quarta-feira, junho 06, 2012

Economia estagnada - ROGÉRIO MORI

BRASIL ECONÔMICO - 06/06


As informações sobre o res1ultado do PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2012 apenas confirmaram o que a esmagadora maioria dos economistas esperava: um crescimento próximo a zero relativamente ao último trimestre do ano passado. De fato, o comportamento de vários indicadores relativos à atividade econômica apontava nessa direção, como foi o caso do desempenho da atividade industrial nos três primeiros meses do ano.

É curioso observar que a estagnação da economia brasileira vem se arrastando desde o segundo semestre de 2011 e o Banco Central tem reduzido sistematicamente a meta da taxa básica de juros-Selic -ao longo desse tempo. No entanto, a atividade econômica do país permanece em ritmo lento e não dá sinais de reação no curto prazo, mesmo com os esforços do governo no sentido de tentar estimular o consumo. Vale lembrar que a Selic atingiu o menor patamar desde a implementação do Real, em 1994, e as perspectivas apontam na continuidade da trajetória de queda nos próximos meses.

O ponto central nessa discussão remete às razões para um desempenho tão fraco da nossa economia (o pior entre os Brics) em um ambiente em que o governo proporciona estímulos à demanda há um tempo considerável. Esse diagnóstico é fundamental para estabelecer o escopo das ações que devem ser adotadas em termos de política econômica daqui para frente.

A análise do resultado do PIB do primeiro trimestre dá pistas sobre os problemas a serem enfrentados. De um lado, fica claro pela ótica da produção que a indústria segue em ritmo lento. De outro, observa-se pela ótica da demanda que as importações têm crescido a um ritmo forte. A somatória desses elementos revela que parte do consumo interno tem se direcionado para o resto do mundo. Isso decorre do fato de que a moeda brasileira encontra-se relativamente forte, o que elimina a competitividade da produção nacional frente ao resto do mundo. Em outras palavras, parte do problema relativo ao nosso baixo crescimento reside na moeda brasileira apreciada neste momento.

Outro elemento que começa a surgir no contexto da nossa economia diz respeito ao aparentemente elevado endividamento relativo das famílias brasileiras neste momento. Nos últimos anos, o crescimento da renda das classes C e D e a expansão do crédito representaram um importante motor no sentido de estimular o crescimento econômico brasileiro. No entanto, ao longo desse período, o comprometimento da renda com o pagamento de dívidas por parte das famílias cresceu enormemente. Isso significa que o espaço para novas dívidas pode estar relativamente limitado neste momento.

O governo parece ciente desse processo, mas continua a bater na tecla do crédito, criando estímulos para a redução das taxas de juros na ponta do empréstimo e diminuindo a Selic.No curto prazo, a reação do consumo tem sido limitada a esses estímulos (até mesmo porque seria pouco prudente o acúmulo de novas dívidas para quem já está relativamente muito endividado). Nesse sentido, o governo poderia utilizar instrumentos alternativos além do crédito, como, por exemplo, aumentar a renda disponível das famílias via redução da alíquota do Imposto de Renda.

O governo poderia utilizar alternativas além do crédito, como aumentar a renda das famílias reduzindo o Imposto de Renda

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