sexta-feira, junho 29, 2012

Fraudes bancárias - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 29/06

Os bancos terão de responder por fraudes cometidas por clientes, como abrir conta com documento falso e saques indevidos.
A decisão foi do STJ, ao aprovar súmula sobre a responsabilidade bancária, que terá de ser seguida pelos tribunais do país.

Calma, santa

Do deputado Jair Bolsonaro, ontem, em outro discurso contra gays, ao ver que o colega Je-an Wyllys, porta-voz da causa homossexual, saía do plenário:
— Fica aí, Jean! Quem sabe a gente bebe chope hoje à noite?

Nigéria+20
Aboubacar Amadou Hadja-tou, funcionária do governo da Nigéria que veio à Rio+20, ainda não conseguiu voltar para casa.
Diz que foi furtada no shopping Rio Sul, ficou sem passaporte e não pôde embarcar. À espera de socorro de seu país, está na Penha, na casa de uma tradutora da conferência, que ficou com pena e a ajudou.

A filha do João
Luísa Faissol Gilberto, filha de João Gilberto e Cláudia Faissol, festejou seus 8 anos no restaurante Piantella, quarta, em Brasília, com a mãe e duas amigas.
No parabéns, veja só, pediu que o pianista da casa tocasse... “Chega de saudade” (Tom e Vi-nicius), sucesso na voz do pai.

Segue...
A miúda Luísa não só acompanhou o pianista como ainda cantou outras do repertório de João.

ACOLUNAPEDE
desculpas por publicar, pela terceira vez em menos de um mês, uma foto de Juliana Paes. Merecia mais. Aqui, a bela, que encanta o Brasil como Gabriela na novela homônima da TV Globo, retoca a maquiagem num ensaio da revista "Marie Claire” de julho. Na entrevista, aformosa diz que não é fácil ser livre, tendo vida pública: "Por que a gente se preocupa tanto com aopinião dos outros? Nisso, temos muito oque aprender com Gabriela."Ensina eu

Sois rei
Os adeptos da volta da monarquia no Brasil não se entregam, 123 anos depois da Proclamação da República.
Amanhã, monarquistas do país se reúnem no Windsor Florida Hotel, no Rio, para o XXII Encontro Monárquico, com a presença de príncipes da família imperial brasileira.

Paulinho, 70 anos
A produtora Via Press prepara um show pelos 70 anos de Paulinho da Viola. Será no Municipal do Rio, e haverá telões na rua.
Além disso, Paulinho deve sair em turnê por 12 cidades brasileiras. A produtora poderá captar R$ 3.181.860 pela Lei Rouanet.

Demora
Convidado em maio para ser diretor de Comunicação do Comitê Organizador Local da Copa de 2014, o jornalista Mário Rosa até hoje não assumiu o cargo.

Jovens escritores
Um dos pontos altos da Flip será o lançamento, pelo selo Al-faguara, dia 5, na Casa Azul, da badalada revista “Granta” com os 20 melhores jovens escritores brasileiros, cujos nomes só serão divulgados na hora.
A edição em inglês (veja a capa do designer britânico Mi-chael Salu) sairá no Reino Unido e nos EUA, em novembro, e nos países de língua espanhola, em 2013.

Lá e cá
Veja como a luta contra a violência não pode parar.
Chicago, EUA, que tem problema semelhante ao carioca, de gangues com controle territorial em zonas populares, mas sem armas pesadas, relaxou e voltou agora, 15 anos após a retomada dessas áreas, a registrar taxa de 18 homicídios por cem mil habitantes, com tendência de subir mais.

Jâ...
No Rio, a taxa de homicídios está em cerca de 23 por cem mil, com expectativa de queda para 20 até o fim do ano.

Aliás...
Entre a manhã de 26 de junho e a de ontem, houve um intervalo de cerca de 47 horas sem assassinatos na capital fluminense.
O dado é da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio.

Barba, cabelo e bigode - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 29/06



Com tempo de tevê e fundo partidário, o PSD vira um jogador de peso na eleição municipal e na sucessão do petista gaúcho Marco Maia no comando da Câmara. É na troca de bastão no Congresso que se dará o primeiro grande movimento do partido de Kassab

Com a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da concessão de tempo de tevê ao PSD de Gilberto Kassab, abre-se a porta da esperança à criação de novos partidos. Mas não se pode esquecer de que, nesse ramo, quem chega primeiro bebe água limpa. Daí, a grande vantagem de Kassab em todos os sentidos, uma vez que agora, além de talento, ele tem um partido de peso. Ontem, ainda na euforia do momento da vitória, os comandantes do PSD avaliavam o futuro de forma bastante otimista, já apontando inclusive algumas direções a seguir em curto, médio e longo prazo no cenário nacional.

À primeira vista, pode parecer que o PSD reforçará sua aliança com o PSDB, por conta do apoio a José Serra para prefeito de São Paulo. De fato, Alexandre Schneider, indicado por Kassab para compor a vice de Serra, se consolida na chapa tucana à prefeitura da cidade. Mas os laços mais íntimos com o PSDB paulista, pelo menos por enquanto, param por aí. Os pessedistas não se esquecem que partiram do DEM, do PSDB e do PPS os movimentos contra a cessão de tempo de tevê à nova legenda. E, para completar, o jogo do PSD envolve todo o espectro da política hoje.

Kassab não pretende se afastar do PT da presidente Dilma Rousseff ou do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos — as apostas mais viáveis do PSD rumo a 2014. Como o PSB não tem muitos braços em São Paulo, o grupo do prefeito paulistano considera a parceria com os socialistas capaz de lhes garantir uma posição mais confortável em busca de vôos mais altos no estado, como uma vaga ao Senado ou o governo paulista.

Enquanto as conversas para a sucessão presidencial moram ainda no terreno das hipóteses, o PSD acredita que seu teste a curto prazo se dará mais no campo congressual do que propriamente nas eleições municipais. O prazo das convenções termina amanhã, logo, não há muito tempo para alterar arranjos eleitorais. Mas o PSD terá, a partir de agora, espaço de poder na Câmara e lugar à Mesa Diretora na hora de discutir a distribuição dos cargos para o ano que vem. Por isso, a sucessão do petista gaúcho Marco Maia na Presidência da Câmara será o primeiro grande movimento do partido de Kassab.

As pitonisas da política têm certo que o PSD desembarcará nessa disputa com a força de um triturador de papel, picotando o acordo entre os partidos em torno da candidatura do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, a presidente da Casa. Primeiramente, porque interessa a muitos desestabilizar a aliança PT-PMDB — hoje fechados para fazer de Alves o sucessor de Maia. Não podemos esquecer que Eduardo Campos, um dos parceiros preferenciais de Kassab para o futuro, joga com a hipótese de ocupar o lugar de Michel Temer na chapa petista e, assim, se qualificar para concorrer à Presidência em 2018. Não por acaso, o governador de Pernambuco esteve ontem com Lula para explicar seus movimentos rumo à carreira solo em Recife. Para muitos, a conversa por si só foi um sinal de que o gesto do PSB de romper com o PT na capital pernambucana está longe de representar a queima de caravelas rumo a uma aliança nacional com Dilma ou mesmo com Lula.

Por falar em conversas de Lula…

Todas as vezes em que Lula e Eduardo Campos ficam mais de uma hora de prosa, o PMDB fica de orelha em pé. Aos peemedebistas, está cada vez mais claro que Campos e o PSD encorpado pelo tempo de tevê (e prestes a ganhar hoje o fundo partidário) estão prontos para buscar formas de tomar espaço na correlação de forças dentro e fora do Congresso. Passadas as eleições municipais e o julgamento do mensalão, esse será o próximo evento do calendário político onde cada partido mostrará mais um pouquinho o jogo futuro.

Para o PMDB, é na sucessão da Câmara e do Senado que os petistas terão a hora da verdade da aliança entre os dois partidos. Na hipótese de o PMDB se sentir escanteado do comando da Câmara ou do Senado, consequências para 2014 virão. Não dá para deixar de mencionar que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato a presidente da República, circula por todos os campos da política, ciente de que a grande rede de alianças do PT se romperá em algum pedaço — e se não for agora, na sucessão municipal, será na hora da troca de comando no parlamento. Por isso, ninguém tem dúvidas de que a ebulição da política começa agora, com a sucessão municipal, e não tem prazo para terminar. A novidade é quechega mais um ator com ares de estrela em cena: Gilberto Kassab. Para alegria de uns e infelicidade de outros, o talentoso Kassab não pode ser desprezado e entra no palco com barba, cabelo e bigode nos trinques. Se continuará assim ou perderá o estilo, o tempo dirá.

Petrobras nas mãos de Lula - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 29/06



"É uma história a ser aprendida, a ser escrita e lida pela companhia, de tal forma que ela não seja repetida", a presidente da Petrobras, Graça Foster, se referia à construção da refinaria Abreu e Lima em parceria com a PDVSA da Venezuela de Chave, mas serve também como síntese perfeita de toda a gestão da Petrobras no governo Lula e no primeiro ano de Dilma.

Graça Foster apresentou na segunda-feira o plano de negócios da companhia para o período de 2012 a 2016. Como resultado, as ações da Petrobras caíram 8% num só dia de pregão. Foram revisadas as metas de produção, baixando 700 mil barris por dia na produção estimada para 2020.

Para ela, as metas eram descumpridas sistematicamente desde 2003 por serem irrealistas.

A verdade é que, desde então, a Petrobras foi gerida de forma irresponsável, já que serviu a diversos interesses, menos ao interesse da própria companhia e do Brasil.

A Petrobras foi impedida de subir os preços dos combustíveis para não gerar inflação, arcando com a diferença dos preços internacionais para os domésticos, num claro subsídio. Tanto é que Graça fez questão de anunciar que este plano de negócios está condicionado à paridade dos preços internacionais aos domésticos, com o fim dos subsídios. Ou seja, haverá aumento dos preços dos combustíveis.

Com estardalhaço, o presidente Lula -pura bazófia- anunciou em abril de 2006 que havíamos conquistado a autossuficiência em petróleo. No entanto, a Petrobras não conseguiu fazer os devidos investimentos para manter aquela situação mesmo após as descobertas do pré-sal. A realidade é que em maio importamos 800 mil barris por dia e por essa razão é necessário acompanhar os preços internacionais para o equilíbrio financeiro da empresa.

A Petrobras foi usada como palco de campanha para Lula anunciar obras faraônicas que foram inauguradas e reinauguradas como navios que não navegam, e como a refinaria Abreu e Lima, que deveria estar pronta em 2011 e entrará em operação, segundo a nova estimativa, somente em novembro de 2014, com um custo nove vezes acima do previsto inicialmente.

Outras duas refinarias anunciadas por Lula, uma no Maranhão e outra no Ceará, voltaram ao rol de projetos em avaliação, sem data para entrada em operação.

As diretorias da Petrobras e de suas subsidiárias foram usadas no governo Lula como moeda de troca política, tendo sido inteiramente aparelhada pelos partidos da base aliada. Não houve gestão profissional e técnica.

O resultado: a Petrobras, patrimônio de todos os brasileiros, vai perdendo seu valor.

Esse é sempre o resultado do aparelhamento do Estado por partidos políticos: má gestão, desperdício de recursos, péssimos serviços públicos e corrupção. No entanto, o valor da educação, da saúde e da segurança não está na Bovespa para ser facilmente medido, mas é sentido pelo povo em perdas humanas irreparáveis.

Passou da hora de termos gestão profissional não só das empresas estatais, mas de todo a máquina pública brasileira.

A reforma democrática do Estado precisa voltar imediatamente para a agenda, com a diminuição de cargos de livre provimento e critérios claros e técnicos para seu preenchimento.

Braços dados com o poder - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 29/06


BRASÍLIA - O PSD do prefeito Gilberto Kassab passa, desde ontem, a ter direitos e prerrogativas e a pesar no tabuleiro partidário e eleitoral.

O Supremo decidiu que os deputados federais de novos partidos valem para a contagem do tempo de TV e para o rateio do Fundo Partidário. Evita, assim, um estouro da boiada no PSD antes da eleição municipal e abre uma promissora janela para a formação de novas siglas -em tese, até para um novo quadro partidário.


O PSD é a quarta maior bancada da Câmara, com 48 deputados. Em vez de 54 segundos, passa a ter (ou a ceder aos candidatos aliados) dois minutos e dois segundos no rádio e na TV. E, em vez de R$ 43 mil, terá R$ 1,6 milhão mensais do Fundo Partidário. Tudo à custa das sete legendas que perderam quadros para ele, principalmente o DEM.

Em São Paulo, não há mudança objetiva para José Serra (PSDB), pois ele ganha do PSD, basicamente, o tempo de TV que perde do DEM. Mas há efeitos políticos: Kassab e o PSD têm agora armas para guerrear contra a chapa puro-sangue (tucano-tucano) e disputar a vice.

A aliança Serra-Kassab parece uma soma de rejeições, mas é também de interesses. Nos 45 dias de TV, o PT será algoz de Kassab, e Serra, o seu grande advogado. Kassab espera sair da eleição com mais popularidade do que entrou, dê no que dê. A ver.

Mas os efeitos mais diretos do PSD continuam sendo sobre o minguado DEM, e quem mais perde são os candidatos Rodrigo Maia e ACM Neto. O PSD apoia o PMDB de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, no Rio, e o PT de Jaques Wagner e Nelson Pellegrino, em Salvador. Qual o critério? A ideologia do poder: o bebê PSD vem ao mundo de olho vivo, só se alia com quem tem mais chances de ganhar.

Aliás, Jorge Bornhausen se encontrou ontem com Eduardo Paes, e a senadora Kátia Abreu (TO) desceu a rampa no Planalto de braços dados com Dilma. Bornhausen é mentor e Kátia é a cara do PSD.

Sarney, Lula e Maluf, ode ao amor - GUILHERME ABDALLA

BRASIL ECONÔMICO - 29/06

Recebi há pouco e-mail bastante criativo. Segundo os internautas, a jornalista Cristiana Lobo, da Globo News, teria mencionado que Lula teria o sonho de ser lembrado como um grande estadista brasileiro, algo parecido a Getúlio Vargas.

Em seguida, indagam os internautas: "A ideia parece excelente, mas o que nós queremos saber é: quando será o suicídio?"

A história dos estadistas brasileiros é realmente fascinante. Voltemos ao tempo da ressaca pela derrota das "Diretas-já", em 1984, quando imediatamente se iniciaram as articulações para a escolha do sucessor de João Figueiredo que seria feita pelo então Colégio Eleitoral.

Numa ponta, o PDS tinha dois candidatos: o vice-presidente Aureliano Chaves e o coronel Mário Andreazza (favorito dos militares), ambos atropelados por Paulo Salim Maluf, que à época já era deputado federal, com 673 mil votos.

Nascido em 1931, filho de libaneses e mui amigo do presidente Costa e Silva, Maluf entrou na política pela porta dos fundos em 1969, quando foi nomeado prefeito de São Paulo. Dez anos depois, também por eleição indireta, tornou-se governador.

Sua candidatura à Presidência talvez tenha mudado a história do país, seja pela muito possível eleição de Mario Andreazza, seja pela dissidência por ele causada e que resultou no rompimento de Aureliano Chaves, Marco Maciel e José Sarney (que iniciou sua carreira pública sob apadrinhamento do coronel Vitorino Freire, "dono" da política maranhense, passando oportunamente a ser protegido de Castelo Branco e, portanto, contra as diretas) e criação do PFL.

Não fosse por Maluf, o PFL não teria se unido ao PMDB para formação da "Aliança Democrática" e indicado Sarney ao cargo de vice-presidente de Tancredo Neves, que já havia sido ministro da Justiça de Vargas, estadista preferido de Lula.

Sem Maluf, Tancredo não teria recebido vitoriosos 480 votos no Colégio Eleitoral e Sarney não teria assumido a presidência em abril de 1985.

Noutra ponta, não fosse a legalização dos partidos de esquerda por Sarney, em maio de 1985, e a retomada das liberdades civis por meio da nova Constituição de 1988, o PT nunca sairia da clandestinidade para se tornar então um partido fraco e menosprezado. Lula, seu líder, o inspirador de greves, aprendeu a negociar alianças com base na pressão coercitiva, na exploração de desempregados e analfabetos.

Sem a consequente ameaça de Lula, Fernando Collor não teria o apoio da elite nacional nos ataques contra o governo de Sarney e deixado Maluf para trás (5ª posição) no primeiro turno das eleições de 1989. Lula não teria adquirido magnitude não fossem as peripécias de Collor.

Lula não estaria agora tomando vinho com Maluf para saciar sua fome psicopata e desdenhar da fraca memória dos assalariados.

Na política do tudo é possível para permanência do poder, a primeira vítima é a verdade. Alianças inimagináveis são celebradas desde que abençoadas pelos aprendizes de Goebbels. Sarney do coronelismo, Lula do mensalão e Maluf da Interpol: parece piada sem graça, mas é uma linda história de amor.

Lex Germana em Bruxelas - PAULO RABELLO DE CASTRO

BRASIL ECONÔMICO - 29/06


Algumas conclusões precedentes à reunião dos chefes de Estado da União Européia em Bruxelas, a partir deste 28 de junho, podem ser especuladas por quem acompanha de perto a evolução da crise no Velho Continente.

A primeira grande conclusão é a respeito do tamanho e da permanência da Alemanha no contexto europeu. Tanto politicamente como no plano econômico, a pátria de Goethe ficará na União Europeia e nela será ainda maior do que quando entrou no caldeirão da crise. Os números falam por si.

A Alemanha representava 19,6% do PIB europeu (dos 27 países) em 2007. Mesmo sem o efeito de valorização cambial que lhe daria expressiva vantagem, seu PIB ganhou quase mais um ponto percentual até 2011. E a comparação com a Eurozona da moeda comum, de 17 países, mostra uma Alemanha com 27,3% do PIB dos Dezessete.

O comércio externo alemão é majoritariamente regional. A Alemanha está para seus pares quase como São Paulo na federação brasileira, que tem algo como 32% do PIB brasileiro.

A segunda e importante implicação é sobre a "Lex Germana", uma maneira de expressar - sem ferir suscetibilidades - a realidade futura de quem dará as cartas e estabelecerá as regras de transição para uma Europa unida.

Não será ainda, provavelmente, desta vez e nesta cimeira de Bruxelas, que veremos a adoção das regras induzidas pela disciplina alemã de fazer as coisas acontecerem. Mas a Lex Germana já está no seu tempo de preparo. Merkel tem um caminho longo a percorrer até conseguir aparar todas as resistências internas ao pedágio que terá que pagar e, no âmbito externo, aguardar que todos os restantes esqueletos financeiros saiam dos armários nos países problemáticos.

Cada anúncio de socorro incompleto acaba se revelando um desastre contra a liderança alemã. É preferível manter o silêncio, num exercício de frugalidade política, a sair falando bobagens sobre um resgate financeiro-fiscal de altíssima complexidade, cujos meandros ainda estão parcialmente invisíveis.

A declaração do mega-aplicador George Soros, especulando sobre o fracasso da cimeira de Bruxelas, é pura vontade de aparecer na mídia. Que não existe a chamada "bala de prata" (silver bullet) para o impasse europeu no curto prazo, é fato sabido por todos os que acompanham de perto seu desenrolar.

Hoje, é puro jogo de espera e show de ativismo político para a platéia mundial, enquanto se debatem, reservadamente, quem pagará quanto e para quem, assim que todos os prejuízos forem levados à liquidação nos balanços públicos e privados. Por isso, não se pode pedir à Alemanha e à líder Angela Merkel um apressamento do passo até a resolução do impasse financeiro e a criação de uma nova ordem fiscal europeia.

Quem deveria estar apressando o passo é o Brasil. Nosso rolo fiscal e financeiro ficou para trás. Na era Dilma, nosso desafio é achar o caminho de um modelo de tocar a economia de modo mais eficiente. Já sabemos como extrair renda dos particulares para os cofres do governo.

Já fomos mais longe nisso do que qualquer europeu ou americano. Só ainda não aprendemos como devolver tanta grana à sociedade sem jogar fora uma boa metade dela ao longo do caminho de volta.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 29/06

Marfrig passa a vender em supermercados da China

A marca Seara, do Grupo Marfrig, começou a ser comercializada neste mês em supermercados na China pela rede britânica Tesco.

Os cortes da marca vendidos no grande varejo chinês serão inicialmente de frango, particularmente as asas. Até o final deste ano, entram carnes bovina e suína, segundo o presidente da companhia, Marcos Molina. Oferecidos nas principais cidades do país, em 124 lojas, os cortes são produzidos nas unidades Itapiranga (SC) e Lapa (PR).

A marca, entretanto, já tem plantas na China para abate e produção de industrializados, além de centro de distribuição. No ano passado, o Grupo Marfrig formou duas joint ventures no país com empresas locais.

"Uma importante fonte de demanda para a Seara Foods na China vem das redes de fast food KFC, que é muito grande no país, e do McDonald's", diz Molina.

A companhia também negocia a comercialização com outras redes de supermercados no país, de acordo com o executivo.

"A Seara já comercializava produtos 'in natura' e industrializados lá. Foi a primeira empresa brasileira a exportar carne suína para chineses", acrescenta.

R$ 22 bilhões foi o faturamento bruto da empresa no ano passado

R$ 1,6 bilhão foram exportados pela empresa no 1º trimestre deste ano

90 mil é o número de funcionários

22 são os países onde há unidades

140 são os países onde a companhia comercializa seus produtos

Receita com licenciamento em clubes ainda é baixa no Brasil

A importância da prática do licenciamento para as receitas dos clubes cresce no Brasil, mas ainda está longe de atingir seu potencial.

A somatória das receitas com royalties de um grupo de clubes que inclui Corinthians, São Paulo, Flamengo, Internacional, Grêmio, Palmeiras e Fluminense ficou em R$ 57,89 milhões em 2011, ante R$ 10,87 milhões em 2007, de acordo com estudo da consultoria BDO.

Os licenciamentos equivalem a vendas de artigos esportivos ligados aos times, impressão das marcas em objetos variados e aberturas de lojas ou escolas de futebol com a bandeira das equipes.

"Alguns são mais evoluídos nisso, como o Inter, outros, como o Flamengo, menos. Tudo depende da gestão das marcas", diz Amir Somoggi, diretor da área de consultoria esportiva da BDO.

A globalização dos clubes pode contribuir para elevar as receitas, segundo o consultor. "O Real Madrid vende camisa aqui no Brasil. Até um time brasileiro vender camisa na Europa, há muito potencial. Isso é um bom termômetro da gestão das marcas."

SEM CONTENDA

Gerou algum desconforto no BNDES a versão de que Luciano Coutinho, presidente do banco, teria saído vencedor na disputa com Guido Mantega, ministro da Fazenda, pela redução da Taxa de Juros de Longo Prazo, a TJLP.

Mantega estava reticente quanto ao corte de 6% para 5,5% ao ano da taxa usada em empréstimos do BNDES, que acabou saindo.

Pessoas do banco que acompanharam as conversas sobre a definição do novo percentual sustentam que não houve divisão na área econômica nem embate.

"O BNDES apenas deu subsídios para a decisão que é tomada pelo ministro, não pelo banco", afirma um desses observadores.

NÚMEROS

R$ 120 MILHÕES foi o faturamento de 2011 da empresa

QUATRO são os centros de distribuição (GO, MG, SP e PR)

PAUTA DE EXPORTAÇÃO

O perfil das exportações brasileiras a países como Jordânia, Bahrein e Egito começou a mudar, segundo a Câmara Árabe, que receberá empresas dos Emirados Árabes em julho no Brasil para tratar de novos negócios.

O modelo atual abrange principalmente frango, carne, açúcar, soja, milho e café. "A ideia é ter mais alimentos processados e industrializados como chocolates, balas, geleias, sucos", diz Michel Alaby, da Câmara Árabe.

Os mercados de países árabes importam ao ano cerca de US$ 80 bilhões de alimentos, segundo a entidade.

18% é o maior crescimento esperado pela Câmara Árabe nas exportações em 2012 com relação ao ano passado

US$ 10,6 bilhões foi o volume importado do Brasil pelos países árabes em 2011

US$ 5,5 bilhões foi o volume enviado até maio

Novo... A Kraft Foods Brasil irá investir R$ 15 milhões para promover sua nova linha de chicletes Trident. A expectativa da empresa é aumentar as vendas do produto em cerca de 20%.

...sabor "Reformulamos nossos produtos a cada dois anos", diz Vinicius Germano, diretor da companhia.

Financeira A carioca Lecca começa em julho a operar em São Paulo na área de crédito empresarial. O foco será fazer negócio com empresas que faturam até R$ 300 milhões.

VIDRO GAÚCHO

A empresa gaúcha Vidroforte investirá R$ 20 milhões na construção de sua terceira fábrica.

A planta produzirá vidros de até 12 m2, utilizados principalmente em aeroportos e estádios de futebol.

As obras da nova unidade, que ficará em Três Cachoeiras (RS), já estão sendo iniciadas e devem ser concluídas até março de 2013.

Apenas vidros para a construção civil serão produzidos no local. As outras duas plantas da empresa, que ficam em Caxias do Sul, passarão a fabricar apenas para o setor automobilístico.

A empresa não informa a capacidade de produção da futura unidade. "Com a crise, não podemos prever o volume. Vamos trabalhar conforme a demanda", diz o sócio da empresa Herberto Heinen.

"Sempre investimos em períodos difíceis para estarmos preparados para o momento em que a economia estiver aquecida", acrescenta.

De sucos, cartola e a história do croissant - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


O Estado de S.Paulo - 29/06


Prestes dando a mão a Getúlio que matou Olga Benário.
Lula estendendo a mão a Maluf.
A indignidade humana não tem limites.



Nas minhas viagens ao Norte e Nordeste, sempre me intrigou a ausência de frutas típicas da região. Nunca me esqueço de um hotel de São Luís. Num fim da tarde quente, desci ao bar da piscina e pedi uma caipirosca.

- De quê? Limão ou abacaxi?

- Não, quero uma fruta regional. Tem alguma?

- Tem sim.

- Qual?

- Kiwi.

Assim, por um processo misterioso, mágico, uma fruta do Sul da China, tornou-se nortista. Optei pelo limão, era mais seguro. No Recife, recentemente, me ofereceram a polpa de bacuri. "Quero a fruta mesmo." Não tem, respondeu o barman. A não ser em Belém do Pará, onde há casas de sucos maravilhosas, fica difícil topar com produtos da terra. Indo a Belém, peçam o suco de pinha. De nos levar ao céu. Também na recente viagem ao Amazonas, de vez em quando, no barco, havia algo típico. Inesquecível é a casa de sucos cremosos do Abraão, em Teresina, que existe desde 1957. Filas e mais filas. Um copão de meio litro custa apenas R$ 1,50. E vem com um poeminha que Abraão faz na hora para você, por ser repentista.

O que significa? Vergonha das coisas da terra? Cajá, bacuri, sapoti, graviola, pitomba, mangaba, tucumã, ingá, buriti, bacuri, melão de cheiro, pitanga, seriguela. Sabores inusitados. Aliás, o que anda acontecendo com nossas frutas? Perceberam que morango não tem mais gosto de nada nesta terra? Isopor puro. Antes, havia épocas de morangos, mas com as experiências genéticas (ou seja lá o que for) temos a fruta o ano inteiro. Ou não temos fruta nenhuma.

Antigamente, dava prazer descer para tomar um café da manhã nordestino. Era insensato quem pedisse no quarto, chegava o celebre Continental, tipo americano: ovos mexidos, queijo, pão, manteiga, suco de laranja. O prazer era ir ao restaurante e dar com aquela longa mesa. Enchia os olhos, enchia a boca d'água. Por essa razão, tive um reencontro feliz no Recife, no Hotel Marante, modesto, perfeito.

Fui para o café, esperava encontrar Adriana Falcão que falaria nessa noite na 3.ª Mostra Sesc de Literatura Contemporânea, que reuniu um mundo de estrelas do ofício (foi um sucesso), mas ela acabou não descendo. Há anos, Adriana e eu temos nos desencontrado. Estamos juntos num projeto, ela vai para uma cidade, eu para outra. Falo num dia, ela fala no outro. Pessoa querida. Somente a visão do bufê me consolou da ausência da Adriana (ah, como eu queria ter sido roteirista como ela). A mesa, criação de mestre Erivaldo, começava com sucos de caju e pitanga (este cada vez mais raro). Seguido por munguzá (canjica), cuscuz de massa de mandioca, macaxeira, inhame, cuscuz paulista, pão assado, cartola (fatias de banana comprida com queijo por cima), pão de macaxeira, rabanada, angu, bolo de rolo, bolo de mandioca, de fubá e formigueiro. E uma tapioqueira de primeira linha. Como a manhã estava livre, fui provando daqui e dali. Por sorte, me fortaleci e segui para o aeroporto, ia viajar naquela empresa que só dá barrinha ou cobra lanche.

Já que o assunto é comida, conto uma descoberta minha na recente viagem à Grécia. Naquelas tardes no terraço da Rua Iperiou, de onde contemplávamos a Acrópole, Renato Faria, que sabe de tudo um pouco e de pouco um tudo, contou do croissant que a maioria pensa ser francês, mas não é. É vienense. O croissant? Ah, as abobrinhas eternas são deliciosas, como diz Renato. A versão mais plausível é aquela que conta sobre o último grande cerco de Viena pelos turco-otomanos (muçulmanos) em 1683. Uma ameaça não só aos austríacos, mas a toda a Europa Oriental. Lá pelas tantas, o rei da Polônia, Jean Sobieski, foi com uma tropa de 30 mil soldados para dar uma força ao imperador da Áustria (imperador do Sacro Império Romano-Germânico) e seus aliados. Cheio de fúria, Sobieski pôs os turcos a correr e acabou com o cerco da cidade. Os inimigos fugiram apressadamente e deixaram seus acampamentos intactos.

Foi ali que os vencedores encontraram a massa folheada (típica das iguarias orientais). Os padeiros de Viena estudaram a massa e a reproduziram em um pãozinho em forma de lua crescente (símbolo dos otomanos). Nascia o croissant. Cem anos mais tarde, Maria Antonia casou-se com o delfim de França e tornou-se a rainha Marie Antoinette. Frugal, ao contrário do marido, um glutão, Maria Antonieta (entre nós) não passava sem seus quitutes. Foi ela quem levou o croissant para a França, ao lado de outros docinhos hoje chamados viennoiseries.

Nome de rua - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 29/06


RIO DE JANEIRO - Quando morre um ilustre, não faltam admiradores propondo o seu nome para uma rua. Não importa que a rua já tenha o nome de outro ilustre que, em seu tempo, também mereceu ser homenageado -mas cujas glórias esmaeceram tanto que, com os anos, não se sabe mais o que ele está fazendo naquela placa. Alguém então sugere trocá-lo pelo ilustre recém-morto.

Ótimo, mas quem paga a conta são os moradores e comerciantes da dita rua, obrigados a alterar seus documentos para o novo nome. A grita às vezes é tão grande que a homenagem se frustra. E o ilustre original também tem seus direitos, não? Em 1994, a família do engenheiro carioca Vieira Souto (1849-1922), responsável pela construção do porto do Rio, compreensivelmente barrou a ideia de se alterar o nome da sua avenida para Antonio Carlos Jobim.

Nova York descobriu como prestar essas homenagens sem mexer com a tradição. Em algumas esquinas, logo abaixo da placa oficial, afixa-se outra com os dizeres: "Duke Ellington corner", "Jelly Roll Morton place" etc. Ninguém é prejudicado e faz-se a homenagem do mesmo jeito.

Millôr Fernandes, que morreu em março último, sabia que, um dia, seria nome de rua em Ipanema. Mas não queria desalojar ninguém. Contentava-se com que dessem seu nome a um banco na calçada do Arpoador, onde as pessoas pudessem sentar-se e contemplar o maior pôr de sol urbano do mundo.

Nesta tarde, Fernanda Montenegro, Jaime Lerner, Ferreira Gullar, Fernando Pedreira e outros cidadãos de Ipanema vão levar essa reivindicação ao prefeito Eduardo Paes. Mas é pouco. Donde aproveitarão para pedir que o larguinho sem nome, no mesmo Arpoador, junto à praia do Diabo e reduto do frescobol, passe a chamar-se -a exemplo do largo do Machado, do largo da Carioca e de outros históricos largos cariocas- largo do Millôr.

Teto furado - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 29/06



Desde quarta-feira, qualquer indivíduo com acesso à internet pode digitar em seu navegador o endereço eletrônico www.portaldatransparencia.gov.br e obter informações sobre a remuneração dos servidores públicos federais brasileiros. Os únicos a não figurarem na lista são os militares, que terão informações disponibilizadas apenas a partir de julho. Fazem parte desse banco de dados, por exemplo, os vencimentos que a presidente Dilma Vana Rousseff percebe por uma jornada de trabalho de 40 horas semanais no Palácio do Planalto: R$ 26.723. Com os descontos de Imposto de Renda (R$ 6.473) e de INSS (R$ 430,78), o valor líquido foi de R$ 19.818. Esses dados, referentes a maio, serão a partir de agora atualizados mês a mês.
A divulgação das informações pelo governo federal, por meio do Portal da Transparência, atende às disposições da Lei de Acesso à Informação, que entrou em vigor no mês passado. Segundo a Controladoria-Geral da União, que opera o portal, os dados divulgados se baseiam em informações contidas nas fichas financeiras dos servidores ativos do Executivo federal, disponibilizadas pelo Ministério do Planejamento e pelo Banco Central.
Da leitura dos números, depreendem-se conclusões preocupantes, entre as quais a de que altos funcionários da administração, incluindo-se aí ministros de Estado, recebem montantes acima do teto salarial do serviço público, fixado em R$ 26.723,13, valor dos vencimentos de ministro do Supremo Tribunal Federal com assento no Tribunal Superior Eleitoral. A ultrapassagem do limite máximo de vencimentos se dá por meio de jetons por participação em conselhos de administração de estatais. O pagamento desses anabolizantes tem sido instrumento frequente para elevar a remuneração do primeiro escalão do governo.
Outro aspecto negativo é a ausência, no levantamento, dos vencimentos de pelo menos 10 ministros, a maioria licenciada de mandato no Senado. O governo afirma que, nesse caso, cabe ao órgão de origem informar o valor. Com isso, abre-se mais uma brecha para burlar, na prática, a lei que determina a publicidade dos valores percebidos dos cofres públicos por servidores.
Infelizmente, não se trata de distorção exclusiva do Executivo. A extensão da boa prática da transparência a outros poderes revelará casos semelhantes no Legislativo, no Judiciário e nos Tribunais de Contas de Estados e municípios. Tanto Legislativo quanto Judiciário já confirmaram que abrirão seus dados, mas não fixaram data para o anúncio.
Resta esperar que a indignação resultante da vinda a público desses e de outros dados sirva de ponto de partida para um movimento de revisão das distorções salariais ora verificadas. A propósito de malfeitos envolvendo recursos do Erário, o ex-juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Louis Brandeis costumava afirmar: "A luz do sol é o melhor desinfetante". Queria com isso dizer o magistrado que a publicidade, princípio constitucional que norteia o serviço público, tem efeito benéfico sempre que se trata não apenas de corrigir, mas também de prevenir o mau uso do que é de todos.

Banquete dos mendigos - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 29/06



A notícia de que ficar dando sopa por aí agora é crime em SP provocou alvoroço no terceiro mundo das celebridades. "A gente vai ter que dar o que para aparecer, caramba?" – tem ex-participante de reality show revoltado com o que aparenta ser só um mal-entendido sobre a determinação da prefeitura de acabar com a distribuição do sopão para moradores de rua no centro da cidade.

"Dar sopa" no jargão de todo "ex-BBB" ou "ex-A Fazenda" é postar foto comendo pastel de feira com a namorada, informar que arrancou suspiros em rodeio de Adamantina, deixar que fãs enlouquecida tirem sua roupa em boate da periferia, noticiar a própria crise de sinusite para se manter na mídia depois que o programa sai do ar.

Nada disso, entretanto, tem a ver com essa nova demonstração de autoridade de Gilberto Kassab em nome da ordem pública. A evasão de privacidade continua liberada em todo o território nacional! O que o prefeito quer proibir é o amor ao próximo desordenado praticado por bandos de voluntários não governamentais fora das tendas oficiais de convivência social.

"Ah, bom!" – vão dizer nas redes de celebridades.

Santa Patrícia!

O interesse do Flamengo pela contratação do técnico Dunga deixou a torcida do São Paulo aliviada.

Dependência

Angela Merkel fez muita falta à seleção da Alemanha em Varsóvia.

Perda irreparável

Eike Batista tem bons motivos para não se descabelar com os bilhões de dólares que vem perdendo diariamente em suas empresas.

O empresário, como se sabe, gasta uma fortuna para manter aquele tufo de pelos sobre a testa.

Feriadão do mensalão

O brasileiro está mal acostumado com o calendário de folgas em 2012.

Tinha gente ontem na Bahia perguntando se vai ter feriadão no julgamento do mensalão.

Dois de agosto cai numa quinta!

Tucanocracia

Confirmado o fim do namoro de Aécio Neves e Letícia Weber, já tem gente no diretório nacional do PSDB falando em prévias para escolha da candidata a primeira-dama em 2014.

Clima de decisão

A cada pedido de habeas corpus negado a Carlinhos Cachoeira, a vizinhança do escritório do criminalista Márcio Thomaz Bastos em São Paulo comemora a decisão da Justiça como se fosse gol do Corinthians.

Na última derrota do advogado, alguém mais exaltado de um prédio adjacente chegou ao cúmulo de abrir a janela para gritar:

"Chupa, doutor"!

Vai ter forra!

Modéstia à parte

De Paulo Maluf, comentando o cumprimento entre a rainha ElIzabeth II e o ex-comandante do IRA, Martin McGuinness:

"Eu e o Lula estamos lançando moda!"

Muito além de uma Miami 2.0 - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 29/06


A vacuidade da Rodeo Drive se confunde com o Truman Show oferecido em Mônaco ou no Cidade Jardim


QUEM MANDOU ser carente e conversadeira?­ Agora aguente, sorrindo, as três horas de aluguel que o funcionário aposentado do Depar­tamento de Águas de Los Angeles está lhe aplicando na viagem entre a Cidade do México e seu destino final. Juro que tento demonstrar interesse no relato das férias que ele passou em Cancún a fim de aplacar a dor da perda da mulher, Consuelo, falecida há dois anos.

Mas, meu Deus, onde andará o personagem de Roman Polanski em "Chinatown"? Meu compa­nheiro de voo não trabalhou a vida inteira no departamento de águas? Pois então.

A esta altura, em vez de picotar-me o nariz, queria mais é que a célebre ponta que o diretor fez em seu filme me furasse os tím­panos com seu canivete esperto. Consigo dizer adeus na fila da imi­gração. Mr. Jackass dá-me um san­tinho com uma foto über photos­hopada de Consuelo e aconselha: "A esta hora, evite a 405 para chegar a Santa Mônica" e toma a fila que diz: "Bem-vindos ao lar". Eu sou obrigada a me aviar para outra bem mais demorada, a dos estrangeiros, que sempre me deixa tão aflita quanto vestiário de academia. Não é o Dick Cheney ali, atrás daquele coluna?

Em um "flash" estou em uma "freeway" de Los Angeles na hora do "rush" ao volante de um "Dod­ge". Tudo indica que vai ser o "dog" assobiando o "Star-Spangled Ban­ner" e chupando "mango".

A cidade foi inteirinha planejada para o automóvel, há pouca ênfase em transporte público, ninguém usa o metrô, táxi quase inexiste e ônibus raramente se vê passar. O "smog" (poluição) de Los Ange­les é conhecido, como também são famosos os efeitos no espírito desse implacável planejamento urbano.

Los Angeles é uma caricatura de papelão, um set de cinema ou TV, uma cidade de anjos desalmados. Woody Allen adora cair matando, é esporte mundial execrar a falta de profundidade dos angelenos. Steve Martin conseguiu extrair alguma aspartame da platitude local em "L.A. Story" e David Lynch meio que per­deu o pé no noir "Mulholland Dri­ve". A estrada homônima é tão inóspita quanto as vias pouco ilu­minadas de São Paulo e o nome presta ho­menagem ao engenheiro William Mulholland, que inspirou (vaga­mente) o personagem Noah Cross (John Huston), o magnata brutal de "Chinatown".

Falo de Los Angeles, mas interes­sa-me mesmo São Paulo. Já tinha visitado LA outra vez, há muitos anos, e desta achei menos grotesca. Talvez São Paulo tenha piorado em ter­mos de convívio e tornado tudo mais brando. E a vacuidade da Ro­deo Drive hoje se confunde com o Truman Show que é oferecido em qualquer Mônaco, Bond Street, Palm Beach ou Cidade Jardim.

A verdade é que o trânsito na hora do rush flui, ninguém deixa de che­gar na hora, não se veem motoboys estirados no chão ensanguentados e há estacionamento de graça em todo canto. LA funciona.

Pode-se comer fora por preços decentes, circular em público sem so­frer violência e ninguém vai levar seu filho enquanto você estiver na igreja. E a cidade é bem menos acé­fala que Miami. Há cinemas e museus incríveis, livrarias de so­nho, lojas de CDs e DVDs como an­tigamente e parques vistosos.

E eu não sei se, de uma hora para a outra, o angeleno vai entrar em guerra contra quem dirige carro e passar a andar de bicicleta descontroladamente em cima da calçada gritando contra motoristas que pagam seus impostos. Por enquanto, a cidade, criada sob o veio da corrupção e que tinha tudo para ser um inferno, parece um paraíso para quem acaba de chegar de São Paulo.

Falta decisão - ANTENOR BARROS LEAL


O Globo - 29/06


O recente relatório do Banco Mundial (da serie "Doing business in Brazil") poderia se tornar um guia importante na busca da modernização brasileira.

Se lido com viés ideológico, poderia ser tachado como um documento preparado pela oposição, mas a instituição internacional analisa, com realismo cru e sem partidarismo, o quadro nacional sob a ótica de várias áreas de atuação, comparando sua eficiência com outros países de diversas regiões mundiais.

O Banco Mundial faz um estudo muito responsável, como se realizado sob o olhar cuidadoso de um investidor internacional que, sentado com seus diretores, decide onde fazer um investimento. Onde vamos investir? Na Turquia, no Japão ou no Brasil? Quais custos estão envolvidos no projeto, desde a compra do terreno, ao registro da escritura, à obtenção de créditos? Que tipo de legislação trabalhista está em vigor? Qual a disponibilidade de mão de obra tecnicamente treinada?

Quantos dias serão necessários para abrir a empresa? E quantos, se precisar, para fechá-la? Quantos anos serão necessários para cobrar uma dívida e receber o valor respectivo?

O Brasil, lamentavelmente, não vai bem nesses quesitos e em outros tantos do relatório. Não ir bem significa que outros países serão mais atrativos para a decisão do investidor e o nosso país contará apenas com a imensidão de seu mercado interno, sua grande capacidade de produção rural e agrícola, suas infindáveis reservas minerais e, efetivamente, se o cidadão só pensar em dinheiro, suas generosas taxas de juros.

O relatório traz em seu "core" uma mensagem de excepcional contribuição para o Brasil. O nosso dever de casa é nos tornar melhores em cada item do documento. É assumir posição de liderança nos atrativos de modernização. Nos atributos da qualificação humana.

A aparente dureza do relatório do Banco Mundial é uma oportunidade única na história moderna do Brasil. A análise fornece aos governantes os caminhos mais fáceis de trilhar para a obtenção de graduação máxima entre as nações para a qualificação de país receptor de investimentos.

A frase antiga "as nações não têm amigos, têm interesses" nunca foi mais atual do que nos dias de hoje. Os detentores de recursos a investir, traduzido por fábricas, lojas, serviços, infraestrutura, estão a buscar portos tranquilos para colocar suas poupanças. E os países, todos eles, focam suas atenções em oferecer porto seguro para carrear a maior soma possível de investimentos.

Muitos podem se enganar achando que os fundos internacionais procuram apenas altíssimas taxas de juros. Procuram, na verdade, uma combinação positiva entre retorno, prazo e segurança. A aversão a riscos, principalmente, políticos, caracteriza a razão maior da decisão de investir.

Ao Brasil cabe a grande decisão. Simplicidade, infraestrutura, redução drástica da burocracia e do empresariado patrimonialista, modernização dos processos administrativos, funcionamento tempestivo da Justiça, segurança jurídica e contratual, transparências das políticas públicas setoriais. Aumentar consideravelmente os recursos de pesquisa e desenvolvimento. Tornar a educação como compromisso inadiável para sair da triste situação em que a melhor universidade brasileira - USP - ocupa posição lamentável no ranking mundial. A alegria de termos um PIB entre os dez maiores do planeta não resiste ao abatimento dos dados referentes ao IDH.

Conseguir lugar de destaque nos próximos relatórios do Banco Mundial pode parecer difícil. Mas não é. O difícil é estar fora da rota dos grandes destinos e não tornar o país digno de seus filhos.

Hora da idade mínima na aposentadoria - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 29/06


Iniciativas que partem do Congresso com objetivo de mudar a previdência social sempre causam apreensão, pois a tendência dos parlamentares é caminhar no sentido contrário ao de reformas realmente necessárias. Mas há que se reconhecer também que o mesmo Congresso acabou referendando, inclusive com a aprovação de emenda constitucional, quando isso foi preciso, várias propostas dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. Mais recentemente, já na administração Dilma Rousseff, viabilizou a criação dos fundos de previdência complementar dos servidores públicos.

Nesse sentido, a tentativa de extinção do chamado fator previdenciário pelo Congresso, que por si só significaria um grande retrocesso se aprovada como tal - diante dos bilionários e crescentes déficits do sistema -, poderá ser uma oportunidade para que o governo se mobilize e consiga definir regras que se ajustem mais adequadamente à expectativa de vida dos brasileiros nos próximos anos. É hora de, enfim, se estabelecer idade mínima para a aposentadoria.

O fator previdenciário corrige uma anomalia do Regime Geral de Previdência Social, que é a possibilidade de segurados do INSS se aposentarem precocemente com base em tempo de contribuição. A fixação de idade mínima para aposentadorias no Regime Geral (com uma regra que possibilite ajustes ao longo do tempo, motivados por ampliações na expectativa de vida) tornaria o fator desnecessário.

A possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição sem levar em conta a idade do segurado é um contrassenso no modelo atual de previdência no Brasil, pelo qual ninguém contribui para si mesmo. Por esse modelo, são os que trabalham os que custeiam os benefícios de aposentados e pensionistas. Assim, quanto mais precoce for a aposentadoria, maior será o peso do lado dos benefícios e menor o das contribuições, o que acentua o desequilíbrio.

O fator reduz o valor inicial do benefício dos que se aposentam precocemente, nivelando-o ao das aposentadorias por idade. Em tese, no primeiro caso o segurado receberá um valor mais baixo, porém por mais tempo, enquanto no segundo, sem impacto do fator, terá um benefício mais alto, mas por menos tempo. Na média, no fim das contas, todos receberão o mesmo montante. Se definidas idades mínimas, como admite o governo, o fator perde essa função.

O IBGE estima a expectativa de vida dos brasileiros com base em pesquisas anuais, o que permite a definição de regras de idade mínima para a aposentadoria que sejam bem adequadas ao país e que contribuam para o equilíbrio de longo prazo nas contas da previdência social. A conjuntura atual, com uma crescente formalização do mercado de trabalho, é um bom momento para se olhar o futuro da previdência, com racionalidade. A economia tende a crescer nos próximos anos, multiplicando as oportunidades de emprego não só para os estreantes, mas para os que desejam permanecer por mais tempo no mercado e os que só tiveram como opção a informalidade.

O governo se prepara para mudar regras referentes a pensões, hoje também distorcidas. No caso das aposentadorias precoces, essa é uma possibilidade que já desapareceu nos sistemas oficiais de previdência de quase todo o planeta. O Brasil é uma exceção, e está mais do que na hora de deixar de sê-lo.

Rastros - SONIA RACY


O ESTADÃO - 29/06

Depois de quase seis anos de trabalho, o MPE finalmente conseguiu reunir documentos no exterior que provariam por onde passeou o dinheiro do Banco Santos fora das fronteiras brasileiras – até seu retorno para empresas ligadas a Edemar Cid Ferreira.

Tudo para tentar derrubar a tese do ex-banqueiro, que alega ter comprado obras de arte e uma mansão com recursos pessoais, e não do banco. A papelada foi para o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Na bica
E o Bradesco negocia a compra do BMG, conforme adiantou ontem o blog da coluna. Consultado, o Bradesco preferiu não comentar. Já o BMG, que não tem ações na bolsa de valores, diz que a informação não procede.

Dança das cadeiras
Dois mil assentos começam a ser instalados no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, a partir de segunda-feira. Apesar de a mineira Rhodes não ter ainda certificação da ABNT – exigida pelo Comitê da Copa de 2014.

Concorrentes da empresa que desenvolveram tecnologia para atender à norma querem o cancelamento do negócio.

Sem fogo
Que norma? O Brasil ampliou as exigências no quesito resistência ao fogo. Para evitar incêndios como o de novembro do ano passado, no estádio do Benfica, em Portugal.

Além-fronteiras
O Itaú recrutou Nicolás Catena Zapata, da vinícola argentina Bodega Zapata, para estrelar sua nova campanha de marketing internacional. Mote? I’m a global latin american.

Raquetada
Luís FernandoBalieiro, da oposição, garante: conta com apoio da maioria dos clubes para se tornar presidente da Federação Paulista de Tênis – cuja eleição acontece dia 5.

Seus três vice-presidentes serão indicados por Paulistano, Pinheiros e Harmonia.

Fogos de artifício
Nara Roesler vai dobrar seu espaço. Passará a ocupar a antiga galeria Thomas Cohn, que fica ao lado da sua. O novo ambiente (“para ampliar o pensamento”, como define a galerista) será dedicado, a partir de setembro, a exposições com curadoria de gente de peso – como Patrick Charpenel.

Com cinema, café e biblioteca, pretende ser um “novo ponto de encontro da cidade”, conta.

Fogos 2
Vik Muniz, artista recentemente integrado ao rol de Roesler, prepara, para novembro, sua primeira curadoria no Brasil – já fez este trabalho para o MoMA, Metropolitan e Musée d’Orsay.

E produz obras para uma individual na galeria, prevista para março do ano que vem.

Foi mal
O conde Phillipe Rothschild e Janyck Daudet, do Club Med, conquistam novos negócios e desavenças no Rio.

Depois do sucesso do Dinner Club, no Zozô, Luiz Tepedino, querido dos cariocas, foi afastado – sem explicação nem acerto de contas. Após um ano de espera, está entrando com ação na Justiça contra a dupla.

Na frente
Helena Bordon lança site hoje. No Santo Grão do Shopping Cidade Jardim.

Rodrigo Scarpa comanda abertura de sua casa noturna Caribbean Disco Club. Hoje, em Pinheiros.

A Multicase arma a festa Rock Star. Hoje.

Catherine Vanazzi, especialista em detox, mudou-se para SP e faz coquetel de boas-vindas na Casa Cor, quinta.

Anna Maria Maiolino, grande vencedora do prêmio Masp Mercedes-Benz, prepara individual na Galeria Millan. Abre dia 2 de setembro.

A BWA, que faz parte do consórcio do estádio Castelão, em Fortaleza, avisa: não responde pelas obras, mas, sim, pela operação da arena.

Anticorintianos iniciaram campanha na internet: “O Boca é o Brasil na Libertadores!”

Ueba! Timão ganha Bolsa Rojão! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 29/06



E o herói do Timão! Romarinho! Que é uma mistura de Djavan com Mart'nália


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Corinthians e Boca! Boca Murcha x Meia Boca! E os mano comemorando? Tô surdo até agora! Não sabia que financiavam rojão! Rarará! O Timão ganhou Bolsa Rojão! E avisa a Cristina Kirchner que não aceitamos devolução de corintianos que foram pra Argentina!
Agora é aguentar os mano uma semana. Argentino é pentelho, mas pelo menos mora longe! Plantão Incor: 49 mano infartaram! Aliás, bota 50 que o meu vizinho acabou de ir pra UTI! Rarará!
E o herói do Timão! Romarinho! Que é uma mistura de Djavan com Mart'nália. E um cara logo escreveu no meu Twitter: "Romarinho o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno!". Rarará! Outros acham que o Romarinho apenas adiou o título do Boca! Rarará!
É claro que já tem o "Romarinho Facts": a lua nasceu com a bunda virada pro Romarinho. Quando o Romarinho nasceu, Deus disse: "Este é o cara!". Quando Romarinho nasceu, Deus disse: "Este sou eu". O Romarinho é o único que pode chutar o Anderson Silva e ganhar por nocaute. E acerta todas as bolas de sinuca numa tacada só!
E o que o Romarinho vai querer agora? Carro importado e comer uma panicat. Nessa ordem. Rarará!
Mas foi o jogo foi Boca Murcha x Meia Boca! Pra cada cinco chutões, três trombadas! É o futebol-arte. Futebol-arte marcial. Rarará!
E a piada pronta: sabe como se chama o La Bombonera? Estádio Jacinto Armando! Rarará! É verdade! O La BOMBAnera! E o próximo jogo vai ser aqui: no La Pipoquera! Rarará!
E o Maradona? Que, em vez de "Boca", gritava "nariz". O MALAdona! O Nelson Ned da Argentina. Pulava como panda com artrose! E o técnico do Boca? Medo! Pavor! Parece o Frankenstein!
E a camiseta do Boca? Parece a dos funcionários dos Correios. Os carteiros não vão poder sair na rua!
E "Chuuupa, Boca!" não é pleonasmo?
E eu tenho uma foto do Cristiano Ronaldo no aquecimento: ele no secador! Rarará! Eu já disse que agora, no futebol, secador é mais importante do que o técnico. É praticamente o 12º em campo. Rarará!
E eu vou mudar meu nome pra José Timão! Questão de sobrevivência. Legítima defesa! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Eles não querem ser julgados - MARCELO ITAGIBA


O GLOBO - 29/06

Não deve haver nada pior para uma pessoa de bem do que ser acusada injustamente de um crime que não cometeu.

Se ela fosse equivocadamente denunciada por algum dos graves crimes atribuídos pelo Ministério Público Federal (MPF) aos réus do mensalão, certamente a sua indignação a levaria a lutar para que o processo fosse rápido, a sua inocência logo reconhecida e os danos à sua honra prontamente reparados.

O que temos visto são mensaleiros investirem na tentativa de protelar o julgamento dos crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, evasão de divisas e gestão fraudulenta de instituição financeira pelos quais foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Entendeu o STF que havia suficientes evidências de que essas pessoas deveriam ser processadas por se apoderar da máquina pública para fins de enriquecimento pessoal e projetos político-eleitorais que visavam somente à permanência no poder para a consecução de seus objetivos patrimonialistas. Os mensalei-ros eram, em sua maioria, agentes públicos, nomeados ou eleitos, muitos dos quais ocupando cargos no primeiro escalão do governo ou posições expressivas em suas agremiações partidárias.

Em razão do chamado foro privilegiado garantido por lei a alguns dos integrantes da quadrilha, nenhum deles será julgado por um juiz de primeira instância, como todo e qualquer cidadão comum.

Todos eles serão submetidos ao crivo do STF. São 11 ministros de elevado saber jurídico e reputação ilibada, conforme o exigido pela Constituição Federal.

Os membros do Supremo são inquestionavelmente independentes para promover o julgamento técnico das robustas provas reunidas nos autos, a despeito de a quase totalidade dos ministros da mais alta corte do país ter sido nomeada pelo presidente da República de cujo governo alguns réus eram integrantes.

Todas as pessoas têm direito ao devido processo legal, com a previsão do contraditório, da ampla defesa e dos recursos inerentes. A todas também são assegurados a razoável duração do processo e os meios destinados à celeridade da tramitação dos atos processuais.

Os réus do mensalão, porém, ao que parece, não querem ser julgados. Eles parecem fugir do veredicto como o diabo da cruz. Sonham com a prescrição de suas ações delituosas.

Defendidos pelos mais notórios advogados criminalistas do país, buscam, através do decurso de tempo, a impunidade dos seus crimes descobertos há sete anos. Mas a sociedade brasileira quer ver o processo efetivamente julgado.

O que se quer é justiça.

Profissão de risco - ROQUE MESQUITA


FOLHA DE SP - 29/06

O projeto de lei que amplia a segurança a juízes ameaçados de morte não é um privilégio. São 150 nessa situação. Não podemos ter novos funerais

Ser magistrado no Brasil se tornou uma profissão de risco. De agosto a novembro de 2011, segundo o Conselho Nacional de Justiça, o número de juízes ameaçados de morte subiu de cem para 150 magistrados -em 2012, já são mais de 150.

Diante da população do Brasil ou das ações contra a vida que acontecem nas cidades, o que são 150 brasileiros ameaçados de morte? Parece um dado insignificante. Não é.

Toda vida é importante, nem que seja para quem corre o risco de perdê-la. Isso sem contar pais, mães, maridos, esposas, filhos e filhas que sentem em uma única perda o suficiente para tornar suas vidas um inferno. Não podemos jamais deixar nossa perspectiva dos fatos e da vida ficar amortecida pelos números.

Em maio, o Senado aprovou projeto de lei que amplia a segurança dos juízes ameaçados de morte. Uma boa medida, sem dúvida. Trabalhar e viver são direitos inalienáveis de todos os brasileiros garantidos na Constituição e não podem ser tratados como privilégios.

Posso afirmar, com meus quase 40 anos de serviços prestados ao Poder Judiciário na qualidade de magistrado, que a maior parte dos meus colegas, se pudesse, dispensaria tal privilégio. A razão para isso se chama cidadania.

O Poder Judiciário não está alheio às transformações da sociedade nos últimos anos. Uma das mais significativas é o crescimento do sentimento de cidadania. O regime democrático é o grande responsável por isso, e os reflexos se verificam em toda a sociedade.

Sentir-se cidadão, pleno de seus direitos -e cumpridor de seus deveres- faz com que cada um de nós se torne mais participante da sociedade. Portanto, exigir que as instituições funcionem e que nossas leis sejam cumpridas é direito de todos para o bem da coletividade.

Nenhum magistrado quer o privilégio da segurança pessoal, mas não podemos abrir mão dele. Dizer que a insegurança pode atrapalhar o julgamento dos magistrados não é exagero. Por mais preparados que estejam, são seres humanos. As ameaças à vida conseguem interferir de forma diferenciada sobre cada um.

O medo é uma das piores sensações que existem. Para sorte de nossa sociedade, há muita gente corajosa disposta a correr risco pela coletividade -e, posso afirmar com segurança, há muitos bons exemplos na magistratura.

A coragem é o primeiro tijolo do arcabouço moral que mantém em atividade os magistrados jurados de morte.Outros tijolos são formação moral, caráter e desejo de fazer prevalecer a Justiça sempre.

Nos tempos modernos em que vivemos, ontem já é passado distante. Mas a memória existe para que os fatos sejam lembrados. Faz quase um ano que a juíza Patrícia Acioli foi assassinada a tiros. Foi uma perda irreparável para sua família.

O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, desembargador Nelson Calandra, comentou entre revoltado e entristecido que, na época do enterro de Patrícia, ele já havia comparecido a outros quatro funerais como aquele.

Torno a lembrar o que disse no início desse artigo: mais de 150 magistrados trabalham para fazer cumprir a lei com um alvo costurado às suas costas. Será que assistiremos a mais algum funeral? Chega de mártires. A lei do mais forte não se imporá.

O sangramento do Tribunal de Justiça - ALOÍSIO DE TOLEDO CÉSAR


O ESTADÃO - 29/06


É preocupante verificar que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), o maior do País, continua a sangrar por força do comportamento inadequado e censurável de um grupo de desembargadores que se prevaleceram da posição em que se encontravam para obter privilégios de recebimentos e, assim, tornar-se desiguais em relação aos demais.

A rigor, dos aproximadamente 360 desembargadores paulistas, cerca de 10% passaram na frente dos colegas, num comportamento lamentável, e receberam por antecipação valores correspondentes a direitos trabalhistas que haviam sido reconhecidos a todos.

O ponto lamentável e condenável dessa conduta está em eles se haverem prevalecido de suas respectivas posições no momento de avançar sobre os valores que deveriam ser creditados igualitariamente a todos os juízes, ativos e inativos, em pequenos pagamentos mensais. O juiz que está segregado, lá nas beiras do Rio Paraná, não teria nunca a chance de fazer o mesmo.

As explicações dadas individualmente levam sempre à conclusão de que não foi um comportamento justo, o que se mostra trágico, porque envolve juízes. É possível que esses desembargadores ainda não tenham consciência do estrago que impuseram à imagem do Poder Judiciário no Brasil e, em especial, no Estado de São Paulo. O pior é que, na tentativa de justificar os recebimentos equivocados desses valores, passaram a acusar uns aos outros, alimentando os órgãos de divulgação com notícias que gradativamente fazem aumentar o descrédito em torno deles.

Por motivos muitos menos relevantes e menos graves, foram frequentes no Tribunal de Justiça, ao longo de décadas, pedidos de aposentadoria formulados por desembargadores que configuraram conduta não criminosa, porém eticamente inadequada. Diante do chamamento aos deveres formulado pelo presidente do tribunal, esses desembargadores tomaram a decisão mais conveniente de se afastar.

Essa linha comportamental se alia à necessidade de que os jurisdicionados precisam ter sempre a segurança de que serão julgados por pessoas dotadas de credibilidade e respeito. Sim, porque ao jurisdicionado é fundamental que o juiz ao qual está submetido não esteja de forma nenhuma envolvido por uma sombra de suspeição.

O direito que nos rodeia, impalpável, abstrato, somente tem sua existência reconhecida pelo cidadão no momento em que é violado. Nessa hora, o cidadão se dá conta de que o direito violado terá de ser exposto e pleiteado perante um juiz. E como deve ser esse juiz? O requisito essencial, além da competência necessária para o exercício do cargo, é que sobre ele não pese nenhuma suspeita.

Não é conveniente que um juiz atingido por dúvida comportamental ou que seja réu em processo administrativo de tamanha relevância continue a julgar, nem se pode esperar que os seus julgamentos sejam recebidos com a necessária credibilidade. O ideal, nessas circunstâncias, talvez seja a opção pelo afastamento voluntário, importante para impedir que a imagem pessoal de cada um, desgastada e vulnerada, alcance e contamine cada vez mais o Tribunal de Justiça, já bastante abalado pelo ocorrido.

Seria um gesto de grandeza dessas pessoas deixar de fazer por meio da imprensa afirmações que explicam, mas não justificam, a conduta assumida. Poderiam, também, por respeito humano, pensar um pouco mais nos demais juízes e desembargadores que continuarão na ativa e que também estão sofrendo com esse desgaste, para o qual não concorreram.

A Lei Orgânica da Magistratura, norma complementar à Constituição federal, dispõe com toda clareza, em seu artigo 35, inciso VIII, que os juízes de direito têm o dever de "manter conduta irrepreensível na vida pública e particular". Para contrabalançar e dar equilíbrio às prerrogativas que lhes são privativas, como vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, o legislador impôs aos juízes o dever da conduta irrepreensível.

O descumprimento dessa regra obriga o presidente do tribunal a agir em sua defesa quando, individualmente - como no caso presente -, ocorrem violações e, principalmente, quando elas acabam se tornando públicas. Isso está ocorrendo de forma desastrosa, porque acabou aguçando as emoções, levando a uma lamentável "troca de chumbo" entre altos figurões da magistratura.

Num patamar bem abaixo deste palco onde ocorrem as disputas e os xingamentos estão mais de 2 mil juízes paulistas, cada um em sua comarca, cada um em sua vara, porém todos abalados e abismados com o atual espetáculo. Esses juízes nada têm que ver com os deslizes éticos de seus superiores, mas estão pagando um preço muito alto por eles: com muita frequência, são vistos como suspeitos pelos jurisdicionados.

Inicialmente, com boas razões, a ministra Eliana Calmon investiu furiosamente contra a conduta errada de juízes brasileiros. A forma com que ela fez isso lhe conferiu incrível notoriedade e levou a resultados surpreendentes no trabalho de "abrir a barriga" do Poder Judiciário. No Tribunal de Justiça de São Paulo, sobretudo, viu-se que o comportamento eticamente condenável desses desembargadores iniciou um processo de sangria que parece não ter fim.

As divergências entre os desembargadores alcançados pelas acusações de conduta inadequada já se tornaram pessoais e são a toda hora repetidas. Parece faltar, sem nenhuma dúvida, um pouco de grandeza a esses desembargadores, para que se deem conta de algo que parecem haver esquecido: eles são juízes e têm o dever de cumprir aquilo que está exposto na Lei Orgânica da Magistratura, ou seja, sua obrigação é "manter conduta irrepreensível na vida pública e particular".

PT x PT - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 29/06

Em descompasso com os planos do Planalto, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), protagonizou anteontem um bate-boca com o ministro Alexandre Padilha (Saúde) por conta da proposta que reduz a jornada de trabalho dos enfermeiros para 30 horas. Chinaglia fez coro com o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que colocou o projeto polêmico na pauta. O ministro descartou "entrar no jogo'' do líder e bateu o pé para que o projeto fosse retirado da pauta.

Bola nas costas Para os parlamentares, o episódio mostra a falta de interlocução do governo com o Congresso, que leva o Planalto a ter de "desarmar bombas" às vésperas das votações.

Rixa O mal estar entre Padilha e Chinaglia não é episódico. O líder do governo chegou a se movimentar para ser ministro da Saúde no início do governo Dilma Rousseff.

Combo A base aliada na CPI do Cachoeira planeja aprovar na semana que vem, de uma só vez, a convocação do ex-diretor do Dnit Luiz Pagot, do dono da Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira da Silva, o Paulo Preto.

Foco A estratégia governista é transferir os holofotes da CPI para São Paulo, onde José Serra lidera as pesquisas. Paulo Preto foi personagem na campanha de 2010, quando se queixou de ter sido abandonado pelo PSDB após acusações de ter feito caixa 2 para os tucanos.

Troca Com a candidatura de vice na chapa de Luciano Ducci (PSB) em Curitiba, o deputado federal Rubenos Bueno (PPS-PR) deixará a CPI. O seu suplente é o deputado Sarney Filho (PV), filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Suspense O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos ainda não entregou o memorial de defesa de seu cliente no mensalão, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado. Enviará a peça aos gabinetes dos ministros do STF no recesso.

Novela Em conversa com Dilma Rousseff o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), ouviu que o presidente da Transpetro, Sergio Machado, seu afilhado político, será mantido no cargo.

Na geral Enquanto aumenta o suspense sobre o vice de José Serra, o aliado Gilberto Kassab, que reivindica o posto para seu PSD, brincou ontem: "Fiquei muito chateado, mas o Serra já escolheu o vice, à minha revelia: será o Corinthians". Em tempo: o prefeito é são-paulino e o tucano, palmeirense.

Relâmpago Secretário de Juventude do PSDB nacional, Wesley Goggi é a primeira baixa na campanha de Serra. Menos de um mês após assumir a ala jovem do QG tucano, ele se desentendeu com dirigentes do partido e retornou ao Espírito Santo.

Baixo astral Retirado da corrida pela prefeitura paulistana, Netinho de Paula faltou ao evento em que Nádia Campeão foi oficializada como vice de Fernando Haddad. O PC do B quer motivá-lo em agendas com Lula. "Ele levar áo candidato ao povo do gueto", diz um comunista.

Mudança... Ausente da campanha de Haddad, Marta Suplicy direcionará energias para cobrar do governo paulista vigor no combate à violência contra a mulher. Um dos nomes do PT para a disputa em 2014, a senadora apresentará hoje diagnóstico do tema hoje na Assembleia.

... de foco "Os dados são estarrecedores. As mulheres do interior estão mais abandonadas", diz Marta, que mapeou as estatísticas. Dos 55 mil casos de lesão corporal registrados em nove meses, 34 mil são de fora da capital.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Para completar sua política higienista só falta agora a prefeitura proibir a circulação de moradores de rua. E fazer isso por decreto."

DO DEPUTADO ESTADUAL JOÃO ANTONIO (PT), sobre a proposta de restringir a distribuição de sopa a moradores de rua em São Paulo, feita por Gilberto Kassab.

contraponto

Trolagem ao vivo

Após encontro de candidatos à prefeitura paulistana promovido ontem pela ONG Nossa São Paulo, Fernando Haddad (PT), que criticou o fato de Gilberto Kassab não ter cumprido as metas de seu mandato, pediu à rival Soninha Francine (PPS) na saída do palco:

-Vê se não bate muito em mim...

A candidata, que havia ironizado a declaração do petista no Twitter, respondeu:

-É mais forte do que eu! Já bati em tempo real. Você falar em meta parcialmente cumprida? E o PAC?

Haddad não quis estender a polêmica e se despediu.

A regra é clara: cartão vermelho - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 29/06


Certos jogos de futebol são tão ruins que parecem intermináveis, quando os comentaristas dizem que os dois times poderiam continuar jogando a noite inteira que não sairiam do 0 a 0. A metáfora de sabor alulado é perfeita para expressar a destituição de Fernando Lugo da Presidência do Paraguai, mas não pela legalidade ou velocidade com que foi goleado por 76 a 1 no Congresso e depois no Tribunal Eleitoral e na Suprema Corte: na Constituição deles a regra é clara.

Mas caso os paraguaios resolvessem instaurar uma comissão de impeachment, cumprindo todos os ritos e formalidades do barroco latino-americano, como exigem os democratas Chávez, Cristina e Correa, até os paralelepípedos das ruas de Ypacaraí sabem que eles poderiam ficar num diálogo de surdos meses a fio, como num jogo ruim de futebol, que o resultado final não seria diferente.

Então, por que perder tempo e dinheiro e parar o país? Para ouvir estrangeiros dando pitaco nos problemas dos paraguaios, alguns até dispostos a dar dinheiro e armas para os "movimentos sociais" defenderem Lugo numa guerra civil? Em time que está perdendo não se mexe?

Até seus parcos partidários sabem que Lugo se embananou, tanto que entubou resignado a sua destituição ao vivo, diante de todo o país. Além da gestão desastrosa, Lugo decepcionou seu eleitorado popular desenvolvendo uma paixão por hotéis cinco estrelas e restaurantes de luxo em suas frequentes viagens ao exterior, no mínimo uma por mês, sempre com festivas comitivas, para agendas duvidosas. Descontente com o desconforto da primeira classe nos voos comerciais, tentou que a Itaipu Binacional lhe comprasse um Aerolugo da Embraer, mas a diretoria cortou suas asas. Negociava um Challenger usado de um cartola do futebol quando foi defenestrado.

O que a nossa diplomacia companheira vai fazer agora, além de estender o tapetão para a entrada da Venezuela no Mercosul? Vão obrigar o Paraguai a desrespeitar ou a mudar a sua Constituição? Vão dar ao novo governo direito de defesa na Unasul? Ou vão dar um chapelão a Lugo e abrigá-lo na Embaixada do Brasil em Assunção?

O socialismo de Obama - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE S.PAULO - 29/06


SÃO PAULO - Por 5 votos a 4 e com recurso a todo tipo de sutilezas hermenêuticas, a Suprema Corte dos EUA considerou válidas as linhas mestras da lei de planos de saúde do presidente Barack Obama.
Os EUA vivem a paradoxal situação de ter a melhor medicina do planeta e o pior sistema de saúde do mundo desenvolvido. E a razão para isso, perdoem-me os ultraliberais, é que existem setores em que a regulação estatal é imprescindível. A saúde é um deles. Nela, os desequilíbrios e imperfeições são tantos que deixar as forças de mercado atuarem livremente resulta em perdas para a maioria.
Cerca de 25 milhões de americanos ou não têm seguro ou contam com planos que não cobrem seus gastos. Mas, por lei, os hospitais estão obrigados a atender qualquer pessoa durante emergências. Assim, esse grande contingente de subsegurados "se trata" correndo para os prontos-socorros em situações de crise.
É exatamente o contrário do que preconiza a boa medicina e ainda faz com que as despesas fiquem muito maiores do que seria possível, caso o paciente recebesse atendimento precoce e contínuo. Os hospitais, é claro, repassam esse custo para as seguradoras, que empurram a batata para os consumidores. No fim das contas, estes pagam muito caro para estarem no sistema, e quem não está recebe um tratamento indigente.
A lei de Obama faz o óbvio. Obriga todos a ter plano de saúde (ou pagar uma taxa especial) e oferece subsídios para quem não pode arcar com um. A oposição não gostou. Chamou Obama de socialista (palavrão no dialeto republicanês) e disse que a iniciativa era uma interferência indevida do Estado na vida do cidadão.
É uma reação muito mais ideológica do que lógica. O princípio da contribuição compulsória e da divisão de custos, afinal, paira sobre todas as instituições financiadas por impostos. Entre elas estão alguns xodós dos republicanos, como a polícia, os bombeiros e o Exército.

No sapatinho - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 29/06

Os líderes do PT e dos aliados estão insatisfeitos com agestão do governo Dilma. Reclamam que os ministérios estão amarrados e que os investimentos não saem do papel. Dizem que há problemas administrativos e que o Planalto não dialoga com o Congresso. Dirigentes petistas reclamam da centralização das decisões imposta pela presidente Dilma. A eleição municipal, que pavimenta as campanhas pela reeleição dos parlamentares em 2014, deixa todos com os nervos à flor da pele.

Unanimidade e a reviravolta de Ayres

A Adin contra o direito do PSD à propaganda na televisão foi rejeitada pelos 10 ministros que votaram ontem no STF. O fato mais eloquente da decisão foi a mudança do seu presidente, o ministro Ay-res Britto. Ao dizer sim ao direito do PSD à TV, ele reviu posição anterior, quando, ao julgar mandado de segurança,negou o direito do PSD de indicar parlamentares para comissões do Congresso. Com a vitória, o partido vai brigar para integrar comissões na Câmara e no Senado. E acredita que o TSE lhe destinará recursos do Fundo Partidário. O DEM, o que mais perde dinheiro e tempo na televisão, foi o grande derrotado.

Voto pela improcedência total da ação. Não posso deixar de externar aqui: essa ação direta foge completamente à vocação das ações constitucionais” —Joaquim Barbosa, ministro do STF, ao rejeitar a ação direta de inconstitucionalidade contra o PSD

PROMESSA QUEBRADA. Os enfermeiros não estão irados à toa com o governo por este ter retirado, da pauta de votação da Câmara, o projeto que reduz a jornada de trabalho da categoria para 30 horas semanais. Apoiá-lofoi umcompromisso assumido pela presidente Dilma nas eleições. Acima, trecho de documento encaminhado aos sindicatos com a assinatura do ministro Alexandre Padilha (Saúde), que na época era coordenador nacional da coligação Para o Brasil Seguir Mudando.

Troco

O deputado Fernando Fran-cischini (PSDB-PR) lutou para ser o vice do prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB). Mas seu partido fechou com o deputado Rubens Bueno (PPS). Irritado, decidiu ingressar num novo partido, o PEN.

Ligado
O governador Marconi Peril-lo pediu à CPI cópia integral do material bruto das escutas das operações Vegas e Monte Carlo, e todos os documentos provenientes de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, que já estão em poder da CPI.

Requião: entre dois amores
A representação brasileira no Parlasul, liderada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), decidiu não suspender a bancada paraguaia da reunião do organismo, na terça-feira, em Montevidéu, no Uruguai. “Nós decidimos que a posição brasileira será a de dar voz aos paraguaios”, disse Requião. Depois de criticar o golpe, o senador emendou: “Eu sou amigo do presidente Fernando Lu-go, mas sou muito amigo também de um dos supostos líderes do golpe, o general Lino Oviedo”.

A fotografia
O PSB estava exultante ontem com foto, publicada no site do PT, na qual aparecem sorridentes o governador Eduardo Campos (PE) e o ex-presidente Lula. O pe-tista teria dito que não fará da eleição no Recife um cavalo de batalha.

O fatoUm dos mais duros na CPI do Caso Cachoeira, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) surpreendeu no depoimento do ex-chefe de gabinete do governo de Brasília Cláudio Monteiro, dizendo que este podia sair de cabeça erguida da CPI.

VALE. Na audiência com a presidente Dilma, anteontem, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, informou que, na nova mina de ferro de Carajás, o minério será retirado por uma esteira rolante. A Vale vai produzir mais com menos empregados.

O PSB está procurando aliados no Sudeste. O partido avalia que, sem força nessa região, nenhuma candidatura à Presidência da República é viável.

ON-LINE. O senador Blairo Maggi (PR-MS) fez uma cirurgia cardíaca ontem. De imediato postou fotos no Twitter, no Facebook e no seu site.

Volta ao mundo com Martin Wolf - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE S.PAULO - 29/06


Para colunista econômico do 'Financial Times', jornalistas cometeram erros de omissão na crise

A crise deu a alguns comentaristas econômicos fama mundial. Um deles é Martin Wolf, do "Financial Times". Conversei com ele dias atrás em Istambul. "Que aspectos da crise o surpreenderam?", perguntei.
Martin Wolf: O pouco capital próprio dos bancos para os riscos que assumiam. Eu tinha voltado toda a minha atenção à macroeconomia e não vi o que acontecia com a microeconomia. É o maior erro da minha carreira. Outro erro foi não ter me dado conta de quão fracos eram os controles dos bancos.
Pergunta: Que responsabilidade têm os jornalistas nesta crise?
MW: Cometeram muitos erros de omissão. Deveriam ter sido muito mais agressivos e rigorosos na fiscalização dos bancos. O problema é que, em geral, os jornalistas sabem pouco de economia e finanças.
P: Mas os economistas mais renomados também não previram a crise nem entraram em acordo sobre como geri-la. Quais as exceções?
MW: Nouriel Roubini alertou sobre as bolhas nos preços de ativos financeiros e sua relação com o endividamento e viu que a mistura era explosiva. Robert Shiller analisou melhor que ninguém o setor imobiliário. E Raghuram Rajan soou o alarme sobre a fragilidade do setor financeiro e sua ameaça à estabilidade global. Mas houve muitos outros. E a verdade é que a economia ortodoxa mostrou não ter utilidade para explicar o que acontece.
P: Como qualifica a gestão da crise por George W. Bush, Barack Obama, Wen Jiabao e Angela Merkel?
MW: Bush, reprovado. Obama e Wen Jiabao, aprovados. Merkel, aprovada como líder da Alemanha e reprovada como líder europeia.
P: Obama é ferozmente criticado.
MW: De fato. Para seus críticos, a recessão dos EUA deveria ter sido mais curta e a recuperação, mais vigorosa. Mas, com base na experiência histórica, a crise que Obama herdou deveria ter causado uma recessão ainda mais profunda. Ele evitou essa catástrofe e, até agora, a economia americana é a que mais se recuperou, em comparação com as dos cinco países mais avançados.
P: Nesta crise, os chefes dos BCs se transformaram em atores fundamentais. Quem são os melhores banqueiros centrais do mundo?
MW: Ben Bernanke, o diretor do Federal Reserve dos EUA.
P: Dentro de dez anos, que país crescerá mais, Espanha ou Itália?
MW: Espanha.
P: E entre China e Índia?
MW: Índia.
P: Estados Unidos ou Alemanha?
MW: Estados Unidos.
P: E a Europa?
MW: Vejo três cenários. O primeiro é uma Europa mais federal, o segundo é a das contínuas cúpulas de líderes em que não se decide nada de "grande" e o terceiro supõe que os países acordem reformas parciais que permitam ir resolvendo os problemas mais graves. Este é o cenário mais provável.

FALA, GRAÇA - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 29/06

A presidente da Petrobras, Graça Foster, deve convocar a imprensa para explicar melhor suas declarações sobre cortes e revisão de investimentos da empresa. "Ela está viajando e assim que voltar vai esclarecer algumas coisas", diz o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia. Ele passou os últimos dias apagando incêndio por causa do anúncio de adiamento de grandes obras, como refinarias no Nordeste. As ações da empresa também caíram.

FALA, LOBÃO

O ministro afirma que as "revisões" anunciadas por Graça Foster são "de rotina" e que nenhum calendário será alterado de forma significativa. "Uma refinaria, a do Ceará, por exemplo, está programada para 2016, pode ficar para 2017, no máximo." Mas, diz, vai sair do papel.

INTENSIVO

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), diz que resolveu gravar as conversas que tem com os advogados dos réus do mensalão porque recebeu todos num único dia, numa espécie de esforço concentrado. "Foram 15 conversas, todas longas, porque eles fazem verdadeiras sustentações orais", diz ele. "São informações detalhadas que não podemos correr o risco de esquecer."

FESTA CARIOCA

Maior galeria de arte do mundo, a Gagosian, que representa Andy Warhol e Damien Hirst, entre outros, confirmou sua presença numa feira de arte brasileira pela primeira vez. Eles ocupam em setembro um estande de 120 m² na ArtRio.

DA FIRMA

Sonia Braga desembarca em SP na quarta. Ela acaba de rodar ao lado de José Wilker o curta "Kreoko", de Beto Brant e Cisco Vasques, e participará da festa de confraternização da equipe.

HUMORES DE FÁTIMA
Fátima Bernardes é a capa da revista "Claudia" que chega às bancas na terça. "Jamais fui vista como uma pessoa engraçada, mas tenho bom humor", diz a apresentadora. Ela descarta a "imagem da mulher que está a todo momento maquiada, bonita e arrumada. Para conseguir isso, tenho que correr igual a uma louca".

CHÁ DAS QUATRO

O estilista Marcelo Quadros apresentou sua coleção para a Daslu Couture, na loja do shopping Cidade Jardim, anteontem. Entre os convidados estavam a DJ Lara Gerin, Nadia Setubal e as empresárias Luciana Tranchesi e Mariana Penteado.

DÉJÀ-VU

O novo programa de Pedro Bial, "Na Moral", rendeu uma acusação de plágio contra a Globo. Desde 2003, o curitibano Leandro Karam apresenta no Paraná atração com o mesmo nome -que já passou pela Band local e hoje vai ao ar pelo canal da Net, por volta das 23h (pouco antes da faixa horária reservada ao global).

DÉJÀ-VU 2

Na internet, acha-se fácil uma reportagem do "Fantástico" feita com imagens cedidas pelo "Na Moral" curitibano -de uma briga entre Zezé di Camargo e Luciano registrada durante show na cidade em outubro. "Era impossível a Globo não saber que a gente existia", diz Karam.

DÉJÀ-VU 3

A Globo diz que não houve plágio, já que a marca "Na Moral" pertence a uma produtora carioca -a mesma de Pitty e Marcelo D2- com quem a emissora negocia o uso do nome. No Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, que cuida de marcas e patentes, o registro está em nome dessa produtora.

CURTA TEMPORADA

Drica Moraes e Mariana Lima apresentarão "A Primeira Vista", com direção de Enrique Diaz, da Cia dos Atores, pela primeira vez em SP. O espetáculo, que terá temporada na cidade em 2013, será encenado de 13 a 15 de julho no Teatro Alfredo Mesquita.

Diaz apresentará nos finais de semana seguintes outras peças de Daniel McIvor: "In on It" e "Monster".

CURTO-CIRCUITO

Laura Neiva fotografa amanhã no Rio nova campanha da Corello, com Michelangelo di Battista.

José do Nascimento Junior, presidente do Ibram, participa do seminário "A Antropologia Como Arte de Ver o Mundo", hoje, no auditório do Masp, às 20h.

Rodrigo Scarpa, do Pânico, inaugura hoje a boate Caribbean. 18 anos.

A Vitrine Filmes e a Mobz lançam no iTunes o filme "2012 - Tempo de Mudança", de João Amorim.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA; colaborou SILAS MARTÍ