadas. Essa diferença virou eletrodomésticos, educação para os filhos, carro, casa própria. Impulsionou as classes mais baixas da população urbana para a classe média.

Chegou a hora de o campo também colher os frutos do crescimento do Brasil. O seguro agrícola vai diminuir o risco, ampliando a capacidade de produção e o tamanho da classe média rural. Extensão e assistência técnica reduzirão o abismo entre os que praticam a boa gestão e os que nem sequer a conhecem, tirando milhões de agricultores da pobreza.

Confio em que estamos iniciando um círculo virtuoso, fruto da união de produtores e do governo, que estão dando as mãos para construir um Brasil mais igual e mais justo.

Cavalaria em BH - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 07/07

O lançamento da candidatura de Patrus Ananias (PT) em Belo Horizonte e o rompimento com o PSB de Mar-cio Lacerda farão a presidente Dilma desembarcar em Minas Gerais na eleição. Mês passado, ela fez roteiro abraçada em Lacerda inaugurando obras. Material que iria para a campanha. Agora, participará de eventos com o petista para garantir imagens para a TV. Além dela, desembarcarão em Minas o ex-presidente Lula e, a pedido de Dilma, o ministro Fernando Pimentel.

PROTESTO.Os senadores que analisam a MP do Código Florestal receberam documento do presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, alertando que o novo Código “inviabiliza muitas das cidades mais importantes e dificulta viabilizar projetos na área de saneamento”. No texto, critica o RDC, alegando que sua implantação “prejudicará as empresas pequenas e médias que são de menor estrutura e possuem menos potencial financeiro”.

Comissão da Verdade: procura-se!
Tanto critério para escolher os integrantes da Comissão da Verdade e eis que um dos sete, o jurista pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho, não apareceu em nenhuma das reuniões do órgão. Esteve na posse, abraçou a presidente Dilma, tirou fotos e... sumiu. A comissão já é alvo de críticas. Movimentos de Direitos Humanos observam que, em dois anos, a comissão se reunirá apenas 48 vezes; que as oitivas são sigilosas quando deveriam ser públicas; que não há cronograma de reuniões abertas e externas, e que é baixo o número de técnicos disponibilizados. São 14, enquanto a Comissão da Verdade da África do Sul teve 450.

Uma história de sabotagem
Devido a concurso público, a EBC demitiu 80 funcionários contratados para darem lugar aos concursados. Houve reação. Na semana passada, uma repórter foi entrar ao vivo no jornal da noite direto do Congresso e o link não funcionou. Os técnicos descobriram que os cabos de fibra ótica tinham sido cortados. O mesmo aconteceu em um link ao vivo do Alvorada, sobre jantar da presidente Dilma com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

No limbo
O Itamaraty mandou para sua Corregedoria o caso da diplomata que agrediu um segurança negro na Rio+20. O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) suspendeu sua promoção. Ela estava sendo removida pela Embaixada de Madri.

Em família
A deputada Rebecca Garcia (PP) desistiu de concorrer à prefeitura de Manaus. Mas não foi à toa que ela decidiu apoiar a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB). Ocorre que seu pai, Francisco Garcia (PP) é o suplente da senadora comunista.

Corpo a corpo
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), dá a largada hoje para a campanha da reeleição. Ele convocou o ministro Marcelo Crivella (Pesca) e os senadores Francisco Dornelles (PP) e Lindbergh Farias (PT) para caminhada em Madureira.

BB também enxuga
O Banco do Brasil também está reduzindo o volume de seus patrocínios culturais e esportivos em relação ao ano passado. A instituição botou o pé no freio, se antecipando a uma eventual queda em seus lucros ao fim deste ano.

ONDE ESTÁ WALLY? 
Não há retrato do senador Demóstenes Torres na galeria de ex-presidentes da CCJ. Ele deixou o cargo no começo de 2011.

O PSOL cassou a candidatura do vereador Elias Vaz à prefeitura de Goiânia devido às suas ligações com o contraventor Carlos Cachoeira. O partido define o que fazer com Vaz até o fim deste mês.

O SECRETÁRIO-GERAL da Presidência, Gilberto Carvalho, contou que conversa com sindicalistas, mas que não assumiu a negociação com os auditores fiscais. A bola continua com o Planejamento.

Herança marineira - VERA MAGALHÃES -


FOLHA DE SP - 07/07


PT e PPS acirram o duelo pelo espólio eleitoral de Marina Silva em São Paulo. Expoentes da campanha presidencial "verde" em 2010 se dividem entre Fernando Haddad e Soninha Francine. Anteontem, João Paulo Capobianco e Maria Alice Setúbal participaram da plenária ambiental petista. Na próxima quinta, Ricardo Young receberá a ex-ministra para lançar candidatura a vereador pelo PPS. A tendência, contudo, é que Marina opte pela neutralidade na eleição majoritária.

Tropa Ao lançar sua campanha conclamando candidatos a vereador, José Serra (PSDB) quis fazer um gesto ao que chama de "infantaria". Operadores tucanos entendem que o time de puxadores de voto da coalizão à Câmara, impulsionado por Gilberto Kassab e por expoentes do "centrão", fará a diferença na caça aos eleitores.

Tucanocídio Em dissonância com o clima festivo de início de campanha, Serra deu recado a tucanos que resistiram à coligação proporcional com o PSD e à indicação de Alexandre Schneider para vice: "Aliado que amola está sabotando".

Fui Enquanto Dilma deu uma força a Eduardo Paes (PMDB-RJ) no último dia em que candidatos poderiam ir a inaugurações, Geraldo Alckmin preferiu entregar obras em Catanduva e Paulo de Faria. O coordenador da campanha e alckmista Edson Aparecido estava em Cingapura.

Wally A caminhada da largada de Fernando Haddad, ontem, só contou com bandeiras e banners dos partidos da coligação. O atraso no CNPJ da campanha dificultou a utilização do material personalizado do petista.

Microondas Na tentativa de demonstrar proximidade de Haddad com os eleitores no corpo a corpo, o PT abriu mão de cordão de isolamento na caminhada inaugural da campanha, o que gerou empurra-empurra em torno do candidato. "Calor humano para esquentar a candidatura", se animou um petista.

Máquina O secretário de Gestão Metropolitana do Estado de Minas, Alexandre Silveira, usou o email do governo para divulgar carta em que critica a intervenção nacional de seu partido, o PSD, na eleição de Belo Horizonte.

Escolha... A decisão de Dilma de prestigiar os aliados Luiz Marinho (São Bernardo) e Eduardo Paes na fase inaugural das campanhas causou ciumeira na base.

... de Sofia Cerca de 40 convites para inaugurações chegaram ao Palácio do Planalto, entre eles dos prefeitos José Fortunati (PDT), de Porto Alegre, e Luizianne Lins (PT), de Fortaleza.

Santinhos Oficialmente, a justificativa é que, diante do exíguo prazo limite para inaugurações, Dilma optou por um aliado do PT e outro do PMDB. Mas interlocutores afirmam que as ligações de Marinho com o ex-presidente Lula e de Paes com o governador Sérgio Cabral (PMDB) foram determinantes.

Panela Agentes e delegados da Polícia Federal envolvidos na prisão de José Francisco das Neves, o Juquinha, temiam pressões por conta dos padrinhos de peso do ex-presidente da Valec, como os senadores peemedebistas Romero Jucá (RR) e José Sarney (AP) e o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Vai fundo Os policiais foram tranquilizados por auxiliares de Dilma Rousseff, que lembraram que foi o próprio Planalto que pediu a investigação quando Juquinha foi demitido, em julho de 2011.

Contra-ataque O governador Marconi Perillo (PSDB-GO) pressiona seu partido a representar contra o relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar.

Torneira Perillo atribui ao petista o vazamento de várias novas informações sobre sua movimentação financeira depois que os dados da quebra de seus sigilos bancário e fiscal chegaram à CPI.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Votação secreta favorece o corporativismo e a cumplicidade com atos escusos. Só serve para desmoralizar ainda mais o Legislativo."

DO PRESIDENTE DA OAB-RJ, WADIH DAMOUS, sobre o rito de apreciação em plenário da cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

contraponto

Última flor do Lácio

Aldo Rebelo presidia a reunião dos ministro de Esporte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em Mafra, Portugal, quando, entre os mais de 40 mil volumes da biblioteca real, encontrou a expressão "workshop". Ferrenho defensor do idioma pátrio, estrilou:

-Esta presidência determina que a comissão encontre um termo em português para substituir 'workshop'. Neste momento, já me vem a palavra oficina.

A política Dilma - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 07/07


A presidente Dilma Rousseff equilibra-se entre uma imagem popular de técnica que quer dar ao governo uma gestão eficiente e desvinculada da politicagem, e a necessidade de manter unida uma base partidária aliada que em comum tem apenas a disputa pelos espaços de poder.

Quanto mais a presidente se afasta dos políticos, mais cresce sua popularidade, e por isso soa bem aos ouvidos da classe média o anúncio de que ela não se meterá na campanha municipal.

O que a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, omitiu, por razões óbvias, ao anunciar, meio que ao acaso, que a presidente não pretende se envolver na campanha eleitoral, é que ela não fará isso publicamente.

Mas já há digitais dela em diversas negociações do PT, desde a polêmica adesão de Paulo Maluf à candidatura de Fernando Haddad em São Paulo até a entrada do governo na disputa da prefeitura de Belo Horizonte, nacionalizando a disputa contra o senador Aécio Neves, o provável candidato tucano à Presidência da República em 2014.

Maluf indicou para a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, que já é comandado pelo PP, o engenheiro Osvaldo Garcia, que é ligado, mas não filiado, ao PP paulista, negociação que teve a autorização direta da presidente Dilma para que o acordo feito por Lula fosse oficializado. Só depois da nomeação, Maluf posou com Lula nos jardins de sua mansão paulistana para celebrar o acordo.

Em Salvador, a nomeação do ex-senador César Borges, do PR ,para uma vice-presidência do Banco do Brasil selou o compromisso de apoio ao candidato do governador petista Jaques Wagner. E encerrou o projeto de fazer uma diretoria técnica no Banco, embora o ex-governador e ex-senador baiano César Borges seja um dos políticos mais preparados de sua geração.

No caso de Belo Horizonte, a importância da disputa para o governo fica bem definida pelo fato de que a presidente Dilma Rousseff tratou da questão no próprio Palácio do Planalto, em uma reunião onde estavam presentes o presidente do PT, Rui Falcão, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e o vice-presidente da República, Michel Temer, que compareceu mais na condição de presidente do PMDB.

Quem conduziu a conversa foi a própria presidente, que disse que o PT estava com a ideia de lançar o ex-ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias para disputar a prefeitura, depois que a aliança entre o PT, o PSB e o PSDB que elegera Marcio Lacerda se desfizera.

Para se ter uma noção exata do papel da presidente Dilma nesse episódio, é preciso relembrar que o ministro Fernando Pimentel é inimigo de Patrus Ananias na política local e estivera na convenção que lançou Marcio Lacerda à reeleição para apoiar sua candidatura.

Também Dilma Rousseff, que é mineira de nascença, mas fez sua vida política no Rio Grande do Sul, estivera recentemente em Belo Horizonte para inaugurações e classificou Lacerda de "o melhor prefeito do Brasil".

Pimentel, que é talvez o ministro mais ligado à presidente Dilma, mas vive uma espécie de inferno astral, sendo investigado pelo Conselho de Ética da Presidência da República, não apenas engoliu a candidatura de Patrus como participou da negociação com o PMDB para fortalecer a chapa petista em Belo Horizonte.

Na reunião, foi proposta a Michel Temer a vice na chapa petista, o que levaria o PMDB a desistir da candidatura própria de Leonardo Quintão.

A própria presidente pediu que Michel Temer ajudasse nessa empreitada. Temer viu a ocasião como ideal para reafirmar a lealdade do PMDB ao esquema político do governo, mas alegou que só poderia conversar com o PMDB de Belo Horizonte nesses termos se pudesse dizer que esse era um projeto também da presidente da República.

Dilma, a princípio, relutou, alegando que talvez não fosse bom que essa intervenção pessoal fosse explicitada, ao que o vice-presidente Michel Temer ponderou que não poderia pedir a um companheiro que desistisse de uma candidatura sem explicitar o seu empenho pessoal e o da presidente.

E assim foi feito. A negociação de ministério é da seção mineira do PMDB. A própria presidente queria que ficasse estrita a um cargo federal em Minas Gerais, mas coube ao ministro Fernando Pimentel negociar um posto federal em Brasília.

O que está obrigando a presidente Dilma a explicitar suas ações políticas é a eleição municipal, onde não é possível fechar acordos sem o compromisso político formal das partes interessadas.

E interessa ao PMDB que as negociações sejam assumidas de forma clara, para que seu papel nelas fique registrado.

Na definição de um dirigente do partido, "em eleição, não dá para ser clandestino, ficam as digitais. Sempre foi assim, agora então, com esses equipamentos digitais que existem, você é fotografado, gravado, não existe mais segredo".

Além disso, interessa ao PMDB marcar sua posição no governo federal para que, quando chegar a hora, tenha crédito para manter-se como partido prioritário na aliança com o PT no plano nacional.

O PMDB procura tirar de seu horizonte uma disputa por espaços com o PSB, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, já foi procurado por um emissário da direção nacional do partido, que lhe garantiu que não há nada do PMDB contra o PSB.

Enquanto considera que ainda é muito cedo para discutir a sucessão de 2014, o PMDB trata de consolidar sua posição para mostrar-se um parceiro confiável. Mais confiável pelo menos que o PSB, que ensaia lances próprios.

Democracia na América do Sul: perguntas incômodas - SERGIO FAUSTO


O Estado de S.Paulo - 07/07


Por que a destituição do presidente Fernando Lugo mereceu resposta tão contundente dos países da região, quando agressões, se não à lei, ao menos ao espírito da convivência democrática, foram recebidas com silêncio obsequioso por parte dos que hoje se insurgem contra "o golpe das elites paraguaias"?

Seria o impeachment de Lugo mais grave do que o desrespeito de Hugo Chávez aos resultados do referendo de dezembro de 2007? Esqueceram-se de que no ano seguinte o presidente venezuelano promoveu, por decreto, parte das mudanças rejeitadas pela maioria do eleitorado do país naquela que Chávez considerou "una victoria de mierda" das oposições ao seu governo?

Seria mais grave o rito sumário que marcou a destituição de Lugo do que a aprovação da nova Constituição da Bolívia, em novembro de 2007, num quartel militar cercado por tropas e militantes fiéis a Evo Morales, sem a presença dos parlamentares da oposição? Seria o ato do Congresso paraguaio mais grave do que a decisão tomada por Rafael Correa, no início de seu mandato, permitindo à futura Assembleia Constituinte, onde estava seguro de ter a maioria, dissolver o Parlamento recém-eleito, onde se encontrava em minoria?

Por que tanta presteza em condenar o Paraguai, quando há anos se assiste sem protesto algum à sistemática deformação das instituições democráticas na Venezuela sob o rolo compressor de Chávez, processo replicado em maior ou menor medida na Bolívia e no Equador? O que representa maior ameaça à democracia na região, um episódio confinado às fronteiras nacionais do mais pobre país da América do Sul ou a vocação expansiva da "revolução bolivariana", cujo epicentro é um país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo e um líder com recursos e disposição para pisotear o princípio da não intervenção nos assuntos domésticos de outros países?

Para justificar tão surpreendente zelo com a pureza do espírito democrático se elaborou às pressas a teoria de que a destituição de Lugo representaria o ensaio local de uma nova modalidade encontrada pelas elites da região para se livrar de governos nacional-populares. A ideia de que o "neogolpismo" é uma espécie de hidra, com várias cabeças, serve aos interesses maiores de Chávez, Correa e Evo. Presta-se a legitimar o acosso a que submetem os seus adversários internos, tratados como inimigos do povo e lacaios da elite, quando não fantoches do "império" (os Estados Unidos). Nada como inflar ou fabricar ameaças para justificar arbitrariedades. Não foi para se defender dos supostos planos de invasão americana que Chávez armou uma milícia popular sob seu comando direto, com a distribuição de milhares de fuzis, sem que tal aberração merecesse sequer um reparo dos zelosos democratas de hoje?

Também na Argentina se vê a captura do Estado por um grupo político que atribui a si próprio um papel redentor do povo e da nação, confrontando adversários como quem combate inimigos. Comum a todos esses líderes redentores é a utilização do discurso maniqueísta povo versus elite, o que não os impede de ser ou pretender ser, além de heróis do povo, chefes de uma nova elite que se vai erguendo politicamente e enriquecendo financeiramente sob as asas de seus governos.

Há mais do que afinidades políticas na aliança entre esses quatro líderes políticos. Existe entre eles uma ampla zona cinzenta em que se misturam negócios, assistência governamental e financiamento de campanha. Morales financiou o programa "Bolívia Cambia, Evo Cumple" (e sabe-se lá o que mais) com recursos transferidos por Chávez sobre os quais nem este nem aquele prestam contas a ninguém. Em meio à primeira campanha de Cristina Kirchner para a presidência, uma mala com US$ 800 mil em dinheiro vivo foi encontrada em mãos de um empresário próximo ao governo chavista, num avião fretado em que viajavam funcionários de alto escalão da petroleira venezuelana, PDVSA, e da estatal argentina de energia, Enarsa. Cinco anos e três juízes depois, a Justiça argentina ainda não esclareceu o caso.

Que Chávez, Evo, Correia e Cristina se lancem à condenação do Paraguai não é difícil de entender. Mais complicado é compreender a posição do Brasil. Marcamos diferença importante ao não embarcar na canoa das sanções econômicas. Mas patrocinamos a manobra oportunista que permitiu incorporar a Venezuela ao Mercosul na esteira da suspensão do Paraguai.

O Brasil perdeu uma oportunidade para marcar, sem alarde, fisionomia própria em matéria de compromisso com a democracia na região. Bastava não aceitar o ingresso da Venezuela nessas circunstâncias. De pouco vale ter mais da metade do PIB da região se na hora de exercer liderança política nos apequenamos.

Presidentes deixam sua marca na política externa em horas assim. Dilma poderia ter-se diferenciado de seu antecessor, sempre solicito no apoio político aos companheiros da vizinhança. Mas isso suscitaria comparações com Lula e irritaria o PT.

A questão não é só de política externa. Vale ler o artigo assinado pelo secretário-geral do partido, Elói Pietá, publicado no site oficial da legenda logo após o impeachment de Lugo. A chamada do artigo é eloquente: "Mesmo com toda a sua força e grandeza, o Brasil também sofreu as tentações de um golpe do Congresso Nacional contra o Presidente Lula". Sobre o "neogolpismo das elites" o secretário-geral explica: "As elites ricas, onde hoje não controlam o Executivo, voltaram a ter no Parlamento Nacional seu principal ponto de sustentação institucional. Além disso, através da poderosa mídia privada, seu principal guia ideológico e voz junto ao povo, elas continuamente instigam a opinião pública contra os governos populares".

A decisão brasileira de punir o Paraguai para premiar a Venezuela é tributária dessa visão de mundo. Uma é inseparável da outra.

DÁ-LHE NELSON - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 07/07

O espetáculo "A Falecida", de autoria de Nelson Rodrigues, estreou anteontem no teatro do Sesi, na avenida Paulista. A peça tem direção de Marco Antônio Braz e é protagonizada por Maria Luisa Mendonça. Os atores Malu Mader, Maria Flor, Marcos Damigo e Gabriela Alves estavam na plateia.

LIVRO ABERTO
O Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) prepara ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) questionando a proibição judicial que impede biografias contrárias à vontade de figuras públicas ou de suas famílias -como a de Roberto Carlos. O outro caminho é considerado lento: esperar a tramitação de projeto de lei que derruba o veto no Congresso.

FUI
O ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que participou anteontem de mesa da Flip sobre autoritarismo, dizia a quem o parava para falar de política que a única carreira que lhe interessa agora é a de jornalista. Em 2008 e 2010, ele disputou e perdeu eleições no Rio.

PASSA O BASTÃO
O escritor Ian McEwan fez questão de ir à festa em Paraty que celebrou os 20 eleitos para a edição "Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros" da revista literária "Granta". Hoje cultuado autor inglês, ele próprio foi descoberto pela "Granta" britânica em 1983, junto com Salman Rushdie e Julian Barnes.

Na festa, foi tietado por Tatiana Salem Levy e Javier Arancibia Contreras. Havia os que, antes de falar com McEwan, viravam "a dose da coragem": uma caipirinha em dois ou três goles.

DE PRIMEIRA
Entre os 20 autores que emplacaram na "Granta", só nove foram consenso de primeira. O resto teve de ser discutido pelos jurados, entre eles os escritores Cristovão Tezza e Benjamin Moser.

FOMINHA
John Freeman, editor da "Granta" britânica, tem outra missão no Brasil. "Comida!", explica o inglês, que ainda passa por Rio e SP após Paraty. O prato que mais o marcou, até agora, foi camarão com feijão.

A GRANDE FOME
O nome de uma lanchonete em Paraty, Laricão, intrigou um grupo de francesas que buscava um canto para almoçar na Flip. Um morador se prontificou a traduzir: "The Big Weed Hunger" (a grande fome da erva). Elas riram, cochicharam entre si e decidiram entrar.

FORA DO AR
Em vez de passar o mês de julho estudando o processo do mensalão, o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende José Genoino (PT-SP), preferiu sumir do mapa. Vai passar duas semanas numa praia sem ver TV ou jornal. Ele diz que conhece cada linha do processo e que prefere relaxar antes do julgamento, em agosto. Outros advogados preferiram até sair do país.

DANCE SEM PARAR
Rob Garza, do duo americano Thievery Corporation, será um dos DJs no baile de gala da BrazilFoundation no dia 19 de setembro no Museu de História Nacional, em Nova York. Ele foi convidado pelo curador musical da festa, Michaelangelo L'aqua.

PELAS RUAS DE PARATY
O autor inglês Ian McEwan foi à festa de lançamento da edição "Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros" da revista "Granta", anteontem, na Festa Literária Internacional de Paraty. John Freeman, da "Granta" britânica, estava lá. Pela Tenda dos Autores circularam o banqueiro Pedro Moreira Salles e Rose Setubal.

CURTO-CIRCUITO

Maria Rita apresenta o show "Viva Elis" nos dias 10, 11 e 12 de agosto, no Credicard Hall. 14 anos.

Michel Melamed estreia hoje o espetáculo "Adeus à Carne ou Go To Brazil" no Sesc Santana, às 21h. 16.

A festa Gambiarra acontece amanhã no Metrópole, às 23h. 18 anos.

A Orquestra Filarmônica Bachiana faz apresentação hoje na Sala São Paulo, às 21h. Livre.

Orlando Pedroso lança hoje o livro "Vida Simples" na Livraria da Vila de Pinheiros, às 11h.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER (ENVIADA A PARATY), LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA

Partidos de proveta – FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP - 07/07


BRASÍLIA - A crise política na direção nacional do PSD expõe à perfeição a falência do modelo de gestão dos partidos brasileiros.

O Partido Social Democrático existe há menos de um ano. Mas sua cúpula já está rachada por conta das alianças eleitorais da legenda em várias cidades. A disputa de prefeito em Belo Horizonte colocou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, a favor do PT mineiro. E a vice-presidente da sigla, a senadora Kátia Abreu, ficou do lado oposto, sugerindo que abrirá uma dissidência formal dentro da agremiação.

É impossível prever quem ganhará a parada, mas parece óbvio que o PSD é apenas um ajuntamento de políticos, e não um partido. Como é possível uma legenda com menos de um ano de existência já ter divergências tão profundas?

A resposta é simples. O PSD não tem unidade ideológica nem um projeto de poder claro a ser seguido. Quando se trata de militantes e conexão com eleitores no mundo real, aí a ficção aumenta ainda mais.

O Brasil tem 30 partidos políticos. O PSD nasceu no ano passado com 52 deputados filiados e nenhum voto recebido nas urnas em 2010. Idealizado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, já é o quarto maior na Câmara dos Deputados.

O que moveu tantos políticos a fundar um novo partido? Uma nova ideologia? Um desejo incontido de salvar o Brasil? Nada disso. Foram todos incentivados por uma brecha na legislação que possibilitava a criação da nova legenda.

Essa permissividade foi criada pelos políticos para uso próprio. Reforma política é algo fora do radar. Até os azulejos de Athos Bulcão na parede do Congresso sabem que deputados e senadores não nutrem o menor interesse por esse tema.

Fica então tudo inalterado. Mas episódios como o racha no recém-nascido PSD mostram como é prematuro achar que a democracia brasileira esteja perto da maturidade.

Inflação enfraquecida - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 07/07


O comportamento da inflação neste ano é a boa surpresa deste governo Dilma, embora o Banco Central prefira atribuir os maiores créditos pelo resultado à "fragilidade da economia global", que vem derrubando os preços lá fora e aqui dentro.

Em junho, a inflação medida pelo IPCA foi de apenas 0,08%, metade do que vinham prevendo as cem instituições consultadas semanalmente pelo Banco Central, por meio da Pesquisa Focus. Esse 0,08% perfaz uma acumulada de 2,32% no primeiro semestre do ano; e de 4,92% no período de 12 meses terminado em junho (veja o gráfico). Apesar das novas altas do IGP-M, já detectadas, aumenta a probabilidade de convergência dos preços para o centro da meta, de 4,5%, que há alguns meses parecia difícil.

Na próxima quarta-feira, o Copom voltará a se reunir para rever o nível dos juros básicos (Selic). Parece mais alta a probabilidade de que o Banco Central reduza mais uma vez os juros básicos em 0,5 ponto porcentual, dos atuais 8,5% para 8,0% ao ano.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem avisando que a derrubada dos juros na ponta do crédito e a desvalorização do real, cada um deles em aproximadamente 20% neste ano, são o resultado da adoção do novo mix de política econômica, que, segundo ele, deve criar condições para a retomada do crescimento do PIB.

Não há ainda informações de que o governo consiga entregar um desempenho aceitável, de 3% a 4% ao ano, como prometido. E ele próprio não consegue convencer os empresários a pisar no acelerador. Além do efeito colateral, que é a derrubada da inflação, a crise externa vem produzindo enorme desânimo nos agentes econômicos. Se ela se prolongar por muitos meses - como prevê o ministro Mantega - aprofundará o desânimo entre os empresários. Isso significa que será necessário um fato novo, hoje não observado na linha do horizonte, para mudar esse estado de espírito, condição necessária para uma virada consistente.

É possível - como admitido acima - que os juros básicos continuem caindo e que, com eles, também continuem caindo os juros cobrados nas operações de crédito. Mas é improvável que o governo consiga avançar muito mais do que já avançou na desvalorização do real diante do dólar.

Em outras palavras, se o governo continuar bem-sucedido na condução de sua política fiscal (formação de um superávit primário, de 3,1% neste ano, ou economia de R$ 140 bilhões para amortização da dívida), manterá aberto o corredor para a continuação da redução dos juros. O mesmo não se pode dizer da utilização do câmbio como instrumento de política industrial, prática reconhecida pelo ministro Mantega e pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, porque esse recurso tem seus limites.

A melhor maneira de estimular investimentos e assegurar maior crescimento econômico é acionar projetos de infraestrutura, tanto por meio de novas concessões ao setor privado quanto por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) - desde que o governo consiga também agilizar a liberação de licenciamento ambiental.

Aquele outubro - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 07/07

Nos dias que antecederam a prisão de Vladimir Herzog, houve uma série de outras prisões de jornalistas. Era uma ofensiva de intimidação. Herzog foi o décimo segundo a ser preso. Quem conta é Audálio Dantas que, à época, era presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Por que em pleno governo Dilma o Brasil informa a uma corte internacional que não pode investigar os responsáveis pelo crime?

O procurador regional da República em São Paulo Marlon Weichert diz que há um conflito entre o que entende o Supremo Tribunal Federal e os tribunais internacionais.

- A Corte Interamericana de Direitos Humanos acha que não se pode aplicar leis, como a de anistia, nos crimes de execução sumária, prisões ilegais, sequestros, crimes sexuais, nessas graves violações de direitos humanos. O Brasil é integrante dessa Corte, por um ato soberano e, por isso, tem a obrigação de conciliar as duas interpretações - diz o procurador.

O caso Herzog é emblemático por tudo o que se sabe dele, mas também por ser um exemplo de como o Estado brasileiro, governo após governo, deixa-se aprisionar nas mesmas armadilhas da paralisia. O Brasil está no sexto presidente civil, Herzog foi assassinado há 37 anos e ainda hoje está escrito em sua certidão de óbito "suicídio", a versão dos assassinos.

- O que a família exige do governo, ao menos, é que dê outro atestado de óbito. Isso o governo brasileiro tem o dever de fazer - afirma Audálio.

Entrevistei Audálio e Weichert na Globonews num programa sobre o caso Herzog e a Justiça de Transição, nome dado às soluções jurídicas para os dilemas pós-período autoritário.

O governo de Dilma informou à Corte Interamericana que não poderia investigar o caso Herzog, por causa da Lei de Anistia. O procurador acha que há aí um erro jurídico.

- Eu, como cidadão e como jurista, fico impressionado que se dê uma resposta dessas. O Direito Internacional desde Nuremberg, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, entende que crimes dessa natureza não podem ser perdoados por leis internas. Qualquer que seja seu nome, é lei de impunidade. Se o Brasil não investigar e punir esses crimes, vai continuar recebendo condenações internacionais e vai permitir que esses crimes sejam julgados pela justiça de outros países, o que seria, convenhamos,uma vergonha - disse Weichert.

Aquele outubro de 1975 começou - conta Audálio - com uma série de prisões e sequestros de jornalistas iniciada no dia 5, no Rio, com o jornalista Sérgio Gomes da Silva.

- Vlado foi o décimo segundo da escalada. Uma parte da repressão estava convencida de que a imprensa estava dominada por comunistas. Os policiais chegaram no dia 24, à noite, na TV Cultura e houve uma negociação dos colegas e da direção com os policiais para que o deixasse pôr o jornal no ar. No dia seguinte, sábado, 25 de outubro, Vlado se apresentou, como combinado, às 8h da manhã, para prestar esclarecimentos. Às 5h da tarde, estava morto sob tortura - lembra Audálio.

Audálio escreveu um livro que será lançado em outubro pela Civilização Brasileira chamado "A segunda guerra de Vlado Herzog", com o relato desses dramáticos momentos.

- Há testemunhas auditivas das torturas sofridas por Herzog, os jornalistas Rodolfo Konder e Duque Estrada. Eles foram chamados para acareação com Vlado - conta Audálio.

Diante do comunicado do II Exército sobre a morte de Herzog, o Sindicato dos Jornalistas soltou uma nota responsabilizando o Estado pela vida dos que estão sob a sua guarda e convocando todos para o funeral no dia seguinte. Isso impediu que ele fosse enterrado às pressas, como era comum naquele tempo.

- A reação da sociedade foi uma espécie de grito inicial. Ele foi o primeiro preso assassinado dentro de uma prisão e a não ser sepultado em silêncio. No dia 31, foi feito na Sé o ato ecumênico para o qual compareceram 8 mil pessoas. Não couberam na catedral. Isso apesar de o coronel Erasmo Dias, secretário de Segurança na época, ter montado 383 barreiras policiais em todas as grandes vias de acesso para impedir a passagem de pessoas. Foi o ato mais importante desde a decretação do AI-5. Ali, a ditadura começou a cair - relatou Audálio.

Tudo é tão mal resolvido nesta questão no Brasil, que Audálio encontrou resistências, no ano passado, na procura de dados para escrever o livro.

- Eu busquei no Arquivo Nacional os documentos do SNI sobre o Herzog. A diretora do arquivo me pediu por escrito o atestado de óbito de Vladimir Herzog. Eu perguntei: qual? Aquele baseado no laudo do legista Harry Shibata, da ditadura? Tive que ir ao ministro José Eduardo Cardoso para ter acesso aos dados e constatei que houve um apagão sobre Vlado. Há apenas relatos posteriores sintetizados. Quem retirou esses documentos? - pergunta.

A luta contra a ditadura era a segunda guerra enfrentada por Herzog. A primeira, enfrentou na infância: contra o nazismo, por ser judeu. Sua família fugiu da Iugoslávia quando ele tinha 4 anos.

- Enquanto não há investigação, as famílias ficam sem o direito de saber as circunstâncias em que seus entes queridos morreram. Conhecer a história é um direito básico das vítimas e da sociedade - disse o procurador.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV


7h - Kashiwa Reysol x Nagoya Grampus, Campeonato Japonês, ESPN +

9h - Treino de classificação do GP da Inglaterra, F-1, Globo

10h - Torneio de Wimbledon, tênis (semifinal fem.), Sportv 2

10h30 - Volta da França, ciclismo, ESPN e ESPN +

10h30 - Circuito mundial de vôlei de praia, etapa da Suíça, Sportv 3

11h30 - Liga Mundial masc. de vôlei, semifinal, Sportv

14h45 - Liga Mundial masc. de vôlei, semifinal, Sportv

15h - GP de atletismo, etapa de Madri, Sportv 2

16h - Aberto dos EUA, golfe, ESPN e ESPN +

16h20 - América-MG x Atlético-PR, Série B, Band (menos BH)

18h30 - Internacional x Cruzeiro, Campeonato Brasileiro, Sportv (menos RS)

18h30 - Pré-Olímpico masc. de basquete, semifinal, ESPN Brasil e Sportv 2

21h - Pré-Olímpico masc. de basquete, semifinal, ESPN Brasil e Sportv 2

23h - Los Angeles Sparks x Seattle Storm, WNBA, ESPN e ESPN +

Uau! Bial é o Professor Girafales! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 07/07


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! A manchete do Sensacionalista: "Liminar proíbe Bial de fazer poesias e dizer coisas que ninguém entende em seu novo programa". Diz que o Bial respondeu: "Se calam a voz, esvai-se a minha proficuidade". Rarará!

O Bial quer ser o professor do Brasil. O Bialparece o Professor Girafales. Do "Chaves"! Rarará! O auge da carreira do Bial foi essa frase: "porque o que o outro entende nem sempre é o que nós entendemos, e é desse caldo de desentendimento que se forma a compreensão humana". Tradução: o pinto do meu pai fugiu com a galinha do vizinho! Rarará!

Adorei o programa do Bial . Mas não tem tradução simultânea. Nem pode eliminar os convidados. Então não gostei. Discutiu assédio sexual, assédio moral e deu aquele ATÉDIO GERAL! Deu atédio na moral!

Papo de boteco do Baixo Gávea! E o efeito colateral do programa do Bial é o mesmo do remédio que eu tô tomando: erupções, desorientação e óbito! Rarará!

Eu tô exausto. Esse Corinthians na Libertadores me deixou exaurido. Ainda bem que é de 100 em 100 anos. Gritaram tanto que viraram um bando de roucos! E quando o bando de loucos descer em Tóquio, os japoneses vão pensar que é outro tsunami. Tsunami de loucos. E diz que vão matar todos os gatos do Japão pra fazer churrasquinho. Churrasquinho de Hello Kitty.

Um cara escreveu no meu Twitter que as companhias aéreas estão se recusando a levar os corintianos pro Japão: "Temos medo que eles quebrem a janela pra bater na lataria". Rarará! E uma empresa de ônibus clandestino tá oferecendo pacote Itaquera - Tóquio - Itaquera. Bate volta! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe! O Brasil tá na fase da fixação oral. Eu estava assistindo Palmeiras x Coritiba quando começaram a gritar: "Chupa Coxa". Mas não era Chupa Boca? Quarta-feira foi Chupa Boca, quinta-feira foi Chupa Coxa e sábado é Chupa Peito? E ainda bem que o Palmeiras ganhou senão seria Chupa Porco. Chupar porco não dá! É melhor chupar coxa que chupar porco! Só falta gritar Chupa Bial ! Chupa Carminha! Chupa Gretchen! Rarará! Freud explica. E o Timão complica. Rarará!

E eu acho o Bial um herói, sinceramente: conseguir comandar o BBB por dez anos seguidos! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Proust e sua mãe - SÉRGIO TELLES


O Estado de S.Paulo - 07/07


É conhecido o grande apego que Proust tinha por sua mãe, Jeanne. Em Proust and His Mother, publicado recentemente na London Review of Books (03/22/2012), Michael Wood aborda a complicada relação entre os dois, a partir de um episódio biográfico ficcionalizado por Proust em seu livro Jean Santeuil: numa exaltada briga com seus pais, na qual todos gritam - o que não era comum em sua casa - Marcel sai do recinto batendo a porta com tamanha violência que os vidros da mesma se espatifam. Não se sabe os motivos da briga, se seria seu homossexualismo, seu dispendioso estilo de vida ou sua relutância em trabalhar. Logo após o entrevero, Proust manda um bilhete para os pais pedindo desculpas, documento que se perdeu. Mas não a resposta da mãe, que traduzo do inglês: "Meu pequeno querido, sua carta me fez bem - seu pai e eu havíamos ficado com uma penosa impressão. Devo dizer-lhe que em nenhum momento pensei em falar qualquer coisa na presença de Jean (um empregado) e se isso aconteceu, foi absolutamente sem meu conhecimento. Não pensemos ou falemos mais sobre isso. O vidro quebrado será simplesmente o que é no templo - o símbolo de uma união indissolúvel. Seu pai lhe deseja boa noite e o beija ternamente. J. P. - PS - Tenho, entretanto, de voltar ao assunto para lhe recomendar não andar descalço na sala de jantar por causa do vidro."

As sutis incongruências do bilhete sintetizam a tensa ambiguidade da relação. Salta à vista a rica metáfora do vidro quebrado e suas múltiplas implicações, a começar por sua conotação incestuosa. Os vidros quebrados da porta são transformados no copo quebrado pelo noivo no casamento judaico, de rico simbolismo. A briga como eventual tentativa de ruptura e libertação de um vínculo excessivamente fechado é rapidamente transformado na reafirmação de uma "união indissolúvel". A cortante ironia do postscriptum, cheia de subentendidos, com a infantilizante recomendação para não ferir os pés, expressa a desaprovação aos estragos físicos e emocionais por ele provocados.

A morte de Jeanne deixa Proust inconsolável, preso a ideias obsessivas nas quais ora se acusa de ter precipitado o falecimento da mãe com as preocupações que a saúde dele lhe causavam, ora a censura por ter desertado de seu posto de enfermeira, abandonando-o, pobre criança incapacitada de sobreviver sem ela.

Em 1907, pouco mais de um ano da morte de Jeanne, um crime é comentado por todos em Paris. O jovem Henri van Blarenbergue, num acesso de loucura, mata sua mãe e se suicida em seguida. Proust escreve um longo artigo publicado na primeira página do Le Figaro, onde argumenta que, em última instância, é indiferente se queremos ou não matar nossas mães, pois terminamos por fazê-lo de uma maneira ou outra; Blarenbergue teria executado com um golpe só aquilo que a maioria dos homens realiza diluído em milhares de pequenos golpes: "No final, envelhecemos, matamos todos que amamos através das preocupações que lhe causamos, pela atabalhoada ternura que lhe inspiramos e os medos que sem cessar lhe provocamos." De forma sinuosa, Proust parece justificar Blarenbergue ao enfatizar "a atmosfera religiosa de beleza moral" na qual explode sua loucura sagrada, a mesma que a antiga Grécia reverenciava nos altares consagrados a Édipo e Orestes, em Colona e Esparta; o assassinato da mãe é simultaneamente corriqueiro e excessivamente monstruoso, não pode ser julgado por padrões habituais. Proust intui a necessidade de uma outra compreensão para explicá-lo, aquela que estava sendo produzida por Freud ao teorizar sobre outro crime desmesurado, o assassinato do pai, segundo e definitivo ato de um drama que se inicia com o mito de Narciso.

No artigo do Le Figaro. Proust reproduz, ligeiramente modificado, um parágrafo de Jean Santeuil, escrito anos antes. Com isso Wood sugere que a ideia de ser responsável pela morte da mãe, ou de matá-la, indício de conflitos inconscientes, acompanhava-o de longa data, razão de seu interesse pelo crime de Blarenbergue. Tal ideia já está presente, de forma indireta, na conhecida cena inicial de Em Busca do Tempo Perdido, em que o menino Marcel implora o beijo de boa-noite de sua mãe, que, tendo convidados em casa, não poderia demorar-se ao lado de seu leito infantil.

Os afetos contraditórios na relação entre mãe e filho apontados por Wood são comprovados em outros dados biográficos. Sabe-se, por exemplo, que Proust doou a mobília da mãe para o prostíbulo masculino que frequentava. É óbvio o objetivo ultrajante deste gesto. A agressão assume tons ainda mais extremados quando se lembra que Proust tinha o hábito de levar fotografias de suas amigas da alta sociedade para aquele local e pedir para que os prostitutos cuspissem nas mesmas. Entre essas fotos estavam as de sua mãe.

Há outro aspecto interessante no artigo de Wood. Ele o inicia discorrendo sobre o que chama de "loucura livresca", causada por textos cuja extravagância desconcerta o leitor, deixando-o na dúvida se o rejeita ou o endossa. Um bom exemplo seria a frase de Walter Benjamin em seu estudo sobre Proust, que diz: "Nenhum de nós tem tempo para viver os dramas reais que a vida nos destina. É isso que nos envelhece - isso e nada mais. As rugas e vincos em nossas faces são o registro das grandes paixões, vícios e entendimentos que nos visitaram: mas nós, os donos da casa, não estávamos lá para recebê-los."

A perplexidade de Wood é compreensível, pois o que quer mesmo dizer a altissonante frase de Benjamin? Que continuaríamos jovens para sempre se recebêssemos todas as paixões que nos procuram? Mas isso não é uma completa bobagem? Na melhor das hipóteses, seria uma licença poética, uma lamentação por termos de abdicar, em função das limitações impostas pela realidade, de muitas oportunidades vislumbradas no correr da vida. Ainda que fosse isso, a frase de Benjamin se afasta completamente do espírito da obra de Proust, que veicula o oposto, ao afirmar que não é a omissão ou a fuga das vivências o que nos envelhece e mata e sim a força afetiva destas experiências, o estarmos nelas engajados e envolvendo pessoas que nos são próximas, matéria-prima de nossas infindáveis recordações.

Passado o ofuscamento inicial provocado por seu brilho, a frase de Benjamin não resiste a um exame mais frio. Mas não seria sempre assim com a poesia, com a literatura? Claro que não. A sabedoria de um texto de Shakespeare não se altera quando ele despe sua opulenta roupagem linguística e exibe sua nudez conceitual.

Quando o dia chegou - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 07/07


RIO DE JANEIRO - Para quem gosta de cinema é um dos melhores sebos do Rio. Aliás, leva o nome de um filme de Chaplin. E, como todo sebo do gênero, tem também discos. Visitei-o outro dia e, ao espiar casualmente os CDs, a surpresa. Um estoque de primeiríssima -a maioria, importados, e muitos, lacrados, virgens, em edições de luxo e superluxo.


Lá estava o fino do jazz de todos os tempos. Duke Ellington, Count Basie, Benny Goodman. Os gigantes do sax-tenor, Lester Young, Sonny Rollins, John Coltrane. CDs duplos, triplos e quádruplos de Charles Mingus, Miles Davis, Modern Jazz Quartet. A caixa do trompetista Clifford Brown, na Mercury, com dez CDs. Em outra bancada, os clássicos. Estojos e estojos de Mozart, Beethoven, Wagner. Ou de Ravel, Mahler, Stravinsky. Os pianistas definitivos, as orquestras fundamentais, os solistas desse ou daquele instrumento.


Fui ao balcão. Perguntei se aquele acervo era de uma loja de CDs que tivera a infelicidade de falir. O lojista respondeu que não, que tudo viera de um colecionador. Não me disse o nome do homem nem lhe perguntei, mas me deu a ficha.


Tratava-se de um cinquentão, profissional bem-sucedido e comprador compulsivo. Ao entrar numa loja no Rio, em Nova York ou Paris, saía com dezenas, centenas de discos. Muitos mais do que a sua capacidade de escutá-los. Mas tudo bem: estava se estocando para quando se aposentasse. Aí, sim, mandaria vir os chinelos, relaxaria e ouviria a grande música.


Há um ano, a aposentadoria chegou. Nas primeiras semanas, ele cumpriu seu projeto e começou a tocar os discos. Mas, aos poucos, desconfiou de que bom mesmo era sair à rua, andar à toa, namorar, tomar um chope, desfrutar a praia, os amigos, o Rio. Finalmente, convenceu-se: aposentadoria era isso. Para evitar recaídas, chamou o sebo e vendeu tudo de uma vez -5.000 CDs.

Laços de família - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 07/07

Ainda estou em Paraty e hoje participo de uma mesa sobre o tema "Em família", com os escritores Dulce Maria Cardoso e João Anzanello Carrascoza, mediada por João Cezar de Castro Rocha. Como ultimamente tenho frequentado muito os anos 40, vou falar das relações familiares nessa época, que reúne dois acontecimentos importantes: o Estado Novo e a II Guerra Mundial. Se a década de 70 foi a dos "anos de chumbo", a de 60 os "anos rebeldes" e a de 50 os "anos dourados", a de 40 pode ser chamada de "anos ocultos". Não é um período muito estudado e, no entanto, é um laboratório para a observação do conservadorismo moral, que começa a ser abalado nas décadas seguintes, mas sem desaparecer inteiramente. Como diz Cacá Diegues, "são costumes que a gente pensa que acabaram, mas que ainda estão vivos pelas províncias, pelos subúrbios, pelas periferias". São tempos de recato e pudor, mas também de dissimulação e hipocrisia, em que o importante era parecer, mais do que ser.

O modelo de formação familiar era o patriarcal, com o casamento tido como união indissolúvel. Os papéis eram bem definidos, com o pai como provedor único e a mãe, dona de casa que só eventualmente contribuía para o sustento da família, costurando ou cozinhando para fora. Os preconceitos, estigmas e tabus, tanto sexuais quanto morais e sentimentais, comandavam rigorosamente a conduta dos membros de uma família. Os valores cultivados como virtudes - a fidelidade, a obediência, a virgindade (o mito do hímen, o "bem mais precioso de uma moça", como se dizia) - e os desvios: o incesto, a pedofilia, o adultério (Nelson Rodrigues dizia que "não existe família sem adúltera"), a separação, o desquite, o divórcio.

Antes da lei do divórcio, em 1997, os desquitados podiam recorrer ao casamento no Uruguai, inclusive mediante procuração, pois lá o desquite brasileiro era aceito como divórcio. Isso atenuava o estigma dos unidos por consenso, os "amigados", o que na cultura popular atingia especialmente a mulher, isto é, a "amante", essa ameaça de destruição dos lares. As famílias repletas de zonas de sombra, de armários trancados: a tia que deu um mau passo, ficou mal falada e nunca mais namorou ninguém; o solteirão de hábitos estranhos que alega não ter se casado para cuidar da mãe; o filho que cada vez mais se parece com o tio, cunhado da mãe; o bebê que deveria sair louro e saiu da cor do único amigo negro da família.

O que mudou dos anos 40 para estes tempos pós-modernos de aparente dissolução dos costumes? Uma pesquisa recente apresenta uma curiosa revelação: a família brasileira é uma das instituições mais valorizadas. E não por ter ficado mais careta, mas, ao contrário, porque aumentou sua tolerância com temas como virgindade e homossexualismo. Com exceção do que se passa no Brasil profundo.

Moral e direito na política - WALTER CENEVIVA

FOLHA DE SP - 07/07



Parece cada vez maior a dificuldade de conferir e avaliar os fatos da realidade partidária


O PROCESSO político brasileiro vive um momento de expectativa para a eleição de outubro próximo, da qual resultará base política com influência sobre o resultando do seguinte pleito nacional. O fundamento legal para a escolha de novos ocupantes de cargos por eleição passou por várias modificações desde o fim dos governos ditatoriais, mas parece um tempo bom para uma ponderação sobre o que restou.

A avaliação política tem sido exemplo mais claro de que o fazer justiça perde importância quando se quer ver o adversário apenas como obstáculo a ser removido. No Brasil de hoje, a palavra "política" não tem o sentido clássico da arte de governar. Acha-se mais próxima dos padrões construídos por Maquiavel, cujo primeiro objetivo estava na destruição do inimigo, a qualquer custo, o que conduz a substituir a escolha dos candidatos por valores outros que não os de sua competência e da força das ideias, mas para combinações não partidárias.

A aproximação do pleito eleitoral gera o questionamento dos pressupostos do processo como ele é, para, a seguir, compor suas finalidades essenciais. O primeiro embaraço está no reconhecimento dos elegíveis, cujo processo de escolha se marca pela confusão de nomes e de finalidades em partidos desconexos, agravados na aliança espúria dos contrários, tanto dos grandes quanto dos nanicos. Os pactos mais contraditórios, de Estado a Estado, de município a município, se multiplicam sem outros valores a não ser o da vitória a qualquer custo, mesmo na mistura heterogênea das chapas.

Paradoxalmente, a complexidade e o encaminhamento do processo eleitoral podem ser visualizados em três artigos da definição constitucional dos direitos políticos e da forma de dar tornar viável o exercício democrático da soberania popular. A confusão das alianças desligadas de programas e das finalidades estatutárias dos partidos, ligações contraditórias por si mesmas, se liga a prefeitos e vereadores no rumo de um plano básico dos municípios para a consolidação da infidelidade e da imoralidade política.

Nada obstante a facilidade crescente de acesso ao direito e às suas normas, parece cada vez maior a dificuldade de conferir e avaliar os fatos da realidade partidária e da legalidade no exercício da política.

Se o leitor se der ao trabalho de ler os artigos 14 a 16 da Constituição, que compõem o quadro essencial dos direitos políticos do cidadão, e ainda o art. 17, que resume a estruturação dos partidos políticos, logo perceberá a extensão das armadilhas possíveis, distorcendo, por antecipação, a definição das tendências. Basta ver Lula e seu parceiro Paulo Maluf resolvendo a dificuldade de arquivar os desaforos do passado. Nesse e em outros casos, a distinção entre os tipos de comportamento aumenta.

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Carmen Lucia, acrescentará a suas atividades normais de liderar o processo eleitoral o tratamento das arestas do universo heterogêneo que se retratará na eleição de outubro. Poderá marcar historicamente sua gestão se conduzir uma revisão ampla do processo eleitoral, superando defeitos da formulação partidária, a contar de novas linhas de atuação, na colheita da vontade eleitoral do povo.

Verdade apaziguadora - MIGUEL REALE JÚNIOR


 O Estado de S.Paulo - 07/07


Conforme a Lei Federal n.º 12.528, a Comissão da Verdade tem por objeto esclarecer os fatos violadores de direitos humanos praticados durante o regime de exceção, revelando a autoria e as circunstâncias dos casos de tortura, morte, desaparecimento forçado. Logo em seguida à criação da comissão surgiu o debate acerca do âmbito de seus trabalhos, discutindo-se se caberia levantar também as condutas de ação armada praticadas pelos opositores do regime ditatorial.

Não me parece ser essa a missão atribuída pela lei, pois restrita a sua finalidade ao esclarecimento dos atos praticados com abuso de poder, mesmo porque as ações violentas realizadas pelos integrantes dos movimentos armados, como ALN, MR-8, POC, VAR-Palmares, estão registradas nos autos dos inquéritos e processos penais instaurados. O que se pretende resgatar é a verdade do ocorrido nos porões, tarefa apenas em parte realizada pela Comissão de Mortos e Desaparecidos - que presidi de 1995 a 2001 -, ao elucidar algumas das circunstâncias das violências oficiais, muitas vezes com indicação dos responsáveis pela tortura ou daqueles que encenaram conflitos para justificar o assassinato de suspeitos. Esses dados constam do livro Direito à Memória e à Verdade - Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, de 2007.

A reconstrução histórica e a revelação da autoria das barbáries praticadas entre quatro paredes sob a proteção do Estado é que devem vir a lume. Há uma grande diferença entre a violência armada dos adeptos dos movimentos contestadores do regime e a violência dos agentes estatais.

Os militantes da esquerda armada arriscavam a vida, dominados por um ideal que os fazia desprezar a evidente desproporção de forças entre as suas organizações e o aparato militar. Agiam com vista à obtenção de uma ordem social, a seu ver, mais justa, mas corriam sempre imenso risco de perecer nesse confronto. Os agentes do Estado atuavam em defesa de um regime de exceção restritivo da liberdade política e certos da impunidade pela violência praticada, sem receio de serem responsabilizados pelas mortes e pelos sofrimentos causados pela tortura. De um lado, a coragem de se expor contra a estrutura policial-militar; de outro, a segurança do acobertamento pelo próprio órgão governamental que deveria zelar pela integridade física do prisioneiro.

Cumpre ser desfeito o apagamento dessas ações ilícitas, mesmo que a responsabilidade penal não se instaure, por força da anistia de 1979. Não existe, graças à anistia, o direito ao esquecimento: se não cabe exercer o direito de punir, há, todavia, o de buscar e revelar a verdade.

A verdade que mais dói não vir à tona é a das circunstâncias da morte dos desaparecidos e do paradeiro de seus corpos. Perdura o desassossego, fica um vazio enquanto se desconhece como se deu a morte e onde está o corpo da pessoa amada. Saber onde está o corpo atende a um natural sentimento de respeito à pessoa querida para se completar o reconhecimento do fim do seu ciclo de vida e poder prestar-lhe as homenagens, tal como Antígona fez ao irmão Creonte.

Em 2001 levei em mãos do ministro da Defesa ofício em que assinalava o conhecimento pelas autoridades militares e policiais do destino dos corpos dos desaparecidos. Transcrevo a seguir parte desse ofício.

"Venho solicitar a cooperação de Vossa Excelência para que sejam disponibilizados a esta Comissão Especial, os registros que constam nos arquivos políticos existentes, a fim de que seja possível extrair informações que nos possam levar a indícios dos locais de sepultamento dos desaparecidos políticos durante o regime militar". A Lei 9.140/95, em lista anexa ao texto, reconheceu o desaparecimento de 136 cidadãos, sendo que a Comissão Especial incluiu outros. Desse total, apenas 3 corpos foram resgatados pelos seus familiares, através de informações por eles mesmos coletadas: Luiz Eurico Tejera Lisbôa, Denis Casemiro e Maria Lúcia Petit da Silva.

"Citamos, exemplarmente, o caso de Ruy Carlos Vieira Berbert, do qual os familiares não tinham sequer a data ou o provável local de desaparecimento no país, e que foi localizado, morto em Natividade (GO), a partir de exame em documento encontrado no arquivo do DOPS/SP, em listagem elaborada para ser entregue ao Dr. Romeu Tuma (anexo 1). Apesar de não ter sido possível encontrar, no cemitério local, os restos mortais, os familiares puderam saber onde e como fora morto, e por qual nome havia sido enterrado. Levando-se em conta que o governo e os ministros militares têm, sistematicamente, negado a existência de arquivos sobre o tema, anexamos ao presente documentos oficiais, que podem orientar a busca.

Relatórios dos Ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica (anexo 2) foram elaborados em 1993, a pedido do então Exmo. Ministro da Justiça Maurício Corrêa, e contém informações produzidas até 1992. Partindo da premissa de que não há uma lista indicando os locais de morte e sepultura, mas de que os relatórios assumem a prisão de alguns dos desaparecidos e contêm datas de morte posteriores às denunciadas pelos familiares, é fundamental que se possa examinar os documentos que originaram tais informações, a fim de buscar-se, nas entrelinhas, maiores informações, tal como foi feito no caso de Ruy Carlos, acima citado".

A resposta a esse ofício foi igualmente no sentido da inexistência de informes reveladores de indícios necessários ao encontro dos corpos. Agora, passados mais de dez anos desse ofício, e após tantas expedições ao Araguaia ao longo de 16 anos, com resultados parcos, espera-se que perante a Comissão da Verdade não se esconda a verdade, pois o apaziguamento dos espíritos exige que se saiba como foram mortos os desaparecidos e onde se encontram os seus despojos, para que recebam a homenagem dos familiares e amigos.

CLAUDIO HUMBERTO

“Será um erro politizar o julgamento”
Deputado Marco Maia (RS), presidente da Câmara, sobre o julgamento do mensalão

DECEPÇÃO DE ALIADOS COM O VICE AMEAÇAM SERRA

O lançamento da campanha de José Serra (PSDB) para prefeito de São Paulo, ontem, foi marcado pela clara decepção dos candidatos a vereador com o vice Alexandre Schneider. Os tucanos o consideram traidor, por abandonar o partido, enfraquecendo-o, para fortalecer o PSD de Kassab, e no DEM a revolta é porque Serra não honrou a promessa de escolher como vice o deputado federal Rodrigo Garcia.

TRAIÇÃO À VISTA

Nos grupinhos, ontem, no ato pró-José Serra, candidatos a vereador do PSDB e DEM já admitiam ”alianças informais” com rivais do tucano.

DUPLA AUTISTA

No PSDB e DEM esperava-se que o inacessível Serra tivesse um vice que ao menos falasse ao telefone, o que Alexandre Schneider não faz.

PRIMO POBRE

O alijamento do DEM foi tão evidente, ontem, que somente após muita pressão anunciaram a presença do deputado estadual Rodrigo Garcia.

LIGAÇÃO PERIGOSA

Aliados não engolem a ligação Serra ao PSD porque a regra no partido de Gilberto Kassab é apoiar o PT, que quer destruir o DEM e o PSDB.

RECIFE: RANDS É ACUSADO DE TRAIR QUEM O AJUDOU

Como em política ingratidão rima com traição, o ex-deputado Mauricio Rands (PE) está com o cartaz mais sujo do que pau de galinheiro, no PT. Ele perdeu a briga interna para disputar a Prefeitura do Recife e por isso abandonou o PT e até a vida pública. A traição fica por conta da sua recusa em apoiar o candidato petista Humberto Costa, exatamente quem viabilizou seu ingresso na política já como deputado federal.

PADRINHO

Humberto Costa (PT) disputava o governo de Pernambuco e “cacifou” a campanha de Maurício Rands a deputado federal, elegendo-o.

VIROU A CASACA

Apesar de deixar o PT jurando que abandonava a vida pública, Mauricio Rands logo se associou ao projeto eleitoral do PSB, no Recife.

O DE SEMPRE

Não tem jeito: o presidente do Paraguai, Federico Franco, nomeou a cunhada para o conselho de Itaipu e garantiu que será a única. Sei...

INUNDAÇÃO

Preso há cinco meses, abatido, pagando R$ 15 milhões ao advogado estrelado que não ganha um só habeas corpus a seu favor, Carlos Cachoeira está à beira de chutar o advogado. E o balde.

ESQUEÇAM O QUE NÃO FALEI

Se não falou antes, não falará agora, para “poupar a voz”: Lula está devendo, há mais de 1 ano, a prometida explicação para seu pedido de passaporte especial aos parentes. A Justiça retirou o último concedido.

A FILA NÃO ANDA

Correição do Conselho Nacional de Justiça no Tribunal de Justiça do Rio apurou que pelo menos dez desembargadores poderão ser punidos com aposentadoria compulsória por engavetar processos. O campeão do “engavetamento” tem 1.840 na gaveta. Os colegas foram solidários.

DUPLA MILITÂNCIA

Apesar de concorrer como vice do prefeito Luciano Ducci (PSB) em Curitiba, o deputado Rubens Bueno (PPS) diz que não deixará a CPI do Cachoeira: “Vou intercalar entre a campanha e os trabalhos na CPI”.

OLHINHOS BEM ABERTOS

O governo chinês não gostou nada do “protecionismo” do Brasil taxando componentes de sapatos em quase 200%, e ameaça reduzir investimentos. É melhor andar descalço com tanto imposto brasileiro.

BRASIL NO MUNDO

De renome internacional, a brasileira Cláudia Gianetti será a diretora do prestigiado Centro Edith-Russ-Haus for Media Art, na Alemanha, de pesquisa e apoio à produção na arte e novas tecnologias.

O DEBOCHE AUMENTOU

O voo 3576 da TAM, de Brasília para Maceió, nesta sexta-feira, decolou com duas horas de atraso, sem maiores explicações exceto os manjados “problemas operacionais”. Depois de virar Latam, ficou pior.

RITMO DE FESTA

O presidente do PV, José Luiz Penna, está soltando fogos com o verde Délio Malheiros na vice de Márcio Lacerda em Belo Horizonte: “Se ele disputar o governo de Minas em 2014, ficamos a frente da prefeitura”.

PERGUNTA EM SÃO BERNARDO

Não falta um dedo na tal “partícula de Deus”?

PODER SEM PUDOR

O BRASIL NO CONTRAGOLPE

O imperador da Etiópia, Hailê Selassiê, foi deposto pelo próprio filho quando fazia uma visita oficial ao Brasil, a convite do presidente Juscelino Kubitscheck, liderando uma comitiva que era uma pequena multidão. Em conversa com JK, o imperador pediu dinheiro para voltar, dar um corretivo no filho e retomar o poder. JK ordenou que o ministro da Fazenda, Horácio Lafer, desse dinheiro a Selassiê antes de o Congresso aprovar o empréstimo. Lafer advertiu: "Os parlamentares não vão aprovar isso". JK respondeu:

- Vão aprovar, Lafer. Basta mostrar essa comitiva toda e lembrar que pode ficar por aqui, asilada.

Selassiê retomou o poder e se manteve nele por mais quinze anos.

SÁBADO NOS JORNAIS


Globo: Inflação zero e PIB fraco vão acelerar corte de juro
Folha: Governo vai reduzir custo da tariga de eletricidade
Estadão: Queda de IPI faz inflação atingir menor nível em 2 anos
Correio: Governo corta ponto e não vai dar aumento
Zero Hora: Comportamento de risco põe gaúchos no topo do ranking da Aids no país
Estado de Minas: Minas gastará R$ 109 mi com 569 novos vereadores
Jornal do Commercio: Falta d'água afetará 1,5 milhão de pessoas