quinta-feira, novembro 20, 2008

COLUNA PAINEL

Recuo tático

Folha de S. Paulo - 20/11/2008
 

Com medo do STF e da repercussão negativa na mídia, deputados reunidos anteontem na casa de Arlindo Chinaglia (PT-SP) decidiram mudar o caminho para aprovar a janela de 30 dias durante os quais ficarão livres para trocar de partido. A proposta tramitará como emenda, e não mais como projeto de lei, o que deve empurrar sua aprovação para 2009. "Foi por temor da fase ultra-ativista do STF, que poderia considerar a emenda necessária", diz Flávio Dino (PC do B-MA). Pesou também a previsão de desgaste para a Casa, consideração feita, entre outros, por Michel Temer (PMDB-SP), candidato à sucessão de Chinaglia.
Alguns dos presentes, porém, avaliaram que, com os 2/3 exigidos para aprovar emendas, "a janela pode subir no telhado", em especial no Senado.

TV Senado
A despeito de sua reação de surpresa ontem no plenário, os governistas já tinham sido avisados de que Garibaldi Alves (PMDB-RN) mandaria de volta ao Executivo a MP das filantrópicas.

Teoria 1A decisão do presidente está amparada em estudo da consultoria legislativa do Senado. "A fundamentação de decisões administrativas é lastreada nos princípios da legalidade, impessoalidade, razoabilidade e moralidade. É difícil escapar à inconstitucionalidade da MP 446."

Teoria 2
O estudo afirma que se pretendeu privilegiar ilegalmente entidades endividadas. "Em termos práticos, podemos entender que o governo concederá favores fiscais por via oblíqua." 

Batman
Romero Jucá tentou por todos os meios, na sessão de ontem, dissuadir Garibaldi. Mas este não quis saber de conversa, mesmo reconhecendo que o peemedebista, líder de Lula no Senado depois de ter exercido a mesma função no governo FHC, "é homem de mil instrumentos". 

Facilitador
O presidente da CCJ do Senado, Marco Maciel (DEM-PE), designou Aloizio Mercadante (PT-SP) para relatar, na comissão, a proposta do governo que cria o Fundo Soberano do Brasil.
Isso pode acelerar a tramitação, já que o petista comanda a CAE, por onde a matéria também terá de passar.

Muy amigo 1
O governador José Roberto Arruda (DEM-DF) passou dias tentando convencer Lula a prestigiar o amistoso da seleção contra Portugal, sob o argumento de o presidente encontraria no Bezerrão um "público amigo". Nada feito. 

Muy amigo 2
Nas palavras de um auxiliar de Lula, "o último que prometeu um público amigo foi o Cesar Maia". Trata-se de referência à vaia recebida por Lula na abertura do Pan. O prefeito do Rio é correligionário de Arruda. 

Prodígio
Em reunião da Executiva do DEM, o presidente Rodrigo Maia apresentou Gilberto Kassab como "o homem que ganhou a Prefeitura de São Paulo, derrotou Marta Suplicy e, mais difícil do que tudo, conquistou a amizade de José Serra". 

Testemunhal
Na ação que apresentou ontem contra a União por ter sido filmado de pijama quando preso na Operação Satiagraha, o ex-prefeito Celso Pitta usou em sua defesa uma fala do ministro Tarso Genro (Justiça), que criticou a exposição dos detidos à "execração pública". 

Acadêmico
Mesmo com a Satiagraha em temperatura máxima, o novo responsável pela operação, Ricardo Saadi, está em Brasília participando de bancas na Escola Superior da PF. Mas não analisará o trabalho do aluno Protógenes Queiroz, que trata de inquérito. Saadi se dedica às teses sobre lavagem de dinheiro. 

Classificados
Assessor de imprensa de Marta Suplicy, Mario Moysés foi nomeado ontem secretário-executivo do Ministério do Turismo, já ocupado pela ex-prefeita. 

Tiroteio

"A crise só fez o preço do barril cair de US$ 140 para menos de US$ 50 e a Petrobras se desvalorizar em 14%. Fora isso, nada aconteceu." 

Do deputado 
LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES), sobre a declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, segundo quem os planos do governo para a exploração do petróleo do pré-sal não serão afetados pela crise.

Contraponto 

Returno

O líder Henrique Fontana (PT-RS) espantou a oposição na Câmara, ontem, ao anunciar a posição da base governista em favor da redução do número de MPs editadas pelo Executivo, "para buscar regime mais equilibrado entre os Poderes". José Carlos Aleluia (DEM-BA) comparou:
-É como se o Cristiano Ronaldo fosse defender o interesse da seleção brasileira. Muito estranho esse Cristiano Ronaldo da base governista agir por pura generosidade... Só pode ter algo aí para fortalecer o Lula, mas, se for isso, depois servirá para fortalecer o Serra.
O presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) concluiu:
-É que o Cristiano Ronaldo já passou por outros clubes. Ou seja, lá, como aqui, a roda gira!

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