sexta-feira, julho 19, 2013

Más companhias - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 19/07

RIO DE JANEIRO - As cenas de protesto no Leblon na noite de quarta-feira foram bem registradas pela mídia. Nelas podia-se ver a bravura de seus protagonistas entrando em desforço físico com orelhões, justiçando postes com nomes de ruas, imobilizando lixeiras e incendiando-as nos cruzamentos, e chutando corajosamente vitrines de butiques e bancos. Outros ficaram mais a distância, atirando pedras, rojões e coquetéis molotov. Cada qual fez o papel a que foi convocado pelas redes "sociais".

Empolgados, alguns se distraíram e foram detidos pela polícia no ato de incendiar, depredar ou saquear. Mas foram liberados em seguida, porque por falta de provas a lei não permite que continuem presos. Pelas imagens gravadas, talvez se possa estabelecer que um ou outro participou da depredação de patrimônio público ou particular, mas não é certo que isso caracterize prova. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Anistia Internacional, que acompanham as manifestações para fiscalizar os excessos da polícia, talvez possam contribuir para essa identificação.

Um indício para o reconhecimento de possíveis implicados seriam as roupas e as peças de lingerie saqueadas de lojas finas do Leblon, como a Toulon, a Cantão e a Loungerie. Como não se observam mulheres participando dos atos mais violentos dos protestos, qualquer homem mascarado que seja visto pelas ruas do Rio usando certos artigos femininos será um óbvio suspeito.

A composição social desses grupos radicais também é um mistério. Fala-se nos "Black Blocs", mais notáveis pelos capuzes, máscaras e roupas pretas e armamento pesado. Mas há também anarquistas, representantes do tráfico desarticulado pelas UPPs, ex-trocadores de vans tiradas das ruas, vadios avulsos e talvez adeptos de um ou outro político.

Não é o tipo de gente com quem os meninos das manifestações deveriam socializar.

A democracia não é um livro sagrado - MILTON HATOUM

O Estado de S.Paulo - 19/07

O poeta palestino Tamim Al-Barghouti foi um dos ausentes da Festa Literária Internacional de Paraty deste ano. Ele ia participar da mesa Literatura e Revolução, mas um levante popular no Egito e o extravio de um passaporte impossibilitaram a viagem do poeta ao Brasil.

Eu estava curioso para ouvir um poeta que participou ativamente da Primavera Árabe no Cairo, no ano passado. O escritor egípcio Alaa Al Aswany afirmou que a revolução de 2011 - que resultou na deposição e prisão do ditador Hosni Mubarak - foi roubada pela Irmandade Muçulmana. Segundo Aswany, "o governo do presidente Mohamed Morsi quis dominar tudo em nome de Deus". O escritor resumiu sua visão do governo Morsi e da Irmandade Muçulmana com esta frase: "A democracia não é um livro sagrado". (O Estado de S. Paulo, Aliás, 7/7/2013.)

A intromissão dos dogmas religiosos na política é uma das graves questões da maioria dos países islâmicos. Mas alguns líderes ocidentais também recorrem à religião para justificar decisões importantes. George W. Bush falou em "cruzada" antes de ordenar a invasão do Iraque. Depois de corrigir o lapso, o ex-presidente dos Estados Unidos usou o falso pretexto de destruir armas químicas no Iraque para invadir e destruir esse país árabe, causando milhares de mortes e aguçando o sectarismo religioso.

Nos discursos de vários políticos norte-americanos são comuns as alusões delirantes a Jesus e a Deus. O fanatismo religioso também move colonos judeus ortodoxos, que ocupam terras palestinas. Em 1995, um desses fanáticos de extrema-direita assassinou o ex-primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin, que parecia disposto a negociar um acordo de paz com a Autoridade Nacional Palestina.

Religiosos fundamentalistas podem cometer atrocidades em Estados considerados laicos ou parcialmente seculares. Uma das coisas nocivas na política brasileira é justamente o crescimento de certos partidos religiosos, que estão plantando uma semente fundamentalista na política do País. Nesse sentido, a leitura ao pé da letra da Bíblia e do Corão é uma ameaça a qualquer sociedade democrática.

Dogmas religiosos não podem prevalecer sobre avanços e descobertas científicos, comportamento sexual, decisões de foro íntimo e normas de convivência social. Quando isso acontece, as instituições republicanas - incluindo o Poder Judiciário - são enfraquecidas.

No caso do Egito, convém lembrar que o vice-presidente do partido da Irmandade Muçulmana é o líder da comunidade evangélica egípcia. Suas posturas fundamentalistas são bastante criticadas pelos cristãos coptas (Igreja Ortodoxa). Ao contrário dos evangélicos, os coptas sempre apoiaram a proposta de um Estado secular.

Essa é uma das tantas razões da recente revolta no Egito: uma das maiores manifestações populares da história moderna, que culminou com a deposição de um presidente eleito democraticamente.

Para Maged El Gebaly, tradutor e professor da Universidade Ain Shams (Cairo), "Morsi estava planejando um golpe de Estado contra as tradições modernas no Egito. Ele (Morsi) usava a palavra 'diálogo' para a imprensa estrangeira, mas só dialogava com os partidos religiosos e excluía totalmente as forças seculares do processo político".

Maged lembra que em junho deste ano 22 milhões de egípcios solicitaram ao Tribunal Constitucional a anulação das eleições no país. O Tribunal invalidou as eleições para o Senado e para a Assembleia Constituinte, alegando que os membros da Irmandade Muçulmana haviam sido eleitos ilegalmente.

Os manifestantes exigem o fim da perseguição aos opositores da Irmandade, novas eleições e uma constituição sem leis religiosas. No fundo, exigem um Estado laico e a construção de uma cidadania plena num país marcado por profundas desigualdades sociais. Exigem também o fim da tutela do governo norte-americano, que, durante décadas, forneceu apoio financeiro e militar à ditadura de Mubarak.

Na língua árabe a palavra "sawra" significa revolução, revolta, levante, rebelião. Quando se trata de uma verdadeira transformação política, econômica e social de um país, historiadores e intelectuais preferem usar a expressão "revolução social" ou "processo revolucionário". Talvez isso esteja ocorrendo no Egito. A revolta atual - que uns chamam de golpe de Estado, e outros de retomada da revolução - não se sabe quando nem como vai terminar. O que acontecer nesse país - o grande farol do mundo árabe - certamente influenciará a política no mundo árabe. Mas o curso da História é imprevisível.

Ueba! Tudo padrão Vaticano - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 19/07

Uma vez o Sarney foi visitar o Vaticano e, quando viu o luxo, gritou: 'Isso que é verba de gabinete'. Rarará


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E o papa? O papa já mandou avisar: quem fizer piada com argentino vai direto pro inferno. Rarará!

Até a Cristina Kirchner vem ver o papa. Já sei, ela vem pedir ao papa pra mudar o nome da Capela Sistina pra Capela Cristina. Capelas Cristina Kirchner! Ou, Capela Sistina Kirchner. Rarará!

E diz que o papa tá procurando um lugar tranquilo para um retiro espiritual: a casa do Cabral no Leblon! Rarará!

E o Cabral disse no "Jornal Nacional" que não pode haver protestos na visita do papa. Ué, mas desde menino que eu escuto: "Reclama pro bispo! Se não adiantar, reclama pro papa!".

E esta: "Dom Odilo defende uso de verbas públicas para a visita do papa". E o tuiteiro Gayegos: "Acho esse papa muito simpático. Mas o Vaticano que pague tudo. Não com a nossa grana". Isso. Queremos Copacabana, Flamengo e Complexo do Alemão com padrão Vaticano. Tudo padrão Vaticano!

E uma vez o Sarney foi visitar o Vaticano e, quando viu o luxo, gritou: "Isso que é verba de gabinete". Rarará!

E o futebol? Tá cruel ser bambi, viu? SPFC quer dizer Sempre Permaneceremos Fregueses do Corinthians!

E o Sarney era menino e o Rogério Ceni já era goleiro do São Paulo! A última vez em que o São Paulo ganhou, eu ainda usava Orkut.

E R$ 0,20 eram apenas R$ 0,20. E a Dilma tinha 83% de popularidade!

E o Atlético perdeu pro Olimpia do Paraguai. Ressaca paraguaia! E o ataque do time do Paraguai: Chassis Raspados, Chapa Fria, Galo de Itaipu e Samsung Genérico!

E a torcida mineira incentivando o técnico e o time: Cuca-Galo! Cuca-Galo! Rarará!

E o Obama? Uma leitora quer saber: "Obama, onde eu deixei o controle remoto da TV?". Liga pra CIA: "Onde eu deixei o meu controle remoto da TV?". E a CIA: "Embaixo da almofada vermelha". Rarará!

E um outro: "Acho que o Obama não sabe da minha real situação. Se soubesse, faria um depósito na minha conta". Rarará!

E um cara falando com a namorada ao celular: "Amor, você pode sair hoje?". E o Obama: "Yes, we can!". Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Primeiro, o povo - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 19/07

Mudanças de última hora. Dilma e outras autoridades que estarão segunda no Palácio Guanabara para a cerimônia de boas-vindas ao Papa Francisco vão ter que esperar um pouco.
O Papa, que desembarca no Galeão às 16h, decidiu ir primeiro ao Centro da cidade desfilar de papamóvel, a partir da Catedral, na Av. Chile.

É grave a crise
A Arquidiocese do Rio de Janeiro fez um empréstimo de R$ 30 milhões no Bradesco para investir na Jornada Mundial da Juventude.

Efeito Bergoglio
No México, vários bispos já venderam seus carros de luxo para comprar modelos da Volkswagen.
Se a moda pega...

Barbosa é do Supremo
Hoje, na agenda de Dilma, está previsto um encontro com o ministro Joaquim Barbosa, presidente do “Superior Tribunal Federal”.
Na verdade, o nome certo é Supremo Tribunal Federal.
Superior é outro.

Contra a homofobia
Daniela Mercury, que assumiu recentemente seu romance com uma mulher, vai estrelar no Brasil a campanha global da ONU contra a homofobia.
O lançamento oficial será no final do mês na África do Sul. No Brasil, a campanha começa na primeira semana de outubro.

No mais
Já se disse que o Brasil não perde uma boa oportunidade de... perder uma boa oportunidade.
Tomara que os facínoras não estraguem a festa do povo nas ruas por ética na política e por melhorias para o país.

Guerra no ar
O temor de que Dilma anuncie, em outubro, nos EUA, a compra de 36 caças da Boeing fez aumentar a rede de intrigas entre concorrentes.
Afinal, está em jogo uma encomenda que pode chegar a US$ 4 bilhões.

Agora...
O alvo é Donna Hrinak, que preside o braço brasileiro da Boeing.
A turma, que não é fácil, lembra que o período entre 2000 e 2004 — época em que ela foi embaixadora aqui — foi o auge das operações de espionagem americana no Brasil, reveladas pelo GLOBO.

Serra e o PT
No PT, todos os cenários de pesquisa para a eleição de 2014 incluem Serra como candidato.
Mas alguns não incluem... Dilma.

Padrão Fifa
Ao passar por Bruna Marquezine, na Grécia, um grupo de brasileiros gritou: “Quero uma namorada igual a você! Padrão Fifa!”
Bruna, uma fofa, parou e tirou fotos com todo mundo.

Vida que segue
Hoje, o empresário Eduardo Ballesteros, dono da Toulon, vai passar o dia em sua loja do Leblon, que foi saqueada durante as manifestações anteontem no bairro. Ele e sua equipe estarão vestidos de branco, pedindo paz:
— Somos testemunhas oculares da História carioca nos últimos 43 anos e acreditamos que agora é hora de reconstruir e continuar trabalhando — diz Ballesteros.

Porto Maravilha
Em junho de 2012, a prefeitura licenciou, no total, 12 mil metros quadrados para fins comerciais só na região do Porto do Rio.
No mês passado, veja só, foram 282 mil metros quadrados licenciados. O aumento é de 1.500% em um ano.

Maravilha.

Que feio!
Uma loja da operadora de TV por assinatura Sky e o restaurante Império Gourmet, ambos na Penha, foram autuados pela Light ontem por furto de energia.

Manobra contábil fere a reputação da Petrobras - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 19/07

Em um cenário de estagnação econômica e desconfiança dos investidores quanto à retomada do crescimento, o governo brasileiro vem se esmerando na técnica da "contabilidade criativa" para fechar suas contas. Em 2012, a meta de superávit primário só foi alcançada porque as autoridades abateram da meta fiscal R$ 39,3 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além de antecipar o recebimento de dividendos de estatais e do BNDES e utilizar recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB) que deveriam servirpara emergências em épocas de crise.


Ao todo, foram mais de R$ 40 bilhões só em artifícios contábeis.

A mesma estratégia vem sendo adotada pela Petrobras, que promoveu alterações na forma de contabilizar sua dívida exposta à variação cambial para melhorar o resultado do segundo trimestre deste ano. A estatal tirou do balanço deste período os efeitos da variação do dólar, o que deve representar um ganho de R$ 7 bilhões, além de reduzir sua exposição ao câmbio em cerca de R$ 70 bilhões e aumentar a distribuição de dividendos aos acionistas, dos quais o principal é a União.

A contabilidade criativa compromete a reputação da Petrobras e afasta ainda mais os investidores, sobretudo em um ambiente de incertezas cada vez maiores sobre o desempenho da economia brasileira. Como se não bastasse tamanha irresponsabilidade, tal artifício desmoraliza as instituições da República e causa uma crise de confiança, além de representar um autoengano do governo que, na verdade, leva ao engano generalizado e prejudica toda a população brasileira.

A dilapidação da Petrobras se acentuou a partir da gestão temerária de seu ex-presidente, o petista José Sérgio Gabrielli, que contou com o apoio do governo Lula para transformar a empresa em um reduto dos interesses políticos mais rasteiros. A companhia perdeu 40% do valor de mercado entre 2010 e 2013, caindo da segunda para a quarta posição na lista das maiores empresas de gás e petróleo das Américas. O lucro líquido da Petrobras em 2012 caiu 36% em relação ao ano anterior, o pior resultado desde 2004. Na Bolsa de Valores, a estatal perdeu US$ 32 bilhões em valor de mercado.

O malabarismo fiscal, cujo mentor seria o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, também foi adotado em outras áreas do governo, como na transferência para instituições financeiras estatais de bilhões arrecadados no lançamento de títulos do Tesouro, que retornam na forma de pagamentos de "dividendos" para maquiar o superávit primário. No ano passado, o BNDES teve um lucro de R$ 8,1 bilhões e remeteu R$ 12,9 bilhões em dividendos. O mesmo aconteceu com a Caixa Econômica Federal, com R$6,4 bilhões lucrados para dividendos de R$ 7,7 bilhões. Mas o preço pago pelas instituições é elevado: segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, o BNDES perdeu 38% de seu patrimônio entre março de 2011 e março de 2012.

Acostumado à falácia da propaganda, que nos últimos dez anos vendeu uma realidade fantasiosa da economia brasileira, o governo distorce dados fiscais para sustentar seu castelo de areia. Se o PT não se preocupa mais com a própria reputação, que ao menos tenha dignidade para preservar a credibilidade das estatais e do país.

Premiê espanhol sob fogo - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 19/07

Na Espanha, um indivíduo corrupto é chamado de "chorizo" (que além de "linguiça" significa ladrão). Assim, os espanhóis enfurecidos, os indignados, acharam natural organizar na noite de ontem, diante da sede do PP - Partido Popular (legenda conservadora cuja figura de proa é o premiê Mariano Rajoy) um grande churrasco de linguiças.

Desse modo, as narinas dos companheiros políticos de Rajoy poderão sentir o aroma das linguiças misturado com os odores de madeira, das chamas e talvez das cinzas. Rajoy reagirá? Até agora, depois de dois meses com a reputação abalada por suspeitas de corrupção, ele responde com o silêncio ou pequenas frases sem consistência.

Por um bom tempo, sua atitude flegmática fez maravilhas. Mas, à medida que as revelações se multiplicam, a "estratégia do avestruz" chega ao seu limite. Poderá ele enganar seus compatriotas ou devemos considerá-lo, como fazem os chefes do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e também a imprensa espanhola, como os jornais El País e El Mundo, um "primeiro-ministro em período de sursis"?

O curioso é que a fogueira cujas chamas começam a queimar os pés de Rajoy foi acesa por um homem do seu próprio partido, Luis Bárcenas, o tesoureiro todo poderoso do PP durante cerca de 20 anos que acabou sendo indiciado, preso por fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Foi quando Bárcenas rompeu sua amizade com Rajoy e desenrolou a imensa lista de obscenidades, vilanias cometidas por ele e pela maioria dos dignatários do partido conservador, Rajoy em primeiro lugar.

Esquema. Vamos resumir esse imbróglio. Ao que parece o PP mantinha um caixa 2, o que permitia a Bárcenas distribuir somas consideráveis para os líderes do partido. Exemplo: em junho de 2009, Rajoy, e também Dolores de Cospedal, número dois do PP, teriam recebido de mãos limpas (se podemos dizer assim) 90 mil em notas de 500 em envelopes marrons.

Rajoy responde apenas vagamente a tais acusações. Prefere dizer que há muito tempo rompeu com Bárcenas e não o viu mais.

Infelizmente, não é verdade. Nesta semana, El Mundo revelou que Rajoy e Bárcenas ainda se viam em março passado. E trocavam mensagens de SMS. Essas mensagens foram então requisitadas depois de a Justiça espanhola ter revelado que Bárcenas mantinha na Suíça uma conta pela qual transitaram 48 milhões. O que informavam os SMS trocados em março? Por exemplo, disse o tesoureiro: "Luis, eu compreendo. Seja forte. Ligo amanhã".

No momento, a maioria de Rajoy entre os deputados se mantém. É verdade que é uma grande maioria. O PP, tendo abocanhado 185 cadeiras na Câmara dos Deputados nas eleições de 2011, parece ao abrigo de qualquer debacle. Mas a opinião pública começa a se enervar. Uma pesquisa realizada no início deste mês pelo Instituto Merroscopia indica que Rajoy só inspira confiança em 13% da população. Outros institutos sugerem 20%.

O que torna mais dramática a situação do premiê é que esse escândalo vem se juntar a outros flagelos dos quais a sociedade espanhola é a vítima agonizante. Em primeiro lugar, a situação econômica desastrosa, apesar de uma melhora das exportações. A porcentagem de desempregados chega a 20%. Entre os jovens, ela alcança 52%, o que é insuportável e leva toda a sociedade ao desespero.

Além disso, o rei da Espanha, Juan Carlos, por tanto tempo considerado a argamassa da sociedade após Franco, está implicado em escândalos de outro tipo: ligações escabrosas, em particular com uma princesa, ou condessa, ou uma dama da grande burguesia (não se sabe muito a respeito) alemã.

A isso se acrescentam revelações de que ele se dava ao luxo de pagar, a preços absurdos, caçadas de elefantes e outros animais de grande porte na África. É verdade que Juan Carlos, nos últimos dois anos, tornou-se mais sensato e não pratica mais esse tipo de esporte. Isso porque foi vítima de um grave acidente durante uma caçada e os quadris reais já não valem muita coisa. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Resposta - SONIA RACY

ESTADÃO - 19/07

Se anteontem Mercadante “roubou” a fala de Padilha na reunião do Conselhão, hoje ninguém tira a vez do ministro da Saúde. Ele anuncia recursos de R$100 milhões para reestruturação de 45 hospitais universitários.
Resposta direta à saraivada de críticas ao programa Mais Médicos e ao serviço civil obrigatório no SUS. O governo deve liberar R$ 560 milhões, até dezembro, para o mesmo fim.

A conferir
Falava-se muito, ontem, sobre a perda bilionária amargada pela tesouraria de um grande banco brasileiro. Espera-se o balanço trimestral da instituição para avaliar o impacto.

Diz que sim?
A direção do PPS fez novo apelo ao PMN para retomar a fusão das duas siglas e a criação da Mobilização Democrática. Os deputados Arnaldo Jordy e Carmen Zanotto foram escalados para as conversas.
Mas nada será decidido até que Telma Ribeiro, presidente do PMN, volte de Buenos Aires – onde faz doutorado.

À espera de Francisco
Considerando 200 mil pessoas na Basílica de Aparecida para a missa do papa Francisco, dia 24, a PM de São Paulo decidiu: atuarão 1.800 homens do Batalhão de Choque e do Gate. No trajeto do papa-móvel, a cada 10 metros, dois policiais estarão de prontidão. Três helicópteros e 55 viaturas completam o “kit segurança”.

À espera 2
Já no Rio, além da segurança, a meteorologia preocupa a Arquidiocese. O temor é que a chuva prevista comprometa o terreno onde será rezada a missa de encerramento da JMJ, em Guaratiba, dia 28.

À espera 3
Jayme Baccari produziu o encosto da cadeira do papa em Aparecida. E duas caixas de madeira (foto acima).
A cadeira fica, mas as caixas Francisco levará para o Vaticano: uma marchetada com imagem de N. Sa. Aparecida e outra com placa da Basílica.

Loirinha
Seu Jorge, sócio de Dinho Diniz e Otavio Veiga na cerveja Karavelle, criou uma música especial para divulgar a bebida. E intimou os dois não cantores a atacarem de backingvocals.
E mais: o trio se prepara para abrir o bar Karavelle nos Jardins.

Retrospectiva
Edu Lobo celebra os seus 70 anos no Auditório do Ibirapuera em setembro, a convite do Itaú Cultural. Com participações de Mônica Salmaso e Bena Lobo – filho do cantor.

Spy vs spy
A editora Contexto resolveu pegar embalo no caso Edward Snowden e publica Guerra nas Sombras – os bastidores dos serviços secretos internacionais, de André Luis Woloszyn, analista de assuntos estratégicos.
O livro conta alguns segredos dos sistemas de inteligência.

Dilma e a reforma - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 19/07

Mudanças pontuais sempre podem ocorrer. Mas a presidente Dilma não pretende promover uma reforma ministerial agora. Sua intenção é mudar a equipe no ano que vem, quando uma dezena de ministros deixará o governo, para concorrer em outubro. Essa reforma pode ocorrer no prazo legal, em abril, ou ser antecipada para janeiro. Os petistas que contam já foram avisados.

O "timing" das mudanças
Qualquer reforma ministerial paralisa governos. Isso ocorre porque há um prazo para negociar as substituições e outro para organizar a equipe pelo novo ministro. A expectativa do governo é de uma retomada da economia no segundo semestre, quando, também acredita, estará desfilando parte de suas realizações beneficiando os eleitores. Nesse caso, uma reforma passaria uma imagem negativa num momento que se crê que será positivo. Politicamente, a avaliação é que não faz sentido mudar agora, deixando ao relento os ministros candidatos. Além disso, existe a crença de que uma reforma agora não evitará outra em abril, prazo de desincompatibilização para as eleições.

“A presidente Dilma tem tanta ou mais vontade do que eu, mas há muitas dificuldades” 

Luiz Inácio Lula da Silva Ex-presidente da República, ontem, em palestra na Universidade do ABC, em São Bernardo do Campo (SP) 

Segurando a tropa
O presidente do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), garantiu ontem aos deputados e senadores do partido que é candidatíssimo a presidente. E que as conversas com o ex-presidente Lula não tratam de sua desistência.

Lá pelas tantas
No jantar do PMDB, na noite de terça-feira, o deputado Carlos Bezerra (MT) levantou e lançou a candidatura de Roberto Requião à Presidência da República. Um peemedebista gaiato provocou risos ao retrucar: "Com uma eleição com Dilma, Marina (Silva), Joaquim (Barbosa) e (Roberto) Requião, o melhor é mudar de país".

Guerra com data marcada
Será dia 20 de agosto a sessão do Congresso para apreciar os vetos presidenciais. No recesso, o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), vai articular em busca de apoios para derrubar os vetos ao ato médico e à nova partilha dos FPE e FPM.

A resistência da bancada médica
A oposição não está só no combate ao programa Mais Médicos. Os governistas também são contrários. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez emendas para derrubar o estágio obrigatório no SUS; para criar uma espécie de Revalida para os médicos estrangeiros que se habilitarem ao programa; e para que os brasileiros contratados tenham carteira assinada.

Um dia depois do outro
O governador Geraldo Alckmin (SP) vai implantar o Regime Diferenciado de Contratação. O fará depois de José Serra ter dito: "Contratar obras dessa maneira é uma coisa típica das antigas repúblicas bananeiras da América Central".

Fico
A despeito da corte, o vice-presidente do BB, Osmar Dias, não quer deixar o PDT. Ele informa que pretende disputar o Senado pelo trabalhismo em 2014. Sobre sua eventual transferência, diz: "No PMDB do Paraná tem muita confusão".

Esnobando.
Há petistas defendendo o rompimento com a Força Sindical e seu maior líder, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

Papagaio eleitoral - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 19/07

O site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrava ontem que o ex-presidente Lula não pagou dentro do prazo uma multa de R$ 10 mil a que foi condenado por propaganda antecipada para Dilma Rousseff, em janeiro de 2010. O prazo de quitação expirou em 1º de julho. A ação é de autoria de PPS, DEM e PSDB. Lula havia recorrido ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas perdeu o recurso. Caso não quite a dívida, o ex-presidente pode responder a uma ação de execução fiscal.

Prova... A despeito da defesa pública de Guido Mantega feita ontem por Dilma, a disputa entre a Fazenda e a Casa Civil para definir se haverá corte adicional no Orçamento é considerada um teste para o ministro.

... de fogo Para auxiliares da presidente, até agora, Mantega estava sob ataque de empresários e bancos, mas Dilma tem sido firme em bancá-lo. Se ele perder a queda de braço sobre o superavit, será o primeiro sinal de que o aval não é irrestrito.

Casa de boneca Parlamentares do PMDB se divertiam ontem enviando por SMS notícia sobre a queda de vendas da boneca Barbie. "Até a Barbie está ameaçada de cair?" Em tempo: Barbie é o apelido pelo qual os peemedebistas chamam a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Troca Jeanine Pires, a atual número dois do Ministério da Cultura, pediu para deixar o cargo por razões pessoais. Em seu lugar, Marta Suplicy nomeou o secretário de Relações Institucionais da pasta, Marcelo Pedroso.

Livre... Eduardo Campos reforçou o discurso de descolamento do governo federal. Em reunião com a bancada do PSB, no Recife, o governador disse que só responde a duas instâncias: "Ao povo de Pernambuco e ao partido".

... pra voar Deputados e senadores entenderam que ele deixou claro que não cederá à pressão de Lula e Dilma.

Recordar... Hoje defensor da flexibilização de regras de licitações em seu Estado, Geraldo Alckmin participou da reunião do conselho político do PSDB em junho de 2011 que atacou a criação do RDC (Regime Diferenciado de Contratação) pelo governo federal.

...é viver Uma carta do grupo, presidido por José Serra, dizia que a medida era um "atropelo". "Vêm aí superfaturamentos, atrasos e outros desperdícios de dinheiro público numa escala inusitada", afirmava o texto.

Na mesa PPS e PMN reabriram negociação para criar o MD. Dirigentes dos partidos se reuniram na quarta-feira, aceitaram rediscutir a distribuição de cargos de comando da nova sigla e tentarão chegar a um consenso sobre a formalização da fusão.

DDI A presidente do PMN, Telma Ribeiro, que está em Buenos Aires, conversou por telefone com a sobrinha, que participava da reunião.

Juntos Após liminar de Joaquim Barbosa que suspendeu a criação de novos tribunais, a Associação dos Juízes Federais do Brasil pediu a Félix Fischer, presidente do STJ, que mantenha a análise de projeto que cria outros quatro tribunais.

Tudo bem Alexandre Padilha (Saúde) diz que não houve mal-estar pelo fato de Aloizio Mercadante (Educação) usar dados de sua pasta em reunião do Conselhão. "Nós nos complementamos.''

Visita à Folha Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina, e Renato Azevedo Jr., presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, visitaram ontem a Folha. Estavam com Chico Damaso, assessor de comunicação.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"Depois de anos viajando em aviões do Eike e helicópteros do governo, é natural que Cabral não entenda as manifestações nas ruas."
DO DEPUTADO RODRIGO MAIA (DEM-RJ), sobre declarações do governador Sérgio Cabral (PMDB), que responsabilizou opositores pelos protestos no Rio.

contraponto


Formação analógica
Marina Silva participou ontem de um seminário que discutiu medidas de incentivo à inovação e ao desenvolvimento. Ao ouvir dos palestrantes elogios aos investimentos dos EUA nas áreas de pesquisa e tecnologia, a ex-ministra lembrou sua infância em seringais no Acre:

--Lá não existia médico, delegado, juiz, escola nem hospital, mas aprendi muita coisa. Aquilo não era um Vale do Silício, era um vale do silêncio! -- brincou.

Sob risos da plateia, Marina emendou:

--A relação com o vizinho era a cada 30 dias, quando minha mãe se dispunha a andar uma hora e meia a pé.

Confronto aberto - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 19/07

Com o Congresso em recesso, o Palácio do Planalto resolveu confrontar o seu aliado principal, o PMDB, cuja rebelião não intimidou a presidente Dilma Rousseff. Ontem, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, cuja substituição é pedida por nove entre 10 integrantes da base, foi para cima do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que vem defendendo o “enxugamento” da equipe governamental, com a redução de 39 para 25 ministérios.

Ideli criticou o recesso branco decretado pelo peemedebista, sem que o Congresso tenha aprovado a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): “É uma pena que o Congresso não tenha votado, como a Constituição estabelece, antes de tirar recesso”, disse. Enquanto a LDO não for avalisada, o Orçamento é executado com base nas diretrizes do ano passado.

Ideli deu as declarações de mando e está prestigiada pela presidente Dilma. Esse tipo de queda de braços com o presidente da Câmara, terceiro na linha de sucessão presidencial, não tem a menor chance de render uma coisa boa.

Ministros
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (foto), do PMDB-RN, joga com a experiência de velha raposa política. De 12 a 15 ministros devem deixar os cargos para disputar as eleições de 2014. Em circunstâncias normais, seriam substituídos por secretários executivos, em meados de fevereiro. Com a antecipação da reforma ministerial para setembro, como propõe o PMDB, não há como excluir os partidos da base da recomposição política do governo. O PMDB queixa-se de que tem ministros, mas quem controla os respectivos ministérios é o PT.

Orçamento
Para forçar a reforma ministerial, o PMDB está disposto a mudar as regras para apreciação dos vetos presidenciais e aprovar o orçamento impositivo (que obrigaria o governo a executar as emendas parlçamentares ao Orçamento da União). A não aprovação da LDO antes do recesso foi um recado para o Palácio do Planalto de que o caldo pode entornar, mas parece que a presidente Dilma Rousseff resolveu pagar para ver. Esse é o sentido das declarações de Ideli Salvatti.

Manifestações// A Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça, está monitorando as redes sociais para identificar manifestações durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), entre os dias 23 e 28 de julho. Usará as informações para garantir a segurança do papa Francisco e impedir a ação de vândalos.

Tribunais
A Associação dos Juízes Federais do Brasil — Ajufe, entidade de classe em âmbito nacional da magistratura federal, criticou a decisão liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa (foto), concedida na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5017, que suspendeu os efeitos da Emenda Constitucional (EC) nº 73, de 2013, que prevê a criação de quatro tribunais regionais federais.

Sem surpresa
O vice-presidente do Congresso, deputado André Vargas (PT-PR), classificou de “absolutista” e “um grande equívoco” a suspensão da criação dos quatro tribunais federais regionais pelo presidente do STF. O parlamentar revelou, porém, que não ficou surpreso. O ministro Joaquim Barbosa sempre mostrou-se contrário à medida. “Espero que o plenário revogue essa decisão”, disse Vargas, um dos principais defensores da emenda. Um dos tribunais é previsto para ser em Curtiba, no Paraná.

Segurança
A segurança dos jovens que participarão da Jornada Mundial da Juventude durante o encontro com o papa Francisco será garantida pelo Exército, a Marinha e a Aeronáutica. Dos 10,2 mil homens das Forças Armadas que participarão do esquema, atuarão no Campus Fidei , em Santa Cruz, 7 mil soldados e oficiais.

Palmares
O governador Jaques Wagner e a ministra da Cultura, Marta Suplicy, assinaram ontem, com a Fundação Cultural Palmares e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano, um convênio que permitirá todo o mapeamento de manifestações artísticas e culturais afrobrasileiras da região Nordeste. Marta visitou ainda o Museu Nacional de Cultura Afrobrasileira — Muncab, que poderá passar para a administração do Ministério da Cultura.

Candidata/ A deputada Fátima Bezerra (PT- RN) rebateu as críticas do senador José Agripino
(DEM-RN), que disse precisar a presidente Dilma Rousseff “despir-se da postura de candidata à reeleição”. Segundo ela, o presidente do DEM “expõe um desejo de ver Dilma fora da disputa de 2014”.

Recesso/ Em “recesso branco”, ou seja, sem votações em plenário, a Câmara e o Senado somente voltarão a funcionar no dia 6 de agosto. O recomeço do período legislativo seria no dia 1º agosto, mas cairá em uma quinta-feira, quando normalmente os parlamentares se mandam de Brasília.

Vai pro sal/ Por causa do recesso do Congresso, a medida provisória que desonera a cesta básica e reduz as tarifas de energia perderá a sua validade.

PRINCESA EXUMADA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 19/07

Os restos mortais da princesa Isabel devem ser exumados para estudo. A sugestão foi feita à USP pela biógrafa da princesa, a jornalista Regina Echeverria.

PRINCESA 2
A informação é tratada com discrição, já que a igreja precisa autorizar a exumação --os restos mortais da princesa estão no mausoléu da catedral de Petrópolis (RJ). E as tratativas só serão retomadas depois da visita do papa Francisco ao Brasil. Questionada, Echeverria confirma que procurou "o pessoal da USP" e que conversou também com os herdeiros. Uma equipe da USP já conduziu a exumação dos corpos de dom Pedro 1º e das imperatrizes dona Leopoldina e dona Amélia.

PRINCESA 3
Echeverria e dois pesquisadores se debruçam no momento nas 3.000 cartas escritas pela princesa a parentes e amigos. A correspondência está no Museu Imperial, em Petrópolis. "Os dados da exumação serão a cereja do bolo", diz a autora. O livro deve ser lançado em 2014.

ABENÇOADO
A escolha do novo papa pode ter ajudado a aumentar em 30% o número de "Franciscos" em SP. De 1º de janeiro a 12 de março, 248 bebês foram batizados com o nome nos cartórios de registro civil do Estado. Já entre 13 de março e 31 de maio, o número de "Francisquinhos" aumentou para 320. A pesquisa é da Fundação Seade.

RADIOGRAFIA
O ex-presidente Lula fará check-up em agosto, no hospital Sírio-Libanês, em SP.

RADIOGRAFIA 2
Lula foi aconselhado a fazer e divulgar os exames neste mês, para esvaziar informações de que voltou a fazer tratamento contra o câncer. Mas o ex-presidente preferiu manter o calendário regular --seu último check-up foi feito em abril.

FALA QUE EU TE ESCUTO
José Maria Marin será convidado formalmente para prestar depoimento na Comissão Municipal da Verdade da Câmara de São Paulo. O vereador Gilberto Natalini (PV-SP), que preside o grupo, protocolou a notificação ontem na Casa. O presidente da CBF pode recusar o chamado.

No mês passado, a comissão ouviu o ex-ministro Antonio Delfim Netto.

COLCHÃO
Depois de Banco do Brasil e Caixa Econômica, a Prefeitura de SP vai conversar com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para tentar facilitar a abertura de contas por estrangeiros. Com as barreiras que existem hoje, muitos imigrantes guardam dinheiro em casa, o que desperta a atenção de ladrões. As negociações, feitas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos, começaram após a morte do boliviano Brayan, 5, em um assalto.

O FREI É POP
A biografia de frei Galvão sai em setembro pela editora Benvirá.

A jornalista Marleine Cohen escreve o livro sobre o primeiro santo do país.

CORAÇÃO DO BRASIL
As filmagens do longa "O Outro Lado do Paraíso", de André Ristum, começam neste domingo, em Olhos D'Água (GO). Baseado em livro autobiográfico de Luiz Fernando Emediato, o filme tem o golpe militar de 1964 como pano de fundo.

Eduardo Moscovis e Simone Iliescu são os protagonistas da aventura de uma família pobre que se estabelece em Brasília. As filmagens terminam em agosto.

CATRACA
O Masp recebeu 5.293 visitantes no feriado de 9 de julho. O número surpreendeu, segundo Luiz de Camargo Aranha Neto, presidente interino da instituição.

Nesse período, eram constantes as manifestações na avenida Paulista.

SANSÃO
Cauã Reymond deixou o cabelo crescer por seis meses para as filmagens de "Tim Maia", que terminaram esta semana no Rio.

O ator fez ainda um aplique para se caracterizar no estilo anos 1960/1970 da trama. Ele vive um amigo do cantor no filme de Mauro Lima, produzido pela RT Features. "Tim Maia" deve estrear em março de 2014.

Amanhã, Cauã começa a se livrar da caracterização, ao embarcar para o sertão. Ele grava no interior de Pernambuco a minissérie da Globo "Amores Roubados", de George Moura, no papel de um sommelier.

PATOTA REUNIDA
Jovens criminalistas que se reúnem todo mês para almoço comemoraram, com convidados, o primeiro ano de encontros. Advogados como Anna Luiza Fonseca (integrante do grupo), Augusto de Arruda Botelho, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Celso Vilardi estiveram no Lugar 166, na Vila Olímpia.

CURTO-CIRCUITO
Bibi Ferreira estreia o show "Bibi Canta e Conta Piaf", hoje, às 21h, no teatro do shopping Frei Caneca. Até domingo. 12 anos.

O Museu de Arte Sacra de São Paulo dá posse a sete novos conselheiros hoje.

A apresentadora Daniela Albuquerque, da RedeTV!, festeja aniversário em casa, amanhã, em Alphaville.

A alta dos juros continua - CELSO MING

ESTADÃO - 19/07

O principal recado que o Banco Central passou nesta quinta-feira por meio da Ata do Copom é de que a inflação continua “elevada e resistente” e que, nessas condições, continua precisando de corretivo.

É uma importante diferença de tom quando se compara essa postura com o que ficou dito pela presidente Dilma Rousseff no dia anterior, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Ela preferiu outra ênfase: a de que a inflação está cada mês mais baixa, o que não deixa de ser verdade, e tem caráter preponderantemente sazonal, conceito que não deixa de encerrar certa dose de esquisitice, porque suas causas não são sazonais.

Para o Banco Central, presidido pelo economista Alexandre Tombini, a inflação tem a ver com o consumo forte demais, com “a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho” e com o “balanço do setor público em posição expansionista”. Como se vê, há aí também uma divergência de tom e de conteúdo em relação ao diagnóstico apresentado pela presidente Dilma: de que “a atual política fiscal é robusta”. Se tem uma política fiscal robusta, o governo que faz questão de ter 39 ministérios não precisaria disfarçar as contas públicas com manobras de criatividade contábil.

O ponto de convergência entre ambos está em que a onda de pessimismo pela qual se deixam contaminar os agentes da economia (produtores e consumidores) contribui para acentuar a alta. O parágrafo 21 da Ata menciona explicitamente a ação negativa sobre os preços exercida pelo “declínio que ora se registra na confiança das firmas e famílias”. A diferença está no tratamento a ser dado a essa onda de pessimismo. A presidente Dilma parece acreditar mais na força do discurso; o Banco Central procura deixar claro que a melhor maneira de recuperar credibilidade no seu principal mister, o do contra-ataque à inflação, é adotar a dose mais adequada de juros.

O principal foco de atenção do Banco Central no acompanhamento da inflação futura são as pressões provocadas pelo avanço do câmbio, que deverão atuar como fator de realinhamento dos preços relativos na economia e, nessas condições, gerar pressões inflacionárias de curto prazo, diz o Banco Central (parágrafo 25).

A cotação do dólar tomada como referência para definição da inflação futura deixou de ser os R$ 2,05 tomados há um mês para ser R$ 2,25. É um nível quase 10% mais alto, que concorrerá para o encarecimento em reais dos produtos importados e, portanto, para mais inflação, a ser combatida com algum aperto monetário (alta dos juros).

Permeia o texto da Ata certa preocupação com a atividade econômica mais fraca do que a esperada. Em sintonia com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Banco Central sugere que, apesar de tudo, o crescimento econômico deste ano e do seguinte deverá ser maior do que o de 2012 (avanço do PIB de 0,9%), mas adverte que, se não devidamente contida, a inflação pode prejudicar esse desempenho melhor.

Aparentemente, o Banco Central ainda não tem clareza sobre a extensão do atual movimento de aperto monetário (alta dos juros) iniciado em abril. O mercado oscilará agora entre a expectativa de que o nível atual dos juros básicos, de 8,50% ao ano, ainda avance neste ano para 9,25% ou para 9,50% ao ano.


O ponto real - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 19/07

O Banco Central apresentou uma avaliação da economia que difere em vários pontos do que disse na quarta-feira a presidente Dilma. Para o BC, a volatilidade do câmbio e sua depreciação são uma nova fonte de pressão inflacionária, os gastos públicos têm se ampliado, a inflação está alta e disseminada. Esse realismo faz bem à economia.

Em um governo de avaliações tão dissociadas da realidade, os movimentos do Banco Central podem ser âncora para as expectativas de inflação. A ata tem contradições, mas pelo menos o BC vem demonstrando por atos e palavras que está disposto a continuar brigando para levar a inflação para a meta, ainda que, admita, isso não ocorrerá este ano ou no próximo.

No parágrafo 22 da ata da última reunião, que elevou a taxa de juros para 8,5%, o Banco Central diz que "iniciativas recentes" apontam "o balanço do setor público em posição expansionista". Ou seja, ao contrário do que o governo garante, a tendência tem sido de ampliação de gastos.

A semana que vem começará com o governo anunciando um novo corte de despesas. Recomenda-se ao triunvirato que está debruçado sobre o pacote - Casa Civil, Planejamento e Fazenda - que evite corte de vento. Todos perceberão que não é para valer. Não é recomendável também que o governo anuncie corte de um lado e, de outro, aprove propostas que ampliem gastos. A ideia do Ministério do Trabalho de corrigir o seguro-desemprego com a mesma fórmula de indexação do salário-mínimo - pelo crescimento do PIB mais a inflação - ampliará o gasto. O Brasil está com um mercado de trabalho forte; esse benefício exclui quem está fora do emprego formal. Não é possível cortar gastos numa sala e ampliá-los em outra. Ninguém vai acreditar na austeridade, nem mesmo o Banco Central.

O dado que sairá hoje deve ser bom. O IPCA-15 indicará uma inflação de julho perto de zero. Isso ajuda as expectativas, mas não elimina o problema. No item 26, o BC diz "o Copom pondera que o nível elevado de inflação e a dispersão de aumentos de preços - a exemplo dos recentemente observados - contribuem para que a inflação mostre resistência". Admite que houve uma piora das expectativas dos agentes econômicos sobre os preços.

Até recentemente, o Banco Central achava que a alta do dólar não teria maiores impactos na inflação. Agora reconhece que a volatilidade e a depreciação "ensejam uma natural e esperada correção de preços relativos". Já há informações de que os preços industriais começam a ser reajustados por causa da alta do dólar. Mesmo numa economia mais fria, como está a brasileira, é bom que o BC esteja atento ao risco de repasse do câmbio para alguns preços.

O maior impacto do dólar alto é sobre as contas da Petrobras, que voltou a importar gasolina a um preço mais alto do que vende no mercado interno. No entanto, o BC acha que não haverá novos reajustes de combustíveis. A propósito, a inflação de preços livres está em 8,28% (estava em 5,34% nos 12 meses até junho do ano passado) e a de preços administrados está em 1,77% (estava em 3,77% no ano passado na mesma época). O que isso mostra é uma inflação num patamar bem mais alto e que tem sido contida apenas pelos preços sobre os quais o governo tem controle. Essa mágica tem vida curta.

O Banco Central voltou a lembrar - como já o fez em outras atas - que inflação alta produz distorção e deprime os investimentos. "Essas distorções se manifestam no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos." Um Banco Central sozinho não faz verão, mas seu realismo mostra que pelo menos uma parte do governo sabe onde mora o perigo.

Firmas e famílias, como diz o Banco Central, precisam voltar a ter confiança na recuperação econômica. É isso que destrava investimento e consumo e é isso que incentiva o planejamento. Mas para ter confiança é preciso derrubar a inflação. Portanto, não é com discursos, críticas a analistas, afirmações peremptórias de que tudo vai muito bem que se vai melhorar o ambiente econômico. O Banco Central perde credibilidade quando faz concessões nos seus comunicados para afinar o discurso com outras áreas do governo e desempenha melhor seu papel quando, com realismo, registra os riscos que pairam sobre a economia brasileira.


Nós e o dólar vitaminado - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 19/07

Fim da era juro zero pelo mundo e dólar barato vão mudar o jeitão da economia brasileira


O DÓLAR MAIS CARO aumenta o risco de a inflação ficar mais alta por mais tempo. Portanto, os juros continuarão a subir, mais do que seria necessário nesta situação de economia fraquinha.

Trocando em miúdos mais ou menos óbvios e resumidos, é o que o Banco Central informou ontem em sua exposição de motivos da decisão tomada na reunião da semana passada, um documento chamado de ata do Copom.

Este colunista obviamente não sabe para onde vai o preço do dólar (não estaria escrevendo sobre o assunto, se soubesse).

Mas muitos donos do dinheiro grosso lá fora e seus (empregados) analistas econômicos acreditam que a agitação do dólar, decorrente em boa parte do tumulto das taxas de juros nos Estados Unidos, não terminou (em se tratando deste ano).

No que interessa ao Brasil, o dólar, enfim, terminaria o ano pelo menos no mesmo degrau mais alto em que está agora (R$ 2,20). Esse, porém, é o aspecto mais evidente e superficial das novidades que vêm por aí. A consequência mais óbvia para nós é juro em alta nos próximos meses. Mas não só nos próximos meses.

A gigantesca mudança na política monetária (de juros) americana começou mesmo, será muito complicada de gerenciar e vai nos chacoalhar por um bom tempo.

Em resumo grosso, o que se passa é que o Fed, o banco central deles, deve diminuir paulatinamente a quantidade de dinheiro que despeja na economia entre setembro e o começo de 2014 (pois os EUA estariam, enfim, se curando da crise de 2008). Em decorrência, os juros de mercado já subiram e muita gente esperta acha que continuarão subindo daqui por diante.

Afora eventuais acidentes financeiros sérios que isso possa causar, o efeito mais direto dessa imensa mudança americana será um mundo de capital mais escasso e caro, para nós (Brasil) em particular.

O "piso" da nossa taxa de juros deve mudar, para cima, "tudo mais constante", e não apenas a fim de combater essa inflação chata dos últimos três, quatro anos. O preço do dólar mudará de patamar, para um degrau mais alto. Subirá mais degraus se a China, nossa grande cliente, continuar tropeçando. Vai dar uns saltos feios se o governo insistir em fazer o país crescer via consumo.

Nessa fase de mudança, tende a haver mais desemprego. O real mais fraco, em suma, implica salários menores, menos consumo, ou consumo aumentando bem mais devagar: um empobrecimento relativo e temporário dos assalariados.

Se tudo der certo (se a inflação for controlada etc.), investiremos mais e as coisas voltam a melhorar.

Em tese, os preços da indústria, deprimidos pelos anos de dólar barato, subirão, ao menos em termos relativos (em relação ao setor de serviços e/ou de bens que não são negociados no exterior). Ou seja, tende a se inverter a história dos últimos anos, de preços, empregos e salários em alta no setor de serviços, o grande empregador.

Não, não se trata de desastre, mas de mudanças que podem ser administradas por uma política econômica esperta. Mas haverá feridos e mortos na transição, por mais bem administrada que seja a economia.

Desacertos do BNDES - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK

O GLOBO - 19/07

Governo começa a pagar a conta dos excessos e a atuação do Banco está fadada a sofrer críticas cada vez mais contundentes



Com o governo ainda aturdido com os protestos de junho, voltaram a ganhar destaque na mídia más notícias sobre o BNDES. Tendo em conta o teor das insatisfações que afloraram nas ruas e o retumbante fracasso da “nova matriz de política econômica”, o mais provável é que a atuação do BNDES seja objeto de críticas cada vez mais contundentes nos próximos meses. É preciso ter em mente que a instituição se converteu em ponto de confluência de vários dos piores desacertos da política econômica.

Para entender como se chegou a isso, vale a pena relembrar a paradoxal estratégia de financiamento do crescimento proposta pelo ministro Guido Mantega, em entrevista ao “Financial Times”, quando assumiu a pasta da Fazenda em 2006: como o governo não contava com recursos para investir, a solução seria recorrer ao investimento privado financiado com recursos do governo. Dito assim, parecia ser apenas uma contradição em termos. Mas a verdade é que, com a operosa ajuda do BNDES, essa ideia despropositada seria afinal posta em prática, dando lugar a um enorme programa de financiamento de investimentos bancado com dinheiro público, não obstante a inegável carência de recursos do governo.

Se o Tesouro não dispunha de recursos, que então se endividasse para fazer empréstimos subsidiados de longo prazo ao Banco. Estabeleceu-se, por fora do Orçamento, uma ligação direta entre o Tesouro e o BNDES, através da qual recursos provenientes da emissão de dívida pública passaram a ser transferidos ao Banco, sem contabilização no resultado primário e sem que a dívida líquida do setor público fosse afetada.

Desde 2007, cerca de R$ 370 bilhões foram transferidos do Tesouro ao BNDES. E isso permitiu a montagem de gigantesco orçamento paralelo no BNDES. Embora todos os recursos proviessem do Tesouro, passaram a conviver no Governo Federal dois mundos completamente distintos. De um lado, a dura realidade do Orçamento da União, em que se contavam centavos. De outro, a Ilha da Fantasia do BNDES, nutrida com emissões de dívida pública, em que parecia haver dinheiro para tudo.

Não chegou a ser uma surpresa que tanta fartura tenha dado lugar a um clima de megalomania e dissipação no Banco, propício ao surgimento de agendas próprias, missões inadiáveis e projetos de investimento grandiosos e voluntaristas. Que têm abarcado desde programas de cerceamento deliberado da concorrência para a formação de “campeões nacionais” ao desajuizado projeto do trem-bala. Como era de se esperar, as contas de muitas decisões impensadas já começaram a chegar. E o Banco vem tendo de se desdobrar para explicar o inexplicável. O maior desgaste político, contudo, ainda está por vir.

A decodificação dos protestos que tomaram as ruas do País, em junho, continuará a ser, por muito tempo, matéria altamente controvertida. Mas, em meio às insatisfações difusas que parecem ter inspirado as manifestações, foi possível distinguir clara irritação com as deficiências dos serviços públicos e a carência de investimentos em infraestrutura urbana, especialmente em transporte de massa.

Vistos dessa perspectiva, os vultosos investimentos que vêm recebendo financiamento subsidiado do BNDES, com dinheiro público advindo da emissão de dívida pelo Tesouro, mostram notável descompasso com as prioridades populares. Pouco ou nada dos 370 bilhões mobilizados desde 2007 foi efetivamente canalizado para a redução das carências de investimento denunciadas nos protestos de junho.

Boa parte foi destinada ao financiamento de investimentos no setor elétrico e no setor petróleo. Em grande medida, a projetos da própria Petrobras. Apesar das carências vergonhosas que o País continua exibindo em saneamento básico, transporte de massa, saúde, segurança e educação, o governo, por capricho ideológico, vem concentrando os financiamentos do BNDES, bancados com recursos do Tesouro, em projetos de investimento estatal em áreas nas quais o setor privado está interessado em investir. Um desacerto lamentável que, agora, pode lhe custar caro.

Um ano a ser lembrado - RODOLFO LANDIM

FOLHA DE SP - 19/07

A volta dos leilões de petróleo é para comemorar, mas seria importante que ocorressem todos os anos


O ano de 2013 ficará marcado na historia da indústria do petróleo brasileiro pelo grande passo em relação à pesquisa em algumas bacias sedimentares de novas fronteiras, pela confirmação do potencial petrolífero de parte da área do pré-sal e pela pesquisa específica de gás natural em bacias terrestres.

Após um período de cinco anos sem rodadas de licitação de blocos exploratórios, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) promoveu a 11ª Rodada, em 14 de maio.

Onze bacias fizeram parte do leilão, que se concentrou na Margem Equatorial Brasileira, sendo que pela primeira vez todos os Estados do Norte e do Nordeste estavam representados.

Foram leiloados 289 blocos, sendo 94 em águas profundas, 72 em águas rasas e 123 em bacias terrestres, com um total de 155 quilômetros quadrados de áreas ofertadas.

O resultado do leilão foi considerado muito bom, pois, dos 289 blocos, 142 foram arrematados, com o governo arrecadando R$ 2,8 bilhões em bônus de assinatura e as empresas vencedoras assumindo o compromisso de investir R$ 7 bilhões nos programas exploratórios mínimos durante a primeira fase do contrato de concessão.

Ressalte-se que, na 11ª Rodada, concorreram 18 empresas estrangeiras e 12 nacionais.

Outro fato importante a ressaltar é que na maior parte das bacias terrestres o potencial petrolífero é para a descoberta de gás natural.

Portanto, espera-se que as atividades exploratórias confirmem esse potencial e o gás passe a ter papel preponderante na matriz energética do Brasil.

Ainda para este ano o governo programa a 1ª Rodada de Licitação do Pré-Sal, em outubro, e também a 12ª Rodada de Licitações, esta com foco no gás natural, com previsão para novembro.

A área ofertada na 1ª Rodada do Pré-Sal será o Prospecto de Libra, localizado na bacia de Santos, cuja descoberta se deu com a perfuração do poço estratigráfico 2-ANP2-RJS, em 2010.

A ANP estima um volume entre 26 bilhões e 42 bilhões de barris de óleo "in situ", dos quais 8 bilhões a 12 bilhões de barris são recuperáveis --isto é, Libra poderá ter um nível de reservas bem próximo ao de todos os demais campos brasileiros somados.

Essa rodada do pré-sal é a primeira experiência que o Brasil fará no modelo de partilha da produção.

Isso porque a partir de 2010 entrou em vigor um regime de regulação misto; enquanto a lei 9.478/97 regula o regime de concessão, a lei 12.351/2012 estabeleceu para as áreas de um polígono do pré-sal e outras consideradas como estratégicas o regime de partilha da produção.

Para a 12ª Rodada, o regime será o de concessão, que incluirá as bacias sedimentares terrestres do Paraná, dos Parecis, do Parnaíba, do Recôncavo, do Acre e do São Francisco. Essas áreas ainda aguardam a aprovação do CNPE (Conselho Nacional de Políticas Energéticas) e a posterior autorização da presidente da República.

Visando a atrair investimentos estrangeiros para a 1ª Rodada do Pré-Sal, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, iniciou no início deste mês um road show pela Europa e pela Ásia.

O pré-sal é uma área com um potencial muito grande, mas que exige investimentos vultosos tanto na fase exploratória como no desenvolvimento e na produção.

É esperada uma grande disputa, em que o governo, além de arrecadar a vultosa quantia fixada em R$ 15 bilhões com o bônus de assinatura, espera obter da empresa ou consórcio vencedor uma elevada parcela do óleo a ser produzido como pagamento pelo direito de exploração.

Pela lei, a Petrobras terá necessariamente um mínimo de 30% de participação, além de ser obrigatoriamente a empresa operadora.

A volta dos leilões neste ano em grande estilo é sem dúvida motivo de comemoração. No entanto, as companhias de petróleo trabalham com planejamento e alocação de recursos visando o longo prazo.

Assim, a volta de uma programação de leilões com recorrência pelo menos anual a partir de 2014, como foi o padrão até a 10ª Rodada, em 2008, seria certamente muito bem-vista pela indústria.

A neodependência e o imobilismo - ROBERTO L. TROSTER

VALOR ECONÔMICO - 19/07

Pior do que a guerra cambial que danificou a indústria brasileira é o inicio da paz que está prejudicando a todos os setores. Com a melhora dos indicadores da economia americana, a "nova matriz macroeconômica brasileira" ficou totalmente exposta. A política de expansão dos gastos públicos, contabilidade criativa, tolerância inflacionária, uso dos bancos públicos e acumulação de reservas está mostrando um desempenho pífio. Mas que pode piorar.
As idas e vindas no mercado de divisas nas últimas semanas já estão deixando sequelas na economia, com a postergação de decisões de investir, de contratar e de repor estoques. As indefinições sobre o desempenho da taxa de câmbio aumentam a incerteza sobre a evolução dos preços e a duração do ciclo de alta das taxas de juros. As previsões de crescimento do PIB este ano devem ser revistas para baixo e as de inflação para cima.
O fim da guerra cambial mundial está deixando transparente a dependência da economia brasileira de financiamento externo barato e de preços de commodities elevados. Na última década, a participação das matérias primas na pauta de exportações e a de produtos industrializados na de importações aumentaram, com isso a balança comercial ficou mais dependente dos termos de troca. O balanço de pagamentos está mais frágil com o novo cenário.
O Brasil, mais do que refém do humor dos mercados internacionais, está numa armadilha ideológica
O tempo de taxas de juros internacionais em pisos históricos e preços de commodities em alta está acabando. Com isso está havendo uma reacomodação de carteiras com a saída de recursos de países emergentes. Acontece num momento particularmente delicado para o governo brasileiro, em razão das manifestações de rua, dos alertas das empresas classificadoras de risco (rating) sobre a dinâmica fiscal brasileira, da atividade econômica fraca e da aceleração dos índices de preços.
Não é um quadro crítico; este ano, espera-se uma safra abundante, a inflação não vai sair de controle, haverá crescimento do PIB, a balança comercial será positiva e a taxa de câmbio não vai disparar. Mesmo assim, exige ajustes. A inflação tira os efeitos positivos da desvalorização cambial e o desempenho fraco da economia afugenta investidores e tira força política do governo, restringindo sua capacidade para mudanças a cada dia que passa.
O FMI publicou recentemente suas previsões de crescimento de diversas economias para 2013 e 2014. As do Brasil foram reduzidas em 0,5% este ano e em 0,8% no próximo. Projeta um desempenho pior para o país do que para a América Latina e do que a média mundial. Considerando o potencial, é um sinal inequívoco de que há necessidade de ajustes na política econômica brasileira.
Entretanto, insiste-se no imobilismo, mais do mesmo, com anúncios simultâneos de aperto fiscal e de mais gastos do governo, propaganda de crédito barato em bancos públicos e apenas medidas pontuais para atender algumas das reivindicações populares. A essência permanece intocada. Não é razoável esperar uma melhora de desempenho, repetindo o que vem sendo feito.
Além do país estar mais subordinado aos preços das commodities e aos fluxos financeiros internacionais, o governo está mostrando uma dependência da "nova matriz macroeconômica" como solução para as dificuldades do país. A realidade já provou que não funciona. Urge mudar e julho é um bom mês para mudanças.
O necessário é uma agenda de reformas, é um processo demorado que necessita de apoio do Congresso. Quase nada se avançou nesse quesito na última década. O rascunho de propostas seria um bom começo. As leis trabalhistas, previdenciárias, tributárias, do Judiciário e empresariais estão obsoletas e não atendem bem as demandas do país. É tempo de mudanças.
Há outras medidas que podem ser adotadas pelo Executivo, que sinalizariam uma alteração de rota, melhorariam as perspectivas de crescimento e aumentariam a credibilidade do governo com analistas, investidores estrangeiros e nacionais, agências classificadoras de risco e a população.
A mais importante e urgente é colocar um freio na expansão fiscal. Apenas no governo Dilma, a dívida bruta do governo subiu de 53,4% para 59,6% do PIB. É a causa principal dos problemas que o país está sofrendo. A contabilidade criativa usando bancos públicos e estatais para baixar a dívida líquida e obter um superávit primário não funciona mais. Tem até um efeito perverso.
Um exemplo de mau uso de recursos é a política com instituições financeiras estatais. Apenas no governo Dilma, os créditos do governo com os bancos oficiais aumentaram em mais de R$ 150 bilhões, e mesmo assim a Caixa Econômica Federal e o BNDES tiveram suas classificações de risco rebaixadas. Preocupa porque o acionista é o governo federal. É necessário um basta peremptório.
A política de reservas cambiais é outro sorvedouro de recursos ineficiente. Custa em média R$ 50 bilhões por ano, mais de 1% do PIB e sua eficácia é discutível. Basta ver o comportamento da taxa do dólar nas últimas semanas. Uma redução do patamar de reservas teria um impacto favorável nas contas públicas e na estabilização das taxas. Outro ajuste é a conversibilidade do real e contas em divisas; as regras atuais são anacrônicas e inadequadas para o país.
O regime de metas de inflação demanda ajustes. As metas fixadas para este ano e os dois próximos estão abaixo das projeções do Banco Central para esses períodos. Em outras palavras, nem a autoridade monetária projeta que serão alcançadas. Haveria um ganho de credibilidade com metas mais críveis, um afunilamento da banda e uma meta de longo prazo mais baixa, sinalizando o comprometimento com a estabilidade de preços.
O Brasil, mais do que refém do humor dos mercados internacionais, está numa armadilha ideológica. Qual seja, fez com que a política econômica deixasse de ser uma questão técnica e se tornasse numa questão emocional e inflexível a ser defendida até pela presidente da República. É hora de mudar.

O próximo bilhão - RODRIGO VIDIGAL

O GLOBO - 19/07

Recentemente, o IDC divulgou indicadores que apontam que houve no Brasil um aumento de 85,7% na venda de smartphones no primeiro trimestre de 2013, chegando a 5,4 milhões de unidades comercializadas no período. Sem dúvida, trata-se de um crescimento importante para o segmento, que demonstra que o caminho em direção à popularização da tecnologia não tem volta e aponta ainda para grandes transformações no futuro. É curioso observar, no entanto, que o País registra um percentual de penetração de smartphones de apenas 18%, abaixo da média global, de 48% no ano passado, de acordo com dados da pesquisa realizada pelo Conecta e pela Worldwide Independent Network of Market Research (WIN).

O índice brasileiro é mais tímido até mesmo entre os registrados em países da América Latina, como o Chile e a Argentina. Para se ter uma ideia, informações do portal chileno Universia dão conta de que seis em cada dez usuários de conectividade móvel daquele país possuem smartphones. Ao mesmo tempo, autoridades projetam que, para 2016, o mercado de dispositivos inteligentes crescerá mais de 18 vezes entre os andinos. Mas qual seria o motivo que levou o Brasil, sexta economia do mundo e fabricante de celulares, a não alcançar um melhor posicionamento nesse aspecto e nem mesmo a liderança da região? A resposta pode estar atrelada a dois fatores importantes, entre eles, o preço dos smartphones, que até há pouco tempo era superior ao valor que o brasileiro poderia gastar com tecnologia. Esse cenário vem mudando, graças à chegada de uma geração de aparelhos com boas especificações e a preços acessíveis. Aliado a essa tendência, vale destacar que o governo federal desonerou, no primeiro trimestre de 2013, a venda de smartphones com valor de até R$ 1.500 de PIS e Cofins. Trata-se de uma iniciativa positiva, que impacta no preço final dos aparelhos, com produtos mais baratos para os consumidores.

O receio dos consumidores de investir em um plano de dados representa, sem dúvida, um obstáculo para a democratização desse serviço e tem origem no perfil cultural do brasileiro. Esse contexto, aos poucos, pode ser mudado, à medida que os novos usuários de smartphones adquiram planos com valores mesmo que modestos e, a partir daí, passem a identificar o nível de serviço de dados de que realmente precisam durante o mês, de maneira planejada e sustentável.

Cabe a nós, fabricantes, assumirmos a responsabilidade de captar as necessidades do mercado e trazer produtos cada vez mais inovadores, não somente em termos de atributos técnicos, mas, sobretudo, na verdadeira transformação do dia a dia das pessoas. A tecnologia tem essa capacidade e precisa ocupar este espaço na sociedade.

A quantidade de smartphones ativos no mundo já ultrapassou 1 bilhão de unidades em 2012, e agora o grande desafio está em potencializar a popularização da tecnologia móvel e tornar possível a chegada do próximo bilhão de telefones inteligentes e de qualidade às mãos dos consumidores.

A reeleição de Dilma está nas mãos do BC - ALEX RIBEIRO

Valor Econômico - 19/07

O emprego da presidente Dilma Rousseff depende, em grande medida, de como a alta de juros conduzida pelo Banco Central vai afetar o mercado de trabalho. A economia cresce num ritmo mais fraco do que o previsto e a queda da confiança das empresas e famílias é uma ameaça real à retomada da atividade, assinala a ata do Comitê de Política Monetaria (Copom) do BC, divulgada ontem. O aperto monetário executado neste momento atua com defasagens e tende a provocar aumento da taxa de desemprego, sobretudo em 2014, quando a presidente disputa a reeleição.

Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, é apontado como o culpado por George Bush pai ter perdido um segundo mandato para Bill Clinton em 1992. Ben Bernanke, com sua política monetária não convencional, deu um empurrão nas chances eleitorais de Barack Obama no ano passado. No Brasil, a política monetária de Henrique Meirelles não atrapalhou a eleição de Dilma em 2010.

O próprio Meirelles, num depoimento feito no Congresso há alguns anos, criou uma das mais expressivas figuras de linguagem para descrever as defasagens com que opera a política monetária. O Banco Central abriu a torneira de água fria, mas por alguns instantes o chuveiro ainda vai jorrar água quente. Mas, em breve, será uma ducha fria, assim que a água passar pela tubulação.

Os modelos de projeção econômica do Banco Central tem procurado, nos últimos anos, desvendar como funciona o encanamento da política monetária. São exercícios com dados passados, contextos e hipóteses muito particulares que não necessariamente se aplicam ao momento atual, mas ainda assim exemplos instrutivos. Um deles, o chamado Samba, que representa o que há de mais sofisticado na pesquisa de política monetária, mostra que altas de juros levam a um pico no aumento da taxa de desemprego entre dois e quatro trimestres depois de um choque da política monetária. Outros dos chamados modelos estruturais revelam que, quando o Banco Central faz um aperto nos juros, a taxa de desemprego começa a subir dois trimestres depois e atinge seu auge entre o quarto e o sexto trimestres.

Pela trajetória descrita num texto acadêmico que apresenta o modelo Samba, a transmissão da alta dos juros feita pelo Banco Central para a renda real se dá pelo resultado de duas forças. De um lado, a queda da inflação leva a um aumento do salário real. Mas o fator preponderante ao longo do tempo analisado é uma redução da renda real provocada pela perda de poder de barganha dos trabalhadores num ambiente com taxa de desemprego mais alta.

Dadas essas defasagens, no contexto econômico atual, em que a economia não é nada brilhante, estamos colhendo os frutos dos estímulos monetários feitos pelo Banco Central no ano passado, quando a autoridade monetária conduziu um ciclo de baixa que levou a taxa Selic ao seu menor nível da história. É meio confuso mesmo: o BC sobe os juros, mas a economia por ora é impactada pelos cortes feitos no passado.

"O Copom avalia que a demanda doméstica tende a se apresentar relativamente robusta, especialmente o consumo das famílias, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito", afirma a ata divulgada ontem. "Esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos remanescentes das ações de política implementadas em 2012."

O cenário central com que o Copom trabalha é de continuidade da recuperação gradual da economia. Mas, vistas hoje, as perspectivas para atividade econômica são menos favoráveis do que o Copom via em fins de maio. Naquela ocasião, o colegiado antecipava um crescimento muito próximo do potencial da economia, que muitos estimavam em 3% ou 3,5%. Hoje, assinala que a absorção doméstica cresce acima do Produto Interno Bruto (PIB), mas com uma ressalva importante: "O Comitê nota que a velocidade de materialização desses ganhos esperados pode ser contida caso não ocorra reversão tempestiva do declínio que ora se registra na confiança de firmas e famílias".

É nesse contexto que surgem dúvidas, em setores do governo, sobre a conveniência de promover um aperto na política fiscal para auxiliar a tarefa do Banco Central em controlar a inflação. Nos Estados Unidos, há economistas de linha mais liberal que dizem que um ajuste fiscal pode ter, na verdade, um efeito expansionista, por agir sobre as expectativas. Outra corrente advoga a tese de que os ajustes fiscais têm, sim, impactos negativo sobre a atividade econômica no curto prazo, apesar de seus inegáveis efeitos positivos para a tendência de expansão do PIB em prazos mais longos. Um ponto a considerar é que, hoje, o BC estaria menos disposto a acomodar uma expansão fiscal em sua política monetária.

Há chances de a popularidade de Dilma escapar ilesa do aperto monetário? Uma questão relevante é se a alta dos juros e a desaceleração econômica vão, de fato, provocar aumento do desemprego. Em 2012, a desaceleração econômica não foi acompanhada por uma baixa no mercado de trabalho.

Outra questão é quanto o desemprego vai subir, se de fato subir. Intuitivamente, existe um percentual de desemprego que, a partir do qual, o desconforto da população se torna tão intenso que as chances da reeleição se desidratam. No Brasil, entretanto, onde a experiência de reeleição é relativamente recente, esse percentual é desconhecido.