terça-feira, abril 23, 2013

Dilma no Rio - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 23/04

Além de participar da reinauguração do Maracanã, Dilma desembarca no Rio sábado trazendo uma mala cheia de dinheiro para o estado.

Na Rocinha, ela assina um cheque de R$1,8 bi, e Cabral, outro de R$ 800 milhões, para obras em favelas cariocas.

Já...
No canteiro de obras do túnel Barra-São Conrado, ela repassa R$ 3,1 bi que o Banco do Brasil irá emprestar ao governo do Rio para obras de infraestrutura.

O túnel, de 4 quilômetros, liga as futuras estações do metrô Jardim Oceânico e São Conrado/Rocinha.

Questão de imagem
Os tropeços de Eike Batista, na OGX, e de Marcio Mello, na HRT, afetam a imagem do empresariado nacional nestas negociações com multinacionais em torno da próxima rodada de leilão do petróleo, a ser promovida pela ANP.

AGORA VAI, SERÁ?
Parecia até maldição das moças fogosas que ocupavam a boate Help, despejadas para ceder espaço à construção da nova sede do Museu da Imagem e do Som, em Copacabana. Durante longos três anos, visto de fora, o lugar é só tapumes e um enorme vazio no ar, preenchido apenas pelo guindaste da obra. Mas a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, reconhece os problemas enfrentados e avisa que agora vai. O prédio começa a subir em maio. Na semana passada, os arquitetos americanos Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio, autores do projeto, visitaram a obra, veja na foto. Saíram satisfeitos. Os trabalhos de fundação e subsolos do edifício já foram concluídos. A demora nesta fase foi por causa das características do solo, que impuseram adaptações ao projeto. Além da área de maquinário, haverá apenas o cineteatro subterrâneo, com capacidade para 300 pessoas. A área de estacionamento foi eliminada. A previsão da secretária é que o novo MIS seja inaugurado em setembro de 2014. Vamos torcer, vamos cobrar!

Ouro de Moscou...
Aliás, o comunista Haroldo Lima, ex-presidente da ANP, é o mais novo assessor da HRT.
A petroleira nacional tem entre seus sócios a TNK- BP, da Rússia.

O susto do Zeca
Zeca Pagodinho, o grande sambista, deu entrada, ontem, na Casa de Saúde São José, no Rio, com uma forte dor na coluna.
Mas o doutor Deusdeth Gomes do Nascimento prometeu liberar o amigo para a festa dos 30 anos de carreira hoje, dia de São Jorge, na Barra.

Cine suspense
A Petrobras libera quinta a lista dos 27 filmes selecionados entre 653 inscritos em busca de patrocínio.

No ano passado foram 381 inscritos e 22 contemplados.

A censura venceu
Um recurso apresentado pelo obscuro deputado Marcos Rogério (PDT-RO), da bancada evangélica, levará o projeto da “Lei das biografias”, que estava a caminho do Senado, a ser apreciado pelo plenário da Câmara dos Deputados.
“Agora vai depender da presidência da Mesa colocar um dia, Deus sabe quando, em votação”, lamenta o deputado Alessandro Molon, relator.

Como se sabe...
O projeto evita casos como o de Roberto Carlos, que censurou o livro de Paulo Cesar Araújo sobre sua vida.

A infância de Neruda
A LeYa lança em maio “O sonhador”, da escritora Pam Muñoz Ryan. O livro é inspirado na infância do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973).
A obra, já premiada pela The Americas Award e pela Distinguished Lyrical Fictionalized Biography, mistura ficção e realidade.

Mama África
A UFMG vai inaugurar o Centro de Estudos Africanos, no dia 5 de junho.

Genesis
Sebastião Salgado, o grande fotógrafo, vem ao Rio para inaugurar, dia 28 de maio, sua nova mostra, Genesis, no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico.

Mas fica pouco tempo.

Éque...
Em seguida, ele zarpa para a Amazônia, ao lado do cineasta alemão Wim Wenders, que realiza o documentário “A sombra e a luz”, sobre o brasileiro.

Batcaverna
Lembra a história, que saiu aqui sábado, do morcego que fez a mulherada gritar no Shopping Rio Sul? Pois bem, a direção do estabelecimento contou que o voador foi capturado e solto na área de proteção ambiental da Babilônia, vizinha ao shopping.

Agenda
Guido Mantega recebe hoje Eduardo Paes.

Calma, André!
Do DJ André Werneck, sexta à noite, na boate Zozô, na Urca, para uma cliente que pediu para tocar funk:

— Não toco funk, funk é coisa de
subúrbio, e aqui é festa da Zona Sul.

AINDA NO BERÇO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 23/04

O poderoso fundo de previdência dos servidores do Poder Judiciário já nasce com dívida: os R$ 25 milhões que a União vai aportar na entidade terão que ser devolvidos depois que ele começar a funcionar.

CASA PRÓPRIA
Os recursos iniciais emprestados pela União servirão para a instalação de uma sede, a contratação de corpo técnico e reserva financeira. O grande desafio será convencer os servidores que estão ingressando na carreira a aderir à sua previdência complementar.

NADA A RECEBER
Nomeado por Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), para presidir o conselho deliberativo do fundo, Wellington Geraldo Silva, secretário de comunicação da corte, deve abrir mão dos vencimentos que receberia. São R$ 2.800, ou o equivalente a 10% do que os executivos da instituição devem ganhar.

TURMA
Além de Barbosa, pelo STF, também os presidentes do STJ (Superior Tribunal de Justiça), do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e do TJ (Tribunal de Justiça) do Distrito Federal indicaram representantes para o conselho do fundo.

CAIU NA REDE
Os cineastas que preparam abaixo-assinado contra as mudanças que a ministra Marta Suplicy, da Cultura, está fazendo na Cinemateca Brasileira colocaram o documento na página da Avaaz, ONG que organiza campanhas pela internet. Mais de 20 funcionários já foram demitidos.

CAIU NA REDE 2
Além de Lygia Fagundes Telles, Antonio Candido, Hector Babenco, Fernando Meirelles, André Klotzel e Luiz Carlos Barreto, já aderiram a atriz Betty Faria, o músico Arrigo Barnabé e cineastas como Sérgio Rezende, Tata Amaral, Lucia Murat, Alain Fresnot, Beto Brant e Eduardo Escorel.

DOCE...
Palmirinha Onofre, 81, que ensina receitas na TV, vai levar sua expertise para escolas do Centro Paula Souza, do governo de SP. O projeto Alimentando um Sonho terá 36 teleaulas da culinarista, num curso de três meses. A ideia é mostrar como se alimentar bem e como preparar receitas para vender e incrementar a renda. "Vou ensinar a cozinhar e a ganhar um dinheirinho", diz a apresentadora do canal Bem Simples, da Fox.

...DE LARANJA
A primeira-dama Lu Alckmin segue de perto a carreira e é fã de Palmirinha, segundo a própria. "Nos conhecemos numa campanha de vacinação contra a gripe no ano passado e fizemos uma amizade." Palmirinha, que é madrinha de um concurso gastronômico do governo, diz que Geraldo Alckmin (PSDB-SP) é maravilhoso. "Já mandei um doce de laranja para ele, que adorou."

PERGUNTA
Um depoimento em vídeo do ex-delegado de polícia e ex-agente do SNI Cláudio Guerra, gravado ontem, será exibido às 11h de hoje, em reunião da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo.

RESPOSTA
Guerra detalhou episódios da ditadura e apontou nomes de pessoas envolvidas na repressão na cidade. "O conteúdo é forte e revelador", diz o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da comissão, que afirma ter feito mais de 40 perguntas a ele.

FIM DE FESTA
Criolo, Emicida, Tulipa Ruiz, Curumin, Kamau e as bandas Metá Metá e Instituto se apresentarão na noite de encerramento das atividades do Studio SP, no próximo dia 2.

O show será gravado e fará parte do documentário sobre a casa dirigido pela atriz Leandra Leal.

DO BEM
O nadador Cesar Cielo posou para a campanha Modelos de Vida, no estúdio do fotógrafo Bob Wolfenson, em SP. O projeto visa propagar mensagens de inspiração, diversidade e inclusão. O iatista Torben Grael, o rapper MV Bill e o chef Rodrigo Oliveira também participam.

CASOS DE FAMÍLIA
A atriz Renata Sorrah estreou a peça "Esta Criança" na sexta, ao lado de Ranieri Gonzalez, Giovana Soar e Edson Rocha, da Cia Brasileira de Teatro. A atriz Bárbara Paz, com o marido, o cineasta Hector Babenco, e o ator Paulo Azevedo estiveram na plateia do espetáculo, no Sesc Vila Mariana.

SENHORITA NEGRINI
A atriz Alessandra Negrini entrou em cartaz com a montagem teatral "A Propósito de Senhorita Júlia" no Centro Cultural Banco do Brasil, ao lado de Eucir de Souza e Dani Dornellas. O diretor da peça, Walter Lima Jr., e a atriz Domingas Person foram à sessão para convidados na sexta.

CURTO-CIRCUITO
O arquiteto Héctor Vigliecca autografa "Hipóteses do Real", às 19h, na Livraria da Vila do Jardins.

Marina Person, Bento Ribeiro e Caco Galhardo debatem entretenimento na internet, às 19h30, no CCBB, no centro.

A Stella Artois lança o projeto #13Noir, com cenas de 13 atores, como Bruno Gagliasso e Laura Neiva, às 20h, no JK Iguatemi.

A Studio3 apresenta o espetáculo de dança "Permeados", hoje, às 21h, no teatro Geo. Livre.

O autor britânico Lars Iyer irá à Flica (Feira Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia, em outubro.

Os filhos fanáticos - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 23/04

A natureza do horror não está nos manuais; está em pequenas obras-primas da literatura contemporânea


DEPOIS DOS atentados de Boston, a pergunta: serão terroristas genuinamente americanos, como Timothy McVeigh? Ou serão terroristas americanos convertidos ao fundamentalismo "religioso" (um eufemismo para evitar a palavra "islâmico")?

Nenhuma conclusão apressada. Esperei para ver. E ler. Nas horas seguintes, nos dias seguintes, começaram a surgir pormenores.

Dois suspeitos. De origem tchetchena. O puzzle começava a compor-se: os tchetchenos não são conhecidos por seguirem a religião cristã (ou judaica). Mas, por outro lado, a inimizade tchetchena tem Moscou como alvo, não Washington (ou Boston). Uma inimizade política, não religiosa.

O círculo policial começou a fechar-se. Os dois suspeitos, os dois tchetchenos, eram irmãos. E o mais velho, que começou a ter influência letal sobre o mais novo, foi encontrando nos preceitos corânicos o tipo de "identidade" que ele não encontrava na sociedade americana de acolhimento.

Foi o adeus ao álcool. O adeus ao fumo. E a condenação violenta do rasteiro materialismo americano, um clássico do islamismo radical desde Sayyd Qutb (1906""1966), o teórico da Irmandade Muçulmana que visitou os Estados Unidos em finais da década de 1940 e deixou uma "bíblia" fanática a respeito.

Os dois suspeitos, os dois tchetchenos, os dois irmãos eram, Deus nos perdoe, dois jihadistas em solo americano?

Aqui, o pânico da mídia ocidental "progressista" voltou a soar mais forte. Já ninguém discutia esses pormenores. A estratégia era outra: martelar até a insanidade que não existe nenhuma relação entre o islã e o terrorismo.

Concordo. Digo mais: não há nenhuma relação entre o islamismo, o cristianismo ou judaísmo e atos criminosos contra inocentes. Pelo contrário, as três religiões condenam expressamente esses atos.

Só que essa não é a questão. Nunca foi. A questão é a inversa: saber se existe uma relação entre atos terroristas e a interpretação que os próprios terroristas fazem da religião islâmica. Pretender silenciar o debate com a proclamação infantil "nem todos os muçulmanos são terroristas!" é o mesmo que condenar qualquer crítica ao Estado de Israel como antissemita.

Comigo não, violão. É possível criticar racionalmente Israel. E é possível constatar a desproporcionalidade de atos de terrorismo cometidos por inspiração islamita. Relembrar uma evidência é o primeiro passo para compreender a natureza do horror.

E essa natureza não está nos manuais de filosofia, ou de história, ou de ciência política. Está em pequenas obras-primas da literatura contemporânea como o profético conto de Hanif Kureishi intitulado "My Son the Fanatic" (1994).

Foram vários os editoriais que, a respeito de Boston, prestaram homenagem ao conto e ao próprio Kureishi. Justíssimo. Como escritor, sempre defendi que Kureishi merece o mesmo respeito que Ian McEwan ou Julian Barnes, seus colegas de geração.

E o conto é um primoroso retrato sobre a radicalização de um imigrante paquistanês de "segunda geração" em solo britânico.

Digo "segunda geração" porque Kureishi capta o essencial do novo terror: ao contrário dos pais, que viajaram para o Ocidente em busca de uma vida melhor, é precisamente essa "vida melhor" que inquieta os filhos.

Confrontados com o pluralismo das sociedades abertas, onde a frustração de expectativas faz parte do jogo da liberdade, há nos filhos uma busca desesperada por um sistema total (e totalitário) que os salve do caos ético e epistemológico dessas sociedades.

O que para os pais é um sonho (viverem livres do dogmatismo doméstico), para os filhos é um pesadelo. Por isso eles fantasiam o exato dogmatismo de que os pais fugiram.

No conto de Kureishi, esse abismo está presente no diálogo tenso entre o pai e o filho: o primeiro, bebendo um uísque e tentando convencer o filho a desfrutar a vida; e o segundo, enojado com os uísques do pai, respondendo que há coisas mais importantes para fazer do que simplesmente desfrutar a vida.

Como disse um dos irmãos tche- tchenos, "eu não tenho nenhum amigo americano". E acrescentou: "Eu nem sequer os entendo."

Eis o primeiro passo para o terror: olhar para as vítimas, não como nossos semelhantes, mas como seres inferiores e estranhos que não merecem sobreviver.

Efeito Serra - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 23/04

Os tucanos ligados ao presidenciável Aécio Neves (MG) atuam para evitar a saída de José Serra (SP) do PSDB e sua eventual candidatura. Os aecistas querem Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) na corrida, visando disputar o segundo turno com a presidente Dilma. Mas querem Serra fora. Avaliam que, com Serra, o desempenho nacional de Aécio pode ser comprometido.

Divisão dos votos
Ninguém sabe o poder real de José Serra numa eleição ao Planalto, concorrendo por um pequeno partido, como o Mobilização Democrática. Mas todos reconhecem que "seu recall é elevado" e que ele pode ter condições de fazer uma votação expressiva em São Paulo. Alguns lembram que, em 1955, quando um paulista concorreu, o presidente eleito, o mineiro Juscelino Kubitschek, ficou apenas em terceiro no estado. Agora, não querem pagar para ver. Por isso, para segurar Serra, sinalizam que ele poderá coordenar a formulação do programa de governo. E apostam que o fato de os tucanos ligados a ele não o acompanharem acabará por inibi-lo.

"O Serra tem história. Foi fundador, prefeito e governador, líder na Câmara e no Senado, e duas vezes candidato a presidente. Ele não tem motivo para sair do PSDB"
Marcus Pestana 
Deputado federal e presidente do PSDB-MG

Na gaveta
Para não desagradar ao Planalto e ao STF, contrários à criação de novos tribunais federais, a estratégia sugerida por aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), é sentar em cima da PEC e ir deixando para lá sua promulgação.

A referência
O MEC e o Senado preparam homenagem a Darcy Ribeiro. Criaram uma coleção com os cem livros considerados leitura essencial por Darcy para conhecer o Brasil. Dois milhões de exemplares serão distribuídos gratuitamente a bibliotecas e universidades de todo o país, começando pelo Rio, cidade que adotou.

O que dá para rir dá para chorar
A CNI lança hoje a Agenda Legislativa da Indústria 2013. Suas metas: aprovar a MP dos Portos e o fim da multa de 40% do FGTS nas demissões sem justa causa. Seu temor: que votem a redução da jornada de trabalho para 40 horas.

Socorro verde-amarelo
A um grupo de senadores, o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodriguez, pediu ajuda para que empresas brasileiras se instalem no país a fim de recuperar as usinas de cana-de-acúçar. O governo Raúl Castro quer ajuda do Brasil para produzir etanol porque as usinas cubanas estão sucateadas. Cuba quer diversificar. Hoje a maior parte dos investimentos é da Venezuela.

Guerra regional
Os usineiros do Sudeste estão protestando. Os do Nordeste conseguiram incluir numa MP, a 594, já votada na Câmara, subsídio para o custo de produção de etanol referente à safra 2011/2012 nas áreas de atuação da Sudene e da Sudam.

A Cadeia da Legalidade no cinema
O diretor de cinema Carlos Gerbase (RS) está atrás dos direitos autorais da família de Leonel Brizola para rodar um filme sobre a Cadeia da Legalidade. Estuda para o papel do caudilho o ator Werner Schünemann.

O vereador Netinho de Paula vai concorrer a deputado federal. O PCdoB espera ampliar sua bancada em São Paulo, que é de dois deputados


Avant-première - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 23/04

Com o mote de que é possível "fazer mais" no Brasil, o PSB usará seu programa de TV, na quinta-feira, para apresentar Eduardo Campos e criticar, indiretamente, o governo Dilma Rousseff. Na peça, Campos diz que é preciso "enfrentar" a inflação, aponta falta de planejamento em setores como o de energia e condena quem acha que pode "fazer tudo sozinho". O governador e presidenciável diz que "ajudou" nas conquistas do PT, mas que o país pede para que se faça "muito mais".

Aceno Ao mostrar experiências exitosas do partido, a propaganda do PSB incluiu o programa de alfabetização na idade certa do governo de Cid Gomes, no Ceará. O governador e seu irmão, Ciro, resistem à postulação de Campos.

Jornada... Acusada de integrar a quadrilha que praticava tráfico de influência em órgãos do governo, descoberta na Operação Porto Seguro, Rosemary Noronha viajou para o exterior já enquanto chefe do gabinete de Dilma Rousseff em São Paulo.

... dupla Rose esteve em Madri, na Espanha, no final de 2011, durante visita de Luiz Inácio Lula da Silva ao país. A viagem foi a última do ex-presidente antes do início do tratamento contra um tumor maligno diagnosticado na laringe. Não há registros de autorização do governo para esse deslocamento.

Para depois O Planalto pediu ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) que segure a minuta do projeto de regulamentação do trabalho doméstico. Surpreso com a rapidez com que o texto ficou pronto, o governo quer agora barrar a redução da alíquota do INSS de 12% para 8%.

Deixa assim Durante visita a Minas, na qual encontrou o governador Antonio Anastasia e o senador Aécio Neves anteontem, Joaquim Barbosa foi questionado sobre a criação dos quatro novos tribunais regionais federais. O presidente do STF reiterou ser contrário à medida, segundo ele, desnecessária.

Palanque Reunido ontem com deputados do PT, PMDB, PC do B e PRB, Fernando Pimentel (Desenvolvimento) deu sinais de que pretende concorrer ao governo de Minas. "Pela primeira vez ele fez discurso de candidato", diz um participante.

O cara Pré-candidato ao governo paulista, Paulo Skaf (PMDB) estrela campanha publicitária da Fiesp em que se apresenta como o "pai" do sistema Sesi/Senai. As inserções foram produzidas por Duda Mendonça, seu marqueteiro em 2010.

Make-up Com a notícia da filiação do cirurgião plástico Robert Rey, o "Dr. Hollywood", ao PSC de Marco Feliciano, um deputado brincou: "Pelo menos no gel do cabelo eles combinam".

Vale a pena... Beatriz Segall, Odilon Wagner, Caco Ciocler e Daniel Boaventura participam hoje na Câmara de ato da UNE em favor do projeto que regulamenta a meia-entrada. O texto deve ser votado hoje na CCJ.

... ver de novo A entidade argumenta que, com a sanção da proposta, 9.000 agremiações estudantis no país poderão emitir carteirinhas, desde que certificadas pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação.

Veja bem A despeito do desejo de aliados de lançá-lo à presidência do PT paulistano, Francisco Chagas diz que seu foco é no mandato de deputado. "Minha preocupação é apoiar Fernando Haddad."

Visita à Folha Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Sandra Inácio, assessora de imprensa.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Os menores que Alckmin deseja punir com mais rigor nasceram e cresceram ao longo duas décadas de gestão tucana em São Paulo."
DO DEPUTADO ENIO TATTO (PT), primeiro secretário da Assembleia paulista, sobre a proposta do governador de mudar o Estatuto da Criança e do Adolescente.

contraponto


Quem manda na tribo
Durante sessão de instalação do Grupo de Trabalho sobre a Questão Indígena, quinta-feira passada na Câmara, Chico Alencar (PSOL-RJ) se disse impressionado com a capacidade de mobilização dos índios.

--Vocês foram recebidos de imediato pelo nosso "tuxaua", Henrique Alves, e pelo ministro Joaquim Barbosa.

--Mas alguns deputados correram de nós no plenário-- lembrou Rildo Kaingang, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul

Sonia Guajajara, líder na Amazônia, completou:

--E a "cacique" maior do país nunca nos recebeu!

HISTÓRIA DE ANTÔNIO - SONIA RACY

O ESTADÃO - 23/04

Quando deixou, pela última vez, o prédio de número 254 da Praça Ramos de Azevedo, semana passada, José Pastore se despediu do imóvel que, durante 50 anos, abrigou a Votorantim e a sala de seu melhor amigo, Antônio Ermírio de Moraes, prestes a completar 85 anos. “Hoje é um dia histórico”, disse, olhos marejados. Pastore não partiu de mãos vazias. Mas com o resultado de 35 anos de convivência: o livro Antônio Ermírio de Moraes – Memórias de um Diário Confidencial, que será lançado pela Editora Planeta, em maio.

Como nasceu a ideia do livro?

Sempre tive vontade de escrever um livro sobre a vida dele, porque acho o Antônio Ermírio uma pessoa inteligente, competente, patriótica, ética. Um brasileiro tão raro, que precisa ficar gravado.

É importante para o senhor que a homenagem seja em vida?

Muito! Já até levei a capa do livro para que ele checasse. Ficou um pouco encabulado ao se ver na capa de um livro.

Ser muito amigo atrapalhou na produção do livro?

Escrevi, logo no início, que o livro relata uma amizade e, exatamente por isso, os adjetivos são inevitáveis.

Ele trabalhava muito. Tinha tempo para a família?

Ele e eu sofremos da mesma doença: trabalhamos demais. E, olhando para a família, vemos que nem sempre as necessidades foram atendidas. Antônio Ermírio reconhece que precisava estar mais presente. E, no fundo, carrega um pouquinho de culpa, sim.

Qual a relação do empresário com o dinheiro?

Não gastava nem com ele nem com a família. Não por ser sovina, mas por não sentir necessidade. Investia sim, e muito, na educação dos filhos. Eles tinham, bem como seus primos, de provar competência, trabalhar em outras empresas. Só depois entravam na Votorantim.

Como era a relação dele com o irmão José Ermírio?

Ele tinha a maior admiração e deferência. Tanto que se referia a ele quase como pai. Eles se complementavam. Antônio é mais explosivo, já o José era mais moderado.

E a carreira política?

Foi muito bom ele não ter seguido. Com o gênio que tinha, acredito que morreria no meio do processo.

E o mundo das artes?

Surgiu com a campanha de 1986, quando disputou o governo de São Paulo. Ele achou tudo aquilo um teatro, que o eleitor vota pouco pela razão e que era preciso captá-lo pela emoção. O teatro o virou pelo avesso. Fez com que ele se expandisse, risse, e o humor dele cresceu. Os artistas se aproximaram muito dele.

O senhor se considera o melhor amigo dele?

Precisaria perguntar para ele. Mas, com certeza, Antônio é meu melhor amigo. Tem coisas que só eu consigo falar para ele./THAIS ARBEX

Prato feito
Depois do jantar em torno de Alexandre Padilha, semana passada, a bancada estadual do PT se comprometeu a organizar encontro com Mercadante – que disputa com o ministro da Saúde a indicação para o Bandeirantes em 2014.

É consenso no PT paulista que o nome precisa ser definido até, no máximo, agosto.

COACH DE LÍDERES
O francês Thierry Schneider, ex-goleiro e coach, faz palestra e lança o livro Atleta da Vida– hoje, no Hotel Renaissance. Ele falou à coluna sobre o que une jogadores de futebol e gestores de empresas.

O que você traz do campo que pode ser aplicado em uma grande companhia? 

Meu principal objetivo é ensinar os executivos a terem um nível de domínio alto sobre a gestão de suas atitudes cotidianas, sobre suas energias emocional e física. Infelizmente, a maioria dos indivíduos investe boa parte de sua energia tentando controlar o incontrolável. Um gestor tem apenas uma pessoa a dirigir: ele mesmo.

Quais os grandes pecados dos executivos e como combatê-los?

O maior pecado dos gestores se resume à necessidade de poder. O sucesso baseado no ego representa, de fato, uma constatação do medo. Meu objetivo é desenvolver o poder interior, responsabilidade social em servir. Como um mestre de artes marciais, ele combate por uma causa – não contra ela. A meta é domar suas emoções e seu corpo.

Que características você identifica nos goleiros (ele é autor de um livro sobre o assunto) e também nos executivos que está acostumado a treinar?

A solidão. Um gestor está sozinho face a si próprio e deve aceitar essa condição para avançar e ter sucesso. Não pode trapacear. Como dizia Maurice Béjart, mesmo o mais talentoso dançarino não pode mentir, pois isso transparece. Podemos mentir com palavras, mas é impossível mentir com o corpo. Só 7% de uma mensagem são transmitidos pelas palavras; 37% vibram na voz; e 55%, nos gestos e olhares. Uma mensagem é, basicamente, física, sensualidade em estado puro. A verdadeira vida. /SOFIA PATSCH

Alô…
Estados se movimentam para passar um pente fino na telefonia – a começar pelo Rio Grande do Sul, que instala, hoje, comissão parlamentar de inquérito na Assembleia Legislativa.

…responde
Enquanto isso, na Câmara, há número de assinaturas suficiente para criar uma CPI que investigue o setor. Mas sem o aval de Henrique Alves. Por enquanto.

Eu voltei
Marta Suplicy retoma o conceito original do programa Cultura Viva, que foi criado por Gilberto Gil. Vai expandir os pontos de cultura em todo o País e fará os primeiros na cidade de São Paulo – até agora, fora da rede.

Sem folga
Enquanto trabalha para evitar uma “CPI da CBF”, Marin está às voltas com a CPI do Tráfico de Pessoas.

O presidente da entidade depõe hoje, em Brasília, sobre aliciamento de crianças e adolescentes para participar de escolinhas e clubes de futebol.

Acelera, Rubinho!
E a Globo gostou de Rubens Barrichello comentando o GP do Bahrein, domingo.

Quer usar o piloto mais vezes para turbinar a audiência da atração – que perdeu 50% de telespectadores desde 2002.

Até tu, Peru?
O Peru, que nunca teve uma feira de arte internacional para chamar de sua, resolveu ter duas: a Art Lima e a Parc. Ambas abrem amanhã.

Estarão lá, representando o Brasil, as galerias Marilia Razuk – com solo do artista Marlon de Azambuja –, Leme, Nara Roesler, Vermelho e Luisa Strina.

Dose múltipla
O musical Billy Elliot, que desembarca aqui no segundo semestre, contará com… três atores crianças se revezando no papel principal.

Motivo? É muito trabalho para um menino só.

Na frente
O Brasil fechou parceria com a Novartis – que doará ao Ministério da Saúde remédios para hanseníase.

Kent Nagano rege a Sinfônica de Montreal. Hoje e amanhã, na Sala São Paulo.

Luiz Carlos Duarte lança Friedenreich. Hoje, na Livraria da Vila da Fradique.

Permeados estreia hoje, com participação de Cauby Peixoto. No Teatro Geo.

Talita Hoffmann abre exposição. Hoje, na Logo.

Dúvida cruel. Quem será que ganhou, ontem, com o sobe e desce das ações de Eike Batista no mercado?

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 23/04

R$ 735 MILHÕES EM COMPENSAÇÕES AMBIENTAIS
Petrobras, CSN e CSA já desembolsaram 37% dos recursos de acordo bilionário com governo do Rio por licenciamento

Mais de um terço (37%) das compensações determinadas pelo Inea em licenciamentos ambientais de Petrobras, CSN e CSA foram cumpridas no último ano e meio, segundo levantamento da Secretaria estadual do Ambiente. As empresas somam os três maiores acordos de contrapartida socioambiental do estado: R$ 1,960 bilhão. Já gastaram R$ 735 milhões. Só a estatal desembolsou R$ 410 milhões do R$ 1,3 bi previsto no acordo de renovação da licença da Reduc. A CSN, também para obter o sinal verde para mais quatro anos de funcionamento da usina de Volta Redonda, se comprometeu a gastar R$ 500 milhões. Já desembolsou R$ 205 milhões, diz o secretário Carlos Minc. A CSA, siderúrgica em Santa Cruz, assinou termo de ajustamento de conduta (TAC) de R$ 160 milhões para receber a licença definitiva (de operação). Em um ano, gastou R$ 120 milhões. Faltam dez meses. "O estado do Rio trocou multas, que dificilmente eram pagas, por compensações ambientais", explica Minc. Em alguns casos, as empresas estão adotando novas tecnologias e mudando processos de produção, para reduzir emissão de resíduos no solo e na água; e de poluentes no ar.

14 MORTOS
Semana passada, a explosão de uma usina de fertilizantes em West, no Texas, matou 14 pessoas e feriu mais de 160. 

Investimento em novas tecnologias reduz poluição e índice de acidentes. 

VIAGEM
A Allú, de moda feminina, lança hoje o catálogo de Dia das Mães. A modelo Luiza Melo foi fotografada por Guto Costa. A grife também faz promoção para a data. Cada R$ 50 em compras dará direito a um cupom para o sorteio de viagem a Natal
(RN). Prevê alta de 15% nas vendas sobre a data em 2012.

Que saúde 1
O Seletti, de culinária saudável, está abrindo dez vagas para gerentes e outras 50 para operadores e atendentes, no Rio e em São Paulo. Dona de 30 lojas, a rede planeja inaugurar mais 15 este ano. Espera faturar R$ 37 milhões. É aumento de quase 50% sobre 2012.

Que saúde 2
A HealthLine (suplementos) lança o Slim Fibras sabor maracujá, no início de maio. Mais quatro produtos virão este ano. O investimento total é de R$ 500 mil. A meta é vender 36 mil unidades, alta de 20% sobre 2012. A Corpo Perfeito, também do setor, apresenta duas novas marcas na Arnold Classic.

Sustentável
A CNI vai capacitar 450 empresários na elaboração de inventários de emissão de gases do efeito estufa este ano. Em 2012, foram 180. A ideia é incentivar ações de sustentabilidade. Fábricas de alumínio, cimento, químicos e celulose são prioridade.

Livre Mercado
O Rio sedia, nesta 58, a reunião anual das Câmaras de Comércio Portuguesas. Trinta entidades debaterão alta das exportações e dos investimentos no país.

O Shoptime terá quiosque na Expo Noivas & Festas, em maio, no Rio. É a primeira ação do tipo.

A Raízen promove Rodeio de Caminhões, domingo, no Rio. É parte da ação “Zero acidente”. Na safra 2012/13, caíram 39%.
O Machado Associados, banca paulista de direito empresarial, abriu escritório no Rio. Está de olho no mercado de óleo e gás.

O Ecad pôs no ar portal com dados sobre músicas nacionais cadastradas. Beiram um milhão.

Mercadata e Planeje-se lançam o Sensor Gestor, ferramenta on-line de gestão para pequenas e médias empresas. Foi aporte de R$ 200 mil. Esperam alcançar 20 mil empresas em dois anos.

O curso de alemão Baukurs, com unidades em Botafogo e Barra, planeja abrir a 38 unidade este ano. Deve ficar na Zona Oeste.

SANGUE BOM
A TV Globo põe na rua amanhã campanha da novela “Sangue bom”, que estreia 2ª que vem, às 19h. Os protagonistas Jayme Matarazzo, Fernanda Vasconcelos, Sophie Charlotte, Marco Pigossi, Humberto Carrão e Isabelle Drummond estrelam a peça, que circulará em jornais e revistas. O cenário é São Paulo. A CGCom assina.

NA BARRIGA DA BALEIA
A Skol põe no ar hoje a nova campanha institucional. Depois de 16 anos com o slogan “Desce redondo”, a marca de cerveja vai mexer no lema. Passa a assinar: “A vida manda quadrado, você devolve redondo”. No filme de estreia, num clima de cinema, o grupo de amigos vai parar na barriga de uma baleia. O perrengue fica divertido, quando eles encontram a cerveja. A ação começa pela TV. Em seguida, vai para o ambiente digital, onde a marca da Ambev tem dez milhões de fãs. A criação é da agência F/Nazca.

Cheio de gás
Beira R$ 1,3 bilhão o total de investimentos do grupo Gas Natural Fenosa (dono da CEG) no Estado do Rio, no período 2013-2017. A cifra será submetida à Agenersa, órgão regulador fluminense.

Em tempo
Há três gasodutos tidos como prioritários no plano acertado com a Sedeis. Um, de R$ 36 milhões, ficará no Arco Metropolitano; outro, no Complexo do Açu, de R$ 97 milhões. O último é o de Resende, de R$ 47 milhões.

Número três
A consultoria britânica Clarksons pôs o Brasil na 3ª posição na lista das maiores carteiras de encomendas de petroleiros. Tem a ver com a compra de 49 navios pela Transpetro. O país só perde para Coreia do Sul e China.

Em expansão
A SH, de andaimes, investiu R$ 2 milhões num par de máquinas CNC. Duplicou a produção de fôrmas metálicas usadas para construir casas populares. A empresa passou a operar 24 horas por dia e contratou 30 funcionários. Prevê
faturar 60% mais este ano.

Na Justiça
André Dread, ator que deu voz à falsa reportagem do “Sensacionalista” que foi plagiada pela Latinworks, vai processar a agência. A americana reencenou a história do ladrão assaltado após praticar um roubo e foi premiada no Wave Festival.

Imóveis
A construtora Concal lança, em junho, comercial na Tijuca. Terá 110 salas. Em seguida, terá residencial no Catete, com 98 apartamentos e 12 lojas, além de dupla de torres na Zona Portuária, uma de lajes corporativas e outra com 608 salas comerciais. Os três baterão mais de R$1 bilhão em vendas.

Recorde
O R3X, construído em parceria de Concal e REX é o empreendimento comercial com maior valor de locação
do país, segundo a consultoria Cushman & Wakefield. O preço médio do aluguel é de R$ 270 o metro quadrado. Fica ao lado do Shopping Leblon.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 23/04

Consumo de energia no mercado livre cai em março ante o mesmo mês de 2012
O consumo de energia no mercado livre caiu em vários setores da indústria em março deste ano ante o mesmo mês do ano passado, segundo a Comerc, gestora independente de energia.

Entre março e fevereiro deste ano, nove dos 11 setores avaliados reduziram o consumo de energia, em especial os setores de eletroeletrônico e têxtil. A queda foi de 1,38%, em média.

O mercado livre concentra os grandes consumidores.
A temperatura menor no mês passado pode ter contribuído para a redução do consumo, principalmente no setor de comércio e varejo, que usa mais ar condicionado.

"Nas empresas que não estão ligadas ao clima, houve queda efetiva. É a desaceleração industrial mesmo", diz Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia.

As maiores quedas foram dos setores de eletroeletrônicos (-7,58%) e siderurgia (-7,4%). Por outro lado, o consumo cresceu em segmentos como embalagens (4,88%) e papel e celulose (3,23%) em março de 2013 ante o mesmo período de 2012.

"O mercado livre está sofrendo muito com os encargos cobrados referentes ao despacho das térmicas. O governo financiou as distribuidoras pelo Tesouro Nacional. É uma falta de isonomia", afirma Vlavianos.

"A indústria reduz consumo, enquanto o cresce o consumo residencial. O mercado livre deveria ser olhado com maior cuidado porque são as indústrias que estão perdendo competitividade."

LUXO ALHEIO
A contratação de seguros que indenizam os danos causados a bens e objetos ou pessoas alheias ao veículo segurado cresceu 17,1% no ano passado ante 2011, segundo a CNseg (confederação de seguradoras).

O valor contratado do seguro de responsabilidade civil facultativa de veículos (RCF) também tem subido, conforme seguradoras.

A modalidade ultrapassou os R$ 5,5 bilhões de faturamento, em 2012.

A Marítima Seguros informou ter cerca de 360 mil carros segurados com o RCF-V.

A Yasuda Seguros tem, somando as frotas de pessoas físicas e jurídicas, uma carteira de aproximadamente 160 mil clientes.

O valor contratado também tem subido.

"O risco tem crescido com tantos carros novos e importados nas ruas. O valor médio tem migrado de R$ 50 mil para R$ 100 mil", diz Adilson Silva, da Marítima.

"No seguro de frota, há uma grande preocupação com a imagem da empresa. É usual no segmento ter verbas superiores a R$ 300 mil por veículo. Há casos que chegam a R$ 1 bilhão", diz Leandro Poli, da Yasuda.

A CAMINHO DO CONCRETO
A T&A Pré-Fabricados acaba de fechar acordo para fornecer peças de concreto para as obras do Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), na Bahia. O contrato é de R$ 70 milhões.

O consórcio responsável pelo estaleiro, que é formado por Odebrecht, OAS, UTC e pela Kawasaki Heavy Industries, prevê um investimento de R$ 2 bilhões.

Além da obra, a T&A participa de grandes empreendimentos como a ampliação do aeroporto de Guarulhos, a construção do RioMar Shopping, em Fortaleza, e do centro comercial Nova 25 de Março, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo.

"As grandes construções, como a de um shopping, já chegaram a contratar 1.000 carpinteiros, 700 ferreiros e mais centenas de pessoas. Hoje, existe a dificuldade do custo da mão de obra e o serviço é terceirizado para empresas como a nossa", afirma José Almeida, presidente da empresa.

R$ 300 milhões é o faturamento previsto para 2013

5 são as fábricas da companhia na Bahia, em Pernambuco, em São Paulo e no Ceará

2.100 são os funcionários diretos

PREÇO DO TEMPO
A marca de relógios suíços Parmigiani Fleurier uniu-se à fabricante de vidros Lalique para recriar o Relógio de Mesa de 15 Dias. Sua corda é dada quinzenalmente. Das cinco unidades produzidas, uma virá para o Brasil. Na Europa, ele custará cerca de € 77 mil.

Crimes contra crianças - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 23/04
Todos os tipos e formas de corrupção são detestáveis e merecem punição. Nada mais óbvio. Mas há algumas formas de ladroagem que merecem não apenas castigo severo como empenho severo dos governos em combatê-las.

Estão entre elas as diversas formas de corrupção associadas à merenda escolar. Primeiro, porque as vítimas são crianças - e muitas delas, nas regiões mais pobres do país, têm na merenda a sua principal refeição do dia. Em alguns casos, a única.

Há algum tempo, autoridades federais e estaduais acordaram para o problema, embora ainda não no país inteiro. Há investigações em pelo menos 13 estados onde já foram descobertas diferentes formas de irregularidades - melhor dizendo, de crimes contra as crianças. Por exemplo: desvio de recursos que deveriam ser usados na compra das merendas. Ou mau armazenamento dos alimentos. Ou fornecimento insuficiente de merendas.

A apuração desses crimes - não há outra palavra para definir os problemas, mesmo quando não existe roubalheira e sim apenas incompetência - está sendo realizada em diversos estados (prósperos como São Paulo e pobres como Roraima), mas não em todos. Onde se procura a corrupção, ela é encontrada. Obviamente, o problema tem de ser procurado e enfrentado no país inteiro - do Oiapoque ao Chuí, como se dizia antigamente.

Segundo a Controladoria Geral da União, para citar apenas um dos aspectos desse crime contra a infância, nenhuma das escolas visitadas tem água tratada ou filtrada para preparar as refeições. A situação só é diferente onde é pior: nas escolas onde não há merenda. No Rio Grande do Norte, os fiscais da Controladoria encontraram cinco escolas fechadas por falta de merenda.

A CGU e o Ministério Público estão investigando a situação. Já descobriram, por exemplo, diversos casos de fraude nas licitações para o fornecimento das merendas. Pode-se ter certeza: onde há motivo para fraude na licitação, o lucro dos fornecedores não é pequeno. E sempre será maior quando os alimentos fornecidos forem de má qualidade. Não é por acaso que já foram descobertas empresas que se oferecem para conseguir contratos entre prefeituras e empresas de alimentação.

A apuração das irregularidades - melhor dizendo, dos crimes - está, portanto, em marcha. Ainda bem. Melhor será se resultar em processos criminais bem-sucedidos contra os responsáveis por esse crime contra crianças.

Embrapa, passado e futuro - MAURÍCIO LOPES E ELISEU ALVES

O ESTADÃO - 23/04

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nasceu como resposta do governo federal a crises de abastecimento de alimentos na metade das décadas de 1960 e 1970, da necessidade de aumentar e diversificar as exportações e de reduzir os preços dos alimentos, que pressionavam salários urbanos. Essas ações foram fundamentais para a política de industrialização brasileira vigente na época.

Políticas anteriores, como investimentos em armazenamento, extensão e crédito rural, não aumentaram a produção agrícola no ritmo da demanda. O ministro da Agricultura na ocasião, Luiz Fernando Cirne Lima, determinou então à Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural a criação de um grupo para estudar por que a agricultura não respondia aos estímulos do governo com o incremento da produtividade. O professor José Pastore, da Universidade de São Paulo (USP) e integrante da equipe do então ministro Antônio Delfim Netto, da Fazenda, liderou a equipe formada, em sua maioria, por recém-egressos dos cursos de doutorado no exterior nas áreas de ciências sociais.

O grupo concluiu pela necessidade de criação de uma instituição de pesquisa agropecuária de âmbito nacional, com flexibilidade para gerir pessoal e orçamento, baseada em pesquisadores de experiência e competência internacionais. A forma jurídica proposta foi de empresa pública de direito privado. Em dezembro de 1972, a Lei n.º 5.851 criou a Embrapa e sua inauguração ocorreu em 26 de abril de 1973, há 40 anos.

A Embrapa organizou-se em centros nacionais especializados e desenvolveu amplo programa de formação de pesquisadores. Trouxe os agricultores para dentro de suas unidades e criou vínculos com a pesquisa do mundo todo. No período de 40 anos, tem-se fundamentado nos mesmos princípios: centrada nos problemas dos agricultores, da agricultura, das exportações e da alimentação do povo brasileiro; com presença nacional, ela investe na qualidade e competência de seus servidores e está presente nos países desenvolvidos por intermédio de laboratórios especializados (Labex), e coopera com países em desenvolvimento das Américas, na África e na Ásia.

A Embrapa, com seus 47 centros de pesquisa, está presente em todas as regiões do Brasil, de norte a sul. Seus 2.427 cientistas, dos quais 1.789 com doutorado e 242 com pós-doutorado, realizam pesquisas nos principais produtos (por exemplo, grãos, pecuária, frutas e hortaliças), em temas estratégicos (por exemplo, biotecnologia, nanotecnologia, agroindústria) e para os principais ecossistemas brasileiros (Semiárido, Amazônia, Cerrados, Pantanal).

Dentre as tecnologias e soluções desenvolvidas pela empresa e suas instituições parceiras, destacam-se: 1) Inovações para a inserção dos Cerrados ao sistema produtivo, hoje representando mais da metade da produção de grãos e significativa participação na produção de carne bovina; 2) a fixação biológica de nitrogênio em soja, representando uma economia em insumos para os agricultores da ordem de US$ 8 bilhões anuais, além dos benefícios ambientais; 3) o desenvolvimento de variedades de culturas, particularmente para regiões tropicais; 4) a disseminação de pastagens melhoradas para a pecuária de leite e de corte; e 5) desenvolvimento e aprovação do feijão transgênico, livre do mosaico dourado.

Desde a criação da Embrapa até hoje, a agricultura brasileira deu enorme salto. Do lado da demanda, o mercado interno cresceu em consequência do aumento da população, da rendaper capita e dos programas de transferência de renda do governo; o aumento populacional e a elevação da renda per capita em âmbito mundial também explicam o espetacular crescimento das exportações de produtos do agronegócio.

Mas o fator unificador que explica o sucesso do agronegócio é a tecnologia. Estudos econométricos da Embrapa, com dados do Censo Agropecuário de 2006, mostraram o domínio da tecnologia em explicar a variação da produção. Naquele ano, a tecnologia explicou 68,1%, o trabalho, 22,3% e a terra, tão somente 9,6% do incremento da produção. A área explorada expandiu-se muito pouco. Isso tem enorme implicação para as políticas de proteção do meio ambiente.

As exportações do agronegócio têm respondido por 40% da totalidade do saldo na balança comercial brasileira. Assim, a tecnologia ajudou o Brasil a abastecer o seu povo a preços estáveis e garantiu elevado saldo da balança comercial. Em 2012 o saldo do agronegócio valeu US$ 79,4 bilhões.

Quanto ao futuro, o desenvolvimento da agricultura e do agronegócio dependerá, cada vez mais, do uso da ciência e tecnologia, desenvolvida no País ou incorporada do exterior. Estamos no limiar de nova revolução tecnológica em ciências agrárias e afins, destacando-se o potencial da biotecnologia moderna, da nanotecnologia, da bioquímica e de sistemas de informação. Com tecnologias mais eficientes garantiremos o suprimento interno e exportações de alimentos, fibras, agroenergia e produtos florestais, em escala crescente.

Nos próximos anos, a pesquisa agropecuária fortalecerá a incorporação de mais de 3 milhões de pequenos produtores ao mercado, ajudando a aumentar sua renda e seu bem-estar, por meio da tecnologia; o desenvolvimento de produtos numa proposta de prevenção de doenças via alimentação mais saudável; a geração de tecnologias mais apropriadas à agricultura nas Regiões Norte e Nordeste, cujas rendas médias estão bem abaixo das médias nacionais; a ampliação de conhecimentos e tecnologias amigáveis ao meio ambiente; o desenvolvimento de máquinas, equipamentos e sistemas de produção para poupar mão de obra nas atividades agrícolas, cada vez mais escassa e cara.

Desafios não faltam.

Outro pacote de abril - MARCUS PESTANA

O GLOBO - 23/04
No tortuoso processo de transição para a democracia na década dos 70, o Pacote de Abril ocupou papel central. O regime militar, acossado pelo aumento da inflação e do endividamento externo, patrocinava a chamada abertura. Antes disso, Ulysses Guimarães à frente do MDB havia percorrido, em 1973, todo o País em sua heroica anticandidatura à Presidência da República, renovando o ânimo das oposições.

Em novembro de 1974, a sociedade responde silenciosamente pelo voto. Mesmo em ambiente de graves restrições à liberdade, o MDB elegeu 16 senadores, assustando o governo.

A crise econômica se agravava e o regime ziguezagueava, produzindo incertezas. O governo não tinha a maioria de 2/3 para introduzir mudanças constitucionais. Havia uma pedra no caminho. O receio eram as eleições de 1978.

Veio o Pacote de Abril. E as medidas casuísticas entraram em vigor: eleições indiretas para governador, um terço de "senadores biônicos", sublegendas, aumento de representação de estados menores, restrições na propaganda, ampliação do mandato presidencial. O regime queria ganhar, a qualquer preço, as eleições de 1978. Fecha o pano, vamos aos nossos dias.

Em 2013, o Congresso sepulta melancolicamente a possibilidade de uma verdadeira reforma política. Por falta de liderança da presidente Dilma e inoperância de sua ampla maioria naufragam as necessárias mudanças em nosso sistema político e eleitoral. Isto depois de estimularem e patrocinarem a criação de um novo partido para fragilizar a já amplamente minoritária oposição.

STF reconheceu a este novo partido direito ao tempo de rádio e TV e ao fundo partidário, deslocados principalmente do espaço das oposições.

Diante disto, nas últimas semanas, Dilma, o PT e seus aliados aprovaram seu pequeno "Pacote de Abril" na Câmara dos Deputados. Simples e mortífero, mudando as regras no meio do jogo. O que valeu para o PSD de Kassab, não valeria para a Rede de Marina Silva, o Solidariedade de Paulinho da Força e para a fusão do PPS com PMN. O "Pacote de Abril" de Dilma quer, principalmente, aniquilar a candidatura de Marina Silva.

O Governo Dilma e o PT revelam que temem enfrentar Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva. E que querem, guardadas as devidas proporções, tal qual no Pacote de Geisel, uma reeleição "controlada", a partir do uso da máquina e de restrições casuísticas às oposições.

A arte e a vontade de viver - ARNALDO JABOR

O Estado de S.Paulo - 23/04

Como alguns devem ter notado, tirei férias recentemente e fui correndo para Paris. Essa vida de articulista e comentarista pode envenenar a alma. Além dos processos que tenho enfrentado, minha profissão é prestar atenção nos 'malfeitos' políticos, eufemismo do governo para roubalheiras e cinismo. É como trabalhar no Instituto Butantã - um dia a cobra te morde. Por isso, de repente começa a pintar a depressão não apenas pelas coisas que acontecem no País, mas, pior, pelas coisas que 'não' acontecem. Vejam nos jornais como as notícias são sobre fracassos: a meta não atingida, a obra inacabada, a lei que não pegou, o assassino que foi solto; em suma, nosso problema principal é a paralisia secular, descrita uma vez por Mario Henrique Simonsen brilhantemente: "O Brasil é um país sob anestesia, mas sem cirurgia". E a ideologia do partido no Poder é manter essa paralisia em nome do Estado e seus comedores. É deprimente o que o Brasil 'não' faz.

Por isso, saí de férias, em busca de beleza e civilização. E fui direto para o Museu Picasso. Na saída, minha mulher Ananda Rubinstein disse, iluminada: "Picasso me dá vontade de viver!" É isso mesmo. Ele não nos faz sonhar com algo que não esteja presente, palpável, vivo. Ele não tinha uma "mensagem" para passar ao mundo ou besteiras assim. Ele pintava a própria mudança, seu viver, seu envelhecer, suas comidas e amores, até os maravilhosos e eróticos quadros de velhos apalhaçados, de mosqueteiros loucos nos últimos meses de seus 92 anos. Picasso pintava a forma das coisas desconhecidas. Peguem um acrobata seu, um beijo na praia, um Minotauro estuprando uma virgem, peguem suas amantes viradas ao avesso e ali só existirão o corpo e suas peripécias. A arte deve ensinar a viver.

Picasso mudou o olho humano. Cézanne já tinha pintado a geometria da natureza, declarando: "Eu sou a consciência da paisagem que se pensa em mim". Cézanne recortou o espaço e Van Gogh captou o tempo. Olhem um Van Gogh e vejam o tempo passando sobre as coisas. Nada para em Van Gogh: a igreja se move, os lilases ventam, a matéria fervilha em cada pincelada, as cadeiras, as camas, as coisas passam, parece que vemos os átomos girando, os girassóis rodando, vemos a morte passando no rosto do doutor Gachet.

Depois, Picasso chega e pinta os dois: o espaço-tempo. Uma de suas viúvas disse que Picasso não podia ficar com a mão parada. Mexia em tudo: de um peixe comido ele tirava a espinha e fazia uma cerâmica, de um selim de bicicleta ele esculpia uma cara de boi, o regador em um homem, um automóvel em macaco, um beijo na praia em uma fome voraz entre corpos, virava mulher em flor e flor em mulher.

Fez cerca de 36 mil quadros, além de esculturas, tudo. No museu, vemos que ele se recusava a ser "importante", a ser "metafísico", de ser um pintor "acima" da vida. Em sua arte, há uma permanente luz até de caricatura. Picasso é um pintor popular. Por isso, as filas se formam para ver seus quadros. Picasso era um rude espanhol, um torcedor de futebol, um comedor de mulheres, um sacana aficionado por touradas e que não queria humilhar ninguém. Picasso era um espantoso retratista da realidade, só que a "realidade" para ele não era essa série de arestas e volumes verossímeis a que estamos acostumados, pousados no horizonte da perspectiva - era transiente e louca. Por outro lado, Picasso nunca acreditou na babaquice do abstracionismo metafísico, que almeja uma "essência" de algo finalmente flagrado, "para longe", "mais além" da aparência suja do mundo. Os grandes artistas buscam a realidade pois, como disse Woody Allen, "ninguém sabe o que é a realidade, mas ainda é o único lugar onde se come um bom bife".

Picasso sempre amou justamente essa face "suja" do mundo; sempre viveu em busca da figura, sim, da figura, mas que, para ele, era muito mais complexa que as chatas realidades que o burguês chama de "naturais". Para ele, nada existia além do olho que, esse sim, pode ser ampliado como um telescópio ou caleidoscópio, se não estiver domesticado por ideologias ou narcisismo de 'gênios'. Picasso nunca precisou do dada ou do surrealismo para sair "fora" da aparência. Picasso não deformava nada, como costumam dizer - seu olho negro profundo que nos fita sem parar parece dizer: "Eu vejo todos os lados das caras, dos corpos, eu vejo as figuras dentro das outras, eu vejo o espaço entre as pessoas, as linhas invisíveis que as ligam, os vazios dentro delas, eu vejo também o ridículo da beleza como algo "sublime" a se chegar. Não há nada a se atingir, por isso a minha frase "Não procuro; acho" é tão mal interpretada. Ela não quer dizer que eu tenho talento milagreiro ou algo assim. Não. Essa frase quer dizer que eu não sei, antes, para onde estou indo; eu só chego ao quadro ao final. Raramente sei o que farei, a priori; por isso (cá entre nós), não gosto muito de Guernica, feito para criticar a guerra... É legal, mas meio alegórico....

Picasso era um grafiteiro. Não buscava "auras". Seus quadros são até mal-acabados, nas coxas, como o cotidiano. Não foi por acaso que Jean-Michel Basquiat, o gênio pichador, comprou um Picasso com o primeiro milhão que ganhou. Basquiat também, do fundo do desespero que viveu quando era um mendigo desconhecido, nunca desprezou a vida, com seus quadros espantosos e sofridos. Picasso nunca teve a romântica amarelidão do sofrimento em busca do "sentido" ou do "belo". Pintava a própria experiência, felicíssimo, de bermudas, comendo, trepando e fumando, nunca acreditou que o "artista só é grande se sofrer".

Nós não vemos Picasso; ele é que nos vê. Por isso, faz tanto sucesso. Ele nos explica. Picasso sabia que a morte acontece, mas não existe. Só existe a vida. Ele é uma lição de sabedoria para a arte contemporânea, tão caída nas agruras de uma distopia 'bodeada' que faz do futuro um cemitério deprimente. Como Picasso mostrou, a "obra de arte deve ser exaltante", frase de Stravinski que ele provou em sua obra. Saí do museu pensando no PMDB e PT, mas com mais vontade de viver.

Um governo de oposição - TUTTY VASQUES

O Estado de S.Paulo - 23/04

Fernando Haddad tomou gosto pelo paradoxo depois de viver seus melhores momentos na Prefeitura de São Paulo ao descer do gabinete para roubar a cena no alto do carro de som daquele protesto dos sem-teto, o maior até agora contra seu governo. Desde então, a primeira coisa que pergunta quando chega ao trabalho é:

"Hoje tem manifestação contra mim lá embaixo?".

Na sexta-feira, deixou até escapar uma ponta de inveja do Alckmin ao ser informado que professores do Estado haviam fechado a Paulista: "A gente não dá a mesma sorte na rede municipal!".

Diz o pessoal com cargo de confiança - ô, raça! - que noite dessas o prefeito sonhou que era aclamado ao final de uma manifestação de motoboys no Viaduto do Chá. Não há nada de errado nisso, desde que o governo não comece a bancar atos contra a própria gestão com dinheiro público.

Mas também não custa nada ao paulistano ficar vigilante a respeito!

Metido a besta

O 'carro inteligente' brasileiro que atropelou Ana Maria Braga ao vivo no Mais Você de ontem preferia, decerto, ser apresentado na TV para o público mais qualificado do Manhattan Connection ou do Programa do Jô, mas nada justifica perder a paciência daquele jeito com a apresentadora!

Geração fim do mundo

O norte-coreano Kim Jong-un está furioso! "Quem é esse menino da Chechênia que roubou meu papel de bad boy na imprensa internacional?" Vem chumbo grosso de Pyongyang por aí!

Programa de índio

Corre em Brasília o boato de que os índios que andaram cercando a Praça dos Três Poderes na semana passada têm encontro marcado hoje na boca-livre do vernissage das pinturas de Carlinhos Brown no Palácio do Planalto. O artista vai adorar a surpresa!

Mal comparando

Contratado pelo Cruzeiro, o zagueirão Dedé chegou a Minas dizendo que Belo Horizonte parece sua cidade, Volta Redonda (RJ)! O elogio não foi muito bem recebido na Savassi! Sabe como são as louras de BH, né? Ô, raça!

Que país é esse?

Depois dos ataques a Boston, é mais fácil o Congresso americano restringir o comércio de panelas de pressão do que controlar a venda de armas no país.

Ueba! Massa fura pneu de bonde! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 23/04

O Felipe Amassa! O pit stop do Massa foi inédito: trocou os pneus macios por pneus furados


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: "Novo presidente do Paraguai é investigado por contrabando". Paraguaio legítimo! Rarará!

E outra piada pronta: "Ana Maria Braga é atropelada por carro inteligente". Seleção natural. Rarará! Bota um carro desses no programa da Lucianta Gimenez. Atropela até o microfone! Rarará!

E outra piada pronta do Sarney: "Não entraria na política se nascesse HOJE!". E domingo no "Esquenta!", da Regina Casé, apareceram dois nomes hilários. Um menino chamado Anleonel: mistura de Antonio com Leonel Brizola. Já imaginou se a moda pega: Anlula, Anluf e Anckmin!

E uma mulher chamada Angelagmar: mistura do nome da mãe com o nome da amante do pai! Rarará! Sensacional!

E ontem naquele programa policial "Band 24hs" apareceu um bêbado gritando pra câmera: "Eu sou corno, câmera! Eu sou corno, câmera!". Rarará!

E adorei a nova dupla da Fórmula 1: Galvão e Rubinho. Vitamina de jiló com abacate! Não dá pra engolir! Aliás, eu engulo o Galvão se ele tirar aqueles óculos, porque não gosto de engolir nada crocante!

E o Rubinho comentarista? Como disse o tuiteiro Yuri Dias: "F1 não muda nada pro Rubinho: ele continua parado e os outros correndo". Rarará!

E sabe como o Rubinho começava as entrevistas? "Pode me dar um SEGUNDO?" Não, o segundo sempre será seu! E o Massa? O Felipe Amassa! O pit stop do Massa foi inédito: trocou os pneus macios por pneus furados.

Como disse um amigo meu: "Em 20 anos com carteira de motorista, o pneu do meu carro furou uma vez, na marginal Pinheiros. O Massa, em 70 minutos, furou dois".

O Massa fura até pneu de bonde, como dizia a minha avó! E a Ferrari foi tão mal que já estão dizendo que só pode ser o Mantega que tá administrando a Ferrari. É mole? É mole, mas sobe!

O Brasileiro é Cordial! Olha esta placa num portão: "Você que coloca seu cachorro pra defecar na minha calçada. VOU TE DAR UMA SURRA DE MANGUEIRA!". Rarará! Medo!

E depois o povo ainda tem medo do ditador da Coreia do Norte, o Kim Jong BUM! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Gol contra: o calote e o perdão - GIL CASTELLO BRANCO

O GLOBO - 23/04

Já estão previstos quase R$ 2 bilhões de renúncia fiscal para o esporte. Enquanto isso, mais da metade das escolas não possui uma quadra ou a que existe não está em condições de uso



Na Antiguidade, com a inexistência de informações científicas, alguns acreditavam que o dia amanhecia porque o galo cantava. O fato verídico — hoje anedótico — é um alerta para que sejam examinadas com cuidado as relações entre causa e efeito. No rol das ilações descabidas, está prestes a entrar nos trilhos o trem da alegria do esporte bretão.

Com base em alegações patéticas do tipo "o futebol integra o patrimônio cultural brasileiro, possui elevado interesse social e é reconhecido como elemento constituinte da nossa brasilidade", o governo federal está pensando em anistiar as dívidas fiscais bilionárias dos clubes esportivos e dos times de futebol. Além disso, as agremiações — que faturaram entre R$ 40 milhões e R$ 290 milhões em 2012 vendendo direitos de transmissão de TV, ingressos, publicidades, títulos de sócio torcedor, jogadores e patrocínios — ficariam isentas de impostos por serem "entidades sem fins lucrativos". Parece piada.

Na realidade, a bondade da União em relação às dívidas federais (FGTS, INSS e Imposto de Renda), de aproximadamente R$ 3 bilhões, não resolve todo o problema. O rombo total beira os R$ 5 bilhões e inclui tributos estaduais e municipais, empréstimos bancários e processos trabalhistas.

A ideia do perdão com chapéu alheio foi do deputado Vicente Cândido (PT/SP), por coincidência vice-presidente da Federação Paulista de Futebol para a região metropolitana e o ABC. Curiosamente, a "causa" foi apadrinhada pelo ministro do Esporte, mesmo em época de vacas magras na economia em que sobram isenções e falta crescimento. Em 2011, após a "CPI da CBF Nike", o atual ministro, Aldo Rebelo, e o ex-deputado Silvio Torres escreveram o livro CBF/Nike e entraram de sola na cartolagem:

"... são milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem. Quanto maiores os contratos, mais endividados ficam a CBF, as federações e os clubes, enquanto fortunas privadas formam-se rapidamente, administradas em paraísos fiscais de onde brotam mansões, iates, e se alimenta o poder de cooptação e de corrupção".

Pelo visto, no futebol brasileiro, o crime compensa com o aval federal. À custa do devo não nego, pagarei quando quiser, os clubes já foram favorecidos com dois programas de refinanciamento dos seus débitos e até com a criação de loteria específica, a Timemania, sem a redução do montante devido. Agora, porém, o negócio é de pai para filho, ou de governo para cartola. Os clubes devedores pagariam apenas 10% do principal em 240 meses. Para quitar os 90% restantes as instituições esportivas ofereceriam contrapartidas de incentivo ao esporte olímpico e projetos sociais. No linguajar político-burocrático a "mamata" é chamada de "reestruturação da dívida". Comparativamente, o cidadão comum refinancia o que deve no prazo máximo de 60 meses.

Resta saber, como diria Garrincha, se já combinaram com os "russos". Será que as piscinas e as quadras de tênis do Flamengo e do Fluminense, por exemplo, irão comportar centenas de novos alunos que serão integrados às escolinhas? Os sócios irão arcar com as despesas de transporte, remuneração dos professores, uniformes e alimentação para os jovens carentes?

Paralelamente, qual será o órgão responsável pela fiscalização dos "contratos" que irão trocar as dívidas federais por serviços prestados? A tentativa de punir com perda de pontos nos campeonatos os clubes que não cumprirem o prometido é história da carochinha. Ou será que alguém imagina o Vasco ou o Botafogo perderem títulos porque não pagaram o INSS?

As vésperas da Copa das Confederações, do Mundial e das eleições de 2014 muitas propostas irão surgir por parte de autoridades e políticos com a intenção de associar suas imagens aos eventos. Não é por acaso que já estão brotando terrenos para estádios e centros de treinamento, financiamentos de bancos federais, patrocínios de estatais e incentivos fiscais a rodo. Que o diga o Corinthians, o clube do coração do ex-presidente Lula.

Para 2014 e 2015 já estão previstos quase R$ 2 bilhões de renúncia fiscal para o esporte. Enquanto isso, mais da metade das escolas brasileiras não possui uma quadra esportiva ou a que existe não está em condições de uso. Assim, é necessário que o Ministério Público e a Justiça impeçam que a dívida e a má fé de alguns dirigentes sejam perdoadas com recursos públicos. Afinal, o dia não amanhece porque o galo canta. Mas se a caridade do governo prosperar, acabaremos pagando o Pato e outras transações milionárias.