sábado, novembro 12, 2011

RUTH DE AQUINO - Quem ama Lupi?



Quem ama Lupi?
 RUTH DE AQUINO
REVISTA ÉPOCA

Ninguém merece um ministro assim no Trabalho, pasta que requer equilíbrio e capacidade de negociar

RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já se tornou a figura mais patética do ministério de Dilma. Um feito impressionante num grupo que teve em cinco meses seis baixas: de 7 de junho até hoje, caíram Palocci, Nascimento, Jobim, Rossi, Novais e Silva. Só um caiu por ser inconveniente, o ministro Jobim, gaúcho de alma tucana. O resto foi por acusações de corrupção e desvio.
O processo de desgaste segue roteiros parecidos. Alguns se debatem mais, por amor incondicional ao poder. De Lupi, suor e bravatas escorrem pelos poros. Ele bate no peito, espuma, grita. Mas não explica nada.
“Sou osso duro de roer. Quero ver até onde vai essa onda de denuncismo.” “Daqui ninguém me tira. Só se for abatido à bala. E tem de ser bala de grosso calibre, porque eu sou pesado.” “Morro, mas não jogo a toalha.” “Conheço a presidente Dilma há 30 anos. Duvido que ela me tire. Nem na reforma ministerial.” “Bola da vez? Só se for a bola sete, a bola da vitória.” “Peço desculpas à opinião pública, que fica com a imagem de que sou louco, um tresloucado.” “Presidente Dilma, me desculpe se fui agressivo. Dilma, eu te amo.”
Ninguém merece um ministro assim no Trabalho, uma pasta que requer equilíbrio, habilidade, capacidade de negociar e analisar as reivindicações de trabalhadores. Lupi – como todos os outros – se considera vítima de perseguição. Até do próprio partido, o PDT, dividido entre o pessoal de raiz e os oportunistas.
O motivo da perseguição é inacreditável. Querem derrubá-lo por puro preconceito de classe. Por ser “ex-jornaleiro”. Todo jornalista tem um apreço especial pelos jornaleiros. São eles que, nas bancas, ajudam ou não a impulsionar a venda avulsa. Mas Lupi hoje detesta a imprensa.
Não tenho ideia de como Lupi (“sou italianão, sou atirado”) se comportava como jornaleiro nos anos 1980, quando conheceu Brizola. Eu nem sabia disso, para falar a verdade. Sei que ele foi secretário de Governo de Garotinho. E que o Ministério do Trabalho, comandado por ele há quase cinco anos, teria um esquema de tabela de propinas para liberar recursos a um instituto no Rio Grande do Norte. E teria assinado convênios irregulares com ONGs investigadas pela Polícia Federal e denunciadas pelo Ministério Público de Minas Gerais. Isso é o que veio à tona.
Dilma, numa solenidade recente, nem sequer olhou para Lupi quando ele puxou e beijou sua mão. Mais constrangedor que o desafio público de um subordinado é o puxa-saquismo meloso e explícito. A presidente não parece gostar dessas demonstrações. Ela quase perdeu o rebolado quando repórteres lhe perguntaram sobre a declaração de amor de Lupi e a crise no Ministério do Trabalho. Sorriu. 
“Vocês vão me perguntar isso nesta altura do campeonato?” e citou as palavras de “um líder gaúcho antigo” para negar qualquer crise com Lupi: “O passado passou”.Sei que os detalhes estão ficando meio repetitivos e chatos para os leitores – mas é nos detalhes que o diabo mora. É preciso alertar para o ridículo. Não tem sentido dar quase R$ 1 milhão de sinal, no ano passado – num convênio de R$ 2 milhões –, para uma organização em Confins, Minas Gerais, treinar 2.400 operadores de telemarketing. E descobrir, um ano depois, que só pouco mais de 200 pessoas tinham feito o curso até ontem. Fico pensando o que se ensina nesse curso de telemarketing. Como é fácil “captar” dinheiro neste Brasil generoso. O enredo é tão semelhante às quedas anteriores de ministros que está explicada a treslouquice de Lupi.
Não sei se Lupi é passado, mas não parece ser futuro. Não é o futuro que esperamos para o Brasil. No presente, o Planalto resolveu, na última hora, fazer a portas fechadas um seminário internacional em Brasília que reunirá 60 ONGs. Sem a presença de bloquinhos, gravadores e câmeras indiscretas.
Os brasileiros se dividem entre quem não aguenta mais tantos escândalos... e os que esperam estar vivendo um momento histórico de prestação de contas. No alto escalão da política, é inédita essa queda de dominós herdados de um governo mentor e amigo. Na segurança pública, a ocupação de uma favela como a Rocinha, com 70 mil moradores, abandonada por sucessivos governos ao poder de bandidos com e sem farda, é recebida com elogios à banda boa da polícia e punições à banda podre. No Supremo Tribunal Federal, a mídia e a população mantêm a pressão sobre o julgamento da Ficha Limpa. A ponto de forçar o ministro Luiz Fux a rever seu voto pela alteração da lei. A brecha sugerida por Fux beneficiaria políticos que renunciam para fugir de punição. O debate é público e instrutivo.
Na novela das 8, na semana passada, soubemos que Lupi ama Dilma. Nos próximos capítulos, saberemos quem ama Lupi.

Propina no ministério de Lupi - REVISTA ÉPOCA


Propina no ministério de Lupi
 REVISTA ÉPOCA

O sindicalista João Carlos Cortez diz que assessores diretos do ministro do Trabalho queriam 60% do imposto sindical para regularizar sua entidade

Claudio Dantas Sequeira

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ESQUEMA
João Carlos Cortez diz que a corrupção poderia chegar a R$ 12 milhões
"EXIGIRAM-ME PROPINA NUMA SALA DO GABINETE ONDE
FUNCIONA A SECRETARIA DE RELAÇÕES DO TRABALHO"
Uma acusação pesada bate às portas do gabinete do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Além das denúncias envolvendo o desvio de dinheiro público por meio de ONGs, agora o gabinete do ministro é acusado de extorquir sindicatos para desviar recursos do imposto sindical à central controlada pelo PDT e por assessores de Lupi. Quem faz a denúncia é o presidente do Sindicato de Trabalhadores em Bares e Restaurantes da Baixada Santista, Litoral Sul e Vale do Ribeira (Sindrest), João Carlos Cortez. Na semana passada, ele gravou uma entrevista à ISTOÉ, na qual afirma que existe um esquema de venda de cartas sindicais montado dentro do Ministério do Trabalho. O sindicalista afirma que “tudo é operado por pessoas ligadas diretamente ao ministro”, que falam e agem em nome dele. “Prometeram reativar nosso registro desde que eu repassasse um percentual da arrecadação do sindicato”, afirma Cortez. “Exigiram-me propina numa sala do gabinete onde funciona a Secretaria de Relações do Trabalho”. O caso aconteceu no fim de julho de 2007. Ele conta que procurou Lupi para tentar regularizar o registro de sua entidade. Segundo ele, foi marcada uma reunião pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP). Ela aconteceu no quarto andar do ministério, na sala onde despachava o então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antônio de Medeiros – homem da total confiança do ministro. No organograma do ministério, a Secretaria de Relações do Trabalho integra o gabinete do ministro Lupi. Eram cerca de 10h30 da manhã. Além de Medeiros e Paulinho, participaram do encontro o assessor especial Eudes Carneiro e Luciano Martins Lourenço, presidente do PDT de Santos e braço direito de Paulinho. Eles conversaram sentados em volta de uma mesa de madeira redonda, usada para reuniões. “Esperei uns 15 minutos, eles nos serviram café. Medeiros me cumprimentou e indicou seu assessor, Eudes Carneiro, um homem extremamente gentil, que foi quem conduziu a reunião”, lembra. Quem mais falou durante o encontro foi Lourenço.
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NO FOGO
Negociações de cartas sindicais são feitas por
secretariasque integram o gabinete ministerial de Lupi
Cortez alega que não tinha ideia de que estava diante de um esquema ilegal de arrecadação. Em seguida, diz ele, na presença de todos, perguntou o que poderia ser feito e mostrou um parecer da AGU favorável à regulamentação do seu sindicato. Carneiro, um ex-policial federal que acompanha Lupi há anos, sorriu e falou para o sindicalista ficar tranquilo. “Vamos resolver o seu problema, me disse.” Em seguida, Lourenço explicou o que precisava ser feito. Em vez de procedimentos burocráticos, o sindicalista recebeu uma orientação pouco republicana. “Me fizeram uma proposta indecente, um pedido de propina ali dentro do ministério”, conta. Coagido, ele aceitou. “Eu não tinha outra saída,” justifica. O pedágio consistia em repassar à conta bancária da Força Sindical (central ligada ao PDT e comandada pela dupla Paulinho-Medeiros) um total de 60% de toda a arrecadação sindical que seria obtida pelo Sindrest nos três anos seguintes. Um valor superior a R$ 12 milhões, segundo cálculos do próprio Cortez, com base nos 100 mil trabalhadores que compõem a categoria na região de atuação do sindicato e que têm descontados seus contracheques anualmente em cerca de R$ 205.

A reunião durou aproximadamente 20 minutos. Lourenço avisou Cortez que esperasse um novo contato dentro de poucos dias. “Saí de lá confiante de que estava resolvido”, afirma. Coube ao dirigente do PDT tocar o negócio. Lourenço explicou a João Carlos Cortez que o valor da propina poderia ser parcelado em três vezes, em percentuais decrescentes. No primeiro ano, seriam repassados 30% da contribuição sindical; no segundo ano, 20%; e no terceiro ano, 10%. Para escapar à fiscalização das autoridades, as transferências deveriam ser feitas diretamente para a conta bancária da Força. Embora recebam dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), as centrais sindicais não estão sujeitas à análise do TCU, da CGU e outros órgãos de controle externos, o que dificulta o rastreamento de golpes como os denunciados por Cortez.

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O negócio, segundo o sindicalista, teria sido sacramentado duas semanas depois. Luciano Martins Lourenço marcou novo encontro com Cortez, desta vez em Santos (SP), numa tradicional padaria perto do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas da Baixada Santista (Sindquim). Lourenço, além de presidente do PDT de Santos, é membro da diretoria do Sindquim. Enquanto tomavam um café, ele retirou de uma pasta três folhas de papel e mandou Cortez assiná-las. Consistiam num chamado “Termo de Compromisso de Doação”, pelo qual João Carlos Cortez, na qualidade de presidente do Sindrest, se comprometia a realizar os repasses pré-combinados nos anos de 2008, 2009 e 2010. “O Luciano me disse que estava a mando do deputado e do Medeiros, que falava em nome do ministro Lupi. Ele levou os documentos prontos para eu assinar. O termo de compromisso, a título de doação à Força Sindical, servia para encobrir, na realidade, o pagamento da propina. Tudo foi presenciado por outro diretor do Sindrest, Luiz Claudino da Silva”, diz Cortez. Depois daquele dia, o sindicalista diz ter participado de várias audiências com Medeiros e Luciano Lourenço, além de assessores, tanto no gabinete em Brasília como na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, onde o secretário também fazia plantão.

Passados alguns meses, no entanto, a situação do sindicato não foi regularizada. Cortez suspeita que o grupo de Lupi sofreu pressão de lideranças do PDT em São Paulo, como Francisco Calazans Lacerda, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Sinhores). Este teria se associado ao Sinthoresp, entidade que disputa com o sindicato de Cortez a organização da categoria na Baixada Santista. Um acordo entre eles naquele momento também evitaria o desgaste de um enfrentamento com a CUT e o próprio PT. “Ouvi que eles pagaram mais para arquivar nosso pedido. Tudo no Ministério do Trabalho é movido a dinheiro”, afirma Cortez. Ele conta que procurou Paulinho e Lupi em diversas oportunidades. Nas comemorações do Dia do Trabalho em maio de 2010, o sindicalista diz ter entregue nas mãos de Lupi um dossiê contando toda a história, na esperança de que o ministro não tivesse conhecimento da operação de seus assessores. “Foi a mesma coisa que nada. Ele nunca deu retorno da denúncia. Logicamente o ministro também está no esquema”, afirma.

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ÍNTIMOS
O ex-secretário Luiz Antônio de Medeiros (à esq.) sempre foi homem da confiança de Carlos Lupi
Hoje quem representa os trabalhadores de hotéis, bares, restaurantes e similares naquela região é o Sinthoresp, mas nem sempre foi assim. O Sindrest conseguiu em 1994 fracionar a base sindical a fim de representar apenas funcionários de restaurantes, bares e similares. Recebeu seu registro e até o código sindical, que dá acesso à conta na Caixa Econômica em que são depositadas as contribuições sindicais. Em 2003, no entanto, a CUT passou a controlar a Secretaria de Relações do Trabalho e, por pressão do Sinthores, cancelou o registro do Sindrest. Cortez recorreu e conseguiu obter da AGU um parecer que considerou ilegal o ato do Ministério. “Não cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego interferir na conveniência e oportunidade de determinada categoria para fundar ou extinguir sindicato”, escreveu a advogada da União Carmen Tomasi de Abreu.

Questões sindicais à parte, a denúncia de Cortez reforça a suspeita de que o Ministério do Trabalho virou um grande balcão de negócios para abastecer os cofres da Força Sindical e de dirigentes do PDT. Na edição de 5 de agosto de ISTOÉ, a presidente da Federação Nacional dos Terapeutas (Fenate), Adeilde Marques, revelou que foi forçada a pagar pedágio para conseguir a liberação das cartas sindicais dos sindicatos filiados. Ela apontou o presidente da Força Sindical em Sergipe, Willian Roberto Arditti, como chefe do esquema no Estado. Segundo Adeilde, o registro custaria até R$ 40 mil. ISTOÉ mostrou ainda como Lupi e Paulinho da Força têm fabricado entidades sindicais para atender a interesses políticos e partidários. Em apenas três anos e meio, foram concedidos mais de 1,6 mil registros sindicais e outros 2,4 mil estão na fila de espera. Em média, surge um novo sindicato por dia no Brasil. O esquema está na mira do Ministério Público do Trabalho, que criou uma comissão especial de 16 procuradores para investigar as denúncias de ISTOÉ. O subprocurador geral do Trabalho, Ricardo Macedo, diz que a decisão foi tomada no fim de agosto, durante reunião nacional dos procuradores. “São denúncias graves que atentam contra a liberdade sindical”, afirma. Também devem integrar as investigações o MPF e a Polícia Federal. “É um caso que envolve não só o aspecto trabalhista, mas o criminal também.”

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SEM CARTA
Sindicato dos Trabalhadores em Bares e Restaurantes não teve registro reativado
As suspeitas envolvendo a concessão de cartas sindicais fragilizam ainda mais a posição de Lupi, que perdeu apoio dentro do PDT e do Palácio do Planalto. Na semana passada, ele teve de se defender de novas acusações de desvio de recursos em convênios com ONGs para capacitação técnica. Dois assessores tiveram seus nomes associados ao escândalo e já foram exonerados. Os deputados pedetistas Miro Teixeira (RJ), José Antônio Reguffe (DF) e o senador Pedro Taques (MT) pediram à PGR abertura de investigação. Lupi, confiante na relação de amizade com a presidente Dilma Rousseff, disse que não seria abatido facilmente e só deixaria o Ministério “à bala”. Dilma não gostou e mandou o ministro se retratar. Foi o que ele fez em depoimento na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, na quinta-feira 10. “Presidente, peço desculpas. Eu te amo!”, disse Lupi. Declarações de amor, contudo, não explicam as denúncias que pesam sobre o ministro e seus auxiliares.
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IVAN MARTINS - Mulheres mandonas - Por que os homens gostam tanto delas?



Mulheres mandonas - Por que os homens gostam tanto delas?
IVAN MARTINS
REVISTA ÉPOCA

IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA (Foto: ÉPOCA)
Conheço um cara que morre de medo da namorada. Ele não pega carona com mulher, não almoça sozinho com mulher, não fica de papo com mulher em público. “Vai que alguma amiga da Fulana passa e conta pra ela...” Entre as amigas e amigos, A Fulana virou uma instituição.

Uma vez, ele estava entrando no cinema com ela quando deram de cara com uma ex, que saia da sala. Sabedor da fera que tem em casa, meu conhecido fez um mínimo movimento com a cabeça, esboçou um terço de um sorriso e cumprimentou: “Oi Paula”. Foi o que bastou. Assim que a ex virou as costas, A Fulana saltou sobre ele, possessa: “Oi Paula? Oi Paula? Você pensa que eu sou idiota? Acha que eu não percebi?”...

Como o sujeito é bonito e as mulheres perceberam que ele está acuado, virou alvo das provocações femininas. É convidado a torto e a direito para sair, jantar, beber, dar e receber carona... Ofertas que ele recusa ou ignora, com a cara conformada de quem virou alvo das piadas do bando. Quando se queixa, não é da namorada, mas da falta de senso das colegas do trabalho, que não dão folga: “Assim a Fulana me expulsa de casa”.

 Se você está com pena dele, não perca seu tempo: o cara parece feliz. Todos os dias, quando volta para os braços da Fulana, ele renova a opção de ser controlado por ela. Como não tenho intimidade com ele, nunca perguntei por que topou um arranjo matrimonial que me parece tão opressivo. Mas tenho certeza que qualquer resposta que ele me desse não ajudaria a entender suas razões. Esse tipo de escolha nunca é racional e raramente é explicável. Os homens usam clichês como “Sou louco por ela” ou “Não me incomodo com o temperamento dela”. Mas esses lugares comuns não explicam nada. A verdade inconfessável é que muitos homens gostam de ser controladas, ou, de alguma forma íntima, precisam desse controle, embora protestem e esperneiem. Mas isso tampouco explica alguma coisa.

A combinação de mulher brava e homem obediente - qualquer que seja a razão da sua existência - é bastante comum. Lembro de um rapaz que trabalhou comigo e ficava vermelho só de falar com a namorada ao telefone. Se alguma das colegas resolvia fazer gracinhas durante um desses telefonemas reverenciais, ele ficava paralisado de medo. Outro colega contou que foi tirado da cama e posto a lavar roupa pela namorada na manhã de sábado, como se fosse um adolescente rebelde. Ele obedeceu, lavou até a última meia, mas jura que, naquele momento, decidiu que era hora de procurar outro apartamento. Continua com ela até hoje.
Não acho que seja o caso de zombar dos pobres coitados. Vistos de perto, somos todos patéticos. Mulheres doces nos impõem sua vontade com olhares tristes, mulheres organizadas dão ordem na nossa vida e se colocam no centro dela, mulheres maternais enchem a nossa casa de adoráveis crianças. Isso acontece todos os dias, envolvendo homens adultos com considerável caráter. Não acho que seja apenas o resultado da negociação entre iguais. Nem de coerção. Minha impressão é que os homens, quando admitem uma mulher na vida deles, assumem que elas vão de alguma forma tomar conta. Há uma espécie de rendição. Talvez comodismo. O grau em que isso acontece varia, mas a direção é sempre a mesma: elas controlam. Mulheres bravas só tornam explícita uma situação que na maior parte dos casos é sutil.
De onde vem esse comportamento? Da mãe, claro. Nós, homens, somos os filhos. Rebeldes ou obedientes, mas filhos. E elas, mulheres, são as mães. Bravas ou meigas, mas mães. É simples, é impressionante e às vezes me parece inexorável. Depois de ser gestado, parido, amamentado, alimentado, acalentado, aquecido, protegido e repreendido por uma mulher, durante toda infância e boa parte da adolescência, quando o nosso cérebro e nossa personalidade estão em formação, como é possível se relacionar com outra mulher sem assumir, em alguma medida, o papel de filho? Não sei. E a minha analista não me conta.

No dia-a-dia, o que os homens fazem é administrar a tendência controladora das parceiras e a sua própria vocação para ser domesticado. Falava ontem com um amigo que está casado pela segunda vez, com uma mulher consideravelmente mais delicada do que a primeira. Ele me dizia como, anda assim, é difícil manter o leme da própria vida. Ela é organizada, metódica, determinada e, se ele bobear, sequestra a agenda da casa. Como isso fez muito mal ao seu primeiro casamento, ele tenta evitar que se repita. “Às vezes eu engrosso só pra marcar posição, mesmo sabendo que ela vai prevalecer”, ele me disse.

O lado bonitinho disso tudo é que o laço da dependência se fecha apenas com amor. Se uma mulher tentar controlar um sujeito que não gosta dela, vai dar com os burros n’ água. Por linda ou gostosa que seja. O controle é emocional, não sexual. Em algum momento antes de se submeter, o cara tem de sentir medo de perder a atenção daquela fêmea terna ou esbravejante. Com o tempo, a obediência pode se converter em hábito, mas ela começa como paixão. Com o tempo, a submissão também pode se converter em ódio puro e simples, e esse é um bom motivo para evitá-la. Outro motivo é que esse tipo de relação broxa. As mulheres adoram nos domesticar, mas rapidamente enjoam de homens que precisam da aprovação delas para tudo. É um paradoxo que elas frequentemente não percebem – mas que nós, se gostarmos delas, deveríamos aprender a perceber. E evitar.

PS – Saio de férias nas próximas duas semanas. A coluna retorna (com energia renovada, eu espero) no dia 30 de novembro. Até lá!

Doze minutos de denúncias - REVISTA ÉPOCA


Doze minutos de denúncias
REVISTA ÉPOCA

Um empresário vendeu R$ 2,3 milhões em livros para a prefeitura de João Pessoa. Em vídeo, ele diz que parte do dinheiro foi para a campanha do governador da Paraíba

A mistura de negócios com a política – ainda mais em período eleitoral – levantou novas suspeitas de irregularidades, agora na Paraíba. O empresário Daniel Cosme Guimarães Gonçalves venceu no ano passado uma licitação da prefeitura de João Pessoa, capital do Estado. Foi pago – mas não viu o dinheiro. Em um vídeo de 12 minutos, Gonçalves afirma que o dinheiro público foi desviado para o caixa da vitoriosa campanha eleitoral do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), eleito no ano passado. Gonçalves diz que, entre os implicados na fraude, estariam Coriolano Coutinho, irmão do governador, seu “mentor em superfaturar e fazer caixa dois”, e Alexandre Urquiza, ex-chefe de gabinete de Ricardo Coutinho e atual secretário de Transparência Pública da prefeitura de João Pessoa.
Aos 36 anos, Gonçalves está acostumado a fazer negócios com governos. Ele trabalha com a distribuição de livros no Nordeste há mais de dez anos. Em fevereiro de 2010, sua empresa, a New Life, venceu uma licitação da prefeitura de João Pessoa para fornecer material didático a escolas da rede municipal. A compra dos livros foi financiada com recursos do Ministério da Educação. Na gravação, a que ÉPOCA teve acesso, Gonçalves afirma que cumpriu sua parte no contrato – forneceu os livros –, mas não recebeu o dinheiro combinado. Segundo ele, o representante da New Life, Pietro Harley Dantas Félix, sacou os R$ 2,3 milhões pagos pela prefeitura de João Pessoa e entregou uma parte ao grupo político do governador Ricardo Coutinho. Félix é amigo de Coriolano, o irmão do governador. Como evidência da irregularidade, Gonçalves afirma que os valores foram sacados por Félix numa agência do Banco do Brasil em Taperoá, cidade a 216 quilômetros de João Pessoa. O procedimento, segundo Gonçalves, não é comum na administração municipal.
Não fiz o vídeo para exploração política, mas para me resguardar"
Daniel Gonçalves, empresário
De acordo com Gonçalves, Félix só conseguiu fazer as retiradas porque contou com a conivência da prefeitura de João Pessoa, que emitiu cheques nominais a ele. “Fico me perguntando como a prefeitura pagou naquele mesmo dia três empresas com TED (transferência eletrônica) e, no meu caso, foram entregues cheques em nome de pessoa física”, diz. No vídeo, Gonçalves afirma que procurou Félix para receber o dinheiro. No dia 22 de outubro de 2010, Gonçalves registrou um boletim de ocorrência em que acusa Félix de ameaçá-lo. Ainda durante a disputa eleitoral, Gonçalves contou sua história a políticos da Coligação Paraíba Unida, formada por 12 partidos adversários de Ricardo Coutinho. A coligação enviou uma representação à Justiça Eleitoral contra a candidatura de Coutinho por crime eleitoral. Em julho deste ano, Gonçalves gravou seu depoimento em vídeo. “Não fiz o vídeo para exploração política”, diz Gonçalves. “Mas para me resguardar das ameaças que venho sofrendo.”
Gonçalves recorreu à Justiça da Paraíba para tentar receber os R$ 2,3 milhões da prefeitura de João Pessoa, hoje administrada por Luciano Agra (PSB). Agra era o vice-prefeito de Ricardo Coutinho até março de 2010. Em seu parecer, a Procuradoria-Geral de João Pessoa contesta os argumentos de Gonçalves. A Procuradoria afirma que Félix tinha plenos poderes para receber o pagamento porque tinha uma procuração de Gonçalves. Gonçalves nega que a procuração servisse para Félix sacar o dinheiro. Além do caso dos livros da New Life, na representação enviada à Justiça Eleitoral, os opositores do governador Coutinho relacionam Félix a outros negócios. Ele é acusado de ser ligado às empresas L&M Lojão do Escritório Ltda. e Soluções AP, vencedoras de licitações da prefeitura de João Pessoa. Os negócios somam cerca de R$ 3,7 milhões para fornecer livros, mas o material, segundo as acusações, não chegou às escolas. “Frise-se que essas empresas são fantasmas, inexistindo sequer prédio físico no endereço indicado nos seus contratos sociais”, afirma o texto da representação.
O governador Ricardo Coutinho nega que tenha ocorrido caixa dois em sua campanha. Coutinho afirma que só tomou conhecimento do caso durante a campanha eleitoral. Diz que cobrou explicações e foi informado pela Secretaria de Educação do município de que o processo de compra dos livros foi regular. ÉPOCA tentou falar com Pietro Harley Félix, mas ele não atendeu as ligações. Coriolano Coutinho trabalha na prefeitura de João Pessoa, como chefe da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlur). Assim como Félix, ele não respondeu às ligações. Alexandre Urquiza negou as irregularidades. “Não procedem as acusações. O pagamento foi feito a quem tinha poderes de recebê-lo”, diz Urquiza. “A procuração que consta do processo de licitação é a prova disso. Eles são sócios.” Gonçalves também nega a sociedade. “Como pode haver sociedade em empresa individual?”, afirmou a ÉPOCA. Urquiza também disputou a eleição de 2010. Ele fracassou na tentativa de ser deputado estadual, mas recebeu uma ajuda de R$ 6 mil da New Life. Segundo Gonçalves, a doação foi obra individual de Félix. “Eu nem sabia da existência dessa doação”, disse. Por enquanto, ninguém sabe responder onde estão os R$ 2,3 milhões pagos pela prefeitura de João Pessoa.

Chantagens, propinas e contradições


Chantagens, propinas e contradições
REVISTA ÉPOCA

O patrimônio do governador Agnelo Queiroz aumentou 413% entre 2006 e 2010. Personagens do submundo de Brasília o acusam de se beneficiar de desvios de dinheiro público nesse período

ANDREI MEIRELES, HUDSON CORRÊA E MURILO RAMOS

O passado recente do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), bate a sua porta a todo momento. Nas últimas semanas, Agnelo foi atingido por uma sequência de denúncias sobre suas passagens pelo Ministério do Esporte e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos dois casos, Agnelo se atrapalhou nas explicações. Falta esclarecer suas verdadeiras relações com o policial militar João Dias, responsável por desvios de dinheiro público de convênios do Esporte. Nesse caso, o governador terá oportunidade de apresentar suas justificativas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Agnelo não convenceu ao tentar justificar um depósito de R$ 5 mil em sua conta bancária feito por Daniel Almeida Tavares, um lobista do setor farmacêutico. Disse que o dinheiro era o pagamento de um empréstimo pessoal. A Polícia Federal investiga as acusações de que, na Anvisa, Agnelo beneficiou grandes laboratórios em troca de doações para sua campanha eleitoral de 2010. No rol de suspeitas, há casos mais graves. Agnelo é acusado de receber propina nos dois cargos ocupados no governo Lula.

Agnelo também tem dificuldades para explicar o crescimento de seu patrimônio no período em que pertenceu ao governo federal. ÉPOCA teve acesso a um processo que tramita na Justiça Federal no Rio de Janeiro. Nele estão anexadas suas declarações de Imposto de Renda entre 2003 e 2007. Não há bens declarados, apenas rendimentos auferidos com salários. Agnelo afirma que seus bens estão registrados no Imposto de Renda de sua mulher, Ilza Maria Santos Queiroz. À Justiça Eleitoral, no entanto, a cada eleição que disputa, Agnelo apresenta declaração sobre seus bens. Chama a atenção nessas declarações o salto do patrimônio próximo de 413% entre 2006 e 2010. Em 2006, quando se candidatou ao Senado, Agnelo relacionou bens – contas bancárias, três automóveis e um apartamento – com valor declarado de R$ 224 mil. Naquele ano, Agnelo declarou ter recebido R$ 187.899 de remuneração. Desse valor, Agnelo doou a seu partido de então, o PCdoB, R$ 42.368 – o equivalente a 22,7% de sua renda bruta.
Enriquecer na política (Foto: Fonte: <font color='#FF0000'><b>Tribunal Superior Eleitoral</b></font> (TSE))

No ano seguinte, a renda declarada por Agnelo caiu para R$ 57.642. Durante oito meses, até ser nomeado para uma diretoria da Anvisa em novembro de 2007, Agnelo recebeu apenas o salário de menos de R$ 3 mil mensais como médico da rede pública. Apesar disso, quatro anos depois, Agnelo entregou à Justiça Eleitoral uma relação de bens com valor cinco vezes maior: R$ 1,1 milhão. Entre as duas declarações, Agnelo comprou uma casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, e dois apartamentos. No ano passado, ÉPOCA mostrou que Agnelo construiu uma quadra de tênis e um campo de futebol em uma área pública ilegalmente incorporada ao terreno da casa.
Em nota, Agnelo afirmou que seu patrimônio cresceu porque a declaração passou a reunir os bens dele e da mulher. “A declaração de Imposto de Renda de Agnelo Queiroz, referente a 2006, é uma declaração individual de patrimônio”, diz o texto. “Em 2010, foi apresentada declaração de Imposto de Renda em conjunto com a esposa, Ilza Queiroz, do patrimônio agregado do casal.” Na declaração de Imposto de Renda apresentada por Agnelo referente ao ano de 2006, não há, porém, nenhum bem em nome do governador. Essa prática se repetiu, segundo os documentos em poder da Justiça Federal a que ÉPOCA teve acesso, nas declarações referentes a 2003, 2004, 2005 e 2007.
Pistas importantes para explicar o aumento do patrimônio de Agnelo surgem em conversas com João Dias e Daniel Tavares. Personagens do submundo político de Brasília, eles são ex-integrantes do PCdoB e, em alguns períodos, estiveram muito próximos a Agnelo. Nos últimos meses, ÉPOCA entrevistou os dois. Com Daniel Tavares, as conversas foram realizadas entre junho e a semana passada. Com João Dias, a entrevista foi feita há cerca de um mês, após a divulgação de suas acusações, que derrubaram o então ministro do Esporte, Orlando Silva.
Na semana passada, deputados de oposição no Distrito Federal divulgaram um vídeo em que Daniel afirma ter depositado R$ 5 mil na conta bancária de Agnelo em 25 de janeiro de 2008. Na ocasião, Daniel era lobista do laboratório União Química. Agnelo era diretor da Anvisa – órgão responsável por fiscalizar a União Química. Segundo Daniel, o dinheiro era um complemento a uma propina de R$ 50 mil paga a Agnelo. No mesmo dia do depósito, o então diretor Agnelo emitiu um certificado da Anvisa favorável à União Química. O PT saiu em defesa de Agnelo e apresentou outro vídeo. Nesse, Daniel muda radicalmente. Ele desmente sua declaração anterior e endossa a versão de Agnelo: o governador afirma que a remessa bancária era apenas o pagamento de uma dívida pessoal. Daniel diz que, no primeiro vídeo, gravado em outubro, apenas repetiu denúncias que constavam de um roteiro elaborado pela oposição.
Em junho, Daniel contou uma história diferente a ÉPOCA. Ele e seu irmão Cláudio procuraram a revista. Daniel se disse ameaçado por aliados do governador e afirmou ter provas de que Agnelo recebeu propina: a transferência bancária e um vídeo em que ele aparecia entregando dinheiro a Agnelo. Segundo Daniel, as ordens para pagar Agnelo vinham de Fernando Marques, em troca de favores na Anvisa. Daniel disse que, na campanha eleitoral, promoveu um leilão para vender o vídeo e o comprovante de depósito. Afirmou que, por uma questão de preço, não fechou negócio com aliados do ex-governador Joaquim Roriz, adversário de Agnelo. Daniel afirmou que, por ter preservado Agnelo, ganhou um emprego no governo.
Em entrevista a ÉPOCA, gravada, Daniel disse que a primeira vez em que entregou dinheiro a Agnelo foi depois da campanha eleitoral de 2006. Segundo Daniel, Fernando Marques presenteou Agnelo com um Fiat Palio branco, registrado em nome da União Química. “Era para o filho dele (Agnelo), para o filho dele”, afirmou Daniel. De acordo com ele, Agnelo preferiu receber o dinheiro da venda do carro, efetuada por Daniel numa loja de veículos. A mesma história do Palio branco, sem citar o nome do governador, foi divulgada pelo policial militar João Dias no início do mês passado. Pouco antes de denunciar o então ministro, Orlando Silva, João Dias criou o blog Em Rota de Colisão. Dias começou a distribuir ameaças. Entre elas, mencionou a história do carro.
Em outra nota, publicada no blog em outubro, João Dias faz uma ameaça velada a Agnelo. Ele afirmava que Daniel reclamava que ainda não recebera os R$ 250 mil prometidos para não denunciar Agnelo. Ainda não se sabem os argumentos que fizeram Daniel passar, na semana passada, de acusador a defensor de Agnelo. Como Daniel, João Dias também mudou de postura. Ele afirmou a ÉPOCA que criou o blog para reagir à demissão de seu amigo Manoel Tavares da presidência da corretora do Banco de Brasília (BRB). Dias disse que o motivo de sua revolta com o governo de Agnelo era o presidente do BRB, Edmilson Gama, a quem acusou de derrubar seu protegido. Em meados de outubro, João Dias deixou de atacar Agnelo. Na semana passada, Edmilson Gama deixou a presidência do BRB.
Em todas as ocasiões em que foi acusado, Agnelo caiu em contradição na hora de se explicar. Agnelo afirma uma coisa no início para, em seguida, confrontado com provas inequívocas do contrário, mudar sua versão. Assim que surgiram sinais de sua ligação com João Dias, responsável por uma fraude no Esporte, Agnelo afirmou que só o conhecia de contatos políticos. Depois que ÉPOCA divulgou gravações que mostravam intimidade entre os dois, Agnelo admitiu ser amigo de João Dias. O mesmo procedimento se repetiu com Daniel. Agnelo disse que só tivera com ele “reuniões de trabalho”. Depois, diante do comprovante de depósito de R$ 5 mil em sua conta, Agnelo disse que teria emprestado dinheiro a Daniel. Daniel estaria, portanto, apenas pagando uma dívida.
As ligações de Agnelo com os ex-patrões de Daniel exigirão mais explicações. No ano passado, a União Química doou R$ 200 mil para a campanha eleitoral de Agnelo. Ele também recebeu uma doação de R$ 300 mil da M Brasil. Trata-se de uma empresa de fachada, que pertence ao grupo controlador da distribuidora de medicamentos Barenboim S.A. Em dezembro de 2009, Agnelo contrariou as normas da Anvisa para favorecer a Barenboim. Agnelo ignorou uma proibição expressa e autorizou a Barenboim a atuar ao mesmo tempo como atacadista e varejista no mercado de medicamentos. No ano passado, a Anvisa não renovou a autorização por considerá-la ilegal. A Barenboim recorreu à Justiça e perdeu.
Depois de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, Agnelo é mais um governador do Distrito Federal em apuros por suspeitas de corrupção. Seu destino depende das investigações da Polícia Federal e de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça. Em nível local, as chances de as autoridades do Distrito Federal fazerem algo é remota. Na sexta-feira, o presidente da Câmara Legislativa, deputado Cabo Patrício (PT), arquivou cinco pedidos de impeachment de Agnelo, apresentados pela oposição. Agnelo também tem apoio do PT nacional. Na semana passada, o ex-deputado José Dirceu foi abraçar Agnelo em sua festa de aniversário. Os ingressos para a festa foram vendidos a R$ 50. Não consta que o pagamento pudesse ser feito por meio de depósito em conta.
- (Foto: Reprodução)

Um bispo e muitas polêmicas - REVISTA ISTO È


Um bispo e muitas polêmicas
REVISTA ISTO É

Dom Dadeus Grings coleciona declarações controversas e confusões na Justiça. A última causará um prejuízo de R$ 1,2 milhão à Igreja

Flávio Costa
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TOPETE
Aos 75 anos, o líder da arquidiocese de Porto Alegre desafia a Justiça a prendê-lo
Aos 75 anos, o bispo dom Dadeus Grings tem apetite pela polêmica. De sua boca já saíram declarações controversas a respeito de temas espinhosos, como holocausto, homossexualismo e pedofilia. Mas a ausência de temperança do atual arcebispo de Porto Alegre custou caro à Igreja Católica, que terá de desembolsar perto de R$ 1,2 milhão para indenizar por danos morais um trio de advogados acusados por ele de “falta de lisura” nos anos 1990. Mesmo diante da derrota judicial, dom Dadeus se nega a calar. Divulgou recentemente uma carta na qual afirma que o Judiciário brasileiro é corrupto e o desafia a prendê-lo. “Não posso, por coerência e dever de consciência, acatar esta sentença inválida e desrespeitosa”, escreveu.

O processo judicial que resultou na condenação do religioso e da diocese paulista de São João da Boa Vista deu início em 1997, após uma família da cidade de Mogi-Guaçu obter um alto valor indenizatório da prefeitura local, decorrente da desapropriação de um terreno para a construção de um trecho da Rodovia dos Trabalhadores (atual Ayrton Senna). Bispo da região, entre 1991 e 2000, dom Dadeus se indignou com o valor e atacou os advogados da família beneficiada, afirmando em carta que eles não deixavam impressão de lisura. “Equivalia a mil carros populares, na época, o dinheiro que a prefeitura precisava pagar, estava muito acima do que valia o terreno”, afirmou dom Dadeus à ISTOÉ. Os advogados o interpelaram judicialmente e o religioso se recusou a rever a acusação. Pelo contrário, ele intensificou as críticas em artigos publicados em jornais da região e durante as missas nas paróquias da diocese.

Nos autos do processo por injúria e difamação, os advogados Gildo Vendramini Júnior, Débora de Almeida Santiago e Gastão Dellafina de Oliveira, autores da ação, afirmam ter sofrido constrangimento público e prejuízos profissionais, pois chegaram a ficar um ano sem clientes por conta dos vitupérios de dom Dadeus. “Entreguei-os (os advogados) a Satanás”, afirmou o religioso. A condenação em primeira instância saiu em 2007 e obrigava o bispo e a diocese a pagar R$ 15 mil cada, acrescidos de juros, e mais 10% do valor como honorários. Os autores da ação recorreram ao Tribunal de Justiça de São Paulo e a corte paulista aumentou a indenização para R$ 300 mil. A decisão já transitou em julgado, o que impossibilita qualquer tipo de recurso. O cálculo atualizado chegou este mês a R$ 1,2 milhão. “Agi como cidadão e também não poderia me furtar ao meu dever de pastor”, diz dom Dadeus. “Esta decisão da Justiça é intromissão nos assuntos da Igreja e fere meu direto à liberdade de expressão.”

A Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) reagiu publicamente às acusações do arcebispo contra o Poder Judiciário. dom Dadeus já havia sido processado quase uma década atrás por uma magistrada gaúcha por chamá-la de ignorante. “Não podemos permitir que autoridades manifestem ofensas genéricas contra a Justiça brasileira pelo simples fato de não terem sido atendidas em suas demandas judiciais”, afirma o juiz João Ricardo Costa, presidente da Ajuris. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não quis se pronunciar sobre o caso, por considerar o assunto circunscrito à Diocese de São João da Boa Vista. A entidade já havia apagado outro incêndio provocado por dom Dadeus no ano passado, quando, durante assembleia geral, ele disparou contra homossexuais e acusou a sociedade de ser pedófila. Outras vítimas da incontinência verbal do religioso foram os judeus. Em maio de 2009, a comunidade israelita sentiu-se ofendida quando ele declarou que morreram mais católicos do que judeus na Segunda Guerra Mundial.

Em outro escândalo, o arcebispo teve uma postura meritória. Há poucos meses, a arquidiocese de Porto Alegre foi o epicentro de uma confusão em torno do sumiço de R$ 2,5 milhões, entregues a uma ONG portuguesa para custear reformas em igrejas gaúchas. Investigações da polícia do Rio Grande do Sul acabaram por indiciar pelo desvio o ex-vice-cônsul português na capital Adelino Vera Cruz Pinto. Ele tentou subornar dom Dadeus com dinheiro e promessas de promoção a cardeal para convencê-lo a não investigar a fraude na igreja. O religioso recusou a oferta e o diplomata é considerado, desde então, foragido da Justiça brasileira.

Procurado por ISTOÉ, o trio de advogados que ganhou a ação contra o arcebispo preferiu não falar publicamente, para “não fomentar mais polêmicas”. Para evitar a penhora de bens, a diocese de São João da Boa Vista ofereceu a eles um pagamento inicial de R$ 150 mil, três terrenos que valeriam outros R$ 250 mil e o parcelamento do restante da dívida. A negociação ainda está em andamento. “Quem sofre são os pobres beneficiados pelas ações sociais da diocese, que não é pródiga em recursos”, diz Vanderley Fleming, advogado da Igreja Católica local. Como está com 75 anos, dom Dadeus é obrigado a colocar seu cargo à disposição do Vaticano, que deverá transformá-lo em arcebispo emérito. Resta saber se a aposentadoria aquietará sua controversa eloqüência.
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ANCELMO GOIS - TOMADA DA ROCINHA



TOMADA DA ROCINHA
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 12/11/11

Logo mais, à meia-noite, a Avenida Niemeyer será fechada ao trânsito para facilitar a ação das tropas aliadas de tomada da Rocinha.


TOMADA DA... II
O Tribunal de Justiça fará um plantão especial para facilitar a emissão de mandados de busca e apreensão necessários à batalha da Rocinha.


TOMADA DA... III
Aliás, quinta, José Mariano Beltrame pegou o voo JJ 8069 da TAM para voltar de Berlim. Ao entrar no avião, teve seu nome anunciado pelo piloto. Os passageiros o aplaudiram demoradamente.


CASO MÉDICO
A depressão dos primeiros dias com o tratamento já passou, e o humor de Lula melhorou sensivelmente.


INÉDITAS DE DJAVAN
Djavan, 62 anos, entra em estúdio no fim do mês para gravar um novo CD.


BETHÂNIA E CHICO
Maria Bethânia abre semana que vem, em Curitiba, a turnê nacional de um show só com músicas de Chico Buarque. No espetáculo, vai recitar trechos de anotações inéditas feitas num caderno antigo do compositor.


NO MAIS
O tenente Disraeli, que recusou uma oferta de suborno de R$ 1 milhão do traficante Nem, é xará do inglês Benjamin Disraeli (1804-1881), escritor e político, que dizia, entre outras coisas:


– A vida é muito curta para ser pequena.


MUNDO DAS LETRAS
O coleguinha Arthur Dapieve será o editor responsável pelos autores nacionais do selo Objetiva, que publica não-ficção.


DE PARTIDA
O festejado publicitário Adilson Xavier, 56 anos, anunciou sua saída, no fim do ano, do cargo de copresidente da
Giovanni+Draftfcb. 


LÁ E CÁ
A oito meses das Olimpíadas de Londres, o serviço de imigração dos aeroportos britânicos está com um déficit de seis mil funcionários, fruto de cortes do pacote recessivo do governo. As filas nos controles de chegada e saída do país são absurdas. Um caos aéreo ameaça os Jogos. Deve ser terrível... você sabe.


CLUBE PARA LGBT
Abre amanhã, no Rio, um clube que, entre outras atrações, terá piscina, toboágua, pista de dança, quadras e enfermaria só para... gays. Chama-se Rainbow Club e anuncia ser o primeiro clube LGBT da América Latina.


FATOR AEROPORTO
Os passageiros do voo 3755 da TAM (Belo Horizonte-Rio), que pousou às 18h26min de ontem no Santos Dumont, ficaram 30 minutos trancados no avião, na pista, sem conseguir desembarcar, porque... não havia escada nem ônibus da Infraero.


‘DOWN NO SOCIETY’
Um empresário da Barra, no Rio, dono de uma concessionária de carros, deu golpe em mais de 15 bacanas do bairro. Pegava possantes usados em consignação, vendia e não repassava o valor aos donos. A 16a- DP já abriu mais de dez inquéritos contra ele por estelionato.


SEM O SUS
Deu no DO: dia 28 deste mês, o ambulatório da Santa Casa de Misericórdia do Rio será descredenciado do SUS.
Prejudicará pacientes que precisarem de internação. 


CENA CARIOCA
Quinta, no ato contra a tunga dos royalties do Rio, uma carioca estacionou o carro no Centro e, assim que desembarcou, um flanelinha disse: “Madame, vou vigiar seu carro, tá? Separa uns roit aí pra mim.” E ela: “Roit? O que é isso?” E ele: “Madame tá desinformada. Não tá vendo essa passeata? É pelos roit.” Há testemunhas.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Bafômetro
SONIA RACY
O ESTADÃO - 12/11/11

Água na champanhe de Tereza Cristina, de Fina Estampa. A ONG Instituto Brasileiro Contra Fraudes denunciou e o Ministério Público Federal, no Rio, analisoue acatou: investigará a novela das 9h, da Globo, por suposto abuso de álcool.

O Instituto fez as contas durante duas semanas: bebidas apareceram em 50 cenas.

Bafo 2
O documento aponta ainda discriminação contra o homossexual Crô, chamado de “bichona, biba maldita, bicha dos cachorrinhos frescos”.

E questiona a personagem adolescente Solange, que dança funk em trajes sumários ao som de Danada, vem que vem.

Classe instável
Ricardo Paes de Barros contabilizou: 60% dos trabalhadores formais no Brasil, que ganham até dois salários mínimos, representaram 80% do total de desligamentos durante 2010.

Moreira Franco apresentouo dado em Paris, quinta, na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Do vinho pra água
Na contramão de Lula, que era super elogiado por Pascal Lamy,Dilmae GuidoMantega levaram puxão de orelha durante o G20.

O diretor-geral da OMC reclamoudas medidas protecionistas do País, que está em 1º no ranking da organização.

Abrigo
Antonio Carlos Malheiros, da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJ, costura parceria com a Secretaria de Saúde. Quer agilizar, judicialmente, o encaminhamento, de jovens que saem dos centros de recuperação. Para abrigos ou novas famílias.

Muitos não têm lar ou não são aceitos de volta pelos pais.

Luxury
Mais uma marca de luxo desembarca no Brasil. A francesa Lexon, líder de vendas na galeria Lafayette, acaba de fincar bandeira em SP.

Para todos
Leopoldo Pacheco e Mel Lisboa entram de cabeça na Satyrianas, evento teatral na praça Roosevelt. Estão na peça O que Seria se Fosse, de Célia Regina Forte. Direção de Clarisse Abujamra.

Haverá também passeios culturais de bike e versão infantil da festa, a Satyrianinhas.

Anotações de Chico
Maria Bethânia selecionou trechos inéditos de anotações feitas por Chico Buarque em seus cadernos. Paraler,apartirda semana que vem, em show que percorrerá cinco cidades dentro do Circuito Cultural Banco do Brasil.

Foi Monique Gardenberg, idealizado ra do proj eto, quem apresentou os textos à irmã de Caetano.

Cinema falado
Boa notícia. Itaú e Sony Pictures negociam para implementar projeto definitivo de exibição de filme para deficientes visuais nas salas Unibanco de cinema. Usando audiodescrição, cena a cena.

Hoje, tem exibição experimental de Um Zelador Animal, no shopping Frei Caneca.

Em nome do pai
Tarcísio Meira e Glória Menezes disseram sim aAnibal Massaini. Aceitaram gravar depoimento para documentário sobre a vida de seu pai, Oswaldo Massaini.

A ser lançado em maio de 2012, marca os 50 anos da primeira Palma de Ouro do Brasil. Com O Pagador de Promessas, produzido por Massaini pai.

Na onda
A Globo Livros comprou os direitos de Bankerto theWorld. No qual Bill Rhodes, ex-Citibank, conta a negociação das dívidas de países emergentes nos anos 80 e 90.

Preparem-se
As ruas do Morumbi recebem, em dezembro, o Circuito Elas, série de provas de corrida voltadas a mulheres. No percurso, produtos e serviços de beleza, como massagens e ioga.

Na frente
• Mistério. Orlando Silva ainda não comunicou, oficialmente, ao PC do B sua decisão de disputar cadeira de vereador em Sampa.
• Kassab estará no Natal do Bem, do Lide. Dia 19, no Hyatt.
• William Daniel Phillips, Nobel de Física, dá palestra na Faap. Dia 23.
• Será lançado, hoje, livro sobre os 100 anos do Teatro Municipal de São Paulo, de Marcia Camargos. No próprio teatro.
• Lucélia Santos estreia o espetáculo teatral Alguém Acaba de Morrer Lá Fora. Hoje, no Sesc Belenzinho.
• O Museu Lasar Segall abre mostra com ilustrações de Fayga Ostrower. Hoje.
• João Luiz Vieira estreia como dramaturgo. Sua peça tem leitura, segunda, no Espaço Satyros Um.
• Carlos Antônio da Rocha Paranhos, embaixador do Brasil na Rússia, recebe, no fim do mês, Denise Fraga Henrique Goldman e Luiz Villaça. Para a Mostra de Cinema de Moscou.

ILIMAR FRANCO - Os números reais


Os números reais
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 12/11/11

A presidente Dilma recebeu as projeções reais de produção e renda do petróleo do Ministério de Minas e Energia. Em 2015, o Brasil vai produzir 3,91 milhões de barris/dia de petróleo e, em 2020, seis milhões. A renda de royalties e participação especial em 2015 será de R$ 38 bilhões e, em 2020, de R$ 56 bilhões. Esse último valor é inferior à projeção da Petrobras, de R$ 59 bi; e muito menor que a do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), de R$ 79 bi.

Compensação
Apesar de não estar nos planos da presidente Dilma uma compensação para a senadora Marta Suplicy (SP), o PT vai apresentá-la como cota do partido na reforma ministerial prevista para o fim de janeiro. A ex-prefeita é muito ligada ao presidente do partido, Rui Falcão. Seus aliados dizem que agradaria a Marta ir para os ministérios da Educação, no lugar do candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, ou da Cultura. Com isso, calculam os petistas, ficariam garantidos o envolvimento e o empenho de Marta na campanha. Na reforma, o PT pode perder uma pasta, caso a presidente Dilma convide o PSD a integrar o governo.

"Estes são os números que devenm orientar o debate sobre os royalties. Eles são realistas. Não podemos trabalhar com números e cifras hipotéticas demais" 
- Edison Lobão, ministro de Minas e Energia

DE PIJAMA. O general Augusto Heleno, ex-comandante da missão no Haiti, agora na reserva, está a todo vapor no Twitter. "Presidente Dilma declara: "O passado passou". E a Comissão da Verdade? Pra revirar o passado, só de um lado. Ou seja, revanchismo e incoerência", escreveu ele. Também sobrou para o ex-presidente Fernando Henrique: "Pode debitar na conta de FHC parte do acontecido na USP. Pregar a descriminalização da maconha incentiva o consumo e a impunidade, desde já".

Celebridades
Ambientalistas tentam levar para o Senado, no dia da votação do Código Florestal no plenário, artistas e personalidades contrários às mudanças, como Rodrigo Santoro e Gisele Bündchen. A ideia é dar um abraço no Congresso.

O piloto sumiu
O projeto de revisão do Código de Processo Civil corre o risco de ficar sem relator. Suplente, o deputado Sérgio Carneiro (PT-BA) perderá o mandato se os ministros Mário Negromonte e Afonso Florence caírem na reforma ministerial.

Código Florestal: perdas e ganhos
Apesar do recuo do governo na recuperação de áreas de proteção permanente em margens de rio, ambientalistas consideram que o texto do projeto do Código Florestal melhorou no Senado, ao demarcar as competências de cada ente da federação na área ambiental e recolocar no texto a proteção aos manguezais. Mas eles não pretendem reconhecer isso publicamente. Argumentam que seu papel no processo é tensionar, para tentar avançar ainda mais.

Surpresa
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), o convidado mais esperado para o aniversário do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, não apareceu na quinta-feira em Recife. Mas eis que, no meio da noite, chegou o ex-governador José Serra.

Esforço
A presidente Dilma não se conforma com o eventual esvaziamento da Rio+20. Ela trabalha para que os chefes de governo venham até o Rio, depois de participarem da reunião do G-20, no México, em 18 de junho de 2012.

O GESTO. O governador Sérgio Cabral, na quinta-feira, no ato Em Defesa do Rio, mandou chamar a prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, para ficar no primeiro pelotão de políticos no palanque da manifestação.

MINISTROS do governo Dilma estão defendendo que o Brasil adote o contrato temporário de trabalho durante a Copa do Mundo de 2014.

SURURU. O ex-deputado Raul Jungmann está batendo no PPS de Brasília. O partido participa do governo de Agnelo Queiroz (PT) e antes integrava a gestão de José Arruda, destituído por corrupção.