quarta-feira, dezembro 12, 2012

Lotação esgotada - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 12/12

Acredite. Não há mais espaço para ter neném hoje na Casa de Saúde São José e na Perinatal, no Rio.
É que é dia 12/12/2012, e muitas mães acreditam que a coincidência dos números pode trazer boa sorte para seus bebês. Uma das cesarianas foi marcada para 12h. Mas segundo a astróloga Leiloca, a coincidência dos números quer dizer... nada.

Mamãe Maria Rita
Segunda, Maria Rita deu à luz uma menina na Perinatal de Laranjeiras.

Questão de ética
Juliana Paes quer processar o Sérgio Franco. Desconfia que o laboratório divulgou seu exame de gravidez.

Depois das filas
O ortopedista carioca Geraldo Motta Filho não é mais diretor-geral do Into.

Jeito Dilma de ser
Em Paris, Dilma foi almoçar com ministros e assessores. Na hora da conta, cada um pagou sua parte.

Calma, monsieur...
Aliás, o esquema de segurança francês engarrafou três quarteirões da Rue du Fauburg Saint Honoré, do famoso Hotel Bristol, onde está Dilma.

Dilma no balé...
Em Moscou, amanhã, Dilma vai ao Bolshoi, assistir ao “Lago dos cisnes”.

No mais
É a segunda vez que o mensalão pega Lula em Paris. Foi lá, em 2005, que ele disse: “O que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil.”
Agora, de novo na França, nega as acusações de Marcos Valério.

O amor de Alves
Do deputado Henrique Eduardo Alves, possivelmente próximo presidente da Câmara, a Ivan Lins, ontem, em Brasília, durante visita de um grupo de artistas que foi falar sobre o PL 129/2012, que altera a gestão de direitos autorais.
— Já namorei muito com as suas músicas...

Aliás...
Na sala da liderança do PTB no Senado, a pedidos, nosso Ivan cantou “Madalena”.

A vida não é justa
O livro “A vida não é justa”, da juíza Andréa Pachá, vai virar minissérie de TV. A adaptação é de Susanna Lira e Malu De Martino.

Sinal de alerta
A ideia entre lideranças de aeronautas e aeroviários, ontem, era parar, simultaneamente, amanhã, os aeroportos do Rio, de São Paulo, Brasília, Salvador e Porto Alegre.
Um emissário do Planalto ligou, preocupado, e pediu calma aos sindicalistas.

Zona Franca
Sexta, o IAB homenageará seu associado mais antigo, Oscar Niemeyer, com uma placa que nomeará sua sede, no Flamengo, como Casa do Arquiteto Oscar Niemeyer.
Maria Isabel Iorio lança “Nuvem opaca”, amanhã, às 19h, na Argumento do Leblon. 
Marleuza Cunha ganha hoje, no Itanhangá Golf Club, o prêmio de Melhor Golfista do estado.
O Fifa Master, coordenado pelo advogado brasileiro Pedro Trengrouse, foi avaliado como o melhor mestrado de esporte da Europa. Paulo Francisco Paes lança CD amanhã, no Espaço Tom Jobim, com Paulo Sérgio Santos. 
Hoje, na galeria de Silvia Cintra, será lançado o livro “Nelson Leirner: a arte do avesso”.
A Atlântica Editora lança hoje “Jardins do Brasil” e “Jardins do Rio”, no Palácio Gustavo Capanema. A violinista Carol Machado toca Beethoven no Concerto de Natal da Uppes, amanhã.

Prisioneiros da moda
As madames que frequentam o Copacabana Palace vão ver hoje, na inauguração de butiques de luxo no hotel, a coleção de verão da grife Doiselles, feita por prisioneiros mineiros.
Veja que legal. Eles tricotam e fazem crochê. Eu apoio.

Calma, gente
O Instituto de Advocacia Racial registra hoje um boletim de ocorrência contra o ator Luís Salem.
O artista é acusado de “racismo” por um grupo de negros. É que domingo, eles conversavam no Sambódromo quando o ator teria se aproximado e perguntado: “isso aqui é um quilombo?” A conferir.

Museu do solo
O Jardim Botânico do Rio vai ganhar o Museu Interativo de Solos.
Os recursos do projeto, tocado pela Embrapa, virão do Orçamento da União, garantidos por emenda do deputado Edson Santos.

Zambujo e Andrucha
Andrucha Waddington, o cineasta, vai dirigir um DVD de António Zambujo, fadista português da moda.
O cantor vai fazer um show de lançamento do seu novo CD, “Quinto”, amanhã, no Studio RJ.

Dois partidos alto
De um gaiato após comentar que, ontem, Noel Rosa, falecido em 1937, teria completado 102 anos.
— Aliás, o Poeta da Vila nasceu três anos antes do... Niemeyer.

A culpa e a vergonha - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 12/12


Algo que me cansaria é desconfiar de todo mundo – despende uma energia que não tenho pra gastar à toa. Portanto, costumo confiar. Se não faço mal a ninguém, se não minto a torto e a direito, se não desejo que os outros se ferrem, qual a razão de imaginar que agiriam assim comigo? Me parece lógico: nossa abertura ou retranca social reflete como agimos com quem nos cerca. Se caçoamos, temos medo de ser caçoados. Se traímos, temos medo de ser traídos. Somos nossa própria referência.

Logo, se eu não apronto, não temo que aprontem comigo. O que nem sempre funciona, claro. Já me aprontaram ao menos duas vezes. Caí num golpe telefônico (um pedido falso de doação) e outra vez ao vivo, um teatrinho bem feito no meio da rua. O prejuízo: alguns trocados perdidos, nada demais. Me senti trouxa por 10 minutos e depois a vida seguiu seu curso.

Por isso, fiquei impressionada pelo fato de a enfermeira que cuidava de Kate Middleton ter se suicidado. Ora, ela pode ter sido ingênua ao não perceber o trote dos radialistas australianos, mas não é pecado cair numa armação que, no caso, não teve consequência nefasta alguma. Ela não entregou segredos de Estado, não provocou uma guerra entre nações, não colocou a monarquia em risco.

Ela simplesmente transferiu uma ligação falsa e permitiu, assim, que a duquesa tivesse seu quadro clínico desvendado – aliás, nada que todos já não soubessem: enjoos, anemia, coisas típicas de uma gestante nos primeiros meses de gravidez. A enfermeira, ao não perceber que não era a rainha da Inglaterra do outro lado da linha, demonstrou apenas sua total ausência de maldade – o que, nos dias atuais, deveria até ser comemorado.

Mas vá saber como ela lidava com a culpa.

Pra quem carrega o mundo nas costas, qualquer errinho vira motivo para autoflagelo. Essa moça indiana, Jacintha Saldanha, devia ser do tipo que pedia desculpas por ter nascido. Que tinha um excessivo pudor em relação às suas fraquezas. Que se martirizava a cada pequena desatenção de sua parte. Ao ser designada para tomar conta de uma integrante da família real, viu-se no auge da sua responsabilidade, e não aguentou a chacota justo quando nada podia falhar. Mas as coisas falham, à nossa revelia.

Trote, quando prejudica os outros (caso de quem inventa falsos acidentes para a polícia, os bombeiros etc.) é uma leviandade que pode se tornar criminosa. Nos casos menos graves, é uma criancice. Nunca é um exemplo a seguir, mas os radialistas não me pareceram ter agido de má-fé, eles apenas não dimensionaram o tamanho da encrenca que viria.

Pessoas são sensíveis. Pessoas são frágeis. Como essa enfermeira que se penalizou de uma forma drástica e desproporcional ao fato. Ou, vai ver, sou eu que, vivendo no Brasil das mil e uma bandalheiras, do Brasil onde todos tiram o corpo fora, me desacostumei com a existência de um ser humano que ainda se envergonha.

KKK! - ANTONIO PRATA

FOLHA DE SP - 12/12


Quando rimos de nossas fraquezas, admitimos defeitos que seríamos incapazes de encarar


ONTEM ASSISTI ao documentário "O Riso dos Outros" (migre.me/cdrYR), de Pedro Arantes, para o qual dei um depoimento. Se o menciono aqui não é para puxar brasa para a minha sardinha (até porque a televisão não é brasa mais propícia à minha desengonçada sardinha), mas pela qualidade do filme e por seu tema, tão pertinente: as intrincadas relações entre humor, liberdade e preconceito.

O documentário mostra desde defensores de minorias até comediantes abertamente racistas. Após ouvir alguns do segundo time, me convenci de que o grande problema do "politicamente correto" não é a suposta ameaça à liberdade de expressão, mas o fato de que aqueles que até ontem eram tidos apenas como grosseiros ou ignorantes agora ostentarem o "label cool" de "politicamente incorretos".

O humor é um brinquedo ambíguo. Quando rimos de nossas fraquezas, admitimos defeitos que, sem essa bem-vinda anestesia, seríamos incapazes de encarar. Desarmando-nos, o riso nos irmana com o próximo -afinal, somos todos companheiros nesta barca furada.

Rir do mais fraco é o contrário. Nesse caso, o riso serve para camuflar nossas fraquezas, apontando-as (ou inventando-as) nos outros. É como dizer: sou tão inseguro da minha masculinidade que ataco as mulheres e os gays. Temo tanto meus defeitos que crio monstros feitos só deles: os negros, os nordestinos, os árabes, os judeus etc.

Não é que haja assuntos proibidos para o humor: pode-se fazer piada com religião, cor, gênero. A questão, como diz Hugo Possolo no filme, é de que lado da piada você se coloca.

Woody Allen, num stand up do início da carreira, dizia que a vida de seus avós na Polônia era tão horrorosa que, quando Hitler invadiu o país, eles pensaram: "Bom, quem sabe agora as coisas não vão melhorar um pouquinho?". Woody Allen estava rindo do sofrimento? Sim, mas não dos sofredores. A tirada aponta para os opressores, os antissemitas.

Exemplo análogo é um esquete do Porta dos Fundos (migre.me/c7m1U) sobre a primeira reunião da Ku Klux Klan. O organizador (Fábio Porchat) descobre, logo no início, que todos os presentes embaixo das batas e dos chapéus são negros. Reclama com seu assistente (Gregório Duvivier), que afirma ter chamado o pessoal que trabalha em sua casa. Apavorado, Porchat diz que a reunião na verdade é para formar uma banda de blues e puxa um coro de "Oh, Happy Day", sem nenhum sucesso.

O esquete (muito mais engraçado do que essa esquemática descrição) tira sarro dos negros? Não, ri dos organizadores da KKK, a quem pinta como dois playboys sem noção, ri do preconceito racial, das desigualdades sociais que ele cria e de seus estereótipos.

Às vezes, vendo os arautos da ignorância se arvorando a paladinos da liberdade, fico pessimista. Mas ao assistir aos vídeos de novos humoristas como Fábio Porchat, Gregório Duvivier, Marcelo Adnet e ao ouvir, no documentário, os depoimentos de Laerte, Hugo Possolo, Marianna Armellini, Arnaldo Branco, Fernando Caruso, André Dahmer, Lola Aronovich e Jean Wyllys, me volta a esperança: ao que parece, tem muita gente talentosa que acha mais legal esculhambar o racista embaixo do lençol do que o enforcado balançando na árvore.

De São Paulo ao Japão - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 12/12


O São Paulo, em casa, contra o Tigre, é mais favorito do que o Corinthians contra o Al Ahli


Em uma grande cobertura, como a do Corinthians no Japão, muitos fatos e lugares-comuns, que não têm nenhuma importância no resultado, passam a ser supervalorizados. Também ouço demais a expressão "escola brasileira". Qual é essa escola, a de outros tempos, mais leve e com muita troca de passes, ou a mais pesada e atual, de muita correria, jogadas aéreas, chutões e lançamentos longos?

Corinthians e Chelsea têm mais chance de fazer a final, mas não será zebra se um ou os dois perderem. Quem levantar a taça será o legítimo campeão do mundo, mas não será o melhor time do mundo.

Se Corinthians e Chelsea fizerem a final, haverá uma tendência ao equilíbrio, por causa do ótimo planejamento do Corinthians, por ser o time sul-americano mais europeu e mais organizado taticamente e porque o Chelsea não está hoje entre os melhores do mundo. Os ingleses levam a vantagem de ter melhores jogadores.

Diferentemente do Corinthians, quase todas as outras equipes brasileiras estão desatualizadas na maneira de jogar. Apenas os treinadores, por corporativismo, e os admiradores e seguidores dos técnicos não reconhecem o óbvio.

O Corinthians deve marcar por pressão no início do jogo. O Al Ahly fez o mesmo contra o Hiroshima. O Corinthians tem mais força física para fazer isso melhor e por mais tempo.

O Al Ahly é, coletivamente, uma boa equipe, compacta, que troca muitos passes e que defende e ataca com muitos jogadores. Como a defesa se adianta, deixa muitos espaços nas costas. Os japoneses entraram várias vezes livres, diante do goleiro. Para jogar dessa forma, é preciso ter zagueiros bons e velozes, o que o time egípcio não tem.

Hoje é dia também de decisão na Copa Sul-Americana. Acho o São Paulo mais favorito, em casa, contra o Tigre, do que o Corinthians contra o Al Ahly. A equipe argentina retrata bem a média das equipes sul-americanas. Corre muito, marca muito, faz muitas faltas, dá muitos pontapés, chutões, prioriza as jogadas aéreas, mas tem pouquíssima qualidade técnica.

O São Paulo não terá Luis Fabiano, mas possui vários jogadores, como Rogério Ceni, Rhodolfo, Cortez, Wellington, Denilson, Jadson e Lucas, que estão no nível de vários atletas de suas posições que têm sido chamados para a seleção. Cortês aprendeu com Ney Franco a se posicionar defensivamente e a avançar no momento certo.

Termino com Messi. Ele está cada dia mais exuberante e mais simples, mais conciso e mais preciso. Em vez de recuar demais para receber a bola, com os volantes e zagueiros à sua frente, ele a tem recebido entre os dois setores. Toca menos na bola, mas, quando toca, tem mais facilidade para driblar e finalizar. Como diz o chavão do futebol, Messi aperfeiçoou os atalhos para o gol.

O povo gosta de luxo - REGIS FICHTNER

O GLOBO - 12/12


O Maracanã é o maior palco do futebol mundial. Ninguém poderia imaginar que se pudesse realizar uma copa do mundo no Brasil sem ele. Adaptá-lo para que atenda aos padrões da FIFA era uma imposição histórica. Com isso, uniremos o útil ao agradável, transformando o templo do futebol em um estádio com todo o conforto e comodidade que o público merece.

Os estádios de futebol concorrem com tecnologias de transmissão e recepção de imagem cada vez mais sofisticadas. Para atrair a família ao estádio, ele tem que oferecer um conceito de conforto e entretenimento que vai muito além do jogo em si. É o que faremos com o complexo do Maracanã, que vai ter acesso metroviário e ferroviário melhor, estacionamento, restaurantes, museu interativo, lojas.

A reforma física do Maracanã tem que vir acompanhada por uma mudança de conceito de gestão, que o Estado não tem como oferecer. Não há outra opção que a sua concessão à iniciativa privada.

São incompreensíveis as manifestações de que o Governo quer acabar com uma escola municipal porque vai transferi-la para outro local a uma distância de 500 metros. Os professores, alunos, diretor e proposta pedagógica serão os mesmos, em instalações melhores. Será que a escola Friedenreich é boa porque está dentro do Maracanã?

O mesmo se diga em relação ao Célio de Barros e ao Julio de Lamare, que serão reconstruídos com um padrão muito melhor que o de hoje. Já o prédio em ruínas que durante um período na década de 70 sediou o Museu do Índio, esse não pode ser mantido, sob pena de se dificultar o fluxo de pessoas, sendo lógico que não faz sentido se manter índios morando ali.

Quem defende que se deva manter o Maracanã sujo, com público em pé, assentos sem boa visibilidade e sem serviços de qualidade, não sabe identificar a alma do povo, pois ele merece o que há de melhor e como nos ensinou o mestre Joãosinho Trinta, "o povo gosta de luxo e não de lixo".


O deputado-detento - PAULO SANT’ANA

ZERO HORA - 12/12


Esta hipótese concreta que vou levantar é sensacional.

Acontece que está empatada em votos no Supremo Tribunal Federal a seguinte decisão: se alguns deputados federais, por terem sido condenados no mensalão a penas de prisão, automaticamente perderão seus mandatos ou será a Câmara dos Deputados que terá de cassá-los.

Ocorre que a norma infraconstitucional manda que a Câmara dos Deputados decida em votação secreta se perderão os mandatos os deputados condenados.

Imaginem agora o seguinte, o que é muito provável: a Câmara, em votação secreta, decide que não cassará os mandatos dos deputados condenados, ainda mais que o governo tem maioria na Câmara e todos os deputados condenados votam a favor do governo, tanto que foram condenados porque ganhavam dinheiro para votar a favor do governo.

Pois bem, estará criado assim o impasse-escândalo: deputados condenados continuarão exercendo seus mandatos.

Mas a hipótese que levanto é espetacular: digamos que um ou mais dos deputados condenados criminalmente sejam designados na sentença a cumprir a prisão em regime semiaberto.

Teremos, então, o excêntrico espetáculo de o deputado, de manhã e à tarde, cumprir o seu mandato e à noite ser recolhido à prisão.

Mas isso não é um absurdo?

Evidentemente que uma condenação criminal por crime grave, caso dessas condenações do mensalão, implica perda automática dos direitos políticos. Em consequência, perda dos mandatos.

Não adianta nem discutir. Mas houve quatro ministros do Supremo que votaram pelo contrário: acham que a Câmara é que tem de cassar os mandatos dos parlamentares condenados.

Está em quatro a quatro a votação e se decide com o voto do ministro que falta se pronunciar.

Acho que não vai acontecer, mas um voto apenas pode criar um fato inédito: o deputado-detento, aquele que é parlamentar mas também é preso comum, um despautério monumental.

Pode acontecer ainda nesta legislatura que deputados subam à tribuna usando tornozeleiras.

O ministro Joaquim Barbosa montou num porco quando seus quatro colegas votaram por não cassar o mandato dos deputados condenados.

Ele fica a ouvir com dores nos quadris os votos demorados dos outros ministros. E de repente ele irrompe com sua retórica demolidora a contrariá-los.

Eu sou a pessoa que mais assistiu no Brasil pela televisão ao julgamento do mensalão. Estou quase doutor em Direito Criminal.

Sempre fui, desde a faculdade, interessado por Direito Penal. Não ia ser agora, que se realiza o mais célebre julgamento penal da história brasileira que eu iria deixar de ver os debates.

Aprendi muito sobre pena, aprendi muito sobre continuidade delitiva, aprendi muito sobre dosimetria, mas sobretudo aprendi muito que, mesmo no Supremo, há votos marcados pela parcialidade e por compromissos assumidos fora do plenário.

Vivendo e aprendendo.

O Fortão da Paulista - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 12/12


Não é acaso que tantos ataques a homossexuais tenham acontecido várias vezes na avenida Paulista


O trânsito ali sempre é complicado, mas à noite, com as decorações natalinas, fico pensando se não seria o caso de interditar a avenida Paulista de uma vez.

Estando todos avisados que depois de certo horário só a circulação de pedestres é permitida, pelo menos diminuirá o número dos desesperados que, dentro do carro, esperavam chegar em tempo a seu destino, sem saber que a rua se tornou mais uma atração turística do que um meio racional de circulação.

O passeio pode ser simpático. Puseram árvores de luzinhas que fogem ao esquema habitual. Em vez de troncos com as lâmpadas chinesas enroladas em volta, surgiram espetos de tamanho médio, que durante o dia não se percebem muito, mas à noite se ganham o aspecto de magra e invernal vegetação iluminada.

Crianças pequenas tiram fotos com os pais, passadas as 23h. Adultos descansam sentados em parapeitos, a meio do longo trajeto. Andando por ali, tive sentimentos contraditórios.

Nunca passei o Natal fora do país, mas aquilo podia até ser parecido com Nova York, ou quem sabe Milwaukee. Estava tudo bem até eu ver três garotões de preto, cheios de tachinhas e pulseiras, sem o menor ar de admiração pelos trenós e presépios em volta.

Sosseguei ao ver que havia um carro de polícia estacionado logo ali. Pensei melhor, identificando os garotos mais com alguma vertente punk do que com neonazistas ou assassinos de homossexuais.

Bem à minha frente, dois jovens japoneses pareciam tomar conhecimento com a Paulista pela primeira vez, e temi pelo que pudesse acontecer com eles.

Algo está certamente errado com um lugar onde, ao mesmo tempo, crianças pequenas apontam para imagens de Papai Noel e homossexuais podem ser espancados e mortos à vista de todo mundo -das crianças inclusive.

Certamente, ataques aos gays existem em qualquer parte da cidade, mas não é casual que episódios desse tipo tenham acontecido várias vezes na avenida Paulista.

Provavelmente, o homofóbico faz questão de tornar especialmente pública a sua ação. Viu que na Paulista, na passeata do orgulho gay, existem muito mais membros dessa tribo do que ele próprio pensava.

O poder de centenas de milhares de gays o intimida. Se existem tantos, que será de mim? É claro que, lá no fundo, ele pensa: "quando chegará a minha vez?".

Pois bem, passado o trauma da multidão, ele gostaria que a avenida voltasse ao normal. Um dia de tolerância aos gays não quer dizer que no resto do tempo a homossexualidade esteja permitida.

É como o machão que, certa vez na infância, no campinho de futebol, bem, você sabe... Mas ele é totalmente heterossexual, claro.

Dizem os alemães que uma vez é igual a vez nenhuma: "einmal ist keinmal". Certo, um dia por ano admite-se a festa do orgulho gay. Cabe ao homofóbico destruir, então, qualquer vestígio do que aconteceu.

Não inovo ao dizer que o fortão da avenida Paulista quer destruir, acima de tudo, o seu próprio medo de ter desejos homossexuais. Procura ingerir a heterossexualidade junto com os anabolizantes.

Deveria pensar que a heterossexualidade, como a dimensão dos músculos, é uma questão de grau.

Um dos sujeitos mais heterossexuais que conheci considerava que, depois dos 40 anos, ter barriga é desejável. Mais do que isso, a ausência de barriga chegava a lhe parecer um bocado suspeita.

Há quem vá além. Soube de um cidadão que, mesmo nos transes da adolescência, nunca teve interesse em se masturbar. "Meu negócio é mulher", dizia ele. E o onanismo, pensando bem, não deixa de ser uma forma de obter prazer com alguém do mesmo sexo.

Que dizer, ademais, de um homem que faz questão de sair com mulheres bonitas? É o que quer a maioria; enquanto isso, muitas mulheres não ligam para a feiura dos companheiros.

Concluo que as mulheres, provavelmente, são mais heterossexuais do que os homens -tão ligados, afinal, em frescuras estéticas, enjoamentos, exigências e minúcias.

Como é que aquele gay, pensa o homofóbico da Paulista, pode ser mais bonito do que eu? Surge o impulso agressivo. Ele volta, depois, à academia de ginástica. O espelho, ali, reflete a sua imagem. Ele é a madrasta de Branca de Neve. Que as luzes do Natal não iluminem seu desfile pela Paulista.

Transições - ROBERTO DAMATTA

O GLOBO - 12/12


O acontecimento da semana foi o trânsito para a eternidade de dois grandes artistas: Oscar Niemeyer, um raríssimo arquiteto; e David “Dave” Brubeck, um extraordinário músico.

Convivi com ambos espiritualmente na minha primeira e mais sonhadora juventude, na lírica fosforescência dos meus 14 aos 18 anos, quando pensei em ser desenhista e arquiteto, tocado por uma imensa admiração por Oscar Niemeyer, cuja obra eu acompanhava, tendo visitado — quando ginasiano do Colégio São José, em Juiz de Fora — o famoso mas ainda desconhecido Colégio de Cataguases, em Minas Gerais. Lá eu vi o mural “Tiradentes” de Portinari, fui envolvido pelos jardins de Burle Marx, fiquei impressionado com as rampas do edifício encomendado, já na década de 40, pela família Peixoto a Niemeyer; e tive um alumbramento no melhor estilo de Manuel Bandeira, ao ouvir Frank Sinatra cantando “Stormy Weather” num enorme e pesado disco de 78 rpm.

Meu laço com a música é igualmente profundo. Nasci ouvindo o piano de minha mãe a tocar todo tipo de composição, sem erro ou embaraço — essa marca dos grandes artistas. Mas conheci o jazz, indo além de Louis Armstrong, por meio da liderança dos Sílvios Lago — o pai — e, sobretudo, o filho, que me fez ouvir o “Dave Brubeck Quartet” e outros e outros monstros do jazz (Oscar Peterson, Bill Evans e o meu favorito, o virtualmente cego Art Tatum) que comparávamos em discussões tão veementes quanto despropositadas, com os grandes clássicos da música europeia — esses sim, músicos de verdade! Graças ao Silvinho, ao Moliterno, ao Paulo, ao Geraldo, entre tantos outros, fui instantânea e permanentemente — esse milagre da música — usurpado pelo “Blue Rondo à la Turk” e pelo “Take Five”.

Vale notar que minha introdução ao jazz, à arquitetura e ao “modernismo” em geral foi paralela à minha descoberta e imediata conversão ao comunismo na sua versão nacional: vitoriana, positivista e milenarista, fundada num esquemático evolucionismo linear que critiquei num dos meus livros mais lidos: “Relativizando: uma introdução à antropologia social”, muitos anos depois. Mas isso é uma outra história.

Naquele momento, no final da adolescência e tendo as primeiras experiências de homem, eu me deliciava ouvindo música e descobrindo a política da história e, muito mais importante, a história como política. Mas onde eu me concentrava mesmo era na prancheta de desenho, situada debaixo da janela do quarto que servia a mim e aos meus quatro irmãos. Um quarto com camas beliche que mais parecia um alojamento de submarino dos filmes da Segunda Guerra Mundial do que um lugar para dormir. Ali, eu estudava e vivia o gênio do Oscar Niemeyer desenhando tudo: casas, cidades, discos voadores, foguetes interplanetários, paisagens do planeta Mongo governado pelo despótico Imperador Ming que, se a memória não me falha, era tão apaixonado quanto eu pela lindíssima Dale Arden, cujo amor por Flash era, contudo, indiscutível.

A triste passagem de um arquiteto e de um músico mexeram com esse passado de afinidades apenas desenhadas. E dão muito o que pensar. Pois o arquiteto transforma a casa, a repartição pública ou o palácio dos poderosos, essas coisas edificadas com base instrumental e dentro da irredutível lei da gravidade que prende, em desvios que libertam. Tal como no caso de Frank Lloyd Wright, outro gênio da arquitetura que eu também admirava, pois também desenhei o meu prédio de uma milha de altura sem saber que, como ensina Schopenhauer, o centro da experiência estética na arquitetura é a luta permanente entre o curvo e o reto, entre o que puxa para baixo, e a imaginação do artista que leva propositadamente para o alto em retas ou curvas.

Justo o que Oscar Niemeyer demarcou pela oposição entre o encurvado e o espiralado, típicos de sua obra, e o retilíneo — o reto humano — esse reto inexistente e talvez contrário à natureza, mas fundamental na cultura. Já na música, trabalha-se com gradações e os sons, como ensina novamente Schopenhauer, o filósofo das artes, essas continuidades rompidas ou reforçadas pelo ritmo nos penetram de modo profundo e enigmático, mesmo quando não queremos, pois, se o laço entre o mundo e a arquitetura é óbvio e racional, tal não ocorre com a música — exceto nos seus níveis mais grosseiros. De fato, sabemos que os despotismos adoram rimas e rodas, marchas e desfiles para os poderosos. Como aprendi com Milan Kundera, essas rimas são uma clara expressão da coerção e da força bruta emanada de quem gosta do poder total. Mas nesse caso a música é devorada pela política. Ademais, a música é fugaz e, sendo temporal, depende de um executor e, como os livros, tem um início, um meio e um final, demandando paciência e cumplicidade. Pois só o cantor por ela imbuído dá-lhe vida. Já na arquitetura, muda-se e constrange-se a paisagem humana de modo permanente e os poderosos sempre souberam disso desde os tempos das cavernas. Essas cavernas que se transformaram em palácios-templos monumentais dos deuses-reis e faraós.

Termino com outro artista. Ao ser perguntado por que não tirava férias e, aos oitenta e poucos anos, continuava cantando, Tony Bennett que me fez descobrir que como sempre fui um estranho no paraíso, respondeu: mas eu nunca trabalhei, por que tiraria férias?

Assim foi com o Oscar e o Brubeck: amavam o que faziam. Viveram a arte pela arte na plena certeza de que obramos todos com amor, mesmo sabendo da gratuidade imensa da vida.


Ueba! O Lula quer Rosetar! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 12/12


Eu sei a cor do cabelo do Marin: uma mistura de Silvio Santos com Nelson Rubens!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E estou escrevendo a coluna sem saber o resultado do Timão no Japão! Só sei que o Corinthians joga em Toyota. O quê? Mano em Toyota? Errado! Devia ser num Celta com insulfilm!

E o apelido do juiz é O Pequeno Drácula! Filho do Serra com o Drauzio Varella! Rarará! E o Egito tem um monte de mano também! Timão X Egito! Zona Leste X Praça Tahir! E o time egípcio todo com a cara do Romário! Time do Norte da África tem sempre 11 Romários.

E a manchete do Piauí Herald: "Romário convoca CPI para investigar a cor de cabelo do Marin". Eu sei a cor do cabelo do Marin: uma mistura de Silvio Santos com Nelson Rubens!

E o site Kibeloco revela as manchetes de 2030! Como será o Brasil em 2030! Esportes: "Churrascaria Porcão compra Palmeiras e mira na classe C". Entretenimento: "Madonna e Lady Gaga dão show para 59 pessoas em praça de alimentação". Cotidiano: "Fique por dentro do rodízio de chacinas em São Paulo. Hoje é dia da zona leste". Rarará!

E um leitor de Goiás me mandou uns versinhos. Em homenagem ao affair Lula/Rose: "Por um carinho seu, minha Rose/Eu vou de a pé e de Aerolula lá/Que me importe que a mula manque/Eu quero rosetar/Faço qualquer negócio/Tango faz lá em Sampa/Ou voando sem a galega pra Bagdá/Que me importe que a mula manque/Eu quero rosetar".

E claro que o Lula sabia do mensalão. Mas esse Marcos Valério pode falar qualquer coisa. Inclusive que eu sou ladrão. E que o meu vizinho é pedófilo, necrófilo, zoófilo e estelionatário!

E atenção! Marcos Valério denuncia que o Lula, quando menino, roubou o pirulito do primo. E mais uma bomba: Marcos Valério denuncia que o Lula, num bar em Santo André, tomou o chope do colega que levantou pra ir ao banheiro! E o Álvaro Dias, o Senador Pancake, já quer abrir CPI! CPI do Pirulito e do Chope! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Placa num supermercado em Formosa, Goiás: "Yorgutis". Deve ser o iogurte do Mussum! E ao contrário das piadas e da maledicência, em São Carlos tem uma churrascaria chamada "O Espetão do Japonês!". Te cuida, manada! Coletivo de mano é manada? Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A economia não vive só de estímulos - ERNESTO LOZARDO


O Estado de S.Paulo - 12/12


As economias do mundo parecem não reagir aos estímulos fiscais e monetários. Desde 2009, emitiram-se mais de US$ 20 trilhões (35% do PIB mundial). E não há sinais de crescimento que possam indicar que a grande contração está terminando. No Brasil, o crescimento tem oscilado nos últimos anos, fruto das incertezas externas, mas permanece acima da média econômica global.

O pífio crescimento deste ano, em torno de 1%, é fato pontual. Deve-se ao excesso de estímulos fiscais e creditícios ao consumo realizados pelo governo Lula, em 2010. Conjugado com a irresponsabilidade bancária na cessão de crédito, estamos pagando as imprudências públicas e privadas do passado.

Enquanto os efeitos negativos dos estímulos não forem removidos, agentes produtivos e consumidores aguardarão os sinais do crescimento. A boa notícia é que essa fase está próxima do fim. O ano de 2013 será marcado pelo início da retomada do crescimento baseado, principalmente, na força dos novos investimentos.

No próximo ano, inicia-se nova agenda de desenvolvimento de longo prazo, representada pelos programas de investimentos na infraestrutura nacional: rodoviário, ferroviário, portos e aeroportos, energia, petróleo e gás, nos quais investirá mais de R$ 1,1 trilhão ao longo de 10 anos, ou seja, R$ 100 bilhões por ano. É um salto de sete léguas na capacidade competitiva, na inovação tecnológica, no emprego, na ampliação do mercado de capitais. Possibilita à economia crescer ao menos 4% ao ano por longo período.

Os investimentos dessa nova agenda de desenvolvimento edificarão novos pilares da macro e da microeconomia. Os da macroeconomia estarão representados por vários setores. No setor de petróleo e gás serão investidos R$ 900 bilhões nos próximos 10 anos. Esses investimentos ampliarão o parque industrial. Na nova rede de transporte rodoviário serão investidos R$ 42 bilhões para construir 7,5 mil km, cujo objetivo é o transporte de carga média de até 400 km no trajeto Norte-Sul (e vice-versa). Hoje, os caminhões de carga percorrem mais de 1,2 mil km nesse trajeto, e o custo disso reflete no preço dos produtos consumidos internamente ou exportados. Na malha ferroviária serão investidos R$ 91 bilhões para construir 10 mil km. O objetivo é que a carga ferroviária possa percorrer mais de 1 mil km no trajeto Norte-Sul (e vice-versa). O sistema ferroviário interligará a produção de minérios e do agronegócio aos 19 portos da costa brasileira, com menor custo e mais eficiência. Serão investidos R$ 54 bilhões na modernização dos portos, reduzindo o custo dos serviços portuários.

Os pilares de microeconomia estarão representados pelos projetos de inovação tecnológica. A Finep investirá R$ 15 bilhões em projetos de inovação tecnológica para impulsionar a indústria. A Confederação Nacional da Indústria estará criando 27 novos centros de pesquisas de inovação tecnológica em apoio às necessidades das empresas do setor. Para atingir esse intento, serão investidos mais de R$ 1 bilhão. O Senai capacitará mais de 1 milhão de pessoas por ano.

Esse novo Brasil demandará muita mão de obra. O País vive período de pleno emprego. A nova agenda de desenvolvimento absorverá toda a mão de obra possível de ser empregada no interior do País. No final desta década, a classe média representará 120 milhões de pessoas (alta de 14% sobre os dias atuais), demandando mais moradia, educação com qualidade, saúde e boa alimentação.

A nova agenda de investimentos ampliará o mercado de renda fixa de longo prazo, aumentando a poupança nacional. Mas nem tudo está seguro nessa nova agenda. A falta de coordenação, de gerenciamento da informação e de controle dos principais obstáculos, como novos ajustes nos marcos regulatórios, o nobre intento do governo federal em avançar na competitividade econômica nacional poderá frustrar as expectativas dos investidores e da sociedade.

O principal sinal do presente que se deve aprender é que o estímulo econômico duradouro vem dos investimentos em infraestrutura e da eficácia da coordenação pública no tocante à previsibilidade dos marcos regulatórios, bem como no atendimento dos interesses dos empreendedores nacionais e internacionais.

Felizmente, no Brasil não há crise bancária ou soberana, como nos países desenvolvidos. Existe um estado de expectativa positivo sobre o abandono do dogmatismo na política econômica pelo rigor pragmático da presidente Dilma Rousseff. Isso faz toda a diferença na organização dos investimentos e na sociedade de consumo.

Correção de rumo na política cambial - CRISTIANO ROMERO


Valor Econômico - 12/12


Numa reação combinada, os dirigentes do Banco Central (BC) aproveitaram participação em eventos públicos nos últimos dias para avisar ao mercado que não deixarão a taxa de câmbio se depreciar muito. Na segunda-feira, foi o diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, quem deu o recado ao afirmar que o dólar a R$ 2,07 ainda tinha "gordura" para queimar. Ontem, foi a vez de o presidente Alexandre Tombini e o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, alinharem o discurso em defesa de um real menos desvalorizado e do próprio regime de câmbio flutuante.

O discurso oficial era outro há pouquíssimo tempo. No dia 19 de novembro, a presidente Dilma Rousseff declarou, em entrevista ao Valor, que o governo está "em busca de um câmbio que não seja esse, de um dólar desvalorizado e o real supervalorizado". Para a presidente, o câmbio, mesmo depois da depreciação de 30% ocorrida em um ano (entre setembro de 2011 e setembro de 2012), está apreciado.

Antes de Dilma, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, asseverou que a taxa de câmbio está sobrevalorizada, precisamente em 19%. Disse isso quando o dólar valia R$ 2,03.

Banco Central quer usar câmbio para segurar inflação

Quando a presidente falou ao Valor, a taxa de câmbio estava saindo de um período de hibernação de seis meses. De maio a 12 de novembro, variou de R$ 2,00 a R$ 2,05. Nas duas semanas seguintes, foi a R$ 2,12 sem causar comoção no BC. Nesse meio-tempo, Tombini declarou que o Brasil não seria praça de desvalorização de outras moedas e que a manutenção de um câmbio menos apreciado tinha a finalidade de ajudar a indústria.

Os sinais eram claros: depois de tirar o dólar de cotações abaixo de R$ 1,70 em meados do ano passado e de levá-lo, inicialmente, para uma banda de R$ 1,70-R$ 1,90, depois para outra de R$ 1,90-R$ 2,00 e, finalmente, para R$ 2,00-R$ 2,05, o governo preparava o mercado para uma nova faixa de flutuação da moeda americana, cujo piso seria R$ 2,10.

Na semana passada, BC e Ministério da Fazenda começaram a corrigir o rumo das coisas. O governo adotou medidas para atrair dólares e a autoridade monetária fez intervenções no mercado. O dólar começou a ceder e, ontem, fechou a R$ 2,07, patamar considerado por Aldo Mendes ainda incompatível com o indicado pelo "modelo" do BC.

A correção de rumo tem objetivo claro: o Banco Central precisa da taxa de câmbio para segurar a inflação nos próximos meses. Os modelos do BC indicam que uma depreciação de 10% do real em relação ao dólar aumenta o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em algo entre 0,4 e 0,6 ponto percentual. É mais ou menos o que o governo pretende tirar da inflação com a redução dos preços de energia em 2013.

Ontem, durante depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), o presidente Alexandre Tombini deixou claro que o BC conta com o câmbio como variável de ajuste dos preços domésticos. Num dado momento do discurso, disse que "as perspectivas para os próximos semestres apontam moderação na dinâmica dos preços de certos ativos reais e financeiros, dadas as condições vigentes e prospectivas da economia".

Trata-se de uma referência a dois dos principais preços da economia - câmbio e juros. "Em particular, como temos afirmado, nosso regime de câmbio flutuante não deve ser visto como um incentivo para apostas que exacerbem a sua volatilidade", afirmou Tombini, sugerindo que o BC não chancelará nova desvalorização do real neste momento e muito provavelmente nos próximos 12 meses.

A inflação, como o próprio Tombini mencionou na CAE, preocupa. O BC acreditava em setembro que os piores efeitos do choque de preços de alimentos ocorreriam naquele mês, mas o IPCA continuou a surpreender negativamente nos dois meses seguintes. Na variação acumulada em 12 meses até novembro, chegou a 5,53%, um ponto percentual acima da meta.

O BC trabalha com a hipótese de convergência da inflação à meta apenas no terceiro trimestre de 2013, desde que não ocorram novos choques de oferta e admitindo desde já elevação do índice oficial no último trimestre do próximo ano. O risco neste momento é o IPCA, pressionado por alguns grupos de preços (alimentos, artigos de residência, transportes, despesas pessoais), sofrer impacto do câmbio.

O governo teme entrar em 2013 perdendo a batalha da inflação. No mercado, há firmas de investimento que, na semana passada, estavam projetando alta do IPCA superior a 0,8% em janeiro, repetindo o que ocorreu em 2011 (0,83%) - uma pancada.

O controle do câmbio neste momento é imperativo para o BC porque o governo Dilma tem vários objetivos ao mesmo tempo. Quer juro baixo, taxa de câmbio depreciada, esforço fiscal menor, crescimento acelerado da economia e inflação na meta.

Diante dessas opções, o BC tem pouco espaço, pelo menos no curto prazo (2013), para manobrar a política anti-inflacionária, sua missão precípua. Não pode aumentar os juros porque já se decidiu que a taxa Selic ficará estável (em 7,25% ao ano) por período prolongado.

Se não pode aumentar juros, o BC deveria contar com um maior esforço fiscal do governo para controlar a demanda agregada da economia. Em 2012, depois de desmentir ao longo de todo o ano que fosse fazer isso, o Ministério da Fazenda anunciou que não cumprirá a meta cheia de superávit. Como informou o BC no último Relatório de Inflação, a política fiscal se tornou expansionista.

Sem taxa de juros nem esforço fiscal para combater a inflação, restaria ao BC recorrer, antes de lançar mão da política cambial, a medidas macroprudenciais (controle da expansão do crédito, requerimento de capital para operações de financiamento, elevação de depósitos compulsórios etc). A adoção dessas medidas vai na contramão, todavia, do aumento do crédito que o próprio governo vem estimulando, por meio dos bancos oficiais, para reativar o consumo e o investimento.

Nesse ambiente, a alternativa que sobra ao Banco Central é deixar a taxa de câmbio apreciar e, assim, baratear preços de produtos importados. É certo, todavia, que o espaço para fazer isso hoje em dia não é o mesmo do passado, afinal, o governo, como comprovam declarações do ministro Guido Mantega, já decidiu que o câmbio não cairá abaixo de R$ 2,00.

'The Economist' - ANTONIO DELFIM NETTO

FOLHA DE SP - 12/12


Leio semanalmente "The Economist" desde 1952, quando "filava" os exemplares recebidos pelo grande professor W. L. Stevens, a quem o Brasil deve a introdução da estatística fisheriana. Sempre admirei a clareza, a relativa imparcialidade e o tom doutoral e provocador da revista.

Ela se considera, convictamente, a portadora de uma ciência econômica universal, independente da história e da geografia. Dela extraí (com lógica invejável) as receitas de política econômica que levarão ao bem-estar social do mundo, com, talvez, um viés de maior conforto ao capital e às finanças.

Criada em 1843 por James Wilson -sogro do gigante Walter Bagehot, a quem entregou a sua editoria-, tinha por objetivo fundamental defender a liberdade de comércio então em discussão na Inglaterra. Fala, em seu benefício, que nos últimos 169 anos não mudou. Com altos e baixos, sobreviveu bravamente até tornar-se -não é possível ignorar este fato- a mais importante revista econômica internacional. Isso está longe, entretanto, de garantir a validade dos seus conceitos.

Se há uma virtude escassa na excelente "The Economist" é a humildade: ter ao menos uma pequena dúvida. Recusou, desde a sua origem, a lição do grande economista Ferdinando Galiani (1728-1787), que ensinou ser muito perigoso extrair conclusões políticas de abstrações universais!

O deselegante e injusto ataque "ad hominem" ao ilustre ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, partiu de duas premissas falsas:

1ª) O Brasil não estava "bombando" no início de 2011. O PIB caíra 0,3% em 2009 e, por puro efeito estatístico, aumentara 7,5% em 2010. O crescimento médio de 2009/10 foi de 3,6%, o mesmo número medíocre que vimos obtendo nos últimos 20 anos;

2ª) O ministro não errou sozinho quando sugeriu que o crescimento do terceiro sobre o segundo trimestre estaria entre 1,1% e 1,3%. Analistas financeiros no Brasil e no mundo, inclusive o "The Economist" (por seu instituto), acreditavam na mesma coisa.

O resultado apurado pelo IBGE (sobre o qual não paira qualquer dúvida de credibilidade) foi mesmo uma surpresa (0,6%). Isso nos deixa com um problema. Se os inúmeros estímulos postos em prática produzirem um crescimento de 0,8% do quarto sobre o terceiro trimestre, o PIB de 2012 será da ordem de 1%, um crescimento "per capita" nulo.

O baixo crescimento tem pouca coisa a ver com as políticas monetária, fiscal e cambial. Tem mais a ver com uma redução dos investimentos gerada por uma desconfiança exagerada entre o setor privado e o governo. Fez muito bem a presidente Dilma quando rejeitou a impertinente sugestão da revista.

O alerta da revista 'The Economist' - RICARDO VÉLEZ RODRIGUEZ


O ESTADÃO - 12/12


Os brios nacionalistas saltaram à flor da pele da presidente Dilma Rousseff e da petralhada no poder ao ensejo do alerta da revista inglesa The Economist acerca da confiabilidade da economia brasileira, na sexta-feira, 7 de dezembro. A recomendação da revista para que a presidente demitisse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pelo fato de ele não saber gerir a economia brasileira, que foi qualificada de "moribunda", não foi propriamente uma ofensa à nossa dignidade nacional. Foi mais um alerta dos mercados internacionais quanto à capacidade do Brasil de atrair investimentos em épocas de turbulência global e vacas magras financeiras. Ora, o que os jornalistas da conceituada revista queriam destacar era, a meu ver, o significado do péssimo gerenciamento da nossa economia, entravada por um intervencionismo governamental asfixiante que tolhe investimentos, afugenta inversionistas e assinala que voltamos aos tempos da insegurança jurídica generalizada.

Nas condições em que se encontra a nossa "moribunda" economia, não vale a pena investir no Brasil. Além das razões apontadas, destaquemos estas outras, que, sem dúvida, devem ter sido levadas em consideração pelos observadores internacionais.

Em primeiro lugar, a corrupção generalizada desatada pelos "companheiros" no poder, tanto no episódio do mensalão quanto no mais recente affaire desvendado pela Operação Porto Seguro, que compromete de novo figuras da alta cúpula petista, a começar pelo ex-presidente Lula.

Em segundo lugar, deve ser lembrada a baixíssima competitividade com que o Brasil se apresenta perante as agências internacionais de classificação, em decorrência da elevadíssima carga tributária e da desindustrialização do País.

Em terceiro lugar, a situação precária da nossa infraestrutura aeroportuária, portuária e de rodovias.

Em quarto lugar, os baixíssimos índices de qualidade da nossa educação, com as consequências seriíssimas que daí decorrem para o desenvolvimento econômico.

Em quinto lugar, o péssimo gerenciamento da Petrobrás em face da política de preços dos combustíveis, que está descapitalizando a empresa (que caiu, nas mãos petistas, numa espécie de síndrome mexicana para pagar o populismo de plantão).

Em sexto lugar, o aparelhamento, pela petralhada, de outrora confiáveis agências de pesquisa, como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que passaram a dizer o que o governo quer, não o que de fato acontece na realidade econômica brasileira. Essa mazela deve somar-se aos contínuos ataques do partido no poder contra a liberdade de imprensa, com militantes ameaçando com a estatização pura e simples do setor, numa maluca política de gerenciamento social da informação.

Em sétimo lugar, a desastrada mania intervencionista do governo - que está atrapalhando o funcionamento da iniciativa privada -, notadamente nos bancos e nas empresas de energia, que são "convidados" a vender serviços a preços abaixo do seu custo.

Por último, o desastre que é a nossa infraestrutura de saúde pública e de segurança, que afasta investidores e aumenta os gastos com internamentos hospitalares e mortes de cidadãos.

De nada valem os arroubos nacionalistas da chefe do Executivo para dar resposta a essa preocupação dos mercados. Contrariamente ao que o bom senso assinala, em lugar de escutar o alerta dos que conhecem a atual conjuntura econômica mundial, o governo prefere fazer eco à tresloucada reação dos populismos que o cercam - efetivamente, os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Cristina Kirchner, da Argentina, teriam dito, em termos de resposta à mídia, mais ou menos as mesmas palavras de Dilma. Não faremos nada do que os observadores internacionais aconselham. Em compensação, revitalizaremos os laços político-ideológicos do Mercosul, em torno de um populismo econômico que traz inflação e afugenta investidores.

Populistas da América Latina, uni-vos! - essa é a nova palavra de ordem revolucionária.

São tempos, no continente sul-americano, de populismo, que constitui a variante mais recente do patrimonialismo entre nós. Ora, este consiste na gestão do Estado como se fosse propriedade particular de quem governa. São favorecidos regularmente os membros do partido governante e os aliados, com benesses pagas com o dinheiro público. Essa é a essência do mensalão e das demais falcatruas que são desvendadas, dia após dia, pela imprensa.

Duas forças operacionais põem em funcionamento os donos do poder para nele se perpetuarem. Em primeiro lugar, a deformação das contratações de serviços prestados pelas empresas privadas ao Estado, mediante favorecimento às que se submeterem a pagar o "ganho" extorsivo dos que mandam, fixado no balcão de negócios das licitações. Em segundo, o prêmio pago pelo Executivo aos parlamentares que se acomodem à gestão patrimonialista da máquina pública, mediante emendas parlamentares. Duas práticas velhas, mas que o PT aprimorou e universalizou, espantando a má consciência e o remorso que antes acompanhavam as operações dos corruptos.

Lula e companhia simplesmente conseguiram ficar de cabeça erguida, mesmo quando mergulhada no lodo, gabando-se de que iluminarão com mais postes a escuridão brasileira. Tudo porque roubam em nome do povo. A política tornou-se guichê de corrupção, de lavagem de dinheiro, de roubalheira ao Tesouro da Nação. O PT conseguiu fazer a "revolução cultural" gramsciana, que consiste em erguer, como único ator válido, o Novo Príncipe, o Partido e a sua coorte de sátrapas e protegidos.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 12/12

Brasil afasta investimento em teste farmacêutico em humanos, diz setor
O Brasil afastou, no último ano, a realização de 140 pesquisas clínicas realizadas por grandes multinacionais farmacêuticas, que escolheram outros destinos para fazer seus testes em humanos.

O levantamento é da Interfarma, que representa o setor.

Entre outubro de 2011 e de 2012, 14 companhias decidiram deixar de incluir o país em seus estudos.

Foram os longos prazos do governo brasileiro para autorizar os testes que levaram as empresas a desistir de investir no país, segundo o presidente-executivo da Interfarma, Antônio Britto.

"O Brasil tem ambiente favorável para esse tipo de pesquisa, devido à grande diversidade étnica, mas acaba sendo preterido", afirma.

O processo no país é atualmente um dos mais demorados do mundo, segundo Charles Schmidt, fundador da Abracro (associação de organizações representativa de pesquisas clínicas).

"Nosso sistema regulatório chega a ter viés ideológico. Estudos que recebem capital estrangeiro são submetidos a critérios mais rigorosos."

O Ministério da Saúde e o CNS (Conselho Nacional de Saúde) informam que ontem foi aprovada uma proposta para modificar o sistema que trata do assunto.

"O objetivo é simplificar os trâmites para aprovação mais rápida de protocolos de pesquisa submetidos ao sistema, sem comprometimento da qualidade da análise ética."

Vendas de eletrônicos devem crescer neste Natal
O setor de eletroeletrônicos e de eletrodomésticos deve registrar vendas superiores no Natal deste ano, na comparação com 2011.

"A expectativa é que as vendas de eletroeletrônicos cresçam 6%. A comercialização dos eletrodomésticos deve ter expansão de 20%", afirma Lourival Kiçula, presidente da Eletros.

As novidades, como os televisores com sensores de movimento, e a redução do IPI para a linha branca são os principais motivos, de acordo com Kiçula.

"As fabricantes estão cada vez mais inovando em seus produtos e levando aos consumidores uma maior gama de opções", afirma.

No embalo do fim de ano, a Semp Toshiba registrou alta de 12% nas vendas de Natal em relação ao mesmo período de 2011.

O aumento no volume comercializado pela empresa resultou também no crescimento de sua participação de mercado.

A Sony Brasil informou que o período está sendo positivo e que o avanço geral da marca será de 20%, na comparação com o ano passado.

Somente no setor de TV e Blue-Ray, a companhia afirma que deverá ter elevação de 15% a 30% nas vendas.

6%
deve ser o crescimento na comercialização de eletroeletrônicos

20%
será a alta nas vendas de eletrodomésticos

5%
deve ser o crescimento no comércio de eletrodomésticos

15 milhões
de televisores devem ser vendidos

Condomínio Atrasado
O número de ações de cobrança por falta de pagamento da taxa condominial na cidade de São Paulo cresceu 6,81% em novembro, em relação a outubro, segundo levantamento do Secovi-SP junto aos fóruns.

Na comparação com novembro do ano passado, porém, o número se manteve praticamente estável.

Enquanto neste ano, foram registrados 894 casos, no mesmo mês do ano anterior, 873 ações haviam sido protocoladas nos fóruns.

De janeiro a novembro de 2012, foram computadas 9.833 ações, 4,96% a mais que as 9.368 totalizadas em igual período do ano passado.

No acumulado de 2010, o volume de condomínios atrasados que geraram ações foi de 11.808.

INJEÇÃO
A Central Nacional Unimed, operadora de planos de saúde do Brasil, investirá aproximadamente R$ 22 milhões no próximo ano para fazer a ampliação de sua infraestrutura, promover ações de marketing e melhorar seu suporte de tecnologia da informação.

No primeiro trimestre do ano, a empresa vai inaugurar sua nova unidade em São Paulo, com 2.000 metros quadrados de área construída.

De acordo com o presidente da operadora, Mohamad Akl, investir é fundamental para obter a meta de faturamento de R$ 2,1 bilhões e chegar a 1,4 milhão de beneficiários em 2013.

R$ 22 milhões
serão investidos pela Central Nacional Unimed em 2013

R$ 2,1 bilhões
é o faturamento esperado para o próximo ano

Compra durável
Cerca de 17% dos consumidores brasileiros pretendem comprar algum produto durável até janeiro, segundo a Fecomércio-RJ. Os produtos que ainda possuem redução do IPI em dezembro se destacam.

Dessa parcela, 21% têm intenção de adquirir um carro -alta de oito pontos percentuais na comparação com o levantamento realizado no ano passado.

72%
dos brasileiros que pretendem comprar um bem durável devem pagar de forma parcelada

12%
dos consumidores que devem adquirir um bem durável pretendem comprar um fogão

Força digital 
Com a entrada da Amazon.com no mercado brasileiro, a editora Campus/Elsevier está lançando 300 títulos em versão digital.

REUNIÃO DA FLORESTA
Presidentes de empresas internacionais de base florestal, celulose e papel vão se reunir em São Paulo, em junho de 2013, para a 6ª CEOs Roundtable Meeting.

O evento será promovido pelo International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA), em parceria com a Bracelpa (associação brasileira do setor), que é membro da entidade.

Os principais executivos brasileiros do segmento vão debater com americanos, canadenses, europeus, japoneses, chineses, sul-africanos e latino-americanos oportunidades para inovação (árvores geneticamente modificadas e novos produtos).

Múltiplos usos das florestas, mídias digitais e desafios para os próximos anos, como demanda por alimentos, biocombustíveis e florestas, também estarão em pauta.

O ICFPA reúne 32 associações da indústria de base florestal em todo o mundo. O encontro, que é bienal, ocorreu no Canadá em 2011.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA


O GLOBO - 12/12

É simples 1
A atualização de máquinas para permitir o lançamento do valor dos impostos nas notas fiscais, em 2013, é barato e descomplicado. Quem garante é Wilson de Godoy, vice-presidente de sistemas remotos da Totvs, que faz o serviço. O gasto, diz, será mínimo: “É quase um custo de manutenção”.

É simples 2
Entidades do comércio se queixaram do custo da mudança, antes de Dilma sancionar a lei, anteontem. As notas de compra terão de vir com sete impostos, entre eles, IPI, ICMS e ISS.

‘Top 10’ de busca
O Google apresenta hoje a lista Zeitgeist, dos assuntos mais procurados em 2012. Nas marcas brasileiras, o 1º lugar foi do Mercado Livre. Em seguida, vieram Casas Bahia, Correios, Americanas, Netshoes, Ponto Frio e Magazine Luiza. Tudo a ver com o comércio eletrônico.

Outro foco
Redução de custos e execução de projetos serão prioridades das mineradoras em 2013, diz relatório da Ernst & Young. Este ano, o foco foi a aceleração da produção. A mudança está relacionada à volatilidade do preço do minério de ferro.

Escolhida
A BHG foi credenciada pela Fifa como uma das redes oficiais da Copa 2014. Tem quatro hotéis no Rio e 12 no resto do país aprovados.

LANCHONETES TABELADAS EM GALEÃO E SANTOS DUMONT
Empresas ofereceram, ao todo, R$ 7,34 milhões para operar áreas em que 15 itens terão preços controlados pela Infraero
As empresas JJ Pátio Bar e Restaurante e RA Catering venceram as licitações da Infraero e vão assumir as primeiras lanchonetes com preços controlados nos aeroportos do Galeão e Santos Dumont, respectivamente. Ambas já operaram anteriormente com a estatal. A JJ vai pagar R$ 1,34 milhão pelo aluguel, por quatro anos, de uma área de 23,6 metros quadrados no mezanino do Terminal de Passageiros 2 do Tom Jobim. Já a RA levou por R$ 6 milhões o espaço de 120 metros quadrados no térreo da área de desembarque do Santos Dumont. O contrato, de cinco anos, será assinado este mês; o outro, em janeiro. As duas empresas começam a operar as lanchonetes no 1º trimestre de 2013. Os aeroportos de Curitiba e Londrina (PR) foram os primeiros do país a ter lanchonetes com preços controlados. O modelo está sendo implantado em Recife (PE) e Natal (RN). As concorrências de Congonhas (SP) e Salvador (BA) estão em andamento. A Infraero fixou os preços de 15 produtos. A tabela vai vigorar, pelo menos, nos 12 primeiros meses de operação das lanchonetes. Reajustes vão depender de autorização da estatal, após pesquisa de preços no mercado feita pelas empresas.
R$2,40
POR SEIS PÃES DE QUEIJO

A tabela de preços é diferente nos dois aeroportos. No Galeão, a porção com seis, vai custar R$ 2,40; no Santos Dumont, R$ 2,20. A Infraero tabelou salgados, café, leite, refrigerantes e sanduíches.

É FESTA
A Dress To lança hoje a linha festa, de olho nas comemorações de Natal e réveillon. A coleção tem 40 peças em edição limitada. Estará à venda nas 69 lojas da rede no país. A previsão é de 20% de alta nas vendas sobre o fim de 2011.
Este ano, o faturamento cresceu 40%. Fernando Schalepser fotografou Vanessa Damasceno para o lookbook.

COLORIDO
A Love Secret, marca cearense de lingeries, põe na rua amanhã a campanha da coleção “Color Sense”. Terá calcinhas e sutiãs coloridos para o révei l lon. As fotos estarão em outdoor e nas lojas. Com três mil pontos de vendas,a marca prevê saída de 40 mil peças neste fim de ano. É alta de 18% sobre igual período de 2011. Espera crescimento de 30% para o ano que vem.

DICA DE NATAL
A Eclectic lança no sábado guia de compras de Natal. Sugere presentes como carteiras de palha e regatas com renda. Serão 25 mil exemplares. A grife espera alta de 20% nas vendas.

Parou por quê?
Menos de um mês depois de lançar voo ligando o Rio a Orlando (EUA), a TAM suspendeu a rota. E não explicou o motivo. Quem comprou bilhetes terá de fazer conexão em São Paulo ou pedir reembolso integral da passagem. A empresa promete retomar a ligação direta no 2º semestre de 2013.

‘Vacaciones’
Levantamento do buscador de viagens Mundi mostra Buenos Aires, na Argentina, como destino internacional favorito dos brasileiros em janeiro e fevereiro. A capital concentrou 9,78% das consultas para as férias, à frente de Miami (9,64%) e Lisboa (5,19%).

TEM SEGURO
É de R$ 29 milhões o valor da apólice de riscos de engenharia assinada entre Brasil Insurance e GJP, para o hotel que o grupo constrói no Galeão. A unidade terá 162 quartos; 30% das obras estão prontas.

Guloseimas
Abicab e Apex-Brasil levarão fabricantes brasileiros de doces e chocolates à ISM, feira do setor, em Colônia (Alemanha), em janeiro. Há previsão de US$ 6 milhões em negócios. As 19 empresas vão lançar 90 produtos.

Sucos
A Bela Ischia, de sucos, lança nesta sexta os sabores maçã e abacaxi com hortelã. Investiu R$ 300 mil. Vai fechar o ano com alta de 35% no faturamento.

Pelo mundo
A Brascuba, parceria do governo cubano com a Souza Cruz, vai exportar cigarros para mais quatro mercados em 2013: Brasil, Egito, Rússia e Dubai. Japão, Espanha, México e Hong Kong já compram. Remessas sairão de 155 milhões para 350 milhões de unidades.

No Rio Grande
A participação da Red Bull no mercado gaúcho cresceu 3%, nos últimos dois meses. A alta coincide com o início da distribuição do energético pela Souza Cruz no estado.

Livre Mercado
O restaurante Zacks terá unidade no Downtown (Barra). Aporte de R$ 450 mil, abre em março. Será o 6º da rede. Quer faturar 40% mais. 

A Brigadeiros Fabiana D’Angelo abre quiosque no Rio Design Leblon amanhã. Investiu R$100 mil e prevê alta de 30% no faturamento.

A Unimed-Rio está capacitando 25 enfermeiras e 40 técnicos da Cidade de Deus. No futuro, vão concorrer a vagas na empresa.

Pedro Luis do Nascimento Silva, da Ence, vai presidir o Instituto Internacional de Estatística (ISI).

Gabriel Leonardos, do escritório Kasznar Leonardos, presidirá o comitê de ética da Asipi.

Márcio Marroti é o novo diretor-executivo para setor de Governo do Rio na PwC.

Ministros em questão - ROSÂNGELA BITTAR


Valor Econômico - 12/12


O Palácio do Planalto assegura que o governo não sofre pressões de ninguém, muito menos dos partidos da base aliada, para manter espaço de poder na reforma ministerial de março. Reforma essa que não será ampla, muito menos atingirá o setor energético, onde se acumulam problemas de gestão nos últimos anos, segundo explicações do governo transmitidas na semana passada ao Valor. O PT, porém, na contramão dessas mensagens tranquilizadoras, por ser titular da Presidência da República, amplamente majoritário nos cargos de comando, além de desejar renovar tudo isso em 2014, faz avaliações mais realistas e não confia na ausência de riscos.

Nas conversas mais recentes, sobretudo, as preocupações do partido se concentram em poucas mas importantes áreas. Nem o até hoje intocável ministro Guido Mantega, da Fazenda, está integralmente protegido. Dilma não estaria satisfeita com o desempenho da economia, os já decantados 0,6% de crescimento do PIB no terceiro trimestre, e teria deixado seu ministro da Fazenda entrar na roda da especulação.

Embora use, publicamente, para ele a mesma argumentação que vem repetindo nos casos de denúncia de corrupção - tratam-se de intrigas da direita e disputa política com a oposição - o fato é que o partido não o coloca mais fora da área de risco. A entrevista em que explicou, com o otimismo e a satisfação de sempre, a frustração dos índices previstos em grau bem mais elevado, foi considerada um desastre, até porque ali se insinuou uma possível manipulação da composição do apurado pelo IBGE. Guido Mantega não está, neste momento, como sempre esteve, totalmente impermeável à chuva.

Cardozo chegou a ver o abismo da beira, mas segurou

A avaliação do desempenho da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é também negativa e aqui o PT se preocupa até mais porque sob sua responsabilidade está o PAC, o programa de obras que deu densidade à candidatura Dilma e foi a ela entregue pela fama de competente gestora.

O andamento do PAC desacelerou com Miriam Belchior, é a análise de gente da cúpula do PT que acredita na necessidade de providências para tirá-la da faixa de risco. O curioso é que, na atual análise, o partido confessa que via o PAC, no governo Lula, como um programa em execução na velocidade máxima, o que não corresponde à realidade. Mas agora até o PT acha que parou e, assim, deixa na berlinda seus dois ministros da área econômica.

O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, entrou e saiu da área de risco na gestão da crise provocada pela Operação Porto Seguro, em cujas rédeas foi apanhada a chefe de gabinete da Presidência, Rosemary Noronha, em São Paulo, e deixou constrangido seu padrinho político, o ex-presidente Lula da Silva.

Cardozo chegou a ver o abismo da beira. Correu risco de ser tragado, mas se reabilitou, por enquanto. Dilma não se conformou com o fato de a Polícia Federal executar um mandado de busca e apreensão num gabinete da Presidência da República sem avisar o ministro. A busca começou às 6 horas, e o ministro foi avisado às 6h30, segundo cronometrou o PT.

Rosemary foi agressiva com os policiais, desesperou-se quando começaram a destrinchar o computador da filha, e na saída chamou o ministro Cardozo pelo celular. Não foi atendida. Lula, assim como Dilma, não gostou do comportamento do ministro.

Segundo o PT, não porque não interferiu para sustar a operação, mas porque dela não foi informado, o que é obrigatório estando a Polícia Federal sob sua responsabilidade. Outro pecado cometido por Cardozo foi ter falado que não havia gravação de conversa do ex-presidente Lula com Rosemary, a menos que fosse clandestina. Isso gerou insegurança e desconfiança: há ou não há gravação, autêntica, clandestina, ou o que for?

Passada a semana, diante da reação de Cardozo e suas investidas no Congresso por dois dias seguidos e o cumprimento da determinação para encerrar o inquérito e tirar o assunto da agenda, sem dar tempo para a análise do material apreendido o que, se a polícia quiser, terá que abrir outros inquéritos, o ministro saiu da faixa de risco. Mas sua demissão foi realmente cogitada naquele momento e a presidente exigiu que daqui por diante o ministro seja informado de tudo pela PF.

Dilma se convenceu que, no caso Rose, o objetivo era atingir Lula, desmoralizar e desconstruir sua imagem, o mesmo conceito que alegou, ontem, com as mesmas palavras, com relação ao depoimento de Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República sobre a participação do ex-presidente Lula no mensalão. Palavras suas, usadas pelo PT como posição partidária desde que eclodiu a operação Porto Seguro. Portanto, foi a presidente quem inspirou seu partido, e não o contrário, como se imaginava.

Luis Inácio Adams, o advogado-geral da União, que teve o advogado-geral adjunto envolvido na rede de produção de pareceres para o esquema da Porto Seguro, também reagiu indo ao Congresso, dando a mão à palmatória, rebatendo provocações, o que agradou à presidente. Mas na avaliação de dirigentes do partido a frustração com Adams foi também profunda, até porque só depois de ouvi-lo veementemente se considerar traído, o governo descobriu que os dois eram muito próximos, ao ponto de o sub ser avalista do titular. A reação salvou o advogado-geral mas o PT ainda não o coloca em zona de segurança.

O; s cálculos mais recentes do PT consideram que só lá por julho de 2013 será possível executar as penas atribuídas aos réus do mensalão. Até o caso transitar em julgado, há os embargos declaratórios e os embargos infringentes, para os casos em que os condenados tiveram pelo menos quatro votos favoráveis. Para cada embargo, os advogados dos réus estão preparando peças de 400, 600 páginas.

E até a sentença transitar em julgado, nada acontece, não será executada. Para o PT, prisão, cassação de mandato, multas, são questões ainda em discussão em todo o primeiro semestre do ano que vem.

Batalha naval - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 12/12


Por falta de um diagnóstico coerente, o governo tem mais objetivos do que instrumentos


Os 18 leitores já perceberam que tenho uma modesta diferença com a equipe econômica no que diz respeito à política adotada há algum tempo no Brasil.

Eles a consideram genial, um modelo de como gerir o país no contexto de um mundo instável.

Eu, por outro lado, a classifico como uma abominação, provavelmente a principal responsável pelo medíocre desempenho recente do país, que, na ausência de mudanças, deve ser também a marca registrada dos anos que virão.

Dentre todas as suas características, porém, o que mais me incomoda é a percepção do improviso constante. O governo parece atirar em todas as direções, na esperança de que alguma das suas medidas atinja o alvo e afunde o submarino adversário, mas a falta de um diagnóstico retira desses disparos um mínimo de orientação.

Desse modo, as chances de essas ações gerarem um processo de crescimento sustentável são muito baixas, para não dizer nulas.

Tomemos, por exemplo, a recente desoneração da folha salarial do setor de construção civil.

Trata-se, à primeira vista, de uma proposta meritória: o setor responde sozinho por cerca de 8% do emprego no país e é uma porta tradicional para o mercado de trabalho no caso da mão de obra com baixa qualificação.

Ao mesmo tempo, os salários no setor têm crescido aceleradamente (pouco mais de 9% na comparação com o ano passado, segundo dados da FGV), de modo que um alívio nos encargos tem a possibilidade de ajudar o segmento.

Falta, todavia, a visão do conjunto da economia. Com a taxa de desemprego na casa de 5% a 5,5%, parece claro que já operamos muito próximos ao pleno emprego, senão acima dele.

Nessas circunstâncias, o estímulo à contratação de trabalhadores em um setor, no caso a construção civil, deve elevar também os salários em outros setores, notadamente o industrial, cujo salário de admissão é apenas um pouco inferior ao observado na construção.

Isso, contudo, agrava a perda de competitividade da indústria, uma vez que a elevação salarial já tem superado persistentemente o crescimento da produtividade mesmo antes da adoção da medida.

Adicione-se a isso que a manufatura, ao contrário da construção, está sujeita à concorrência internacional, de modo que enfrenta limites à sua capacidade de repasse das elevações salariais aos preços. Como tenho argumentado, esse é o principal fator limitante da expansão da produção industrial.

Trata-se de um clássico caso de cobertor curto: o incentivo à construção conflita com o objetivo de crescimento manufatureiro.

Assim, muito provavelmente o governo terá que adotar novas medidas para compensar a indústria, incluindo novas rodadas de proteção e desvalorização cambial.

No entanto, tais políticas também têm consequências negativas, seja do ponto de vista de elevação dos preços domésticos (a inflação parece que vai superar os 5,5% em 2012, o que me coloca na posição desconfortável de ter sido otimista demais nas minhas previsões no começo do ano), seja do ponto de vista de incentivos à expansão da produtividade e do investimento.

Poderia me estender, mas acredito que o argumento ficou claro. Por falta de um diagnóstico coerente, o governo tem mais objetivos do que instrumentos, o que gera conflitos de políticas e reiterados remendos, daí a percepção inevitável (e correta) de improvisação persistente.

Dessa forma, enquanto a equipe econômica não entender que o problema no Brasil não reside na fraqueza do consumo e da demanda e sim no baixo crescimento da produtividade no contexto de uma economia próxima ao pleno emprego, não há por que imaginar que esse padrão (se é que assim podemos chamá-lo) de política possa ser alterado.

Se há alguma certeza acerca dos rumos da economia no futuro próximo é que testemunharemos novos pacotes a intervalos crescentemente reduzidos e com a mesma efetividade para acelerar o crescimento até agora observada.

Bolívar dá sinais de cansaço - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 12/12


COM ALVARO GRIBEL E VALÉRIA MANIERO 

O dólar na Venezuela é congelado pelo governo em 4,3 bolívares. Na verdade, há duas cotações oficiais, uma a 4,3 e outra a 5,3 bolívares, para alguns tipos de importação. O problema é que não se acha a moeda por esse valor, nas ruas. O governo fechou as casas de câmbio e estabeleceu cotas para a venda. No mercado negro, o dólar ultrapassou 17 bolívares esta semana.

Essa é apenas uma das distorções da economia venezuelana, que entrou em novo terreno de incertezas com o anúncio da quarta operação de Hugo Chávez em Cuba. Há dúvidas sobre uma possível sucessão no país e, por isso, a cotação do dólar no mercado negro subiu ainda mais.

A taxa de câmbio fixa é um paliativo para a inflação, na casa de 25% ao ano. Os produtos importados mais baratos ajudam a conter os preços. Há, porém, um efeito colateral. Para manter a moeda americana congelada em um preço baixo, o governo precisa queimar parte dos dólares que consegue com as exportações de petróleo. Isso coloca pressão sobre as contas públicas, já sufocadas com o aumento dos gastos em ano de eleições.

O tamanho do buraco no orçamento do governo é estimado em 7,3% do PIB, pelos dados do FMI. Segundo o economista venezuelano Pedro Palma, que falou com a coluna, é cada vez maior a necessidade de desvalorização do bolívar, para que o déficit público ganhe um respiro.

- A dependência da receita do petróleo é muito grande e não há previsão de que o preço do barril suba em 2013. Por isso, a necessidade de desvalorização da moeda é cada vez maior - explicou.

Palma acredita que o PIB venezuelano terá crescimento de 5,5% em 2012. Mas, para o ano que vem, espera uma desaceleração abrupta, o que pode levar o país à recessão:

- Se o ajuste cambial não for muito severo, a queda do PIB pode ser de 0,5% ou 1%. Se os preços do petróleo baixarem muito, pode ser pior. Mas a desvalorização irá encarecer tudo o que vem de fora e a Venezuela importa muitos produtos. Então, se isso acontecer, a inflação vai subir mais.

Com ou sem Chávez, o economista acha que é preciso enfrentar os desequilíbrios. O tempo da economia está se esgotando.

Descompasso na indústria
O mercado de trabalho apertado é um dos motivos para a perda de competitividade da indústria brasileira. No gráfico abaixo, é possível ver que mesmo com uma queda de 2,7% na produção industrial, em 12 meses até outubro, a folha real de pagamentos, ou seja, o total de salários pagos, registrou alta de 3,2%.

Comércio Externo
O preço da tonelada do minério de ferro subiu, ontem, a US$ 124. É a maior cotação em cinco meses.

Dinheiro mais caro
Os juros cobrados pelos bancos voltaram a subir em novembro, interrompendo sequência de quatro quedas, segundo a Anefac

Alívio Grego
O custo para a rolagem dos títulos gregos, com vencimento em 10 anos, atingiu ontem o valor mais baixo do ano, 13,2%.