Produto deve chegar ao mercado no 2º semestre deste ano; nos EUA, custa cerca de US$ 70
https://youtu.be/ENdY2j2xlbI
A asfixia por objetos ou alimentos é a principal causa de mortes acidentais de crianças no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Em 2016, fez 800 vítimas no país.
Um dispositivo criado nos Estados Unidos e que acaba de ser aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser vendido no Brasil pode ajudar a evitar fatalidades do tipo, tanto em crianças como em adultos.
Batizado de LifeVac, ele suga o que está preso na garganta de volta à boca. O dispositivo permite que qualquer pessoa, sem treinamento prévio, possa socorrer alguém que esteja sufocando em poucos passos. O produto lembra um desentupidor, mas atenção: desentupidores não devem ser usados para esse fim.
No Brasil, o produto será vendido pela Sterifarma Produtos Cirúrgicos, uma empresa com sede em Guarulhos, cidade da região metropolitana de São Paulo, daqui a cerca de quatro meses. O preço ainda não foi divulgado, mas, nos EUA, o dispositivo custa em torno de US$ 70 e acompanha duas máscaras, uma infantil e outra adulta. As máscaras são descartáveis e cada unidade custa US$ 5,95. Há, ainda, um kit escolar com quatro unidades do LifeVac e oito máscaras.
O diretor de vendas da companhia, Marcelo Sanglard, explica que a empresa deseja levar o LifeVac para todos os lugares em que as pessoas mais costumam engasgar, como restaurantes e escolas.
Um caso emblemático é o do menino Lucas Zamora, que morreu aos 10 anos após ter ficado engasgado ao comer um cachorro-quente em 2017, em Campinas (SP). Apesar da presença de adultos, que o acompanhavam durante uma excursão escolar, não foi possível socorrê-lo até a chegada do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). De lá para cá, sua mãe, Alessandra Zamora, batalhou para que escolas públicas e privadas e estabelecimentos de recreação infantil fossem obrigados por lei a treinar seus funcionários em primeiros socorros.
A lei 13.722, batizada de Lei Lucas, entrou em vigor em abril de 2019, mas ainda não foi regulamentada e o treinamento não é oferecido.
Na maioria dos casos de sufocamento (com exceção de crianças com menos de um ano), é possível aplicar a manobra de Heimlich: uma pessoa se posiciona atrás da que está sufocando e com as mãos sobre o umbigo da vítima faz pressão para dentro e para cima até que a pessoa cuspa o objeto ou desmaie —nesse caso, deve-se ligar para a emergência.
Para o cardiologista Sérgio Timerman, coordenador de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), a simplicidade do LifeVac será capaz de salvar muitas vidas. Ele conta que conheceu o dispositivo durante um congresso médico nos Estados Unidos e que ficou animado com a possibilidade da comercialização no Brasil.
Alessandra Zamora, mãe de Lucas, também comemorou a aprovação e diz que a venda do LifeVac no Brasil é uma conquista importante. “A manobra para desengasgo [manobra de Heimlich] e a preocupação com primeiros socorros sempre foram muito subestimadas no Brasil. Nós sabemos que em 90% dos casos em que a manobra é aplicada corretamente é possível reverter o engasgo. O LifeVac é um auxílio extra, em especial quando a manobra não funciona. Tudo que puder salvar uma vida é válido”, disse.
Zamora, que criou o Movimento Vai Lucas, um grupo de pessoas que tem como objetivo difundir práticas de primeiros socorros, contou com a ajuda dos deputados federais Ricardo Izar (PP-SP) e Pollyana Gama (PPS-SP) para que a matéria fosse levada ao plenário.
Apesar da rápida tramitação da lei e da norma já estar valendo desde abril deste ano, a medida ainda não foi regulamentada. A assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por exemplo, disse à Folha que aguarda a regulamentação do MEC (Ministério da Educação) para se adequar ao texto.
Para que as prefeituras e governos estaduais possam fazer cumprir a lei é necessário que o MEC defina como a medida deve ser aplicada, informando, por exemplo, a porcentagem de funcionários de escolas e estabelecimentos de recreação que devem ser treinados para que uma escola receba o selo de aprovação, batizado de Selo Lucas Begalli Zamora.
A Folha procurou o MEC para obter informações acerca da regulamentação da Lei Lucas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
https://youtu.be/ENdY2j2xlbI
A asfixia por objetos ou alimentos é a principal causa de mortes acidentais de crianças no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Em 2016, fez 800 vítimas no país.
Um dispositivo criado nos Estados Unidos e que acaba de ser aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser vendido no Brasil pode ajudar a evitar fatalidades do tipo, tanto em crianças como em adultos.
Batizado de LifeVac, ele suga o que está preso na garganta de volta à boca. O dispositivo permite que qualquer pessoa, sem treinamento prévio, possa socorrer alguém que esteja sufocando em poucos passos. O produto lembra um desentupidor, mas atenção: desentupidores não devem ser usados para esse fim.
No Brasil, o produto será vendido pela Sterifarma Produtos Cirúrgicos, uma empresa com sede em Guarulhos, cidade da região metropolitana de São Paulo, daqui a cerca de quatro meses. O preço ainda não foi divulgado, mas, nos EUA, o dispositivo custa em torno de US$ 70 e acompanha duas máscaras, uma infantil e outra adulta. As máscaras são descartáveis e cada unidade custa US$ 5,95. Há, ainda, um kit escolar com quatro unidades do LifeVac e oito máscaras.
O diretor de vendas da companhia, Marcelo Sanglard, explica que a empresa deseja levar o LifeVac para todos os lugares em que as pessoas mais costumam engasgar, como restaurantes e escolas.
Um caso emblemático é o do menino Lucas Zamora, que morreu aos 10 anos após ter ficado engasgado ao comer um cachorro-quente em 2017, em Campinas (SP). Apesar da presença de adultos, que o acompanhavam durante uma excursão escolar, não foi possível socorrê-lo até a chegada do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). De lá para cá, sua mãe, Alessandra Zamora, batalhou para que escolas públicas e privadas e estabelecimentos de recreação infantil fossem obrigados por lei a treinar seus funcionários em primeiros socorros.
A lei 13.722, batizada de Lei Lucas, entrou em vigor em abril de 2019, mas ainda não foi regulamentada e o treinamento não é oferecido.
Na maioria dos casos de sufocamento (com exceção de crianças com menos de um ano), é possível aplicar a manobra de Heimlich: uma pessoa se posiciona atrás da que está sufocando e com as mãos sobre o umbigo da vítima faz pressão para dentro e para cima até que a pessoa cuspa o objeto ou desmaie —nesse caso, deve-se ligar para a emergência.
Para o cardiologista Sérgio Timerman, coordenador de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), a simplicidade do LifeVac será capaz de salvar muitas vidas. Ele conta que conheceu o dispositivo durante um congresso médico nos Estados Unidos e que ficou animado com a possibilidade da comercialização no Brasil.
Alessandra Zamora, mãe de Lucas, também comemorou a aprovação e diz que a venda do LifeVac no Brasil é uma conquista importante. “A manobra para desengasgo [manobra de Heimlich] e a preocupação com primeiros socorros sempre foram muito subestimadas no Brasil. Nós sabemos que em 90% dos casos em que a manobra é aplicada corretamente é possível reverter o engasgo. O LifeVac é um auxílio extra, em especial quando a manobra não funciona. Tudo que puder salvar uma vida é válido”, disse.
Zamora, que criou o Movimento Vai Lucas, um grupo de pessoas que tem como objetivo difundir práticas de primeiros socorros, contou com a ajuda dos deputados federais Ricardo Izar (PP-SP) e Pollyana Gama (PPS-SP) para que a matéria fosse levada ao plenário.
Apesar da rápida tramitação da lei e da norma já estar valendo desde abril deste ano, a medida ainda não foi regulamentada. A assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por exemplo, disse à Folha que aguarda a regulamentação do MEC (Ministério da Educação) para se adequar ao texto.
Para que as prefeituras e governos estaduais possam fazer cumprir a lei é necessário que o MEC defina como a medida deve ser aplicada, informando, por exemplo, a porcentagem de funcionários de escolas e estabelecimentos de recreação que devem ser treinados para que uma escola receba o selo de aprovação, batizado de Selo Lucas Begalli Zamora.
A Folha procurou o MEC para obter informações acerca da regulamentação da Lei Lucas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.