quarta-feira, junho 06, 2012

O que as intervenções do BC no câmbio sinalizam - EDITORIAL O ESTADÃO


O ESTADÃO - 06/06
Alguns dias atrás parecia que o Banco Central( BC)decidira que a taxa cambial não podia ultrapassar R$ 1,90 por dólar. Quando chegou a R$ 2,o BC reagiu com várias intervenções usando swap cambial para conter a desvalorização do real, com a qual o ministro da Fazenda mostrava se muito satisfeito.
A interpretação dada para a intervenção era que o BC temia o efeito inflacionista da desvalorização, queria mostrar ao mercado que continuava presente para evitar excessos e que não estava gostando da flutuação do câmbio, apesar de uma reação positiva das exportações coma subida do dólar.

Ao sair do mercado cambial sem comprar ou realizar operações de swap cambial para oferecer dólar futuro, as reservas internacionais caíram no final do mês chegando no dia 30 de maio a US$ 372,434 bilhões ante US$ 372,738 bilhões em 22 de maio. Convém esclarecer que isso não significa necessariamente uma queda das reserva sem dólares,masque outros ativos incluídos nessas reservas, como o dólar canadense, sofreram também pequena desvalorização que mudou o valor geral das reservas internacionais.

No entanto, ontem o BC voltou a oferecer swap cambial conseguindo reduzir a desvalorização da moeda nacional.

Essa intervenção no mercado cambial - lembrando que o swap cambial é uma operação menos custosa do que a simples compra de dólares,que obriga o BC a oferecer títulos da dívida interna para limitar o efeito expansionista dessa compra - pode ter várias interpretações. O BC quis lembrar ao mercado que a especulação baseada na desvalorização contínua do real é perigosa.Pode também favorecer uma desvalorização no momento em que tem de enfrentar importante amortização da dívida externa. Ou, simplesmente, quis avisar que dispõe de instrumentos para conter as tentativas de aumento de preços.

De qualquer maneira,terá de entregar no prazo estabelecido os dólares oferecidos,o que acarretará uma queda das reservas que poderá ser mal recebida no exterior, num momento em que o Brasil parece estar deixando de ser a bola da vez entre as melhores oportunidades de investimentos no mercado financeiro mundial.

Com reservas de US$ 372 bilhões, o País ainda oferece boas garantias aos credores externos. Todavia, se houvesse - hipótese que não pode ser afastada - necessidade de recorrer a essas reservas para cobrir o déficit das transações correntes, começaria a despontar a desconfiança dos investidores e credores.

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