FOLHA DE SP - 01/11
RIO DE JANEIRO - Nos últimos 20 anos, fui convidado --pelas próprias pessoas ou por seus herdeiros-- a escrever a biografia de pelo menos quatro divas do teatro, vários compositores e músicos, um poeta, um costureiro, um cineasta, dois cartunistas, uma lenda da televisão, atletas, empresários, políticos, dois banqueiros e até a saga de duas fascinantes famílias.
Todos eles, grandes nomes (talvez os maiores em seus ramos) e, com uma ou duas exceções, dignos de admiração --suas vidas e realizações poderiam render livros importantes. E houve casos em que a oferta de dinheiro pelo trabalho era quase irresistível. Agradeci e recusei delicadamente todas as propostas.
Aleguei que, por serem encomendas, não teria liberdade para trabalhar --condição que sempre estabeleci para mim. Mas, como achava que suas histórias mereciam ser contadas, podia sugerir-lhes profissionais que dariam conta do recado. Alguns desses grandes nomes aceitaram minhas sugestões, e suas biografias --autorizadíssimas-- foram publicadas, para gáudio de seus amigos e de poucos mais.
A biografia autorizada é um fato. Sempre existiu e ninguém pode ser proibido de contratar uma pena de aluguel para compor rapsódias a seu respeito. Mas ela serve mais à vaidade pessoal de seu objeto do que para o verdadeiro conhecimento do dito objeto. Para uma nação, reduzir o estudo de sua história a esse tipo de instrumento viciado é cometer suicídio cultural.
Os verdadeiros biógrafos trabalham de forma diferente. Exigem independência, sem a qual nenhum rigor na apuração das informações será possível. No Brasil, essa independência está à mercê dos poderes competentes. Contra ela, buscam-se jabuticabas jurídicas --filigranas inéditas em outros países--, na forma de "ajustes" ou "meios-termos", para no fundo deixar tudo como está.
sexta-feira, novembro 01, 2013
Maschio, Pirandello, entre nessa festa - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
O Estado de S.Paulo - 01/11
"Te encontro à noite no Pirandello", era a combinação usual. Aliás, o bar só abria à noite. Seria bar? Ou era um estado de espírito, para usar um clichê afetivo? De mítico, tornou-se lendário. Havia pessoas que ligavam: indo a São Paulo, você me leva ao Pirandello? Lugar encantado e encantador. Levar alguém significava um bom início de noite. Promissor, para quem quer que fosse, homem ou mulher, ou todas tendências, escolhas. Difícil resistir, ganhávamos mais milhas do que uma viagem ao redor de mundo nas empresas aéreas de hoje. Mas o que tinha o Pirandello de tão especial, diferente? Nada e tudo. Teve gente que entrou e dizia: mas é isso? Ao sair, reconhecia: nunca pensei que fosse tudo isso!
O Pirandello era um bar, restaurante antiquário, brechó, livraria, clube privê onde todos eram sócios, sala de visitas da minha, da sua, da casa de todos nós, ponto de encontro, lounge (para usar termo moderno), sala vip. Tinha um estilo de decoração? Tinha, não sei qual. As coisas seguiam ao sabor do que havia disponível, mudavam quadros, estatuetas, bibelôs, abajures, espelhos, lustres, vasos, ora estávamos num ambiente art-deco, ora art-nouveau, ou barroco, clean, modernista. E o que era modernista?
Tédio não havia. Nem repetição. Nem bom ou mau gosto. Havia o Pirandello onde se chegava cedo para achar lugar. Quem chegava ficava e não se via cara feia, nem garçom rondando a mesa terminado o jantar, querendo estender a conta. Ou estarei dourando a pílula? Ou, se houvesse tais inconvenientes tão normais hoje, não me lembro, não ligava, pouco me importava. Se houvesse livro de ponto, vocês veriam que foram poucas as minhas faltas. Poucas as faltas de todo mundo. Quem era todo mundo? Escritores, jornalistas, artistas, pintores, diretores de teatro e cinema, economistas, publicitários, desocupados, fazendeiros, portuários, normalistas, livreiros, guarda-livros, bancários, banqueiros, alfaiates, arquitetos, advogados, agrônomos, modelos, penetras. Descolados e caretas.
Quis sempre a mesa que dava para a escada que descia ao andar inferior (porão, ou subsolo), onde Anaelena, Cristina e Patricia abriram uma filial da Capitu, a livraria onde as coisas aconteciam. Capitu e Pirandello eram como que irmãos siameses, um extensão do outro. No salão tínhamos visão total das mesas e os espelhos auxiliavam na paquera, colocados estrategicamente, refletindo todos os ângulos, segundo a arguta redatora de publicidade Lu Franco.
Quem juntava gente como Paulo Caruso, fidelíssimo, Caio Fernando Abreu, Joyce Cavalcanti, Mario Prata, Ivan Angelo, Raduan Nassar (acreditem, eu o vi lá), Washington Olivetto, Ruth Escobar, Lina Wertmüller, Jô Soares, Fernando Henrique Cardoso, Eder Jofre, Pedro Herz, Marcos Rey, Lygia Fagundes Telles, Ricardo Carvalho, Elba Ramalho, Sandra Pera, Lennie Dale, Raul Cortez, Paulo Autran, Karin Rodrigues, Walter Hugo Khoury, Anselmo Duarte, Paulo Bonfim, Antunes Filho, Ana Maria Martins, Ricardo Ramos (um que faz muita falta), que, certa vez, levou o retrato de seu pai, Graciliano, pintado por Portinari para uma exposição e o retrato ficou meses na parede. Jantei olhando para ele muitas noites.
Luis Fernando Verissimo esteve lá quando a Capitu fez uma exposição sobre o Érico. Chegou tímido e o Maschio, louco como sempre, a falar agitado, queria porque queria um boné do Érico para pôr sobre uma máquina de escrever que estava no 'cenário'. As meninas da Capitu já tinham conseguido originais e desenhos do pai de Luis Fernando. Mas boné? Não havia. Maschio não hesitou, pegou um boné dele mesmo e disse pro mundo que era do Érico.
Quem colocava as pessoas mais diferentes num mesmo lugar, divertindo-se naquele final dos anos 70, inicio dos 80, tempo de ditadores, censores, inflação alta, overnight, em que se falava de anistia, em que dançar era ter entrado pelo cano e chocante, maneiro, porreta, joia, estou contigo e não abro eram gírias e expressões do cotidiano? Tempo das Frenéticas, do Tititi, dos Dzi Croquetes, de Porcina, Hulk, do saque de vôlei viagem às estrelas, de Malu Mader e de Malu Mulher? Uma frase de Oscar Wilde poderia estar sobre o portão de entrada: "A vida é muito importante para ser levada à sério". Ultrapassávamos o portãozinho de ferro, percorríamos um corredor de ladrilhos hidráulicos e estávamos dentro.
Quem comandava aquela nau de insensatos? Maschio e Wladimir Soares, inseparáveis como o Gordo e o Magro, Tom e Jerry, como os Três Patetas, os irmãos Marx, os policiais rodoviários Chips, o senhor Roarke (Ricardo Montalban) e o anão Tatoo (Hervé Villachaizel), a Gata e o Rato, Ziraldo e o menino maluquinho. Wladi com seu chapéu coco e seu bigodinho Carlitos, Maschio surpreendendo com fantasias diversas, mas podíamos reconhecê-lo pelo riso escancarado, debochado. Nunca o vi de cara amarrada, nem para baixo, de mau humor. Sempre alto astral, mesmo quando soube do câncer que terminaria com ele.
Desde os tempos em que fazia patês maravilhosos que os amigos consumiam e que o sustentaram por anos, Maschio iluminou a cena paulistana. Iluminou no sentido integral, à frente do Pirandello ou funcionando como um pião naquilo que hoje se chama rede social, fazendo conexões para manifestos contra o regime, a favor das Diretas Já, ou promovendo leilões beneficentes. Certa noite ali vi Ulisses Guimarães e dona Mora comendo o famoso Frango a Isadora Duncan, prato chefe, que saía da cozinha em linha de produção esmerada. Naquele tempo, apesar de tudo, acreditávamos naquele jingle de uma calça jean, a US Top: "Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada". A certa altura, já fechado o Pirandello, Maschio sobreviveu vendendo tudo o que tinha. Ou promovendo jantares inesquecíveis pelo cardápio e pela elegância da mesa. Semana passada Maschio se foi aos 66 anos. Muito cedo para morrer. Qualquer idade é cedo para morrer.
Maschio foi um dos símbolos de uma São Paulo que, como parte de um Brasil sufocado, cantava com as Frenéticas o tema da novela Dancing'Days: "Abra suas asas/ solte suas feras/ caia na gandaia/ entre nessa festa".
"Te encontro à noite no Pirandello", era a combinação usual. Aliás, o bar só abria à noite. Seria bar? Ou era um estado de espírito, para usar um clichê afetivo? De mítico, tornou-se lendário. Havia pessoas que ligavam: indo a São Paulo, você me leva ao Pirandello? Lugar encantado e encantador. Levar alguém significava um bom início de noite. Promissor, para quem quer que fosse, homem ou mulher, ou todas tendências, escolhas. Difícil resistir, ganhávamos mais milhas do que uma viagem ao redor de mundo nas empresas aéreas de hoje. Mas o que tinha o Pirandello de tão especial, diferente? Nada e tudo. Teve gente que entrou e dizia: mas é isso? Ao sair, reconhecia: nunca pensei que fosse tudo isso!
O Pirandello era um bar, restaurante antiquário, brechó, livraria, clube privê onde todos eram sócios, sala de visitas da minha, da sua, da casa de todos nós, ponto de encontro, lounge (para usar termo moderno), sala vip. Tinha um estilo de decoração? Tinha, não sei qual. As coisas seguiam ao sabor do que havia disponível, mudavam quadros, estatuetas, bibelôs, abajures, espelhos, lustres, vasos, ora estávamos num ambiente art-deco, ora art-nouveau, ou barroco, clean, modernista. E o que era modernista?
Tédio não havia. Nem repetição. Nem bom ou mau gosto. Havia o Pirandello onde se chegava cedo para achar lugar. Quem chegava ficava e não se via cara feia, nem garçom rondando a mesa terminado o jantar, querendo estender a conta. Ou estarei dourando a pílula? Ou, se houvesse tais inconvenientes tão normais hoje, não me lembro, não ligava, pouco me importava. Se houvesse livro de ponto, vocês veriam que foram poucas as minhas faltas. Poucas as faltas de todo mundo. Quem era todo mundo? Escritores, jornalistas, artistas, pintores, diretores de teatro e cinema, economistas, publicitários, desocupados, fazendeiros, portuários, normalistas, livreiros, guarda-livros, bancários, banqueiros, alfaiates, arquitetos, advogados, agrônomos, modelos, penetras. Descolados e caretas.
Quis sempre a mesa que dava para a escada que descia ao andar inferior (porão, ou subsolo), onde Anaelena, Cristina e Patricia abriram uma filial da Capitu, a livraria onde as coisas aconteciam. Capitu e Pirandello eram como que irmãos siameses, um extensão do outro. No salão tínhamos visão total das mesas e os espelhos auxiliavam na paquera, colocados estrategicamente, refletindo todos os ângulos, segundo a arguta redatora de publicidade Lu Franco.
Quem juntava gente como Paulo Caruso, fidelíssimo, Caio Fernando Abreu, Joyce Cavalcanti, Mario Prata, Ivan Angelo, Raduan Nassar (acreditem, eu o vi lá), Washington Olivetto, Ruth Escobar, Lina Wertmüller, Jô Soares, Fernando Henrique Cardoso, Eder Jofre, Pedro Herz, Marcos Rey, Lygia Fagundes Telles, Ricardo Carvalho, Elba Ramalho, Sandra Pera, Lennie Dale, Raul Cortez, Paulo Autran, Karin Rodrigues, Walter Hugo Khoury, Anselmo Duarte, Paulo Bonfim, Antunes Filho, Ana Maria Martins, Ricardo Ramos (um que faz muita falta), que, certa vez, levou o retrato de seu pai, Graciliano, pintado por Portinari para uma exposição e o retrato ficou meses na parede. Jantei olhando para ele muitas noites.
Luis Fernando Verissimo esteve lá quando a Capitu fez uma exposição sobre o Érico. Chegou tímido e o Maschio, louco como sempre, a falar agitado, queria porque queria um boné do Érico para pôr sobre uma máquina de escrever que estava no 'cenário'. As meninas da Capitu já tinham conseguido originais e desenhos do pai de Luis Fernando. Mas boné? Não havia. Maschio não hesitou, pegou um boné dele mesmo e disse pro mundo que era do Érico.
Quem colocava as pessoas mais diferentes num mesmo lugar, divertindo-se naquele final dos anos 70, inicio dos 80, tempo de ditadores, censores, inflação alta, overnight, em que se falava de anistia, em que dançar era ter entrado pelo cano e chocante, maneiro, porreta, joia, estou contigo e não abro eram gírias e expressões do cotidiano? Tempo das Frenéticas, do Tititi, dos Dzi Croquetes, de Porcina, Hulk, do saque de vôlei viagem às estrelas, de Malu Mader e de Malu Mulher? Uma frase de Oscar Wilde poderia estar sobre o portão de entrada: "A vida é muito importante para ser levada à sério". Ultrapassávamos o portãozinho de ferro, percorríamos um corredor de ladrilhos hidráulicos e estávamos dentro.
Quem comandava aquela nau de insensatos? Maschio e Wladimir Soares, inseparáveis como o Gordo e o Magro, Tom e Jerry, como os Três Patetas, os irmãos Marx, os policiais rodoviários Chips, o senhor Roarke (Ricardo Montalban) e o anão Tatoo (Hervé Villachaizel), a Gata e o Rato, Ziraldo e o menino maluquinho. Wladi com seu chapéu coco e seu bigodinho Carlitos, Maschio surpreendendo com fantasias diversas, mas podíamos reconhecê-lo pelo riso escancarado, debochado. Nunca o vi de cara amarrada, nem para baixo, de mau humor. Sempre alto astral, mesmo quando soube do câncer que terminaria com ele.
Desde os tempos em que fazia patês maravilhosos que os amigos consumiam e que o sustentaram por anos, Maschio iluminou a cena paulistana. Iluminou no sentido integral, à frente do Pirandello ou funcionando como um pião naquilo que hoje se chama rede social, fazendo conexões para manifestos contra o regime, a favor das Diretas Já, ou promovendo leilões beneficentes. Certa noite ali vi Ulisses Guimarães e dona Mora comendo o famoso Frango a Isadora Duncan, prato chefe, que saía da cozinha em linha de produção esmerada. Naquele tempo, apesar de tudo, acreditávamos naquele jingle de uma calça jean, a US Top: "Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada". A certa altura, já fechado o Pirandello, Maschio sobreviveu vendendo tudo o que tinha. Ou promovendo jantares inesquecíveis pelo cardápio e pela elegância da mesa. Semana passada Maschio se foi aos 66 anos. Muito cedo para morrer. Qualquer idade é cedo para morrer.
Maschio foi um dos símbolos de uma São Paulo que, como parte de um Brasil sufocado, cantava com as Frenéticas o tema da novela Dancing'Days: "Abra suas asas/ solte suas feras/ caia na gandaia/ entre nessa festa".
O drible - FERNANDA TORRES
FOLHA DE SP - 01/11
A imprensa se mantém alerta para qualquer movimento que interfira em direitos conquistados
Lanço um romance agora em novembro. Chama-se "Fim".
Saindo de uma reunião na editora, parei para observar a estante de lançamentos e fui convidada a escolher alguns títulos. Interessei-me pela biografia de Cruz e Souza, Bashô, Jesus e Trotsky, do Leminski, botei o exemplar no bolso e me dirigi à porta.
Meu editor veio atrás com "O Drible", de Sérgio Rodrigues, nas mãos. Perguntou se eu não queria levar. Sérgio foi um dos que tiveram a pachorra de ler e escrever o blurb, palavra odienta, uma pequena resenha na contracapa do meu "Fim". Agradeci a lembrança, encabulada por não ter partido de mim o impulso.
A vergonha me fez atacar o livro de bate-pronto e descobrir um escritor finíssimo, mineiro radicado no Rio. Sérgio se vale de um péssimo pai, cronista de futebol aposentado, que, desenganado, decide reatar relações com o filho, para compor uma tragédia burguesa que atravessa os últimos 70 anos da nossa história.
Através da paixão poética do pai pelo esporte bretão, Sérgio explora a geração que conviveu com Nelson Rodrigues e Mário Filho, que viu Nilton Santos, Garrincha e Pelé em campo, que testemunhou o apogeu e queda do futebol arte. Murilo desenha paralelos entre o jogo e o país, enquanto o filho, nascido junto com o golpe de 64, cresce em uma sociedade utilitária, movida a autoajuda, embalado pelo saudosismo dos seriados americanos da infância, o rock de 80 e as caixas de farmácia que come pelo caminho.
O "Drible" é primo-irmão do "Fim". Melhor, é claro, mais sórdido, mais macho, mas primo. O Rio de Janeiro é o seu palco. O hedonismo libertário, vazio, a decadência da corte, o desprezo por qualquer grande ato e a natureza imperiosa.
A diferença é que Sérgio é das Gerais, seus personagens sobem a BR-040, a mesma que dá em Minas, para se esconderem na umidade do Rocio; possuem a doença do interior, são abatidos pelo oculto, pela insanidade, arquitetam crimes.
Infelizmente, de nada vale o elogio. O Sérgio acaba de me prestar um grande favor e, em prol da isenção crítica, a ética literária condena troca-trocas desse tipo. Como amadora, me permito a heresia, o autor merece.
Por falar em boa escrita, o Procure Saber foi obrigado a rever a sua posição com respeito às leis que regem a publicação de biografias.
A liberdade de expressão está sob ameaça em muitos países latino-americanos. No Brasil, a imprensa se mantém alerta para qualquer movimento que interfira em direitos conquistados. É um tema sagrado para os meios de comunicação e entendo o porquê de a contenda ter tomado contornos tão radicais.
Sou a favor da liberação. O "sem fins lucrativos" beneficia a internet e a versão chapa-branca da história; a informação duvidosa, sem fontes seguras. A má-fé existe, o mau gosto também, e não só em Gutenberg. Talvez menos em Gutenberg.
Por outro lado, alguns limites merecem atenção.
Não é justo que um criminoso lucre com o crime que cometeu. Nos Estados Unidos e na França esse direito é negado, aqui, não há lei para isso.
Estranha também que a reparação a um dano físico, ou moral, seja calculada com base nos dividendos da pessoa lesada. Quem ganha pouco, recebe pouco, quem ganha muito, recebe muito.
E não acho certo a veiculação de fotos de crianças sem a autorização dos pais. Tem muito louco nesse mundo e eu gostaria de ter o direito, ou não, de expor meus filhos ao Coliseu.
Caso seja aprovada a nova versão do artigo 20 do Código Civil, uma coisa permanecerá imutável, a sua frágil redação. Ficaria assim:
"A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade."
É a liberdade irrestrita, mas preocupa o uso de um termo tão ambíguo quanto divulgação no enunciado. Divulgar é promover, um verbo que abre espaço para a comercialização indevida. Não tem nada a ver com o livre pensar ou a memória da história. Não é publicar e nem transmitir.
Valia uma revisão.
A imprensa se mantém alerta para qualquer movimento que interfira em direitos conquistados
Lanço um romance agora em novembro. Chama-se "Fim".
Saindo de uma reunião na editora, parei para observar a estante de lançamentos e fui convidada a escolher alguns títulos. Interessei-me pela biografia de Cruz e Souza, Bashô, Jesus e Trotsky, do Leminski, botei o exemplar no bolso e me dirigi à porta.
Meu editor veio atrás com "O Drible", de Sérgio Rodrigues, nas mãos. Perguntou se eu não queria levar. Sérgio foi um dos que tiveram a pachorra de ler e escrever o blurb, palavra odienta, uma pequena resenha na contracapa do meu "Fim". Agradeci a lembrança, encabulada por não ter partido de mim o impulso.
A vergonha me fez atacar o livro de bate-pronto e descobrir um escritor finíssimo, mineiro radicado no Rio. Sérgio se vale de um péssimo pai, cronista de futebol aposentado, que, desenganado, decide reatar relações com o filho, para compor uma tragédia burguesa que atravessa os últimos 70 anos da nossa história.
Através da paixão poética do pai pelo esporte bretão, Sérgio explora a geração que conviveu com Nelson Rodrigues e Mário Filho, que viu Nilton Santos, Garrincha e Pelé em campo, que testemunhou o apogeu e queda do futebol arte. Murilo desenha paralelos entre o jogo e o país, enquanto o filho, nascido junto com o golpe de 64, cresce em uma sociedade utilitária, movida a autoajuda, embalado pelo saudosismo dos seriados americanos da infância, o rock de 80 e as caixas de farmácia que come pelo caminho.
O "Drible" é primo-irmão do "Fim". Melhor, é claro, mais sórdido, mais macho, mas primo. O Rio de Janeiro é o seu palco. O hedonismo libertário, vazio, a decadência da corte, o desprezo por qualquer grande ato e a natureza imperiosa.
A diferença é que Sérgio é das Gerais, seus personagens sobem a BR-040, a mesma que dá em Minas, para se esconderem na umidade do Rocio; possuem a doença do interior, são abatidos pelo oculto, pela insanidade, arquitetam crimes.
Infelizmente, de nada vale o elogio. O Sérgio acaba de me prestar um grande favor e, em prol da isenção crítica, a ética literária condena troca-trocas desse tipo. Como amadora, me permito a heresia, o autor merece.
Por falar em boa escrita, o Procure Saber foi obrigado a rever a sua posição com respeito às leis que regem a publicação de biografias.
A liberdade de expressão está sob ameaça em muitos países latino-americanos. No Brasil, a imprensa se mantém alerta para qualquer movimento que interfira em direitos conquistados. É um tema sagrado para os meios de comunicação e entendo o porquê de a contenda ter tomado contornos tão radicais.
Sou a favor da liberação. O "sem fins lucrativos" beneficia a internet e a versão chapa-branca da história; a informação duvidosa, sem fontes seguras. A má-fé existe, o mau gosto também, e não só em Gutenberg. Talvez menos em Gutenberg.
Por outro lado, alguns limites merecem atenção.
Não é justo que um criminoso lucre com o crime que cometeu. Nos Estados Unidos e na França esse direito é negado, aqui, não há lei para isso.
Estranha também que a reparação a um dano físico, ou moral, seja calculada com base nos dividendos da pessoa lesada. Quem ganha pouco, recebe pouco, quem ganha muito, recebe muito.
E não acho certo a veiculação de fotos de crianças sem a autorização dos pais. Tem muito louco nesse mundo e eu gostaria de ter o direito, ou não, de expor meus filhos ao Coliseu.
Caso seja aprovada a nova versão do artigo 20 do Código Civil, uma coisa permanecerá imutável, a sua frágil redação. Ficaria assim:
"A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade."
É a liberdade irrestrita, mas preocupa o uso de um termo tão ambíguo quanto divulgação no enunciado. Divulgar é promover, um verbo que abre espaço para a comercialização indevida. Não tem nada a ver com o livre pensar ou a memória da história. Não é publicar e nem transmitir.
Valia uma revisão.
Nossas trilhas sonoras - NELSON MOTTA
O GLOBO - 01/11
Talvez essa nostalgia seja o combustível da onda de sucesso dos musicais de teatro sobre Cazuza, Tim Maia, Renato Russo, Raul
Você não acha que a música brasileira de hoje está pior do que nunca? Ouço essa pergunta há muitos e muitos anos, geralmente vinda de gente com mais de 40, nostálgica do tempo em que era jovem — e se sentia moderna. Envelhecer é da vida, mas ficar antigo é insuportável… rsrs.
Alguns acham que a música popular de massa, como fenômeno tipico do século XX, à medida em que foi aumentando a quantidade de autores e consumidores, foi diminuindo em qualidade artística, se avaliada por critérios técnicos absolutos, acima do tempo e da história. Uma discussão chata e inútil diante da infinidade de músicas de alta qualidade de todos os estilos, antigos e modernos, de todos os lugares, que foi e continua sendo digitalizada e está à disposição de qualquer um. Para quem gosta de música o melhor presente é viver na era da internet.
Trilha sonora de nossa história pessoal e coletiva, a música acompanha nossas vidas e expressa nossos sentimentos, os gostos e desgostos de cada um. Atualmente, com a quantidade torrencial que é produzida e divulgada a cada segundo, fica cada vez mais difícil encontrar excelência musical no meio de tanto lixo sonoro, mas ela está lá. Não é preciso citar tantos novos nomes de talento, nem dizer que os mais velhos continuam produzindo em alto nível. É melhor ouvir do que reclamar.
Talvez essa nostalgia seja o combustível da onda de sucesso dos musicais de teatro sobre Cazuza, Tim Maia, Renato Russo, Raul Seixas, Clara Nunes, Luiz Gonzaga, e de vários em produção sobre artistas de diversos estilos e gerações. Se a base de um musical é a qualidade das canções, o repertório de sucessos originais desses artistas é insuperável. No Brasil, ou na Broadway.
Hoje a maioria do publico que lota os teatros é de 40 para cima, mas cada vez mais jovens são atraídos pelos musicais — e são os mais entusiasmados com as velhas novidades.
Mas o musical, pela própria natureza absurda de sua linguagem, de contar uma história cantando e dançando, não pode ser uma biografia, é só fantasia e magia teatral, com o poder de criar beleza e emoção com a memória e a imaginação.
Talvez essa nostalgia seja o combustível da onda de sucesso dos musicais de teatro sobre Cazuza, Tim Maia, Renato Russo, Raul
Você não acha que a música brasileira de hoje está pior do que nunca? Ouço essa pergunta há muitos e muitos anos, geralmente vinda de gente com mais de 40, nostálgica do tempo em que era jovem — e se sentia moderna. Envelhecer é da vida, mas ficar antigo é insuportável… rsrs.
Alguns acham que a música popular de massa, como fenômeno tipico do século XX, à medida em que foi aumentando a quantidade de autores e consumidores, foi diminuindo em qualidade artística, se avaliada por critérios técnicos absolutos, acima do tempo e da história. Uma discussão chata e inútil diante da infinidade de músicas de alta qualidade de todos os estilos, antigos e modernos, de todos os lugares, que foi e continua sendo digitalizada e está à disposição de qualquer um. Para quem gosta de música o melhor presente é viver na era da internet.
Trilha sonora de nossa história pessoal e coletiva, a música acompanha nossas vidas e expressa nossos sentimentos, os gostos e desgostos de cada um. Atualmente, com a quantidade torrencial que é produzida e divulgada a cada segundo, fica cada vez mais difícil encontrar excelência musical no meio de tanto lixo sonoro, mas ela está lá. Não é preciso citar tantos novos nomes de talento, nem dizer que os mais velhos continuam produzindo em alto nível. É melhor ouvir do que reclamar.
Talvez essa nostalgia seja o combustível da onda de sucesso dos musicais de teatro sobre Cazuza, Tim Maia, Renato Russo, Raul Seixas, Clara Nunes, Luiz Gonzaga, e de vários em produção sobre artistas de diversos estilos e gerações. Se a base de um musical é a qualidade das canções, o repertório de sucessos originais desses artistas é insuperável. No Brasil, ou na Broadway.
Hoje a maioria do publico que lota os teatros é de 40 para cima, mas cada vez mais jovens são atraídos pelos musicais — e são os mais entusiasmados com as velhas novidades.
Mas o musical, pela própria natureza absurda de sua linguagem, de contar uma história cantando e dançando, não pode ser uma biografia, é só fantasia e magia teatral, com o poder de criar beleza e emoção com a memória e a imaginação.
Ueba! Eike lança a Calotex! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 01/11
Sonia Abrão brinca de Halloween nas redes sociais e posta uma foto fantasiada de bruxa! O capeta existe!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: os servidores do Kassab deixaram a Cidade Limpa mesmo. Limparam R$ 500 milhões! Levaram ao pé da letra o slogan do Kassab: Cidade Limpa! Limpa tudo! Rarará!
E o Malddad disse que o IPTU é o condomínio da cidade. Então troca o síndico. Chama o Tim Maia! Rarará!
E fantasma pra assustar não grita mais "ÚÚÚ", agora grita "IPTÚÚÚ"!
E atenção! HALLOWEEN! Medo! Susto! Pânico! Sonia Abrão brinca de Halloween nas redes sociais". E posta uma foto dela fantasiada de bruxa! O capeta existe! Rarará!
E como disse o outro: "Mas ela já faz isso diariamente". E outro: "Prefiro a Sonia Abrão de bruxa que de maiô!". Rarará! Bate qualquer filme de terror! Sônia Macabrão assusta o Halloween! Rarará!
E adorei a charge do Sponholz com a Dilma abrindo a reunião ministerial: "Gostosuras ou travessuras?". E os ministros: "Travessuras!".
E a minha sogra foi comprar uma máscara de Halloween e só deram o elástico! Rarará!
E o chargista Flavio revela que o Eike vai lançar uma nova empresa: CALOTEX. O Eike desmoralizou tanto a letra x' que até a Xuxa vai mudar de nome pra Chucha!
E o Eike vai entrar pra Bolsa Familiax. Junto com os dois rebentos: Olin e Thor. Rebentos porque arrebentam qualquer patrimônio. Rarará!
E mais duas piada prontas! "Ex-militar acusado de tráfico é preso ao sair do cinema". Qual era o filme? "Meu Passado me Condena". Rarará!
E mais outra: "Cliente de banco diz ter sido obrigado a tirar gesso para assinar transferência". Como é o nome dele? Paulo Saldo! Rarará!
E mais essa: "Maduro vê Chávez em túnel do metrô". Rarará!
E a procuradoria em São Paulo é assim: "Chegou pedido de investigação da Justiça suíça no caso Alstom". "Coloca na pasta errada e esquece!". "Chegou pedido de investigação do mensalão". "Coloca na pasta certa". Rarará!
Trensalão tucano, pasta errada. Mensalão petista, pasta certa!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Tecnologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais): Mario Eugênio SATURNO! E gerente de relacionamento do Banco do Brasil: Leonardo Ouro! Rarará!
Nóis sofre, mas nós goza!.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Sonia Abrão brinca de Halloween nas redes sociais e posta uma foto fantasiada de bruxa! O capeta existe!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: os servidores do Kassab deixaram a Cidade Limpa mesmo. Limparam R$ 500 milhões! Levaram ao pé da letra o slogan do Kassab: Cidade Limpa! Limpa tudo! Rarará!
E o Malddad disse que o IPTU é o condomínio da cidade. Então troca o síndico. Chama o Tim Maia! Rarará!
E fantasma pra assustar não grita mais "ÚÚÚ", agora grita "IPTÚÚÚ"!
E atenção! HALLOWEEN! Medo! Susto! Pânico! Sonia Abrão brinca de Halloween nas redes sociais". E posta uma foto dela fantasiada de bruxa! O capeta existe! Rarará!
E como disse o outro: "Mas ela já faz isso diariamente". E outro: "Prefiro a Sonia Abrão de bruxa que de maiô!". Rarará! Bate qualquer filme de terror! Sônia Macabrão assusta o Halloween! Rarará!
E adorei a charge do Sponholz com a Dilma abrindo a reunião ministerial: "Gostosuras ou travessuras?". E os ministros: "Travessuras!".
E a minha sogra foi comprar uma máscara de Halloween e só deram o elástico! Rarará!
E o chargista Flavio revela que o Eike vai lançar uma nova empresa: CALOTEX. O Eike desmoralizou tanto a letra x' que até a Xuxa vai mudar de nome pra Chucha!
E o Eike vai entrar pra Bolsa Familiax. Junto com os dois rebentos: Olin e Thor. Rebentos porque arrebentam qualquer patrimônio. Rarará!
E mais duas piada prontas! "Ex-militar acusado de tráfico é preso ao sair do cinema". Qual era o filme? "Meu Passado me Condena". Rarará!
E mais outra: "Cliente de banco diz ter sido obrigado a tirar gesso para assinar transferência". Como é o nome dele? Paulo Saldo! Rarará!
E mais essa: "Maduro vê Chávez em túnel do metrô". Rarará!
E a procuradoria em São Paulo é assim: "Chegou pedido de investigação da Justiça suíça no caso Alstom". "Coloca na pasta errada e esquece!". "Chegou pedido de investigação do mensalão". "Coloca na pasta certa". Rarará!
Trensalão tucano, pasta errada. Mensalão petista, pasta certa!
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Tecnologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais): Mario Eugênio SATURNO! E gerente de relacionamento do Banco do Brasil: Leonardo Ouro! Rarará!
Nóis sofre, mas nós goza!.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
A história refém da memória - DENISE ROLLEMBERG
O GLOBO - 01/11
O historiador que estuda a ditadura civil-militar já conhece o debate que agora ganha maior amplitude devido à expectativa em relação à decisão judiciária sobre a ação movida por editores, questionando a faculdade de os biografados ou seus herdeiros proibirem biografias. Para o pesquisador, historiador, jornalista etc, ter acesso à documentação produzida pelos órgãos de informação e de repressão, na qual alguém estivesse citado, era necessária autorização do mesmo ou da família, caso já tivesse falecido. As restrições criaram, assim, graves distorções observadas sem maiores dificuldades, justamente e sobretudo, nas biografias, fossem escritas por historiadores ou jornalistas.
O debate atual, independentemente da época em que o biografado viveu ou vive, enfrenta aspectos semelhantes.
Não há como negar que a autorização interfere na autonomia e na independência de que o pesquisador precisa para escrever, ainda mais, um texto biográfico. No acordo estabelecido entre biografado e biógrafo, estabelece-se uma espécie de dívida que pode comprometer interpretações que venham na contracorrente do que o biografado ou sua família esperam ou desejam ver publicado. O biógrafo torna-se refém do biografado.
Se assim não for, ele, o biógrafo, parece ter quebrado a confiança que nele fora depositada, para não falar do impedimento da publicação de seu trabalho.
Seja quem for o biografado, é certo que sua vida e sua obra estarão permeadas por aspectos de todo tipo, dos mais aos menos nobres, para não entrar aqui nos casos de personagens tais como ditadores, genocidas etc. O fato é que há uma enorme dificuldade de se enfrentar o lado escuro da Lua, os aspectos pouco edificantes na vida de quem quer que seja, como se as trajetórias humanas não fossem feitas também de desacertos, equívocos, misérias.
Assim, para se obter a autorização, não raramente se fica - ou se pode ficar - refém de uma relação cujo compromisso nem sempre se baseia na produção do conhecimento, mas, frequentemente, na construção e/ou preservação de determinada memória.
No confronto entre a memória e a história, a história tem perdido. A memória é seletiva, apaziguadora, maleável às vontades do presente. A história, não. Releva o personagem sem retoques, em sua grandeza e sua pequeneza, e tudo mais que existe entre os dois extremos. Muitas das biografias autorizadas são hagiografias e, portanto, nenhum interesse têm para quem quer conhecer a história de homens e mulheres cujas trajetórias tiveram - ou têm - importância em sua época. A narrativa dessas vidas não pode ser acessível a uns e não a outros. Ninguém deve se tornar guardião da memória, dono da história. Nem da própria história, principalmente quem se colocou no mundo através da política, da arte, do esporte etc., expressando suas ideias e posições, deixando, portanto, nele seu registro.
É exatamente a possibilidade de narrar a história de homens e mulheres dignos de biografias, abordando-os em sua dimensão humana, em suas contradições e tensões, do tempo e deles mesmos, a maior homenagem que se lhes pode fazer. O desrespeito seria deformá-los como seres perfeitos, mantendo-os desconhecidos e isolados do mundo no qual atuaram.
No mais, quando ouço o argumento segundo o qual o biografado se vê vulnerável a difamações e invasão de privacidade, lembro-me de Theodor Adorno que disse ser uma ofensa procurar nos judeus a razão da perseguição dos nazistas. O problema, defendeu o filósofo alemão, não estava nos judeus, e sim nos nazistas, nos perseguidores, e não nos perseguidos. Seguindo o lúcido raciocínio, pode-se dizer que difamações e invasão de privacidade falam dos biógrafos, não dos biografados.
Deixo o jornalismo pela proctologia - BARBARA GANCIA
FOLHA DE SP - 01/11
Alguém sabe quando serão abertas as próximas matrículas do Senac para o curso de acupunturista?
Tenho um cacoete em comum com o tapuia que reclama do Brasil com o distanciamento de quem nasceu na longínqua Tuvalu. Você o conhece, não? É aquele camarada que adora começar frases com: "Só no Brasil..."
Pois eu padeço de mal semelhante. Falo de jornalistas como se eu fosse, digamos, dentista. Ou baterista, eletricista, anestesista, em suma, qualquer outra coisa menos alguém que está empenhada em tentar entender o fenômeno "black blocs".
Em tentar verificar que pode até haver neonazista infiltrado no grupo, mas que é piada comparar a resistência pacifista de Martin Luther King ao ativismo de Malcolm X para defender a ideia de que a militância domingueira de calçadão do Sou da Paz seja válida, enquanto a estratégia de quebra-quebra de símbolos do capitalismo empreendida pelos jovens desta geração de excluídos da globalização não seja.
O fenômeno nem é novo, vem da Europa, anos 90, trazido por quem se enxerga como vítima de uma violência invisível, a do mercado globalizado dominado pelos grandes conglomerados.
Em Seattle, Bruxelas e Bolonha eles são "manifestantes". E aqui, sem separar o joio do trigo, nós os chamamos de "vândalos". Pois não adianta agora o ministro da Secretaria-Geral da presidência, Gilberto Carvalho, convidar "black blocs" para tomar um cafezinho. A bronca dessa turma não é com o governo. Problema deles é: 1) sociedade de consumo e 2) sustentabilidade. Chegamos até aqui, promovemos bem estar, tecnologia, saúde, saber e, mesmo assim, destruição, desigualdade e ganância continuam a prevalecer. A contracultura raivosa quer usar a violência para apontar onde está a verdadeira violência. Tratá-los como foras da lei só vai fazer reforçar o mal-entendido.
Veja outro exemplo da imprensa ir achar passarinho cantando em toca de raposa (ainda lembrando de que se trata de uma proctologista ou maquinista falando): nesta semana, a bem-humorada "Forbes", que sobrevive de compilar listas com a mesma credibilidade do ranking de seleções da Fifa, afirmou que o russo Putin ultrapassou Obama no ranking dos líderes mais poderosos.
Ah, tá. Aquela caricatura de Yul Brynner, de um dia para o outro, deixou para trás o arsenal bélico, o gigantismo da economia e todo o poderio de conhecimento e pesquisa norte-americanos? Tudo bem, eu sei que os russos são um azougue energético, mas vamos e venhamos. Enquanto os EUA tiverem uma máquina de propaganda chamada Hollywood, ainda seguram os corações e mentes de muitos, yes?
Quer mais um exemplo de santa ingenuidade dessa turma que hoje cobre guerra a partir do ar condicionado de centro de imprensa? Não é que o pessoal entrou na onda do vasculhado e passou a tratar com suprema indignidade o fato corriqueiro de que os EUA investigam e sempre investigaram as comunicações de líderes mundiais? Que mimimi é esse?
O cerne da questão é outro inteiramente, esse, sim, de suma importância: o problema é que o governo norte-americano insiste em tratar como criminosos os jornalistas que divulgam informações sobre suas atividades ilegais.
Em um mundo que se acostuma a conviver com câmeras que flagram quem tira meleca do nariz no elevador, ou seja, em que a privacidade foi para o beleléu, há uma onda perniciosa que ainda tenta abafar a informação. Parta ela da maior potência do mundo ou de artistas decrépitos. E os jornalistas, veja só, ainda não entenderam bem de que lado devem estar.
Alguém sabe quando serão abertas as próximas matrículas do Senac para o curso de acupunturista?
Tenho um cacoete em comum com o tapuia que reclama do Brasil com o distanciamento de quem nasceu na longínqua Tuvalu. Você o conhece, não? É aquele camarada que adora começar frases com: "Só no Brasil..."
Pois eu padeço de mal semelhante. Falo de jornalistas como se eu fosse, digamos, dentista. Ou baterista, eletricista, anestesista, em suma, qualquer outra coisa menos alguém que está empenhada em tentar entender o fenômeno "black blocs".
Em tentar verificar que pode até haver neonazista infiltrado no grupo, mas que é piada comparar a resistência pacifista de Martin Luther King ao ativismo de Malcolm X para defender a ideia de que a militância domingueira de calçadão do Sou da Paz seja válida, enquanto a estratégia de quebra-quebra de símbolos do capitalismo empreendida pelos jovens desta geração de excluídos da globalização não seja.
O fenômeno nem é novo, vem da Europa, anos 90, trazido por quem se enxerga como vítima de uma violência invisível, a do mercado globalizado dominado pelos grandes conglomerados.
Em Seattle, Bruxelas e Bolonha eles são "manifestantes". E aqui, sem separar o joio do trigo, nós os chamamos de "vândalos". Pois não adianta agora o ministro da Secretaria-Geral da presidência, Gilberto Carvalho, convidar "black blocs" para tomar um cafezinho. A bronca dessa turma não é com o governo. Problema deles é: 1) sociedade de consumo e 2) sustentabilidade. Chegamos até aqui, promovemos bem estar, tecnologia, saúde, saber e, mesmo assim, destruição, desigualdade e ganância continuam a prevalecer. A contracultura raivosa quer usar a violência para apontar onde está a verdadeira violência. Tratá-los como foras da lei só vai fazer reforçar o mal-entendido.
Veja outro exemplo da imprensa ir achar passarinho cantando em toca de raposa (ainda lembrando de que se trata de uma proctologista ou maquinista falando): nesta semana, a bem-humorada "Forbes", que sobrevive de compilar listas com a mesma credibilidade do ranking de seleções da Fifa, afirmou que o russo Putin ultrapassou Obama no ranking dos líderes mais poderosos.
Ah, tá. Aquela caricatura de Yul Brynner, de um dia para o outro, deixou para trás o arsenal bélico, o gigantismo da economia e todo o poderio de conhecimento e pesquisa norte-americanos? Tudo bem, eu sei que os russos são um azougue energético, mas vamos e venhamos. Enquanto os EUA tiverem uma máquina de propaganda chamada Hollywood, ainda seguram os corações e mentes de muitos, yes?
Quer mais um exemplo de santa ingenuidade dessa turma que hoje cobre guerra a partir do ar condicionado de centro de imprensa? Não é que o pessoal entrou na onda do vasculhado e passou a tratar com suprema indignidade o fato corriqueiro de que os EUA investigam e sempre investigaram as comunicações de líderes mundiais? Que mimimi é esse?
O cerne da questão é outro inteiramente, esse, sim, de suma importância: o problema é que o governo norte-americano insiste em tratar como criminosos os jornalistas que divulgam informações sobre suas atividades ilegais.
Em um mundo que se acostuma a conviver com câmeras que flagram quem tira meleca do nariz no elevador, ou seja, em que a privacidade foi para o beleléu, há uma onda perniciosa que ainda tenta abafar a informação. Parta ela da maior potência do mundo ou de artistas decrépitos. E os jornalistas, veja só, ainda não entenderam bem de que lado devem estar.
O chilique da Arábia Saudita - RASHEED ABOU-ALSAMH
O GLOBO - 01/11
Foi a ameaça de um ataque com mísseis Tomahawk americanos que forçou Assad a entregar as armas químicas
A Arábia Saudita se viu fazendo manchetes ao redor do mundo nestas últimas duas semanas por um aparente ataque de birra depois da votação do reino para um assento rotativo no Conselho de Segurança das Nações Unidas, pela Assembleia Geral, no dia 17 de outubro. A vitória foi celebrada pelos diplomatas sauditas na ONU, em Nova York. Uma amiga minha que trabalhou duro por dois anos para que o reino alcançasse esse posto celebrou no Facebook. Mas a felicidade durou pouco tempo. Menos de 24 horas depois, no dia 18 de outubro, o governo saudita anunciou que não ia aceitar a cadeira por estar extremamente angustiado e frustrado com a inabilidade da ONU em parar o massacre na Síria e por não ter conseguido um desfecho para o problema dos palestinos, que continuam sem um país próprio.
Minha amiga retirou o post dela celebrando a conquista saudita, e todo mundo ficou pasmado com a atitude saudita. Afinal das contas, o Ministério das Relações Exteriores saudita tinha mandado um grupo de 12 diplomatas para estudar na Universidade de Columbia por um ano, em preparação para o assento no Conselho de Segurança que eles tanto cobiçavam. Por que essa súbita mudança num país que sempre fugiu dos holofotes, usando uma diplomacia atrás das cenas? Uma fonte me disse que foi por causa de o chefe da inteligência saudita, o príncipe Bandar ibn Sultan al-Saud, ter tomado as rédeas da política externa, encaminhando-a para um rumo mais agressivo e assertivo. Dias depois, o “Wall Street Journal” confirmou minha informação, afirmando que Bandar tinha dito a diplomatas europeus que a recusa do assento na ONU era mais direcionada aos EUA do que para a própria ONU. Ele também alegadamente disse que o reino estava revendo sua aliança estratégica com os americanos, e que ia diversificar seus aliados.
Imediatamente surgiram os deboches contra o reino, com comentaristas americanos notando que nem a China ou a Rússia podiam cobrir as necessidades de armas e segurança dos sauditas. Outros notaram que a aliança saudita-americana, que sempre foi delicada para ambos os lados, agora não importava tanto assim para os americanos, já que os EUA estão produzindo muito mais em combustíveis, diminuindo a dependência americana do petróleo do Golfo. Na verdade, a China agora é a maior importadora de petróleo saudita, e desde setembro 2013 é a maior importadora de petróleo do mundo, tirando os EUA da primeira posição.
E a Arábia Saudita tem seguido as vontades americanas de usar sua produção petrolífera para ajudar a amenizar os picos nos preços do petróleo no mercado mundial. Com a produção da Líbia severamente abatida depois da derrubada de Kadafi dois anos atrás, os sauditas têm mantido sua produção diária a mais de dez milhões de barris, um recorde dos últimos 32 anos.
Na essência, foram a hesitação do presidente americano Barak Obama em lançar um ataque contra a Síria — depois do uso repetido de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad contra os rebeldes — e o fato de ter estendido a mão para o novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, que revoltaram a liderança saudita. Tudo bem que o secretário de Estado americano, John Kerry, conseguiu que a Síria renunciasse a seu arsenal de armas químicas, mas a resolução passada pelo Conselho de Segurança ficou sem o trecho — por insistência dos russos — que insistia que um futuro da Síria não incluísse Bashar, uma demanda-chave dos sauditas.
Nawaf Obaid, um analista saudita próximo à família real, escreveu dois artigos explicando a decisão saudita, notando que, depois da resolução da ONU sobre as armas químicas sírias, os sauditas podiam aceitar seu assento no Conselho de Segurança ou tomar seu próprio rumo. A Arábia Saudita enviou uma mensagem poderosa sobre a eficácia do Conselho de Segurança e a política do Oriente Médio do governo Obama, na estimativa do analista. “Em caso de necessidade, o reino está reformulando sua política externa para avaliar a melhor forma de resolver a tragédia da Síria... Enquanto trouxe à tona pelo dilema da Síria, esta necessidade é o resultado das tendências mais profundas que também estão orientando as decisões da Arábia Saudita: a falta de liderança dos EUA na região, turbulência regional, provocada pelo ‘despertar árabe’, e da nova política de aproximação do Irã em relação ao Ocidente”, escreveu Obaid no “Washington Post”. Ele acrescenta que a Arábia Saudita se sente sozinha agora tentando manter a estabilidade no Oriente Médio, e que o reino vai continuar a tentar fazê-lo, mesmo se isso levar a uma ruptura estratégica com os EUA.
A minha análise da situação é menos dramática do que a de Nawaf. Com certeza, o regime do Bashar continua matando centenas de sírios por semana, e é necessário que se assegure um futuro para a Síria sem ele e sua família. Mas é um alívio que um ataque americano à Síria tenha sido evitado. A última coisa que o Oriente Médio precisa neste momento é de mais violência. Mas acho que foi a ameaça de um ataque com mísseis Tomahawk americanos que forçou Assad a entregar as armas químicas. Mais ameaças poderiam forçar os dois lados até a mesa de negociações e determinar que Bashar não fique no poder. Igualmente, vejo o telefonema que Obama deu para Rouhani como uma esperança de que os velhos conflitos da região possam finalmente ser resolvidos com negociações pacíficas, em vez de com mais guerras. Os sauditas, em vez de se sentirem excluídos, deveriam acolher essas alternativas não violentas como caminhos para soluções mais pacificas que beneficiam todo mundo. Afinal, eles não têm o poder, nem militar ou diplomático, de solucionar esses problemas sozinhos.
Foi a ameaça de um ataque com mísseis Tomahawk americanos que forçou Assad a entregar as armas químicas
A Arábia Saudita se viu fazendo manchetes ao redor do mundo nestas últimas duas semanas por um aparente ataque de birra depois da votação do reino para um assento rotativo no Conselho de Segurança das Nações Unidas, pela Assembleia Geral, no dia 17 de outubro. A vitória foi celebrada pelos diplomatas sauditas na ONU, em Nova York. Uma amiga minha que trabalhou duro por dois anos para que o reino alcançasse esse posto celebrou no Facebook. Mas a felicidade durou pouco tempo. Menos de 24 horas depois, no dia 18 de outubro, o governo saudita anunciou que não ia aceitar a cadeira por estar extremamente angustiado e frustrado com a inabilidade da ONU em parar o massacre na Síria e por não ter conseguido um desfecho para o problema dos palestinos, que continuam sem um país próprio.
Minha amiga retirou o post dela celebrando a conquista saudita, e todo mundo ficou pasmado com a atitude saudita. Afinal das contas, o Ministério das Relações Exteriores saudita tinha mandado um grupo de 12 diplomatas para estudar na Universidade de Columbia por um ano, em preparação para o assento no Conselho de Segurança que eles tanto cobiçavam. Por que essa súbita mudança num país que sempre fugiu dos holofotes, usando uma diplomacia atrás das cenas? Uma fonte me disse que foi por causa de o chefe da inteligência saudita, o príncipe Bandar ibn Sultan al-Saud, ter tomado as rédeas da política externa, encaminhando-a para um rumo mais agressivo e assertivo. Dias depois, o “Wall Street Journal” confirmou minha informação, afirmando que Bandar tinha dito a diplomatas europeus que a recusa do assento na ONU era mais direcionada aos EUA do que para a própria ONU. Ele também alegadamente disse que o reino estava revendo sua aliança estratégica com os americanos, e que ia diversificar seus aliados.
Imediatamente surgiram os deboches contra o reino, com comentaristas americanos notando que nem a China ou a Rússia podiam cobrir as necessidades de armas e segurança dos sauditas. Outros notaram que a aliança saudita-americana, que sempre foi delicada para ambos os lados, agora não importava tanto assim para os americanos, já que os EUA estão produzindo muito mais em combustíveis, diminuindo a dependência americana do petróleo do Golfo. Na verdade, a China agora é a maior importadora de petróleo saudita, e desde setembro 2013 é a maior importadora de petróleo do mundo, tirando os EUA da primeira posição.
E a Arábia Saudita tem seguido as vontades americanas de usar sua produção petrolífera para ajudar a amenizar os picos nos preços do petróleo no mercado mundial. Com a produção da Líbia severamente abatida depois da derrubada de Kadafi dois anos atrás, os sauditas têm mantido sua produção diária a mais de dez milhões de barris, um recorde dos últimos 32 anos.
Na essência, foram a hesitação do presidente americano Barak Obama em lançar um ataque contra a Síria — depois do uso repetido de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad contra os rebeldes — e o fato de ter estendido a mão para o novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, que revoltaram a liderança saudita. Tudo bem que o secretário de Estado americano, John Kerry, conseguiu que a Síria renunciasse a seu arsenal de armas químicas, mas a resolução passada pelo Conselho de Segurança ficou sem o trecho — por insistência dos russos — que insistia que um futuro da Síria não incluísse Bashar, uma demanda-chave dos sauditas.
Nawaf Obaid, um analista saudita próximo à família real, escreveu dois artigos explicando a decisão saudita, notando que, depois da resolução da ONU sobre as armas químicas sírias, os sauditas podiam aceitar seu assento no Conselho de Segurança ou tomar seu próprio rumo. A Arábia Saudita enviou uma mensagem poderosa sobre a eficácia do Conselho de Segurança e a política do Oriente Médio do governo Obama, na estimativa do analista. “Em caso de necessidade, o reino está reformulando sua política externa para avaliar a melhor forma de resolver a tragédia da Síria... Enquanto trouxe à tona pelo dilema da Síria, esta necessidade é o resultado das tendências mais profundas que também estão orientando as decisões da Arábia Saudita: a falta de liderança dos EUA na região, turbulência regional, provocada pelo ‘despertar árabe’, e da nova política de aproximação do Irã em relação ao Ocidente”, escreveu Obaid no “Washington Post”. Ele acrescenta que a Arábia Saudita se sente sozinha agora tentando manter a estabilidade no Oriente Médio, e que o reino vai continuar a tentar fazê-lo, mesmo se isso levar a uma ruptura estratégica com os EUA.
A minha análise da situação é menos dramática do que a de Nawaf. Com certeza, o regime do Bashar continua matando centenas de sírios por semana, e é necessário que se assegure um futuro para a Síria sem ele e sua família. Mas é um alívio que um ataque americano à Síria tenha sido evitado. A última coisa que o Oriente Médio precisa neste momento é de mais violência. Mas acho que foi a ameaça de um ataque com mísseis Tomahawk americanos que forçou Assad a entregar as armas químicas. Mais ameaças poderiam forçar os dois lados até a mesa de negociações e determinar que Bashar não fique no poder. Igualmente, vejo o telefonema que Obama deu para Rouhani como uma esperança de que os velhos conflitos da região possam finalmente ser resolvidos com negociações pacíficas, em vez de com mais guerras. Os sauditas, em vez de se sentirem excluídos, deveriam acolher essas alternativas não violentas como caminhos para soluções mais pacificas que beneficiam todo mundo. Afinal, eles não têm o poder, nem militar ou diplomático, de solucionar esses problemas sozinhos.
A difícil missão de Lula para 2014 - CLAUDIA SAFATLE
Valor Econômico - 01/11
Fracassa tentativa de aproximar Dilma do setor privado
Impressionado com o "abismo" que se abriu entre o governo de Dilma Rousseff e o setor privado, o ex-presidente Lula passou a explorar possibilidades de aproximação. Nas muitas conversas que tem tido com empresários e banqueiros - que se queixam da maneira como a presidente conduz as questões econômicas e se afastam do projeto da releição - o ex-presidente vem recolhendo sugestões que poderiam ajudar no resgate da credibilidade do governo. Foi dessa sequência de encontros que surgiu a ideia de se tocar a tramitação do projeto de lei complementar que concede autonomia operacional ao Banco Central.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ), atuaram na mesma direção, também como reação às críticas que o setor privado faz ao governo Dilma e que reverberam no PT e nos partidos da base aliada. O resultado dessa confluência de interesses foi a decisão de Renan, comunicada na semana passada e reiterada esta semana, de até o fim do ano colocar em votação o substitutivo do senador Francisco Dornelles (PP - RJ) ao PLS 102, de 2007, que trata da autonomia do BC.
Pela proposta, "conservadora" segundo Dornelles, a diretoria da instituição teria mandato fixo e não poderia ser simplesmente demitida pela presidente da República, a não ser em casos extremos pré definidos na lei. A notícia entusiasmou os bancos estrangeiros.
A iniciativa de Renan irritou a presidente Dilma Rousseff; e a especulação sobre a influência de Lula na retomada de um tema tão polêmico levou o ex-presidente a negar que tenha incentivado qualquer ação nessa linha. Dilma considerou o projeto como agenda de interesse exclusivo de banqueiros, Lula recuou e a proposta pode até ser levada ao plenário do Senado, mas dificilmente será aprovada.
Tão curta vida de uma ideia que nunca vingou no país esmoreceu o rápido entusiasmo dos bancos estrangeiros. "Os bancos nacionais não acreditavam mesmo na evolução dessa proposta", comentou um interlocutor assíduo do ex-presidente.
Se o resultado líquido dessa tentativa foi ruim para todos os envolvidos, foi ainda pior para o Banco Central, pois a reação do governo acabou reforçando a visão de quem acredita que o BC, neste governo, não teve e não tem autonomia para perseguir a meta de inflação.
Lula está muito preocupado com os rumos que a economia está tomando e mais ainda com a debandada dos financiadores de campanha para as outras candidaturas à presidência, principalmente para a de Eduardo Campos/Marina, do PSB/Rede.
Empresários e banqueiros têm deixado claro para o ex-presidente que temem o risco de Dilma, se vencer as eleições de 2014, insistir e aprofundar o modelo que marca seu primeiro mandato, que consideram intervencionista, estatizante e de gravíssima deterioração fiscal.
Há dois anos que o Ministério da Fazenda tem proposta concreta para colocar um freio no crescimento descontrolado do seguro-desemprego e do abono salarial. Somente ontem, após anunciar o pior resultado fiscal para os meses de setembro desde 1997, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que estuda medidas para reduzir esses gastos.
As duas despesas devem consumir cerca de R$ 47 bilhões este ano (quase 1% do PIB) - o dobro do Bolsa Família que tem orçamento de R$ 23,2 bilhões - em um país com pleno emprego. Seguro e abono são financiados por uma parcela do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fundo que também provê funding ao BNDES e está minguando rapidamente.
"Temos urgência em reduzir essa despesa, ou pelo menos impedir que continue crescendo", apressou-se Mantega, ontem, ao comentar os dados fiscais de setembro. Houve um déficit primário de R$ 10,473 bilhões no governo central e um déficit de R$ 9,048 bilhões no setor público consolidado. Está abandonada a meta de superávit de 2,3% do PIB e a degradação fiscal é mais acelerada do que se previa no próprio governo.
Dilma pode aprofundar o modelo de política econômica ou mudar o seu curso. Em qualquer das duas hipóteses, terá que enfrentar inúmeras questões que se avolumaram até aqui. Sejam elas o que fazer para reduzir o gasto com o seguro-desemprego, que política fiscal imprimir daqui por diante, com que meta de superávit, ou ainda como controlar as duas principais despesas públicas (folha de salários do funcionalismo e previdência social). Como será a condução da política de desinflação, cujo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) está fora da meta de 4,5% desde 2009 e não há prazo para uma convergência da inflação efetiva para a meta.
Fontes qualificadas da área econômica avaliam que antes de melhorar, a situação das contas públicas vai piorar.
O risco de rebaixamento do rating do Brasil cresce a cada dia e isso não será nada bom. Ainda mais se coincidir com o início da normalização da política de expansão monetária do Federal Reserve Bank (Fed).
Há elementos sobre os quais não se tem qualquer garantia que podem piorar a cena econômica e se traduzir num prato indigesto para a campanha da reeleição.
Lula estaria ciente disso, asseguram pessoas que frequentam o "quartel general" do ex-presidente em São Paulo e que mantém estreito contato com ele e com o ex-ministro Antonio Palocci. O ex-presidente também teria consciência de que é, hoje, mais importante para reeleger Dilma do que para ser ouvido por ela. Só um perigo o tiraria da condição de maior cabo eleitoral de Dilma Rousseff: o perigo do PT ser desalojado do poder que conquistou há 12 anos.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ), atuaram na mesma direção, também como reação às críticas que o setor privado faz ao governo Dilma e que reverberam no PT e nos partidos da base aliada. O resultado dessa confluência de interesses foi a decisão de Renan, comunicada na semana passada e reiterada esta semana, de até o fim do ano colocar em votação o substitutivo do senador Francisco Dornelles (PP - RJ) ao PLS 102, de 2007, que trata da autonomia do BC.
Pela proposta, "conservadora" segundo Dornelles, a diretoria da instituição teria mandato fixo e não poderia ser simplesmente demitida pela presidente da República, a não ser em casos extremos pré definidos na lei. A notícia entusiasmou os bancos estrangeiros.
A iniciativa de Renan irritou a presidente Dilma Rousseff; e a especulação sobre a influência de Lula na retomada de um tema tão polêmico levou o ex-presidente a negar que tenha incentivado qualquer ação nessa linha. Dilma considerou o projeto como agenda de interesse exclusivo de banqueiros, Lula recuou e a proposta pode até ser levada ao plenário do Senado, mas dificilmente será aprovada.
Tão curta vida de uma ideia que nunca vingou no país esmoreceu o rápido entusiasmo dos bancos estrangeiros. "Os bancos nacionais não acreditavam mesmo na evolução dessa proposta", comentou um interlocutor assíduo do ex-presidente.
Se o resultado líquido dessa tentativa foi ruim para todos os envolvidos, foi ainda pior para o Banco Central, pois a reação do governo acabou reforçando a visão de quem acredita que o BC, neste governo, não teve e não tem autonomia para perseguir a meta de inflação.
Lula está muito preocupado com os rumos que a economia está tomando e mais ainda com a debandada dos financiadores de campanha para as outras candidaturas à presidência, principalmente para a de Eduardo Campos/Marina, do PSB/Rede.
Empresários e banqueiros têm deixado claro para o ex-presidente que temem o risco de Dilma, se vencer as eleições de 2014, insistir e aprofundar o modelo que marca seu primeiro mandato, que consideram intervencionista, estatizante e de gravíssima deterioração fiscal.
Há dois anos que o Ministério da Fazenda tem proposta concreta para colocar um freio no crescimento descontrolado do seguro-desemprego e do abono salarial. Somente ontem, após anunciar o pior resultado fiscal para os meses de setembro desde 1997, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que estuda medidas para reduzir esses gastos.
As duas despesas devem consumir cerca de R$ 47 bilhões este ano (quase 1% do PIB) - o dobro do Bolsa Família que tem orçamento de R$ 23,2 bilhões - em um país com pleno emprego. Seguro e abono são financiados por uma parcela do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fundo que também provê funding ao BNDES e está minguando rapidamente.
"Temos urgência em reduzir essa despesa, ou pelo menos impedir que continue crescendo", apressou-se Mantega, ontem, ao comentar os dados fiscais de setembro. Houve um déficit primário de R$ 10,473 bilhões no governo central e um déficit de R$ 9,048 bilhões no setor público consolidado. Está abandonada a meta de superávit de 2,3% do PIB e a degradação fiscal é mais acelerada do que se previa no próprio governo.
Dilma pode aprofundar o modelo de política econômica ou mudar o seu curso. Em qualquer das duas hipóteses, terá que enfrentar inúmeras questões que se avolumaram até aqui. Sejam elas o que fazer para reduzir o gasto com o seguro-desemprego, que política fiscal imprimir daqui por diante, com que meta de superávit, ou ainda como controlar as duas principais despesas públicas (folha de salários do funcionalismo e previdência social). Como será a condução da política de desinflação, cujo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) está fora da meta de 4,5% desde 2009 e não há prazo para uma convergência da inflação efetiva para a meta.
Fontes qualificadas da área econômica avaliam que antes de melhorar, a situação das contas públicas vai piorar.
O risco de rebaixamento do rating do Brasil cresce a cada dia e isso não será nada bom. Ainda mais se coincidir com o início da normalização da política de expansão monetária do Federal Reserve Bank (Fed).
Há elementos sobre os quais não se tem qualquer garantia que podem piorar a cena econômica e se traduzir num prato indigesto para a campanha da reeleição.
Lula estaria ciente disso, asseguram pessoas que frequentam o "quartel general" do ex-presidente em São Paulo e que mantém estreito contato com ele e com o ex-ministro Antonio Palocci. O ex-presidente também teria consciência de que é, hoje, mais importante para reeleger Dilma do que para ser ouvido por ela. Só um perigo o tiraria da condição de maior cabo eleitoral de Dilma Rousseff: o perigo do PT ser desalojado do poder que conquistou há 12 anos.
Calma, gente - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 01/11
Dois garotinhos de uns 12 anos, alunos do sexto ano do Sion, surgiram, no início desta semana, na lanchonete do tradicional colégio católico, no Cosme Velho, no Rio, aos gritos:
— Somos black blocs.
E jogaram mostarda e ketchup no ventilador.
Lei Roberto Carlos
Em entrevista ao blog de Josias de Souza, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que, na audiência do STF para debater a polêmica das biografias, o Procure Saber “talvez seja representado por Ana Paula de Barcellos, que é uma professora de Direito Constitucional da Uerj muito competente”.
Ana foi colega de escritório do ministro Luís Roberto Barroso que, antes de ir para o Supremo, criticou a legislação atual.
Aliás...
Não adianta tapar o sol com a peneira.
O grupo Procure Saber está rachado depois desta intervenção do staff de Roberto Carlos.
Mora na filosofia
Do ator Thiago Rodrigues, quarta, no lançamento da novela “Além do horizonte”, ao ser perguntado sobre como ele vê a evolução do galã brasileiro:
— Essa pergunta é muito complexa...
Ah, bom!
Uma delícia
O site americano buzzfeed.com indicou 24 pratos brasileiros que qualquer pessoa no mundo deveria comer pelo menos uma vez na vida.
Tem todos aqueles óbvios, como a feijoada, o vatapá e o acarajé, mas há surpresas, como o delicioso Romeu e Julieta, a coxinha de galinha e até o bolinho de chuva.
Romance brasileiro
“Noites de alface”, de Vanessa Bárbara, escritora que já foi premiada com o Jabuti, vai ser lançado na Itália.
Três editoras disputaram os direitos de publicação na negociação comandada por Lucia Riff. No final, venceu a Garzanti. O lançamento está previsto para setembro de 2014.
Tiros no funkeiro
O cantor de funk Sandro Korn, o MC Sapinho, 34 anos, sofreu um atentado a tiros, em Tel Aviv, em Israel, onde mora há mais de dez anos.
Conhecido por misturar hebraico e português em suas músicas, ele acredita que foi confundido. O MC passa bem.
Segue...
O atentado ocorreu quando ele saía de um show. Seu carro foi fechado por outro, e dois homens atiraram cinco vezes na direção do brasileiro.
Crime na floresta
A prefeitura de Barreirinha, AM, ameaça demolir a casa que serviu de moradia ao poeta Thiago de Mello e foi projetada por Lúcio Costa.
A prefeitura quer revitalizar a orla da cidade, a 331 quilômetros de Manaus.
Primavera Árabe
O poeta egípcio-palestino Tamim Al-Barghouti, que teve seus poemas recitados pela multidão na Praça Tahrir, no Egito, nos protestos de 2012 na natimorta Primavera Árabe, está a caminho do Brasil.
Ele, que não conseguiu ir à Flip porque teve o passaporte extraviado, vem participar da Festa Literária Internacional das UPPs (Flupp), dia 20 agora, no Rio.
Doutor Lins
Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil do governo Garotinho, pediu inscrição na OAB.
Em 2010, ele foi condenado por formação de quadrilha e corrupção.
Saiu barato
A 19ª Câmara Cível do Rio negou o recurso da Associação dos Lojistas do Shopping Center da Barra e manteve a sentença que condenou a Renner e o BarraShopping a pagarem R$ 1.500 por danos morais a uma consumidora.
Ela fazia compras na Renner quando foi atingida na cabeça por uma manequim. Segundo a consumidora, nem a loja nem o shopping prestaram assistência.
Não acabou em pizza
Policiais da 12ª DP e técnicos da Light identificaram ontem um gato na Pizzaria Faenza, em Copacabana.
O medidor, que vergonha!, foi levado ao Instituto Carlos Éboli, que confirmou que o equipamento registrava consumo menor que o real.
Telas do Maraca
Domingo, no Maracanã, será exibido, antes do clássico Flamengo e Fluminense, o trailer do documentário “Fla x Flu, 40 minutos antes do nada”.
Dirigido por Renato Terra e produzido pela Sentimental e-Tal, o filme traz imagens históricas dos cem anos do clássico, além de entrevistas com Zico, Assis, Romário e outros ex-jogadores.
— Somos black blocs.
E jogaram mostarda e ketchup no ventilador.
Lei Roberto Carlos
Em entrevista ao blog de Josias de Souza, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que, na audiência do STF para debater a polêmica das biografias, o Procure Saber “talvez seja representado por Ana Paula de Barcellos, que é uma professora de Direito Constitucional da Uerj muito competente”.
Ana foi colega de escritório do ministro Luís Roberto Barroso que, antes de ir para o Supremo, criticou a legislação atual.
Aliás...
Não adianta tapar o sol com a peneira.
O grupo Procure Saber está rachado depois desta intervenção do staff de Roberto Carlos.
Mora na filosofia
Do ator Thiago Rodrigues, quarta, no lançamento da novela “Além do horizonte”, ao ser perguntado sobre como ele vê a evolução do galã brasileiro:
— Essa pergunta é muito complexa...
Ah, bom!
Uma delícia
O site americano buzzfeed.com indicou 24 pratos brasileiros que qualquer pessoa no mundo deveria comer pelo menos uma vez na vida.
Tem todos aqueles óbvios, como a feijoada, o vatapá e o acarajé, mas há surpresas, como o delicioso Romeu e Julieta, a coxinha de galinha e até o bolinho de chuva.
Romance brasileiro
“Noites de alface”, de Vanessa Bárbara, escritora que já foi premiada com o Jabuti, vai ser lançado na Itália.
Três editoras disputaram os direitos de publicação na negociação comandada por Lucia Riff. No final, venceu a Garzanti. O lançamento está previsto para setembro de 2014.
Tiros no funkeiro
O cantor de funk Sandro Korn, o MC Sapinho, 34 anos, sofreu um atentado a tiros, em Tel Aviv, em Israel, onde mora há mais de dez anos.
Conhecido por misturar hebraico e português em suas músicas, ele acredita que foi confundido. O MC passa bem.
Segue...
O atentado ocorreu quando ele saía de um show. Seu carro foi fechado por outro, e dois homens atiraram cinco vezes na direção do brasileiro.
Crime na floresta
A prefeitura de Barreirinha, AM, ameaça demolir a casa que serviu de moradia ao poeta Thiago de Mello e foi projetada por Lúcio Costa.
A prefeitura quer revitalizar a orla da cidade, a 331 quilômetros de Manaus.
Primavera Árabe
O poeta egípcio-palestino Tamim Al-Barghouti, que teve seus poemas recitados pela multidão na Praça Tahrir, no Egito, nos protestos de 2012 na natimorta Primavera Árabe, está a caminho do Brasil.
Ele, que não conseguiu ir à Flip porque teve o passaporte extraviado, vem participar da Festa Literária Internacional das UPPs (Flupp), dia 20 agora, no Rio.
Doutor Lins
Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil do governo Garotinho, pediu inscrição na OAB.
Em 2010, ele foi condenado por formação de quadrilha e corrupção.
Saiu barato
A 19ª Câmara Cível do Rio negou o recurso da Associação dos Lojistas do Shopping Center da Barra e manteve a sentença que condenou a Renner e o BarraShopping a pagarem R$ 1.500 por danos morais a uma consumidora.
Ela fazia compras na Renner quando foi atingida na cabeça por uma manequim. Segundo a consumidora, nem a loja nem o shopping prestaram assistência.
Não acabou em pizza
Policiais da 12ª DP e técnicos da Light identificaram ontem um gato na Pizzaria Faenza, em Copacabana.
O medidor, que vergonha!, foi levado ao Instituto Carlos Éboli, que confirmou que o equipamento registrava consumo menor que o real.
Telas do Maraca
Domingo, no Maracanã, será exibido, antes do clássico Flamengo e Fluminense, o trailer do documentário “Fla x Flu, 40 minutos antes do nada”.
Dirigido por Renato Terra e produzido pela Sentimental e-Tal, o filme traz imagens históricas dos cem anos do clássico, além de entrevistas com Zico, Assis, Romário e outros ex-jogadores.
ALÔ, BRASÍLIA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 01/11
Uma das primeiras providências do prefeito Fernando Haddad (PT-SP) depois de deflagrada a operação que prendeu a chefia de arrecadação da gestão de Gilberto Kassab (PSD-SP) foi telefonar para o Palácio do Planalto.
LEITOR
Ciente do potencial explosivo dos fatos, já que Kassab apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o prefeito queria explicar que a investigação foi "técnica". Em conversa com a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, afirmou que soube dos detalhes "pelos jornais".
EM BREVE
Questionado se a CGM (Controladoria-Geral do Município) segue realizando investigações da mesma dimensão, Haddad diz que elas "estão acontecendo, na medida das possibilidades da estrutura" do órgão. "Tem desde a coisa miúda até esquemas mais profundos."
REFORÇO
O prefeito estuda criar uma carreira própria para a CGM, abrindo concurso para preencher os cargos.
REFORÇO 2
O controlador-geral Mario Vinicius Spinelli está andando de carro blindado e com seguranças.
SEGURO
Quatro ex-governadores de SP prestigiaram o secretário da Segurança, Fernando Grella, em homenagem que ele recebeu anteontem no Ministério Público do Estado de SP, no qual fez carreira. Estavam lá José Maria Marin, Luiz Antonio Fleury Filho, José Serra e Claudio Lembo. Ausência notada: Geraldo Alckmin, atual governador e "chefe" de Grella.
À PROVA DE BALA
Foram blindados 4.769 veículos no país no primeiro semestre do ano, um aumento de 11,55% em relação ao mesmo período de 2012. Os dados são da Abrablin, associação do setor. A estimativa é que outros 10 mil carros sejam protegidos até dezembro. Em 2012, o segmento chegou ao recorde de 8.384 automóveis blindados.
À PROVA DE BALA 2
Para o presidente da Abrablin, Laudenir Bracciali, "a sensação de insegurança segue sendo o fator determinante". São Paulo, com 70% da produção, lidera o ranking, seguido do Rio (12%), Pernambuco (4%), Amazonas (3%) e Pará (2%). "A blindagem se descentraliza do eixo Rio-SP", diz ele.
À PROVA DE BALA 3
A clientela é composta de 57,5% de homens e 42,5% de mulheres.
CASA CHEIA
A exposição sobre o cineasta Stanley Kubrick levou o MIS (Museu da Imagem e do Som) a bater nesta semana recorde de visitação para uma terça-feira: 1.045 pessoas.
"Está sendo surpreendente", diz André Sturm, diretor da instituição. "Foram mais de 15 mil visitantes desde a abertura, há três semanas."
OS GATOS...
Tatá Werneck acaba de comprar uma casa no Itanhangá, local preferido das jovens celebridades do Rio. Antes disso, ela adquiriu um espaço no interior do Estado para servir de abrigo a cães e gatos de rua que adotou. "Na quarta, uma gatinha entrou na frente do meu carro. Desci e levei ela embora comigo", diz a atriz.
...E O RATO
O ritmo das gravações para a TV e o cinema não tem deixado a atriz descansar. No ano que vem, Tatá terá apenas dez dias de folga. Passará cinco deles na Disney, na companhia de amigos, em fevereiro. Nos outros cinco, pensa em se ocupar para trabalhar em mais um filme. A atriz já tem participação confirmada em três longas e terá um programa de TV com Fábio Porchat no Multishow.
LEGALMENTE LOIRAS
As modelos Yasmin Brunet e Candice Swanepoel e a atriz Fiorella Mattheis foram alguns dos destaques nos desfiles da São Paulo Fashion Week anteontem. A apresentadora Ellen Jabour, as atrizes Tatá Werneck e Letícia Spiller e a empresária Val Marchiori estiveram no evento.
TRAGÉDIA NA PAULISTA
A atriz Débora Duboc recebeu convidados na estreia da peça "Jocasta" anteontem, no teatro Eva Herz, na avenida Paulista. O estilista Fause Haten, criador do figurino, e o cineasta Toni Venturi, marido da protagonista, estiveram na plateia.
CURTO-CIRCUITO
Marco Nanini faz pré-estreia para convidados do espetáculo "A Arte e a Maneira de Abordar Seu Chefe para Pedir um Aumento", hoje, no Sesc Vila Mariana. 12 anos.
A festa Ausländer Halloween Party é hoje, a partir das 23h, no Grand Metrópole, na República. Fantasia é traje obrigatório. 18 anos.
Gero Camilo reestreia hoje três peças da carreira. "Casa Amarela", "Cleide Eló e as Peras" e "Aldeotas" serão encenadas de sexta a domingo. 12 anos.
LEITOR
Ciente do potencial explosivo dos fatos, já que Kassab apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o prefeito queria explicar que a investigação foi "técnica". Em conversa com a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, afirmou que soube dos detalhes "pelos jornais".
EM BREVE
Questionado se a CGM (Controladoria-Geral do Município) segue realizando investigações da mesma dimensão, Haddad diz que elas "estão acontecendo, na medida das possibilidades da estrutura" do órgão. "Tem desde a coisa miúda até esquemas mais profundos."
REFORÇO
O prefeito estuda criar uma carreira própria para a CGM, abrindo concurso para preencher os cargos.
REFORÇO 2
O controlador-geral Mario Vinicius Spinelli está andando de carro blindado e com seguranças.
SEGURO
Quatro ex-governadores de SP prestigiaram o secretário da Segurança, Fernando Grella, em homenagem que ele recebeu anteontem no Ministério Público do Estado de SP, no qual fez carreira. Estavam lá José Maria Marin, Luiz Antonio Fleury Filho, José Serra e Claudio Lembo. Ausência notada: Geraldo Alckmin, atual governador e "chefe" de Grella.
À PROVA DE BALA
Foram blindados 4.769 veículos no país no primeiro semestre do ano, um aumento de 11,55% em relação ao mesmo período de 2012. Os dados são da Abrablin, associação do setor. A estimativa é que outros 10 mil carros sejam protegidos até dezembro. Em 2012, o segmento chegou ao recorde de 8.384 automóveis blindados.
À PROVA DE BALA 2
Para o presidente da Abrablin, Laudenir Bracciali, "a sensação de insegurança segue sendo o fator determinante". São Paulo, com 70% da produção, lidera o ranking, seguido do Rio (12%), Pernambuco (4%), Amazonas (3%) e Pará (2%). "A blindagem se descentraliza do eixo Rio-SP", diz ele.
À PROVA DE BALA 3
A clientela é composta de 57,5% de homens e 42,5% de mulheres.
CASA CHEIA
A exposição sobre o cineasta Stanley Kubrick levou o MIS (Museu da Imagem e do Som) a bater nesta semana recorde de visitação para uma terça-feira: 1.045 pessoas.
"Está sendo surpreendente", diz André Sturm, diretor da instituição. "Foram mais de 15 mil visitantes desde a abertura, há três semanas."
OS GATOS...
Tatá Werneck acaba de comprar uma casa no Itanhangá, local preferido das jovens celebridades do Rio. Antes disso, ela adquiriu um espaço no interior do Estado para servir de abrigo a cães e gatos de rua que adotou. "Na quarta, uma gatinha entrou na frente do meu carro. Desci e levei ela embora comigo", diz a atriz.
...E O RATO
O ritmo das gravações para a TV e o cinema não tem deixado a atriz descansar. No ano que vem, Tatá terá apenas dez dias de folga. Passará cinco deles na Disney, na companhia de amigos, em fevereiro. Nos outros cinco, pensa em se ocupar para trabalhar em mais um filme. A atriz já tem participação confirmada em três longas e terá um programa de TV com Fábio Porchat no Multishow.
LEGALMENTE LOIRAS
As modelos Yasmin Brunet e Candice Swanepoel e a atriz Fiorella Mattheis foram alguns dos destaques nos desfiles da São Paulo Fashion Week anteontem. A apresentadora Ellen Jabour, as atrizes Tatá Werneck e Letícia Spiller e a empresária Val Marchiori estiveram no evento.
TRAGÉDIA NA PAULISTA
A atriz Débora Duboc recebeu convidados na estreia da peça "Jocasta" anteontem, no teatro Eva Herz, na avenida Paulista. O estilista Fause Haten, criador do figurino, e o cineasta Toni Venturi, marido da protagonista, estiveram na plateia.
CURTO-CIRCUITO
Marco Nanini faz pré-estreia para convidados do espetáculo "A Arte e a Maneira de Abordar Seu Chefe para Pedir um Aumento", hoje, no Sesc Vila Mariana. 12 anos.
A festa Ausländer Halloween Party é hoje, a partir das 23h, no Grand Metrópole, na República. Fantasia é traje obrigatório. 18 anos.
Gero Camilo reestreia hoje três peças da carreira. "Casa Amarela", "Cleide Eló e as Peras" e "Aldeotas" serão encenadas de sexta a domingo. 12 anos.
Organizações criminosas - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 01/11
A Polícia Federal e a Secretaria de Segurança de São Paulo identificaram nos protestos na rodovia Femão Dias atos "diferenciados" que apontam para "ação de organizações criminosas" Autoridade envolvida na investigação disse que "houve toque de recolher" e "retirada de pessoas de seus veículos" Por isso, os governos federal, do Rio e de São Paulo decidiram fazer uma investigação conjunta.
Mãos ao alto
O que mais impressionou o presidente Lula em sua passagem por Brasília, esta semana, foi o relato, feito por um amigo, da violência da qual foi vítima o presidente do PT, o deputado estadual Rui Falcão (SP). Ele sofreu um assalto na terça-feira. No fim de noite, Rui estava saindo de um jantar num restaurante de carnes na Vila Planalto, bairro ao lado dos palácios da Alvorada e do Jaburu, quando a casa foi invadida por assaltantes armados. Os garçons, os clientes e Rui Falcão foram rendidos e convidados a se deitarem no chão. O presidente do PT chegou a ter uma arma apontada para sua cabeça. A ocorrência está registrada na 1ª Delegacia de Polícia.
"Será que não era melhor mudar o Regimento e, em vez de nos obrigar a usar paletó e gravata, mandar virmos vestidos de palhaço?"
Cícero Lucena
Senador (PSDB-PB), protestando contra a não renegociação de dívidas de agricultores do Nordeste
Agora vai?
Por mais de duas horas, ontem, num restaurante do Leblon, conversaram a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), a presidente do Jardim Botânico, Samira Crespo, e a secretária de Patrimônio da União, Cassandra Maroni Nunes.
No tabuleiro
Articulação em curso no PT pretende fazer do vice-presidente de Agronegócios do BB, Osmar Dias , ministro do governo. Candidata ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann quer o apoio de Osmar. Ele não aceitou ser o vice da chapa nem concorrer ao Senado, para não enfrentar seu irmão, Álvaro Dias (PSDB), que busca a reeleição.
Amigo
Ao final de reunião do PSDB ontem, tucanos anunciaram para o senador Aécio Neves que cantariam o jingle de sua campanha ao Planalto.
E mandaram brasa: "Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada. Amigo de tantos caminhos..."
Equidistância
Egressa do PDT, a presidente Dilma não pretende viajar para o Rio Grande do Sul a fim de votar nas eleições internas do PT em 10 de novembro. Como presidente, ela poderia votar em Brasília, mas também não deve fazê-lo. O comando do diretório gaúcho é disputado por cinco candidatos. O senador Paulo Paim (RS) se diverte: "No PT, tudo é acirrado, nem iogurte é light."
Elogio demais. O santo desconfia
Virou moda, entre os articuladores da reeleição da presidente Dilma, rasgar elogios à gestão do governador Sérgio Cabral (RJ) e à capacidade administrativa do vice Luiz Fernando Pezão. Mas a candidatura Lindbergh Farias continua firme.
O rádio digital vem aí
A presidente Dilma assina na próxima semana decreto que permite a migração das rádios AM para FM. Cerca de 1,9 mil emissoras aguardavam essa decisão do governo. A migração é o primeiro passo para implantar o rádio digital no país.
O deputado reguffe comunicou à Executiva Nacional do PDT que concorrerá ao governo de Brasília. Até ontem, ele estava com o candidato do PSB.
Mãos ao alto
O que mais impressionou o presidente Lula em sua passagem por Brasília, esta semana, foi o relato, feito por um amigo, da violência da qual foi vítima o presidente do PT, o deputado estadual Rui Falcão (SP). Ele sofreu um assalto na terça-feira. No fim de noite, Rui estava saindo de um jantar num restaurante de carnes na Vila Planalto, bairro ao lado dos palácios da Alvorada e do Jaburu, quando a casa foi invadida por assaltantes armados. Os garçons, os clientes e Rui Falcão foram rendidos e convidados a se deitarem no chão. O presidente do PT chegou a ter uma arma apontada para sua cabeça. A ocorrência está registrada na 1ª Delegacia de Polícia.
"Será que não era melhor mudar o Regimento e, em vez de nos obrigar a usar paletó e gravata, mandar virmos vestidos de palhaço?"
Cícero Lucena
Senador (PSDB-PB), protestando contra a não renegociação de dívidas de agricultores do Nordeste
Agora vai?
Por mais de duas horas, ontem, num restaurante do Leblon, conversaram a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), a presidente do Jardim Botânico, Samira Crespo, e a secretária de Patrimônio da União, Cassandra Maroni Nunes.
No tabuleiro
Articulação em curso no PT pretende fazer do vice-presidente de Agronegócios do BB, Osmar Dias , ministro do governo. Candidata ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann quer o apoio de Osmar. Ele não aceitou ser o vice da chapa nem concorrer ao Senado, para não enfrentar seu irmão, Álvaro Dias (PSDB), que busca a reeleição.
Amigo
Ao final de reunião do PSDB ontem, tucanos anunciaram para o senador Aécio Neves que cantariam o jingle de sua campanha ao Planalto.
E mandaram brasa: "Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada. Amigo de tantos caminhos..."
Equidistância
Egressa do PDT, a presidente Dilma não pretende viajar para o Rio Grande do Sul a fim de votar nas eleições internas do PT em 10 de novembro. Como presidente, ela poderia votar em Brasília, mas também não deve fazê-lo. O comando do diretório gaúcho é disputado por cinco candidatos. O senador Paulo Paim (RS) se diverte: "No PT, tudo é acirrado, nem iogurte é light."
Elogio demais. O santo desconfia
Virou moda, entre os articuladores da reeleição da presidente Dilma, rasgar elogios à gestão do governador Sérgio Cabral (RJ) e à capacidade administrativa do vice Luiz Fernando Pezão. Mas a candidatura Lindbergh Farias continua firme.
O rádio digital vem aí
A presidente Dilma assina na próxima semana decreto que permite a migração das rádios AM para FM. Cerca de 1,9 mil emissoras aguardavam essa decisão do governo. A migração é o primeiro passo para implantar o rádio digital no país.
O deputado reguffe comunicou à Executiva Nacional do PDT que concorrerá ao governo de Brasília. Até ontem, ele estava com o candidato do PSB.
Pagando a conta - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 01/11
Pesquisa qualitativa que chegou às mãos de dirigentes do PT na última semana revela desgaste significativo da imagem do prefeito Fernando Haddad após dez meses de governo. Com avaliação "péssima", segundo definição de um membro da cúpula petista, o prefeito teria se equiparado ao pior momento da gestão de Marta Suplicy. O partido teme, sobretudo, que o aumento do IPTU em 2014, ano eleitoral, prejudique a campanha de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo do Estado.
Rebote 1 ACM Neto (DEM) telefonou várias vezes para Haddad na quarta-feira, depois da prisão de servidores da Prefeitura de São Paulo acusados de esquema de desvio de dinheiro e fraude no recolhimento de impostos.
Rebote 2 O prefeito de Salvador queria saber se a denúncia respingava em Mauro Ricardo, que foi secretário de Finanças de Gilberto Kassab (PSD) e hoje pilota a pasta da Fazenda na capital baiana.
Sem recibo Gilberto Kassab determinou a seus aliados que não reajam à operação que prendeu quatro ex-ocupantes de cargos-chaves em sua gestão. O ex-prefeito se disse "surpreso" com o alarde em torno das prisões, mas disse que elas não afetam sua relação com o PT.
Operação... Dilma Rousseff pediu para José Eduardo Cardozo (Justiça) pressa em montar a estratégia conjunta com os governos de São Paulo e do Rio para conter os "black blocs". O Planalto temia que, se a ação demorasse, poderia ser contaminada com o clima da eleição.
... casada A decisão de chamar os dois governos foi tomada no sábado, quando a petista viu nos jornais a foto do coronel Reynaldo Rossi, da Polícia Militar paulista, espancado por manifestantes.
Barrada A contratação da Técnica, subsidiária da Delta, para obras do governo de São Paulo, vai depender de uma decisão do Tribunal de Contas do Estado prevista para o dia 6.
Contágio Nos corredores do órgão, circula análise de técnicos que defendem que a empresa seja declarada inidônea. A tese predominante é a de que a inidoneidade já decretada pela União se alastra para as demais esferas.
Onde pega Principal voz, no PSB, contra a aliança com Marina Silva e o rompimento com o PT, o ex-ministro Roberto Amaral ainda não pediu para ser destituído dos conselhos de administração do BNDES e de Itaipu.
No bolso Embora a empresa binacional não divulgue o jetom pago aos conselheiros, o valor gira em torno de US$ 10 mil ao mês. O conselho se reúne uma vez a cada dois meses. O BNDES paga R$ 6 mil mensais.
Sumiu O PSB retirou de seu site o artigo em que Amaral diz que conselheiros econômicos de Marina fizeram parte da "tragédia" do governo FHC. "Essa é uma posição individual, não do partido", reagiu o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Solo Do líder pessebista na Câmara, Beto Albuquerque (RS), sobre as repetidas críticas de Lula a Marina: "O Lula resolveu ser cover da Dilma. Temos muito respeito por ele para lhe dar audiência nessa circunstância".
É ele Jaques Wagner disse a Dilma, segundo petistas, que seu candidato à sucessão baiana será mesmo Rui Costa, secretário de Governo.
Sem grampo Foi ameno o encontro de Dilma com a norte-americana Liliana Ayalde na entrega das credenciais dos novos embaixadores ontem. A embaixadora, que morou no Brasil quando criança, conversou com a presidente em português.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O prefeito Haddad paga IPTU com a mesma alegria que a ex-prefeita Marta sugeriu que os usuários de aeroportos relaxassem."
DO VEREADOR ANDREA MATARAZZO (PSDB-SP), sobre a declaração do prefeito Fernando Haddad (PT) de que paga seu IPTU reajustado "com a maior alegria".
contraponto
Tudo junto e misturado
Após uma hora e meia de debate, um dos grupos formados por militantes do PSB e da Rede para discutir o programa de governo conjunto na segunda-feira tratou de eleger o porta-voz que apresentaria as conclusões à plenária. O coordenador do grupo, o ex-secretário-executivo do Ministério da Integração, Alexandre Navarro (PSB), tomou a palavra:
--Vamos eleger um porta-voz do partido oposto.
Foi corrigido na hora pelo deputado federal marineiro Walter Feldman (SP):
--Oposto, não! Complementar.
Pesquisa qualitativa que chegou às mãos de dirigentes do PT na última semana revela desgaste significativo da imagem do prefeito Fernando Haddad após dez meses de governo. Com avaliação "péssima", segundo definição de um membro da cúpula petista, o prefeito teria se equiparado ao pior momento da gestão de Marta Suplicy. O partido teme, sobretudo, que o aumento do IPTU em 2014, ano eleitoral, prejudique a campanha de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo do Estado.
Rebote 1 ACM Neto (DEM) telefonou várias vezes para Haddad na quarta-feira, depois da prisão de servidores da Prefeitura de São Paulo acusados de esquema de desvio de dinheiro e fraude no recolhimento de impostos.
Rebote 2 O prefeito de Salvador queria saber se a denúncia respingava em Mauro Ricardo, que foi secretário de Finanças de Gilberto Kassab (PSD) e hoje pilota a pasta da Fazenda na capital baiana.
Sem recibo Gilberto Kassab determinou a seus aliados que não reajam à operação que prendeu quatro ex-ocupantes de cargos-chaves em sua gestão. O ex-prefeito se disse "surpreso" com o alarde em torno das prisões, mas disse que elas não afetam sua relação com o PT.
Operação... Dilma Rousseff pediu para José Eduardo Cardozo (Justiça) pressa em montar a estratégia conjunta com os governos de São Paulo e do Rio para conter os "black blocs". O Planalto temia que, se a ação demorasse, poderia ser contaminada com o clima da eleição.
... casada A decisão de chamar os dois governos foi tomada no sábado, quando a petista viu nos jornais a foto do coronel Reynaldo Rossi, da Polícia Militar paulista, espancado por manifestantes.
Barrada A contratação da Técnica, subsidiária da Delta, para obras do governo de São Paulo, vai depender de uma decisão do Tribunal de Contas do Estado prevista para o dia 6.
Contágio Nos corredores do órgão, circula análise de técnicos que defendem que a empresa seja declarada inidônea. A tese predominante é a de que a inidoneidade já decretada pela União se alastra para as demais esferas.
Onde pega Principal voz, no PSB, contra a aliança com Marina Silva e o rompimento com o PT, o ex-ministro Roberto Amaral ainda não pediu para ser destituído dos conselhos de administração do BNDES e de Itaipu.
No bolso Embora a empresa binacional não divulgue o jetom pago aos conselheiros, o valor gira em torno de US$ 10 mil ao mês. O conselho se reúne uma vez a cada dois meses. O BNDES paga R$ 6 mil mensais.
Sumiu O PSB retirou de seu site o artigo em que Amaral diz que conselheiros econômicos de Marina fizeram parte da "tragédia" do governo FHC. "Essa é uma posição individual, não do partido", reagiu o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Solo Do líder pessebista na Câmara, Beto Albuquerque (RS), sobre as repetidas críticas de Lula a Marina: "O Lula resolveu ser cover da Dilma. Temos muito respeito por ele para lhe dar audiência nessa circunstância".
É ele Jaques Wagner disse a Dilma, segundo petistas, que seu candidato à sucessão baiana será mesmo Rui Costa, secretário de Governo.
Sem grampo Foi ameno o encontro de Dilma com a norte-americana Liliana Ayalde na entrega das credenciais dos novos embaixadores ontem. A embaixadora, que morou no Brasil quando criança, conversou com a presidente em português.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O prefeito Haddad paga IPTU com a mesma alegria que a ex-prefeita Marta sugeriu que os usuários de aeroportos relaxassem."
DO VEREADOR ANDREA MATARAZZO (PSDB-SP), sobre a declaração do prefeito Fernando Haddad (PT) de que paga seu IPTU reajustado "com a maior alegria".
contraponto
Tudo junto e misturado
Após uma hora e meia de debate, um dos grupos formados por militantes do PSB e da Rede para discutir o programa de governo conjunto na segunda-feira tratou de eleger o porta-voz que apresentaria as conclusões à plenária. O coordenador do grupo, o ex-secretário-executivo do Ministério da Integração, Alexandre Navarro (PSB), tomou a palavra:
--Vamos eleger um porta-voz do partido oposto.
Foi corrigido na hora pelo deputado federal marineiro Walter Feldman (SP):
--Oposto, não! Complementar.
A guerra verbal - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 01/11
O Bolsa Família está para 2014 assim como as privatizações estiveram para a campanha de 2006, quando Lula foi reeleito. Naquela época, o PT criou o discurso de que o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, privatizaria as estatais, caso chegasse ao Planalto. Alckmin, que jamais havia defendido as privatizações do Banco do Brasil, da Caixa Econômica etc., mordeu a isca e ficou emparedado, respondendo ao presidente candidato. Esta semana, em Brasília, Lula abriu esse discurso para o ano que vem. Colocou a oposição no papel de vilã, como se fosse contrária ao Bolsa Família. Será o mote de 2014, na linha de tentar garantir os milhões de votos a cargo das famílias beneficiadas pelo programa.
Ocorre que, agora, a oposição está vacinada. Aécio sempre afirmou que o Bolsa Família deve continuar e que a gênese desse programa está no governo Fernando Henrique Cardoso. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, sempre repisa a manutenção dos programas sociais. Desta vez, será difícil de os dois morderem a isca que Lula tenta jogar para pautar o debate eleitoral do ano que vem como pautou o de 2006. Mas é por aí que o petista vai jogar.
E a Rede furou I
A sanção ontem do projeto que veda a transferência de tempo de tevê e fundo partidário a novos partidos tende a esvaziar a Rede, de Marina Silva. Isso porque, em 2018, ainda que o novo partido esteja criado até lá, será difícil aos detentores de mandato saírem de onde estiverem para uma legenda com tempo mínimo de tevê.
E a Rede furou II
Pelo projeto sancionado ontem, só em 2020 ou 2022, é que a Rede, se conquistar alguma representação na eleição anterior (2018), terá direito a algum espacinho a mais na tevê para ir além do bordão “meu nome é Marina!” É um prazo tão distante que nem os políticos com bola de cristal alcançam.
A ordem dos fatores
O Solidariedade tem a seguinte escala na campanha presidencial. Primeiro, Aécio Neves. Depois, Eduardo Campos. Por último, Dilma Rousseff.
Diálogo zero
Relator da Medida Provisória 623, que trata da dívida dos pequenos agricultores, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) está revoltado. Depois de diversas audiências públicas para formatar seu parecer e correr atrás de quórum para votação, ele descobriu que PT e PMDB fecharam acordo para deixar a MP perder a validade. “O único que foi sincero comigo foi o líder do PMDB, Eduardo Cunha, que me falou a verdade. Os líderes do governo ficaram enrolando”, reclamou.
E a conta, ó…
Em tempo: o projeto de Lucena obriga os bancos a entregarem aos agricultores um histórico da dívida com todos os reajustes. “Tem gente que pegou R$ 22 mil, há 10 anos, e hoje deve R$ 235 mil e o banco não lhe dá o extrato com o histórico e vai continuar desobrigado a dar”, reclama o senador.
Ele vai sair/ O secretário de Planejamento do GDF, Luiz Paulo Barreto, tem recusado muitos convites para deixar o governo, mas, na virada do ano, vai para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Fará muita falta na equipe do governador Agnelo Queiroz.
Uruca braba/ A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi vista dia desses saindo do Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Está com artrose no joelho e no quadril. O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, apareceu com o braço engessado. Ganhou 21 pinos no cotovelo depois de uma queda na caminhada matinal, em Brasília. Oxalá, meu pai! Ainda bem que o Dia das Bruxas foi ontem!
Dos males…/ Depois de a ministra dizer que a artrose era “um problema de DNA, data de nascimento antiga”, perguntei sobre o PMDB. Eis a resposta: “Prefiro a fisioterapia. É mais fácil”.
Ela estava lá/ Citada como provável candidata a vice de vários interessados no Governo do Distrito Federal, Liliane Roriz (foto) esteve no encontro do PSDB local com Aécio Neves. Ela garante que não está trabalhando esse tema: “Estou aqui a convite de Eduardo Jorge (presidente do PSDB-DF). Meu foco no momento é o meu mandato”, disse à coluna.
Ocorre que, agora, a oposição está vacinada. Aécio sempre afirmou que o Bolsa Família deve continuar e que a gênese desse programa está no governo Fernando Henrique Cardoso. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, sempre repisa a manutenção dos programas sociais. Desta vez, será difícil de os dois morderem a isca que Lula tenta jogar para pautar o debate eleitoral do ano que vem como pautou o de 2006. Mas é por aí que o petista vai jogar.
E a Rede furou I
A sanção ontem do projeto que veda a transferência de tempo de tevê e fundo partidário a novos partidos tende a esvaziar a Rede, de Marina Silva. Isso porque, em 2018, ainda que o novo partido esteja criado até lá, será difícil aos detentores de mandato saírem de onde estiverem para uma legenda com tempo mínimo de tevê.
E a Rede furou II
Pelo projeto sancionado ontem, só em 2020 ou 2022, é que a Rede, se conquistar alguma representação na eleição anterior (2018), terá direito a algum espacinho a mais na tevê para ir além do bordão “meu nome é Marina!” É um prazo tão distante que nem os políticos com bola de cristal alcançam.
A ordem dos fatores
O Solidariedade tem a seguinte escala na campanha presidencial. Primeiro, Aécio Neves. Depois, Eduardo Campos. Por último, Dilma Rousseff.
Diálogo zero
Relator da Medida Provisória 623, que trata da dívida dos pequenos agricultores, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) está revoltado. Depois de diversas audiências públicas para formatar seu parecer e correr atrás de quórum para votação, ele descobriu que PT e PMDB fecharam acordo para deixar a MP perder a validade. “O único que foi sincero comigo foi o líder do PMDB, Eduardo Cunha, que me falou a verdade. Os líderes do governo ficaram enrolando”, reclamou.
E a conta, ó…
Em tempo: o projeto de Lucena obriga os bancos a entregarem aos agricultores um histórico da dívida com todos os reajustes. “Tem gente que pegou R$ 22 mil, há 10 anos, e hoje deve R$ 235 mil e o banco não lhe dá o extrato com o histórico e vai continuar desobrigado a dar”, reclama o senador.
Ele vai sair/ O secretário de Planejamento do GDF, Luiz Paulo Barreto, tem recusado muitos convites para deixar o governo, mas, na virada do ano, vai para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Fará muita falta na equipe do governador Agnelo Queiroz.
Uruca braba/ A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi vista dia desses saindo do Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Está com artrose no joelho e no quadril. O ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, apareceu com o braço engessado. Ganhou 21 pinos no cotovelo depois de uma queda na caminhada matinal, em Brasília. Oxalá, meu pai! Ainda bem que o Dia das Bruxas foi ontem!
Dos males…/ Depois de a ministra dizer que a artrose era “um problema de DNA, data de nascimento antiga”, perguntei sobre o PMDB. Eis a resposta: “Prefiro a fisioterapia. É mais fácil”.
Ela estava lá/ Citada como provável candidata a vice de vários interessados no Governo do Distrito Federal, Liliane Roriz (foto) esteve no encontro do PSDB local com Aécio Neves. Ela garante que não está trabalhando esse tema: “Estou aqui a convite de Eduardo Jorge (presidente do PSDB-DF). Meu foco no momento é o meu mandato”, disse à coluna.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 01/11
Campinas planeja PPP para processamento de lixo
A Prefeitura de Campinas, no interior paulista, vai lançar no início de 2014 uma PPP (parceria público-privada) para a construção de três usinas de processamento de lixo.
O grupo que vencer a licitação terá de investir cerca de R$ 300 milhões para tratar e reaproveitar 100% dos resíduos do município.
Além de construir as usinas, o setor privado ficará responsável pela operação do sistema, segundo Ernesto Dimas Paulella, secretário de Serviços Públicos da cidade.
"A prefeitura vai pagar à empresa uma tarifa por tonelada de lixo tratado", afirma.
"A remuneração também será calculada sobre a venda de subprodutos que serão gerados nas usinas, como recicláveis e fertilizantes."
O período de concessão ainda não foi definido.
A primeira etapa será a publicação do edital, no início de 2014, que abrirá o projeto para manifestação de interesse do setor privado. Só depois será feita a seleção da empresa ou do consórcio.
Campinas recolhe por dia cerca de mil toneladas de lixo. Hoje, os detritos são levados para um aterro localizado na cidade, mas cuja vida útil vai expirar em abril.
A primeira usina, a de reciclagem, deve entrar em operação em 2015. As outras duas --de compostagem e combustível-- devem ficar prontas até 2017, segundo Paulella.
"Para esse intervalo [entre a lotação do depósito atual e a construção das usinas] teremos de abrir uma licitação e enviar o lixo da cidade para um aterro privado."
Mercado de cartão de benefícios deve crescer acima de 10% neste Natal
O segmento de cartões de benefícios para o fim de ano, como vales e bônus concedidos pelas empresas aos funcionários, deve crescer ao menos 10% em 2013, na comparação com o ano passado.
Na Alelo, que tem como sócios Banco do Brasil e Bradesco, a estimativa é que o montante movimentado terá um incremento de 25%.
"O cartão substitui as cestas que eram ofertadas, o que também reduz custos de armazenagem e transporte", diz a diretora, Ellen Muneratti.
A Sodexo projeta avanço acima de 10%. Além dos tradicionais (alimentação e presentes), uma novidade do grupo é o cartão que permite oferecer experiências, como passeio de balão e jantar.
"A empresa escolhe uma das soluções e o valor que será creditado", diz Simone Perretti, da companhia.
A Unik, que tinha uma bandeira própria, lançou um novo cartão com a Mastercard. "O número de estabelecimentos credenciados é maior, o que permitirá um avanço expressivo", diz o presidente, José Roberto Kracochansky.
De olho na legislação
Com a aprovação da lei anticorrupção, aumentou a preocupação com compliance (que zela pelo cumprimento de normas internas e legislação) também entre empresas de médio porte.
Para atender à demanda, o escritório Machado Meyer dobrou sua equipe no setor.
"Seja uma padaria ou uma grande companhia, todas precisam se relacionar com autoridades públicas e estão sujeitas à nova lei", afirma Lonardo Machado, sócio da Machado Meyer.
O escritório Demarest projeta um crescimento global (médias e grandes empresas) de 20% a 30% após a vigência da lei, em janeiro de 2014.
"Se a regulamentação da lei vier detalhada, a demanda poderá dobrar ou crescer até 70%", diz Bruno Drago, sócio do Demarest.
No escritório Alonso Leite Groch + Heloisa Estellita, a demanda cresceu 25% nos últimos dois meses.
"Antes, as médias empresas não se preocupavam tanto porque não obedecem legislações estrangeiras", diz o sócio Leonardo Alonso.
O perfil é formado por empresas com receita bruta anual de até R$ 200 milhões e com 100 a 500 funcionários.
Multinacionais cautelosas
Os executivos das grandes corporações transnacionais têm consciência dos riscos persistentes da economia global, mostra relatório da Unctad (braço da ONU para o comércio e o desenvolvimento).
Uma pesquisa do órgão apontou que metade dos entrevistados estavam indecisos em relação aos investimentos internacionais que seriam feitos neste ano. Para 2015, no entanto, 54% deles disseram estar otimistas.
A situação econômica dos Brics e dos EUA é o motivo visto de forma mais positiva para a realização de investimentos estrangeiros diretos. Na outra ponta, está a economia europeia, citada como grande fator negativo.
Interações regionais e mudanças nos regimes tributários também aparecem com destaque entre os itens que devem favorecer os aportes internacionais até 2015.
China e EUA estão entre os principais destinos para esses investimentos, ambos foram lembrados por cerca de 45% dos entrevistados.
O Brasil ficou em quinto lugar, depois de Índia e Indonésia. Quase 20% dos executivos se referiram ao país.
DECORAÇÃO RÁPIDA
Home It, um e-commerce de decoração brasileiro, começa a operar na próxima terça-feira.
Será um "fast décor" a preços mais acessíveis do que os de mercado, segundo os sócios Fabiana Saad, Alessandra Saddi, Gui Haji-Touma e Mica Rocha, todos entre 26 e 28 anos de idade.
"O tíquete médio [no segmento on-line] é de R$ 350. O nosso será de R$ 180, exceto alguns produtos com assinatura especial, que sairão por R$ 700", diz Saddi.
A empresa terá produtos especialmente criados para a marca.
"Convidamos conforme as afinidades: como caixas para pertences de Caroline Celico, mulher do jogador Cacá, que é muito ordeira, e "organizers" de escovas de Marcos Proença [dono do salão com seu nome]."
Grifes emprestarão estampas de suas coleções para almofadas e outras peças.
"O investimento inicial foi baixo, de R$ 120 mil --R$ 40 mil para a plataforma e R$ 80 mil para as parcerias com as grifes."
Massa A rede de pizzarias Patroni planeja abrir mais 50 unidades até 2014. Hoje, a empresa tem 154 lojas. O grupo estima faturar R$ 400 milhões neste ano, um crescimento de 35% na comparação com 2012.
Eleição O advogado Marcelo Gômara, sócio do escritório TozziniFreire, (áreas trabalhista e previdenciária), será o presidente do Sindicato das Sociedades de Advogados dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro na gestão 2013/2015.
Nas nuvens A colombiana Avanxo, que atua com computação em nuvem, assumiu o controle da brasileira Orizonta, que tem unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. O valor do negócio não foi informado.
Campinas planeja PPP para processamento de lixo
A Prefeitura de Campinas, no interior paulista, vai lançar no início de 2014 uma PPP (parceria público-privada) para a construção de três usinas de processamento de lixo.
O grupo que vencer a licitação terá de investir cerca de R$ 300 milhões para tratar e reaproveitar 100% dos resíduos do município.
Além de construir as usinas, o setor privado ficará responsável pela operação do sistema, segundo Ernesto Dimas Paulella, secretário de Serviços Públicos da cidade.
"A prefeitura vai pagar à empresa uma tarifa por tonelada de lixo tratado", afirma.
"A remuneração também será calculada sobre a venda de subprodutos que serão gerados nas usinas, como recicláveis e fertilizantes."
O período de concessão ainda não foi definido.
A primeira etapa será a publicação do edital, no início de 2014, que abrirá o projeto para manifestação de interesse do setor privado. Só depois será feita a seleção da empresa ou do consórcio.
Campinas recolhe por dia cerca de mil toneladas de lixo. Hoje, os detritos são levados para um aterro localizado na cidade, mas cuja vida útil vai expirar em abril.
A primeira usina, a de reciclagem, deve entrar em operação em 2015. As outras duas --de compostagem e combustível-- devem ficar prontas até 2017, segundo Paulella.
"Para esse intervalo [entre a lotação do depósito atual e a construção das usinas] teremos de abrir uma licitação e enviar o lixo da cidade para um aterro privado."
Mercado de cartão de benefícios deve crescer acima de 10% neste Natal
O segmento de cartões de benefícios para o fim de ano, como vales e bônus concedidos pelas empresas aos funcionários, deve crescer ao menos 10% em 2013, na comparação com o ano passado.
Na Alelo, que tem como sócios Banco do Brasil e Bradesco, a estimativa é que o montante movimentado terá um incremento de 25%.
"O cartão substitui as cestas que eram ofertadas, o que também reduz custos de armazenagem e transporte", diz a diretora, Ellen Muneratti.
A Sodexo projeta avanço acima de 10%. Além dos tradicionais (alimentação e presentes), uma novidade do grupo é o cartão que permite oferecer experiências, como passeio de balão e jantar.
"A empresa escolhe uma das soluções e o valor que será creditado", diz Simone Perretti, da companhia.
A Unik, que tinha uma bandeira própria, lançou um novo cartão com a Mastercard. "O número de estabelecimentos credenciados é maior, o que permitirá um avanço expressivo", diz o presidente, José Roberto Kracochansky.
De olho na legislação
Com a aprovação da lei anticorrupção, aumentou a preocupação com compliance (que zela pelo cumprimento de normas internas e legislação) também entre empresas de médio porte.
Para atender à demanda, o escritório Machado Meyer dobrou sua equipe no setor.
"Seja uma padaria ou uma grande companhia, todas precisam se relacionar com autoridades públicas e estão sujeitas à nova lei", afirma Lonardo Machado, sócio da Machado Meyer.
O escritório Demarest projeta um crescimento global (médias e grandes empresas) de 20% a 30% após a vigência da lei, em janeiro de 2014.
"Se a regulamentação da lei vier detalhada, a demanda poderá dobrar ou crescer até 70%", diz Bruno Drago, sócio do Demarest.
No escritório Alonso Leite Groch + Heloisa Estellita, a demanda cresceu 25% nos últimos dois meses.
"Antes, as médias empresas não se preocupavam tanto porque não obedecem legislações estrangeiras", diz o sócio Leonardo Alonso.
O perfil é formado por empresas com receita bruta anual de até R$ 200 milhões e com 100 a 500 funcionários.
Multinacionais cautelosas
Os executivos das grandes corporações transnacionais têm consciência dos riscos persistentes da economia global, mostra relatório da Unctad (braço da ONU para o comércio e o desenvolvimento).
Uma pesquisa do órgão apontou que metade dos entrevistados estavam indecisos em relação aos investimentos internacionais que seriam feitos neste ano. Para 2015, no entanto, 54% deles disseram estar otimistas.
A situação econômica dos Brics e dos EUA é o motivo visto de forma mais positiva para a realização de investimentos estrangeiros diretos. Na outra ponta, está a economia europeia, citada como grande fator negativo.
Interações regionais e mudanças nos regimes tributários também aparecem com destaque entre os itens que devem favorecer os aportes internacionais até 2015.
China e EUA estão entre os principais destinos para esses investimentos, ambos foram lembrados por cerca de 45% dos entrevistados.
O Brasil ficou em quinto lugar, depois de Índia e Indonésia. Quase 20% dos executivos se referiram ao país.
DECORAÇÃO RÁPIDA
Home It, um e-commerce de decoração brasileiro, começa a operar na próxima terça-feira.
Será um "fast décor" a preços mais acessíveis do que os de mercado, segundo os sócios Fabiana Saad, Alessandra Saddi, Gui Haji-Touma e Mica Rocha, todos entre 26 e 28 anos de idade.
"O tíquete médio [no segmento on-line] é de R$ 350. O nosso será de R$ 180, exceto alguns produtos com assinatura especial, que sairão por R$ 700", diz Saddi.
A empresa terá produtos especialmente criados para a marca.
"Convidamos conforme as afinidades: como caixas para pertences de Caroline Celico, mulher do jogador Cacá, que é muito ordeira, e "organizers" de escovas de Marcos Proença [dono do salão com seu nome]."
Grifes emprestarão estampas de suas coleções para almofadas e outras peças.
"O investimento inicial foi baixo, de R$ 120 mil --R$ 40 mil para a plataforma e R$ 80 mil para as parcerias com as grifes."
Massa A rede de pizzarias Patroni planeja abrir mais 50 unidades até 2014. Hoje, a empresa tem 154 lojas. O grupo estima faturar R$ 400 milhões neste ano, um crescimento de 35% na comparação com 2012.
Eleição O advogado Marcelo Gômara, sócio do escritório TozziniFreire, (áreas trabalhista e previdenciária), será o presidente do Sindicato das Sociedades de Advogados dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro na gestão 2013/2015.
Nas nuvens A colombiana Avanxo, que atua com computação em nuvem, assumiu o controle da brasileira Orizonta, que tem unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. O valor do negócio não foi informado.
O ralo - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 01/11
E o ralo não vai dando conta. Ontem, o Banco Central revelou que o déficit do setor público em setembro foi o maior da história para o que acontece dentro do período de um mês.
O governo federal teve um desempenho negativo de R$ 10,8 bilhões e os Estados e municípios, um saldo positivo de R$ 1,8 bilhão. O resultado geral é um déficit de R$ 9,0 bilhões.
Nem pensar que o governo Dilma garantirá o superávit primário (sobra de arrecadação para resgate da dívida) de 2,3% do PIB ou algo em torno de R$ 110 bilhões. Vale pontuar que o prometido no início do ano foi atingir 3,1% do PIB (R$ 149 bilhões) que, desde junho, o ministro Guido Mantega, sem fôlego, já havia puxado convenientemente para baixo.
A receita do governo em 12 meses não cresce mais do que 8,0% e a despesa, 13,5%. Alardeador contumaz da beleza das contas públicas, o ministro Mantega ontem se declarou espantado com a sangria de R$ 45 bilhões a R$ 47 bilhões, neste ano, somente nas rubricas seguro-desemprego e abono ao trabalhador.
Também ontem, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, exibiu outra pérola do seu criatório particular de ostras. Disse que os resultados decepcionantes de setembro se explicam por "várias especificidades", como se existisse mês sem isso aí. Em seguida, disse ele: mal ou bem, haverá superávit, portanto, o que entra vai ser maior do que o que sai. Trata-se de uma verdade truncada, na medida em que esse saldo positivo não será suficiente para segurar a inflação.
O governo federal não está se empenhando o suficiente para equilibrar as finanças públicas. Para não alargar demais o rombo fiscal, neste final de ano conta com outras especificidades, desta vez no lado da receita, em dois departamentos: o bônus de assinatura do leilão de Libra, que renderá R$ 15 bilhões; e a operação espreme-empresa, que são cobranças de pendências em tramitação na Justiça, que atendem pela sigla Refis, com desfecho ainda não conhecido.
Mais uma vez, o Banco Central vai queimando a língua. A partir de agosto, passou a apostar na saúde das contas públicas. Em vez de continuar a denunciar o expansionismo da turma do cofre, preferiu dizer que, logo mais, o desencontro entre receitas e despesas, que está puxando os preços para cima, passaria à condição de neutralidade. Ou seja, ainda que não ajude a combater, pelo menos deixará de produzir inflação. Mas vai dando o contrário.
Despesa pública cria renda. E mais renda do que produção, como ocorre hoje, tende a aumentar a velocidade das remarcações (sempre para cima), porque a procura fica mais forte do que a oferta.
Ontem, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, não repetiu o que vinham afirmando seus superiores imediatos. Reconheceu que "o quadro fiscal é desafiador", eufemismo cuja tradução para a linguagem popular é: "A vaca está tomando a direção do brejo". Isso tem consequência.
Além das avarias em sua credibilidade, o Banco Central terá de apertar a política monetária (política de juros) ainda mais do que pretendia, para tentar compensar com mais racionamento de moeda a política perdulária do governo federal.
E o ralo não vai dando conta. Ontem, o Banco Central revelou que o déficit do setor público em setembro foi o maior da história para o que acontece dentro do período de um mês.
O governo federal teve um desempenho negativo de R$ 10,8 bilhões e os Estados e municípios, um saldo positivo de R$ 1,8 bilhão. O resultado geral é um déficit de R$ 9,0 bilhões.
Nem pensar que o governo Dilma garantirá o superávit primário (sobra de arrecadação para resgate da dívida) de 2,3% do PIB ou algo em torno de R$ 110 bilhões. Vale pontuar que o prometido no início do ano foi atingir 3,1% do PIB (R$ 149 bilhões) que, desde junho, o ministro Guido Mantega, sem fôlego, já havia puxado convenientemente para baixo.
A receita do governo em 12 meses não cresce mais do que 8,0% e a despesa, 13,5%. Alardeador contumaz da beleza das contas públicas, o ministro Mantega ontem se declarou espantado com a sangria de R$ 45 bilhões a R$ 47 bilhões, neste ano, somente nas rubricas seguro-desemprego e abono ao trabalhador.
Também ontem, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, exibiu outra pérola do seu criatório particular de ostras. Disse que os resultados decepcionantes de setembro se explicam por "várias especificidades", como se existisse mês sem isso aí. Em seguida, disse ele: mal ou bem, haverá superávit, portanto, o que entra vai ser maior do que o que sai. Trata-se de uma verdade truncada, na medida em que esse saldo positivo não será suficiente para segurar a inflação.
O governo federal não está se empenhando o suficiente para equilibrar as finanças públicas. Para não alargar demais o rombo fiscal, neste final de ano conta com outras especificidades, desta vez no lado da receita, em dois departamentos: o bônus de assinatura do leilão de Libra, que renderá R$ 15 bilhões; e a operação espreme-empresa, que são cobranças de pendências em tramitação na Justiça, que atendem pela sigla Refis, com desfecho ainda não conhecido.
Mais uma vez, o Banco Central vai queimando a língua. A partir de agosto, passou a apostar na saúde das contas públicas. Em vez de continuar a denunciar o expansionismo da turma do cofre, preferiu dizer que, logo mais, o desencontro entre receitas e despesas, que está puxando os preços para cima, passaria à condição de neutralidade. Ou seja, ainda que não ajude a combater, pelo menos deixará de produzir inflação. Mas vai dando o contrário.
Despesa pública cria renda. E mais renda do que produção, como ocorre hoje, tende a aumentar a velocidade das remarcações (sempre para cima), porque a procura fica mais forte do que a oferta.
Ontem, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, não repetiu o que vinham afirmando seus superiores imediatos. Reconheceu que "o quadro fiscal é desafiador", eufemismo cuja tradução para a linguagem popular é: "A vaca está tomando a direção do brejo". Isso tem consequência.
Além das avarias em sua credibilidade, o Banco Central terá de apertar a política monetária (política de juros) ainda mais do que pretendia, para tentar compensar com mais racionamento de moeda a política perdulária do governo federal.
Economia experimental - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE
O Estado de S.Paulo - 01/11
Imaginem um livro que não é um livro, mas uma caixa. Dentro dela há algumas centenas de páginas soltas e só a primeira e a última estão claramente demarcadas. Tudo o que deve vir entre uma e outra depende do leitor, que pode organizá-las e reorganizá-las reconstruindo a narrativa como bem entender. Essa foi a proposta do autor britânico B. S. Johnson em seu seminal The Unfortunates, publicado em 1969. Além de exemplo de literatura experimental, o livro-que-não-é-livro faz parte da tradição avant-garde inaugurada por James Joyce e Samuel Beckett: a narrativa não linear, permeada de idas e voltas no tempo, de fluxos de consciência das personagens e de uso disseminado da livre associação.
Embora a literatura seja uma representação da experiência real, nem sempre o que funciona bem na literatura subsiste na economia. Desde a crise financeira de 2008, os líderes globais e os gestores de política econômica tentam arrumar e rearrumar incessantemente as páginas da trama global, sem chegar a uma narrativa que faça sentido, que contenha alguma harmonia ou qualquer senso de finalização. Aqui, no Brasil, enredamos pela economia experimental motivados por ímpetos inequivocamente oportunistas, mas, como o resto do mundo, ainda não fomos capazes de construir algo que tenha nexo.
Alguns casos são exemplares, como o leilão de apenas um participante que garantiu ao Tesouro os R$ 15 bilhões de que necessitava para cumprir as metas fiscais deste ano, desde que a debilitada Petrobrás contribua com a parte que lhe cabe desse latifúndio. Há ainda as desonerações de setores seletos da economia que trocaram a contribuição patronal sobre a folha de pagamentos por uma alíquota sobre o faturamento. São desonerações que oneram, pois tendem a pressionar o mercado de trabalho, os salários e a inflação, ao mesmo tempo que reduzem o incentivo das empresas para investir em formação de capital. Ou seja, encorajam a substituição de capital por mão de obra. Seria uma medida controvertidamente oportuna, se o País não estivesse precisando de investimentos e se a taxa de desemprego tivesse de ser reduzida. E o que dizer da política fiscal expansionista que convergirá lentamente ("asseguro-lhes!", brada o Banco Central) para a elusiva "zona de neutralidade"? Um aviso aos incautos: a "zona de neutralidade" no caso do Brasil é algo além da imaginação, um verdadeiro "twilight zone". Afinal, com a recente alteração no indexador das dívidas estaduais e municipais que retroage aos anos 90, e a gastança adicional que ela permitirá, não há neutralidade que resista a poucos segundos de reflexão.
Temos, portanto, páginas e mais páginas sem sentido, sempre realçadas pelo uso particular de figuras de linguagem pelo governo brasileiro. A antítese: combateremos a inflação inflando o crédito público. O pleonasmo: nós incluímos e, nesses últimos dez anos, fomentamos a inclusão social. E a favorita nesses tempos de campanha eleitoral, a hipérbole: o que interessa é o PIB do povo, a taxa de desemprego mais baixa da história, o maior aumento da renda das famílias brasileiras das últimas décadas, o maior crescimento do PIB do mundo no 2.º trimestre de 2013.
Nosso grande infortúnio é que os líderes mundiais estão plenamente engajados em reescrever a governança global de forma desgovernada. Como querer fazer sentido da política econômica brasileira se o sistema político da maior economia do mundo está à deriva? Como querer reinstaurar a racionalidade econômica se nos principais países do mundo prevalece o interstício aparentemente intransponível entre o que é bom para o curto prazo e o que faz sentido no longo prazo? Eis o principal dilema, não para os integrantes do atual governo brasileiro, mas para os que aspiram à liderança do País a partir de 2014.
Desafortunados são todos aqueles que veem na economia experimental a crônica de um desastre anunciado, sem que tenham qualquer possibilidade de pôr as páginas de volta na caixa para enterrá-la de vez.
Imaginem um livro que não é um livro, mas uma caixa. Dentro dela há algumas centenas de páginas soltas e só a primeira e a última estão claramente demarcadas. Tudo o que deve vir entre uma e outra depende do leitor, que pode organizá-las e reorganizá-las reconstruindo a narrativa como bem entender. Essa foi a proposta do autor britânico B. S. Johnson em seu seminal The Unfortunates, publicado em 1969. Além de exemplo de literatura experimental, o livro-que-não-é-livro faz parte da tradição avant-garde inaugurada por James Joyce e Samuel Beckett: a narrativa não linear, permeada de idas e voltas no tempo, de fluxos de consciência das personagens e de uso disseminado da livre associação.
Embora a literatura seja uma representação da experiência real, nem sempre o que funciona bem na literatura subsiste na economia. Desde a crise financeira de 2008, os líderes globais e os gestores de política econômica tentam arrumar e rearrumar incessantemente as páginas da trama global, sem chegar a uma narrativa que faça sentido, que contenha alguma harmonia ou qualquer senso de finalização. Aqui, no Brasil, enredamos pela economia experimental motivados por ímpetos inequivocamente oportunistas, mas, como o resto do mundo, ainda não fomos capazes de construir algo que tenha nexo.
Alguns casos são exemplares, como o leilão de apenas um participante que garantiu ao Tesouro os R$ 15 bilhões de que necessitava para cumprir as metas fiscais deste ano, desde que a debilitada Petrobrás contribua com a parte que lhe cabe desse latifúndio. Há ainda as desonerações de setores seletos da economia que trocaram a contribuição patronal sobre a folha de pagamentos por uma alíquota sobre o faturamento. São desonerações que oneram, pois tendem a pressionar o mercado de trabalho, os salários e a inflação, ao mesmo tempo que reduzem o incentivo das empresas para investir em formação de capital. Ou seja, encorajam a substituição de capital por mão de obra. Seria uma medida controvertidamente oportuna, se o País não estivesse precisando de investimentos e se a taxa de desemprego tivesse de ser reduzida. E o que dizer da política fiscal expansionista que convergirá lentamente ("asseguro-lhes!", brada o Banco Central) para a elusiva "zona de neutralidade"? Um aviso aos incautos: a "zona de neutralidade" no caso do Brasil é algo além da imaginação, um verdadeiro "twilight zone". Afinal, com a recente alteração no indexador das dívidas estaduais e municipais que retroage aos anos 90, e a gastança adicional que ela permitirá, não há neutralidade que resista a poucos segundos de reflexão.
Temos, portanto, páginas e mais páginas sem sentido, sempre realçadas pelo uso particular de figuras de linguagem pelo governo brasileiro. A antítese: combateremos a inflação inflando o crédito público. O pleonasmo: nós incluímos e, nesses últimos dez anos, fomentamos a inclusão social. E a favorita nesses tempos de campanha eleitoral, a hipérbole: o que interessa é o PIB do povo, a taxa de desemprego mais baixa da história, o maior aumento da renda das famílias brasileiras das últimas décadas, o maior crescimento do PIB do mundo no 2.º trimestre de 2013.
Nosso grande infortúnio é que os líderes mundiais estão plenamente engajados em reescrever a governança global de forma desgovernada. Como querer fazer sentido da política econômica brasileira se o sistema político da maior economia do mundo está à deriva? Como querer reinstaurar a racionalidade econômica se nos principais países do mundo prevalece o interstício aparentemente intransponível entre o que é bom para o curto prazo e o que faz sentido no longo prazo? Eis o principal dilema, não para os integrantes do atual governo brasileiro, mas para os que aspiram à liderança do País a partir de 2014.
Desafortunados são todos aqueles que veem na economia experimental a crônica de um desastre anunciado, sem que tenham qualquer possibilidade de pôr as páginas de volta na caixa para enterrá-la de vez.