quinta-feira, dezembro 11, 2008

CLÓVIS ROSSI

O velhinho da Barão de Limeira


Folha de S. Paulo - 11/12/2008
 

Se morreu a "velhinha de Taubaté", me assumo como o velhinho da Barão de Limeira (a sede da Folha, para quem não sabe). Explico: eu acredito no presidente Lula. Ou melhor, não acredito nem nunca acreditei em presidente nenhum, nacional ou estrangeiro. Mas sou tonto o suficiente para acreditar na pregação de Lula segundo a qual o Brasil não será muito machucado pela crise.
Explico melhor: não acredito em retração no trimestre final do ano (2009, é outra história, a ser contada depois), ao contrário do que prevêem consultorias que falam em queda de até 1,3%. Minha credulidade não se baseia em ciência (até porque economia não é ciência; vide, a propósito, o artigo de ontem de Delfim Netto).
Baseia-se, primeiro, nos erros que as consultorias cometem o tempo todo. O caso do PIB é apenas o mais recente: o consenso de mercado era de crescimento de apenas 6%. Deu 6,8%, um erro, portanto, superior a 10%, que deveria desqualificar quem errou para o resto da vida.
Baseia-se também numa certa lógica, tosca, mas lógica. Não dá para acreditar que o país passe de um crescimento tão bacana para retrocesso. Que haverá desaceleração, é óbvio. Eu mesmo, bobinho como sou, já mencionei a hipótese de freada, mais que desaceleração.
Mas o que se está prevendo agora não é freada, e sim cavalo-de-pau, hipótese não autorizada nem pelos números ruins já divulgados.
Por fim, meus termômetros usuais (de novo, nada científicos) são o shopping em cujo banco tenho conta há 30 anos, o que me obriga a freqüentá-lo regularmente, e o supermercado da esquina. O ambiente que se respira em um e no outro não é de catástrofe. Diria até que é de "business as usual".
Posso estar completamente enganado, mas acho melhor me equivocar sozinho do que na companhia de quem erra habitualmente.

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