quarta-feira, junho 06, 2012

O econômico e o luxo - ABDON BARRETO FILHO


CORREIO DO POVO - RS - 06/06

Segundo as pesquisas e análises, o luxo é um valor intangível, mas completamente perceptível pelo consumidor. O luxo contém detalhes que fazem diferenças positivas. Luxo não quer dizer ostentação. Não precisa conter ouro, prata, mármore ou pedras preciosas para serem considerados produtos de luxo. Existem produtos de luxo compostos de materiais como couro, madeira, entre outros. O importante é a combinação de materiais, o design e, principalmente, a qualidade final que é entregue e percebida pelo cliente.

O luxo é valorizado também no composto promocional utilizado e nos canais de distribuição. Observa-se que os anúncios veiculados nos meios de comunicação de produtos de luxo evitam informar preços e condições de pagamentos. Anunciam com bom gosto a existência de produtos, valorizando as suas marcas e o relacionamento com seus clientes. De uma maneira geral, raramente, encontram-se liquidações de produtos de luxo. Quando existem, viram notícias espontâneas. No "Marketing Mix" de produto de luxo, observa-se que o ponto de venda é preparado com "atmosfera" compatível com a proposta do bem e/ou serviço oferecido para estimular o consumo e a sua memorável "experiência". No caso do produto estático/imóvel, quando o consumidor deve fazer o deslocamento até ele para realizar o ato de consumo, os cuidados devem ser redobrados. Os meios de hospedagem, os restaurantes, os meios de transporte, entre outros, devem ficar atentos que, além da infraestrutura e dos equipamentos utilizados, é no "momento da verdade" que a condição de "luxo" pode ser testada. A recepção, a solicitação de um pedido, a impecável mesa com talheres e guardanapos, assim como apartamentos com itens como colchão, travesseiro, lençol, climatização, TV a cabo, acústica, entre outros itens de conforto, podem transformar a experiência em um restaurante e hotel em consumo de luxo.

Convém salientar que, no mercado de massa, com ingresso maior de consumidores de classes econômicas emergentes, as marcas de luxo são pressionadas para manterem seus produtos e buscar novos clientes. Novas marcas, novos artigos com elementos de luxo estão disputando novos consumidores. As empresas que produzem bens e/ou serviços de luxo procuram inovar e determinar uma série de ações, inclusive preparando a educação dos seus futuros clientes. As referências de consumo possibilitadas por globalização da economia, inovações tecnológicas, desregulamentações de mercados e os meios de comunicação influenciam as marcas e os produtos de luxo. O "efeito demonstração", quando os países pobres imitam os países ricos, abre novas ameaças e oportunidades para o marketing e para as vendas. As comparações são inevitáveis, e o cliente quer o melhor, aqui e agora. Convém salientar que as pessoas de menor poder aquisitivo desejam consumir produtos sofisticados, e a maioria deseja bens e/ou serviços bons, bonitos e baratos. São desafios para as empresas que nem sempre conseguem produzir o bom, o bonito e o barato, pela combinação óbvia dos fatores de produção utilizados, exigindo economia de escala, tecnologia apropriada e sofisticada. Será? São reflexões. Respeitam-se todas as opiniões contrárias. Pensem nisso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário